Novo Urbanismo Europeu

download Novo Urbanismo Europeu

of 14

Transcript of Novo Urbanismo Europeu

  • 7/29/2019 Novo Urbanismo Europeu

    1/14

    95

    A REPETIOOPERATIVANODISCURSODO NOVOURBANISMOEUROPEU

    Cadernos de Arquitetura e Urbanismo, Belo Horizonte, v. 13, n. 14, p. 95-108, dez. 2006

    A REPETIOOPERATIVANODISCURSODONOVOURBANISMOEUROPEU*

    OPERATIVEREPETITIONINTHEDISCOURSEOF EUROPEANNEWURBANISM

    Gisela Barcellos de Souza**

    RESUMODiscute-se aqui a funo que textos de manifesto podem assumir apartir da exposio do percurso de afirmao pblica do Novourbanismo europeu cinco cartas publicadas ao longo de 11 anos,que apresentam o mesmo grupo sob nomes diferentes. Atravs dadificuldade em compreender tais textos sob os conceitos de cartaou de manifesto e da explicitao da auto-referncia contnuaque os permeia, coloca-se a condio da repetio como sua pro-priedade distintiva. Essa permite a fragmentao e multiplicaode um mesmo movimento e a apresentao de cada nascente comoconciliador dos anteriores.

    Palavras-chave: Manifestos; Cartas em arquitetura e urbanismo;Novo urbanismo.

    ABSTRACT

    This article discusses the function that manifesto texts can assumethrough the exposition of the public affirmation path of the Euro-pean new urbanism five charters published along a period of 11years, presenting the same group under different names. First, itdemonstrates the impossibility of approaching such texts as char-

    ters or manifestos. Through the exposition of their continuous self-reference, repetition is defined as a distinctive property of thosetexts, allowing the fragmentation and multiplication of the samemovement and the presentation of each new source as a conciliati-on of previous ones.

    Key words: Manifestos; Charters in architecture and urbanism;New urbanism.

    * Este trabalho decorrente da dissertao de mestrado Re-dire et d-dire: le nouvelurbanisme en Europe.

    **Arquiteta e urbanista pela Universidade Federal de Santa Catarina. Mestre em ProjetArchitectural et Urbain: Thories et Dispositifs pela Universit de Paris VIII. Profes-sora colaboradora do Departamento de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Es-tadual de Maring.

  • 7/29/2019 Novo Urbanismo Europeu

    2/14

    GISELA BARCELLOSDE SOUZA

    96 Cadernos de Arquitetura e Urbanismo, Belo Horizonte, v. 13, n. 14, p. 95-108, dez. 2006

    F

    Desde 1928 os C.I.A.M. (Congressos Internacionais de Arquitetura Moder-na) concentravam energias at ento dispersas, realizando suas assembliasem diferentes cidades da Europa. Em 1933, foi Atenas... No perodo de opres-so e de coibio da profisso (arquitetura e urbanismo) em 1941-1942, onome de Atenas apareceu como um invlucro reluzente e o vocbulo de Car-ta como uma injuno a pensar corretamente. Os trabalhos do Congresso de

    Atenas constituram a base da Carta. Era necessrio redigir, coordenar, colo-car entre as mos do pblico uma matria complexa, encontrar nesta pocaturbulenta uma forma suficientemente annima para no comprometer, atra-vs da assinatura de um nome censurado como o meu, os objetivos ensejadospor aquela edio. (LE CORBUSIER, 1957, p. 9-10)

    Freqentemente, no mbito da arquitetura e do urbanismo, os vocbu-los carta e manifesto confundem-se, empregados como sinnimos.

    A Carta de Atenas, por exemplo, certamente o manifesto que obtevemaior repercusso sobre a produo arquitetnica e urbanstica do sculoXX, foi publicada sob o nome de carta.1 Aps a publicao desse texto

    original, uma quantidade considervel de manifestos foi publicada sob o nomede carta como resposta primeira , a qual permite, de fato, verificar aespecificidade que esse conceito retirado de seu contexto jurdico adquirena esfera arquitetnico-urbanstica.

    A palavra manifesto vem do latim manifestare (verbo) e manifestus (ad-jetivo). Como substantivo, os italianos foram os primeiros a empreg-la no

    1 Na lngua francesa, na qual a Carta de Atenas foi redigida, inexiste o sentido dbio

    encontrado no portugus para o vocbulo carta: charte tem apenas o sentido jurdi-co escrito solene destinado a consignar direitos ou regulamentar interesses estabe-lecidos por representantes legtimos do povo(LAROUSSE, 2002). Tal aspecto serabordado posteriormente neste artigo.

  • 7/29/2019 Novo Urbanismo Europeu

    3/14

    97

    A REPETIOOPERATIVANODISCURSODO NOVOURBANISMOEUROPEU

    Cadernos de Arquitetura e Urbanismo, Belo Horizonte, v. 13, n. 14, p. 95-108, dez. 2006

    sentido de escrito no qual ns nos justificamos de algo (RICHELETapudBURGER, 2002). Ou seja, a partir desse novo significado cunhado no sculoXVII, vulgariza-se, dentre as demais lnguas latinas, o conceito de manifestocomo declarao atravs da qual um grupo visa a conciliar-se com a opinio

    pblica.Durante muito tempo o uso de tal vocbulo restringiu-se ao domnio po-ltico. Somente no sculo XIX, o termo manifesto migrou para o campodas idias e doutrinas literrias e artsticas, ainda que a origem de tal desloca-mento no seja objeto de consenso: Alguns atribuem a Saint-Beuve o empre-go do termo manifesto em literatura, outros situam a emergncia de mani-festos literrios no seio da batalha romntica (BURGER, 2002, p. 20).

    Entretanto, se o sculo XIX responsvel por sua incorporao na esferaliterria e artstica, no sculo XX que o termo manifesto ter sua maior

    repercusso e se tornar o modo de expresso das vanguardas artsticas porexcelncia. As primeiras dcadas do sculo passado foram marcadas por umaintensa publicao desse tipo de texto; tratava-se da nica possibilidade deum grupo fazer-se ouvir. Tal produo foi incentivada pela cobertura da im-prensa, que via nos manifestos e nas polmicas que engendravam um vispara aumentar a venda dos jornais (BURGER, 2002, p. 186). Em meio a essefenmeno de urgncia em ter a palavra, muitos manifestos de vanguardaprocuravam mais gerar polmica que concretizar realmente mudanas no

    cenrio ao qual se opunham (BURGER, 2002, p. 184).O presente artigo prope uma discusso sobre a funo e o significadoque os textos de manifesto de arquitetura e urbanismo podem vir a assumirna conjuntura atual. Para tanto, parte-se da explicitao do processo de afir-mao pblica de um grupo especfico: o Novo urbanismo em sua vertenteeuropia.

    No trataremos aqui de manifesto em seu sentido abrangente no qualuma obra arquitetnica ou um livro poderiam ser interpretados como tal ,mas em seu sentido estrito texto que se auto-intitula manifesto , definido

    por Marcel Burger como um gnero literrio. Segundo esse autor, os mani-festos so textos que aplicam regras arquiconhecidas (BURGER, 2002, p.14): constituem reao a um momento de crise e, portanto, possuem umareferncia obrigatria pontual e circunstancial no mundo real. Desempe-nham a funo de denunciar a crise, de explic-la e elabor-la objetivamentepara, em seguida, apresentar a soluo do grupo manifestante e forar a ade-so pblica tese apresentada.

    Os textos abordados a seguir inserem-se no contexto j citado: manifestos

    que se intitulam cartas. Trata-se de cinco cartas publicadas ao longo de11 anos que registram a trajetria do grupo de arquitetos europeus organi-zados em torno de Lon Krier, desde sua primeira associao at a recente

  • 7/29/2019 Novo Urbanismo Europeu

    4/14

    GISELA BARCELLOSDE SOUZA

    98 Cadernos de Arquitetura e Urbanismo, Belo Horizonte, v. 13, n. 14, p. 95-108, dez. 2006

    oficializao, em abril de 2003, das relaes estreitas que este possui com oNovo urbanismo americano.2

    As cartas a que nos referimos so: Carta da reconstruo da cidade,1992; Carta da cidade do novo renascimento, 1996; Carta da fundao

    para a renovao urbana (Byens Fornyelse), 1998; Carta da rede internaci-onal para a construo, a arquitetura e o urbanismo tradicionais (INTBAU),2001; Carta do conselho para o urbanismo europeu, 2003. O conjuntodessas cartas europias ser analisado paralelamente carta do Novo urba-nismo americano, de 1996, devido ao papel relevante que esta teve na defi-nio da Carta do conselho europeu de urbanismo.

    A natureza desses textos merece ser analisada mais profundamente. A pre-missa aqui desenvolvida que sua abordagem no possvel de maneirasatisfatria a partir do conceito de carta, nem do termo manifesto.

    Ser necessrio debruar-se sobre o conjunto dessas cartas a fim de deci-frar as caractersticas que permitem compreender os seus reais objetivos efundamentos. Explorar-se-o as fronteiras entre esses textos e os conceitosde carta e de manifesto de maneira a permitir uma aproximao construodo seu real significado. Para tanto, h que se inserir, primeiramente, a produ-o desses textos no contexto em que foram produzidos.

    CARTASQUESESOBREPEM

    O dito Novo urbanismo teve sua afirmao pblica como movimentonorte-americano atravs do primeiro CNU (Congress for the New Urbanism),em 1993, e da Carta do CNU, assinada em 1996. A vinculao oficial entreeste e o supracitado grupo europeu deu-se apenas em 2003; entretanto, aexplicitao do processo de sua construo demonstra a existncia de rela-es entre arquitetos americanos e europeus, hoje frente do Novo urba-nismo, desde fins da dcada de 1970. Uma rede de trocas e influncias te-

    ceu-se entre a Europa e os EUA durante todo o processo de organizao domovimento americano e do grupo europeu que hoje reivindica a filiao aoprimeiro. Tal afirmao pode ser comprovada ao se recuperarem os elemen-tos nos quais se alicera a histria de ambos os movimentos.

    Em 1978, era projetada Seaside, cidade balneria na costa da Flrida,posteriormente percebida como marco inaugural do Novo urbanismo ame-ricano. Para a sua concepo, firmou-se uma colaborao que viria a marcar

    2 A vinculao oficial do movimento europeu ao Novo urbanismo americano deu-seatravs da retomada de seu nome, da criao do Conselho Europeu-Americano doNovo Urbanismo e da proposio de um Conselho Europeu de Urbanismo (CEU).

  • 7/29/2019 Novo Urbanismo Europeu

    5/14

    99

    A REPETIOOPERATIVANODISCURSODO NOVOURBANISMOEUROPEU

    Cadernos de Arquitetura e Urbanismo, Belo Horizonte, v. 13, n. 14, p. 95-108, dez. 2006

    a histria do movimento: Andres Duany e Elizabeth Plater-Zybert que seencontram dentre os principais idealizadores do Novo urbanismo conta-ram com a consultoria urbanstica de Lon Krier na poca, militante ativodo movimento esquerdista Resistncia antiindustrial, cujos projetos urba-

    nos tericos fomentavam as lutas urbanas. A relao entre esses arquitetos,iniciada nessa poca, prosseguiria ao longo desses 27 anos, tendo como signoa realizao de projetos relevantes ao Novo urbanismo.

    Uma segunda colaborao entre Lon Krier e Duany viria dez anos maistarde e tambm selaria outra obra percebida como cone do Novo urbanis-mo, desta vez na Europa. Trata-se de Poundbury, bairro de uma pequenacidade inglesa Dorchester , cuja execuo foi patrocinada pelo Prncipe deGales. Desde meados dos anos 1980, o prncipe vinha envolvendo-se empolmicas no meio acadmico e profissional devido a seus discursos crticos

    arquitetura e ao urbanismo modernos (JENCKS, 1988). Nesse contexto, obairro Poundbury foi construdo para servir de modelo. Visando constru-o de uma cidade3 sob os mesmos princpios de Seaside, o Prncipe Char-les responsabilizou Lon Krier pelo plano geral de Poundbury e Andrs Du-any pela elaborao da legislao das edificaes. Desde ento, Lon Kriertornou-se o tutor urbanstico do Prncipe Charles e este o principal fomenta-dor da arquitetura e do urbanismo tradicionais na Europa.

    Sob a proteo e o incentivo do Prncipe Charles, o movimento europeu

    pela arquitetura e urbanismo tradicionais que, durante a dcada de 1980,apenas esboava-se nas publicaes da revista belga AAM (Archives delArchitecture Moderne) viria a assumir novos moldes, a mudar suas estrat-gias e afirmar-se de maneira mais enftica (SOUZA, 2004).

    A entrada em cena pblica de tal grupo europeu foi marcada pela publica-o de uma primeira carta, em 1992, no catlogo da Primeira Trienal deBolonha A vision of Europe exposio e conferncia internacional, idea-lizadas pelo Prncipe de Gales, que tinham por objetivo a promoo de umatendncia em arquitetura e urbanismo (TAGLIAVENTI, 1992, p. 5). Tal car-

    ta, de autoria de Krier, uma republicao de sua Carta da reconstruoda cidade europia (publicada originalmente em 1980, ainda sob a firma daResistncia antiindustrial) com significativas alteraes em seu texto, in-clusive no ttulo. Nela so expostos princpios de um projeto de cidade queviriam a ser reafirmados pela Carta do Congresso para o Novo Urbanismo(CNU) e pela Carta do Conselho Europeu de Urbanismo (CEU).

    Embora o supracitado evento tenha contado, sobretudo, com a presenade profissionais europeus, arquitetos representantes do movimento america-

    3 Inicialmente pretendia-se construir uma nova cidade, mas a proximidade do perme-tro urbano de Dorchester acabou por descartar tal inteno (SPRING, 2000).

  • 7/29/2019 Novo Urbanismo Europeu

    6/14

    GISELA BARCELLOSDE SOUZA

    100 Cadernos de Arquitetura e Urbanismo, Belo Horizonte, v. 13, n. 14, p. 95-108, dez. 2006

    no, que viria a se chamar Novo urbanismo, tiveram nele uma participaoativa. A presena expressiva de suas obras dentre as publicadas no catlogoda exposio de Bolonha demonstra a conscincia da confluncia de idiasentre arquitetos europeus e americanos.

    Em face dessa convergncia, durante as reunies realizadas nos EstadosUnidos para a estruturao do primeiro Congresso para o Novo Urbanismo(CNU), colocou-se em pauta a proposio de um congresso de mbito inter-nacional atravs da vinculao oficial ao movimento pela arquitetura e urba-nismo tradicionais que se organizava na Europa (KATZ, 2002, p. 32). Entre-tanto, a polmica em torno do ativismo do Prncipe de Gales e os extensosdebates trazidos ao seio de seu Instituto de Arquitetura adiaram tal associa-o. Segundo Katz (2002, p. 32), os participantes estimaram que tais discus-ses poderiam engendrar o afastamento dos no-arquitetos implicados na

    execuo de novas abordagens de planejamento. Dessa forma, em 1993, oNovo urbanismo foi oficializado no primeiro CNU como um movimentosomente americano.

    Na ocasio da segunda Trienal de Bolonha, em 1996 da qual represen-tantes do Novo urbanismo americano tambm participaram , houve aredao e assinatura da segunda carta do grupo europeu, a Carta da cidadedo novo renascimento. No mesmo ano, durante o CNU IV, a Carta do Con-gresso para o Novo urbanismo foi assinada.

    O grupo europeu ainda passaria por outras duas cartas a Carta da ByensFornyelse, em 1998, e a Carta da INTBAU, em 2001 antes de retomar donome americano em abril de 2003 e de assinar a Carta do Conselho do Urba-nismo Europeu (CEU) em novembro do mesmo ano.

    UMPROJETODECIDADE, CARTASDIVERSAS

    A cada nova carta, um novo nome cunhado ao mesmo grupo de arquite-

    tos europeus. Em todas permeia, com maior ou menor acuidade, o projeto decidade defendido por Krier desde a dcada de 1970, elaborado no contextoda Resistncia antiindustrial movimento de esquerda vinculado s lutasurbanas de Bruxelas.

    O projeto da Resistncia antiindustrial tinha no bairro de usos mistos,classes sociais diversas e distncias acessveis ao pedestre a base para a orga-nizao das cidades. A cidade seria um agrupamento desses bairros autno-mos interligados por corredores e a regio um agrupamento de cidades. A

    cada uma das diferentes escalas haveria um centro e limites ntidos. Os espa-os pblicos deveriam possuir propores familiares e serem conformadospor uma arquitetura que respeitasse os padres tradicionais.

  • 7/29/2019 Novo Urbanismo Europeu

    7/14

    101

    A REPETIOOPERATIVANODISCURSODO NOVOURBANISMOEUROPEU

    Cadernos de Arquitetura e Urbanismo, Belo Horizonte, v. 13, n. 14, p. 95-108, dez. 2006

    Se o projeto defendido pelos dois movimentos praticamente o mesmo, adiferena entre estes , no entanto, quase abissal. Um simples paralelo entrea Carta da reconstruo da cidade europia de 1980 e sua republicaoalterada em 1992 sob o ttulo de Carta da reconstruo da cidade tout

    court permite tal distino, necessria compreenso dos rumos tomadospelo Novo urbanismo e do papel desempenhado por suas cartas.A pequena modificao no ttulo de 1992 previne o leitor de que, apesar

    de toda semelhana, no se trata exatamente do mesmo contedo: na cartapublicada em 1992, o adjetivo europeu desaparece. Essa alterao, quepoderia facilmente passar despercebida, no , no entanto, incua; denota amudana de pblico ao qual a carta direciona-se. Se antes limitava-se cida-de europia, na segunda verso j no possui limites geogrficos.

    Assim como os ttulos, o corpo do texto de ambas semelhante, mas no

    idntico. Apenas a troca de algumas palavras, excluses de certas frases einseres de outras so suficientes para antever os diferentes contextos ideo-lgicos de publicao das duas cartas. Na primeira, a nfase dada s lutasurbanas e presso democrtica como os nicos instrumentos capazes debarrar a expanso dozonning procedimento que, segundo o texto, atende lgica da produo industrial. Na segunda carta, esses argumentos esquerdis-tas cedem lugar a outros que valorizam aspectos ecolgicos e morais no mes-mo projeto.

    Principal mudana est, entretanto, na excluso do seguinte pargrafoque se encontrava no final do texto de 1980: Paradoxalmente, ns seremosos nicos que podero um dia realizar este projeto de reconstruo se hojenos recusarmos a construir (KRIER, 1980, p. 22). O abandono da refutao construo distingue completamente os objetivos das duas cartas. A primei-ra propunha o projeto de cidade exposto como referencial organizao daslutas urbanas e pretendia, atravs de suas premissas, repensar a funo socialdo arquiteto; na segunda, o projeto apresentado alm de moral e ecolgico sobretudo executvel.

    DAUTILIZAODOVOCBULO CARTA

    Todas essas cartas que se sobrepem colocam em questo o significado doato de escrever e de assinar uma carta. Vamos, inicialmente, proceder a umabreve anlise etimolgica de tal termo. Derivativo de chrtes em grego echarta no latim papel escrito , a palavra chartula significava, no latim

    jurdico, pequeno papel escrito, ata (NASCENTES, 1966). De charta ori-ginaram-se as palavras carta em portugus e lettre em francs; de chartulaprocederam os vocbulos carta em portugus e charte em francs.

  • 7/29/2019 Novo Urbanismo Europeu

    8/14

    GISELA BARCELLOSDE SOUZA

    102 Cadernos de Arquitetura e Urbanismo, Belo Horizonte, v. 13, n. 14, p. 95-108, dez. 2006

    Se, na traduo para a lngua portuguesa, a palavra empregada para no-mear o manifesto dos CIAM pde assumir um significado dbio, o mesmono ocorre na lngua original em que foi escrito: nela carta possui apenas oseu significado de propsito jurdico; trata-se, nesse caso, de uma lei, de uma

    regra fundamental a ser respeitada. Uma carta deve estabelecida por repre-sentantes de um povo, logo, constitui uma consignao legtima.No entanto, nem a carta do CIAM, nem as cartas do grupo que viria a se

    chamar Novo urbanismo europeu tm a sua elaborao num quadro con-dizente com o acima descrito. A primeira assim como a Carta da recons-truo da cidade de 1992 nunca foi assinada pelo grupo que diz represen-tar, e as que o foram tiveram a sua assinatura inserida no contexto de ummovimento de arquitetura e de urbanismo, no qual a adeso dos membros sefaz atravs da comunho de idias pessoais, colocando-se fora de qualquer

    instncia representativa. Portanto, a condio fundamental da palavra car-ta, como documento representativo, desrespeitada, tornando problemti-ca a abordagem de todos esses escritos a partir de tal acepo.

    Conforme abordado, o emprego do vocbulo carta e no manifesto nostextos do Novo urbanismo deve-se ao ensejo destes em constiturem uma res-posta Carta de Atenas. Deve-se, ento, buscar uma possvel interpretao parao fato de o manifesto dos CIAM ter sido publicado sob o nome de carta.

    A publicao de manifestos diversos sob a gide das vanguardas artsticas,

    como vimos, era ato corrente no incio do sculo XX. Segundo Burger (2002,p. 184), as mesmas vanguardas que transformaram o manifesto em seu meiode comunicao por excelncia engendraram, por outro lado, uma rupturana estrutura desse gnero textual, modificando a maneira pela qual o com-preendemos e interpretamos. A partir da anlise de trs manifestos paradig-mticos do futurismo, do dadasmo e do surrealismo o autor demonstraa ruptura que desloca o sentido dos manifestos, (...) na qual o espelho deintencionalidade se deforma, obrigando, desde ento, uma leitura vanguar-dista dos manifestos, tornando caduca e insignificante uma leitura ordinria

    do manifesto (BURGER, 2002, p. 186). Os manifestos vanguardistas torna-ram-se, a partir desses trs textos emblemticos, provocativos e polmicos. Aautonomia do grupo que os apresentava passou a ser procurada atravs darejeio que suscitavam (BURGER, 2002, p. 206). A referncia deixou de sero mundo real e passou a ser o indito.

    O contexto na esfera arquitetnica do incio do sculo XX no divergiamuito do acima descrito: encontramos a mesma efervescncia de manifestosentre as vanguardas arquitetnicas. Ao analisarmos a antologia de manifestos

    de arquitetura do sculo XX organizada por Conrads (1964) que apenasselecionou textos que exerceram uma influncia determinante na arquiteturada Europa ocidental ou que representaram um ponto de partida ou desfecho

  • 7/29/2019 Novo Urbanismo Europeu

    9/14

    103

    A REPETIOOPERATIVANODISCURSODO NOVOURBANISMOEUROPEU

    Cadernos de Arquitetura e Urbanismo, Belo Horizonte, v. 13, n. 14, p. 95-108, dez. 2006

    particular (CONRADS, 1964, p. 12) , percebemos a existncia de 45 mani-festos significativos publicados anteriormente Carta de Atenas.

    A publicao, em 1942, da Carta de Atenas redigida por Le Corbusiercom base nos debates do CIAM VI, de 1933 sob o nome de carta, poderia

    ser interpretada como um desejo de diferenciar-se de todos esses textos facil-mente contestveis. Entretanto, contentar-se com essa primeira explicaoseria aceitar uma justificativa lacunar, uma vez que se baseia apenas na esco-lha de um nome distinto de manifesto e no explora o significado real donovo ttulo escolhido.

    O desejo dos CIAM de produzir princpios para as cidades passveis deserem provados cientificamente j foi amplamente analisado e debatido. Cha-pel (2002), por exemplo, aborda a tentativa de incorporao de mtodoscientficos pelos CIAM atravs da normatizao do processo de produo

    dos mapas temticos e padronizados de 33 cidades, utilizados como basepara os debates do CIAM VI.

    Essa recorrncia cincia como apoio defesa de teorias j foi abordada,por Choay (1956 e 1980) e Tafuri (1978), como propriedade distintiva dostextos de arquitetos e urbanistas, em geral:

    Se se confrontar a produo literria dos arquitetos e a de outras categoriasde manipuladores ou criadores de formas dos pintores aos cinematogrfi-cos ser fcil notar uma diferena. Enquanto estes ltimos, ao escreverem,

    tm bem presente a necessidade de dar uma forma discursiva a uma poticapessoal, ou de se expor problemas relativos a uma tica fortemente deforma-da, os primeiros tendem, na maior parte dos casos, a conferir uma forma ob-jetiva e uma dignidade cientfica sua especulao. (TAFURI, 1978, p. 188)

    Nesse contexto, percebe-se que, assim como os CIAM buscavam o respal-do cientfico para definir e legitimar princpios universais para as cidades, autilizao da palavra carta poderia demonstrar a busca de uma legitimaojurdica. Dessa forma, a palavra carta, que deveria evocar a afirmao deregras princpios genricos , passa a ser utilizada para a divulgao e

    proposio de um modelo de cidade, com contornos nitidamente defini-dos, a ser repetido tal qual.

    V-se que a publicao, sob o nome carta, das cartas do grupo hojedenominado Novo urbanismo europeu uma referncia Carta de Ate-nas. O paradigma dos CIAM e de sua carta fundamental para a organizaodo Novo urbanismo e at mesmo confessado por Andrs Duany.4 Tal refe-

    4 [Leon Krier] me disse certa vez que ns devemos refundar os Congressos Internaci-

    onais de Arquitetura Moderna. O que ele quis dizer foi que os CIAM foram a ltimaorganizao que ampla e eficazmente mudou a maneira pela qual ns concebamos omundo. Eu mantive sempre isto em mente, particularmente para a definio de certaselos na evoluo do Novo urbanismo (DUANYapudKATZ, 2002, p. 35).

  • 7/29/2019 Novo Urbanismo Europeu

    10/14

    GISELA BARCELLOSDE SOUZA

    104 Cadernos de Arquitetura e Urbanismo, Belo Horizonte, v. 13, n. 14, p. 95-108, dez. 2006

    rncia pretende evocar a eficcia daquele movimento. O mencionado parale-lismo entre as estratgias de organizao de ambos os movimentos pode serconfirmado em diversos detalhes: a nomeao do movimento de congres-so e sua abreviao pelas iniciais CNU; a numerao dos congressos por

    nmeros romanos CNU I, CNU II etc. ; a estrutura em itens numeradosdas cartas do CNU e do CEU; o fato de a carta do CNU ter sido assinada noCNU IV (referncia direta ao CIAM IV) e a assinatura da carta do CEU 60anos aps a Carta de Atenas.

    Se, por um lado, os novos urbanistas utilizam o conceito carta paranomear seus manifestos, da mesma forma que os CIAM o fizeram, no des-conhecem, no entanto, o seu real significado. A introduo de Leon Krier Carta da reconstruo da cidade de 1992 o demonstra: [Uma carta] ocomplemento necessrio de uma constituio poltica de um povo (KRIER,

    1992). Esse trecho leva a compreender que a utilizao da palavra cartapelo Novo urbanismo desempenha uma dupla funo: constituir uma res-posta Carta de Atenas e, ao mesmo tempo, legitimar o texto apresentadoatravs de sua significao jurdica.

    DASPROPRIEDADESFORMAISCARACTERSTICASDOSMANIFESTOS

    No obstante intitularem-se cartas e aproveitarem a significao dessevocbulo, as cartas do Novo urbanismo, em sua forma, correspondem s ca-ractersticas dos manifestos. A fim de verific-lo, procederemos a uma breveanlise transversal dos textos produzidos desde 1992, evidenciando suas ca-ractersticas de manifestos. Para tanto, apoiar-nos-emos na grade de anlisede manifestos proposta por Burger (2002). Os manifestos, segundo tal autor,possuem, em sua acepo ordinria, uma estrutura formal prpria que pres-supe, invariavelmente, a expresso das seguintes funes: fundamentaonuma realidade de crise; informao (relato racionalizado da crise); tomada

    de posio (apresentao da soluo dos manifestantes) e apelo reao.A anlise transversal realizada a partir de tais parmetros do conjunto das

    cartas do Novo urbanismo permitiu-nos observar que com exceo da car-ta do INTBAU, que no se ope a nenhuma situao todas as outras organi-zam-se de forma binria, opondo uma realidade de crise proposio de umasoluo.

    Entretanto, se em sua forma de estruturao essas cartas podem corres-ponder a manifestos, vrios motivos nos impedem de abord-las como tais.

    Estes poderiam ser resumidos em duas condies fundamentais dos manifes-tos e ausentes em todas as cartas analisadas: o carter de reao deflagra-o de uma crise e o valor inaugural.

  • 7/29/2019 Novo Urbanismo Europeu

    11/14

    105

    A REPETIOOPERATIVANODISCURSODO NOVOURBANISMOEUROPEU

    Cadernos de Arquitetura e Urbanismo, Belo Horizonte, v. 13, n. 14, p. 95-108, dez. 2006

    Apresentar aqui uma reviso bibliogrfica dos escritos sobre o urbanismodesde a dcada de 1960, a fim de demonstrar que tais cartas repetem uma s-rie de crticas ao planejamento urbano e expem uma crise amplamente abor-dada e analisada, alm de se mostrar desnecessrio revelar-se-ia, ao fim, in-

    cuo, pois tal denunciao j objeto de consenso. A busca do Novo urbanis-mo pelo consenso j foi identificada por Alex Krieger em sua anlise da car-ta do CNU: Ao ler a carta, encontrei poucos itens dos quais eu poderia dis-cordar. De fato, encontrei poucas premissas das quais qualquer um poderiadiscordar. (...) O feito mais notvel [do novo urbanismo] escrever um textoque contm o que a maioria das pessoas acredita e as fazer crer que estes prin-cpios so de propriedade dos que subscrevem ao movimento (KRIEGER,2002).

    A publicao dessas cinco cartas com um interstcio de, no mximo, qua-

    tro anos, apresentando sempre o mesmo grupo, coloca em xeque o valorinaugural do manifesto. Segundo Burger (2002), apesar da existncia de di-versos atos pblicos antecedentes assinatura de um manifesto tais comoreunies, declaraes5 e outros , a sua publicao que deve marcar oficial-mente a entrada do grupo na cena pblica. No caso do grupo europeu hojedenominado Novo urbanismo, essa apresentao oficial ao domnio pbli-co j se concretizou por diversas vezes sob diversos ttulos, mas sempre coma defesa do mesmo projeto de cidade.

    DAREPETIOOPERATIVA

    A partir da anlise desenvolvida at aqui, pode-se afirmar que os textosdo Novo urbanismo no correspondem satisfatoriamente aos conceitos abor-dados. Nem cartas, nem manifestos, os textos que o novo urbanismo nomeiacarta tm na repetio sua principal caracterstica distintiva.

    Primeiramente, deve-se especificar o que se entende aqui como repetio.

    No se trata do simples fato de publicar textos de manifesto periodicamente o De Stijl, por exemplo, exprimia-se freqentemente atravs de manifes-tos. A repetio est no fato de todos esses textos possurem um contedo se-melhante e apresentarem o mesmo grupo sob nomes diferentes. Como de-monstraremos a seguir, tal repetio procede de modo a tornar o projeto decidade defendido cada vez mais consensual e apresent-lo como a convergn-cia de idias distintas.

    5 Marcel Burger distingue os manifestos das declaraes: os primeiros so necessaria-mente mais elaborados que as segundas.

  • 7/29/2019 Novo Urbanismo Europeu

    12/14

    GISELA BARCELLOSDE SOUZA

    106 Cadernos de Arquitetura e Urbanismo, Belo Horizonte, v. 13, n. 14, p. 95-108, dez. 2006

    Em todas as cartas, a defesa da arquitetura e urbanismo ditos tradicio-nais afirmada. Nas cartas do CNU e do CEU, a palavra tradicional substituda pelo respeito herana cultural ou histria local, demons-trando, atravs da utilizao de expresses mais neutras, a busca por maior

    assimilao pelo pblico profissional. Se a retomada de princpios tradicio-nais da arquitetura e do urbanismo poderia dificultar a adeso de alguns, omesmo no ocorre quando substitudos por princpios mais genricos comoo respeito pela histria local que j se tornaram objeto de consenso.

    Excetuando-se a Carta do INTBAU e a Carta da Fundao para a Re-novao Urbana que se restringem defesa de princpios tradicionais nacidade, sem os precisar , as outras propem um projeto de cidade com mai-or grau de elementos. Ao se comparar o conjunto das cartas, percebe-se queo mesmo projeto de cidade retomado sob diferentes formas que no impli-

    cam reais modificaes. Os princpios desse projeto so ainda os da cidadedentro da cidade ou a cidade polinucleada organizada em bairros autno-mos, defendida por Krier desde o fim dos anos 1970.

    A comparao entre as cartas permite tambm a constatao de maiorsemelhana entre as cartas do CNU e a do CEU, esta ltima retomando aestrutura do texto da primeira e todas as suas premissas. Analisando-se com-parativamente essas duas cartas em relao s precedentes, sob o enfoque daslacunas existentes naquelas ou seja, o que no foi retomado do projeto de

    cidade exposto nas demais , pode-se concluir que as medidas e os nmerosprecisos (que dificultavam a aplicao em larga escala do modelo proposto)foram substitudos por preceitos mais amplos e menos polmicos.

    No por acaso, a carta de 1992, responsvel pela primeira apario pbli-ca do grupo que mais tarde viria a se chamar Novo urbanismo europeu, uma republicao modificada da Carta da reconstruo da cidade europiaescrita por Krier em 1980, como j demonstramos. Tal fato signo da auto-referncia contnua que marca a ao do Novo urbanismo desde seu atoinaugural: a apresentao do movimento nascente na dcada de 1990 feita

    atravs da evocao (e distoro) do movimento passado a Resistncia an-tiindustrial.

    A contnua repetio do j afirmado anteriormente atravs da proposiode um novo nome para o mesmo grupo poderia ser indcio da fraqueza dessestextos como manifestos. Entretanto, o Novo urbanismo europeu faz dovolume de cartas uma estratgia. Se os signatrios responsveis pela organi-zao dessas cartas mudam pouco de uma a outra, a existncia de vriosnomes para designar um grupo semelhante permite a legitimao da assina-

    tura da carta seguinte. Afinal, a cada nova carta todas as fundaes, associa-es, redes e conselhos criados anteriormente subscrevem o novo texto, am-pliando a impresso de convergncia de idias.

  • 7/29/2019 Novo Urbanismo Europeu

    13/14

    107

    A REPETIOOPERATIVANODISCURSODO NOVOURBANISMOEUROPEU

    Cadernos de Arquitetura e Urbanismo, Belo Horizonte, v. 13, n. 14, p. 95-108, dez. 2006

    A explicitao desse processo de repetio permite compreend-lo comoum dispositivo de construo de uma histria. Nesse sentido possvel esta-belecer um paralelo com o conceito de crtica operativa estabelecido porTafuri: A crtica operativa projeta a histria passada projetando-a em dire-

    o ao futuro (...), antecipando as vias de ao, fora a histria (TAFURI,1978, p. 168).Fora do domnio da crtica terica, no entanto, os textos aqui abordados

    foram a histria atravs de sua repetio no tempo o que chamaremosaqui de repetio operativa. Assim como a crtica operativa, esses textos po-dem surgir quando uma estagnao inquieta torna evidente a necessidadede uma coragem nova (TAFURI, 1979, p. 178).

    Se as vanguardas do sculo XX romperam com a estrutura do manifestoao procurarem a auto-afirmao pblica atravs da rejeio, os textos do

    Novo urbanismo, apesar de se assemelharem formalmente a manifestos,saram do domnio dos manifestos ao neg-los por completo: no h nenhu-ma funo a ser desempenhada na apresentao pblica de um manifesto ede um novo grupo; o papel de tais textos cumprido apenas atravs de suarepetio. A repetio operativa permite a fragmentao e multiplicao domovimento. Em vez de enfraquec-lo, esses diferentes nomes servem de es-tratgia legitimao do novo urbanismo que aparece como conciliadorde diversos movimentos.

    Referncias

    BURGER, Marcel. Les manifestes: paroles de combat: de Marx Breton. Lonay:Delachaux et Niesl, 2002.

    CHAPEL, Enrico. Cartes et figures de lurbanisme scientifique en France (1910-1943): recherche sur le rle et les fonctions de la statistique et de lunificationgraphiques dans la production des doctrines urbaines. 2000. Tese (Doutorado) Universit de Paris, Ecole Doctorale em Urbanisme, Frana.

    CHOAY, Franoise. Lurbanisme, utopies et ralits: une anthologie. Paris: Seuil,1965.

    CHOAY, Franoise. La rgle et le modle: sur la thorie de larchitecture et delurbanisme. Paris: Seuil, 1980.

    CONRADS, Ulrich. Programas y manifestos de la arquitetura del siglo XX. Bar-celona: Lumen, 1973. 293p.

    DUANY, A.; PLATER-ZYBERT, E.; SPECK, J. Suburban nation: the rise of spra-wl a decline of the american dream. New York: North Point, 2000.

    ELLIN, N. Postmodern urbanism. New York: Princeton Architectural, 1999.IRAZABAL, Clara. De la carta de Atenas al nuevo urbanismo.Qu significa paraVenezuela? Entre Rayas, Caracas, n. 21, 1997.

  • 7/29/2019 Novo Urbanismo Europeu

    14/14

    GISELA BARCELLOSDE SOUZA

    108 Cadernos de Arquitetura e Urbanismo, Belo Horizonte, v. 13, n. 14, p. 95-108, dez. 2006

    JENCKS, C. The Prince, the architects and the new wave monarchy. London:Academy Editions, 1988.

    KATZ, P. Seaside debates. Florida: Rizzoli International Publications, 2002.

    KRIEGER, Alex. Arguing the against position: new urbanism as a means ofbuilding and rebuilding our cities. In: KATZ (Org.). Seaside debates. Florida:

    Rizzoli International Publications, 2002. p. 51-58.KRIER, L. Charte de la reconstruction de la ville europenne. In: CULOT (Org.).Leon Krier: Drawings 1967-1980. Bruxelles: A.A.M, 1981. p. 14-19.

    KRIER, Leon. Charte de la reconstruction de la ville. In: TAGLIAVENTI, G.(Org.). A vision of Europe: mostra internationale di architettura e urbanistica Bologna 1992. Florencia: Alnea, 1992. p. 41-55.

    LE CORBUSIER. La charte dAthnes. Paris: ditions de Minuit, 1957.

    MONTANER, J. M. Despus del movimiento moderno: arquitectura de la se-gunda mitad del siglo XX. Barcelona: Gustavo Gilli, 1993.

    NASCENTES, Antenor. Dicionrio etimolgico resumido. Rio de Janeiro: Insti-tuto Nacional do Livro, 1966.

    SOUZA, G. B. Re-dire et d-dire: le nouvel urbanisme en Europe. 2004. Disser-tao (Diplme dtudes Approfondies) Universit de Paris VIII, Paris.

    SPRING, M.We hate to say it but... building. London: Building, 2000.

    TAFURI, M. Teorias e histrias da arquitetura. Lisboa: Presena, 1979.

    TAGLIAVENTI, G. A Vision of Europe: mostra internationale di architettura eurbanistica. Bologna: Alinea, 1992.

    Endereo para correspondncia:Universidade Estadual de MaringCampus Universitrio, Avenida Colombo, 5.79087020-900 Maring PRe-mail: [email protected]