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Biblioteca Nacional A conservaçao das colecçôes Página 1 de 23 PROGRAMAS DE PRESERVACIÓN Y CONSERVACIÓN DE FONDOS BIBLIOGRÁFICOS Biblioteca Nacional de España, Madrid, 24 Outubre 2007 A conservação das colecções: custos e benefícios na sua gestão Maria Luísa Cabral 1. Onde tudo começa Esta comunicação reflecte preocupações que fui acumulando no meu exercício como responsável pelo Programa de Preservação e Conservação da Biblioteca Nacional de Portugal entre Abril de 1997 e Abril de 2007. Dez anos em fui projectando e dinamizando a realização prática de muitos projectos, a resolução no curto e médio prazo de muitos problemas mas também dez anos em que assisti impotente à derrocada de muitas propostas ou projectos. Dez anos que me fizeram interiorizar muitas questões e durante os quais percebi, se é que tinha dúvidas, que a preservação e conservação se encontra no coração da biblioteca; que o programa de preservação e conservação equivale a uma corrida de fundo; que a preservação e conservação tem uma forte componente política; que a preservação e conservação não se executa por decisões voluntaristas; que a preservação e conservação tem um poderoso enquadramento teórico e ético. O que hoje trago aqui é um encadeamento de considerações e pensamentos com duas finalidades distintas: por um lado, revelar alguma reflexão feita sobre uma experiência concreta; por outro lado, sugerir caminhos alternativos para uma execução de sucesso de projectos de preservação e conservação. 2. Seleccionar para preservar: um pouco de teoria As bibliotecas nacionais assumem-se como bibliotecas patrimoniais por excelência. Esta certeza inabalável implica que todos os documentos gráficos, audiovisuais ou electrónicos à sua guarda devam ser considerados como “património”, logo, inalienáveis. Até ao fim dos seus dias exigem cuidados, logo, despesa. 24/10/07

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    PROGRAMAS DE PRESERVACIÓN Y CONSERVACIÓN DE FONDOS BIBLIOGRÁFICOS

    Biblioteca Nacional de España, Madrid, 24 Outubre 2007 A conservação das colecções: custos e benefícios na sua gestão Maria Luísa Cabral 1. Onde tudo começa Esta comunicação reflecte preocupações que fui acumulando no meu exercício como

    responsável pelo Programa de Preservação e Conservação da Biblioteca Nacional de

    Portugal entre Abril de 1997 e Abril de 2007. Dez anos em fui projectando e

    dinamizando a realização prática de muitos projectos, a resolução no curto e médio

    prazo de muitos problemas mas também dez anos em que assisti impotente à derrocada

    de muitas propostas ou projectos. Dez anos que me fizeram interiorizar muitas questões

    e durante os quais percebi, se é que tinha dúvidas, que a preservação e conservação se

    encontra no coração da biblioteca; que o programa de preservação e conservação

    equivale a uma corrida de fundo; que a preservação e conservação tem uma forte

    componente política; que a preservação e conservação não se executa por decisões

    voluntaristas; que a preservação e conservação tem um poderoso enquadramento teórico

    e ético.

    O que hoje trago aqui é um encadeamento de considerações e pensamentos com duas

    finalidades distintas: por um lado, revelar alguma reflexão feita sobre uma experiência

    concreta; por outro lado, sugerir caminhos alternativos para uma execução de sucesso

    de projectos de preservação e conservação.

    2. Seleccionar para preservar: um pouco de teoria

    As bibliotecas nacionais assumem-se como bibliotecas patrimoniais por excelência.

    Esta certeza inabalável implica que todos os documentos gráficos, audiovisuais ou

    electrónicos à sua guarda devam ser considerados como “património”, logo,

    inalienáveis. Até ao fim dos seus dias exigem cuidados, logo, despesa.

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    Em termos de gestão, tem sido praticamente indiferente considerar todas as obras à

    guarda das bibliotecas como património ou não. Hoje em dia, com a consciência aguda

    para os problemas orçamentais e na perspectiva duma análise custo benefício, torna-se

    oportuno rever o conceito de património.

    Não é indiferente nem se trata de um preciosismo a clarificação sobre a abrangência do

    termo “património” em relação às colecções das bibliotecas nacionais. Quem trabalha

    numa biblioteca nacional, gosta de acreditar que aquelas vastas colecções constituem

    “património” porque esta evidente complexidade se transforma num privilégio ao

    colocar a biblioteca num patamar exclusivo e único. Em contrapartida, as situações

    problemáticas crescem na relação directa, reflectindo-se na estratégia para a instituição

    a longo prazo, na gestão financeira institucional, na gestão dos depósitos (questões

    físicas), na gestão das colecções (questões de conteúdo), na qualidade dos serviços a

    prestar aos leitores. Efectivamente, se as colecções não forem, na sua totalidade,

    consideradas “património”, então, a forma de gerir a biblioteca terá de ser repensada,

    pode mudar radicalmente e, quiçá, tornar-se mais eficaz.

    Distinguir, portanto, se todas as obras à guarda da biblioteca merecem a designação de

    “património” gozando os direitos inerentes torna-se, nos dias de hoje, uma questão

    determinante.

    A origem e a missão das bibliotecas nacionais por toda a Europa são idênticas. Fora da

    Europa, pelo menos, têm uma mesma missão como denominador comum. E o mais

    espantoso é que, apesar dos diferentes patamares de desenvolvimento dos respectivos

    países, os problemas que as afectam são sempre os mesmos. Primeiro, o Depósito

    Legal: âmbito, legislação, cumprimento; depois, as funções de agência bibliográfica

    nacional; finalmente, as alternativas em matéria de preservação e conservação das

    colecções. Se os documentos à sua guarda foram escritos em papel ou em casca de

    árvore, se vêm em cadernos ou rolos, pouco importa. A única coisa a considerar é que

    constituindo testemunho dum tempo, dum pensamento, duma cultura, esses registos

    valem como “memória” e como tal têm de ser geridos e preservados.

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    Mais sintomático ainda, é que esta missão de preservar acaba por ser uma

    responsabilidade universal, isto é, o que a Dinamarca selecciona e guarda, por exemplo,

    não lhe diz apenas respeito; afecta também as outras bibliotecas nacionais e, portanto, se

    a agência bibliográfica dinamarquesa não é eficaz, a Argentina, por exemplo, poderá

    justificadamente exigir mais. Ou seja, a preocupação com o “património” ignora

    fronteiras e passa a ser uma questão de interesse geral à escala planetária. Sendo assim,

    mais do que nunca é importante separar o principal do secundário e perceber se o nosso

    tempo, as nossas energias, os nossos orçamentos estão a ser bem aplicados ou se por

    incapacidade, comodismo ou incúria estão a ser desbaratados. Resumindo, deveremos

    considerar todas as colecções à guarda numa biblioteca nacional como “património”,

    com prejuízo da qualidade de serviço que se presta, ou teremos a coragem de considerar

    umas obras mais “património” do que outras?

    A preocupação de guardar os documentos escritos, escolhendo os mais notáveis entre

    eles, só revela um espírito sábio, reflectindo, efectivamente, a capacidade e a

    inteligência de quem escolhe e decide. Aquisições ad hoc enfraquecem e desvirtuam a

    colecção. Os conceitos de “colecção” e de “património” tornam-se, portanto,

    indissociáveis.

    As colecções duma biblioteca nacional não são homogéneas e, não o sendo, não podem

    ser tratados duma forma uniforme. Por vocação, uma biblioteca nacional é um museu do

    livro mas também pode e deve ser um instrumento de pesquisa científica. “A

    delimitação e a definição do objecto com valor patrimonial são imprescindíveis para

    saber o que deve ser conservado e porquê. Nada se pode proteger que não tenha sido

    investigado, delimitado nem valorizado” e “tão importante como conservar será

    seleccionar adequadamente” (TUGORES TRUYOL; PLANAS FERRER, 2006).

    Não se pretende excluir uma parte do acervo mas apenas agrupar obras duma forma

    mais lógica permitindo a introdução duma gestão mais eficaz, com uma melhor

    aplicação dos recursos humanos, técnicos e financeiros existentes. Cada biblioteca

    nacional é uma biblioteca de último recurso, a reserva da reserva. Nada alterará este

    estatuto e a instituição inteligentemente deverá actuar no sentido de lhe fazer jus.

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    O que certamente não é possível nem desejável é continuar a considerar tudo igual, em

    forma, em conteúdo, seja passado ou futuro, numa enorme amálgama. A conservação

    das obras efectivamente significativas, que deverá preceder aquela de acordo com os

    tais parâmetros, é tão decisiva como a própria selecção. “Antes de ser o lugar de

    preservação da memória, o museu é um território de construção da memória, disputa

    em torno do que deve resistir à corrosão do tempo” (RAMOS, 2004). Uma constatação

    que me parece poder aplicar-se às bibliotecas.

    3. Conservação preventiva e gestão de colecções Para lá de alguns inevitáveis desencontros terminológicos, todos os autores colocam a

    conservação preventiva no cerne das suas preocupações. Para mim, também, o objectivo

    da conservação preventiva é reduzir os riscos da deterioração sem significar uma

    intervenção de carácter físico-química, prolongando tanto quanto possível a vida dos

    documentos à nossa guarda. Potencialmente esses riscos existem mas a sua eclosão

    dependerá das condições ambiente, da forma como as colecções são mantidas e

    protegidas, das condições de segurança, do recurso a suportes alternativos. Em todas

    estas situações, o princípio dos vasos comunicantes funciona.

    Não quero deixar de referir que não vou abordar questões relacionadas com o restauro.

    Muitas vezes, em linguagem coloquial, referimo-nos às actividades de preservação e

    conservação com o termo “restauro” o que é profundamente desadequado. Fosse apenas

    uma facilidade terminológica e não era problemático. Mas o grave é que não se trata

    apenas de mais outro termo. Por trás desta aparente confusão jazem um conceito e um

    preconceito que é tempo de eliminar. O conceito escondido é o entendimento que se tem

    de que se trata de intervenção pontual, circunscrita a um documento, visando

    transformar o velho em novo para deleite dos utilizadores e orgulho dos técnicos;

    preconceito porque se atribui a intervenção à habilidade de pessoas com muito jeito de

    mãos, aperfeiçoadas pela prática e não necessariamente com qualificação académica.

    Esta perspectiva contraria completamente a perspectiva de hoje e é inaceitável. O

    restauro é, tenho a certeza absoluta, uma tarefa nobre e indispensável mas processa-se

    num patamar distinto da conservação, sobretudo da conservação preventiva e esta

    seriação prende-se directamente com a estratégia institucional. Se os recursos são

    mobilizados para intervenções de restauro em algumas peças, milhares doutras

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    insidiosamente vão-se perdendo para sempre. A passagem entre conservação e restauro

    é muito estreita; se não a mantivermos aberta, as colecções à nossa guarda vão ressentir-

    se para sempre.

    Existe uma profunda articulação entre preservação e desenvolvimento das colecções.

    Mais do que articulação, existe cumplicidade. Ainda que em bibliotecas a conservação

    preventiva não se aplique apenas a documentos em suporte papel, vou deixar de lado a

    conservação de documentos em suporte electrónico o que envolveria a análise das

    questões da migração, da fiabilidade, da durabilidade. A minha preocupação neste

    contexto prende-se com as grandes massas documentais gráficas à nossa guarda, os

    dilemas que enfrentamos e as opções que temos de fazer. Conseguir equacionar o

    problema, definir prioridades e um programa de acção. E tudo com os recursos ao nosso

    alcance. Essa é a minha postura na prática. Assim, peguei na experiência adquirida e

    vou tentar sintetizá-la aqui de forma organizada.

    Muitos dos aspectos que abordarei não são exclusivos às bibliotecas; são também

    verdadeiros para arquivos e museus já que somos todos membros duma mesma e grande

    família na qual aquilo que nos aproxima é bem mais significativo do que aquilo que nos

    separa. Em qualquer destas instituições, à espera da intervenção dos técnicos, está um

    património acumulado em função do tempo. Se a instituição tem um passado mais

    longo, o volume patrimonial tende a ser mais impressionante; se a instituição é mais

    recente, o património é bem menor mas não obrigatoriamente menos valioso. Apesar de

    toda a normalização, ainda não conseguimos estabelecer um princípio que diga “o valor

    da colecção varia na relação directa da idade de instituição”. Porém, o que é verdade é

    que uma menor volumetria documental não significa obrigatoriamente facilidades no

    tratamento. Em qualquer caso, a acumulação de documentos muitas vezes não passou

    pelo crivo da selecção e, portanto, predominou uma atitude passiva que é, em meu

    entender, lesiva do património. Mas também das instituições e dos seus recursos, dos

    profissionais e dos seus utilizadores. Uma política de preservação e conservação

    começa, efectivamente, colocando ponto final nesta atitude passiva.

    O problema da volumetria documental é sobretudo do domínio interno das instituições.

    É no silêncio dos depósitos que os profissionais se vêm a braços com situações

    dramáticas que não transpiram para o exterior. Na maior parte das bibliotecas, o acesso

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    não é directo, logo, os utilizadores desconhecem a ginástica que às vezes é preciso fazer

    para manter a casa arrumada; nos arquivos, onde o acesso aos depósitos será sempre

    interdito, os utilizadores não entram. O silêncio que se instala é total e, para o exterior,

    nada transparece: como expandir? Como arranjar mais espaço para comportar o

    contínuo crescer das colecções? Onde colocar mais estantes sem fazer perigar a lógica

    orgânica das estantes? Como prosseguir sem pôr em risco a segurança dos funcionários?

    As instâncias superiores da hierarquia nem sempre são sensíveis a estas “pequenas”

    questões: há 30 anos os problemas de segurança no trabalho não se colocavam e hoje

    ainda se lida mal com eles. Quando levantamos estes problemas relacionados com

    segurança ou com a limpeza e manutenção das espécies ou com o custo real do espaço

    físico, não nos tornamos muito populares. Contudo reside aqui, bem no coração da

    instituição, o princípio de qualquer programa de preservação e conservação e de gestão

    das colecções.

    Um posto de trabalho para garantir a limpeza diária das espécies e espaço afecto

    (prateleiras e chão), incluindo mão-de-obra, produtos de limpeza e equipamentos,

    electricidade e água, deverá rondar os 50 €/dia; a este valor temos de adicionar o custo

    da luz e do aquecimento ou ar condicionado e ainda o valor equivalente ao aluguer do

    metro quadrado do edifício. Para o bem estar das colecções, esta simulação do custo

    diário deverá ser multiplicada por 365 dias, um ano e outro e outro até ao final dos dias.

    Não temos o hábito de fazer estas contas e os políticos também ainda não. Garantir essa

    verba tornaria o programa sustentável; no extremo mais ocidental da Europa de onde

    venho, essa contas não se fazem. Aqui, na Província de Madrid, não sei. Mas

    eventualmente as bibliotecas e os arquivos acabarão por passar a um patamar onde tudo

    é mensurável. Para que bibliotecas e arquivos não percam o controlo, convirá tomarem

    a iniciativa. Isto é, começarem a olhar para a sua gestão de uma forma objectiva a

    rigorosa. Por razões diferentes das nossas, os políticos começarão a questionar as

    facturas dos projectos de manutenção, da instalação e do próprio armazenamento.

    Enquanto os orçamentos são, ano após ano, cada vez mais insuficientes mais se

    questiona a falta de correspondência entre os custos a montante e o produto a jusante.

    Quanto gastamos, para quê e como se gasta são perguntas recorrentes. Será inteligente

    dispor da justificação quantitativa e do relatório qualitativo que refira os objectivos

    alcançados.

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    Um caso frequente nas bibliotecas que ilustra bem o que acabo de referir é o das

    doações. Quantas vezes as bibliotecas aceitam doações ou ofertas ou incorporações

    pressionadas por razões que não se prendem com os interesses reais da biblioteca. Se a

    biblioteca não dispuser de uma política de selecção e aquisições, o crescimento e

    desenvolvimento das colecções acontecerá de forma assimétrica acabando por

    determinar um rumo dos acontecimentos fora de controlo. Os serviços de informação e

    leitura perderão o seu desejado impacto por incoerência; a gestão das colecções, dos

    conteúdos e dos espaços, será imprevisível; a utilidade daquela biblioteca

    especificamente até pode mesmo ser posta em causa. Desconhecer como vai crescer

    uma biblioteca levanta sérias dificuldades à execução dum plano de preservação e

    conservação se não é que o condena em absoluto.

    A existência de uma política de selecção e aquisições é uma questão sine qua non na

    gestão duma biblioteca. Os arquivos já compreenderam esta relação e a legislação que

    incentiva e favorece a triagem de documentos, proporciona a arrumação dos arquivos

    enquanto introduz racionalização; os museus quando deixaram de ser armazéns de

    objectos expostos e passaram a exibir de forma criteriosa, definindo áreas temáticas e

    prioridades, equacionaram custos e recursos, iniciaram uma nova era. As bibliotecas, do

    meu de vista, estão ainda numa fase de pré-racionalização mas a escassez de recursos,

    os desafios e exigências da sociedade de informação não lhes vão conceder muito mais

    tempo. Terão de definir prioridades, de seleccionar, et pour cause, de repensar na sua

    preservação e conservação.

    Para ter no terreno uma boa prática em preservação e conservação, é indispensável ter

    um conhecimento profundo das colecções e este não se obtém nem por magia nem

    mecanicamente. A receita também não consta dos manuais, isto é, não se ganha

    familiaridade com os livros by the book. Conhecer as colecções exige calcorrear

    quilómetros entre estantes compactas de livros, de caixas, de documentos atados com

    cordas, na melhor das hipóteses com fita de algodão, jornais, encadernações que já

    deixaram de o ser tantos são os anos de mau manuseamento. Poderão fazer-se

    levantamentos estatisticamente baseados mas nada substitui o convívio regular com as

    espécies. Parafraseando Eco, “converter a biblioteca numa aventura” também passa por

    este convívio.

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    Recusar a compra, a oferta ou a doação de espécies em mau estado de conservação

    física é uma medida de precaução perante a qual só vale a pena hesitar quando

    reconhecidamente se admite que o exemplar em causa é raríssimo e que não se apanha

    no mercado da especialidade. Não pode interessar a nenhuma biblioteca a incorporação

    de um exemplar cuja disponibilização à leitura vai obrigar, por exemplo, a uma

    intervenção total de conservação e restauro cujo custo facilmente pode atingir, ou

    mesmo ultrapassar, o valor da compra. Se isto acontecer, então, é razoável perguntar se

    a compra terá sido bem decidida, se esse documento tão oneroso na sua recuperação

    deve ser dado à leitura sem restrições ou, se pelo contrário, o deveremos imediatamente

    transferir de suporte e apenas exibir em momentos especiais. Será mesmo justo

    questionar se todo o esforço aplicado terá alterado a qualidade de serviço prestado pela

    biblioteca ou, melhor dizendo, não será que uma análise custo-benefício acabará por

    revelar que a decisão de aquisição foi tomada com alguma ligeireza?

    Os caminhos da conservação estão, pois, intrinsecamente relacionados com a forma de

    gerir as colecções e tanto faz que se trate de documentos mais ou menos antigos porque

    todos os documentos gráficos necessitam de alguma forma de conservação. O que muda

    é a estratégia de intervenção; um diagnóstico errado determina uma intervenção

    desajustada, logo e em última instância, um mau serviço ao utilizador.

    Em preservação e conservação são mais as circunstâncias a exigir solução singular do

    que a pedir solução por copy paste. As variantes são dadas pelas características da

    própria colecção e, por isso, é irrefutável esta interacção que tenho vindo a referir.

    Independentemente do tipo de biblioteca ou arquivo, os cuidados em preservação e

    conservação são uma constante e são da essência da organização. Hoje em dia com o

    que já se sabe e conhece é imperdoável não considerar uma linha de intervenção para

    preservação e conservação na orgânica e no orçamento de cada instituição. Os

    documentos têm um ciclo de vida: nascem, vivem e morrem. Um processo silencioso

    com as suas alegrias e os seus dramas que se desenrola nos depósitos à nossa guarda.

    Sobretudo nas instituições patrimoniais, a missão dos seus profissionais é proporcionar-

    lhes a eternidade reconhecendo que a preservação e conservação não se auto justifica e

    que a gestão pontual e atomizada das colecções não vinga. Sem nunca esquecer o valor

    cultural e histórico de cada documento, as colecções têm hoje de ser construídas com

    dupla preocupação e, para mim, esta é a função mais nobre e mais exigente que espera

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    por profissionais competentes. Pela própria colecção, pela valorização do património,

    pelos serviços que potencia, pela contribuição que traz na construção do conhecimento.

    4. Lançar um Programa de Preservação e Conservação A missão e os objectivos duma instituição estabelecem o quadro e definem o programa

    de Preservação e Conservação. No âmbito deste, portanto, conclui-se que um programa

    de conservação preventiva exige visão estratégica e planeamento. Por oposição a uma

    interpretação institucional defensora do restauro, a conservação preventiva pressupõe

    uma visão geral, articulada entre condições ambiente, manutenção do edifício e estado

    das colecções (incluindo limpeza). Esta opção corresponde a uma visão global enquanto

    a outra será sempre uma interpretação fragmentada e casuística cujo reinado deixou de

    ser sustentável há décadas. Uma gestão que ignore uma visão global e articulada

    privilegiará o restauro, a exibição de belas peças - ainda que descontextualizadas - como

    se a reconstrução de algumas peças pudesse inverter a situação de deterioração

    generalizada ao conjunto das colecções, ignorando ainda por cima que essas peças

    maravilhosamente devolvidas a glórias passadas não sobreviverão num ambiente

    adverso e descontrolado. Refiro condições ambiente mas também manuseamento e

    condições de armazenamento e ainda reprodução. Sem acautelar tudo isto, o restauro

    que é capaz de nos deslumbrar não só está em risco como corresponde a um desperdício

    de recursos. Insistir no restauro per se deve ser questionado. As grandes bibliotecas que

    investem minimamente no restauro começando por praticamente desactivar as

    respectivas oficinas não apresentam resultados negativos na gestão das colecções. Esta

    constatação deveria fazer os nossos políticos pensar maduramente no caso sem os levar,

    claro, à conclusão simplista de que preservação e conservação podem ser dispensadas.

    A evolução teórica a que assistimos neste domínio tem o seu paralelo na forma como se

    faz e escreve a história, por exemplo. Hoje é difícil aceitar uma interpretação histórica

    que privilegie os chefes; o que importa perceber é o conjunto dos homens. Como é que

    eles fizeram o que fizeram, com que meios, para atingir que fins. Panorama idêntico

    com os documentos: a massa anónima também está lá a pedir muita atenção e embora

    não a deixemos de dar àquelas peças que se destacam não podemos perder de vista o

    conjunto com risco de contribuirmos para um esquecimento criminoso.

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    No jogo em que todos estamos envolvidos, é importante sublinhar a fragilidade orgânica

    dos documentos, logo, o seu carácter transitório. Se às debilidades orgânicas, somarmos

    o constante manuseamento para consulta, as condições ambiente inadequadas, a

    exposição frequente de [alguns] documentos, as diferentes intervenções de conservação

    ao longo da sua vida institucional, logo se compreenderá a vulnerabilidade deste

    universo e, portanto, estará justificada toda a atenção que lhes possamos dedicar.

    Talvez possamos ganhar a causa dos documentos gráficos invocando casos muito

    mediáticos cheios de glamour do campo da arqueologia. Quando o túmulo de

    Tutankhamon foi aberto em 1919, parecia ter sido feito na véspera. Hoje, as visitas

    foram canceladas: o número de visitantes, as oscilações das condições ambiente

    provocaram a deterioração das pinturas; em Altamira, o colorido esvaneceu-se, as

    visitas estão dificultadas. Durante milhares de anos até à contemporaneidade, as

    pinturas daqueles locais mantiveram o seu brilho e fulgor porque estiveram,

    naturalmente, ao abrigo de alterações das condições ambiente. Com os documentos

    gráficos, o processo de deterioração é idêntico embora na maior parte das vezes apenas

    perceptível pelo olho treinado do especialista. É este o limiar que não queremos

    atravessar.

    E passo a citar um texto meu escrito há uns anos: “No conjunto das colecções, algumas

    peças terão honras de intervenção minuciosa. Não há tempo, não há técnicos em número

    suficiente, não há recursos financeiros que possam alguma vez, seja onde for, estancar a

    deterioração em marca. Só uma política de conservação preventiva que crie as

    condições gerais de estabilização física e química pode dar garantias de maior

    longevidade aos documentos. Trata-se de um tipo de intervenção menos apelativa mas

    bem menos onerosa e mais eficaz do que qualquer outra alternativa. É a defesa desta

    orientação que urge implementar criando as condições para que o trabalho de

    conservação preventiva frutifique” (CABRAL, 2002).

    Assim se entende que um programa de preservação e conservação tem absoluto

    cabimento quer se trate ou não de uma instituição com colecções de documentos

    gráficos mais antigos. Todos os documentos estão sujeitos à mesma lei da vida e nós,

    profissionais, apenas fazemos o nosso melhor para lhes prolongar o tempo de vida. Ao

    mesmo tempo, temos de os mostrar porque os mais valiosos atraem muitos visitantes e

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    porque não os mostrando qual é o sentido de os possuir? Com certeza que há aqui uma

    contradição mas temos de a saber pesar e, sobretudo, não ter medo de defender os

    nossos princípios que eu resumiria numa única palavra: informar. Com regras, segundo

    princípios de segurança, obviamente. Mas mostrar, deixar ver. Mesmo aplicando a regra

    de oiro da museologia, isto é, limitando a exposição a 3 meses por ano a níveis de luz

    inferiores a 50 lux, os documentos podem ser mostrados e apreciados. Adoptar uma

    política de abertura também passa por aqui.

    Enveredar pela conservação preventiva não é apenas uma opção. É a opção. No

    hemisfério Norte, no Sul, para leste ou para oeste de Greenwich. Qualquer alternativa

    noutro sentido está errada, não nos leva a sitio nenhum nem traz nada de bom. Tem os

    dias contados. A execução dum programa de conservação preventiva obriga-nos a

    definir as áreas de risco e, portanto, a projectar para cada uma destas áreas um

    subprograma completo e detalhado. Na conservação preventiva o restauro não está

    incluído. Cada instituição terá o seu programa de restauro mas a esta inevitabilidade

    deverá contrapor um grande sentido de responsabilidade e de oportunidade. É fácil

    ceder à tentação e inverter os termos ao quebrado. Isto é, deixar-se embalar pela beleza

    que o restauro pode proporcionar e ir, de uma forma escorregadia, afectando mais e

    mais recursos para o restauro acabando por desvirtuar as preocupações iniciais. A

    melhor maneira de evitar que esta alteração tome conta dos nossos serviços, é constituir

    equipas separadas com objectivos precisos em que uma é responsável por acções de

    conservação preventiva e outra é responsável pelo restauro. Uma vez que a preparação

    técnica é idêntica para que as pessoas não se sintam preteridas ou prejudicadas, ao fim

    de algum tempo, as equipas podem trocar entre si.

    Quando um técnico é incumbido de iniciar um programa de Preservação e Conservação

    pode ser assaltado de muitas dúvidas entre as quais certamente definir por onde começar

    não será a menor. Depois o terror de começar e não chegar a lado nenhum. Por isso, ao

    começar é muito importante atribuir um objectivo, fixá-lo e desenvolver o trabalho

    nesse sentido. Duas coisas eu recomendaria: não ter medo de fixar objectivos modestos

    e não ter medo de reconhecer dificuldades. Mas também recomendaria outra coisa: é

    absolutamente indispensável começar. Para já não mencionar os problemas técnicos que

    precisam ser atalhados, em gestão não se pode esperar toda a vida para tomar uma

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  • Biblioteca Nacional A conservaçao das colecçôes Página 12 de 23

    decisão. Além do mais, às vezes é mesmo necessário enfrentar uma decisão errada para

    perceber o que devia ter sido feito e não fez.

    Mesmo que no papel consigamos desenhar um belo programa de Preservação e

    Conservação, talvez nem sempre na prática o consigamos pôr todo em marcha. A falta

    de prática pode explicar esta dificuldade mas também a falta de recursos humanos e

    técnicos. Sobretudo o medo de errar pode ser completamente impeditivo de começar

    mas então há que pegar naqueles pequenos projectos cuja execução menos canónica não

    ponha em causa os documentos. Dou um exemplo: se vou limpar documentos não

    preciso de começar pelos documentos mais deteriorados e frágeis cujo manuseio é

    particularmente difícil; talvez possa escolher livros mais sólidos até ganhar aquela

    agilidade que me irá dar a confiança para partir para casos mais difíceis.

    Poderemos cometer erros irreversíveis ao precipitar os acontecimentos. Em gestão

    costuma dizer-se que “pressa, sim; precipitação, não”. Ora, no caso concreto em que

    lidamos com objectos frágeis e fragilizados, nada de mais verdadeiro. Numa biblioteca

    ou num arquivo é muito fácil estar sujeito a pressões: a exposição que tem de abrir

    naquela data, o utilizador que quer consultar aquele documento ou ainda o outro leitor

    que quer o microfilme feito em 24 horas ou quer levar aquela imagem já! Quantas vezes

    não nos julgamos completamente incapazes porque não percebemos como ultrapassar

    esta ou aquela dificuldade? Como compreender os sucessos de outras instituições, tudo

    fácil e rápido? Este aspecto, pessoalmente, acho muito demolidor porque nos

    esquecemos que não é hábito as instituições e os colegas deixarem transpirar os seus

    insucessos o que pode acabar por provocar a desmotivação. Parece que todas as

    dificuldades do mundo caíram exclusivamente na nossa bancada! É nestas ocasiões que

    ficamos contentes por ter visitado outros locais de trabalho; deixamos de nos sentir tão

    sozinhos e incapazes. Não há nada mais estimulante do que poder partilhar as derrotas e

    as vitórias. Sobretudo os pequenos segredos que nos proporcionaram momentos de

    glória. O que é mesmo importante é compreender que não há modelos únicos. No leque

    de modelos e soluções uma coisa é indispensável: as opções deverão ser tomadas em

    função da instituição, sempre no médio e longo prazo, deverão ser sustentáveis e

    visíveis. Sempre de dentro para fora, num exercício de comunicação que distingue as

    acções de preservação e conservação da actividade de restauro, virada para dentro,

    individual, ignorando os problemas das grandes massas documentais.

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    5. Múltiplas facetas do Programa de Preservação e Conservação Não me canso de repetir: não há um modelo único e não havendo um modelo único, não

    há melhores ou piores programas de preservação e conservação. O padrão é a

    instituição; cada instituição requer um programa de determinada extensão e

    complexidade. Se o diagnóstico foi bem feito, a estratégia definida de acordo com os

    recursos existentes, então entre prognóstico e eficácia tem que haver uma total sintonia.

    Os objectivos são alcançados, debela-se a doença. O segredo do sucesso está em

    conseguir identificar o problema, planear a intervenção e conseguir levar até ao fim a

    execução do programa. Nem todas as soluções exigem avultadas verbas; nem todas as

    intervenções exigem técnicos altamente qualificados ou equipamentos muito

    sofisticados. Trata-se de uma área de trabalho em que acções bem pouco vistosas podem

    fazer milagres.

    Estão neste número de acções menos vistosas a limpeza das espécies, das estantes e

    prateleiras e espaços de armazém. Não só são intervenções que não dão nas vistas como

    ainda por cima o pessoal qualificado não gosta muito de executar. Deste ponto de vista,

    tratam-se de trabalhos difíceis de executar. Está ainda muito enraizada a ideia de que

    limpar os documentos não é mais do que limpar o pó e, portanto, pedir a um técnico

    qualificado que limpe o pó assemelha-se mais a um castigo do que a uma tarefa de

    mérito. Mas todos sabemos duas coisas: primeiro, que não se trata de desqualificar

    ninguém e, segundo, que uma limpeza às espécies bem executada resulta em anos de

    vida que devolvemos às espécies. A delicadeza desta operação, quer do ponto de vista

    humano quer do ponto de vista técnico, leva-me a outra linha de trabalho que para além

    de requerer a nossa iniciativa e boa vontade praticamente não exige mais nada. Refiro-

    me à formação e sensibilização do pessoal da instituição. Limpar as espécies não requer

    qualificação mas exige muita sensibilidade e bom senso. Nunca é fácil abordar técnicos

    da instituição com 10, 15 ou 20 anos de “casa”. Olham-nos como se fossemos intrusos

    e, portanto, não vale a pena começar por lhes explicar como se faz porque,

    inevitavelmente, a resposta será “sei muito bem como se faz”. Pelo contrário, se lhes

    pedirmos para nos mostrarem como costumam fazer, talvez possamos detectar de

    imediato aquilo que não deve ser feito e, então, teremos espaço para semear alguma

    solução nova.

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    Escusado será sublinhar que a limpeza, mexendo com as próprias espécies, vai dar a

    oportunidade para uma inspecção das próprias espécies e das prateleiras. Desde a

    verificação de espécies fora do lugar, inclinadas, a pedir para serem envoltas em papel

    acid free ou atadas com fita de algodão, fitas de algodão que precisam ser reajustadas,

    remoção de bocadinhos de papel que foram colocados pelos leitores entre as páginas,

    renovação de etiquetas, colocação de ampara-livros e eventualmente até a detecção de

    insectos ou bolores. Ao reciclar os técnicos, é muito importante realçar estes aspectos

    para que a limpeza do pó não seja apenas olhada como uma tarefa menor. Esta pintura

    mais profissional pode introduzir toda a diferença quer na sensibilização quer nos

    resultados.

    Outra linha de trabalho que também não exige grandes recursos técnicos ou financeiros

    é o da monitorização de pestes. Embora seja parte do Controlo Integrado de Pestes

    (CIP), podemos ao mesmo tempo que progredimos para os depósitos com acções de

    limpeza e de correcto armazenamento, ir colocando armadilhas no sentido de detectar a

    existência ou aparecimento de insectos rastejantes.

    Deixei para mencionar no fim deste conjunto de intervenções, o controlo das condições

    ambiente não porque o não coloque no topo das nossas preocupações e exigências mas

    porque exige alguma disponibilidade financeira. Se utilizarmos os velhos

    termohigrógrafos, eles precisam de estar calibrados e, às vezes, este ajuste exige verba;

    se quisermos recorrer a um controlo digital, teremos que adquirir os aparelhos e entre

    estes, como sabem, quanto mais esperarmos deles mais sofisticados e dispendiosos

    serão. Assim, recorrendo a aparelhos que já existam ou planeando a aquisição e

    instalação de equipamentos mais actualizados, a preocupação com o controlo das

    condições ambiente está tão interiorizada que precisamos da implementação no terreno

    do controlo de condições ambiente como precisamos de oxigénio para sobreviver!

    Temos, assim, duas ou três frentes de combate que, não exigindo o impossível, vão

    consolidando a imprescindibilidade do programa de preservação e conservação.

    Agora, as colecções propriamente ditas. Neste patamar, já se exige mão-de-obra

    qualificada e treinada. Por exemplo, a manutenção e o acondicionamento das espécies.

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    Com menores recursos, consegue-se executar os acondicionamentos na própria

    instituição. Com recursos mais abastados, podem-se adquirir no mercado. Com modelos

    mais simples ou mais perfeitos, as colecções agradecem sempre mesmo uma pequena

    atenção. O mesmo é verdade para pequenas intervenções de conservação: pequenos

    rasgões, lombadas a quererem soltar-se, cadernos soltos, sobrecapas a exigirem

    protecção, etc. O que interessa é que as intervenções sejam pautadas por grande respeito

    pela espécie e um pequeno programa prosseguido sistematicamente fará a diferença ao

    fim de pouco tempo. Outra vez, o programa de preservação e conservação consegue

    visibilidade e credibilidade, logo, garante uma posição no terreno.

    Também é importante ponderar a avaliação científica do estado de conservação física

    das colecções. Não se trata de uma novidade mas são poucas as bibliotecas ou arquivos

    que algum dia fizeram esta avaliação. Este tipo de levantamento fornece dados

    matemáticos e estatísticos permitindo fundamentar a estratégia a definir para o

    programa de preservação e conservação. Apesar das vantagens evidentes, também me

    parece que em bibliotecas médias ou pequenas não compensará lançar um levantamento

    desta natureza porque implica muitos recursos humanos e exige muito tempo. Se as

    instituições têm falta de pessoal certamente não se poderão dar a este luxo.

    Poderemos depois, e muito em função do tipo de biblioteca, projectar um programa de

    encadernação de obra corrente para bibliotecas com muito serviço de leitura como é o

    caso das bibliotecas públicas ou universitárias. Este é um tipo de trabalho que tem como

    objectivo preparar as obras para um manuseamento muito intensivo seja pela leitura seja

    pela fotocópia. Se não prepararmos as obras estas deixam de ter condições de

    durabilidade e resistência para circular e, obviamente, não é para isso que as obras estão

    nas bibliotecas. Claro que a nossa atenção deve dirigir-se para as características

    estruturais do livro e não para o embelezamento do livro. O maior problema, no meu

    entender, para prosseguir a encadernação corrente prende-se com a necessidade absoluta

    de dispor de técnicos experimentados. A instituição poderá não ter oficina própria mas

    se não dispuser de técnicos capazes de observarem estruturalmente o livro, como é que

    pode avaliar o trabalho mandado fazer fora? Hoje em dia manda-se executar muito

    trabalho por concurso público mas na retaguarda as instituições obrigatoriamente terão

    de dispor de infraestruturas adequadas: é responsabilidade destas infraestruturas

    conhecer as colecções, seleccionar as peças, indicar os problemas e as soluções que

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    pretendem e, finalmente, verificarem a qualidade do trabalho executado. Acreditar que

    basta entregar o trabalho a uma empresa para depois receber e arrumar os livros, é

    loucura.

    Um programa que se encontra no mesmo patamar é o da desacidificação em massa.

    Dependente obrigatoriamente de um conhecimento do estado físico da colecção, este é

    um programa adequado para arquivos e bibliotecas mas é um programa que exige

    grandes montantes financeiros. Trata-se de uma intervenção de grande envergadura e

    através da sua prática talvez se encontre a solução para os problemas da fragilização que

    afectam o papel. Regra geral, as bibliotecas e os arquivos não dispõem de instalações

    próprias para fazer este trabalho e, portanto, nesta área, os concursos públicos são a

    resposta aceitável. Como noutras circunstâncias, é indispensável garantir o

    acompanhamento por pessoal da instituição e não entregar completamente o processo

    nas mãos da empresa.

    Finalmente, a transferência de suporte. Talvez um dos maiores pomos de discórdia entre

    oficiais do mesmo ofício! É um campo que dá sempre azo a grandes discussões e

    confusão. A oferta varia entre a microfilmagem e a digitalização ou as duas alternativas

    em simultâneo. Não vou equacionar prós e contras de cada uma das alternativas mas,

    julgo, que todos concordaremos que cada uma delas tem as suas vantagens e

    desvantagens e que as opções têm a ver com os objectivos e também com o

    financiamento disponível e também com a sustentabilidade que cada instituição estiver

    apta a assumir. Muitas instituições têm grandes laboratórios mas dado o volume de

    documentação a processar mesmo assim recorrem a empresas exteriores. Neste caso, só

    uma pequena chamada de atenção para a necessidade de preparar cadernos de encargo

    muito firmes e também para a necessidade de garantir muito acompanhamento por parte

    do arquivo ou da biblioteca. Deixar a avaliação da qualidade para uma fase derradeira

    do projecto pode resultar em desastre completo.

    A reunir a este conjunto de grandes projectos, acho que não ficará deslocado considerar-

    se a elaboração do plano de emergência. Qualquer biblioteca ou arquivo à semelhança

    do que acontece para hospitais, escolas, instituições as mais variadas não pode

    prescindir do desenho e implementação das medidas que lhe permitam responder

    adequadamente ao deflagrar dum desastre. Há que munir as nossas instituições culturais

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    dos equipamentos apropriados e da formação específica de modo a que se o desastre

    ocorrer nem as pessoas nem as colecções sejam abandonadas. Bastará lembrar a

    imprevisibilidade duma inundação ou de um incêndio para se perceber a urgência do

    plano de emergência.

    O Programa de Preservação e Conservação é poliédrico: inúmeras facetas que se

    complementam ou reflectem conferindo-lhe uma dinâmica a que nenhum departamento

    da biblioteca, arquivo ou museu fica imune. Não é uma actividade que se limite a um

    departamento e que funcione segundo uma ordem hierárquica tradicional. Pelo

    contrário, é um trabalho que corta a instituição na transversal, para o qual concorrem

    todos os sectores e que só encontra semelhança nos próprios programas de

    informatização das instituições. É por isso que eu acho que tem uma forte componente

    política.

    6. Avaliar custos e benefícios Numa época em que somos obrigados a quantificar o nosso trabalho, é indispensável

    precisar o tipo das tarefas que desempenhamos mas ainda é mais importante pesá-las e

    quantificá-las.

    O termo “restauro” na sua acepção mais pura leva-nos ao passado quando o “restauro”

    significava a intervenção individualizada, peça a peça, pontual, destinada a salvar e

    valorizar um determinado documento gráfico. Independentemente do que viesse a

    acontecer aos outros documentos gráficos compagnons de route, a hora de glória havia

    soado para o documento seleccionado para ser sujeito a restauro. Talvez devido a um

    maior valor histórico; talvez porque foi escolhido para figurar numa exposição; talvez

    porque a sua temática estivesse mais em voga. Tudo bons motivos para uma selecção

    sempre nominal que distinguia aquele documento da massa anónima, proporcionando-

    lhe uma maior expectativa de vida. Nesses dias e nessa perspectiva pouco interessava,

    efectivamente, o destino da colecção. Se hoje a gestão das colecções ainda sofre tantas

    contrariedades, há 25-30 anos, o conceito era completamente desconhecido como

    também o conceito de conservação preventiva era inexistente o que só piorava a

    situação.

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    A suportar esta interpretação, técnicos dedicadíssimos devolviam tanto quanto possível

    à condição original, num processo silencioso e tranquilo, os documentos que eram

    depositados nas suas mãos. Todos os que lidamos com património conhecemos casos

    exemplares desse “restauro” de fraca qualidade e pouca ética. Sem perigo de errar, os

    conhecimentos científicos que sustentavam esse restauro eram na razão inversa da

    dedicação aplicada.

    Embora a situação tenda a inverter-se, em mais casos do que seria desejável, o restauro

    continua ainda a ser encarado como a solução para os problemas que o património

    documental enfrenta. A maneira como é encarado o problema, a forma como é

    procurada uma solução, denota uma atitude intelectual e técnica ultrapassada. É preciso,

    pois, demonstrar que essa opção não se coaduna com os tempos de hoje não porque não

    valorizemos o trabalho de restauro mas porque os custos são proibitivos e o tempo corre

    contra nós. Por isso, é preciso reavaliar e recolocar o restauro numa escala de

    prioridades e é inadiável reequacionar a maneira como encaramos e gerimos a massa

    documental gráfica à nossa guarda.

    No passado, o restauro sobrevivia numa espécie de cultura do silêncio, acarretando um

    enorme preconceito quer porque representava os primórdios duma verdadeira disciplina

    quer porque transmitia a ideia preconceituosa de que aquelas pessoas capazes de

    resultados tão exímios não estavam aptas a emitir uma opinião ou a assumir outro tipo

    de responsabilidade. A sua mais preciosa qualificação era o dom natural, não a

    qualificação e os conhecimentos acumulados esquecendo-se que nascer com uma

    habilidade natural de mãos não faz um técnico de restauro. Como noutras áreas, é sobre

    os conhecimentos, simultaneamente académicos e práticos, que se alicerça o seu

    desempenho que alguns teimosamente apelidam de “habilidade”. O técnico de restauro,

    independentemente da formação académica, precisa apenas que a oportunidade lhe seja

    dada para colocar a sua prática e conhecimentos ao serviço do colectivo, isto é, das

    colecções. Se, pelo contrário, o técnico de restauro for confinado à oficina de restauro,

    perdem mais a instituição e a comunidade do que ele próprio. É também porque não

    podemos desperdiçar recursos humanos que temos de recolocar o restauro na escala de

    valores disciplinares a que pertence.

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    Enquanto a opção prioritária for a do restauro e a aposta for num trabalho a conta gotas,

    as instituições, o público em geral assistirão à deterioração da massa documental num

    ritmo galopante de efeitos multiplicadores sem hipótese de retorno. A degradação dos

    documentos gráficos é contínua; o manuseamento incorrecto ou intenso apenas acelera

    essa deterioração. Ironicamente, optar pelo manuseamento muito esporádico ou raro,

    também não resolve a situação. O documento corre o risco de se perder sem que

    ninguém dê por isso.

    Não há nenhuma biblioteca ou arquivo imune aos problemas que provocam a

    deterioração das colecções. Conforme os casos, os factores podem variar de intensidade

    mas eles são sempre os mesmos e, pior, são constantes. A qualidade do papel e ou da

    tinta, as condições ambiente, as pestes, o manuseio, a reprodução impiedosa. Às vezes

    mais uns do que outros, às vezes todos à uma a justificar uma intervenção estratégica,

    global para o património documental gráfico a qual deverá ponderar os custos e

    benefícios da intervenção de restauro por oposição aos custos e benefícios de uma

    intervenção com carácter preventivo e globalizante.

    Com o restauro é sempre uma ínfima parte da vasta massa documental que é

    considerada e, por isso, o restauro não pode nunca constituir o objectivo final. O

    objectivo final nesta vigilância constante que exercemos sobre as colecções é conseguir

    prolongar a vida pelo máximo de tempo possível ao maior número de peças. Aos

    profissionais, simples mortais, cabe passar a nossa responsabilidade de geração em

    geração na vã esperança de que um dia se descubra o elixir da vida eterna. Talvez que o

    restauro seja uma forma superior de intervenção e tratamento, mas quanto custa? Como

    é que vamos defender o restauro puro e duro, em nome de quê e, sobretudo, em

    detrimento de quê? É absolutamente indispensável ter sempre presente o binómio custo-

    benefício e perceber o que perdemos enquanto salvamos algumas peças. Recusar o

    restauro constituiria um verdadeiro atentado contra o património mas ao avançar para

    um programa de restauro, colocando-o no topo das prioridades, é obrigatório ter a clara

    consciência da opção feita e das suas consequências

    Um manuscrito do século 16 com 66 fólios, apenas texto, sem danos causados por tinta

    ferrogálica, medianamente deteriorado, isto é, exigindo uma intervenção através de

    limpeza por via mecânica, remoção de restauros anteriores, estabilização físico-quimica

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    do suporte, reintegração do suporte. O tratamento desta unidade gráfica vai exigir um

    mês de trabalho continuado (22 dias úteis), ou seja, cerca de 2 000 € em salário a que é

    preciso acrescentar uma percentagem para cobrir o desgaste do equipamento ou para a

    utilização da oficina ou para as matérias primas. Se àquele montante adicionarmos 20%,

    o custo final de 2 400 € não estará inflacionado. Enquanto este esforço decorre apenas

    sobre um documento individual, quantos outros em situação idêntica aguardam alguma

    atenção, enquanto continuam à mercê das condições ambiente, do pó ou da luz,

    correndo o risco de serem afectados por algum desastre maior? Ou seja, se quisermos

    equacionar a questão doutra forma, com os 2 400 € o que é que poderíamos

    alternativamente fazer em prol da colecção?

    No mesmo período de tempo, podiam-se alternativamente, por exemplo, ocupar dois

    técnicos profissionais a proceder à higienização e manutenção de 50 documentos

    consistindo esta manutenção na execução de pequenas intervenções de reforço com a

    subsequente realização de caixas para acondicionamento das espécies. Ou podíamos,

    ocupar esses mesmos técnicos profissionais numa intervenção de carácter preventivo

    sobre 120 documentos. Ou podíamos providenciar com a higienização e limpeza de 120

    corpos de estante (6 prateleiras x 80 cm) repletas de livros. Ou podíamos ainda planear a

    desinfestação de 15 m3 de documentação.

    Ou seja, enquanto um técnico superior com funções exclusivamente de restaurador

    poderia assegurar o tratamento integral (corpo + encadernação) de 50 documentos

    gráficos no espaço de um ano, na presunção de que os problemas seriam de pouca

    monta, com investimento idêntico, dois técnicos profissionais, consoante a alternativa

    escolhida, poderiam resolver o problema de dezenas ou centenas de peças. Se

    continuarmos a explorar a lógica desta relação directa, cujo simplismo acentuo aqui

    propositadamente, ao fim de dois ou três anos, a diferença será enorme, o aspecto geral

    da colecção mudou, o conhecimento sobre a colecção mudou, a nossa percepção sobre

    as necessidades da colecção mudou e o serviço final que prestamos ao leitor mudou

    também. Pelo contrário, se prosseguirmos a apostar na linha do restauro, as nossas

    instituições estarão cada vez mais débeis e fragilizadas. A nossa credibilidade corre

    riscos e o mesmo é dizer que a nossa capacidade de negociar orçamentos, solicitar

    mecenatos, alvitrar reajustamentos ou propor novas soluções orgânicas, irá

    progressivamente enfraquecendo. Não advogo que desistamos dos nossos propósitos

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    profissionais e éticos por razões de ordem financeira; o que estou a afirmar é que não

    podemos actuar como se as verbas abundassem e o património documental gráfico fosse

    eterno. Estou a introduzir alguma avaliação mensurável neste intrincado mundo da

    conservação e restauro sobre o qual pendem grandes exigências e responsabilidades

    para que possamos sentir a seriedade das nossas decisões.

    O restauro representa uma intervenção de última linha. Quando tudo se julgava perdido,

    o restauro pode operar milagres. São muitas as maravilhas que se têm conseguido;

    certamente continuarão a conseguir-se outras tantas. O que propomos, no entanto, é que

    tenhamos a coragem de dizer, em cada instituição, que o número de maravilhas a

    realizar vai ser menor, que o restauro não é a tábua de salvação das instituições. Pelo

    contrário, o número de intervenções mais globalizantes deverá aumentar evitando o

    avanço daqueles males que tão danosamente afectam os documentos gráficos.

    Um programa de conservação preventiva não é tão sedutor como um programa de

    restauro e, no entanto, torna-se imperativo que a sua concretização seja assumida por

    profissionais académica e especificamente preparados. Um jovem profissional tem de

    encarar várias hipóteses de trabalho com o mesmo entusiasmo e expectativa: restauro,

    conservação preventiva, investigação ou gestão. Em nome da salvaguarda das

    colecções, deveremos aceitar que o restauro é um trabalho de excelência que poucas

    instituições estarão aptas a realizar sendo que, mesmo essas, não o poderão aplicar à

    totalidade das colecções respectivas.

    O trabalho de restauro é, as mais das vezes, solitário. Um brevíssimo contacto com o

    bibliotecário ou com o arquivista não chega para envolver o técnico de restauro na

    problemática da gestão das grandes massas documentais. Depois, o trabalho prossegue

    na tranquilidade do laboratório. No entanto, cada vez mais o que se pede, e o que se

    espera, do jovem profissional é a sua participação em equipas multidisciplinares que

    têm a seu cargo a salvaguarda de volumes consideráveis de documentos gráficos. E ao

    profissional de conservação e restauro não só se exige a capacidade de análise como a

    capacidade para propor soluções exequíveis, pragmáticas ainda que rigorosas nas quais

    a análise custo benefício desempenha papel significativo. Constantemente o profissional

    de conservação e restauro tem de fazer opções e, portanto, tem de avaliar o que pode ser

    deixado para trás sem prejuízo da solução técnica adequada. Trata-se de obter o justo

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    equilíbrio entre a eficácia e a ética, sem fundamentalismos mas também sem abdicar dos

    princípios teóricos e conhecimentos científicos. Toda a intervenção de conservação e

    restauro representa um compromisso entre saberes a bem da prorrogação de prazo de

    vida de cada documento. Como noutras disciplinas científicas, as intervenções de

    conservação e restauro baseiam-se em investigação prévia cuja transposição directa para

    situações práticas exige alguma adaptação. Esta flexibilidade outorga ao profissional de

    conservação e restauro uma muito maior visibilidade e responsabilidade. Longe, muito

    longe do espaço reservado ao restauro, o técnico de conservação e restauro passa a

    mover-se agora pelo espaço que a própria instituição ocupa. A actividade de

    conservação e restauro não pode ser confinada a umas peças, a umas pessoas ou a um

    espaço. Desenvolver programas de combate às pestes, dinamizar programas de

    monitorização de condições ambiente, dinamizar o diálogo com profissionais de outras

    áreas incutindo ideias sobre problemas de segurança, tornar a inspecção das espécies e

    dos espaços de armazenagem uma rotina, são novas facetas duma mesma profissão a

    desempenhar pelo técnico de conservação e restauro. Uma vez na posse destes dados,

    nada de mais natural que os analise e proponha programas ou projectos para os resolver.

    Incluindo, claro, a consideração das componentes em recursos financeiros, técnicos e

    humanos. Um salto para que o profissional de conservação e restauro adicione à sua

    preparação vincadamente técnica uma faceta de gestão. Tanto mais imprescindível

    quanto maior for a instituição e a massa documental a preservar.

    7. Conclusão Depois de ter enumerado os múltiplos programas que se compõem o grande Programa

    de Preservação e Conservação; depois de ter mesmo feito uma breve incursão ao reino

    do restauro acho que consegui ir apontando os custos de cada um e os respectivos

    benefícios. Nada se consegue duma forma linear e sempre de maneira cumulativa; às

    vezes é preciso com inteligência dar um passo atrás para voltar a ganhar velocidade.

    Nesta área de trabalho, também. Sobretudo teremos que aprender a utilizar os recursos

    existentes, a maximizar o seu alcance, somando mais valia após mais valia. Deveríamos

    ter a coragem de abraçar programas sistemáticos e sustentáveis, transversais à

    instituição, impondo o interesse institucional estratégico à gestão do pontual. Tudo, tudo

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    oferecendo aos técnicos de conservação e restauro responsabilidades de gestão nas

    bibliotecas, nos arquivos e nos museus rentabilizando os vários saberes disponíveis.

    Bibliografia

    CABRAL, Maria Luísa – Conservação preventiva: o que é. Informação BN. S.2, 4 (Set-Dez 2002), p. 2 Directrizes da IFLA para a conservação e o manuseamento de documentos de biblioteca. Ed. Edward P. Adcock; colab. Marie-Thèrese Varlamoff, Virginie Kremp; Trad. Maria Luísa Cabral ... [et al.]. Lisboa : BN, 2004. 160 p. The evidence in hand: report of the task force on the artifact in library collections. Washington DC: Council on Library and Information Resources, Nov. 2001. 114 p. RAMOS, Francisco Régis Lopes – A danação do objecto : o museu no ensino de história. Chapecó, Santa Catarina : Argos, 2004. 178 p. TEIJGELER, René – Conservação preventiva da herança documental em climas tropicais : uma bibliografia anotada. Trad. Lisboa : BN, 2007. 398, [2] p. TUGORES TRUYOL, Francesca; PLANAS FERRER, Rosa – Introducción al patrimonio cultural. Gijón : Trea, 2006. 179 p. Breve glossário

    Português Castellaño fita de nastro cinta de algodón laboratório(s) taller(es) manuseamento manoseo média mediana utilizadores usuarios

    Outubro 2007

    24/10/07

    1. Onde tudo começa2. Seleccionar para preservar: um pouco de teoria3. Conservação preventiva e gestão de colecções4. Lançar um Programa de Preservação e Conservação5. Múltiplas facetas do Programa de Preservação e Conservação6. Avaliar custos e benefícios7. ConclusãoBibliografiaBreve glossário