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Reserva Particular do Patrimônio Natural Perna do Pirata Plano de manejo da Reserva Particular do Patrimônio Natural Perna do Pirata Curitiba, fevereiro de 2016

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Reserva Particular do Patrimônio Natural Perna do Pirata

Plano de manejo da

Reserva Particular do Patrimônio Natural

Perna do Pirata

Curitiba, fevereiro de 2016

Reserva Particular do Patrimônio Natural Perna do Pirata

Plano de manejo da

Reserva Particular do Patrimônio Natural

Perna do Pirata

Curitiba, fevereiro de 2016

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Equipe Técnica

Execução

Diagnóstico físico

Dr. André Magnani Xavier de Lima CRBio 41871-07

Diagnóstico botânico

Dr. Victor Pereira Zwiener CRBio 83363-07

Diagnóstico faunístico

Dr. André Magnani Xavier de Lima CRBio 41871-07

Geoprocessamento

Dr. Victor Pereira Zwiener CRBio 83363-07

Zoneamento

Arthur Gaeti Nobre CRBio 50698-07

Dr. André Magnani Xavier de Lima CRBio 41871-07

Planejamento

Arthur Gaeti Nobre CRBio 50698-07

Dr. André Magnani Xavier de Lima CRBio 41871-07

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Colaborador

Antonio Humberto Nobre

Responsável Técnico

Dr. André Magnani Xavier de Lima CRBio 41871-07

Execução e Financiador:

SAVE Projetos e Soluções Ambientais

Parceiro Técnico e Financiador:

Fundação SOS Mata Atlântica

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Plano de manejo da RPPN Perna do Pirata

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APRESENTAÇÃO

Este documento indica os procedimentos para o manejo da RPPN Perna do Pirata,

localizada na Floresta Atlântica do leste do Estado do Paraná. Apesar da região

possuir grande potencial para a criação e desenvolvimento de RPPNs, devido à alta

riqueza e diversidade biológica, estas reservas ainda não são comuns. Este

documento, além de orientar sobre o manejo nesta reserva particular, tem como

intuito auxiliar na divulgação do que é e como devem ser estruturadas estas

unidades de conservação, além de auxiliar na compreensão de como estas áreas

podem trazer benefícios para proprietários e seus visitantes.

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SUMÁRIO

Lista de Figuras ............................................................................................................. 9

Lista de Tabelas ........................................................................................................... 10

INFORMAÇÕES GERAIS ............................................................................................ 11

1.Acesso ...................................................................................................................... 11

2.Histórico de criação................................................................................................... 11

3.Ficha técnica da unidade de conservação ................................................................ 12

DIAGNÓSTICO ............................................................................................................ 13

1.1 Clima ...................................................................................................................... 13

1.2 Relevo .................................................................................................................... 16

1.3 Hidrografia ............................................................................................................. 17

1.4 Espeleologia .......................................................................................................... 20

1.5 Vegetação .............................................................................................................. 20

1.6 Fauna ..................................................................................................................... 28

1.6.1 Anfíbios ............................................................................................................ 28

1.6.2 Répteis ............................................................................................................. 31

1.6.3 Avifauna ........................................................................................................... 34

1.6.4 Mastofauna ....................................................................................................... 43

1.6.5 Conclusão sobre o levantamento de fauna ...................................................... 52

1.7 Aspectos Históricos e Culturais ............................................................................. 52

1.8 Visitação ................................................................................................................ 53

1.9 Pesquisa e Monitoramento .................................................................................... 54

1.10 Ocorrência de Fogo ............................................................................................. 54

1.11 Atividades Desenvolvidas na RPPN .................................................................... 54

1.12 Sistema de Gestão ............................................................................................... 55

1.13 Pessoal ................................................................................................................ 55

1.14 Infra-estrutura ...................................................................................................... 55

1.15 Equipamentos e Serviços .................................................................................... 57

1.16 Recursos Financeiros .......................................................................................... 57

8

1.17 Formas de Cooperação ....................................................................................... 57

2. Caracterização da Propriedade ............................................................................. 58

2.1 Estrutura física ....................................................................................................... 59

2.2 Atividades realizadas ............................................................................................. 61

3. Caracterização da Área do Entorno ......................................................................... 62

4. Possibilidades de Conectividade ............................................................................. 63

5. Declaração de Significância ..................................................................................... 63

PLANEJAMENTO ........................................................................................................ 65

1. Objetivos Específicos de Manejo ............................................................................. 65

2. Zoneamento ............................................................................................................. 65

2.1 Zona de Proteção................................................................................................... 68

2.2 Zona de Uso Conflitante ........................................................................................ 70

3 Programas de Manejo ............................................................................................... 72

3.1 Programa de Administração ................................................................................... 72

3.2 Programa de Proteção e Fiscalização ................................................................... 73

3.4 Programa de Educação e Visitação ....................................................................... 77

3.5 Programa de Sustentabilidade Econômica ............................................................ 78

3.6 Programa de Comunicação ................................................................................... 79

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CITADAS OU CONSULTADAS .......................... 81

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Lista de Figuras

Figura 1 - Classificação Climática do Estado do Paraná. A localização de Morretes é indicada pela região abaixo do quadrado vermelho. Fonte: EMBRAPA, 1984. ........ 14

Figura 2 - Carta de Isotermas do Estado do Paraná. A localização de Morretes é indicada pela região abaixo do quadrado vermelho .................................................. 14

Figura 3 - Isoietas de Precipitação do Estado do Paraná. A localização de Morretes é indicada pela região abaixo do quadrado vermelho. Fonte: EMBRAPA, 1984. ..... 15

Figura 4 - Umidade Relativa do Ar do Estado do Paraná. A localização de Morretes é indicada pela região abaixo do quadrado vermelho. Fonte: IAPAR, 2006. ............ 15

Figura 5 - Mapa Planialtimétrico da RPPN Perna do Pirata , em Morretes, Paraná. 17

Figura 6 - Mapa de Hidrografia da RPPN Perna do Pirata, em Morretes, Paraná. ... 18

Figura 7 – Acima, Rio do Pinto na RPPN; e abaixo, pequena queda d’água em rio afluente do Rio do Pinto, no interior da RPPN Perna do Pirata , em Morretes, Paraná. ...................................................................................................................... 19

Figura 8 - Distribuição das fitofisionomias encontradas na propriedade onde está localizada a RPPN Perna do Pirata em Morretes, Paraná. ....................................... 24

Figura 9 – Estrada do Anhaia na área de acesso da RPPN Perna do Pirata, em Morretes, Paraná. ...................................................................................................... 53

Figura 10 - Mapa de trilhas na propriedade onde está localizada a RPPN Perna do Pirata em Morretes, Paraná. ..................................................................................... 56

Figura 11 – Aspecto geral das trilhas na RPPN Perna do Pirata em Morretes, Paraná. ...................................................................................................................... 57

Figura 12 – Diferentes estádios sucessionais presentes na propriedade, com estágios iniciais nos primeiros planos e estágio avançado ao fundo. ....................... 58

Figura 13 – Habitação e área de uso da propriedade .............................................. 59

Figura 14 – Tanques para criação de peixes ou uso recreativo. .............................. 60

Figura 15 – Vestiários. .............................................................................................. 60

Figura 16 – Perímetro da RPPN inserido na matriz da paisagem regional. ............. 63

Figura 17 – Floresta marginal a um dos riachos afluentes do Rio do Pinto que ocorrem na RPPN, representante da alta diversidade biológica da área. ................. 64

Figura 18 – Zoneamento da RPPN Perna do Pirata, em Morretes, Paraná. ............ 67

10

Lista de Tabelas

Tabela 1 – Área de ocupação em hectares e porcentagem (entre parênteses) das fitofisionomias encontradas dentro da propriedade onde está localizada a RPPN Perna do Pirata. ........................................................................................................ 23

Tabela 2 - Lista das espécies de anfíbios anuros registradas ou esperadas para a região, distribuídas em suas respectivas famílias e classificadas quanto a habitat e ao registro ................................................................................................................. 29

Tabela 3 - Lista das espécies de répteis registradas e esperadas para a região, distribuídas em suas respectivas famílias. ................................................................ 32

Tabela 4 - Lista das espécies de aves com potencial ocorrência na RPPN. ............ 35

Tabela 5 - Lista das espécies de interesse conservacionista. .................................. 42

Tabela 6 - Espécies de mamíferos com ocorrência registrada ou muito provável na área da RPPN ........................................................................................................... 45

Tabela 7 - Uso do solo da propriedade em relação à área total, incluindo a área da RPPN Perna do Pirata, em Morretes, Paraná. .......................................................... 61

11

INFORMAÇÕES GERAIS

1. Acesso

Partindo do centro do município de Morretes, o acesso à propriedade é feito pela

Estrada do Anhaia, cuja entrada situa-se a 10 quilometros do início da estrada, cerca

de um quilometro antes do Parque Estadual do Pau-Oco, que é o destino final da

estrada. A entrada é feita a partir de uma ponte pênsil, indicada por placa.

2. Histórico de criação

A propriedade rural denominada Sítio Perna do Pirata situa-se no município de

Morretes, planície litôranea do Paraná, possui 41 ha de área total. Ela está inserida

em uma matriz florestal onde localiza-se a maior área contínua da Floresta Atlântica.

Em 2010, com apoio da SOS Mata Atlântica e demais parceiros, os proprietários

iniciaram o processo de criação de uma RPPN na área mais conservada de sua

propriedade. O processo foi finalizado com sucesso em 2010, com a publicação da

criação da RPPN Federal Perna do Pirata na portaria 53 no Diário Oficial da União

de 12 de julho de 2010. A RPPN possui área total de cerca de 18 ha, os quais estão

dentro da APA da Serra do Mar e são limítrofes a oeste com o Parque Estadual do

Pau-Oco. Foi a segunda RPPN neste município, e a única na bacia hidrográfica do

Rio dos Padres.

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3. Ficha técnica da unidade de conservação

NOME DA UNIDADE DE CONSERVAÇÃO RPPN Perna do Pirata UGR (Unidade Gestora Responsável) Proprietários Antonio Humberto Nobre Eliane de Oliveira Gaeti Nobre Emelina de Angelis Gaeti Gestor Ambiental da RPPN Arthur Gaeti Nobre Biólogo

Endereço da sede Estrada do Anhaia, bairro Cabrestante-S/N -Município de Morretes - PR

*Telefone 41 – 3324 2613

e-mail [email protected]

Área 18,55 ha

Município Morretes-PR

Estado Paraná

Coordenadas geográficas Ponto inicial (UTM): E= 712.143,860 m e N= 7.171.089,287 m.

Data de criação Portaria 53, de 12 de julho de 2010.

Bioma e Ecossistemas Floresta Atlântica Ombrófila Densa

13

DIAGNÓSTICO

1.1 Clima

O clima na área, conforme a classificação de KOPPEN, está numa zona de

transição entre Cfa e Cfb, (MAACK, 1968), ilustrado na Figura 1. Caracteriza-se

principalmente como um clima pluvial quente-temperado, cujas temperaturas mais

frias variam em torno de -03 a +18°C. A temperatura média anual no município é de

21°-22°C, com média mínima no inverno de 12°C apresentando possibilidades de

geadas e média máxima de 26°C no verão (Figura 2), com índices pluviométricos de

2.200 a 3.500 mm/ano (Figura 3). Os meses que apresentam maior precipitação vão

de dezembro a março, tendo um índice pluviométrico anual de 1.450 mm somente

neste período, ocasionando trombas d´água esporadicamente. A umidade relativa

do ar permanece praticamente constante acima de 80%, com exceção em alguns

breves períodos no inverno (Figura 4).

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Figura 1 - Classificação Climática do Estado do Paraná. A localização de Morretes é indicada pela região abaixo do quadrado vermelho. Fonte: EMBRAPA, 1984.

Figura 2 - Carta de Isotermas do Estado do Paraná. A localização de Morretes é indicada pela região abaixo do quadrado vermelho

Fonte:IAPAR, 1994.

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Figura 3 - Isoietas de Precipitação do Estado do Paraná. A localização de Morretes é indicada pela região abaixo do quadrado vermelho. Fonte: EMBRAPA, 1984.

Figura 4 - Umidade Relativa do Ar do Estado do Paraná. A localização de Morretes é indicada pela região abaixo do quadrado vermelho. Fonte: IAPAR, 2006.

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1.2 Relevo

Conforme a divisão do relevo paranaense, a área da RPPN situa-se na

Planície Costeira Paranaense, localizada entre a Serra do Mar e o Oceano Atlântico.

A área de RPPN compreende parte da encosta entre rios tributários da bacia

hidrográfica do Rio do Pinto. A localidade situa-se na face sul do Complexo do

Marumbi (Serra do Marumbi), fazendo divisa ao norte com uma de suas Unidades de

Conservação, o Parque Estadual do Pau-oco.

As características geomorfológicas são de região montanhosa, com grandes

desníveis, declividades acentuadas (Figura 5) e a presença de variadas litologias,

intercaladas, com os mais variados graus de resistência ao desgaste. Estas

características tornam a manutenção da qualidade da cobertura vegetal da RPPN

importante para inibir o potencial de erosão e assoreamento, naturalmente

associado a grandes declividades.

A RPPN é circundada por cadeia de formações rochosas de oeste a norte e

oeste a sul, representando uma transição de formações geológicas entre a Planície

litorânea e a Serra do Mar propriamente dita. Predomina na área a formação

geológica de magmatismo ácido, com origem no Paleozóico inferior – Proterozóico

superior, sedimentos inconsolidados do Cenozóico e Terreno cristalino de alto grau

metamórfico, com origem no período Arqueano – Proterozóico inferior.

Conforme mapa de solos do Brasil (EMBRAPA, 2007), o solo na área é

predominantemente Podzólico Vermelho (Argissolo), com ocorrência de afloramento

rochoso granítico. São solos minerais, não-hidromórficos, com horizonte A ou E

(horizonte de perda de argila, ferro ou matéria orgânica, de coloração clara) seguido

de horizonte B textural, com nítida diferença entre os horizontes. Apresentam

horizonte B de cor avermelhada até amarelada e teores de óxidos de ferro inferiores

a 15%. Podem ser eutróficos, distróficos ou álicos.

Têm profundidade variada e ampla variabilidade de classes texturais. Em

função do seu estágio de evolução, possuem diferentes características em relação à

cor, profundidade, textura, saturação por bases etc., sendo comum identificar-se

com algumas características herdadas diretamente do material de origem. Em

17

declividades acima de 8 % são de elevada suscetibilidade à erosão. Existem pontos

onde foram identificadas erosões na propriedade, porém não dentro da área da

RPPN.

Figura 5 - Mapa Planialtimétrico da RPPN Perna do Pirata , em Morretes, Paraná.

1.3 Hidrografia

A RPPN está localizada na porção norte da bacia hidrográfica do Rio do

Pinto, afluente do Rio Nhundiaquara, principal rio da microrregião que congrega a

bacia hidrográfica de mesmo nome, uma unidade aqüífera do período Pré-

Cambriano. A propriedade tem como divisa sul as margens do Rio do Pinto. Além de

ser marginal ao Rio do Pinto, na área de RPPN ocorrem dois afluentes, e um deles

faz margem ao limite leste da propriedade e da RPPN (Figura 6).

O Rio do Pinto é margeado pela estrada do Anhaia, que é remanescente do

Caminho do Arraial, primeira ligação entre o litoral e o planalto. Por este motivo a

vegetação ripária deste rio apresenta uma descaracterização que varia de pouca

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intensidade a até a descaracterização total. Na área da RPPN as margens

apresentam significativas porções de vegetação nativa, mas com largura variada (de

dois até dez metros, Figura 7). Durante o verão enchentes ocasionais podem

ocorrer, submergindo as áreas ripárias.

Os dois rios tributários do rio Pinto presentes na RPPN são de porte pequeno

(até 2 metros de largura), com ocorrência da cobertura vegetal marginal. Devido ao

seu porte, a vegetação marginal cobre ambas as margens destes rios em

praticamente todo o seu percurso, proporcionando um ambiente sombreado com alta

umidade relativa do ar. Há formações de pequenas quedas d’água ao longo destes

rios, com altura de até um metro e meio nos trechos percorridos (Figura 7).

Figura 6 - Mapa de Hidrografia da RPPN Perna do Pirata, em Morretes, Paraná.

19

Figura 7 – Acima, Rio do Pinto na RPPN; e abaixo, pequena queda d’água em rio afluente do Rio do Pinto, no interior da RPPN Perna do Pirata , em Morretes, Paraná.

20

1.4 Espeleologia

Não foram identificadas cavidades naturais na área.

1.5 Vegetação

A região da RPPN Perna do Pirata está inserida dentro do domínio da Mata

Atlântica, também classificada como Floresta Ombrófila Densa (Veloso & Klein 1961,

IBGE, 1992). Segundo Klein (1979) esta região originalmente se destacava pela

vegetação exuberante, elevada densidade e extraordinária heterogeneidade quanto

às espécies de árvores altas, médias e de arbustos. Seu aspecto tropical também se

deve à presença considerável de epífitas vasculares e lianas lenhosas, que se

aglomeram nos troncos e ramos dos densos agrupamentos arbóreos, chegando a

cobri-los integralmente, conferindo-lhes o aspecto de “jardins suspensos”. E esse

universo tão amplo de espécies, onde a formação representa o centro de

diversidade de muitas famílias (entre elas Myrtaceae, Lauraceae, Melastomataceae

e Fabaceae), é também rico em endemismos com estimativas que variam de 30 a

50% para espécies arbóreas (Leite 2002).

A Mata Atlântica é um dos principais biomas brasileiros, sendo considerada

um complexo de ecossistemas de grande importância para a manutenção da

biodiversidade , ocorre ao longo da costa e em áreas florestais continentais desde o

Rio Grande do Sul ao Rio Grande do Norte (Stehmann et al. 2009). Por ser um

bioma de grande extensão, possui ampla variação em características geográficas e

climáticas que influenciam a composição florística, tais como: uma amplitude

latitudional de 5oN aos 33oS; variação longitudional de 35oW aos 52oW; variação

altitudinal desde o nível do mar até 2.200 metros (IBGE 1992); diferenças na

pluviosidade anual que varia de aproximadamente 800mm a 4.000mm e temperatura

com médias de 15oC a 25oC (Salis et al. 1995; Scudeller et al. 2001; Ferraz et al.

2004; Oliveira-Filho et al. 2005, Stehmann et al. 2009).Com apenas 11-16% da

cobertura original os remanescentes da Mata Atlântica se encontram em diferentes

configurações de paisagem, sendo a maior parte em fragmentos pequenos (Ribeiro

et al. 2009).

21

O Estado do Paraná conserva em seu litoral alguns dos principais

remanescentes deste bioma, sendo representado por florestas de encosta (Floresta

Ombrófila Densa Alto-Montana, Montana e Sub-Montana) e de planície (Floresta

Ombrófila Densa de Terras Baixas e Aluvial), caracterizadas pela riqueza de

espécies arbóreas perenifólias organizadas em estratos definidos, associadas a

outras formas biológicas, igualmente diversas (Veloso & Klein 1961, Roderjan &

Kuniyoshi 1988). Em cada uma dessas tipologias, têm-se ainda diferentes estágios

sucessionais, em função do histórico de ocupação da área.

Os remanescentes de Floresta Ombrófila Densa no Paraná são entremeados

principalmente por pastagens, onde criam-se búfalos e por áreas de uso agrícolas

(banana, arroz, gengibre e mandioca). Devido a mudanças de atividades agrícolas e

com a crescente criação de áreas de preservação na região, principalmente por

iniciativas privadas (Ferreti & Britez 2006), muitos destes locais de uso intenso foram

abandonados e a vegetação encontra-se em um processo de regeneração natural.

Portanto a paisagem regional é a de um verdadeiro mosaico ambiental, onde áreas

florestais com diferentes níveis de interferência são intercaladas por pastagens

abandonadas e em diferentes estágios sucessionais.

Metodologia para o diagnóstico da vegetação

Para a caracterização e verificação em campo da vegetação da RPPN Perna

do Pirata foi realizada uma fase de campo onde foram visitadas áreas da

propriedade e da reserva. Foram percorridas as trilhas existentes (ver item B.1.14) e

outras picadas abertas no interior e bordas da propriedade, onde foram realizadas

observações e coletas esporádicas de material botânico. Para a confirmação das

espécies e correta identificação utilizou-se consulta à literatura especializada e

manuais de identificação em campo.

A metodologia utilizada foi a Avaliação Ecológica Rápida (AER) que consiste

em um método diagnóstico utilizado para inferir sobre o estado de conservação de

florestas naturais, fragmentos ou remanescentes florestais, baseado em usos de

indicadores (Abate, 1992; Koop et al., 1994). Como indicadores, foram levantadas

informações que permitiriam uma caracterização fitofisionômica das comunidades

vegetais existentes: foram considerados os aspectos florísticos, estruturais e

22

históricos, quando possível, das comunidades vistoriadas. Também procurou-se

levantar, quando possível, questões referentes às pressões e ameaças

existentes.Os indicadores escolhidos permitiram a constância do método ao longo

de todo o diagnóstico, fornecendo dados relevantes e refletindo os diferentes graus

de conservação (Koop et al., 1994).

Para o mapeamento da vegetação foram utilizadas ortofotos “Bing Maps

aerial” da Microsoft e ESRI de 2007 e 2008 juntamente com imagens de satélite

GeoEye Ikonos com data de passagem de 2001 trabalhadas em ambiente ArcGIS –

10 na escala de 1:6.000. Para a fotointerpretação, fez-se a leitura, sendo definidas

as categorias gerais das fitofisionomias adotando a terminologia do Sistema de

Classificação da Vegetação Brasileira do IBGE (IBGE, 1992). Em seguida foram

elaboradas as legendas para as classes criadas. Após definidas as categorias,

demarcou-se os limite das classes e os polígonos formados foram classificados

segundo a legenda. Finalmente foi calculada a área em superfície (hectares) e

gerados os mapas de distribuição das classes de vegetação definidas na

classificação.

Características gerais da vegetação

A RPPN Perna do Pirata localiza-se em uma região onde originalmente

ocorria a Floresta Ombrólia Densa Submontana, mas em função de atividades

antrópicas, atualmente a cobertura original da região encontra-se alterada com

florestas em diferentes estágios de sucessão e pequenas porções de floresta

primária. No entanto a RPPN encontra-se em uma situação privilegiada inserida em

uma matriz florestada e em um bom estado de conservação, visto que a maioria da

cobertura vegetal é composta de floresta em estágio secundário intermediário,

estágio secundário avançado e floresta primária (Tabela 1)

Em campo foram percorridas as trilhas e picadas por toda a extensão da

RPPN, sendo marcados 10 pontos aleatórios para amostragem da vegetação

(Figura 8). Utilizando as ortofotos e os dados coletados em campo foram

identificadas as seguintes classes de vegetação: área antropizada, campo, cultivo,

floresta em estágio secundário inicial, estágio secundário intermediário, estágio

secundário avançado e floresta primária (Figura 8). Durante a fase de campo foi

23

identificada a ocorrência de corte seletivo de plantas, principalmente do palmito

Juçara (Euterpe edulis).

Tabela 1. Área de ocupação em hectares e porcentagem (entre parênteses) das fitofisionomias encontradas dentro da propriedade onde está localizada a RPPN Perna do Pirata.

Vegetação Fora da RPPN RPPN Área total

Antropizada 0,88 (3,9%) - 0,88 (2,2%)

Campo 0,16 (0,7%) - 0,16 (0,4%)

Cultivo 1,12 (5,0%) 0,45 (2,4%) 1,57 (3,8%)

Secundária Inicial 3,58 (15,9%)

- 3,58 (8,7%)

Secundária Intermediária 11,90 (52,8%) 7,55 (40,7%) 19,45 (47,3%)

Secundária Avançada 4,90 (21,7%) 2,15 (11,6%) 7,04 (17,1%)

Primária - 8,40 (45,3%) 8,40 (20,4%)

24

Figura 8: Distribuição das fitofisionomias encontradas na propriedade onde está

localizada a RPPN Perna do Pirata em Morretes, Paraná.

25

Área antropizada

Áreas antrópicas são áreas naturais que sofrem alguma interferência humana,

como construções, estradas e áreas de recreação que compactam, empobrecem e

até impermeabilizam o solo. Desta forma, a vegetação predominante nestes locais é

herbácea e ruderal. Uma vez abandonadas, estas áreas tendem a se recuperar e

dar início ao processo de recolonização e sucessão natural.

As principais espécies herbáceas e arbustivas encontradas foram carrapicho

Desmodium sp., assa-peixe Vernonia sp., Vassoura Baccharis sp. e espécies da

família Siperacea. Além destas, foram encontrada espécies exóticas frutíferas como

mexerica Citrus reticulata.

Campo

Fitofisionomia caracterizada pela ocorrência de espécies herbáceas e

arbustivas pioneiras, representada principalmente por espécies heliófitas, tais como

gramíneas Andropogon bicornis, Brachiaria humidicola, B. mutica, Eragrostis sp,

Paspalum dilatatum, Panicum spp – Poaceae e pixiricas Ossaea amigdaloides,

Leandra spp, Miconia spp. Tal formação é reconhecida popularmente por

“capoerinha”, dando aparência de áreas campestres. Nessa situação a diversidade

de espécies arbóreas é reduzida, sendo encontradas espécies de ciclo vital reduzido

e crescimento rápido, formando maciços, onde predominam tapororocas Myrsine

coriacea e carova Jacaranda puberula, entre outras.

Cultivo

Áreas de uso agrícola foram atribuídas à classe de cultivo. A úníca atividade

observada na RPPN e no entorno foi o cultivo de banana (Musa sp.). Áreas de

cultivo correspondem a uma pequena área da RPPN (2,4%) e do (5%), ocupando

3,8% da área total da propriedade. Os cultivos de banana não são manejados

sistematicamente, e são atualmente abandonados.

Floresta em estágio secundário inicial.

São florestas estabelecidas em locais onde impactos antrópicos e atividades

agrícolas cessaram há aproximadamente 10 anos. Estas florestas são provenientes

26

da regeneração natural favorecida pela dispersão de sementes trazidas das

formações vegetais adjacentes. Na RPPN estas florestas estão ausentes, no elas

ocupam aproximadamente 16% da área. Como características estruturais estas

florestas apresentam altura média do dossel de 5 a 10 metros, ausência de estratos

inferiores bem definidos (sub-bosque), poucas epífitas e lianas e baixa diversidade

arbórea. Dentre as espécies encontradas destacam-se aleluia Senna

multijuga,canela amarela Nectandra membranacea, canela Juçara Nectandra

oppositifolia, carova Jacaranda puberula, caúna Ilex sp., jacatirão Tibouchina

pulchra, jacatirão de copada Miconia cinnamomifolia, covatã Cupania oblongifolia,

guaçatunga vermelha Casearia obliqua, guaçatunga preta Caseari a sylvestris,

guaricica Vochysia bifalcata, pixirica Miconia cinerascens, tabocuva Pera glabrata,

tapiá Alchornea sp., tapororoca Myrsine coriacea. Também estão presentes algumas

espécies de sub-bosque como Piper arboreum e arbustos de Melastomataceas

como Ossaea amigdaloies e Miconia lanceolata.

Floresta em estágio secundário intermediário

Em áreas onde foram cessadas atividades antrópicas a aproximadamente 20

e 30 anos, encontram-se florestas em estágio secundário intermediário de sucessão.

Estas florestas se estabeleceram em locais onde eram praticadas atividades

agrícolas de pequena escala, principalmente em clareiras abertas na floresta. Após o

abandono essas áreas são colonizadas por espécies pioneiras dando início ao

processo de sucessão e substituição de espécies. Nestas florestas são encontradas

espécies pioneiras do estágio inicial de sucessão bem como espécies secundárias

tardias e algumas espécies de estágios avançados. O dossel é bem formado com

altura que varia de 10 a 20 metros, com alguns indivíduos emergentes de guaricica

Vochysia bifalcata chegando a alturas superiores. Dentre as espécies encontradas

pode-se destacar pau carvão Amaioua guianensis, corticeira Rollinia sericea, covatã

Cupania oblongifolia, guamirim ferro Myrcia pubypetela, guapeva Pouteria venosa,

guapurunga Marlierea tomentosa, laranjeira imbiúva Sloanea guianensis, guaricica

Vochysia bifalcata, jaguapiroca Marlierea obscura, miguel pintado Matayba

guianensis e indivíduos de tapiá Alchornea sp., urucurana Hyeronima alchorneoides

27

e tabocuva Pera glabrata. e guaçatunga vermelha e preta Casearia obliqua,

Casearia sylvestris respectivamente.

Pode-se observar o início da formação do sub-bosque com indivíduos de flor

de cera Psychotria nuda, maria mole Guapira opposita típicos deste estrato florestal

assim como indivíduos de pequeno porte de espécies secundárias tardias e

pioneiras.

Floresta em estágio secundário avançado

Esta fitofisionomia se assemelha a floresta primária em estrutura e

composição de espécies, correspondendo a aproximadamente 12% da área da

RPPN e a 17% da área total da propriedade. Foram consideradas nesta classe de

vegetação florestas com sinal de intervenção que ocorreram há provavelmente mais

de 50 anos, dentre as características utilizadas para a classificação estão a ausência

de espécies de valor comercial (lauraceas) de grande porte, estratos bem definidos,

presença de epífitas e lianas de menor porte. No geral as espécies do dossel que

também são encontradas em florestas primárias possuem menor porte em florestas

de estágio avançado. O dossel é bem fechado com 10 a 20 metros de altura. Dentre

as espécies observadas pode-se destacar Bacopari Garcinia gardneriana, bocuva

Virola bicuhyba, Canela niutinga Cryptocaria mandioccana, chapéu de couro

Pausandra morisiana, coração de negro Actinostemon concolor, guacá Trichilia

lepidota, guamirim ferro Myrcia pubypetela, laranjeira imbiúva Sloanea guianensis,

Pau jacu Psychotria mapourioides, jorovarana Quiina glaziovii. Também são

encontradas espécies comuns a estágios secundários intermediários e inicias como

tapiá Alchornea sp., urucurana Hyeronima alchorneoides e tabocuva Pera glabrata.

O sub-bosque é bem formado com cerca de 2 a 4 metros de altura onde são

encontrados pau andré Mollinedia schottiana, flor de cera Psychotria nuda e

indivíduos de menor porte de cajujão Bathysa australis e palmito Juçara Euterpe

edulis entre outras.

Floresta Primária

Foram consideradas dentro desta fitofisionomia florestas sem sinais de

ocorrência de corte raso e com pouca alteração devido a impactos antrópicos, a

28

principal atividade impactante observada nessas florestas foi o corte seletivo de

plantas, principalmente de palmito Juçara (Euterpe edulis). Essa classe de

vegetação corresponde a aproximadamente 45% da área da RPPN e 20% da área

total da propriedade. Essas florestas ocorrem em locais de difícil acesso no topo de

morros e vale de rios, com dois ou três estratos bem formados. O dossel é bem

fechado pelas copas das árvores chegando a 30 metros de altura sendo possível

verificar a presença de muitas lianas e epífitas vasculares. Espécies das famílias

Myrtacea e Lauracea são frequentes. Dentre as espécies presentes no dossel se

destacam alasão Eugenia multicostata, alméscar Protium kleinii, araribá

Centrolobium microchaete, bocuva Virola bicuhyba, canela niutinga Cryptocaria

mandioccana, canela preta Ocotea catharinensis, cauví Psedopiptadenia warmingii,

cupiúva Tapirira guianensis, guamirim ameixa Gomidesia spectabilis,laranjeira

Zollernia sp., Guarapicica Pseudolmedia hirtula, sangueiro Pterocarpus rohrii,

figueira goiaba Ficus gomelleira.

O estrato inferior ou sub-bosque com cerca de 2 a 6 metros de altura

apresenta espécies adaptadas a este habitat assim como espécies de dossel de

outros estágios de successão. Pode-se destacar o cajujão Bathysa australis, pau

andré Mollinedia schottiana e palmito Juçara Euterpe edulis.

1.6 Fauna

1.6.1 Anfíbios

Contexto Geral

A Floresta Atlântica é um bioma com uma das maiores taxas de endemismo

entre anfíbios e ao mesmo tempo, devido a exploração intensa de seus recursos

naturais, é considerada como uma das florestas mais ameaçadas do mundo. A

região da RPPN está inserida nesse histórico de atividades exploratórias com

conseqüente degradação dos ecossistemas, que ocorreu principalmente no século

XX. A área caracteriza-se pela ocorrência de corte seletivo e até corte raso em

algumas localidades, gerando formações vegetais sucessionais distintas, e logo se

29

espera que a fauna de anfíbios possa ser configurada por espécies de variadas

origens biogeográficas. Não existe estudo prévio publicado com a fauna da região.

Espécies com Ocorrência na Região

Por meio de levantamentos ocasionais entre 2000 e 2013, e também por meio

de consulta bibliográfica, a fauna de anfíbios da região foi caracterizada contendo

oito famílias de anuros, agrupando 31 espécies (Tabela 2). O total de espécies

listadas corresponde a cerca de 15% da anurofauna conhecida para o Estado do

Paraná. No entanto, com estudos específicos a riqueza de espécies deve se

aproximar de 50 espécies.

Tabela 2 - Lista das espécies de anfíbios anuros registradas ou esperadas para a região, distribuídas em suas respectivas famílias e classificadas quanto a habitat e ao registro.

NOME DO TAXON (FAMÍLIA E ESPÉCIE)

NOME POPULAR HABITAT

Família Bufonidae

Rhinella abei Sapo-cururu Ca, Cm, Fl, Bb

Rhinella ictericus Ca, Cm, Fl, Bb

Dendrophryniscus leucomystax sapinho

Família Brachycephalidae Ischnocnema guentheri Fl

Ischnocnema binotatus

Fl

Família Hylidae Aplastodiscus perviridis Perereca-verde Bb

Aplastodiscus albosignatus Perereca-flautinha Fl, Bb

Hypsiboas bischoffi Perereca Fl, Bb

Hypsiboas faber Sapo-ferreiro Cm, Bb

Hypsiboas hilax Fl

Dendropsophus minutus Pererequinha-do-brejo Bb,

Dendropsophus werneri

Bb

Phyllomedusa distincta Perereca-macaco Fl, Bb

Scinax catharinae Perereca-risonha Fl, Bb

Scinax littoralis Perereca-do-litoral Bb,

Scinax fuscovarius Perereca-do-banheiro Bb,

Scinax perereca Perereca-esverdeada Fl, Bb

30

Scinax rizibilis Perereca-risadinha Fl

Família Centrolenidae Hyalinobatrachium uranoscopum

perereca-de-vidro Ca

Família Hylodidae Hylodes heyeri

Ca

Família Leptodactylidae Leptodactylus fuscus Rã-assobiadora Cm, Bb

Leptodactylus notoaktites Rã-goteira Fl, Bb

Leptodactylus ocellatus Rã-manteiga Ca, Bb

Leptodactylus marmoratus

Cm

Odontophrynus americanus Rã-boi Fl, Bb

Proceratophrys boiei Sapo-de-chifre Fl, Bb Família Leiuperidae Physalaemus gracilis Rã-chorona Bb

Physalaemus maculiventris Rã-bugio Fl, Bb

Physalaemus olfersi Fl, Bb

Família Microhylidae Sphaenorhynchus surdus

Perereca-nariz-de-cunha Fl, Bb

Elachistocleis bicolor Sapo-guardinha Fl, Bb

Legenda dos habitats: Cursos d’água (Ca); Campos (Cm); Floresta (Fl); Brejos e banhados

(Bb).

Características das Espécies que Ocorrem na Região

Devido ao desmatamento, ao mau uso do solo e do comprometimento da

qualidade das águas continentais, foi observado o declínio de populações de anuros

em diversas regiões do mundo (Heyer et al., 1983). Em função disto, estes

organismos têm sido reconhecidos como indicadores de qualidade ambiental (e.g.

Vitt et al., 1990; Blaustein & Wake, 1990; Bernarde et al., 1997).

Algumas das espécies que ocorrem na área são típicas de ambientes abertos,

alterados ou não. Estas espécies têm origens evolutivas distintas daquelas que

possuem maior dependência com ambientes florestados e geralmente são de ampla

distribuição geográfica. Espécies como D. minutus, H. faber, A. perviridis e L.

ocellatus são exemplos de espécies com ocorrência original em áreas de campos e

cerrado que vêm ocupando áreas abertas próximas em áreas de ocorrência de

florestas.

31

Mas é considerável o número de espécies que ocorrem na região e que são

dependentes de ambientes típicos da Floresta Atlântica. Destacam-se espécies

estritamente dependentes de ambientes florestados como Ischnocnema spp., e

Scinax spp; e também espécies dependentes de cursos d´água em florestas:

Hyalinobatrachium uranoscopum e Hylodes heyeri.

Algumas das espécies estão em listas de espécies ameaçadas de extinção

em nível estadual: H. uranoscopum e P. maculiventris (DD) ou foram recentemente

descritas: S. perereca e Hylodes heyeri.

Desta forma, conclui-se que a região é de extrema importância para a

comunidade de anfíbios, tanto para a conservação destas espécies como para o

melhor entendimento da biologia e história de vida destes grupos. Por abrigar

diversos tipos de microhabitats, e por estar em conexão a um mosaico com

predominância de floresta nativa, propicia condições de habitat e também condições

de reprodução. E especialmente para as espécies florestais e de rios, as condições

do ambiente para sua reprodução não pode ser mantida em ambientes

antropizados, ou recriados artificialmente, como ocorre com a maioria das espécies

de áreas abertas e que reproduzem em tanques e ambientes lênticos em geral.

1.6.2 Répteis

Contexto Geral

Uma grande parte da fauna de répteis assinalada para a Mata Atlântica e

Campos Sulinos é de ampla distribuição geográfica, ocorrendo em outras formações

como na Amazônia, cerrados e mesmo as caatingas. No entanto, são conhecidas

espécies endêmicas ou com distribuição marcante na região da Mata Atlântica

(Morato, 1995). O grande risco da maioria das espécies em qualquer ambiente, em

especial as de ocorrência restrita, se deve à progressiva destruição dos habitats.

A maioria dos répteis é ovípara e esconde seus ovos no solo ou buracos em

madeiras onde o calor do ambiente ajuda a incubá-los. São animais cuja

32

temperatura interna do corpo varia de acordo com a temperatura do ambiente e, por

isso, são mais frequentemente encontrados na região em épocas de temperaturas

mais elevada (Zug, 1993).

Espécies com Ocorrência na Região

Através de observações ocasionais e levantamento bibliográfico, a fauna de

répteis da região foi caracterizada contendo 11 famílias de répteis, totalizando 41

espécies (Tabela 3). O total de espécies registradas corresponde a cerca de 20% da

fauna de répteis conhecida para o Estado do Paraná.

Tabela 3 - Lista das espécies de répteis registradas e esperadas para a região,

distribuídas em suas respectivas famílias.

NOME DO TÁXON (ORDEM, FAMÍLIA E ESPÉCIE)

HABITAT NOME POPULAR

Ordem Squamata

Família Polychrotidae

Enyalus iheringii Fl Papa-vento Anisolepsis grilli Cm, Fl Lagartixa-comum Urostrophus vautieri Cm, Fl Calango-liso

Família Anguidae Ophiodes striatus Cm, Fl Cobra-de-vidro

FamíliaTeiidae

Tupinambis merianae Cm, Fl, Bb Teiú

Família Gymnophtalmidae Placosoma glabellum Fl

Pantodactylus schreibersi Ca Calango-verde

Família Scincidae

Mabuya dorsivitata Ca Lagartixa-papa-vento

Família Gekkonidae Hemidactylus mabouia Ca, Cm Lagartixa-doméstica

Família Amphisbaenidae Amphisbaena alba Ca Cobra-de-duas-cabeças

33

Família Colubridae

Atractus trihedrurus Fl Atractus zebrinus Fl Chironius bicarinatus Fl, BB Cobra-cipó

Chironius exoletus Fl Chironius fuscus Fl Chironius laevicollis Fl

Clelia plumbea Fl Dipsas albifrons Fl Dipsas alternans Fl

Dipsas neivai Fl Echinanthera bilineata Fl

Echinanthera cephalostriata Fl

Echinanthera persimilis Fl Echinantera cyanopleura Fl Erythrolamprus aesculapii Fl

Helicops carinicaudus Fl Liophis miliaris Fl L. poecilogyrus Fl

Oxyrhopus clathratus Fl Falsa-coral Pseudoboa haasi Fl Muçurana Sibynomorphus neuwiedi Fl

Spilotes pullatus Fl Taeniophallus affinis Fl Thamnodinastes strigatus Cm, Fl Corredeira

Tomodon dorsatus Cm, Fl Tropidodryas serra Fl Uromacerina ricardinii Fl

Xenodon neuwiedii Fl Boipeva-raiada Família Elapidae Micrurus frontalis

Fl Coral-verdadeira

Família Viperidae Bothrops jararacussu Fl, BB Jararacuçu B. jararaca Cm, Fl, Bb Jararaca

B. neuwiedi Fl Jararaca-pintada

Legenda dos habitats: Cursos d’água (Ca); Campos (Cm); Floresta (Fl); Brejos e banhados

(Bb). Registros - tipo: Visual (V); Auditivo (A); Bibliográfico (B); local – na área da RPPN (R);

no entorno (E).

34

Característica das espécies que ocorrem na região

Mesmo sendo preparada principalmente com base em dados secundários

esta listagem pode estar ainda subestimada, sendo, entretanto, suficiente para servir

de apoio ao gerenciamento das atividades do plano de manejo da RPPN. A região é

habitat para oito espécies de lagartos, sendo sete destas estritamente associadas ao

ambiente florestal. Entre as cobras, 29 espécies de três famílias são passíveis de

ocorrência (Morato 1995). Ao todo 38 espécies de répteis foram registradas como de

alta probabilidade de ocorrer dentro dos limites da área da RPPN.

As espécies listadas representam ampla variação de adaptação ao habitat.

Algumas espécies, embora possam ocorrer em áreas de floresta, são mais comuns

em áreas de campo e vegetação densa, caso de Tupinambis merianae e algumas

cobras, como Liophis spp. A maioria das espécies são pouco conhecidas, embora

muitas sejam de ocorrência comum (Morato 1995), e por isso é importante à

manutenção destas espécies na área.

Entre as espécies de hábitos florestais, destacam-se Enyalus iheringii,

Anisolepsis grilli, Echinantera cyanopleura, Oxyrhopus clathratus, Taeniophallus

affinis e Micrurus frontalis. Devido à região estar situada em área de transição entre

a serra e planície, praticamente todas as espécies são de provável ocorrência na

região.

1.6.3 Avifauna

Contexto geral

A RPPN situa-se na Região Neotropical (Muller, 1973), particularmente na

Província Atlântica (correspondente à zona geográfica denominada Mata Atlântica.

Segundo Cracraft (1985), essa região insere-se na área de endemismos

denominada de "Centro da Serra do Mar", e abriga vasta extensão da Planície

Costeira Brasileira, limitada especialmente pela Serra do Mar. Toda essa região é

caracterizada pelo predomínio das Florestas Ombrófila Densa, além de enclaves e

35

ecótones com os tipos vegetacionais circundantes nas regiões limítrofes e nos vales

dos principais rios e baias que drenam a região (IBGE, 1992).

Ao longo de sua extensão, a região de domínio da Floresta Atlântica não é

homogênea quanto à sua fauna associada, sendo que, mesmo em áreas contíguas,

os conjuntos de espécies podem variar em função das mudanças de fisionomia da

paisagem, presença ou proximidades de outros tipos de vegetação, clima, relevo,

etc. Todos esses fatores são determinantes, então, para que haja diversos conjuntos

ou padrões de distribuição da fauna, que variam de região para região de acordo

com a maior proximidade da formação contígua (Straube e Reinert, 1995; Morato et

al, 1993; Morato, 1995).

Espécies com Ocorrência na Região

Foram registradas, com base em levantamentos ocasionais em campo e

bibliográficos, para a região da RPPN, 209 espécies de aves (Tabela 4),

representando 25% das aves encontradas no estado do Paraná (Scherer-Neto &

Straube, 1995). As espécies encontradas estão distribuídas em 16 ordens e 46

famílias, sendo 24 famílias de passeriformes (55%) e as demais de não

passeriformes. As famílias com maior número de espécies foram: Tyrannidae com

33 espécies, Thraupidae com 15 e Furnariidae com 14. A maioria das espécies

possui um hábito relacionado ao ambiente florestal. Diversas espécies entre as

registradas são consideradas como representantes das áreas de endemismo Paraná

e Serra do Mar quando estas são agregadas, conforme Cracraft (1985).

Tabela 4 - Lista das espécies de aves com potencial ocorrência na RPPN.

NOME DO TÁXON (ORDEM, FAMÍLIA E ESPÉCIE) NOME POPULAR

Ordem Tinamiformes

Família Tinamidae Tinamus solitarius Macuco Crypturellus obsoletus Inhambuguaçu Crypturellus tataupa Inhambu-chintã Ordem Galliformes

36

Tabela 4 - Lista das espécies de aves com potencial ocorrência na RPPN.

NOME DO TÁXON (ORDEM, FAMÍLIA E ESPÉCIE) NOME POPULAR

Família Cracidae Penelope obscura Jacuaçu Família Odontophoridae Odontophorus capueira Uru Ordem Cathartiformes Família Cathartidae Cathartes aura Urubu-de-cabeça-vermelha Coragyps atratus Urubu-de-cabeça-preta Ordem Falconiformes Família Accipitridae Leptodon cayanensis Gavião-de-cabeça-cinza Elanoides forficatus Gavião-tesoura Elanus leucurus Gavião-peneira Accipiter striatus Gavião-miúdo Leucopternis polionotus Gavião-pombo-grande Leucopternis lacernulatus Gavião-pombo-pequeno Rupornis magnirostris Gavião-carijó Spizaetus tyrannus Gavião-pega-macaco Família Falconidae Milvago chimachima Carrapateiro Caracara plancus Caracará Micrastur ruficollis Falcão-caburé Falco sparverius Quiriquiri Ordem Gruiformes Família Rallidae Aramides saracura Saracura-do-mato Pardirallus nigricans Saracura-sanã Ordem Charadriiformes Família Charadriidae Vanellus chilensis Quero-quero Ordem Columbiformes Família Columbidae Columbina talpacoti Rolinha-roxa Patagioenas plumbea Pomba-amargosa Zenaida auriculata Pomba-de-bando Leptotila verreauxi Juriti-pupu Leptotila rufaxilla Juriti-gemedeira Geotrygo montana Juriti-do-chão Ordem Psittaciformes Família Psittacidae

37

Tabela 4 - Lista das espécies de aves com potencial ocorrência na RPPN.

NOME DO TÁXON (ORDEM, FAMÍLIA E ESPÉCIE) NOME POPULAR

Pyrrhura frontalis Tiriba-de-testa-vermelha Pionopsitta pileata Cuiú-cuiú Brotogeris tirica Periquito Pionus maximiliani Maitaca-verde Ordem Cuculiformes Família Cuculidae Piaya cayana alma-de-gato Crotophaga ani Anu-preto Guira guira Anu-branco Tapera naevia Saci Ordem Strigiformes Família Tytonidae Tyto alba Coruja-da-igreja Família Strigidae Megascops choliba Corujinha-do-mato Pulsatrix koeniswaldiana Murucututu-de-barriga-amarela Strix hylophila Coruja-listrada Athene cunicularia Coruja-buraqueira Rhinoptynx clamator Coruja-orelhuda Ordem Caprimulgiformes Família Nyctibiidae Nyctibius griseus Mãe-da-lua Família Caprimulgidae Lurocalis semitorquatus Tuju Hydropsalis albicollis Bacurau Macropsalis forcipata Bacurau-tesoura-gigante Ordem Apodiformes Família Apodidae Streptoprocne zonaris Taperuçu-de-coleira-branca Chaetura meridionalis Andorinhão-do-temporal Família Trochilidae Phaethornis eurynome Rabo-branco-de-garganta-rajada Florisuga fusca Beija-flor-preto Anthracothorax nigricollis Beija-flor-de-veste-preta Chlorostilbon aureoventris Besourinho-de-bico-vemelho Thalurania glaucopis Beija-flor-de-fronte-violeta Leucochloris albicollis Beija-flor-de-papo-branco Amazilia versicolor Beija-flor-de-banda-branca Clytolaema rubricauda Beija-flor-rubi Ordem Trogoniformes

38

Tabela 4 - Lista das espécies de aves com potencial ocorrência na RPPN.

NOME DO TÁXON (ORDEM, FAMÍLIA E ESPÉCIE) NOME POPULAR

Família Trogonidae Trogon surrucura Surucuá-variado Trogon rufus Surucuá-de-barriga-amarela Ordem Coraciiformes Família Alcedinidae Ceryle torquatus Martim-pescador-grande Chloroceryle amazona Martim-pescador-verde Chloroceryle americana Martim-pescador-pequeno Família Momotidae Baryphthengus ruficapillus Juruva-verde Ordem Piciformes Família Ramphastidae Ramphastos dicolorus Tucano-de-bico-verde Família Picidae Picumnus temminckii Pica-pau-anão-de-coleira Melanerpes candidus Birro, pica-pau-branco Melanerpes flavifrons Benedito-de-testa-amarela Veniliornis spilogaster Picapauzinho-verde-carijó Piculus aurulentus Pica-pau-dourado Colaptes campestris Pica-pau-do-campo Celeus flavescens Pica-pau-de-cabeça-amarela Dryocopus lineatus Pica-pau-de-banda-branca Ordem Passeriformes Família Thamnophilidae Batara cinerea Matracão Mackenziaena leachii Borralhara-assobiadora Mackenziaena severa Borralhara Thamnophilus caerulescens Choca-da-mata Thamnophilus ruficapillus Choca-de-chapéu-vermelho Dysithamnus mentalis Choquinha-lisa Myrmotherula gularis Choquinha-de-garganta-pintada Drymophila ferruginea Trovoada Drymophila malura Choquinha-carijó Pyriglena leucoptera Papa-taoca-do-sul Família Conopophagidae Conopophaga lineata Chupa-dente Conopophaga melanops Chupa-dente-de-máscara Família Grallariidae Hylopezus nattereri Pinto-do-mato Família Rhinocryptidae

39

Tabela 4 - Lista das espécies de aves com potencial ocorrência na RPPN.

NOME DO TÁXON (ORDEM, FAMÍLIA E ESPÉCIE) NOME POPULAR

Scytalopus indigoticus Macuquinho Família Formicariidae Formicarius colma Pinto-do-mato Chamaeza campanisona Tovaca-campainha Família Scleruridae Sclerurus scansor Vira-folha Família Dendrocolaptidae Sittasomus griseicapillus Arapaçu-verde Xiphocolaptes albicollis Arapaçu-de-garganta-branca Dendrocolaptes platyrostris Arapaçu-grande Lepidocolaptes falcinellus Arapaçu-escamado-do-sul Campylorhamphus falcularius Arapaçu-de-bico-torto Família Furnariidae Furnarius rufus João-de-barro Synallaxis ruficapilla Pichororé Synallaxis cinerascens Pi-puí Synallaxis spixi João-teneném Cranioleuca obsoleta Arredio-oliváceo Cranioleuca pallida Arredio-pálido Anabacerthia amaurotis Limpa-folha-miúdo Syndactyla rufosuperciliata Trepador-quiete Philydor rufum Limpa-folha-de-testa-baia Anabazenops fuscus Trepador-coleira Lochmias nematura João-porca Heliobletus contaminatus Trepadorzinho Xenops minutus Bico-virado-miúdo Xenops rutilans Bico-virado-carijó Família Tyrannidae Mionectes rufiventris Abre-asa-de-cabeça-cinza Leptopogon amaurocephalus Cabeçudo Hemitriccus diops Olho-falso Hemitriccus nidipendulus Tachuri-campainha Poecilotriccus plumbeiceps Tororó Phyllomyias fasciatus Piolhinho Phyllomyias griseocapilla Piolhinho-serrano Elaenia flavogaster Guaracava-de-barriga-amarela Elaenia mesoleuca Tuque Camptostoma obsoletum Risadinha Serpophaga subcristata Alegrinho Phylloscartes ventralis Borboletinha-do-mato Phylloscartes oustaleti Borboletinha Tolmomyias sulphurescens Bico-chato-de-orelha-preta Platyrinchus mystaceus Patinho Myiophobus fasciatus Filipe

40

Tabela 4 - Lista das espécies de aves com potencial ocorrência na RPPN.

NOME DO TÁXON (ORDEM, FAMÍLIA E ESPÉCIE) NOME POPULAR

Lathrotriccus euleri Enferrujado Cnemotriccus fuscatus Guaracavuçu Pyrocephalus rubinus Príncipe Satrapa icterophrys Suiriri-pequeno Colonia colonus Viuvinha Machetornis rixosa Suiriri-cavaleiro Legatus leucophaius Bem-te-vi-pirata Myiozetetes similis Bentevizinho-de-penacho-vermelho Pitangus sulphuratus Bem-te-vi Myiodynastes maculatus Bem-te-vi-rajado Megarynchus pitangua Neinei Empidonomus varius Peitica Tyrannus melancholicus Suiriri Tyrannus savana Tesourinha Sirystes sibilator Gritador Myiarchus ferox Maria-cavaleira Attila phoenicurus Capitão-castanho Família Cotingidae Carpornis cucullata Corocochó Procnias nudicollis Araponga Família Pipridae Chiroxiphia caudata Tangará Família Tityridae Schiffornis virescens Flautim Pachyramphus viridis Caneleiro-verde Pachyramphus castaneus Caneleiro Pachyramphus polychopterus Caneleiro-preto Pachyramphus validus Caneleiro-de-chapéu-preto Família Vireonidae Cyclarhis gujanensis Pitiguari Vireo olivaceus Juruviara Hylophilus poicilotis Verdinho-coroado Família Corvidae Cyanocorax caeruleus Gralha-azul Família Hirundinidae Tachycineta leucorrhoa Andorinha-de-sobre-branco Progne chalybea Andorinha-doméstica-grande Pygochelidon cyanoleuca Andorinha-pequena-de-casa Stelgidopteryx ruficollis Andorinha-serradora Família Troglodytidae Troglodytes musculus Corruíra

41

Tabela 4 - Lista das espécies de aves com potencial ocorrência na RPPN.

NOME DO TÁXON (ORDEM, FAMÍLIA E ESPÉCIE) NOME POPULAR

Família Turdidae Turdus flavipes Sabiá-uma Turdus subalaris Sabiá-ferreiro Turdus rufiventris Sabiá-laranjeira Turdus amaurochalinus Sabiá-poca Turdus albicollis Sabiá-coleira Família Coerebidae Coereba flaveola Cambacica Família Thraupidae Trichothraupis melanops Tiê-de-topete Habia rubica Tiê-do-mato-grosso Tachyphonus coronatus Tiê-preto Thraupis sayaca Sanhaçu-cinzento Ramphocelus bresilius Tiê-sangue Stephanophorus diadematus Sanhaçu-frade Pipraeidea melanonota Saíra-viúva Tangara seledon Saíra-sete-cores Tangara cyanocephala Saíra-militar Tangara desmaresti Saíra-lagarta Tangara peruviana Saíra-sapucaia Tersina viridis Saí-andorinha Dacnis cayana Saí-azul Hemithraupis guira Saíra-de-papo-preto Conirostrum speciosum Figuinha-de-rabo-castanho Família Emberizidae Zonotrichia capensis Tico-tico Haplospiza unicolor Cigarra-bambu Poospiza lateralis Quete Sicalis flaveola Canário-da-terra-verdadeiro Volatinia jacarina Tiziu Sporophila lineola Bigodinho Sporophila caerulescens Coleirinho Sporophila angolensis Curió Família Cardinalidae Saltator fuliginosus Pimentão Saltator similis Trinca-ferro-verdadeiro Cyanocompsa brissonii Azulão Família Parulidae Parula pitiayumi Mariquita Geothlypis aequinoctialis Pia-cobra Basileuterus culicivorus Pula-pula Phaeothlypis rivularis Pula-pula-do-rio

42

Tabela 4 - Lista das espécies de aves com potencial ocorrência na RPPN.

NOME DO TÁXON (ORDEM, FAMÍLIA E ESPÉCIE) NOME POPULAR

Família Icteridae Cacicus chrysopterus Tecelão Cacicus haemorrhous Guaxe Molothrus bonariensis Vira-bosta Família Fringillidae Euphonia violacea Gaturamo-verdadeiro Euphonia chalybea Cais-cais Euphonia pectoralis Ferro-velho

Espécies de Interesse Conservacionista

Foram selecionadas, com base na lista das aves com ocorrência na região,

espécies representantes de grupos variados, como aqueles de grande porte,

espécies ameaçadas de extinção, predadores de topo de cadeia alimentar, espécies

do estrato inferior da mata e grandes frugívoros, a fim de indicar alguns taxa de

interesse conservacionista para a RPPN (Tabela 5).

Tabela 5 - Lista das espécies de interesse conservacionista.

NOME DO TÁXON (ESPÉCIE) NOME POPULAR

Tinamus solitarius Macuco

Penelope obscura Jacuaçu

Leucopternis lacernulatus Gavião-pombo-pequeno

Spizaetus tyrannus Gavião-pega-macaco

Hylopezus nattereri Pinto-do-mato

Chamaeza campanisona Tovaca-campainha

Anabazenops fuscus Trepador-coleira

Carpornis cucullata Corocochó

Procnias nudicollis Araponga

Sporophila angolensis Curió

43

1.6.4 Mastofauna

Contexto Geral

A Mata Atlântica possui 73 espécies endêmicas de mamíferos (Fonseca et

al.1999), das quais 39 são consideradas em alguma categoria entre as ameaçadas

de extinção. Ao todo, cerca de 300 espécies ocorrem na Floresta Atlântica, das

quais muitas destas espécies são da ordem dos morcegos e não ocorrem de forma

simpátrica. Por exemplo, a região sul do Brasil apresenta um total de 70 espécies de

morcegos, distribuídas em sete famílias (Embalonuridae, Noctilionidae,

Phyllostomidae, Furipteridae, Thryropteridae, Vespertilionidae e Molossidae). No

entanto assim como os morcegos, a fauna de mamíferos do sul do Brasil em geral é

em diversos aspectos pouco conhecida e a região encontra-se em situação crítica

em relação ao estado de conservação de seus ambientes naturais, devido à

ocupação humana (Costa, 1986; Rizzini et al., 1988).

A fragmentação da floresta afeta esta fauna de diversas formas,

principalmente pela criação de populações pequenas e parcialmente isoladas. Como

conseqüência, a migração e a recolonização dos fragmentos é reduzidal, o que

aumenta a probabilidade das populações tornarem-se extintas. Populações locais

com densidades naturalmente baixas, dieta restrita ou que requerem grandes áreas

de uso têm maior probabilidade de extinção (Emmons, 1984, Meffe & Carroll, 1994),

e estas espécies são normalmente as mais raras e pouco ou nunca estudadas.

Pode ser esperado a ocorrência mais de 100 espécies de mamíferos na

região da RPPN, sendo que algumas espécies dentre estas estão em uma das

seguintes listas de animais em extinção: Lista Oficial de Espécies da Fauna

Brasileira Ameaçadas de Extinção (IBAMA, 2003) e Livro Vermelho dos Mamíferos

Ameaçados de Extinção do Paraná (Mikichi e Bérnils, 2004)

44

Espécies com Ocorrência na Região

Com base em observações ocasionais e levantamento de dados

bibliográficos, ao total, 85 espécies de 22 famílias são de potencial ocorrência para a

região, das quais grande parte é formada pelos morcegos, que representam cerca

de 50% das espécies registradas (Tabela 6). A maioria das espécies registradas

habita ambientes florestados, muitas vezes associado ao ambiente ripário. Entre as

espécies citadas estão grupos de pequeno porte, até grupos de grande porte, como

o caso da onça-parda Puma concolor. Especialmente entre as espécies de médio e

grande porte, muitas delas em situações de risco de extinção em nível estadual ou

nacional.

45

Tabela 6 - Espécies de mamíferos com ocorrência registrada ou muito provável na

área da RPPN.

ORDEM E

FAMÍLIA

ESPÉCIE

NOME POPULAR

AMBIENTE

Ordem Didelphimorfia

Família

Didelphidae

Didelphis

albiventris

Gambá de-orelha-

branca

F, MG,AA

Didelphis aurita Gambá-de-orelha-

preta

F, MG, AA

Philander opossum Cuíca-de-quatro-

olhos

F, MG, AA Monodelphis

iheringi

Guaiquica F, MG, P

Chironectes

minimus

Cuíca-d´água MG

Lutreolina

crassicaudata

Cuíca-da-cauda

grossa

F, P, C,

Marmosa sp. Guaiquica F, MG, P

Ordem Xenartra

Família

Mirmecophagidae

Tamandua

tetradactyla

Tamanduá-mirim F, MG

Família

Dasypodidae

Dasypus

novemcinctus

Tatu-galinha F, MG, C, AA

Dasypus

septemcinctus

Tatu-mulita F, MG

Cabassous tatouay Tatu-rabo-mole F, C, AA

Ordem Chiroptera

Família

Emballonuridae

Peropteryx

macrotis

Família

Phyllostomidae

Chrotopterus

auritus

Morcego-

bombochudo

Macrophyllum

macrophyllum

Micronycteris

megalotis

Mimon bennettii

Tonatia bidens

Anoura caudifer

Anoura geoffroyi

Glossophaga

soricina

Morcego-beija-flor

Carollia

perspicillata

Artibeus fimbriatus

46

Artibeus

jamaicensis

Artibeus lituratus Morcego-da-cara-

branca

Artibeus obscurus Morcego-das-frutas-do-

sudeste

Chiroderma doriae

Platyrrhinus

lineatus

Pygoderma

bilabiatum

Sturnira lilium Morcego-

pescador

Sturnira tildae

Vampyressa pusilla

Desmodus

rotundus

Diaemus youngi Morcego-vampiro

Diphylla ecaudata Morcego-vampiro-das-pernas-

peludas

Família

Vespertilionidae

Eptesicus

brasiliensis

Eptesicus

diminutus

Eptesicus furinalis

Histiotus velatus

Lasiurus borealis

Lasiurus cinereus

Myotis levis

Myotis nigricans

Myotis riparius

Myotis ruber

Família

Molossidae

Eumops

auripendulus

Eumops

bonariensis

Eumops hansae

Molossops abrasus

Molossops

planirostris

Molossus molossus Morcego-de-cauda-livre

Molossus rufus

Nyctinomops

laticaudatus

Promops nasutus

Tadarida

brasiliensis

Morcego-das-

casas

Ordem Primates

Família Cebidae Cebus paella Macaco-prego F

Família Atelidae Alouatta guariba Bugio-ruivo F

Ordem Carnivora

Família Canidae Cerdocyon thous Cachorro-do-mato F, MG, C

47

Família

Procyonidae

Procyon

cancrivorus

Mão-pelada F, AA, MG

Nasua nasua Quati F, MG

Família

Mustelidae

Lontra longicaudis Lontra MG Galictis cuja Furão F, AA, C

Eira Barbara Irara F, MG

Família Felidae

Puma concolor Puma F Leopardus pardalis Jaguatirica F, MG

L. wiedii Gato-maracajá F, MG

L. tigrinus Gato-do-mato F, MG

Ordem Peryssodactyla

Família Tapiridae

Tapirus terrestris Anta F

Ordem Artiodactyla

Família

Tayassuidae

Família Cervidae

Pecari tajacu Cateto F

Família Cervidae

Tayassu pecari Queixada F

Família Cervidae

Mazama

gouazoubira Veado-virá F

Ordem Rodentia

Família Sciuridae Sciurus aestuans Serelepe F, MG

Família

Agoutidae

Agouti paca Paca F, MG

Família Caviidae Cavia aperea. Preá P, C

Família

Dasyproctidae

Dasyprocta azarae

Cutia

F, MG

Família

Erethyzontidae

Sphiggurus villosus

Ouriço-cacheiro

F, MG

Família Muridae

Rattus norvergicus

(exótica)

Ratazana AA

Rattus rattus

(exótica)

Rato comum AA

Mus musculus Camudongo AA

Akodon serrensis Rato-do-mato F, P, AA

48

Oryzomys eliurus Rato-rabudo F

Oryzomys

flavescens

F Oxymycterus

roberti

Rato-do-brejo MG, C, P

Nectomys

squamipes

Rato-do-campo MG, P

Scapteromys sp. Rato-do-banhado MG, P

Hesperomys sp. C

*Ambientes: F= Floresta; MG= Mata de Galeria; C= Campo; P= Palúdico; AA= Área

Alterada

Características das Espécies que Ocorrem na Região

Ordem Didelphimorphia

A família Didelphidae é a única representante desta ordem na América do Sul

e apresenta ampla distribuição. A maioria das espécies apresenta hábitos noturnos e

solitários, freqüentando a maioria dos ambientes. Tem uma grande relação com

cursos d´água na floresta. O representante mais conhecido desta família é sem

dúvida o gambá, que é representado por duas espécies: gambá-de-orelha-preta

(Didelphis aurita) e o gambá-de-orelha-branca (Didelphis albiventris). Devido a seus

hábitos de vida, ocupa ambientes antropizados.

Porém, a maior parte dos didelfídeos esta representada por animais de

pequeno porte e pouco estudados com relação aos seus hábitos, costumes e

comportamento. Popularmente estes animais são conhecidos como cuícas,

guaiquicas e caititas, são muito exigentes e sua presença num determinado local

está vinculada às condições do ambiente. Estas e as demais espécies deste grupo

são pouco conhecidas e sua conservação é fundamental para entender os

mecanismos que agem sobre suas histórias de vida.

49

Ordem Xenarthra

A família Dasypodidae é composta pelos tatus, animais noturnos e solitários,

são onívoros, alimentando-se desde vegetais até pequenos vertebrados. São

espécies relativamente comuns, de hábitos conspícuos, os quais podem ser

evidenciados pelas tocas distribuídas pela área.

A família Myrmecophagidae é representada pelos tamanduás. Podem ser

considerados bioindicadores, pois são exigentes quanto à alimentação e

cosnervação do ambiente. O único representante desta família que deve ocorrer na

região é o tamanduá-mirim (Tamandua tetradactyla).

Ordem Chiroptera

Nos neotrópicos os morcegos estão associados de variadas formas à

manutenção das florestas, principalmente desempenhando papel importante na

dispersão de sementes e polinização (Constantine, 1970; Sazima & Sazima, 1978;

Fleming & Haeithaus, 1981; Uieda & Vasconcellos-Neto, 1985; Charles-Dominique,

1986). Por outro lado, a maioria das espécies é pouco estudada ou conhecida,

tornando importante a sua manutenção populacional em áreas de reserva.

Ordem Primates

A família Cebidae é composta por primatas de cauda prênsil, polegar oponível

e olhos grandes. São gregários, vivendo em grupos sociais básicos. O macaco

prego (Cebus apella) é a espécie mais comum, a qual alimenta-se de folhas, ovos,

flores ou frutos.

Um dos representantes da família Atelidae é Allouata guariba (bugio), animal

dependente de ambiente florestal em bom estado de conservação, considerado

ameaçado de extinção no Paraná.

Ordem Carnivora

Na família canidae os animais se alimentam de todos os tipos de vertebrados

e também de alguns invertebrados (moluscos, crustáceos e insetos). Os membros

da família Felidae caracterizam-se por serem exclusivamente carnívoros, com

50

tendência à redução de elementos dentários, predominando os caninos e o grande

molar carniceiro, o que os diferencia da família Canidae que retém outros molares

além dos carniceiros, que vão auxiliar na trituração dos ossos de suas vítimas. Na

área de estudo foi registrada a presença freqüente de gatos-do-mato (Leopardus

spp.) e a jaguatirica (Leopardus pardalis) na região.

Na família Mustelidae estão incluídos os furões, iraras, lontras, ariranhas e

zorrilhos. Seus representantes têm pernas caracteristicamente curtas, com cinco

dedos providos de garras fortes, corpo alongado, cabeça pequena e orelhas curtas.

Possuem glândulas anais desenvolvidas, responsáveis pelo odor forte e

característico destes animais, que também pode ser utilizado como meio de defesa.

Apresentam hábitos arborícolas, terrestres ou semi-aquáticos.

A lontra (Lontra longicaudis) é uma espécie bem adaptada à vida semi-

aquática e está presente na região. Tem hábitos predominantes noturnos e

freqüenta rios, lagos e mesmo pequenos cursos d’água. O hábitat restrito e o

interesse comercial definem a vulnerabilidade da espécie, sendo considerada como

ameaçada e extinta em muitas áreas. Outros representantes desta família que

ocorrem na região são: o furão (Galictis cuja) e a irara (Eira barbara).

A família Procyonidae é representada por animais onívoros, que apresentam

um considerável grau de sinantropia (capacidade de adaptação ao meio urbanizado)

e podem ser mais facilmente registrados na área da RPPN. O mão-pelada (Procyon

cancrivorus) é o representante desta família mais encontrado, animal de hábito

noturno e solitário, cobre grandes extensões durante seus passeios noturnos, sua

presença sempre está vinculada à existência de um rio. Outro representante da

família Procyonidae é o quati (Nasua nasua), animais de hábito diurnos e sociais,

são encontrados sempre em bandos, variando de 03 a 09 indivíduos.

Ordem Perissodactyla

A única família que representa o Brasil é a Tapiridae e por apenas uma

espécie, a anta (Tapirus terrestris), o maior mamífero da América do Sul. Este

animal herbívoro vive em ambientes florestais, geralmente próximo a algum tipo de

51

concentração de água. No Paraná sua presença está vinculada à região da Serra do

Mar e a Unidades de Conservação na região oeste do estado, sendo que sua

presença foi registrada nas imediações da reserva segundo o proprietário.

Ordem Artiodactyla

A família Tayassuidae é formada por catetos (Pecari tajacu) e queixadas

(Tayassu pecari). Os catetos são animais de hábitos gregários e diurnos, onívoros

(Margarido, 1989). Há indícios da ocorrência desta família na área, embora não

sejam vistos frequentemente. A família Cervidae sofre muito com a pressão

cinegética, e por este motivo é sem dúvida uma das mais ameaçadas.

Ordem Rodentia

A família Sciuridae está representada na região pelo serelepe (Sciurus

aestuans), espécie diurna, arborícola, relativamente comum, que se alimenta de

folhas, frutos e sementes.

A família Dasyproctidae representada pelas cutias, animais diurnos,

cursoriais, alimentam-se de raízes, sementes e filhotes de outros animais (Lange,

1998). Estão presentes na área, mas são animais que sofrem com a caça. Por esse

motivo apresentam aparentemente baixa densidade populacional.

A família Agoutidae tem como representante as pacas (Agouti paca), animais

terrestres, de hábito noturno e que escavam tocas, geralmente próximas a cursos de

rios. Animal com baixo potencial reprodutivo, pois tem apenas um filhote após 120

dias de gestação e este índice pode diminuir de acordo com a oferta de alimento.

Animal altamente ameaçado, devido o alto interesse cinegético e por esse motivo

encontra-se na lista de espécies ameaçadas. Não foi encontrados indícios deste

animal na área, mas segundo moradores da região, a ocorrência deste animal ainda

é comum atualmente.

A família Caviidae é composta por animais de pequeno porte, que

apresentam a cauda vestigial e pernas curtas. Os preás (Cavia sp.), apresenta

52

hábitos diurnos e vivem geralmente próximos a áreas úmidas e abertas. Apresentam

relativa facilidade de adaptação a ambientes alterados.

A família Erethizonthidae é representada no Brasil pelos gêneros Coendou,

Echinoprocta e Sphiggurus (Wilson & Reeder, 1992), dos quais apenas o último

pode ocorrer na região. São animais noturnos, predominantemente herbívoros,

alimentam-se de brotos de folhas (Eisenberg, 1989). Animais de difícil visualização,

mas devido ao forte odor que exalam permitem a identificação da sua presença.

A família Muridae forma um grupo composto por espécies de pequeno porte,

com dinâmica populacional dependente de fatores bastante variáveis como clima,

espaço, disponibilidade alimentar (Margarido, 1989). É representada pelos ratos

comuns (subfamília Cricetinae), ratos silvestres roedores comuns em diferentes

ambientes e que apresentam uma grande variedade de adaptações.

1.6.5 Conclusão sobre o levantamento de fauna

A fauna de vertebrados na região da RPPN, apesar de ter sido levantada

principalmente a partir de dados secundários, revela um alto potencial de riqueza e

diversidade de espécies, incluindo a presença de espécies ameaçadas de extinção.

Elevada riqueza e diversidade são típicas de ambientes inseridos no bioma Floresta

Atlântica e, juntas, embasam uma das principais justificativas para a manutenção de

unidades de conservação neste bioma.

1.7 Aspectos Históricos e Culturais

A principal característica relevante como patrimônio histórico e cultural é a

própria instalação e manutenção da estrada do Anhaia (Figura 9), única via de

acesso à RPPN. A estrada do Anhaia foi aberta ao final do século XVI, conhecida

como Caminho do Arraial, sendo a primeira a dar acesso à região do planalto de

Curitiba, e a qual foi usada como primeiro caminho para os comerciantes de

Morretes por muitas décadas. A principal fonte de renda na região era a produção da

cachaça, além da agricultura. Ainda é possível visualizar nesta estrada antigos

alambiques desativados, além de poucos ativos, pilões de pedra, e em seu início,

53

próximo ao centro urbano de Morretes, há ainda o calçamento original feito com as

pedras do antigo caminho.

Figura 9 – Estrada do Anhaia na área de acesso da RPPN Perna do Pirata, em Morretes,

Paraná.

1.8 Visitação

Não há visitação pública na área, mas os proprietários tem interesse em

promover a visitação pública como fonte de renda para a RPPN. Existe potencial de

exploração turística devido à presença de remanescentes florestais em diferentes

estágios de conservação e também pelo fato da área localizar-se em uma região

onde o ecoturismo está em crescimento. Como atrativos adicionais, a região do

entorno possui diversos ambientes naturais como cachoeiras e corredeiras, além de

54

situar-se na histórica estrada do Anhaia e proximidades do Parque Estadual do Pau-

Oco.

1.9 Pesquisa e Monitoramento

Não existe pesquisa ou monitoramento sistemático realizados na área, mas

os proprietários tem interesse em promover estas atividades como fonte de

informação e, se possível, de renda para a RPPN. A área configura-se como

propícia para implantar um programa de pesquisa e monitoramento, sendo um dos

objetivos da criação da reserva.

1.10 Ocorrência de Fogo

Não há ocorrência de incêndios florestais na região.

1.11 Atividades Desenvolvidas na RPPN

A área da RPPN é destinada atualmente apenas à proteção dos

remanescentes, as quais estão em processo de regeneração, entre os níveis inicial,

intermediário e avançado de sucessão ecológica. Os proprietários tem interesses

diversos como: Agricultura orgânica, psicultura, educação , ecoturismo , pesquisa

científica , permacultura , agroecologia e bioconstrução , onde já realizaram alguns

pequenos projetos , como construção com bambu, oficinas de plantas medicinaise e

realizam algumas atividades como eventos de arte , cultura e cursos esporádicos,

pretendem desenvolver projetos com ênfase nas áreas de interesse.As atividades

foram realizadas na zona administrativa da propriedade , adjacente a área de RPPN

mas onde se concentram as pessoas que visitam o local devido a infra estrutura de

apoio (banheiros e casa), nos projetos procuram envolver a comunidade do entorno

para informar/educar/compartilhar.Os projetos proporcionam viabilidade economica

para propriedade e desenvolvimento sociocultural para região.

55

1.12 Sistema de Gestão

A RPPN não possui um sistema de gestão específico, por ainda não possuir

receita própria.

1.13 Pessoal

A área não possui funcionários, as atividades são realizadas pelos

proprietários. Os proprietários atuam na propriedade nas funções de vigilância e

manutenção na RPPN e das atividades desenvolvidas na propriedade de modo

geral. Há o intuito de investir na contratação de funcionários e capacitá-los de

acordo com a evolução estrutural de atividades e projetos desenvolvidos na RPPN.

1.14 Infra-estrutura

O acesso a RPPN é realizada por ponte pênsil na entrada da propriedade e

não é possível a entrada de automóveis no local. A partir da entrada, a propriedade

possui uma trilha inicial que se bifurca de duas vezes, cujas bifurcações convergem

à area de maior elevação da propriedade, na área da RPPN (Figura 10). Uma das

trilhas originada na primeira bifuracação sai e retorna ao perímetro oficial da

propriedade. As trilhas não possuem denominação, sinalização, estrutura de

contenção ou segurança, manutenção programada ou fiscalização específica e

devem ter sido abertas para a extração seletiva de madeira por proprietários

anteriores. Todas as trilhas necessitam de manutenção periódica para manterem-se

abertas, embora na maioria dos trechos há pouca necessidade de manutenção

(Figura 11). Outras estruturas são descritas na seção “Caracterização da

propriedade”.

56

Figura 10 - Mapa de trilhas na propriedade onde está localizada a RPPN Perna do Pirata em Morretes, Paraná.

57

Figura 11 – Aspecto geral das trilhas na RPPN Perna do Pirata em Morretes, Paraná.

1.15 Equipamentos e Serviços

A RPPN não possui equipamentos ou serviços próprios.

1.16 Recursos Financeiros

A RPPN não possui recursos financeiros de origem ou para receita própria.

1.17 Formas de Cooperação

Não há forma de cooperação estabelecida.

58

2. Caracterização da Propriedade

A propriedade, que totaliza área de 41 ha, constitui-se, na área não inclusa na

RPPN, como um mosaico de formações vegetais em diferentes estágios

sucessionais e de conservação. São encontrados: remanescentes de Floresta

Ombrófila Densa em estádios inicial, secundário e avançado de sucessão de

formação sub-montana; campos de regeneração inicial e áreas gramadas (Figura

12), além de algumas benfeitorias descritas a seguir. Estes variação nos estágios é

resultado de diferentes níveis de exploração madeireira na área em tempos

pretéritos. As áreas em estágio inicial e gramados tiveram a cobertura vegetal

inteiramente removida (corte raso), enquanto as áreas em estágio secundário

sofreram apenas corte seletivo. Atualmente, apenas da entrada da propriedade é

utilizada, onde estão as benfeitorias.

Figura 12 – Diferentes estádios sucessionais presentes na propriedade, com estágios

iniciais nos primeiros planos e estágio avançado ao fundo.

59

2.1 Estrutura física

O acesso à propriedade e RPPN ocorre por uma ponte pênsil de madeira e

cabos de aço sobre o Rio do Pinto. Além das trilhas, descritas na seção 1.14 do

Diagnóstico, a propriedade possui uma casa de dois dormitórios com cerca de 70 m2

(Figura 13). Possui também um aqueduto com cerca de 100 m de extensão que

distribui água proveniente do Rio do Pinto em quatro tanques originalmente

construídos para criação de peixe, os quais são utilizados atualmente de modo

recreativo (Figura 14). Há ainda um pequeno depósito de materiais (12 m2) e dois

vestiários de alvenaria (Figura 15).

Figura 13 – Habitação e área de uso da propriedade

60

Figura 14 – Tanques para criação de peixes ou uso recreativo.

Figura 15 – Vestiários.

61

2.2 Atividades realizadas

Predomina na propriedade a cobertura vegetal natural, sem desenvolvimento

de atividades antrópicas, o que representar cerca de 70% da extensão total da

propriedade. Há também extensões da área da propriedade que são utilizadas para

outros fins. Foram realizados de forma esporádica atividades culturais como festivais

de música e confraternizações de grupos particulares, incluindo atividades de

educação ambiental e bioconstrução, com público máximo em cerca de 150

pessoas.

Nenhuma atividade realizada ocorreu dentro dos limites da RPPN. Dentro da

extensão da RPPN praticamente só há áreas com cobertura vegetal nativa, com

exceção de uma pequena área associada à manutenção de torres e cabos de

energia elétrica. Detalhes da proporção dos diferentes tipos de uso do solo na

propriedade podem ser visto na Tabela 7.

Tabela 7 - Uso do solo da propriedade em relação à área total, incluindo a área da RPPN Perna do Pirata, em Morretes, Paraná.

USO Hectares %

Benfeitorias 1,04 2,5

Campo/ Cultivo 2,40 5,7

Vegetação primária 7,85 18,6

Vegetação secundária 30,82 73,2

TOTAL 42,12 100

62

3. Caracterização da Área do Entorno

O município de Morretes possui uma grande área geográfica, mas sua

população de cerca de 16.000 habitantes está principalmente concentrada na região

urbana, resultando em uma densidade de 23 habitantes/km2. O município possui um

alto índice de desenvolvimento humano (IDH-M = 0.75) com um PIB per capita de

6.000 reais (IBGE 2010). Os principais serviços de saúde, hospedagem, alimentação

e quaisquer serviços econômicos ou governamentais estão localizados na área

urbana do município, que dista cerca de 10 km da propriedade.

A área de entorno da propriedade caracteriza-se por um mosaico de

propriedades pequenas e médias em situação similar à da RPPN, congregando

diferentes estágios sucessionais de floresta ombrófila densa. Todas tem um histórico

comum de exploração madeireira, com seus respectivos passivos ambientais. No

entanto, devido ao relevo acidentado, as propriedades na região de entorno

atualmente apresentam baixo grau de uso ou atividade (Figura 16). Especialmente a

porção oeste da RPPN, que está conectada com o Parque Estadual do Pau-Oco,

permanece em condição remota de difícil e praticamente sem acesso.

63

Figura 16. Perímetro da RPPN inserido na matriz da paisagem regional.

4. Possibilidades de Conectividade

A área apresenta conectividade a oeste com o Parque Estadual do Pau-Oco,

a qual está inserida na APA da Serra do Mar. Apresenta também conectividade a

norte e sul, com áreas de preservação permanente e vegetação secundária das

propriedades vizinhas.

5. Declaração de Significância

A totalidade da propriedade está situada em área de prioridade extremamente

alta para a conservação (MMA 2000), a qual apresenta remanescentes de

formações vegetais nativas de extensão significativa, onde ocorre elevada riqueza

de espécies da fauna e flora, incluindo registros ocasionais de espécies ameaçadas

de extinção. Além disso, apresenta conectividade com outras áreas de preservação

64

de diferentes categorias, como Parque Estadual, APA e APPs, atuando como

principal proteção para diversas nascentes de rios tributários da bacia hidrográfica

do Rio do Pinto (Figura 17). Por estas características, a RPPN apresenta uma

significância relevante para a conservação da biodiversidade local e regional.

Figura 17 – Floresta marginal a um dos riachos afluentes do Rio do Pinto que ocorrem na RPPN, representante da alta diversidade biológica encontrada na área.

65

PLANEJAMENTO

1. Objetivos Específicos de Manejo

Os objetivos do manejo da RPPN Perna do Pirata são: resguardar a biota

nativa; ampliar a área protegida da propriedade; permitir estudos científicos e

promover a educação e comunicação ambiental na região.

2. Zoneamento

O Zoneamento Ambiental é estruturado e realizado para delimitar os setores

ou zonas distintas de toda a área da Unidade de Conservação (UC), afim de definir

seus respectivos planos de ação e usos em cada um desses espaços. Essas

zonas são diferenciadas de acordo com as características de cada uma delas, sendo

classificadas pelo seu objetivo e potencialidades dentro da UC, considerando o seu

estado atual de preservação, as necessidades de conservação e seus recursos

naturais. Identificando e definindo estas áreas, elas terão um caráter específico e

irão contribuir para uma maior efetividade no manejo da UC.

Segundo a metodologia indicada para a elaboração do Plano de Manejo em

RPPN, o planejamento do zoneamento deve ser definido por 6 tipos de zonas: zona

silvestre, zona de proteção, zona de visitação; zona de administração; zona de

transição e zona de recuperação. Entretanto, todas essas zonas não necessitam ser

obrigatoriamente utilizadas no planejamento, e novas zonas poderão ser criadas

para atender certas especificações ou necessidades da RPPN em questão. O

zoneamento de Unidades de Conservação é proposto na lei n° 9.985/2000, a lei do

SNUC, como a “definição de setores ou zonas em uma unidade de conservação com

objetivos de manejo e normas específicos, com o propósito de proporcionar os

meios e as condições para que todos os objetivos da unidade possam ser

alcançados de forma harmônica e eficaz”.

66

O zoneamento para a RPPN Perna do Pirata foi proposto de acordo com as

necessidades e características locais, resultando na caracterização de duas zonas:

zona de proteção e zona de uso conflitante (Figura 18):

67

Figura 18 - Zoneamento da RPPN Perna do Pirata, em Morretes, Paraná.

68

2.1 Zona de Proteção

Descrição

Esta zona contem áreas naturais com a pouca intervenção humana, em

estágio avançado de regeneração, e localiza-se em áreas representativas da região

de transição entre a Floresta Ombrófila Densa Montana e Sub-montana. Inclui-se

nesta zona, além da cobertura florestal, nascentes e afluentes do Rio do Pinto. A

característica principal desta zona é então um alto valor de integridade biológica e

geológica.

Localização

A zona de proteção abrange praticamente a totalidade da área da RPPN

Perna do Pirata.

Objetivos

Por englobar áreas muito pouco alteradas e com elevado grau de

conservação, estas áreas são destinadas à proteção e preservação da

biodiversidade e de ecossistemas em condições naturais. Esta área é também

destinada a pesquisas, fiscalização e visitação de baixo impacto, ou seja, atividades

que auxiliem ou que não interfiram na proteção da fauna, flora e fatores abióticos.

Objetivos específicos

Proteção de remanescentes naturais, da biodiversidade e ecossistemas em

processos de recuperação ou com importante valor ambiental;;

Manutenção de recursos genéticos;

Proteção de espécies nativas raras e ameaçadas de extinção;

Manutenção de áreas com potencial turístico e de considerável beleza cênica;

69

Proteção Áreas de Preservação Permanente;

Proteção das características relevantes de natureza geológica,

geomorfológica, espeleológica, arqueológica, paleontológica e cultural;

Manutenção de áreas florestais em estágio avançado de recuperação,

visando a proteção deste ecossistema e a recuperação de outras áreas

impactadas.

Normas gerais de uso

Somente são permitidas na zona de proteção atividades de baixo impacto,

como pesquisa científica, monitoramento de espécies, educação ambiental,

trilhas (pequenas e rústicas, preferencialmente usada somente para

fiscalização) e visitação de baixo impacto e restrita.

Para qualquer tipo de pesquisa ou monitoramento de espécies para fins

científicos, bem como a captura ou coleta de material, é necessária a

autorização da administração do órgão gestor da RPPN e dos órgãos

ambientais responsáveis, o IAP e o ICMBio.

A visitação sem fins científicos deve ser restritiva e de baixo impacto, feita

somente com o acompanhamento de um funcionário ou guia responsável e

sem instalação de infra-estrutura física de apoio (alojamento, área de

camping, banheiros ou lanchonetes).

É proibida a exploração comercial de qualquer recurso natural (biótico ou

abiótico), o uso público dessa área, instalação de infra-estrutura (salvo nos

casos de fiscalização, pesquisa e segurança), introdução de espécies

exóticas e invasoras, uso da área para criação de animais ou pecuária, caça,

corte da vegetação e eliminação da APP (prevista no Código Florestal).

70

2.2 Zona de Uso Conflitante

Definição

Esta zona é caracterizada especialmente por apresentar estruturas como

torres e cabos de condução de energia elétrica, embaixo das quais a vegetação é

mantida constantemente suprimida pela equipe da companhia de energia elétrica do

Estado do Paraná (COPEL), por motivos de manutenção e segurança. Por causa

desta situação peculiar, esta zona foi denominada de uso conflitante, similar ao

conceito utilizado em parques nacionais que possuem áreas com conflito de

interesses (IBAMA 2002), cuja definição literal é: “constituem-se em espaços

localizados dentro de uma Unidade de Conservação, cujos usos e finalidades,

estabelecidos antes da criação da Unidade, conflitam com os objetivos de

conservação da área protegida”.

Localização

A área compartilhada com o sistema de condução de energia do Estado

localiza-se na região central da propriedade, dividindo em dois os remanescentes

florestais existentes. Apesar de compreender uma área total de 2,22 hectares da

propriedade, apenas 0,47 ha estão inseridas na área da RPPN e, portanto, estão

inseridos na zona de uso conflitante. De forma geral, ela é constituída por floresta

em estágio inicial, com predominância de espécies arbustivas, incluindo algumas

espécies exóticas, como a bananeira.

Objetivo Geral

Seu objetivo de manejo é contemporizar a situação existente, estabelecendo

procedimentos que minimizem os impactos sobre a Unidades de Conservação. Ou

seja, permitir a manutenção do acesso às estruturas da companhia de energia

elétrica, com minimização do impacto causado pela supressão da vegetação.

71

Objetivos Específicos

Prover acesso às estruturas da companhia de energia elétrica;

Minimizar os efeitos da supressão da vegetação

Proporcionar experiências replicadoras quanto ao uso conflitante do solo.

Normas Gerais de Uso

São permitidas técnicas de recuperação direcionada, desde que indicadas e

apoiadas por estudos específicos;

O uso público só será permitido desde que apresente finalidade educacional e

deverá ser autorizado e acompanhado por pessoas ou funcionários da

reserva;

Deverão ser utilizadas preferencialmente espécies nativas da Floresta

Ombrófila Densa;

Deverá ser feita a remoção de espécies exóticas continuamente, para impedir

sua regeneração em áreas abertas;

72

3 Programas de Manejo

Os programas de manejo organizam por tema as atividades que já são ou

serão desenvolvidas na RPPN. Ao todo, seis programas são definidos:

3.1 Programa de Administração

Este programa congrega as atividades relacionadas ao sistema geral de

gestão da RPPN. As suas ações visam a manutenção de sede administrativa e

benfeitorias, gerenciamento de recursos e capacitação de funcionários.

Atividades/Normas

I.1) Contratação de funcionários para as funções de auxiliar de serviços gerais,

como: guarda-parque, gerente e auxiliar administrativo;

I.2) Informar as funções e responsabilidades e capacitar os funcionários;

I.3) Formar quadro de condutores de visitantes da reserva;

4) Promover a capacitação periódica dos funcionários da reserva e dos condutores

de visitantes;

- deve incluir o treinamento de funcionários e condutores para o adequado

atendimento e orientação aos visitantes em assuntos relacionados à segurança,

conservação e legislação ambiental.

I.5) Implantar sistema de rádio-telecomunicação para comunicação interna e externa

da unidade;

I.6) Identificar, demarcar e divulgar os limites da reserva;

I.7) Desenvolver projeto de sinalização/identidade visual;

- deve incluir informações sobre a UC e de advertência quanto à proibição da prática

de atividades de caça, pesca e corte de vegetação;

I.8) Elaborar/atualizar mapas temáticos

73

I.9) Realizar manutenção periódica da infra-estrutura e equipamentos a serem

implantados e adquiridos, providenciando a limpeza e, sempre que necessário,

reparos;

I.10) Recuperar ou reconstruir estradas danificadas existentes nas zonas destinadas

a usos frequentes, bem como aquelas que contribuirão com os programas de

fiscalização e combate a incêndios localizadas nas demais zonas;

I.11) Supervisionar todas as atividades com ação relacionada ou que ameace a

proteção dos recursos naturais;

I.12) Adquirir equipamentos de proteção e combate à incêndio;

I.13) Adquirir equipamento e material mínimo de resgate e suporte básico de vida.

I.14) Adquirir mobiliário para as instalações;

I.15) Equipar a reserva com infra-estruturas, materiais e equipamentos de

informática necessários para a administração;

I.16) Remover periodicamente o lixo da área da reserva;

I.17) Proibir o trânsito de pessoas sem autorização pelo interior da reserva;

I.18) Estabelecer com os pesquisadores, colaboradores e visitantes da reserva, as

condicionantes de suas presenças na área, informando sobre as atividades de

fiscalização;

I.19) Elaborar estratégias para captação e administração de recursos para

viabilização dos Programas Temáticos;

I.20) Elaborar e implantar um Programa de Voluntariado para auxiliar nas atividades

na reserva;

3.2 Programa de Proteção e Fiscalização

Este programa congrega ações que tem por fim proteger os recursos naturais,

culturais e as instalações da reserva, além de garantir a integridade física dos

visitantes, pesquisadores e funcionários.

74

Atividades/Normas

II.1) Estabelecer um programa de erradicação gradual das espécies exóticas da

flora;

- A remoção dos indivíduos arbóreos das espécies identificadas como exóticas não

poderá causar danos às comunidades naturais;

- Deverá ser realizado estudo para verificar dependência por parte da fauna, dos

frutos das espécies exóticas retiradas;

II.2) Realizar plantio de espécies nativas ou, quando possível, permitir a regeneração

natural nas áreas atualmente ocupadas por pastagens nas margens de rios e em

outras áreas onde a vegetação original foi suprimida;

- A recuperação deverá ser efetuada com base em dados fitossociológicos dos

diferentes ambientes ocorrentes na reserva;

II.3) Promover a recuperação das áreas erodidas através do plantio de espécies

nativas características das formações vegetacionais típicas do local alterado;

- A revegetação deverá ser executada com base em dados fitossociológicos dos

diferentes ambientes ocorrentes na reserva;

II.4) Desenvolver um programa de monitoramento ambiental semestral para o

acompanhamento da colonização de áreas naturais por espécies exóticas da flora;

II.4.1) Realizar uma minuciosa vistoria de toda a UC para a localização de áreas com

novos indivíduos da flora classificados como exóticos;

II.4.2) Proceder a retirada dos indivíduos identificados dentro da área da reserva;

II.5) Proibir as atividades de caça e pesca dentro da área da reserva por meio de

fiscalização e educação ambiental;

II.6) Promover o manejo, quando cientificamente comprovada a necessidade, de

espécies, habitats e/ou qualquer outro recurso da reserva com o objetivo de

preservar a manutenção do sistema;

75

- Todas as atividades deverão ser realizadas com indicação científica e realizadas

por pessoal técnico capacitado ou sob a orientação direta destes;

II.7) Manter contato ativo com a Polícia Florestal do Estado para a realização de

vistorias periódicas na área da reserva;

II.8) Criar uma brigada de emergência da comunidade treinada para atuar em

soterramentos, alagamentos, incêndios, e outras fontes de acidentes, a fim de

atender a área da reserva e a sua região de entorno;

3.3 Programa de Pesquisa e Monitoramento

Este programa congrega todas as atividades relacionadas à pesquisas científicas,

especialmente para promover o conhecimento e o monitoramento dos recursos

naturais e históricos na região da RPPN.

Atividades/Normas

III.1) Instituir e operacionalizar uma comissão técnico-científica – CT – constituída

por pesquisadores ad-hoc ou criar um Conselho Consultivo da reserva, a fim de

avaliar projetos de qualquer natureza;

III.2) Elaborar banco de dados com nomes de pesquisadores para integrar a

comissão técnico-científica – CT;

III.3) Montar biblioteca com pesquisas e estudos realizados na reserva;

III.4) Divulgar as necessidades de pesquisa relacionadas no Programa de

Conhecimento junto às Instituições de Pesquisa do Estado do Paraná;

III.5) Articular apoio junto às instituições de fomento à pesquisa para financiamento

dos projetos submetidos de interesse da Unidade;

III.6) Informar aos pesquisadores sobre as normas da UC a serem seguidas durante

a realização dos projetos de pesquisa;

III.7) Montar um SIG para a reserva;

76

- Todas as pesquisas a serem realizados na reserva sejam georreferenciados para

posteriormente serem incorporados ao SIG;

III.8) Incentivar a publicação dos resultados das pesquisas desenvolvidas na reserva

e na sua região de entorno em revistas científicas;

III.9) Realizar estudos aprofundados para caracterização da diversidade biológica da

reserva;

- Deverão ser priorizadas espécies ameaçadas ou raras, ou estudos que as

caracterizem como bio-indicadoras;

- As pesquisas a serem realizadas na reserva deverão ter autorização de órgãos

ambientais conforme legislação vigente;

III.10) Repetir periodicamente a Avaliação Ecológica Rápida (AER) para a reserva e

entorno, incluindo na medida do possível, novas áreas temáticas como por exemplo

macroinvertebrados e invertebrados;

III.11) Solicitar aos funcionários, policiais florestais, pesquisadores e técnicos a

serviço da reserva que recolham esqueletos e animais nativos encontrados mortos e

que ativamente reportem qualquer observação atípica ou interessante;

- O material encontrado deverá ser destinado a Instituições de Pesquisa do Estado

do Paraná junto com, no mínimo, os dados sobre o local da coleta, nome do coletor,

estado da pele, e outras observações pertinentes;

III.12) Realizar estudos aprofundados a respeito do meio físico;

- Deverão ser contemplados como temas os potenciais riscos causados pela

hidrografia, hidrologia, geomorfologia, geologia e pedologia da região para a

manutenção da biota na RPPN;

III.13) Criar, manter e enriquecer um banco de dados local com informações de

todas as atividades de pesquisa, estudos e ações do monitoramento realizados

dentro da área da reserva e seu entorno;

- O banco de dados deverá ser interligado ao Sistema de Informações Geográficas

(SIG) da reserva;

77

3.4 Programa de Educação e Visitação

Todas as atividades que visem sensibilizar os visitantes para fundamentos da

conservação da natureza e também da importância de uma reserva em contexto

regional, principalmente pelo envolvimento da comunidade local e escolas dos

municípios da região, são agrupadas neste programa.

Atividades/Normas

IV.1) Criar um manual de recomendações aos visitantes da reserva com orientações

e informações sobre regulamentos, mapas, roteiros de visitação e precauções de

segurança;

- O manual deverá ser elaborado em linguagem acessível;

IV.2) Elaborar um sistema de sinalização informativa que interfira o mínimo possível

na paisagem;

IV.3) Organizar exposições com maquetes, painéis, pôsteres, fotografias, desenhos,

amostras artesanais, para serem exibidas nos centros de visitantes;

IV.3.4) Promover concursos nas escolas para produção de trabalhos e redações

sobre a reserva;

IV.4) Elaborar uma estratégia para educar o visitante quanto ao correto destino do

lixo;

IV.5) Fornecer, nos locais de uso público e administração, água potável e serviços

básicos de higiene;

IV.6) Elaborar um plano de interpretação com temas a respeito da complexidade

ecológica dos principais ecossistemas, história e cultura da região e Sistema

Nacional e Estadual de Unidades de Conservação da Natureza;

IV.7) Desenvolver atividades específicas para atender o público advindo do turismo

ecológico;

IV.8) Criar página na Internet contendo informações gerais sobre a reserva: como

dias e horários de atendimento ao público; principais vias de acesso e distâncias;

atrações; e atividades disponíveis;

78

IV.9) Produzir vídeos e materiais de divulgação sobre a Unidade de Conservação;

- Todo material deverá ser produzido em linguagem acessível, evitando, na medida

do possível, o uso de termos técnicos. Quando isto não for possível deverá ser

realizada uma explicação simplificada do termo utilizado;

- Vídeo e outros materiais de divulgação sobre a reserva deverão ser produzidos

após a definição e demarcação dos limites da reserva.

3.5 Programa de Sustentabilidade Econômica

Este programa agrupa atividades voltadas ao desenvolvimento econômico da

RPPN, de modo a orientar quais atividades são potencialmente rentáveis e como a

execução deve ocorrer para estar em conformidade com os objetivos do manejo da

área.

Atividades/Normas

V.1) Planejar o orçamento anual para o Plano de Manejo;

V.2) Planejamento para substituição de materiais, processos e tecnologias baseadas

em princípios sustentáveis;

V.3) Elaborar estudo de mercado e um Plano de negócios com as potenciais

atividades econômicas que possam ser desenvolvidas na RPPN;

V.4) Planejar estratégias para implantação de áreas de lazer aos visitantes,

construção de laboratórios para pesquisa e sua manutenção;

V.5) Elaboração de Projetos direcionados à gestão da UC como pesquisa e

recuperação de áreas degradadas e também projetos para propriedade como um

todo como; permacultura; bioconstrução ; agroecologia; educação ambiental;eco

turismo ; cursos e eventos de pequeno porte , entendendo que o sucesso da

propriedade em termos financeiros e de valores socio culturais, garante sua

manutenção , funcionamento e conservação da área destinada a RPPN

79

propriamente dita e influencia positivamente as áreas adjacentes e comunidade,

tornando-se modelo de sustentabilidade e incentivando a criação de novas RPPN’s.

V.6) Criar programas de turismo ambiental com finalidade econômica, voltada para

diferentes públicos, como grupos familiares, estudantes e idosos;

V.7) Procurar parcerias técnicas, como SEBRAE e via Secretarias municipais, com a

finalidade de promover atividades que permitam a sustentabilidade econômica da

RPPN.

3.6 Programa de Comunicação

Este programa congrega as atividades voltadas à divulgação da RPPN aos

diversos públicos de interesse.

Atividades/Normas

VI.1) Divulgação sobre a RPPN através de panfletos e palestras na própria Unidade

de Conservação aos que trabalham nessa e ao público que queira visitá-la;

- um revisor e um consultor na área específica deve ser consultado para o

lançamento de cada nova informação, independente do meio;

VI.2) Mostrar o Plano de Manejo das RPPNs a outros proprietários para que se

interessam e queiram implantar uma UC em sua área;

VI.3) Divulgar conteúdos relacionados à gestão e objetivos da RPPN por meio de

palestras à escolas e empresas da região;

VI.4) Criar um acervo bibliográfico, fotográfico e videográfico para uso em atividades

de difusão e educação ambiental;

- a autoria de cada material deve ser preservada;

VI.5) Elaborar plano de comunicação interno e externo, com definição de públicos-

alvo, metodologias e formas de inserção;

VI.6) Viabilizar espaços para exposições de eventuais patrocinadores;

80

VI.7) Divulgar todas as informações e ações da RPPN ao SEMA, Ministério público,

Prefeitura, ONGs locais e outras RPPNs da região;

VI.8) Criar uma versão simplificada do Plano de Manejo e disponibilizá-lo como

publicação digital;

81

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