Pragmática
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LETRAS|9
PRAGMTICA DA LNGUA PORTUGUESA
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LETRAS|10
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LETRAS|11
PRAGMTICA DA LNGUA PORTUGUESA
LUCIENNE C. ESPNDOLA
INTRODUO
Este captulo objetiva situar a disciplina Pragmtica nos estudos da linguagem e introduzir aimportnciadousurio(interlocutor)edocontextonasprticasdeleituraedeproduodetexto.
Isso equivale a ir alm do significado das palavras e da estrutura sinttica e do valor deverdade das sentenas para incluir os elementos contextuais que fazem com que osignificado,emumaacepopragmtica,dcontademaisdoqueexplicitamenteditonainterao lingsticae tornepossvelaanlisedosatos realizadospormeioda linguagem.(MARCONDES,2005,p.27)
Para alguns filsofos o contexto e o usurio passaram a ser componentes imprescindveis para aconstruodosentido.Assim,despontaaPragmticanoseiodaFilosofiaealgunsfilsofos,eposteriormente,linguistas,passaramainvestigarcomoalinguagempodedizermaisdoquedizatravsdaestruturalingusticodiscursiva, negando (opondose) concepo de linguagem que postulava ser a linguagem espelho dopensamento. As teorias que sero abordadas aqui, desenvolvidas inicialmente no seio da Pragmtica,consideram,dealgumamaneira,ousurioeocontextonasinteraesverbais.
Dascal(1982)propeduasorigensparaaPragmtica,sendoqueaprincipaldiferenaentreasduasa concepo de Pragmtica: subordinada Lingustica e, consequentemente, Semitica como umadisciplinaresponsvelpeloterceironveldeanlise lingustica;ouoriundadosescritosdeSaussure (1916)comoumacinciaautnoma.
A concepo moderna de uma disciplina com o nome de pragmtica est intimamenteligada idia de uma outra disciplina, com o nome de semitica ou semiologia, quesurgiuporvoltado inciodestesculo.Asemiticaousemiologia tem,comosesabe,umaduplaorigem:osescritosdeCharlesSandersPeirceedeFerdinanddeSaussure.Deummodogeral,elapodesercaracterizada,segundoambos,comoateoriageraldossinais.Aelaficamassimnaturalmentesubordinadastodasasdisciplinasqueseocupamdeumtipoparticulardesinais,comoocasodalingstica.aessaduplaorigemdasemiticaeinflunciadesigualdeseusfundadoressobreodesenvolvimentodalingsticacontemporneaque[...]remonta,
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LETRAS|12
pelo menos em parte, o problema da incluso de um componente pragmtico na teorialingstica.(p.8)
APragmtica,originriadosestudosdePeircenofinaldosculoXIX,concebidacomoumnvelde
anlisedalingusticaetemcomoobjeto[...]ofuncionamentodealgocomosignoenvolveosigno,aquiloqueosignorepresentaeaqueleparaquemosignorepresentaalgo.(p.16)DeacordocomGuimares(1983),osestudospautadosnessafonteapontamtrsdireesparaaPragmtica.
Umaqueconsideraousuriosomenteparadeterminararelaodalinguagemcomomundo(referncia),outraqueconsideraousurioenquantotalnasuarelaocomalinguagem.[...]eumaterceiraqueseconfiguraapartirdalinguagemordinria.(ibid.,p.1617)
Aprimeiravertente,tambmdenominadadepragmticaindicial,
[...]subordinaousurioaoproblemadareferncia.[...]EssetipodePragmticaseriadotipoque teriacomo fonteosigno indicialdePierceeumcompromissocomasemntica lgica,ocupandose, como esta, do problema da referncia de proposies, ou seja, do valor deverdadedeproposies.(ibidem.,p.17)
Filiados a essa vertente encontramos os filsofosBarHillel (1954), Stalnaker (1972) e os linguistas
Jakobson(1963)eBenveniste(1966).Salientesequeessavertente,tradicionalmenteconhecidacomosendoobjetodaSemntica,portercomoobjetodepesquisaareferncia,noserabordadanesteespao1.
A segunda vertente est centrada no intrprete (usurio da linguagem) e o uso que este faz dalinguagem.Ouseja,essaPragmticafocalizaanecessidadedeseconsiderarousuriodosignoformuladoporPeirce(p.19);ouseja,comointrprete.Morris(1976)representaessavertente.
AterceiravertentedaPragmticaoriundadePeirceaqueconcebeousuriocomo interlocutor.Enessavertente,Guimaresinclui:aPragmticaConversacionalGrice(1982[1967]);APragmticaIlocucionalAustin (1990 [1962]) e Searle (1981 [1969], 2002 [1979]) e a Semntica da Enunciao Ducrot (1972,1987,1988)eVogt(1980).
AsegundaorigemdaPragmtica,propostaporDascal(1982),soosescritosdeFerdinanddeSaussure(1916),que,aoestabelecercomoobjetodaLingusticaa langue, deixouaparoleparaoutrascincias,entre1Essasquestes foramabordadasnadisciplinade Semntica. Alguns conceitos,porm, sero retomadosnomomentoem foremrequeridos.
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elas a Pragperspectiva
Lingustica.
Indenovoolharcontexto iobjetodein
Nes
algumas daIlocucionalGrice(1982tericaspod
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O:APragmeoudeSaudaLingustiestudo).A
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e investigade cincia,
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e ver todasra vertente(1981 [1969aoDucroturaeprodu
dagem, a p
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elomenos,imeiracolocraisso,aLioncebeaPra
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LETRAS|1
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13
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LETRAS|14
Estecaptuloconstituisedeumaintroduoequatrounidades:
1.AtosdeFala(AustineSearle)
2.Implcitoslingusticosepragmticos:implicaturasconversacionais(Grice)
3.Implcitoslingusticosepragmticos:AtosdelinguagemIndiretos(Austin/Searle)
4.Implcitoslingusticosepragmticos:Pressupostosesubentendidos(Ducrot)
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Ateinteressars
Aus
reflexesqesse filsofamericanas
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LEITURA
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APragmticap.1629.
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LETRAS|1
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LETRAS|16
A primeira conferncia iniciase com Austin declarando que, por um tempo maior do que onecessrio, os gramticos, atravs de critrios gramaticais, classificaram uma sentena como declarativa,interrogativa,negativa,queexpressadesejo,ordemouconcesso,enquantoqueosfilsofosacreditavamterasentenaafunodedescreveroudeclararumfato.
Recentemente, porm, muitas das sentenas que antigamente teriam sido aceitasindiscutivelmente como declaraes, tanto por filsofos quanto por gramticos, foramexaminadascomumnovorigor.Esteexamesurgiuaomenosemfilosofia,deformaumtantoindireta. De incio, apareceu, nem sempre formulada sem deplorvel dogmatismo, aconceposegundoaqual todadeclarao (factual)deveriaserverificvel,oque levouconcepo de quemuitas declaraes so apenas o que se poderia chamar de pseudodeclaraes.(AUSTIN,1990,p.22)
Nesse contexto, um grande nmero de sentenas seria considerado sem significado (vazias designificado) se submetidas ao critrio de verdade ou falsidade. A partir dessa constatao, Austin (1962)prope sua teoriadosatosde falaemquedizernem sempre somente descrevere/oudeclarar sobreomundo.Dizer,emmuitassituaes, fazer;realizarumaaoaomesmotempoemquesedizessaao.Nessa perspectiva, uma grande parte dos enunciados no passveis de serem submetidos s condies deverdade (valordeverdade) teriamseusignificadoexplicadoatravsdocontextoemquedesempenhamumdeterminadoato.
Eu aposto 10 reais com voc que o Corinthians vai ser campeo.
Eu batizo este carro de Julio.
Eu declaro guerra ao cigarro.
Confiro-lhe o ttulo de bacharel em Direito.
Eu o condeno a 1 ano de trabalhos comunitrios.
Dou minha palavra como Joo chegar na hora estipulada.2
Austin,ento,passaainvestigarosenunciadosque,paraele,noresistiamscondiesdeverdade,
enquanto atos de fala. E concebendo a linguagem como forma de ao que, inicialmente, esse filsofoseparaosenunciadosdeumalnguaemdoisgrandesgrupos:
2ExemplosadaptadosdeLevinson(2007.p.290).
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e ser executado
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LETRAS|1
undo,falamd
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17
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as ao procedime
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LETRAS|18
(.1) Nos casos em que, com freqncia, o procedimento visa s pessoas com seus pensamentos e sentimentos, ou visa instaurao de uma conduta correspondente por parte de alguns dos participantes,
ento aquele que participa do procedimento, e o invoca deve de fato ter tais pensamentos ou sentimentos,
e os participantes devem ter a inteno de se conduzirem de maneira adequada, e, alm disso,
(.2) devem realmente conduzir-se dessa maneira subseqentemente. (AUSTIN, 1990, p. 131)
Austinpreviuquenemtodososatosdefalacumpremrigorosamentetodasascondiesdefelicidade
(A,Bou )equeonocumprimentodealgumasdessascondiesnoconstituiviolaesdemesmonvel.ParaeleaviolaodeumadascondiesdogrupoAeBgerainfelicidadesdotipofalhasaaopretendidapelaenunciaoperformativanoserealizadeformaeficaz;edenominaabusosasinfelicidadesgeradaspelasviolaesdascondiesdogrupo.
Consideremosanotciaabaixo.
Igreja probe padre casado de celebrar casamentos em Goinia (GO)
Extrado de: Folha Online - 10 de Novembro de 2008
A Igreja Catlica em Goinia (GO) e em outras 26 cidades divulgou, na missa do ltimo domingo, uma
carta da arquidiocese dizendo que Osiel Santos, 62, est demitido da funo de padre desde maio e no
pode mais celebrar casamentos. Ele abandonou a batina h 20 anos para se casar, mas continuou exercendo
o sacerdcio.
O Tribunal Eclesistico da Arquidiocese de Goinia decidiu nesta segunda-feira tambm invalidar os cerca
de 400 matrimnios celebrados por Santos depois de casado, que eram feitos em casas e clubes.
Os batizados, no entanto, ainda valem --apesar de terem sido feitos por quem comportou em "persistente
escndalo" e "gravssima ofensa a Deus", segundo a carta assinada pelo arcebispo dom Washington Cruz,
que ainda ser lida nas missas por duas semanas.
Em nota, a arquidiocese disse que nenhum outro sacramento recebido por meio de Santos ter validade e "o
fiel que o procurar com esse propsito torna-se cmplice de seu ato irregular diante da igreja".
Disponvel em:< http://www.jusbrasil.com.br/noticias/167660/igreja-proibe-padre-casado-de-celebrar-casamentos-em-goiania-go>. Acesso em: 01 jul. 2009.
(Texto adaptado)
Essa notcia publica um ritual social o casamento religioso que se realiza atravs de um atoperformativo em que o padre (na Igreja Catlica) deveria estar investido da autoridade necessria paraproferiroenunciadoEuvosdeclarocasados.Esseenunciadomaisqueumdizer,umfazer,tornarasduaspessoasquealiesto,peranteaigreja,casados.Noentanto,deacordocomanotcia,emtodososatos
-
(casamento
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ssecontextoapretendeade(A2),abrracterizaocaofo.
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mdascondiperformativcativas,depr
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1) foi satisfacramentosfompleta(B1erealizadospndicaqueas
,deacordocdotar:anulareespaopaasamentore
notcia,podees dos constaumritualpvotodecastFala,scondoladas.
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comAustin(aroscasamearaasanulaeligiosoque
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RESUMO:Auquepostu
eclararsobrumaaoaropedoisaomundo,fujarealizaoatodescri
dosatos
uveviolaogiososques
no h qualqados,muitomnosetemopadreters(1e2)tam
(1990[1962]entosrealizades.Comesenocumpr
m identifica.1) e (.2).Ooaordenaituiaquebraantesde(.2
ostas,Austinssoresumidentesimples.
ustin(1990ulaquedizereomundoaomesmotatosdefalafalamdealgoresultaetopeloenusperformat
c
dacondiooprerrogat
quer questiomenosque
mnotciadeecomportadbmforams
]),constatasdospelorefessasobservariutodasasc
raviolaoO padre quaaoemqadapromess2),sendoqu
elencoualgudasporLevin..
[1962])proernemsemo.Dizer,emtempoemqa:osconstagoatravsdemumfazeunciado.Partivos seuocondiesd
o(A.2),umativasdossac
onamento qossacramenalgumquedo inadequasatisfeitas.
seumafalhaeridopadre.aes,verificcondiesde
caracterizad
ando foi ordque fazvotosaobservadauesepode in
umascaractenson(2007,
opesuateompresomemuitassituquesedizetativos,quedeafirmaer;dizersimraverificaroobjetivopriefelicidade
LETRAS|1
avezqueopcerdotes.
quanto aosntosnoforparticipouoadamenteap
a,corroboraEssafalha,e
camosumatefelicidade
dacomoabudenado pelasdeobediapsato,qunferirqueas
ersticaslingp.294):[...
oriadosatoentedescreuaes,fazssaao.Ineservempaes;eospermultaneamosucessonmeiro proe.
19
padrenom
locais onderamexecutadousesubmepsarealiza
dapelaposiemdecorrntoperformatpropostasp
uso:no forIgreja Catncia,pobrezuecorresponsconstantes
gusticaspara]sosenten
osdefalaemevere/ouzer;realiznicialmente,aradescrevrformativos
menterealizanarealizaoopsseis
mais
osdosteuo
onciativopelo
ramlicazaende,sde
aosnas
mar,ers
aro
-
LETRAS|20
Considerandoessascaractersticas,oenunciadoabaixo,originalmenteclassificadocomoperformativo,aoserreescritocompropriedades(gramaticais)lingusticasnoprevistasparaosperformativos,deixadeserum enunciado performativo; e os enunciados resultantes dessa reescritura so considerados comopertencendoaogrupodosconstatativos.
EU DECLARO GUERRA AO CIGARRO. Eu declarei guerra ao cigarro.
Guerra ao cigarro foi declarada por mim.
Ele declara guerra ao cigarro.
AreescrituradoenunciadoEudeclaroguerraaocigarro.,commudanadevozverbal,detempoedepessoa,mostraqueoscritriosfuncionamcomesseenunciado,salientese,emumcontextoemqueoverbodeclararestejasendoutilizadopararealizaraaoqueaenunciaoveicula.Ouseja,esseenunciadoserperformativo, se, em uma assembleia de condomnio, o sndico, aps consultar os condminos e ter aaprovaodosmesmos,paraproibirquesefumenasdependnciascomunsdocondomnioqueadministra,disser:Declaroguerraaocigarro..
No entanto, em um contexto em que a enunciao de Eu declaro guerra ao cigarro. no estejarealizandooatodefalaperformativo,massomenteorelatodeumaaohabitual, esseenunciado,mesmoapresentandoascaractersticaspropostasporAustin,nopodeserconsideradoperformativo.
Pensemosessecontexto:oproprietriodeumbar,aoserperguntadocomotemsidoaposiodoseuestabelecimentocomrelaoaocigarro,respondecomoenunciado:
Eu declaro guerra ao cigarro.
Nessecontexto,odonodoestabelecimentonoest,aomesmo tempo,enunciandoe realizandoaaodedeclararguerra.Constatamossomenteadeclaraodecomotemsidosuaatitudefrenteaocigarro.
Esseexemplo revelaqueessas caractersticaselencadasporAustinmostraramse insuficientesparacaracterizarumenunciadoperformativo,poishmuitosoutrosenunciadoscomessascaractersticasquenorealizamumaaoaoseremproferidos;constituemsimplesmentedeclaraes,relatosetc.
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LETRAS|21
Eu compro po na padaria do seu Joo.
Com essa constatao, ficou evidente que outros critrios mais seguros so necessrios paracaracterizarumenunciadoperformativoque segueopadro formalpropostopela teoria.Austinconstatoutambm que h outras formas de enunciados performativos que no seguem os padres descritos acima:Culpado, Inocente, porm permitem que sejam recuperadas as formas lingusticas equivalentes:Eu odeclaroculpado,Euodeclaroinocente.respectivamente.
Emboraascaractersticasgramaticaistenhamsemostradopoucoeficientesparadizer,comcerteza,seumenunciadoperformativoouno,deacordocomAustin,nodevemserabandonadasparaidentificarosperformativos explcitos, mas associadas ao critrio lexical (alguns verbos apresentam a propriedade derealizaremaesaoseremenunciados).
Nessadireo,outrocritriofoiapresentado,paradistinguirosenunciados,nopresentedoindicativo(emprimeirapessoa),querealizamperformativosdosqueservemaoutrasfunes:ousodasexpressespormeiode/pormeiodapresente,paraisolarosverbosperformativos.
Utilizandoseumadessasexpresses,para testarosenunciadosEudeclaroguerraao cigarro.eEucomproponapadariadoseuJoo.,teremososeguinteresultado:
Eu, por meio da presente, declaro guerra ao cigarro.
Eu, por meio da presente, compro po na padaria do seu Joo.
A expresso por meio da presente, nessas duas situaes, foi produtiva para revelar que o verbo
declarar,nocontextodeassembleiadeumcondomnio,performativoenquantoqueoverbocomprarno.Noentanto,um recursoqueno serprodutivoemoutras situaesemque se constataumatoperformativonorealizadopelasformascannicas.
Essaconstatao levouAustin(1990[1962])aproporenunciadosperformativosexplcitosaquelesque se comportam conforme os critrios j estabelecidos anteriormente (sentenas ativas, indicativas, deprimeirapessoa,nopresentesimples),
Eu os declaro marido e mulher!
eosenunciadosperformativosimplcitos(ouprimrios)aquelesrealizadosporoutrasformaslingusticasquenoseguemasnormasdosexplcitos.
Amanh estarei no lugar combinado. (ato de promessa)
SegundoLevinson(2007),
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LETRAS|22
Dessa maneira, o que Austin sugere que, na realidade, as performativas explcitas soapenas maneiras relativamente especializadas de algum ser inequvoco e especfico arespeitodoatoqueestexecutandoaofalar.(p.296)
Osenunciadosperformativosimplcitos,porsuavez,poderoserrealizadosatravsdevriosrecursos
lingusticodiscursivos ou suprassegmentais: atravs domodo imperativo do verbo (Devolva o dinheiro! aoinvsdeEuordenoquedevolvaodinheiro.);advrbios (Vocviajaramanhsem falta!)emquea locuoadverbialsemfaltaaumentaaforadoqueforaenunciado;usodecertaspartculasconectivasgera,deformasutil,oefeitodeumperformativo(portantocomaforadeconcluoque,contudocomaforade insistoqueetc.);recursossuprassegmentais(tomdevoz,nfaseemdeterminadosegmentodoenunciadoetc.);recursosnoverbais(gestos,sinaisetc.)eascircunstnciasdosproferimentos.
As formas primitivas ou primrias dos proferimentos conservam [...] a ambigidade, ouequvoco,ouocartervagoda linguagemprimitiva.Tais formasno tornamexplcitaaforaexatadoproferimento[...]Masdecertomodo,taisrecursossoexcessivamentericosemsignificado.Prestamseaequvocosedistineserrnease,almdomais,soutilizadostambmparaoutrospropsitos,como,porexemplo,a insinuao.Operformativoexplcitoexcluiosequvocosemantmarealizaorelativamenteestvel.(AUSTIN,1990,p.69e72)
Aconstataodequeasenunciaespodem serperformativas semestaremna formanormaldasperformativas explcitas (LEVINSON, 2007, p. 296) gerou dois desdobramentos: o abandono da dicotomiaentreperformativose constatativoseaadoodeuma teoria completadosatos fala;eadmissodeduascategoriasdeatosdefala:oreconhecimentodosatosdefaladiretosedosindiretos,classificaoquevaiserabordada(revista)porSearle(1981[1969],2002[1979]).
Nessa nova direo de investigao, Austin (1970 apud LEVINSON, 2007, p. 297298) assim seposiciona:
Alm da questo, que foi muito estudada no passado e que diz respeito ao que certaenunciao significa, h uma outra questo que diz respeito a qual era a fora, como achamamos,daenunciao.Podemos terabsoluta clarezadoque significaa frase Fecheaporta e ainda assim no ter clareza sobre a questo adicional de determinar se, quandoenunciadaemdeterminadaocasio,foiumaordem,umapeloousabeseloqu.
Searle(2002[1979])assimseposicionasobreessanovadireodadaTeoriadosAtosdeFala:
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LETRAS|23
A distino original entre constativos e performativos pretendia ser uma distino entreemissesqueconsistememdizer (constativos,enunciados,assertivos,etc.)eemissesqueconsistem em fazer (promessas, apostas, advertncias,etc.). [...]Oprincipal temadaobramaduradeAustin,How toDoThingswithwords,a falnciadessadistino.Assimcomodizercertascoisascasarse(umperformativo)edizercertascoisasfazerumapromessa(outro performativo), dizer certas coisas fazer um enunciado (supostamente umconstativo). [...] Qualquer emisso consistir na realizao de um ou mais atosilocucionrios.(p.27)
E,para explicar como fazemos coisas ao enunciar sentenas,Austin (1990 [1962])prope a TeoriaGeraldosAtosdeFala,cujoobjetivodemonstrarquequandoenunciamos,simultaneamente,realizamostrsatos:
1) Atolocucionriooatodedizeralgo;ousodeumasentenaemdeterminadaocasio.
2) Ato ilocucionriooatoaodizeralgo,ou seja,aoproferiruma sentena (ato locucionrio),realizamosatoscomoinformar,avisar,prevenir,acusar,prometer,descreveretc.
3) Atoperlocucionriooatodeproduzirefeitosouconsequnciasnoouvinte/leitor;emoutraspalavras, o efeito que produzimos no leitor/ ouvinte ao realizar um ato ilocucionrio; hsituaes em que se pretende estar realizando um ato do tipo prevenir e podese confundir ooutro ao invs de previnilo. Ao realizarmos um ato locucionrio do tipo ordenar, informar,prometer,declarar,encerrar,podeseproduzirnoleitoratos(perlocucionrios)dotipoconvencer,intimidar,persuadir,surpreender,confundiretc.
Porexemplo,asentenaabaixo,mesmonosendodogrupodasexplicitamenteperformativas (pornoapresentarascaractersticasdessaclasse),
Amanh ser o dia grande dia!
ao ser enunciada, seja em que contexto for, na modalidade falada4 ou na escrita, caracterizar um atolocucionrio,ou seja o atodedizer a sentena,de enuncila. Esse atopoder realizar,dependendodaintenodolocutoredocontexto,umatoilocucionriodeadvertir,comunicar,intimidaretc.algum.Porm,ointerlocutorpoder,comoefeitoperlocucionrio,sentirseintimidado,desafiado,amedrontado,irritadoetc. O interesse de Austin era explicitamente os atos ilocucionrios, mais especificamente os verbosperformativos, no entanto, com a constatao de que todos os enunciados so utilizados com uma
4ATeoriadosAtosdeFala,comooprprionomediz,originalmentefoicriadaemfunodamodalidadefalada;hojesuaaplicaofoiampliadaparaaescrita.
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LETRAS|24
determinada fora ilocucionria, a distino entre atos performativos e constatativos foi revista, mas ointeresse pelos performativos explcitos foi mantido, inclusive com uma proposta de classificao para osverbosilocucionrios(performativos).
Searle(2002[1979])revessaclassificao,adotando,comocritriobaseparaasuaclassificaodosusosdalinguagem,opropsitoilocucionrio5,comoelemesmojustifica:
Seadotamosopropsito ilocucionriocomoanoobsicaparaaclassificaodosusosdalinguagem, h ento um nmero bem limitado de coisas bsicas que fazemos com alinguagem: dizemos s pessoas como as coisas so, tentamos levlas a fazer coisas,comprometemonosafazercoisas,expressamosnossossentimentoseatitudes,eproduzimosmudanaspormeiodenossasemisses.(p.46)
Searle(2002[1979])apresentasuaclassificaodosatosilocucionrios,sendoqueosprimeirosquatroatos(assertivos,diretivos,compromissivoseexpressivos)foramassimclassificadoscombaseemalgum(uns)doscritrios:opropsito ilocucionrio,adireodoajuste(palavramundooumundopalavra)ascondiesde sinceridade expressas; por outro lado, as declaraes no foram definidas utilizando nenhum dessescritrios, mas, segundo Searle (2002 [1979], p.25), por considerar que em que o estado de coisasrepresentadonaproposioexpressarealizadooufeitoexistirpelodispositivodaforailocucionria..
1) Assertivos O propsito dos membros da classe assertiva o de comprometer o falante (emdiferentes graus) como fatode algo sero caso, com a verdadedaproposio expressa. Todososmembros da classe assertiva so avaliveis na dimenso de avaliao que inclui o verdadeiro e ofalso.(p.19)concluir,deduzir,gabarse,reclamar,constataretc.
Situao1:emumcontextodesaladeaula,oprofessor,aoanalisarasatividadesdesenvolvidasporumalunoduranteoano,assevera:
A partir de anlise minuciosa do desempenho de x, concluo que x no tem condies de ser aprovado.
2) DiretivosSeupropsitoilocucionrioconsistenofatodequesotentativas(emgrausvariveis[...])dofalantelevaroouvinteafazeralgo.Podemsertentativasmuitotmidas,comoquandooconvido
5 De acordo com Marcondes (2005, p. 59), A classificao das foras ilocucionrias e os critrios para isso so retomados eaprofundados em A taxonomy of illocutionary forces (in Expression and Meaning, Cambridge University Press, 1979) eposteriormenteossetecomponentesdasforasilocucionriassoapresentadosemJohnSearleeDanielVanderveken,FoudationsofIllocucionaryLogic(CambridgeUniversityPress,1985)..
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LETRAS|25
afazeralgoousugiroquefaaalgo,oupodemsertentativasmuitoveementes,comoquandoinsistoemquefaaalgo.(p.21)pedir,convidar,mandar,suplicar,rogar.
Situao2:emumapartidadefutebol,umjogadorcometeumafaltacujapunioaexpulso,entoo rbitro naturalmente ergue o carto vermelho, ao que pode vir acompanhada de um dosenunciadosabaixo:
Convido-o a sair do campo!
Saia do campo!
3) CompromissivosOscompromissivosso[...]osatosilocucionrioscujopropsitocomprometerofalante(tambmnestecaso,emgrausvariveis)comalguma linhafuturadeao.(p.22)prometer,jurar.Situao3:emumcerimniadecolaodegraudecursosdegraduao,umdosformandosfazojuramentorelativoprofissoescolhida:
Juro acreditar no direito como a melhor forma para a convivncia humana. Juro fazer da justia uma consequncia normal e ... (juramento do curso de Direito)
4) Expressivos O propsito ilocucionrio dessa classe o de expressar um estado psicolgico,especificadonacondiodesinceridade,arespeitodeumestadodecoisas,especificadonocontedoproposicional.(p.23)agradecer,congratular,darpsames,darboasvindas.
Situao4:navoltaparacasadeumaviagemlonga,Joanarecebidanoaeroportocomumafaixaquedizia:
Boas-vindas, Joana!
Joo,filhodeJoana,nopdeirrecepoporestardeplanto,entoenviouumamensagemparaocelulardame:
-
5) Dec
me
suc
em
Situ
LETRAS|26
claraesmbrosproduedidagarantrealizaroat
uao5:emu
6
Me, desculp
Acaractersuzacorrespteacorrespotodedesign
umaempres
Voc est dem
pe a minha aus
ticadefinidopondnciaenondnciaenlopresiden
sa,apsdese
mitido!
RESUMO
caracterstumasenteisso,fico
caracterizapela
enunciaeEssasconsentreper
atosfala;eatosdefala
ncia, a vejo mai
oradessaclantreocontentreocontente,entovo
entendiment
O:Comoavanticasparaosaenacomascuevidentequarumenunciateoria.Austinesperformativstataesgeraformativosecadmissodeadiretosedo
por
is tarde!
ssequeardoproposidoproposicocopresi
toentrechef
noemsuaspatosperformacaractersticasueoutroscritadoperformatn(1990[1962]vasquenosaramdoisdesconstatativosduascategor
osindiretos,clSearle(1981
realizaobecionalearecionaleomudente;(p.26
feefuncion
pesquisas,prinativos,Austinspropostasriosmaissegtivoquesegu])constatouteguemopadsdobramentoseaadoodiasdeatosdelassificaoqu[1969],2002
emsucedidaealidade,arundo:sesou6).
rio,aquele
ncipalmenteaconstataque,umatoperfogurossoneceeopadrofoambmquehroformalpros:oabandonoeumateoriaefala:oreconuevaiserabo[1979]).
adeumdesrealizaobeubemsuced
assevera:
aoinvestigar,nemsemprermativo.Comessriosparaormalpropostohoutrasopostoporeleodadicotomiacompletadosnhecimentodoordada(revista
eusemdido
e,moe.asosa)
-
IMPLC
Freq
sobreoquporquehfazermosou
Para
ouemnvecoloca emsignificao
Pau
sentido liteparaqueoqueaintera
Para
inicialmente
quandoess6[...]linfrencpragmatiques,
CITOS
quentement
e est sendsituaesemutrasleituras
achegarmoslcontextualrelao en
o6.(SEARLE,
ulGrice (198eralveicula,falantedigaaoveicula.
a construire,estabelecesprincpioscesedfinitco,afindeconstr
LINGUCO
te,ao interao comunicamqueo conssemqueum
saumadas(enunciao
unciados datraduono
82 [1967]), inlevantaahimaisdoqu.
a sua teoe (prope)ossoviolado
ommeuneoprruireunesignifi
LEITURA
GRICE,Hmetodol
http://ww_Lgica_e_
LEVINSOPaulo,M
UN
STICOONVERS
agirmosem sdo almdontextonospmasemostr
possveis leo).Otermoiados, contexossa)
ntrigado comptesequeeestditol
oria das imosprincpiosos,easconserationlogiquedcation.(SEARLE
AS:
erbertPaul.Lgicosdalingww.4shared._Conversao.h
N,StephenCaryinsFontes
NIDAD
S E PRASACION
situaesasque est lit
permiteumaepredomina
eituras,recornfernciasextuais, conv
mapossibilidirecionaaiteralmente
mplicaturassque regemequnciasdademiseemrelaE,apudBLANCH
Lgicaeconvgstica v.Icom/file/133html.
C.(2007)Prags,p.121152
DE II
AGMTNAIS (G
smaisdiversteralmenteda s leitura,ante.
rremosa inferentendidvencionais e
idadedeumsuapesquiseparaque
conversacio
m (ouquedeanoobediationdedonnHET,1995,p.95
versao.In:IV:Pragmtic3960193/9db
gmtica.(trad.
TICOS: RICE)
sas, ficamosdito (linguistmasoutras
fernciasemoaquicome pragmtico
menunciadosae teoriapoouvinteca
onais, inferevem reger)ncia,(in)voluesnonces,c5)
DASCAL,M(1ca.Campinasbf8d81/H_P_G
.LusCarlosB
LETRAS|2
IMPLICA
commuitasticamente as vezeso co
mnvel lingumoumaoperaos, visando
o comunicarproposta:deapteainform
ncias contumaconveruntria,aescontextuelles,c
1982).Funda.DisponveleGrice_
Borges,Aniba
27
ATURAS
s interrogatualizado). Intextoperm
sticodiscursaolgicaqconstruir u
maisdoquevehaver remaoadicio
extuais, Grrsao,comsasregras.conventionnelle
amentosem:
alMari).Sso
S
essso
mite
sivoqueuma
eoegraonal
ice,oe
eset
o
-
LETRAS|28
A teoriapropostaporGrice (1982 [1967]),no artigo Logic andConversation,nousou apalavraimplcito,noentanto,hoje,podesedizerqueGrice,comadescriodasregrasqueregem(oudevemreger)umaconversaoeasconsequnciasdonocumprimentodessasregras,ofereceunosumaperspectivaparaolhar (investigar/compreender/descrever) os implcitos lingusticos e os pragmticos: implicaturasconvencionaisenoconvencionais.
Para estabelecer (descrever) as regras que regem o dilogo, Grice parte da hiptese de que osparticipantes de uma interao fazem esforos cooperativos; se no inicialmente, mas no decorrer dainteraoessesesforos soverificados,casocontrrionohcomunicao. Essahiptesedeuorigemaoprincpiogeraldaconversao:oPRINCPIODACOOPERAO.
Almdesseprincpio,Grice(1982,p.8688)postulaquatrocategorias,commximasesubmximas,asquaisdevemsercumpridasparaqueumainterao(conversao)sejabemsucedida.
I) Categoriadaquantidadeestrelacionadacomaquantidadedeinformaoaserfornecidaeaela
correspondemasseguintesmximas:1. Faacomquesuacontribuiosejato informativaquantorequerido(paraopropsitocorrente
daconversao).2. Nofaasuacontribuiomaisinformativadoquerequerido.
II) Categoriadaqualidadeencontramosasupermxima:Tratedefazersuacontribuioquesejaverdadeira.,comduasmximas:
1. Nodigaoquevocacreditaserfalso.2. Nodigasenoaquiloparaquevocpossafornecerevidnciaadequada.
III)Categoriadarelaoamximaproposta:Sejarelevante.
IV) Categoriadomodorefereseacomooqueditodeveserdito.Asupermxima:Sejaclaro,comvriasmximas:
1. Eviteobscuridadedeexpresso.2. Eviteambigidades.3. Sejabreve(eviteprolixidadedesnecessria).4. Sejaordenado.
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LETRAS|29
Essasquatrocategorias,comsuassupermximas,mximasesubmximas,forampropostas,para,comoprincpiodacooperao,regeremumconversao(interao)bemsucedida.Ento,paraquesetenhaumainterao feliz preciso que essas categorias sejam observadas em toda interao. Sendo que a noobservncia,deformanointencional,deumdessespreceitospoderacarretarrudosemalentendidos.
Portanto, conhecer essas categorias que podem garantir uma interao satisfatria pode ser uminstrumentoparaoprofessorde lnguamaternautilizartantonaproduoquantonacorreodetextosdegnerostextuaisosmaisdiversos.Comasdevidasadequaesaogneroemquesto,possvelutilizaressascategoriascomocritriosconcretosparaensinaraproduzirtextosetambmavaliartextosproduzidosemsaladeaula,comomostraremosposteriormente.
Primeiramente, nos deteremos no objetivo de Grice (1982 [1972]) oferecer subsdios pararesponderpergunta:Comopossveldizermaisdoqueestliteralmenteditolinguisticamente?,atravsdaquebrade,pelomenos,umadessascategorias.Emoutraspalavras,ointeressedofilsofoeraverificarcomo,respeitando oprincpioda cooperao,masquebrandoumadessasmximas,o locutor conseguedizer aointerlocutormaisoualmdoqueestdito;eporoutrolado,comoointerlocutorconseguetambmlermaisdoqueestditonaestruturalingusticodiscursiva.
AS IMPLICATURAS
Inicialmente,Griceintroduzoconceitodeimplicaturaasinformaesimplicitadas,propositalmente
pelolocutor(falante/escritor),comoobjetivodetransmitiralgomaisaointerlocutor(ouvinte/leitor).
Dois tipos de implicaturas so estabelecidos porGrice (1982): a implicatura convencional e a noconvencional(aimplicaturaconversacional):
Implicaturaconvencionalumainfernciaresultantedosignificadoconvencionaldaspalavras.
Ele um ingls; ele , portanto, um bravo. (GRICE, 1982, p. 84.)
Nesseexemplo,constatamosqueainfernciadequeofatodeserbravoumaconsequnciadeseringls advm da presena do termo lingustico portanto. Ou seja, a inferncia aqui no estritamentecontextual,elapossibilitadapelapresenadeumtermoquetemcomosignificadoconvencional introduzirumaconclusoouconsequncia.
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LETRAS|30
Implicaturano convencional (doravante implicatura conversacional) inicialmenteaomenos,osimplicitadosconversacionaisnosopartedosignificadodasexpressescujousoosproduz. (GRICE,1982,p.103)
Emboratenhapropostodoistiposdeimplicaturasasquaiscorrespondem,grossomodo,aosimplcitoslingusticos e aos pragmticos, Grice estava interessado, como confessa, somente nas implicaturasconversacionaisadvindasdaquebrapropositaldeumadasmximaspropostasporele.Salienteseque,nascondies estabelecidas por Grice, a quebra de uma das mximas acontece em um contexto em que oprincpiodacooperaoestsendoobservadopelosparticipantes.
Segundo Levinson (2007, p. 140), possvel derivar um padro geral para o clculo de umaimplicatura:
(i) Fdissequep(ii) no h razo para pensar que F no est observando as mximas ou, pelo menos, o princpio
cooperativo(iii) paraqueFdigaquepestejarealmenteobservandoasmximasdoprincpiocooperativo,Fdevepensar
queq(iv) Fdeve saberque conhecimentomtuoqueqdeve ser supostoparaque se considereque F est
cooperando(v) Fnofeznadaparaimpedirqueeu,odestinatrio,pensassequeq(vi) portanto,Fpretendequeeupensequeqe,aodizerquepcomunicouaimplicaturaq
Nessas condies, Grice, segundo Levinson (2007), isola as cinco propriedades essenciais dasimplicaturasconversacionais:
a) Cancelveis (ouanulveis) uma infernciaanulvel sepossvel cancellaacrescentando
algumas premissas adicionais s premissas originais. (p.142) As implicaturas, de acordo comLevinson,seriamsemelhantesaosargumentosindutivos.
b) NodestacveisGricequerdizerqueaimplicaturaestligadaaocontedosemnticodoquedito, no forma lingstica, e, portanto, as implicaturas no podem ser retiradas de umenunciadosimplesmentetrocandoaspalavrasdoenunciadoporsinnimos[...]comexceodasquesurgematravsdamximademodo.(p.144145)
c) Calculveis [...] deve ser possvel construir um argumento, demonstrando que, a partir dosignificado literal ou do sentido da enunciao, por um lado, e do princpio cooperativo e das
-
d)
TEXTOS CO
Vejadasmximaoutra(s);ouconsiderada
Mximadainformao
quantidade
ea(s)inten
mximas,pcooperao
No convelingsticas.
OM QUEBR
amos,agoraas.precisoumuitas veza,naqueleco
quantidade,oumenos,deinformao(es)do
oroutro,seopresumida.
encionais (p.145)
RAS DE M
,situaesdosalientarqzes aquebraontexto,am
e:nosexempdoquerequesconsidelocutor.
guesequeu(p.145)
[...] no
XIMAS I
deinteraoue,emmuitadeumam
maisimportan
plosabaixo,ueridonaqueerandoogn
RESUMO:
enunciahiptese
regraparqueoo
EssaPRINCquatrocumpridGriceaindaqualge
umdestinat
fazem par
MPLICATU
oemquecontassituae
mximaefente.
constataseelasituao.nerotextual,
:PaulGrice(docomunicaequedirecioraqueofalanouvintecaptehiptesedePIODACOOcategorias,casparaquedainvestigaraasimplica
riofariaai
rte do sign
URAS CONV
nstatamosas,aquebraetuadapara
aquebrada.Respeitara,oobjetivod
(1982[1967]armaisdoqonaasuapentedigamaieainformauorigemaoPERAO.Acommximaumainteraosefeitosdaaturasconve
prag
nfernciaem
ificado con
VERSACION
quebra,intedeumampreservaro
mximadamximadedainterao
),intrigadocueosentidosquisaeteosdoqueestoadicionalprincpioge
Almdessepsesubmximo(conversaaquebravolersacionaisgmtico.
LETRAS|3
mquestop
vencional d
NAIS
encional,deximaacarreoutramxim
quantidadequantidade
o,ointerlocu
comapossiboliteralveicuriapropostatditoliteralqueainteraraldaconverincpio,Gricmas,asquaiao)sejabeuntriadessumdostipo
31
arapreserva
das express
uma(oumtaaquebra
ma,por sere
porhavermsaberdosautor,oconte
bilidadedeuula,levantaa:devehavermenteeparaoveicula.ersao:ocepostulousdevemseremsucedidasascategoriaosdeimplcit
ara
es
ais)deesta
maisaraexto
marra
.s,to
-
LETRAS|32
E* Por que o senhor no estudou?
I* : :: num estudei porque num num de:u, sabe? Num quis, n? Num gostava mesmo, :: porque s s queria trabalhaO mesmo e brincaO :: e minha me era do interioO, fic grvida de mim, n? :: a veio pra c. pa capital, n? A agente era era era do Catol do Rocha. A: :: nasci, n? quando eu tinha nove anos ela morreu. :: A eu s criado [P-] fui criado tambm como como se da famia mesmo{inint}onde eu moro l. Gente muito boa l, muito boa pa mim. (01.AFD.M)
Arespostado informante,docorpusdoVALPB7,apresenta informaesqueultrapassamocontedo
esperadocomo resposta.Noentanto,constatasequeessas informaesadicionaissoapresentadascomojustificativaparaa interrupodosestudos. Ento,aquebradamximadaquantidadeconscienteecomobjetivososquaisoinformanteesperasejamcaptadospeloentrevistador.
A) - Joo um bom aluno?
B) - o melhor jogador de futebol da escola.
Situemosa interaoacima: Joocandidataseaumabolsanoprogramadebolsasdaescolaoqualtemcomorequisitos,paraseleodealunos,obomdesempenhoemsaladeaula.A(presidentedacomissodebolsas)fazaperguntaacimaaB(professordeMatemticadeJoo).ComarespostadadaporB,Aprecisafazeralgumasinfernciasparachegaraumapossvelleitura:BestsendocooperativoquandodissequeJooomelhor jogadorde futeboldaescola;portantoAprecisa inferirqueBestdizendomaisdoqueestliteralmenteexpresso(p)equeBpretendequeAidentifiqueoqueGricechamoudeq(ainfernciaimplicitadapelaquebradamxima).Umadaspossveis inferncias,apartirdocontextodescrito,que Joonoumbom aluno, considerando os parmetros exigidos para ser bolsista. Nessa interao, alm da quebra damxima da quantidade, foram fornecidos menos informaes do que se esperava, podese dizer que htambmaquebradamximadarelao,poispodesepensarquearespostadadaporBnorelevanteparaaperguntafeitaporA.
Oexcessode informaestambmafetaocritrioderelevncia,poisdizermaisdoquerequeridonoadequado,excetoseoobjetivodizermaisdoqueaparentementedito.
Asfrasesconhecidascomotautolgicastambmpodemfigurarcomoexemplosdetextosqueviolamamxima da quantidade, sendo, por um lado, circulares, redundantes e, por outro, dizem menos do quedeveriamdizer,ouseja,somenosinformativasdoqueorequerido.7ProjetodeVariaoLingsticadoEstadodaParaba,coordenadopeloprofessordoutorDermevaldaHoradeOliveira.
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LETRAS|33
Criana Criana!
Guerra guerra!
Surpresa inesperada!
Acabamento final!
Elo de ligao!
Os dois primeiros exemplos Criana Criana! eGuerra guerra! podem tambm aparecer emcontextosqueestejam sendoutilizadospara responderaperguntasdo tipoDefinaoque sercriana?ouDefinaotermoguerra.Nessesdoiscontextos,desdequesesuponhaqueolocutordessesenunciadosestejasendo cooperativo, haver a quebra da relevncia cuja inteno caber o interlocutor buscar identificar.Nessesdoiscasos,teramosaquebradeduasmximas:adaquantidadeeadarelevncia.
Mximadaqualidade:aquebradasupermximaTratede fazersuacontribuioquesejaverdadeira. fazcom que o interlocutor identifique no texto uma incoerncia, caso no se ressalte que essa declaraoaparentementefalsatemcomoobjetivo,porpartedolocutor,dizeralgomais,podendofazer,inclusive,comquesurjamasironias.
A Voc est horrvel com esse vestido!
B - Eu tambm amo voc!
Levinson(2007)fazoseguintecomentrioparaumainteraosemelhanteaessa:
Qualquer participante razoavelmente informado saber que a enunciao de B escandalosamentefalsa.Sendoassim,BnopodeestartentandoenganarA.AnicamaneirapelaqualasuposiodequeBestcooperandopodesermantidaseinterpretarmosqueBquerdizeralgoum tantodiferentedaquiloqueefetivamente foidito.Aoprocurarmosporuma proposio relacionada, mas cooperativa, que B pode estar pretendendo comunicar,chegamosaooposto,ounegao,doqueBformulou[...].(p.136)
Nonossoexemplo,provavelmenteBestquerendodizeraA:Eu tambm odeiovoc!.Masparaque se possa chegar a essa inferncia, conhecimentos partilhados e culturais precisam ser recuperados,partindoinicialmentedasuposiodequeBestsendocooperativo.
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LETRAS|34
VejamosmaissituaesemqueasupermximaTratedefazersuacontribuioquesejaverdadeira.estsendovioladaintencionalmente:
Um edifcio estava pegando fogo, e todos corriam para a sada de emergncia. Algum pergunta: A - um incndio?
B - No, a minha mulher que est assando uma pizza!
OpresidenteLula,aoserperguntadoporumjornalista:A - O senhor acha que a CPI da Petrobrs vai terminar em pizza? Ele respondeu:
B - Todos eles so bons pizzaiolos. (15/07/09)
Nasduasinteraesacima,aprimeiradognerotextualpiadaeasegundafragmentodeumaentrevistafeitaporumreprterdetelevisocomopresidenteLusInciodaSilva(Lula),constataseque,mesmo em gneros diferentes, h a quebra damxima da qualidade, porm com objetivosdiferentes.
Napiada,aquebrada supermxima Tratede fazer sua contribuioque seja verdadeira.funciona como desencadeador (ativador) da ironia que gera o riso, pois a uma pergunta norelevantecabeumarespostatambmnoverdadeira,que,porsuavez,tambmsecaracterizacomouma resposta no relevante. Essa caracterstica permite observar que a quebra da mxima daqualidade, nessa situao, tambm gera a quebra da mxima da relevncia. Como j foi ditoanteriormente,h situaesemqueaquebradeumamximadesencadeiaaquebradeoutra(s),sendoque,svezes,tornasedifcilenquadraraquebraemumaouemoutracategoria.
Naentrevista,constatasequehouvetambmaquebraTratedefazersuacontribuioqueseja verdadeira., porm com objetivos diferentes daqueles que constatamos na piada. Nessaentrevista, o presidente talvez por no ter condies de, com certeza, dar uma resposta para aperguntafeitapeloreprter,resolveironizar,aparentementesendoirrelevante,pormpoderestardizendoqueosparlamentaresno sopizzaiolos,embora saibaseque,metaforicamente, asCPIsterminamem pizza. Salienteseque, subsequentementeaesseepisdio, ao serquestionadoporessa resposta,opresidentedissequenopretendiaofenderningum.Nessa interao, comoemoutras jmostradas,poderseiaapontaroutraquebrademxima,ada relevncia,provandoque
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LETRAS|35
quasesempreanoobservnciadeumamximaacarretaadeoutraouconsequnciadeoutraquebra.
Emboraosdoistextospertenamadoisgnerostextuaisdiferentes,deacordocomLevinson(2007,p.136),Senohouvessenenhumasuposiosubjacentedecooperao,osreceptoresdasironiasdeveriamsimplesmenteficarperplexos;nenhumainfernciapoderiaserextrada..
Mximadarelao:nostextosabaixo,constataseaquebradamximasejarelevante,pormressaltandoqueessaquebraproposital,portantoointerlocutorprecisapartirdapresunodequeolocutorestsendocooperativo,entoestdizendoalgoamaisdoqueestditoliteralmenteecabequelebuscar,atravsdeinferncias,essainformaoextra.
Inicialmente, apresento duas perguntas com as respectivas respostas de uma entrevista feita pelaRedeGlobodeTeleviso como candidatoaPresidentedaRepblica, Luiz Incio Lulada Silva.pocadaentrevista,LulaeracandidatoaosegundomandatopresidnciadoBrasil,porissoestavasendoquestionadosobreoescndalodomensalo,colocadoapbliconoseuprimeiromandato.
Ftima Bernardes: O senhor acha ento que o senhor tambm errou, presidente, no caso dessas denncias, o senhor tambm teria errado? O que o senhor poderia fazer de diferente no caso de um novo mandato?
Lula: Eu s poderia fazer diferente se eu soubesse antes. Eu soube depois que aconteceu. O dado concreto, Ftima, que muitas vezes, ou por uma f, ou quem sabe at porque estamos vivendo uma guerra poltica, as pessoas ousam dizer o seguinte: "olha, mas o presidente deveria saber de tudo". Ora, vamos ser francos, vamos ser honestos entre ns. Est cheio de famlias que tm problema dentro de casa e a familia no sabe. Est cheio de pai e me que ficam sabendo que o seu filho cometeu um delito pela imprensa, ou quando a policia prende. Como que pode algum querer que o presidente da Repblica, embora tenha que assumir responsabilidade por todos os lados, saiba o que est acontecendo agora na Secretaria da Agricultura do Estado de So Paulo ligada ao Ministrio da Agricultura. Como que eu posso saber agora o que est acontecendo com os meus ministros que no esto aqui? (entrevista 10/08/06 na Rede Globo)
Ftima Bernardes: Mas o fato dele (Paulo Okamoto), de aliados dele, terem tentado tanto bloquear aquela quebra de sigilo, no pode levar o eleitor a pensar que havia algo a esconder?
Lula: um direito dele no querer quebrar o sigilo dele. um direito de qualquer cidado. Amanh, isso pode estar acontecendo com voc, pode estar acontecendo comigo, pode estar acontecendo com o William e ns vamos utilizar todos os mecanismos que o direito nos d para que ns possamos nos defender. (entrevista 10/08/06 na Rede Globo)
Analisandoasrespostasdopresidencivel,luzdamximas,constatasequeasduasperguntasfeitaspelaentrevistadoraficaramsemrespostasadequadasparaasituao,porm,partindodapresunodequeo
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LETRAS|36
locutor (Lula) estava sendo cooperativo, ou seja, que o candidato entendeu a pergunta, e que respondeudessaformaintencionalmente,cabeentrevistadora,comoaosouvintes(leitores),buscarainformaoextraque estava sendo comunicada pelo candidato. Da forma como as perguntas foram respondidas, opresidencivelnosecomprometeuliteralmentecomoescndalovivenciadopeloPT,pormdeixoumargemparajulgaremnoculpadoouinocente.
Nessecontexto,amximasejarelevantefoivioladadeliberadamentepelo locutor(candidatoLula)por, sabermos, naquele contexto ter de agradar gregos (seu partido) e troianos (oposio solidria) eprincipalmente no poder se comprometer perante seus milhes de eleitores que assistiam entrevista.Salientesequeaquebraquechamaaatenoadarelevncia,noentanto,paraquebraressa,outramximatambmfoiquebrada:adaquantidadenaprimeirapergunta;nasegunda,podeseconstatarqueaquebradamximadarelevnciapodetertidoafunodepreservarasupermximaTratedefazersuacontribuioquesejaverdadeira.. A seguir apresentaremos aquebradamxima seja relevante em charges, emque a quebra temfuno semnticodiscursivadiferenteda constatadanaentrevistaanterior.Ognero textual charge temafunosocialdecriticarsituaescotidianasasmaisdiversas,atravsdohumorgeradoporvrios recursoslingusticodiscursivos.Apresentamosaquialgumaschargescujorecursogeradordorisoaquebradamximadarelao.
(Disponvelem:Acessoem:04jul.2009)
Nessacharge,abordadoumtemadocotidiano,salienteseatemporal,e,parasechegarumdospossveissentidos,precisoqueoleitoridentifique:
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LETRAS|37
1) Ospersonagensouos fatosaqueo texto faz referncianaperspectivapolifnica,ostextoscomosquaisessetextodialoga;
2) o contexto sciohistricoe/oupoltico e as circunstncias emqueo fato referenciadoaconteceu;ouseja,recuperaodaenunciao;
3) oselementoslingsticos,quandohouver;4) as possveis intenes do chargista, considerando o lugar de onde ele enuncia (se
atravsde jornal,revista,ousemvnculocomnenhummeiodecomunicao,produoindependente).(ESPNDOLA,2001,p.110111).
Aps,seremrecuperadasessas informaes,constatase,nacharge,queaspalavrasdamenosoadequadassituaoqueo textonoverbalrevela (mostra).Verificasequeoqueditopelamenorelevanteparaasituaoemqueseencontrammeefilho.
Considerando o texto no verbal (ancoragem da charge), constatase que o chargistaapresentadoispersonagens (mee filho) interagindo,pormamedirigindoseao filho comumenunciadoquasequeabsurdoparaocontexto.Porm,comonosoutrosgnerosapresentados,osleitores da charge precisam partir da presuno de que o chargista, ao apresentar esse dilogoanormalemum lixo,estsendocooperativocomseus leitores,portantoestaria,comessetexto,veiculandouma informaoextra,almdodito.Aquebradamximasejarelevante levao leitorabuscar a inteno do locutor, aqui o chargista, que poderia ser uma crtica aos governantes, porpermitiremquepessoastenhamderecorrerao lixoparasobreviverem.Aquebrageraoriso,mas,nacharge,geralmenteumaformadecrtica.
Disponvelem:.Acessoem:05jul.2009.
Nessacharge,comojcolocadoanteriormente,tambmprecisoquesejamrecuperadosos
conhecimentosprviosnecessriosparaquesepossafazerumadas leituraspossveis.Aquebrada
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LETRAS|38
mximada relevncianovamenteutilizadaaquipelo locutor (chargista),agorana respostadadapelo entrevistado a um programa de televiso. Aparentemente, dirseia que o entrevistado noentendeuaperguntadoentrevistador,porm,essa infernciafica invalidadaaoserecuperarnossahistria,principalmente,operododeditaduraporqueosbrasileirospassarameafaseatualemqueaditaturatemsidoreconhecidapelosgovernantes.
A partir dessa constatao, resta ao leitor fazer suas inferncias, considerando que opersonagem colocado no papel de entrevistado (provvel ator do perodo da ditadura por suascaractersticas fsicas), est sendo cooperativo na entrevista, portanto, se deu uma respostainadequadaofezcomuma inteno.Nessecaso,precisobuscaruma infernciaquetraduzaessapossvelinteno.
Achargeabaixotambmumacrtica,atravsdohumor,utilizandosedorecursodaquebrada mxima da relevncia. Constatase, no texto, uma resposta, aparentemente, inadequada pergunta feita pela pessoa que est sendo detida por um policial da Polcia Federal. O ttulo dacharge faz referncia aescndalo fiscaldeuma empresabrasileira.Novamente,para se chegar informaoextraqueo locutor (chargista)pretendedivulgar,precisopartirdapresunodequeele est sendo cooperativo e de que a quebra da mxima por um dos personagens da charge intencional.
Disponvelem:http://www.chargeonline.com.brAcessoem:05dejul.2009.
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LETRAS|39
precisosalientarqueaquebradamximadarelao feitadeliberadamente,para,muitasvezes,preservarasupermximaTratedefazersuacontribuioquesejaverdadeira..
(A) - Que significa "pressuposio"?
(B) - Consulte uma obra de semntica.
(A) - Que horas so?
(B) - J tarde.
(A) - Voc me ama?
(B) - Eu gosto de estar em sua companhia.
Nastrsinteraesacima,constatasequetodasasrespostasnoso,aparentemente,adequadassperguntas, porm percebese que o locutor atravs dessa quebra (estratgia) est sendo cooperativo eprotegese para no ser acusado de no ter dito a verdade. Porm, constatase que, em cada uma dassituaes,asinformaesintencionalmenteveiculadassoasmaisdiversas,ficandoacargodosinterlocutores(leitores)identificlas.
Mximademodo:quebraressamximasignificanoseguirumdessespreceitos:
1. Evite obscuridade de expresso.
2. Evite ambigidades.
3. Seja breve (evite prolixidade desnecessria).
4. Seja ordenado.
Muitasvezes,quandoconstatamosaquebradeumadas trsoutrasmximas,emdecorrnciadaquebradeumdospreceitosdacategoriadomodo.Porexemplo,aquebradamximadaquantidade,nosdoisexemplos tratados naquele espao, est diretamente ligada ao fato de o informante no ter respeitado opreceitosejabrevenainterao:
E* Por que o senhor no estudou?
I* : :: num estudei porque num num de:u, sabe? Num quis, n? Num gostava mesmo, :: porque s s queria trabalhaO mesmo e brincaO :: e minha me era do interioO, fic grvida de mim, n? :: a veio pra c. pa capital, n? A agente era era era do Catol
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LETRAS|40
do Rocha. A: :: nasci, n? quando eu tinha nove anos ela morreu. :: A eu s criado [P-] fui criado tambm como como se da famia mesmo{inint}onde eu moro l. Gente muito boa l, muito boa pa mim. (01.AFD.M)
Ainteraoabaixo,poroutrolado,cujamximadaquantidadetambmfoiquebradapordizermenos
doquedeveriaterditoparaasituao,quebra,tambm,amximadarelao.
A) - Joo um bom aluno?
B) - o melhor jogador de futebol da escola.
Submetendoas implicaturasconversacionais levantadasnos textosaoscritriospropostosporGrice
(1982), possvel verificar que todas as quebras de mximas geradoras de implicaturas denominadasconversacionais so: cancelveis, pois no esto previstas na significao das expresses que compem aestrutura lingustica;nodestacveis,poisas implicaturasesto ligadasaosentidoeaocontexto,portantomudaraestruturanoaselimina;calculveis,socalculadas,poisapartirdapresunodequeolocutorestsendo cooperativo, est dizendo algo atravs da quebra; portanto, cabe ao interlocutor calcular qual ainformao extra que lhe est sendo enviada; no convencionais, pois todas os exemplos de implicaturasacimanoestoprevistosnosignificadoconvencionaldasexpresseslingusticas.
AS MXIMAS CONVERSACIONAIS E O ENSINO DE PRODUO TEXTOS
Aviolaointencionaldasmximasconversacionaisgeraasimplicaturasconversacionaisprivilegiadasataqui,asquais constituemum implcitopragmtico.Noentanto,amximaspropostasporGrice (1982)tambmpodem ser violadasno intencionalmente,pordesconhecimentodas regrasde construodeumtexto de determinado gnero. Nesse contexto, quero fazer algumas ponderaes sobre a quebra dessascategorias, aqual geraum texto comdeterminada incoernciaou geraum rudono intencional emumainterao.
AsmximasconversacionaisdeGrice,emboratenhamsidopensadasparaocontextodaconversao,podem ser utilizadas para o ensino de produo textual, bem como critrios para a correo de textos,considerandoascaractersticasmacroemicrodogneroaqueotextopertence.
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LETRAS|41
Paraexemplificarmosessepossvelusodateoria,tomamosapropostadaprimeiraquestodaprovaderedaodoPSS2009daUniversidadeFederaldaParaba,queapresentouafotodeummeninoquebrandopedraeoseguintecomando:
Imaginesenopapeldeumreprterquecompareceao localondeocorreuofatoretratado.Redijaumtextoparaserpublicadonojornalemquevoctrabalha,noticiandoessefato.Paratanto,observeasseguintesorientaes:
Sigaaestruturadeumanotcia;
Redijaseutextocom,nomnimo,12linhas,e,nomximo,com15linhas;
Useanormapadrodalnguaescrita.
Observemosasmximas:dequantidade,qualidade,relaoemodonotextoabaixo,considerandoogneroquefoisolicitado:umanotcia.
Se aplicarmos essas mximas, para verificarmos se esse texto atende ao mnimo que requer umainteraoescritaemformadenotcia,podese,deformabastantesuperficialnesteespao,fazerasseguintesobservaes.
Para verificar se a mxima da quantidade satisfeita, inicialmente, preciso observar quaisinformaessorequeridaspelogneronotcia,econsultandooslivrosdarea,constatamosquealgunsitensprecisamestarpresentes:quem,onde,quando,oquecomo(sepossvel),osquaisdeterminaro,inclusive,aquantidade de informaes. Constatase que os quatro primeiros itens aparecem no primeiro pargrafo,mesmoqueoquestejarelatadodeformabastantesuperficial.Nosegundopargrafo,esperavaseummaiordetalhamentodofatonoticiado,pormoqueseencontraumpontodevistadoredatorsobreoassunto.Onvelinformativoedeargumentividade,deacordocomgnero,poderiaseravaliadonessamxima.
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LETRAS|42
Amximadaqualidadepareceestarsendosatisfeita,poisoproblemanoticiadono textoadvmdeoutras notcias e reportagens veiculadas em meios de comunicao do estado. E, nesse ponto, precisotrabalhar com os alunos o fato de que h gneros, por exemplo, a notcia, que requerem que os fatosdivulgadospossam serprovadosporaquelequeosdivulga.Ou seja,diga (escreva)Nodiga senoaquiloparaquevocpossafornecerevidnciaadequada..Porm,amodalizaoumrecursomuitousadonessegneroquandonosetemtodasasevidnciasdeumfatoqueestsendodivulgado,ounosetemacertezadaautoria.
Noseconstatanenhumafaltaderelevnciaentreoquefoisolicitadopeloenunciadodaquestoeoque foi produzido pelo candidato. Teramos aqui um caso de no relevncia, caso o candidato escrevessesobreumoutroassunto,diferentedosolicitado.
Comrelaomximadomodo,precisoaquiparareverificarotexto,considerandoanormapadrodalnguaportuguesanoquedizrespeitoaoselementosdecoesoemnvelmacroemicrodiscursivotextual,deacordocomasexignciasdognerosolicitado.
Obviamente,asmximasserviriamdenorteparaoprofessorquetrabalhacomproduodetextoemsaladeaulaenoparacomporemgradesdecorreode textosemconcursosdegrandespropores.Noentanto,conhecerasmximaseaspossibilidadesdeaplicaopodeservirdesubsdioparaprofessoresquetrabalhamcomleituraeescritaemtodososnveisdeensino.
-
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LETRAS|4
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43
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LETRAS|44
Eparatentarresponder(resolver)aessesdoisproblemas,Searle(2002[1979])identificadoisatosemum ato indireto: um ato primrio e um ato secundrio.O primeiro (primrio) seria a inteno que tem olocutorcomdeterminadoenunciado,independentedeestarexplcitoouno;osegundo(secundrio)oatousadopara realizaroprimrio,o sentido literalda sentena.E,para seentendere chegaraoatoprimriopretendido/realizadopelaenunciaodex,Searle (2002),p.5354)apresentaumabreve reconstruodasetapas,que,segundoele,oouvinte(leitor)realiza,mesmoqueautomaticamente,paraderivaroatoprimriodosecundrio.
DeacordocomSearle(2002),parasebuscaroatoprimrioqueestsendorealizadoatravsdeumatosecundrio,lanasemodeumprocessoinferencialqueestdescritoem10passosnessaobra.
Eassimresumeessetrabalhodointerlocutor(leitor).
Aestratgiainferencialestabelecer,primeiramente,queopropsitoilocucionrioprimriodivergedoliterale,emsegundolugar,qualsejaopropsitoilocucionrioprimrio.[...]Esseaparato inclui informaes de base compartilhadas, uma teoria dos atos de fala e certosprincpiosdeconversao.(p.53)
Analisemos a situao a seguir, em que A recebe um convite para ir ao cinema e B responde,
aparentemente,deformairrelevante.
A Vamos ao cinema hoje tarde?
B Tenho de terminar o material de Pragmtica para a EAD.
OlocutorAfazumconvite,emformadeatodireto,esuapropostarejeitadaporBdeformaindireta.
Ento, como A entende que sua proposta est sendo rejeitada ou que a enunciao de B deve ser lida(entendida)comoumarejeio?Searle(2002)dizqueA,parachegarleituradequeoenunciadodeBumarejeioaoseuconvite,primeirorealizarrealizaralgumasetapas lingusticocognitivas,asquaisresumireiaseguir.
Asabeque,aofazerumconviteaB,estedeveraceitloouno.AtambmsabequeBestsendocooperativo(princpiopropostoporGrice),portantosuarespostadeveserrelevante.Noentanto,aoobservarliteralmenteoqueforaditoporB,Aconstataquearespostaesperada aceitao,recusaoupropostaparadiscutiroconvitenorelevanteparaoconvitefeito.Mas,recuperandoapresunodequeBestsendorelevante,Aprecisabuscaroque estdito almdo sentido literal expressona sentenadeB,portantoopropsito ilocucionrio (atoprimrio)deB diferentedoexpresso literalmente (ato secundrio).Apartir
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LETRAS|45
dessaetapa,Abuscarumaconcluso(inferncia)probabilsticaenquantopropsitoprobabilsticodeB.Essainfernciasserpossvelconsiderandoosaspectos j levantadoseoque foradito literalmente:Tenhodeterminar o material de Pragmtica para a EAD. A partir desses dados, podese concluir que terminar omaterial e ir ao cinema constituem duas aes que no podem ser realizadas simultaneamente; aceitar apropostadeA,tendoessatarefaaser,comcerteza,realizada,caracterizariaumaincoernciadeB.
ParaSearle (2002),huma incidnciamaiordeatos indiretosnogrupodosdiretivos,em funodapolidez,umavezque,emnossasociedade,muitomaiseficienteumaordemcamufladadepedidodoquedeformaliteral.
A polidez a mais proeminente das motivaes para pedidos indiretos e certas formastendem naturalmente a tornarse os meios polidos convencionais de feitura de pedidosindiretos.(p.81)
Assim,muitomais,socialmente,simpticoeaceitvelpedirquesefecheaportaatravsdaforma
indiretaVocpodefecharaporta?,doqueaformadiretaFecheaporta!.Oscompromissivostambmso,emmuitassituaes,realizadosatravsdeformasindiretas,comoosexemplosaseguir:
Posso levar voc ao cinema?
Entregarei os dados a voc na sua prxima visita.
AcrescentoaospostuladosdeSearle(2002)quetodososatosilocucionriospodemserrealizadospor
meiodeumato indireto;ascondiesenunciativaseoprincpiodapolidezquedeterminaroseumatoilocucionrio,quersejaassertivo,diretivo,compromissivo,expressivooudeclarativo,serrealizadodeformadiretaouatravsdeumatoindireto.
DeacordocomLevinson(2007),seroconsideradosatosindiretosoutrosusosdalinguagemquenoestejamemconformidadeoqueestprevistoabaixo:
(i) Asperformativasexplcitastmaforaquenomeadapeloverboperformativonaoraomatriz(ii) Ou ento, os trs tipos principais de sentenas em ingls, isto , as imperativas, interrogativas e
declarativas,possuemasforasqueatradioassociouaelas,asaber,ordenar(oupedir),interrogareafirmar,respectivamente(naturalmente,comaexceodasperformativasexplcitas,queestejamemformatodeclarativo).(p.335)
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LETRAS|46
H pessoas que tm dificuldade de pedir desculpas utilizando a forma direta Desculpeme, masrealizamoatoutilizandooutras formas indiretasque surtemomesmoefeito:Eunoqueria termagoadovoc!.Issonovaiserepetir!(estepodeserclassificadotambmcomoumcompromissivo).Parecemequeatumadeclaraopodeserfeitadeformaindireta,observeaseguintesituao.
O diretor de uma empresa, ao constatar que um dos funcionrios responsveis pela segurana daempresanoestavacumprindoasnormasdesegurana,chamouoemseuescritrioeodemitiudizendo:Apartirdehojevocnotrabalhamaisnestaempresa!.Houveumadeclaraocomopropsitodedemitirofuncionrio;odiretor temaautoridadepara realizaresseato;o localeraadequado;enfimascondiesdefelicidadeforamsatisfeitaseoatoconsumado.Porm,opropsitodedemitirfoirealizadoatravsdeumatoindireto.
Osatosassertivos,pelomenosalguns,tambmpoderoserrealizadosatravsdeatosindiretos.Porexemplo,possoestarfazendoumareclamaodeformaindireta.Observeasituao.Contratoumafirmadevigilnciaparaaseguranademinhacasa,nosatisfeitacomodesempenhodosfuncionriosdestacadosparafazer a referida segurana, ligo para o diretor da firma e digo: A firma no tem funcionrios mais bemtreinados para me enviar?. Nesse contexto, no estou querendo uma resposta pergunta, mas estouregistrandoquenoestousatisfeitacomodesempenhodosfuncionriosquetmvindofazeraseguranadaminhacasa.Assim,oato ilocucionrioprimrioquealmejo,reclamao,estsendorealizadoatravsdeumsecundrio,umapergunta.Odiretor,seperspicaz,tomarasdevidasprovidncias.
Uma outra situao que ilustra um ato assertivo realizado de forma indireta. Em um noticiriotelevisivo,umreprtervisitaumafeiracomobjetivodeverificarumaumentodepreosdefrutaseverdurasqueestariasendopraticadoapartirdodiadavisita.Aoverificarqueospreospraticadosnodiavisitanoeramosmesmosdodiaanterior,estavammajorados,perguntaaumdosfeirantes:
Reprter: Os preos hoje esto mais altos do que estavam ontem?
Feirante: Olha, os preos hoje no so os mesmos de ontem.
Nessa situao, constatamosqueo feirantenodissedeclaradamentequeospreosdas frutaseverdurasaumentaram,recorreaumadeclaraoque,pelocontextoeconmicoemquevivemos,dificilmenteoatoindiretorealizadopelaasseroacimaseriaOspreosbaixaram,masOspreossubiram.Paraofeiranteno simptico assumir a majorao dos preos, ento recorre a um ato indireto, que, sabese, nessasituao,podesernegado,poisnohnenhumamarca lingusticaquedeixeessa informao registradana
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LETRAS|47
estrutura lingusticodiscursiva.Juntoaosconsumidoresofeirantenofoiantiptico,assumindo,oaumento,comotambmsepreservoujuntoaosoutrosfeirantes.
Umaltima ilustraode interaoemqueumatoassertivopodetersidorealizadoatravsdeumatoindireto.
Emumaempresa, aspessoasquepor l transitam realizandodeterminadas atividades agendampreviamente suas idas a essa empresa. Em determinada situao, duas funcionrias, ao verificarem sedeterminadoprofissionalestariaounonaempresaemumhorrioX,constataramquehaviaumamarcao,masoprofissionalnoestavanorecinto.Nessecontexto,tiveramoseguintedilogo:
A: No fui quem agendou a vinda de fulano.
B: , a letra est bem direitinha.
A: Voc disse que minha letra ruim?
B: Eu no disse nada.
Nessa,situao,sabesequehumatoindireto,porquehumainformaopartilhadaentreAeB,Adiz teruma letra ruim.Essa informaono sdeconhecimentodeB,como tambmparece seraceitacomoverdadeiraporB.Porm,Bnoassumedeclaramente,mas,portodasasinformaes,possvelinferirquerealmenteBpretendeudizerquealetradeAnotolegvel.
A partir da exposio dos atos indiretos e do princpio da polidez que permeia nossas relaessociais,profissionaisepessoais,huma tendncia,pelomenosemnossacultura,deusarmos,maisdoqueimaginamos,atossecundrioscompropsitosdeatosprimrios.
Transcrevo, aqui, uma lista de como pedir indiretamente para fechar a porta apresentada porLevinson(2007,p.336337).
Quero que voe feche a porta.
Eu ficaria muito grato se voc fechasse a porta.
Voc pode fechar a porta?
Por acaso, voc tem como fechar a porta?
Voc fecharia a porta?
Voc no vai fechar a porta?
-
Ou
LETRAS|48
utrasformas
8
Voc se impo
Voc estaria
Voc devia fe
Poderia ser
No seria me
Posso pedir-l
Voc ficaria m
Sinto ter de d
Voc se esque
Faa-nos um
Que tal um p
slingusticas
Est muito fri
Na sua terra
A sua casa n
RESUM
pragmsitua
ortaria de fechar
disposto a fecha
echar a porta.
til fechar a por
elhor voc fecha
lhe que feche a
muito chateado
dizer-lhe para fe
ecer de fechar p
favor com a por
ouco menos de
aindapoder
io com a porta a
no se fecha a p
o tem porta?
MO:Osatosmtico conesumain
estru
r a porta?
ar a porta?
rta.
ar a porta?
porta?
se eu lhe pediss
echar a porta.
porta?
rta, amor.
brisa?
riamseracre
aberta!
porta?
delinguagenstituemounformaotuturalingus
se que fechasse
escentadas,c
emindiretosutraformadtotalmentesticodiscurs
a porta?
como:
s umadasdedizermadiferente,dsivadoenu
sformasdeis,ouemadoqueestnciado.
eimplcitolgumasditona
-
IMPLC
Osiconsiderado
participante
contexto,o
Poralgumassitdeelementdonvelpra
Seg
CITOS L
implcitosatos pragmties do princquefacilita
m, nem touaes,mesto lingusticoagmtico.
gundoDucrot
LINGUSE SU
tentodestcos, pois aspio de coopaointerlocu
odos os impsmoquenoopresentene
t(1987),pre
Dizer queadmitir X,subentendi
processo,afala.(p.42)
LEITURA
Pontes.(
MOURAaquest1999.(c
UN
STICOSUBENTE
tacadosims informaeperao, dotoridentifica
plcitos sooestejaafirmessaestrutu
essupostoes
pressuponhosem por issido,aocontrao terminodo
AS:DUCRO(p.1343)A,Heronideesdesemcap.I)
NIDAD
S E PRAENDIDO
mplicaturasces extras (inconhecimen
arainteno
estritament
madonaestra.Osubent
subentendid
X, dizer qo darlhe orio,diz respeoqualdeves
OT,Oswald.
esM.(1999mnticaep
DE IV
GMTIOS (DUC
conversacion
nferncias)nto entre osodolocutor
e pragmtictrutura lingutendido,por
osodoistip
ue pretendodireito de peitomaneirsedescobrira
(1987)Od
9)Significaragmtica.
COS: PCROT)
naiseatosdepossveis ads participantcomdeterm
cos, h umausticodiscurroutrolado,
posdeefeito
obrigar o derosseguir o drapelaqualea imagemqu
dizereod
aoecont.Florianp
LETRAS|4
PRESSUP
elinguagemdvm da obtes da intera
minadoenunc
a categoriarsiva,recu,pareceser
osdesentido
estinatrio, pdilogo a proessesentidoepretendo lh
ito.Campi
texto:umapolis:Editor
49
POSTO
indiretosservao peao, enfimciado.
deles que,peradoapaumainfern
o:
or minha falaopsito de Xmanifestadohedardemi
inas,SP:
aintroduraInsular,
OS
soelosdo
emartirncia
a, aX. Oo,onha
o
-
LETRAS|50
O PRESSUPOSTO UM IMPLCITO LINGUSTICO OU PRAGMTICO?
Antesde comearumapossibilidadede respostaaessapergunta, situo rapidamente asorigensdapressuposio,comotambmolugardeondeabordareioessefenmeno.
AteoriadapressuposiosurgiunaFilosofia,comduascorrentes,segundoKoch(1987):ogrupoqueconcebe a pressuposio em termos das condies de verdade das proposies, situandose, assim, nocamponalgica(oudasemnticapura)(p.50);eogrupodefilsofosqueconcebemapressuposiocomocondiodeempregodosenunciados(p.51).
Neste espao, no abordarei a pressuposio em nenhuma das perspectivas da Filosofia, centrareiminhaabordagemnaperspectivadeDucrot (1987),salientandoqueateoriadesenvolvidaporesse linguistapassou por vrias etapas que no sero aqui abordadas, mas que podero ser conhecidas com a leiturasugerida.
Para responder pergunta o pressuposto um implcito lingustico ou pragmtico? , tomamos aseguintesituao.
Osenhorx,porteirodeumcondomnio,acusadopeloscondminosdeterdeixadooportoabertoemdeterminadodia.O sndico, ao tomar conhecimento, chamouoporteiropara averiguar aocorrnciaeobteve deste a negao de que havia deixado o porto aberto. Depois de muita discusso com algunsmoradoresqueacusavamoporteiro,osndico resolvedarporencerradaaconversaesedirigeaoporteirodizendo:
Episdio encerrado, mas voc no deixa mais o porto aberto!
Todosficaramsatisfeitos,inclusive,oporteiro,pormestenopercebeuqueestavasendoperdoado
poralgoquealegavanoseroresponsvel.Eareuniofoiencerrada.Na faladosndicohuma informao implicitadaquesa recuperamosatravsdeuma inferncia,
pormessainformaoativadaporumelementolingustico:omais.Apresenadessetermoregistraessainformaoquenoestnonvel superficial:vocdeixouoportoaberto.Essa infernciaspossvelserresgatadaconhecendoseofuncionamentosemnticodiscursivodaexpressomaiseosimplcitoslingusticosqueficamregistradosemnossostextos,osquaispodem,emalgumassituaes,noscomprometer.
Analisemosagoraoproferimentodosndico,luzdateoriadeDucrot(1977,1987),comeandopeladefiniodoquesejaumpressuposto.Deacordocomomesmoautor,pressupornodizeroqueoouvintesabe ou o que se pensa que ele sabe ou deveria saber, mas situar o dilogo na hiptese de que ele j
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soubesse.(1977,p.77)Nessaconcepo,apressuposioaparececomoumatticaargumentativa(1987,p.40).
Nessaperspectiva,Ducrot (1987) diz que [...]opressuposto apresentado comopertencendo aons, enquanto o posto reivindicado pelo eu, e o subentendido repassado para o tu.(p.20).Retomandooproferimentodosndico,teramos:
Posto: Episdio encerrado, mas voc no deixa mais o porto aberto!
Pressuposto: Voc deixou o porto aberto!
Subentendido: Da prxima vez no haver perdo! (uma das possveis inferncias)
O pressuposto aqui identificado caracterizase como lingustico, porque ativado por um termo
lingustico presente na estrutura discursiva do texto. Segundo Ducrot (1987), esse tipo de pressupostopertenceantesdetudofrase:eletransmitidodafraseaoenunciadonamedidaemquedeixaentenderque esto satisfeitas as condies de emprego da frase da qual ele a realizao. (p.33), ou seja, opressupostoestinscritonalngua.
No proferimento em anlise, a inferncia voc deixou o porto aberto colocada com sendopartilhadaeaceitaportodososintegrantesdainterao,inclusiveoporteiro.Porm,oquenosparecequeoempregadonocaptouessainformaoqueforacolocadapelosndicodeformatticaparalevaraqueleaassumir a falha. Caso o porteiro tivesse contestado o pressuposto, a interao seria bloqueada, pois acontinuaodaconversadeveserencadeadaaopostoenoaopressuposto.
CRITRIOS PARA VERIFICAO DE UM PRESSUPOSTO E CONTEXTO
Oscritriosclssicospropostospelos filsofossoosdanegaoeda interrogao.Deacordocomesses critrios,uma fraseque contenhaumpressuposto (doravantepp.), se transformada emnegativaouinterrogativa,conservarainformaopressuposta.
Noentanto,hfrases(textos)quenoadmitemanegao(nossoexemplo)ouainterrogao.
Episdio encerrado, mas voc no deixa mais o porto aberto?
Submetidainterrogao,constatamosqueainfernciaquedenominamospressupostoVocdeixouoportoaberto!mantida,confirmandoanossahiptese.Ducrotnonegaessesdoiscritrios,pormprope
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um terceiro, que, segundo ele, o mais importante, impondo, inclusive, um certo modo de continuar odiscurso(DUCROT,1987,p.40).Ocritriopropostoodoencadeamento,assimdescrito.
Seuma frasepressupe X, eum enunciadodessa frase utilizado emum encadeamentodiscursivo,porexemplo,quandoseargumentaapartirdele,encadeiasecomoquepostoenocomoquepressuposto.(p.37)
Almdofatodeanegaonoseraplicvelatodasasfrases,tantoanegaoquantoainterrogaosoaplicveis,segundoDucrot,sfrasesenoaenunciados.Socritriodoencadeamentovaiseradequadopara testar os pressupostos de frasesque requeiram o contexto para determinlos. Tomemos o seguinteenunciadoqueadmiteduasinterpretaesemdoiscontextosdiferentes:
Posto: Esta manh o caf estava quente!
pp1: Agora o caf est frio!
pp2: Em outras manhs o caf estava frio!
Aplicandooscritriosda interrogaooudanegao, impossvelvalidarpressupostosdo tipoEm
outras manhs o caf estava frio! e Agora o caf est frio!, pois negando Esta manh o caf no estavaquente! e/ou interrogando Esta manh o caf estava quente? nenhum dos dois possveis pressupostoslevantadosmantido.
Paravalidarumdosdoispressupostosacima,precisorecuperarocontextoondetextofoiutilizado,poisconstatamosquecadapressupostorequerumcontextodiferente.ValidaseopressupostoAgoraocafestfrio!,seotextoEstamanhocafestavaquente!foiproferidoporumapessoa,emumdiatarde,comapossvel inteno de reclamar do caf que est tomando subentendido. E o encadeamento possvel queconservaevalidaopressupostolevantadopoderiaser:
Esta manh o caf estava quente, mas nem sempre tudo perfeito!
Observemosqueoencadeamentofeitocomoposto,quedizrespeitoaofatodepelamanhocaf
estar quente. Por outro lado, s validado o pressuposto Em outras manhs o caf estava frio!, se oenunciado Estamanh o caf estava quente! for proferido por algum no final do caf damanh, com apossvelintenodereclamardocafdasmanhsanterioressubentendido.
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Esse exemplo nos mostra que, nesse caso, os critrios clssicos no dariam conta dos diferentespressupostos dependendo da inteno do locutor, alm da necessidade de (re)construir o contexto daenunciao,umavezqueessespressupostosnoestononvelda frase, linguisticamentemarcados.Nessecaso,constatase,segundoMoura (1999),queadeterminaodopressupostodependedocontexto (maisprecisamente,dorepertriodeconhecimentoscompartilhadosdos interlocutores)(p.29).E,comoentoseposicionaDucrot(1987)[...],hdoismodosdedefinirapressuposio,sejaanveldoenunciado,sejaanveldafrase(p.39).
Opressupostodeexistnciatambmrequerocontextoparaqueointerlocutorverifiquearefernciaativadapeloexpressesdefinidasounomesprprios.Somenteocontextoeoconhecimentopartilhadoentreosparticipantesdainteraovalidaroocontextoativadoporumdesseselementos.
A Polcia Federal no fez a segurana das provas do ENEM aps material deixar grfica.
pp: Existe uma instituio chamada Polcia federal.
Lula brinca e j fala em ganhar a Olmpiada de inverno.
pp1: Existe um homem chamado Lula.(Presidente)
pp2: Existe uma competio chamada Olmpiada de inverno.
EXPRESSES LINGUSTICAS QUE ATIVAM PRESSUPOSTOS
Apresentamosumarelaodeexpresses lingusticas(MOURA,1999)qualacrescentamosoutrasexpressesquepodemativarpressupostos,salientando,porm,quenemtodosospressupostossoativadosporexpressesemesmososqueso,emalgunscasos,requeremareconstruodaenunciao.DescriesdefinidasSoexpressesquefazemumacertadescriodeumserespecfico.Essessintagmasnominais (que, na terminologia de Frege (1978), indicam o sentido de um referente) servem para fazer areferncia,assimcomoosnomesprprios.(MOURA,1999,p.17)
Lula desconsidera custos para Rio-2016 e nega preterir problemas sociais.
Pp: Existe um homem que se chama Lula (presidente).
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Data do Enem 2009 deve ser anunciada na tera-feira.
pp: Existe um processo seletivo chamado Enem.
TADOTADOENEM2009DEVESERANUNCIADANATERAFEIRADATADOENEM2009DEVESERANUNCIADANATERAFEIRAVerbosfactivossoosqueprecisamsercomplementadospelaenunciaodeumfato(geralmenteatravsdasoraessubordinadas)equerevelamestadospsicolgicos.
Lamentamos no ter vagas.
pp: No h vagas
Verbosimplicativosverboemqueaaoexpressaporesseverbopressupeumaaoanterior.
Joo acordou s 7 horas.
pp: Joo estava dormindo antes desse horrio.
Verbosdemudanade estado expressamuma aoque apermannciaou amudanadeum estadoanterior.
Maria deixou de ir praia.
pp: Maria antes ia praia.
Maria continua uma linda mulher!
pp: Maria era bonita.
Iterativoselementoslingusticosqueindicamqueumaao(pressuposta)jaconteceuanteriormente.
O preo da gasolina subiu novamente.
pp: O preo da gasolina j subiu antes.
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Expresses temporais elementos lingusticos que expressam a ideia de tempo e, ao mesmo tempo,pressupeumaaoacontecidaanteriormente.
Jooagoraestestudando.pp:Jooantesnoestudava. Jooaindaestuda! pp:Joojestudavaanteriormente.Sentenas clivadas Elas tm a forma: (No) foi o X que (orao). Semanticamente, a segunda oraocontmumfatopressuposto.(MOURA,1999,p.21)
NofoiJooqueescondeuolivro.pp:Algumescondeuolivro.Prefixo re : alguns verbos iniciados com o elemento RE ativam informao pressuposta.De acordo comBezerra (2004,p.67), [...]osverbos iniciadospeloelementoRE (reavaliar, reafirmar, renovar, reforar,erevelar)ativampressupostos.
Joo reafirmou sua inocncia.
pp: Joo j afirmou sua inocncia anteriormente.
Algunsconectorescircunstanciaisalgunsconectorescircunstanciaisintroduzemumaoraoquepressupeumainformao:desdeque,antesque,depoisque,vistoqueetc.
Joo passar no vestibular desde que estude.
pp: Joo no estuda.
Algunsadvrbiosousodealgunsadvrbiosdeixaregistradaumainformaopressuposta:mais,tambm,j(emalgunscontextos)etc.
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FUNO DA PRESSUPOSIO NA INTERAO
Apressuposioexerce,pelomenos,trsfunes,naatividadelingustica:funcionacomoelementodecoernciaecoeso,pelofatodeevitararepetionoencadeamentodiscursivo,aomesmotempoemquefazcomquehajarecorrnciasemntica;umacondiodeprogresso,quesedviaposto;porfim,aparececomoevidncia,verdadebviaquenopodeserquestionada.
Essa no possibilidade de contestao se concretiza pelo fato de que a informao pressuposta colocadacomosendopartilhadaentre locutore interlocutor,comosendouma informao jconhecida;noentanto, emmuitas situaes, como jmostramos neste captulo, a informao nova, de conhecimentosomentedolocutor.
Nessecaso,podesedizerqueapressuposioumaformadeobrigar(persuadir)ointerlocutor,commeudiscurso,aadmitiroqueestnelepressuposto,sem,contudo,permitirlhequeprossigaainteraoemcimadopressuposto.Oumelhor,utilizarsedapressuposionaconstruodiscursivadispordeumadasestratgiasargumentativasdequealnguadispe.
Ducrot (1987, 1988) coloca a pressuposio como um dos recursos da polifonia atravs do qual olocutordoenunciadonoseexpressanuncadiretamente,maspeemcena,nomesmoenunciado,umcertonmerodepersonagens.Nessaperspectiva,osentidodoenunciadonascedaconfrontaodessesdiferentessujeitos.Osentidodoenunciadonadamaisdoqueoresultadodasdiferentesvozesquealiaparecem.
Esses personagens lingusticos dos quais fala Ducrot so o locutor responsvel lingustico pelodiscurso e o enunciador as origens dos diferentes pontos de vista que se apresentam no enunciado"(Ducrot,1988)almdosujeitoemprico(SE)produtorefetivododiscurso(noobjetodeinvestigaodeum linguista semanticista, segundoDucrot),poisnem sempre locutore sujeitoemprico coincidememumdiscurso.
O locutorpode colocarem cena,no seudiscurso,outros locutoresouenunciadorespara comelesdialogar (aprovandoos,rechaandoos,assimilandoseou ficando indiferenteaeles).Se recorrerprimeiraopo(locutores),estarutilizandoapolifoniadelocutores,seoptarpelasegundapossibilidade,apolifoniadeenunciadorescasodapressuposio.
Independentedaformadepolifoniautilizadaemumdiscurso,precisobuscaridentificaraposiodolocutor responsvel lingusticopelodiscurso em relaoaospersonagens lingusticoscolocadosemcena(locutoresouenunciadores).DeacordocomDucrot(1988),asrelaesqueolocutorpodeestabelecercomospersonagens trazidosparaoespaodiscursivo soas seguintes:de aprovao,denegao,de assimilao(identificao)oudedistanciamento.
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O fexplicitame
aprovaoprpeloposto.pontodevi
Veja
Na
horasde(sensocomcomo seoencadearo
UM FECHA
Elegmuitodoqatravsdealinguisticam
Cadpodeconstiaspectoeviabordadas.
fato de aprenteeutilizressuposto(EO termo idsta.amosoexem
perspectivaresponsabili
um).Olocutinterlocutor
seudiscurso
AMENTO N
gemos,nestuesediz,ouatosindiretomente:ospre
daumadasituirumcursdenciaanec
ovar um polocomoargE1)masencaentificarse
mplo:Maria acordo pp: Maria es
dateoriadaidadedoE2;tor,responsr tambmooseguinte.
ECESSRIO
eespao,osutemsea inos:implicaturessupostos.
Pragmticas
socomcargacessidadede
RESUMO
pressupo
a partirem outraimplicitaduma infe
onto de visgumentoparadeiacomoutilizadon
ou s 9 horas!
tava dormindo
apolifonia,o;2)Mariaesvelpelotexaprovasse,
O
s implcitosntenodedrasconversa
s aqui abordahorriasemeleiturasext
O: Ducrot (osto: em algde elemenas, mesmoda, requerrncia do n
ta trazido praumaconclposto(E2),anaTeoriada
antes das 9 hor
olocutorpestavadorminxto(discursomasassimil
lingusticosedizer,noacionais,sub
dadas superfmelhanteaqrasparaque
(1977, 198gumas ocoto lingusticom um eo contextovel pragm
para o espalusor.ocassimilandoaPolifonian
ras.
eemcenadundoantesdao),aprovaopase (respon
epragmticoditodepelen