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  • 8/17/2019 Problemas de gente grande

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    PROBLEMASDE GENTEGRANDECada vez mais crianças enfrentam doenças de adultos, como colesterol alto,hipertensão, ansiedade, diabetes e depressão. Saiba como frear o problema

    SAÚDE t

    Francine [email protected]

    Dificilmente uma criança vai passar a in-fâncialivre dedores degarganta e deou-vido, crises alérgicas, refluxo e outrasdoenças comuns da idade, como conjuntivi-te,estomatite, roséola. Masexisteum proble-ma muito maior hoje. Nos últimos anos, ca-da vez mais crianças e adolescentes enfren-tam doenças típicas da fase adulta, como co-lesterol alto, hipertensão, ansiedade, diabe-tes e até depressão.

    Não há números que comprovem quan-tascrianças sãoafetadaspor doençasde adul-tos no Brasil, mas as instituições médicasconstatam diariamenteum aumentona inci-dência destas doenças diagnosticadas já nainfância.O estilodevida compoucasativida-des físicas, brincadeiras e elevado consumode ‘fast food’ fez com que a obesidade e ou-tros males atingissem números altíssimosjunto ao público infantil.

    A vida corrida dos pais, as refeições compoucosnutrientes, excessodegordurase açúcar e sedentarismo também trouxeram várias consequências ruins para a saúde dascrianças.“O estilo de vida moderno faz com que aspessoas prefiram refeições fast food, que são

    pobresemnutrientes , lembraIsabellaDe La-libera, pediatra geral e especialista em pneu-mologia pediátrica. Geralmente, as refeiçõesnão são feitas em família, com todossentadosà mesa, mas em frente à TV ou tablet.

    O estresse na escola, atividades extracur-riculares, noites mal dormidas e horas de je-jum podem causar danos como dores de ca-beça nascrianças.Como acúmulo de ativida-des, algumascomeçama apresentar sinais deestresse, e o maior problema, segundo a Aca-demia Americana de Pediatria, é que os da-nos persistem na adolescência e na idadeadulta, causando doenças cardíacas, diabe-tes, depressão e uso de drogas.

    As crianças têm risco de desenvolverdoença renal, por exemplo, que é silenciosae assintomática. Tanto nos casos de crian-ças sem histórico como naquelas com fato-res de risco, o importante é garantir hábitossaudáveis para que eles se tornem adultoscom mais qualidade de vida.

    Neste caso, os pais devem ficar atentos auma lista de prioridades, como alimentaçãoequilibrada, evitar o excesso de sal, praticaratividades físicas com controle de peso,bem como controle da pressão arterial, se-gundo Leda Lotaif, nefrologista do HCor(Hospital do Coração).

    Uma avaliação decomo foio início davi-

    da da criança também pode explicar os altosíndices de obesidade e hipertensão na infância. Isabella DeLalibera afirma quea princi-pal proteção é o leite materno sob livre de-manda,ou seja, o bebê mama quando e quan-to precisa.

    A pediatra afirma que, na fase de introdu-ção de alimentos complementares, por voltados 6 meses de vida, a fome e saciedade de-vem ser respeitadas. “Nesta idade, o bebê jánão tem mais o mesmo apetite de quandoera menor, se interessa mais pelo meio que ocerca, aprende a negar e não precisa ganhartantopeso.É comumque ospais e familiarespassem a usar todo tipo de artifício para queo bebê se alimente cada vez mais, por exem-plo, substituindo uma refeição saudável poroutros alimentos prontos e de fácil ingestão,quesão ricosemcarboidratos, sódioe coran-tes, o que é um erro , exemplifica.

    A ansiedade e a depressão são reflexos deuma sociedade cada vez mais competitiva,na qual o indivíduo tem de ser sempre o me-lhorem todos osaspectos. Não existe uma re-ceita para manter as doenças comuns dosadultos longe dascrianças.No entanto,háca-minhos muito simples. Isabella De Laliberaexplica que a criança precisa ter tempo parabrincar, dormir bem e ter uma alimentaçãosaudável, em horários regulares.

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    Estresse crônico e ansiedade patológicaCriançase adolescentespodemapre-

    sentar sintomas severos de estressecrônico e ansiedade patológica desdeidade muito precoce. Tanto a predispo-sição genética (fator biológico) quantoas experiências traumáticas da infância(fatores psicossociais) podem tornar ascrianças mais vulneráveis à ocorrênciados transtornos mentais e do comporta-mento. E cada vez mais crianças são le-vadas aos consultórios dos pediatraspor queixas relacionadas ao estressecrônico.

    São crianças com sobrecarga de ati-vidades curriculares e extracurricula-res, pressão excessiva por resultados,

    bullying, falta de tempo com qualidade

    com os pais, excesso de horas em ta-blets e smartphones, entre outros. Sãocrianças que estão refletindo a correriados pais e o clima de instabilidade nocenário político, econômico e social.“Quando os pais perdem o emprego oudiscutem por problemas financeiros, ascrianças podem sofrer caladas e semconseguir digerir de forma adequada asituação presente, muitos até se sentemresponsáveis pelo aumento de brigasno lar , explica o psicoterapeuta e coa-ch Armando Ribeiro.A psicoterapia é um dos melhorescaminhos para ajudar as crianças que

    apresentam sintomas do estresse crôni

    co ou da ansiedade patológica e deveriasera primeiraescolha antes dosmedica-mentos, segundo Ribeiro. “Existemprogramas especializados no desenvol-vimento de competências socioafetivase da resiliência para crianças a partirdos 4 anos de idade.

    Segundo o especialista, a terapia in-fantil é diferente da terapia aplicada aoadulto. “Ela pode consistir em um con-junto de procedimentos terapêuticosque envolvem atividades psicoeduca-cionais, terapias expressivas e até técnicas de atenção plena, como por exem-plo a consciência da respiração.” (FM)

    VACINAS EMOCIONAIS

    t As vacinas emocionaisque protegerão contra oestresse excessivo e aansiedade patológicadevem começar no seiofamiliar. É preciso que ospais construam umarotina em que haja tempode qualidade parainteragirem com seusfilhos. A obsessão dealguns pais pelo futurosucesso dos filhos podecolocar em risco suasaúde física e emocionalno presente. Os paisprecisam cultivar umambiente familiaramoroso. Pais que sequeixam da falta detempo com os filhos nopresente podem ter dearrumar tempo numfuturo próximo para lidarcom outros problemas

    t A escola tambémtem papel fundamentalna educação dascompetências cognitivas(matemática e português),mas principalmenteno desenvolvimentodas competênciassocioemocionais (ética,empatia, compaixão,trabalho em equipe,resolução deproblemas, resiliência eassertividade). As escolas

    não podem mais virar ascostas para a necessidadede uma educação integral,que será a melhor vacinapara uma sociedade cadavez mais doente e comuma epidemia deestressores crônicosao longo da vida

    Fonte: Armando Ribeiro,psicoterapeuta e coach

    S t o c k I m a g e s / D i v ul g a ç ã o

    É importante que os paisconsigam construir uma rotinaem que se estabeleça umtempo de qualidade para ainteração com os filhos: efeitoemocional se reflete no físico

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