O Código Genético
Transcript of O Código Genético
Aula de Bioquímica II
Tema:
O Código Genético
Prof. Dr. Júlio César BorgesDepto. de Química e Física Molecular – DQFM
Instituto de Química de São Carlos – IQSC
Universidade de São Paulo – USP
E-mail: [email protected]
O Código Genético���� Decifrado na década de 1960
- 61 códons ���� 20 Aminoácidos
- 3 códons ���� terminação da cadeia polipeptídica
���� É variável em espécies diferentes
Alfabeto de 4 Letras no DNA ���� Alfabeto de 20 Letras nas Proteínas
���� O código é Redundante ou Degenerado
41 = 4 combinações possíveis
42 = 16 combinações possíveis
43 = 64 combinações possíveis
���� 3 bases no DNA ����
���� 3 bases no mRNA ����
���� 1 CÓDON
���� 1 aminoácido na proteína
O Código Genético���� Fases de leitura do mRNA
- A fase de leitura correta é informada na sequência do mRNA
O Código Genético- A fase de leitura correta é informada na sequência do mRNA
���� Fases de leitura
-O código não é sobreposto e não
tem “pontuação”
ALI VEM MEU PAI COM MEU TIO
ALI EMM EUP AIC OMM EUT IO
ALI EMM EUX PAI COM MEU TIO
O Código Genético
� O arranjo na tabela não
é aleatório
- XYC e XYU
- XYA e XYG
= geralmente códons para
os mesmos aminoácidos:
Sinônimos
� Existe 1 códon de
iniciação
� Existem 3 códons de
terminação – stop codons
O Código Genético
A redundância do Código
Diferentes códons para mesma informação ���� mesmos aminoácidos
� A redundância do Código
genético evita que mutações
pontuais alterem
drasticamente a sequência de
aminoácidos e que existem 44
“stop códons” que levariam a
interrupção da síntese
� A frequência de códons
reflete a presença do AA
codificado nas proteínas
Códon(mRNA)
Anticódon(tRNA)
O Código Genético
Pareamento complementar Códon-Anticódon
O Aminoácido não reconhece o códon por si só!!! Ele necessita de uma molécula
adaptadora (tRNA) para reconhecer o códon por Pareamento complementar.
AnticódonRepresenta a sequência localizada no tRNA que
faz o pareamento complementar com o
Códon
O Código Genético
A redundância do Código
� A primeira base do anti-códon - 3º base do códon - permite pareamentos variáveis.
� O código genético é degenerado porque a 1o base do anti-códon permite
complementaridade menos restritiva
� Apresentam especificidade para 1º e 2º base e toleram oscilações na 3º base no códon
O Código Genético
O Código genético é, praticamente, UNIVERSAL
���� A Linguagem do código genético é, praticamente, a mesma em todos os
organismos.
- Portanto, é possível expressar proteínas de forma heteróloga
- Existem pequenas variações no código genético de protozoários e das mitocôndrias
Códon Código Padrão Código Mitocondrial
UGA Stop Trp
UGG Trp Trp
AUA Ile Met
AUG Met Met
AGA Arg Stop
AGG Arg Stop
>gi|34783338|gb|BC024242.2| Homo sapiens GrpE-like 1, mitochondrial (E. coli), mRNA (cDNA clone MGC:33210 IMAGE:4823476), complete cds
GCTGGGTGCGTGCGCGGCGACTGCGACGGGCAGTGGCAGTCATGGCGGCTCAGTGCGTGAGGTTGGCGCG GCGCAGTCTTCCTGCTTTGGCGTTGTCTCTCAGGCCATCTCCCCGGTTGTTGTGCACAGCCACGAAACAA AAGAACAGTGGCCAGAACCTGGAAGAGGACATGGGTCAGAGTGAACAGAAGGCAGATCCTCCTGCTACAG AGAAGACCCTCCTGGAAGAGAAGGTCAAGTTGGAGGAACAGCTGAAGGAGACTGTGGAAAAATATAAACG AGCTTTGGCAGACACTGAGAACTTACGGCAGAGGAGCCAGAAATTGGTGGAGGAGGCAAAATTATACGGC ATTCAAGCCTTCTGCAAGGACTTGTTGGAGGTGGCAGACGTTCTGGAGAAGGCAACACAGTGTGTTCCAA AAGAAGAAATTAAAGACGATAACCCTCACCTGAAGAACCTCTATGAGGGGCTGGTCATGACTGAAGTCCA GATCCAGAAGGTGTTCACAAAGCATGGCTTGCTCAAGTTGAACCCTGTCGGAGCCAAGTTCGACCCTTAT GAACATGAGGCCTTGTTCCACACACCGGTTGAGGGGAAGGAGCCAGGCACAGTGGCCCTAGTTAGCAAAG TGGGGTACAAGCTGCATGGGCGCACTCTGAGACCCGCCCTGGTGGGGGTGGTGAAGGAAGCTTAGCTGCT GTTGATGGGGTGGGTGTTTTTAAACTCACTTGATGTAACTCTCAAGGCTGGTTCATTGTTTCTCATCTAT GAGTACGTGTGACCTTTTCCCAAACCTTATTGGAAACCTTAAGTAACCAGTGGCTAAACAGAAAAGCCGG TTGCCCAACTGCATTAATGAACTCTAATTCGGGAGTCTGTTCCCTTTTAGTGCCACGCGTTGAATAGTTC CACATACTTTCAGAAGAGCTCAGCAGGGCCCTGCCTGGTCTCCCGAGCATCATGAGTAACGTGTCTGCTC AGACTCTGCTGACACCAAAGTATTTTAAACAAATAAAAGGTCTTGGGGAATTCTGTTTGGCTACCTGGGC ACGCCAGTCTGCACCATGTGTCCCTGCGGCGCATGAGTGACTGGCGTATTTAGCCCGTCACATTTCATTC GCTGAAGGAAAGGCAAGAGAGTTGAAACATTTTTCTTACTTAAAAAAAATGATCTTTGTGAAGAACATAG TGAGTTCGTTTGTCTTCAGTCAACAGCGGCTGAAACTGACCACTGAGAAATGGGTGTGGGCACTGACAGT TCTCCCCCATTATTTGGCCAGGAATTGAGCTTGGCTTGGCAAAGTTCCTTTTACCCTGTTCTGTTCATCT AAATGCAGACATATTTAAATCATATTCAACTAGTTACTAATGACCTCAAGTTGTATTCCCTGGCAAAATG GACTTTCTCAAAATAGGACTGCACGCTTGGTGTACTTTAAATGTTAATGTTTAATTTAAAATTTTTATTT
AAGAGGATTAAAGCCCTAATGTTTATTTTCCTACAAAAAAAAAAAAAAA
>gi|34783338|gb|BC024242.2| Homo sapiens GrpE-like 1, mitochondrial (E. coli), mRNA (cDNA clone MGC:33210 IMAGE:4823476), complete cds
tRNAs
Os tRNAs funcionam como adaptadores
���� moléculas de RNA que transportam um AA correspondente a um códon
- Interpretam a informação e transportam o AA correspondente ativado
- 73 a 93 pb ���� 25 kDa
- Tamanho e forma similar para encaixar no Ribossoma
tRNAs
���� Contêm ribonucleotídeos
não-usuais
- Bases não usuais ���� modificar
o padrão de Ligações de H
- Metilação ���� Reduz potencial
polar da superfície e evita
algumas ligações de H
- Aumenta possibilidades de
seleção específica
tRNA
Os tRNAs são moléculas adaptadores
- Todos os tRNA possuem enovelamento de L ���� Adaptável ao Ribossoma
- Alça DHU - alça TΨC ���� formam a curva do L
- possuem um loop em fita simples ���� Alça anti-códon ���� complementar à sequência do
códon
- possui uma extremidade CCA 3’OH livre ���� sítio de ligação do AA correspondente
tRNA
Os tRNAs funcionam como adaptadores
���� Exemplos de estruturas tridimensionais de tRNAs
Apesar da forma similar ���� Possuem informações na superfície que especificam qual o AA
deve ser ligado pelas Aminoacil-tRNA sintetases
Mimetismo moleculartRNA-TFu EF-G
tRNA
Forças que estabilizam o tRNA
-Ligações de Hidrogênio tipo Watson-Crick - Dupla-hélice em A-DNA
- Empilhamento de bases - Ligações de H não Watson-Crick
O Código Genético
- A redundância do código genético ocorre justamente na adaptação do tRNA
1) mais de um tRNA especifica e transporta um mesmo AA
2) um mesmo tRNA identifica diferentes códons no mRNA
Frequência de erro de síntese de proteínas
p = (1-ε)n
Frequência de erro menor do que 10-4 é adequada
tRNAs
���� Aminoacil-tRNA sintetases
���� Participam diretamente do processo de decodificação
- Responsáveis pelo reconhecimento do par: AA e o tRNA correspondente
���� Catalisam o acoplamento covalente do COOH do AA no 3’OH do tRNA
- Ligação altamente energética
- Necessita de acoplamento energético ���� aminoácido adenilado
���� Muitas são específicas ���� Acoplam 1 AA em seus respectivos tRNAs
���� Em bactérias, porém algumas acoplam mais de um AA em diferentes tRNAs
- Modificação posterior do AA
���� O AA-tRNA formado carrega Energia Livre para a síntese protéica
���� Ativação do AA pela ligação com AMP ���� liberação de pirofosfato
- Reação catalisada pelas AA-tRNA sintetases
Aminoacil-tRNA sintetases
Enzimas responsáveis pelo acoplamento do AA ao tRNA correspondente
���� Correspondem às únicas moléculas Biológicas que conhecem o Código Genético
���� O Reconhecimento preciso do AA e
tRNA correspondente para o
acoplamento correto.
���� Corresponde a uma etapa essencial
para o Dogma Central da Biologia
���� Depende do reconhecimento correto
tanto do AA como do tRNA
correspondente executado pela
Aminoacil tRNA-sintetase
tRNAsReconhecimento do tRNA pelas Aminoacil-tRNA sintetases
���� Dois mecanismo principais
1) Reconhecimento direto do anti-códon
2) Reconhecimento do braço aceptor do AA
Treonil-tRNA Sintetase Glutaminil-tRNA Sintetase
tRNAsReconhecimento do tRNA pelas Aminoacil-tRNA sintetases
- Envolve muitos outros contatos entre a enzima e o tRNA
- Participação de ribonucleotídeos modificados
tRNAsAminoacil-tRNA sintetases
As enzimas das diferentes classes interagem com o tRNA por lados opostos
Permite diferentes formas de identificação do tRNA correto
1) Ligam ATP de maneira diferente 2) Acilação das hidroxilas 3’ e 2’
3) Monômeros e dímeros
Hidroxilas 3’ Dímeros
Hidroxilas 2’Monômeros
Aminoacil-tRNA sintetases
A reação ocorre em duas etapas
1o ���� Ativação
Hidrólise do PPi dirige a termodinâmica da Reação
- Duas ligações “ricas” em energia são consumidas
O Produto da 1º Etapa da reação está ativado
termodinamicamente para a 2º etapa da reação
tRNAsReconhecimento do AA pelas Aminoacil-tRNA sintetases
As enzimas exploram as propriedades dos aminoácidos
Treonil-tRNA sintetase
tRNAsReconhecimento do AA pelas Aminoacil-tRNA sintetases
���� A Edição assegura a exatidão da reação ���� 1 erro a cada 104-105 reações
1) O AA correto apresenta maior afinidade pelo sítio ativo
2) As Aminoacil-tRNA sintetases possuem mecanismos de autocorreção ���� evitam
acoplamento incorreto de AA à tRNAs
- após ligação do AA a um tRNA, a enzima checa a identidade do AA em outro sítio ativo ����
sítio de Edição
- Alça 3’OH do tRNA é Flexível ���� permite trocar de sítio
- Se ocorre o encaixe ���� AA errado ���� hidrólise do AA-tRNA formado
�Em geral: Seleção por tamanho
- AA maiores do que o sítio de acilação são rejeitados por este
- AA menores do que o sítio de acilação interagem com o sítio de Edição