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1 EDICIÓN No. 90: REFLEXIONES EN TORNO A LA HISTORIA DE LA PRENSA Y EL PERIODISMO EN IBEROAMÉRICA MAYO-SEPTIEMBRE 2015. LA PRENSA BRASILEÑA Y SUS REPRESENTACIONES SOCIALES: UN ESTUDIO SOBRE LA IMAGEN REPRESENTADA EN LAS CARICATURAS DE LA PRENSA BRASILEÑA The Brazilian Press and its Social Representations: A Study on the Image Represented in the Brazilian Press in Cartoons A Imprensa Brasileira e Suas Representações Sociais: Um Estudo Sobre a Imagem da Imprensa Brasileira Representada Nas Charges Recibido: 19 de Enero 2015 Aprobado: 23 de Febrero 2015 Priscilla Chantal Duarte Silva Universidade Federal de Itajubá Brazil [email protected] Professora Adjunta da Universidade Federal de Itajubá, na área de Comunicação e Expressão e Metodologia de Pesquisa, nas Engenharias. Graduou-se em Letras com Habilitação em Português / Inglês, pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, em 2005 e obteve o título de Mestre em Linguística e Língua Portuguesa pela mesma instituição, em 2008. Em seu mestrado, estudou, na Análise do discurso e na Filosofia da Linguagem, a intencionalidade da mente, com um enfoque na intencionalidade discursiva em charges políticas, visando identificar a direcionalidade semântica nesse gênero textual. Em 2013, concluiu doutoramento em Linguística e Língua Portuguesa, também pela PUC-MG, investigando a relação da leitura com os processos mnemônicos, em pacientes com Alzheimer. Tem experiência na área de Linguística e sua atividade de pesquisa e docência está voltada para as áreas de: comunicação, cognição, filosofia da linguagem, semântica, pragmática, semiótica, neurociências, processos de Letramento, ensino, funcionamento dos gêneros discursivos e análise do discurso.

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1 EDICIÓN No. 90: REFLEXIONES EN TORNO A LA HISTORIA DE LA PRENSA Y EL PERIODISMO EN IBEROAMÉRICA MAYO-SEPTIEMBRE 2015.

LA PRENSA BRASILEÑA Y SUS REPRESENTACIONES SOCIALES: UN ESTUDIO SOBRE LA IMAGEN REPRESENTADA EN LAS CARICATURAS DE LA PRENSA

BRASILEÑA

The Brazilian Press and its Social Representations: A Study on the Image Represented in the Brazilian Press in Cartoons

A Imprensa Brasileira e Suas Representações Sociais: Um Estudo Sobre a Imagem da Imprensa Brasileira Representada Nas Charges

Recibido: 19 de Enero 2015

Aprobado: 23 de Febrero 2015

Priscilla Chantal Duarte Silva

Universidade Federal de Itajubá

Brazil

[email protected]

Professora Adjunta da Universidade Federal de Itajubá, na área de Comunicação e Expressão e Metodologia de Pesquisa, nas Engenharias. Graduou-se em Letras com Habilitação em Português / Inglês, pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, em 2005 e obteve o título de Mestre em Linguística e Língua Portuguesa pela mesma instituição, em 2008. Em seu mestrado, estudou, na Análise do discurso e na Filosofia da Linguagem, a intencionalidade da mente, com um enfoque na intencionalidade discursiva em charges políticas, visando identificar a direcionalidade semântica nesse gênero textual. Em 2013, concluiu doutoramento em Linguística e Língua Portuguesa, também pela PUC-MG, investigando a relação da leitura com os processos mnemônicos, em pacientes com Alzheimer. Tem experiência na área de Linguística e sua atividade de pesquisa e docência está voltada para as áreas de: comunicação, cognição, filosofia da linguagem, semântica, pragmática, semiótica, neurociências, processos de Letramento, ensino, funcionamento dos gêneros discursivos e análise do discurso.

2 EDICIÓN No. 90: REFLEXIONES EN TORNO A LA HISTORIA DE LA PRENSA Y EL PERIODISMO EN IBEROAMÉRICA MAYO-SEPTIEMBRE 2015.

Ricardo Shitsuka

Universidade Federal de Itajubá

Brazil

[email protected]

Pesquisador e professor na Universidade Federal de Itajubá. Lider do Grupo de Pesquisas de Metodologias em Ensino e Aprendizagem em Ciências - MEAC. Doutorado em Ensino em Ciências pela Universidade Cruzeiro do Sul. Mestrado em Engenharia pela Escola Politécnica da USP. Graduação em Engenharia, Odontologia e Pedagogia e Computação.

Dorlivete Moreira Shitsuka

Centro Universitário Claretiano

Brazil

[email protected]

mailto:[email protected] Mestrado em Ensino de Ciências na Universidade Cruzeiro do Sul. Pós Graduação em Informática, em Sistemas de Informação e em Redes de Computadores pela UFLA. Graduação em Biblioteconomia e Documentação, em Computação e em Pedagogia. Professora na FMU, no Claretiano e tutora de EAD no PIGEAD/LANTE da Universidade Federal Fluminense. Membra do Grupo de Pesquisas MEAC.

3 EDICIÓN No. 90: REFLEXIONES EN TORNO A LA HISTORIA DE LA PRENSA Y EL PERIODISMO EN IBEROAMÉRICA MAYO-SEPTIEMBRE 2015.

Resumen

El género está a cargo de las prácticas discursivas ampliamente utilizados en los periódicos de

gran circulación. Se caracteriza por ser de género crítica y denuncia social con estrategias de

humor, rodeado de intencionalidad y recursos multimodales. No sólo expone la opinión

individual del dibujante, sino también la opinión colectiva social, lo que revela las

representaciones sociales, actos de pensamiento de una sociedad. La prensa, en general, critica al

gobierno y expone una visión de los hechos basados también en la que circula en la sociedad, y

también influyen en ella. Por lo general, la prensa es visto como imparcial, pero se sabe que ella

tiene la capacidad de formar opiniones y establecer creencias. El objetivo de este estudio es

investigar las representaciones sociales están presentes en la prensa brasileña y cómo se critica y

también es criticado por su carácter manipulación de los medios de comunicación. Para ello, se

optó por un marco teórico del análisis del discurso francés, bajo los postulados de Charaudeau

(2006) y la teoría de las representaciones sociales, desde la perspectiva de la psicología social de

Moscovici (2010) y Jodelet (2001) y una historia la prensa brasileña. Elegimos una investigación

cualitativa con la creación de un corpus de caricaturas publicadas en los medios electrónicos

retratan la imagen de la prensa brasileña durante la dictadura militar. Se encontró que la prensa

brasileña sufrió la represión de la dictadura militar en el ejército, pero todavía tiene algunos

rastros de miedo o censurar la difusión de los hechos. Al mismo tiempo, se observó que las

caricaturas políticas son manipuladas por intereses políticos, por lo que es el objetivo de la

parcialidad. Representaciones sociales muestran cómo las opiniones son guiados por creencias

sociales. A partir del análisis, se puede concluir que las caricaturas reflejan y refractan las

representaciones sociales en la prensa brasileña.

Palabras clave: Prensa, Caricatura, Representaciones sociales, Prensa brasileña, Periodismo

brasileño, Historia de la prensa brasileña.

4 EDICIÓN No. 90: REFLEXIONES EN TORNO A LA HISTORIA DE LA PRENSA Y EL PERIODISMO EN IBEROAMÉRICA MAYO-SEPTIEMBRE 2015.

Abstract

The cartoon genre is a discursive practices widely used in large-circulation newspapers. It is

characterized as critical gender and social denunciation with strategies of humor, surrounded by

intentionality and multimodal resources. Not only exposes the individual opinion of the

cartoonist, but also the social collective opinion, which reveals social representations, acts of

thinking of a society. The press, in general, criticizes the government and exposes a view of the

facts based also on the circulating in society, and also influence it. Usually, the press is seen as

impartial, but it is known that she has the ability to form opinions and to establish beliefs. The

objective of this study is to investigate the social representations are present in the Brazilian

press and how she criticizes and is also criticized by his character manipulation of the media. For

this, we chose a theoretical framework of the French Discourse Analysis, under the postulates of

Charaudeau (2006) and the theory of social representations, from the perspective of social

psychology of Moscovici (2010) and Jodelet (2001) and a history the Brazilian press. We chose a

qualitative research with the creation of a corpus of cartoons published in the electronic media

that show the image of the Brazilian press during the military dictatorship. It was found that the

Brazilian press suffered repression of the military dictatorship in the military, but still has some

traces of fear or censure the dissemination of facts. At the same time, it was observed that

political cartoons are manipulated by political interests, making it the target of partiality. Social

representations show how opinions are guided by social beliefs. From the analysis, it can be

concluded that cartoons reflects and refracts the social representations in the Brazilian media.

Keywords: Press, Cartoon, Social representations, Brazilian press, Brazilian journalism, History

of the Brazilian press.

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Resumo

O gênero charge constitui-se em uma das práticas discursivas bastante utilizadas nos grandes

jornais de circulação. Caracteriza-se como gênero de crítica e denúncia social com estratégias de

humor, cercado de intencionalidade e recursos multimodais. Não expõe somente a opinião

individual do cartunista, mas também a opinião coletiva social, o que revela representações

sociais, atos de pensamento de uma sociedade. A imprensa, de um modo geral, faz críticas ao

governo e expõe uma visão sobre os fatos com base também no que circula na sociedade, além

de também influenciá-la. Normalmente, a imprensa é vista como imparcial, porém é sabido que

ela tem a capacidade de formar opiniões e também estabelecer crenças. Assim, o objetivo deste

estudo é investigar como as representações sociais estão presentes na imprensa brasileira e de

que maneira ela critica e é também alvo de crítica por seu caráter de manipulação das mídias.

Para isso, optou-se por um arcabouço teórico da Análise do Discurso francesa, sob os postulados

de Charaudeau (2006) e da teoria das representações sociais, na ótica da Psicologia Social de

Moscovici (2010) e Jodelet (2001) além de um histórico da imprensa brasileira. Optou-se por

uma pesquisa qualitativa com a constituição de um corpus de charges publicadas na mídia

eletrônica que retratam a imagem da imprensa brasileira no período da ditadura militar.

Verificou-se que a imprensa brasileira sofreu repressão das forças militares na ditadura militar,

mas ainda apresenta alguns traços de receio ou censura na divulgação dos fatos. Ao mesmo

tempo, pôde-se observar que as charges políticas são manipuladas por interesses políticos, o que

as tornam alvo de parcialidade. As representações sociais mostram como as opiniões são

orientadas por crenças sociais. A partir das análises, pode-se concluir que as charges refletem e

refratam as representações sociais, na imprensa brasileira.

Palavras-chave: Imprensa, Charge, Representações sociais, Imprensa brasileira, Jornalismo

brasileiro, História do imprensa brasileira.

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Introdução Em 2011, o Brasil possuía 88 milhões de leitores de jornais, revistas, livros numa população de

178 milhões de pessoas com acima de 5 anos de idade, segundo dados do Instituto Brasileiro de

Opinião, Pesquisas e Estatística (IBOPE). Os dados indicam que, nos últimos 4 anos, houve uma

queda desse número, pois anteriormente, em 2007, o número de leitores estimados era de 95,6

milhões, numa população de 173 milhões. Apesar da queda de leitores de jornais, tudo indica que

houve aumento no número de usuários da internet.

A quantidade de leitores brasileiros de jornais, revistas e livros tem caído nos últimos anos e tudo

indica que há uma migração para a Internet, que está ganhando milhões de usuários (BRASIL,

2014).

Seja qual for a mídia, há uma tendência de aumento na quantidade geral e mais pessoas estão

tendo acesso à informação ainda que pelos meios digitais.

O objetivo do presente estudo é realizar um levantamento das representações sociais em relação

à imprensa brasileira, como é captada pela grande massa. As charges e cartoons, de um modo

geral, retratam cotidianamente o que se passa na sociedade. Portanto, histórico e

sociopoliticamente, essas práticas discursivas revelam de forma imagética e discursiva críticas

sociais cercadas de representações. Dessa forma, a motivação para realização do trabalho veio da

vivência dos fatos históricos e da verificação de como a imprensa os trabalha do modo como ela

é observada pelo senso comum. Selecionaram-se charges publicadas na Internet que retratam a

imprensa brasileira para se investigar o uso das representações sociais na mídia brasileira.

1. História da imprensa no Brasil e as questões éticas

A imprensa no Brasil tem origem há séculos, desde o período em que o país era uma colônia

portuguesa. No período colonial, a imprensa era sujeita à censura régia, episcopal e da inquisição

(Sodré, 1999).

Havia naquele período, a influência e censura do Rei de Portugal e dos nobres, da Igreja Católica

e o clero e da Inquisição com suas restrições. Mesmo assim, a imprensa evoluía num período no

qual havia o capital comercial e de uma sociedade na qual havia a escravidão.

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No período da independência, a imprensa confundia-se com a liberdade e isso não interessava às

classes dominantes e o primeiro periódico a defender os interesses nacionais surgiu na Bahia em

04 de agosto de 1821. Era o Diário Constitucional (Ibid).

O Brasil era um país em formação e surgiam as novas classes dominantes apoiadas no capital.

No final do século XIX, o país passou do império para a república e começou, então, o século

XX neste regime com aumento do poder dos militares. Essa influência foi sentida ao longo do

século. Na década de 60, havia o regime militar e a censura nesse período, no qual a televisão

brasileira estava em expansão (Capelatto, 1988, Bahia, 1990, Hofeldt, 2008).

No período denominado da Ditadura Militar Brasileira, surge um dos grande baluartes do

jornalismo televisivo brasileiro - o Jornal Nacional (JN) e também a imprensa radiofônica. Os

jornais e revistas passaram por censura.

O Jornal Nacional (JN) nasceu num período dramático da história brasileira, o período da fase

mais dura do Regime Militar: o decreto do Ato Institucional n. 5 em dezembro de 1968 é

instituído e restringe as liberdades aumentando as pressões sobre a imprensa. Por exemplo, a

notícia do "derrame" do então Presidente Costa e Silva não podia ser divulgada. Esta, por sua

vez, tem que ser negociada com os militares que querem esconder os fatos. Os métodos de

censura variavam, sejam por comunicações oficiais e memorandos, sejam diretamente por

telefonemas aos órgãos de imprensa. Esta recebia um tipo de index no qual constavam assuntos

proibidos de serem veiculados e nomes de pessoas que não podem ser entrevistadas ou

mencionadas. Censores ligam para as emissoras e proíbem a divulgação de fatos. Há a presença

frequente de oficiais do Serviço Nacional de Informações (SNI) e da Polícia Federal na

imprensa, interferindo nas matérias jornalísticas (JN, 2004).

No período da ditadura no Brasil, os jornais, rádios, revistas, televisão e comunicações em geral

eram vigiados e em caso de não concordância eram punidos direta ou indiretamente. A imprensa

teve de seguir as limitações do capital e poder dominante para continuar trabalhando e nem ela

nem o leitor tinham culpa do meio, embora trabalhassem para melhorá-lo.

Atualmente, o capitalismo, com o seu dinamismo dos tempos pós modernos, já exige alterações

na imprensa, que têm que seguir na velocidade das informações e da tecnologia, enquanto os

meios de comunicação estão se transformando para atender às novas demandas sociais e do

capital.

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O mais novo jornal da Rede Globo de TV chama-se "Hora Um". Ele mostra o Brasil acordando a

partir de 5 horas da manhã com imagens ao vivo do trânsito nas maiores cidades do país. Em um

telão interativo, as manchetes dos jornais estão chegando às bancas e a previsão do tempo para

todas as regiões do Brasil. Tudo de um jeito mais leve e mais informal. Tempo suficiente para

mostrar tudo o que aconteceu na noite passada e tudo o que o dia que vem por aí promete

(Globo, 2014).

A imprensa brasileira evolui nestes tempos de pós modernismo e de internet para ir ao encontro

das pessoas, suas necessidades informacionais e uma das questões que surge é a questão da ética

jornalística que será abordada no próximo bloco.

2. As questões éticas da imprensa

A imprensa brasileira está ligada, ao longo de sua história, ao capitalismo e aos poderes

dominantes nas diversas épocas da história em relação ao mundo.

A história do jornalismo e do desenvolvimento da tecnologia audiovisual autoriza a pensar que a

ética da informação está submetida a uma prova de fogo. Isso não significa que os princípios

básicos da ética se alterem, e sim que as situações humanas condicionaram a sua apreciação e

aplicação por parte dos profissionais de comunicação (Blaquez, 1999).

Existe uma relação de submissão de muitas instituições jornalísticas em relação aos poderes

dominantes e até mesmo por uma questão de sobrevivência do periódico e uma consequência

parece desaguar na questão ética.

Nem sempre os jornalistas e os donos dos meios de comunicação parecem ter um forte senso de

moralidade e do que é certo e errado (Goodwin, 1993). A questão ética acaba chegando no

slogan "O direito do público saber" e há conflitos nas questões entre o público e o privado e o

certo e o errado. Nesse sentido, torna-se interessante que a imprensa seja o menos possível

tendenciosa e uma das formas atuais é pelo pensamento jornalístico com muitos vieses.

O Jornalismo atual é a síntese do espírito, no qual a razão se sobrepõe em relação à tradição

absolutista do passado. Há o questionamento das autoridades, a crítica da política e a confiança

irrestrita no progresso e no aperfeiçoamento contínuo da espécie e existe o mito da transparência

que vale para todo mundo (Marcondes Filho, 2002).

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É importante que a imprensa apresente os diversos pontos de vista, para que haja comparação,

contraposição de opiniões, de modo que o leitor tenha mais possibilidades de formar suas

conclusões a respeito do assunto de modo livre.

A característica da sociedade de comunicações não é aquela de produzir um "pensamento único",

mas, ao contrário, permitir todos os pensamentos num mundo único (Albermas & Benasayag,

1999).

A evolução da sociedade pós moderna e dos meios sociais tem permitido que as pessoas tenham

mais acesso à informação e com fontes variadas de modo a poder formar melhor suas opiniões.

Vale ressaltar que se faz necessário que o brasileiro leia mais: jornais, livros, revistas e os meios

digitais para que dessa forma possa ter mais condições em formar opinião como leitores.

3. Metodologia

Realizou-se uma pesquisa qualitativa, na qual se fez o estudo das representações sociais

presentes em charges políticas que retratam a imagem da imprensa e suas representações na

sociedade. A pesquisa qualitativa, segundo Appolinário (2006), prevê a coleta de dados a partir

da interação social entre o pesquisador e o fenômeno e se dá a partir da hermenêutica do

pesquisador. Assim, para o desenvolvimento da análise linguístico-discursiva, pelo viés da

análise do discurso, o aporte metodológico, selecionaram-se charges publicadas na mídia

eletrônica que abordassem a temática da imprensa e a manipulação desta como fonte de

representações sociais.

4. A imprensa e as representações sociais presentes nas charges políticas

Comunicação é permeabilidade e fluidez. Para que ocorra uma boa comunicação entre o

jornalista e seu público é preciso que estes estejam sintonizados com o mesmo senso comum.

Jornalista e leitor fazem parte de um mesmo meio social e não se pode dizer que a imprensa de

um determinado país ou região seja ruim ou boa. Jornalista e leitor são os que melhor se

sintonizam (Dines, 1996).

Como aponta Charaudeau (2006, p.18), as mídias constituem como fonte de denúncia de poder

ao mesmo tempo em que manipulam, “as mídias manipulam tanto quanto manipulam a si

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mesmas”. Sendo assim, a informação presente nas mídias está cercada de intencionalidade e

razões sociais. A rigor, segundo o autor, as mídias não se revelam como a representação fiel do

real, mas o que o espaço público determina e acabam representando as deformações que a

sociedade faz da informação.

Se são um espelho, as mídias não são mais do que um espelho deformante, ou mais ainda, são vários espelhos deformantes ao mesmo tempo, daqueles que se encontram nos parques de diversões e que, mesmo deformando, mostram, cada um à sua maneira, um fragmento amplificado, simplificado, estereotipado do mundo. (CHARAUDEAU, 2006, p.20)

É nesse sentido, pois, que as representações sociais estão ligadas ao conteúdo das mídias, uma

vez que, como afirma Jodelet (2001, p.17), as representações sociais “circulam nos discursos, são

trazidas pelas palavras e veiculadas em mensagens e imagens midiáticas [...]”. Em outros termos,

constituem-se como crenças fundamentadas em uma espécie de moral social, na qual circundam

valores e modelos sociais. Nas mídias, essas representações aparecem em torno da informação. E

como as mídias são dotadas de significações que influenciam e chegam até mesmo a manipular,

as representações acabam, por sua vez, situando-se nesse processo de comunicação.

As instâncias ou substitutos institucionais e as redes de comunicação informais ou da mídias intervêm em sua elaboração, abrindo caminho a processos de influência e até mesmo de manipulação social. – constataremos que se trata de fatores determinantes na construção representativa. Estas representações formam um sistema e dão lugar a teorias espontâneas, versões da realidade encarnadas por imagens ou condensadas por palvaras, umas e outras carregadas de significações. [...] (JODELET, 2001, p. 21)

A imprensa é parte da sociedade na qual está inserida. O jornalista e o leitor, para que tenham

relações sustentáveis e duradouras, têm que estar sintonizados e ligados no mesmo "senso

comum" ou aquilo que se denomina representação social.

Objetos e sujeitos formam as representações sociais. Os sujeitos atuam sobre os objetos

mostrando as relações entre si e permitindo que estes adquiram significado, façam sentido e

consigam se ancorar no cognitivo das pessoas de modo social (Moscovici, 2005).

As representações sociais (RS) estão relacionadas aos objetos que se formam na mente das

pessoas. Tais representações não são individuais, mas observadas num grupo, portanto, sociais.

A teoria das representações sociais parte de princípios embasados numa psicologia social. As RS

revelam as condutas adotadas por um grupo, conduzidas a partir das crenças e valores divulgados

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nos discursos. De um modo geral, as representações sociais “apoiam-se em valores variáveis –

segundo os grupos sociais de onde tiram suas significações – e em saberes anteriores, reavivado

por uma situação social particular” (Jodelet, 2001). Para a autora, são sistemas de interpretação

que orientam e organizam condutas e comunicações sociais.

Uma forma simples de se entender as representações é aquela que a considera como sendo o

senso comum observado no grupo. Elas podem ser obtidas por meios escritos, entrevistas,

depoimentos mas também por meio de imagens, sons etc, que nos permitem conhecer como as

pessoas enxergam algum objeto ou fenômeno e elas orientam e organizam as condutas e as

comunicações sociais. Ao regirem sua relação com o mundo, as representações sociais refletem a

realidade social e de que forma são constituídas as interações.

Nos jornais, as charges não são mais consideradas “penduricalhos” ou extras das notícias e

reportagens. Pelo contrário, elas se sustentam como um gênero textual e discursivo do qual o

leitor consegue observar não só o fato político ao qual está vinculado, como também perceber a

crítica e o que a sociedade ali representada por meio da charge revela em termos do opinião

sobre os acontecimentos. Nesse sentido, demonstram discursivamente o modo de representação

social de uma sociedade. Por serem datadas, as charges se consolidam como gênero do cotidiano.

A rigor, se inserem num espaço de discussão crítica sobre os fatos políticos e sociais. Os mesmos

que circulam, muitas vezes, em outros gêneros tal como a notícia, a reportagem e o editorial.

Observa-se a seguir algumas charges retiradas da internet, que representam o pensamento de

grupos de brasileiros. A Figura 1 apresenta uma imagem na qual se observa a ideia da Imprensa

brasileira das décadas de 60 e 70.

Figura 1 - Imagem da imprensa brasileira na década de 60 e 70.

Fonte: https://latuffcartoons.files.wordpress.com/2012/07/papel-da-grande-midia-na-ditadura-brasileira.gif

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Na imagem da figura acima, verifica-se que a Imprensa representada por alguns dos jornais de

maior circulação no país, tais como: “O Globo”, “Folha de São Paulo” e “o Estado de São

Paulo”, está sendo imageticamente descrita de forma amarrada e sem a liberdade de expressão

completa. O período da Ditadura no Brasil foi marcado pela forte censura nos meios de

comunicação. Dessa forma, a escolha do objeto imagético não é aleatório e indica a

representação social de como a imprensa e sociedade percebem a falta de liberdade de imprensa

e de expressão. Para retratar isso, o cartunista escolheu a imagem de um escravo amarrado, uma

das formas mais comuns de instrumento de tortura da época da escravidão, utilizado para

castigar os escravos por seus maus-feitos.

Nesse sentido, a imagem revela o “tronco” ou objeto que o prende é o jornal, indicando vários

nomes de conhecidos jornais brasileiros, demonstrando, assim, o vínculo lógico-imagético entre

escravo e jornalismo para relatar a forma como a dominação política invade os meios de

comunicação para censurar toda e qualquer informação que venha de encontro aos interesses

políticos. Tanto o jornalista não podía, no caso da Didatura militar, expresar-se livremente,

quanto a própria sociedade. O que se questiona a partir dessa charge é também a condição atual

dos jornalistas, haja vista que muitos ainda se veem condicionados aos intereses políticos e

“presos” em termos de liberdade de expressão.

As representações sociais consistem na maneira de pensar das pessoas, incluindo crenças e

valores socialmente construídos. Segundo Moscovici (2003), as representações sociais são

construídas socialmente de forma que as pessoas veem apenas o que as convenções subjacentes

as permitem ver. Para o autor, muitas vezes, as essas representações são inconscientes, possuem

leis próprias e reproduzem o mundo de forma significativa. Sendo assim, as charges são

consideradas como fontes reveladoras de opinião e crenças coletivas, isto é, enunciam formas de

representações sociais. Na charge da figura 1, por exemplo, observa-se que a imprensa é

representada como um alvo de dominação, pois se vê presa a certas condições ao mesmo tempo

em que, paradoxalmente, é capaz de revelar essa dominação pela charge. As charges, portanto,

possuem certa liberdade quando lidam com uma espécie de outra realidade. Em outros termos,

quando o desenho do traço lhes permite conduzir a crítica que se quer demonstrar pela imagem.

Nesse caso, “[…] a representação iguala toda imagen a uma ideia e toda ideia a uma imagem”

(MOSCOVICI, 2003, p.46).

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Não se pode afirmar que há verdades nos jornais até nos tempos atuais, pois como lembra

Charaudeau (2006, p.29), nas mídias, há um jogo de aparências, não uma verdade absoluta. Esse

jogo se apresenta “[...] como informação objetiva, democracia, deliberação social, denúncia do

mal e da mentira, explicação dos fatos e descoberta da verdade”. Desse modo, o que se pode

observar nos gêneros dos jornais é a forma como eles empregam as representações sociais sobre

determinado fato ou fenômeno.

A Figura 2, a seguir, também apresenta uma imagem de censura. Pela imagem da charge,

verifica-se que foi extraída alguma matéria jornalística que foi censurada. O Jornal O Estado de

São Paulo na época, tirava a matéria e colocava no lugar algum poema de Camões, famoso poeta

da Língua Portuguesa do século XVI.

Figura 2 - Imagem da censura em jornais brasileiros no período da ditadura militar.

Fonte: http://www.lpm-blog.com.br/wp-content/uploads/2011/02/charge_fortuna.jpg

A reação da imprensa durante o período da ditadura militar era aquela de tentar sobreviver e

manter-se funcionando se sujeitando às regras locais, pois mais estranhas e contraditórias que

parecessem. A de se verificar também que, na charge, “[...] há um jogo de dito e não dito, de

explícito e implícito [...]” (CHARAUDEAU, 2006, p.39), uma vez que cabe ao leitor

compreender os efeitos discursivos do texto, bem como quais representações sociais se fazem

presentes nesse contexto. Dessa forma, faz-se necessário entender o contexto sociohistórico e

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cultural da época para então se analisar os efeitos de sentido possíveis da charge. Daí o seu

caráter efêmero.

Contudo, embora se perceba essa efemeridade, algumas delas acabam se tornando cartoons pelo

fato de serem passíveis de interpretação ao longo do tempo, sendo possível a recategorização do

sentido a qualquer época.

No que concerne às representações sociais, é possível observar que o cartunista procura mostrar

a crença compartilhada, o senso comum de que algunas matérias são censuradas a ponto de

serem retiradas do jornal. No período da ditadura militar isso era ainda mais acirrado. Hoje,

contudo, esse tipo de censura não é tão evidente, mas há indícios dos próprios cartunistas quanto

a objeção em divulgar certas ideias. Como aponta Moscovici (2003, p.52), “as representações

sociais tratam com o universo consensual”, o que implica dizer que as ideias e as crenças que

ciculam em sociedade, a rigor, condizem com um compartilhamento social. No caso das charges,

as representações nelas presentes funcionam como expressão, divulgação, como também meios

de manipulação, no sentido de, muitas vezes, de formar opinião.

A figura do personagem Pinóquio, um dos clássicos das histórias da literatura infantil, na figura

3, evidencia imageticamente a representação social que se tem dos veículos de comunicação, no

sentido de não serem fontes de informação, mas de influência de opinião. O personagem

Pinóquio é visto como o menino mentiroso, cujo nariz cresceu por causa dessa conduta. A

analogia com a mídia, que mente ou não, revela a verdade dos fatos é indicada pela comparação

imagética e confirmada pelo texto verbal da charge. Figura 3 - Imagem associada aos dirigentes das empresas jornalísticas no período da Ditadura.

Fonte: http://2.bp.blogspot.com/-cYWdKcIr31o/TfETrkNd-sI/AAAAAAAAAEw/KGZm9UGGx_A/s1600/pinoquio.gif

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Como todos os veículos estão caracterizados como Pinóquio, deixa claro para o leitor a ideia de

que não se pode confiar nas mídias. A imprensa está sujeita aos poderes locais, pois necessita do

capital para continuar funcionando. De acordo com Moscovici (2003), as representações sociais

mostram também a forma como as pessoas pensam e julgam fatos, coisas e pessoas. Ao julgar,

acabam clasificando e criando uma imagem. Assim, é comum a rotulação quando se trata de

representações sociais. Daí a noção de ancoragem, trazida por Moscovici (2003), em que ancorar

implica em clasificar e dar nome a alguma coisa. Nesse sentido, a charge da figura 3 retrata a

imagem ou julgamento que se fazem dos veículos de comunicação. Portanto, ela se ancora no

senso comum do significado da imagem que se tem do personagem Pinóquio. “Categorizar

alguém ou alguma coisa significa escolher um dos paradigmas estocados em nossa memória e

establecer uma relação positiva ou negativa com ele” (MOSCOVICI, 2003, p. 63).

Na figura 4, a representação do cidadão caracterizado como um rippie de cabelos longos, barba e

calça boca de sino, incita a memória discursiva do leitor a se lembrar do movimento rippie do

final dos anos 60 e nos anos 70, período o qual as reinvindicações giravam em torno da ditadura

militar. Dessa forma, o contraste com o Brasil de 2013, em que o cartunista traz a imagem do

personagem máscara enuncia a forma de manifestação que, embora não haja declaradamente a

censura da ditadura militar, revela outras formas de insatisfação.

Verifica-se que houve apenas a mudança de opressores mas que a mídia ainda está sujeita a

servir os "poderosos" no conceito popular das representações sociais. Em outras palavras, se na

década de 60 havia um tipo de poder, este somente se transfere para outro como ilustra a Figura

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5. Figura 4 - A transição entre um sistema para outro atual

Observe que temos dois momentos da imprensa brasileira separados por 41 años, que tal?

Fonte: http://2.bp.blogspot.com/-RbruWXkmF8c/Uiw4fu_k6-

I/AAAAAAAAvzQ/3sEx6PyS96o/s1600/charge+3.jpg

Observa-se pela imagem que a representação aponta para uma sujeição da imprensa em relação

ao poder dominante na época. Há popularmente o sentimento no povo de que a imprensa só

mostra o que se quer que o povo veja como apresenta a Figura 5. Nesse caso, as representações

sociais de que a forma de controle apenas deixou de ser explícita é percebida nos enunciados.

Na opinião do cartunista, houve apenas a mudança na forma de manipular, mas o controle e o

uso do poder pela mídia está presente nos contextos sociais e transferidos para as práticas

discursivas. As representações socais, nesse caso, são transmitidas pela comunicação social. Elas

exteriorizam o pensamento psicológico e social de uma realidade. Nesse aspecto, a charge traz

como ancoragem a ideia de que a mídia tende a esconder informações conforme seu interesse.

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Figura 5: Ditadura militar no passado e ditadura comercial hoje

Fonte: http://1.bp.blogspot.com/-zWIETTDKBm0/UjpegI7q2DI/AAAAAAAAB3k/i8BRLW-5CWw/s400/censura-

%C3%A0-imprensa-durante-a-ditadura-militar.jpg

Figura 6: As grandes redes dominam e fazem o que querem

Fonte: http://www.conversaafiada.com.br/wp-

content/uploads/2012/03/ChargeBessinha_GloboEstupro_tvdestaques.jpg

Na figura 6, observa-se a representação social que a população brasileira tem da emisora de

televisão “Rede Globo”, revelada pelo texto verbal “40 anos estuprando minha boa fé”. No

contexto da charge, é possível verificar a crença de que a emissora de televisão TV Globo é vista

como manipuladora e tendenciosa. O termo “estuprando” indica certo poder da emissora para

com o público, pois indica que a população não se vê inocente frente às formas como a rede

manipula informações. A boa fé da população, representada pela imagem de uma velhinha, é

vista como infringida pelas ações da emissora A falta de confiança é explicitamente enunciada

discursivamente pelo número de anos de atuação. Nesse caso, é clara a crítica do cartunista sobre

o jornalismo da TV Globo.

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Na charge da figura 7, a seguir, embora a charge trate sobre a própria imprensa brasileira, o que

se critica, a rigor, é o governo Lula, que se vê supostamente renegando o jornalismo

investigativo em função dos inúmeros escândalos revelados pela mídia brasileira, durante seu

período de governo. O uso da ironia destaca o caráter humorístico da charge e revela o quanto a

imagem do governo se vê comprometida pelo que é emitido na mídia.

Embora trabalhe no plano da ficção, as charges evocam opiniões, ainda que por meio de

estratégias de ironia e humor, de como está a situação política do país, bem como as

representações sociais da população para com a situação evidenciada na charge.

Figura 7: Cumpanheiros, prá que investigação???

Fonte: http://www.luizberto.com/wp-content/uploads/2014/05/Liberdade-de-Imprensa.jpg

A figura 8 retrata o quanto a imprensa brasileira trabalha com jogo de interesses e, por isso,

mostra o que é de interesse para ela. A crítica que se faz, nesse caso, é o tráfico do colarinho

branco ou dos que detém o poder econômico, revelando que a mídias, muitas vezes, não expõe

esse tipo de criminalidade, o que acaba levando o leitor a refletir sobre o próprio papel da

imprensa. A escolha dos recursos imagéticos, nessa charge, indicam a representação social que

tem de poder aquisitivo, representado pelos trajes dos personagens da charge, bem como o objeto

que seguram nas mãos. Ademais, traz a representação social de dois tipos de criminalidade muito

comuns no Brasil: a do tráfico de drogas, presentes nas favelas brasileiras, indicada como CV ou

comando vermelho, destacado no boné do personagem da charge e os crimes de corrupção,

indicados por pessoas de alto poder aquisitivo.

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Figura 8: Imagem que TV mostra

Fonte: http://blogdowaltersorrentino.files.wordpress.com/2010/11/charge-trafico-e-tv.jpg

5. Resultados e discussões

A partir das análises, verificou-se que a imprensa brasileira sofreu repressão das forças militares

na ditadura militar, mas ainda apresenta alguns traços de receio ou censura na divulgação dos

fatos. Ao mesmo tempo, pôde-se observar, pelo conteúdo das charges políticas sobre o período

da ditadura militar, que a imprensa brasileira manipula e é manipulada por interesses políticos, o

que a torna alvo de parcialidade. As representações sociais mostram como as opiniões são

orientadas por crenças sociais e indicam como a sociedade representa, seja de forma imagética,

seja linguístico-discursiva, a visão que ela tem da imprensa e como a própria imprensa é

reconhecida e se reconhece como não imparcial. Para pesquisas futuras, aponta-se o

desenvolvimento de análise das charges, a partir do crivo da recepção para que se possa

investigar como o público alvo as reconhecem como fontes de crítica e manipulação.

6. Considerações Finais

A partir das análises, pode-se concluir que as charges refletem e refratam as representações

sociais, nas charges da imprensa brasileira, uma vez que retrata os fatos da sociedade e enuncia

as crenças e valores presentes no meio. A representação social aponta características de sujeitos e

objetos que se manifestam nas práticas discursivas. Verificou-se que, nas charges, elas indicam

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como os personagens são vistos socialmente e como a sociedade observa o contexto social. No

caso político, as crenças e valores disseminados nas charges são representações do que a

sociedade pensa a respeito. Logo, tem-se uma relação de simbolização e interpretação, tal como

indica a teoria das representações sociais. Dessa forma, o leitor é capaz de refletir sobre os fatos

e a forma como a mídia os expõem.

As charges também acabam refratando as representações sociais, pois como gênero de opinião e

crítica, elas não só divulgam o modo de pensar da mídia, como também são capazes de incitar o

leitor e eleitor diante dos fatos políticos.

A mídia, por sua vez, como veiculadora de informação, vista normalmente como imparcial, se

mostra cada vez mais atuante e bem direcionada, o que a torna não imparcial. Toda a repressão

de censura da ditadura militar pode ser vista hoje como uma outra forma de controle, agindo de

acordo com seus próprios interesses.

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