Nomenclatura Laudo Cervical

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    Nomenclatura Brasileira para

    Laudos CitopatolgicosCervicais

    MINISTRIO DA SADE

    Instituto Nacional de Cncer Jos Alencar Gomes da Silva (INCA)

    3 Edio

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    Nomenclatura Brasileira para

    Laudos CitopatolgicosCervicais

    MINISTRIO DA SADE

    Instituto Nacional de Cncer Jos Alencar Gomes da Silva (INCA)

    3 Edio

    Rio de Janeiro, RJINCA

    2012

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    2003 Instituto Nacional de Cncer Jos Alencar Gomes da Silva/ Ministrio da Sade.Todos os direitos reservados. A reproduo, adaptao, modificao ou utilizao deste contedo, parcial ou integralmente,so expressamente proibidas sem a permisso prvia, por escrito, do INCA e desde que no seja para qualquer fim comer-cial. Venda proibida. Distribuio gratuita.Esta obra pode ser acessada, na ntegra, na rea Temtica Controle de Cncer da Biblioteca Virtual em Sade - BVS/MS

    (http://bvsms.saude.gov.br/bvs/controle_cancer) e no Portal do INCA (http://www.inca.gov.br).

    Formato eletrnico 3 edio 2012

    Elaborao, distribuio e informaesMINISTRIO DA SADEINSTITUTO NACIONAL DE CNCER JOS ALENCARGOMES DA SILVA (INCA)Coordenao-Geral de Preveno e VigilnciaDiviso de Deteco Precoce e Apoio Organizaode RedeRua Marqus de Pombal, 125 Centro20230-092 Rio de Janeiro RJTel.: (21) 3207-5500E-mail: [email protected]

    Equipe de ElaboraoAnexo

    EdioCOORDENAO-GERAL DE PREVENO E VIGILNCIAServio de Edio e Informao Tcnico-CientficaRua Marqus de Pombal, 125 Centro20230-240 Rio de Janeiro RJTel.: (21) 3207-5500

    Superviso EditorialLetcia CasadoEdio e Produo EditorialTas FacinaCopidesqueRita Rangel de S. MachadoRevisoMaria Helena Rossi OliveiraCapa, Projeto Grfico e DiagramaoMariana Fernandes TelesFicha CatalogrficaSilvia Dalston

    FICHA CATALOGRFICA

    I59n Instituto Nacional de Cncer Jos Alencar Gomes da Silva. Coordenao-Geral de

    Preveno e Vigilncia. Diviso de Deteco Precoce e Apoio Organizao de Rede.

    Nomenclatura brasileira para laudos citopatolgicos cervicais / Instituto Nacional de

    Cncer Jos Alencar Gomes da Silva, Coordenao-Geral de Preveno e Vigilncia,

    Diviso de Deteco Precoce e Apoio Organizao de Rede. 3. ed. Rio de Janeiro :

    Inca, 2012.

    23 p.

    ISBN 978-85-7318-208-8 (verso eletrnica)

    1 . Citodiagnstico. 2. Neoplasias do colo do tero. 3. Nomenclatura mdica

    sistematizada. 4. Preveno de cncer de colo uterino. I. Ttulo.

    CDD 616.07582

    Catalogao na fonte Servio de Edio e Informao Tcnico-Cientfica

    Ttulos para indexaoEm ingls: Brazilian Nomenclature for Reporting Cervical Cytopathologies

    Em espanhol: Nomencltor Brasileo para Partes Mdicos Citopatolgicos Cervicales

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    Apresentao

    A presente publicao, Nomenclatura Brasileira para Laudos Citopatolgicos

    Cervicais, estava originalmente inserida no livro Nomenclatura Brasileira para Laudos

    Citopatolgicos Cervicais e Condutas Clnicas Preconizadas, de 2003, em seu

    captulo I, juntamente com os captulos das condutas clnicas preconizadas e do

    Monitoramento Externo da Qualidade dos Exames Citopatolgicos (MEQ).

    Em 2006, houve republicao desse livro com a reviso ampliada das condutas

    clnicas e a supresso do captulo referente ao MEQ. Em 2010, optou-se por lanar

    os trs captulos como publicaes independentes, por entender-se que os temas

    referentes s diretrizes brasileiras para o rastreamento do cncer do colo do tero

    e ao monitoramento da qualidade do exame citopatolgico mereceriam uma

    profunda reviso.

    Esta publicao est voltada para profissionais de sade, laboratriosvinculados ao Sistema nico de Sade (SUS) ou no e gestores. Tem como objetivo

    contribuir para a padronizao do laudo citopatolgico, assim como melhorar a

    qualidade e a confiabilidade dos exames citopatolgicos.

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    Apresentao

    Lista de siglas

    Introduo

    1. Laudo citopatolgico

    2. Nomenclatura brasileira para laudos citopatolgicos cervicais

    2.1. Tipos de amostra

    2.2. Avaliao pr-analtica

    2.3. Adequabilidade da amostra

    2.4. Diagnstico descritivo

    2.5. Microbiologia

    Referncias

    Anexo

    Sumrio

    4

    6

    7

    9

    10

    11

    12

    12

    15

    19

    20

    21

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    Lista de Siglas

    ABPTGIC Associao Brasileira de Patologia do Trato Genital Inferior e Colposcopia

    AGC Atipias de significado indeterminado em clulas glandulares

    AIS Adenocarcinoma in situ

    ASC Atipias de significado indeterminado em clulas escamosas

    ASC-US Atipias de significado indeterminado em clulas escamosas, possivelmente

    no neoplsicas

    ASC-H Atipias de significado indeterminado em clulas escamosas, no podendo

    excluir leso intraepitelial de alto grau

    DIU Dispositivo intrauterino

    Febrasgo Federao Brasileira das Associaes de Ginecologia e Obstetrcia

    HPV Papilomavrus humano

    HSIL Leso intraepitelial escamosa de alto grau

    INCA Instituto Nacional de Cncer Jos Alencar Gomes da SilvaJEC Juno escamocolunar

    LSIL Leso intraepitelial escamosa de baixo grau

    MEQ Monitoramento Externo da Qualidade

    NIC Neoplasia intraepitelial cervical

    SUS Sistema nico de Sade

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    Introduo

    O Ministrio da Sade tem realizado parcerias com sociedades cientficas e

    considerado a opinio de especialistas nacionais e internacionais para que as es-

    tratgias, normas e procedimentos que orientam as aes de controle do cncer do

    colo do tero no pas estejam em consonncia com o conhecimento cientfico atual.

    Como parte integrante dessas aes, o Ministrio da Sade e o Ministrio da

    Previdncia Social promoveram, em 1988, a reunio de consenso sobre a Periodici-

    dade e Faixa Etria no Exame de Preveno do Cncer Cervicouterino. Em 1993, o

    Ministrio da Sade, por meio do Instituto Nacional de Cncer Jos Alencar Gomes

    da Silva (INCA) e da Sociedade Brasileira de Citopatologia, promoveu o Seminrio

    Nacional sobre Nomenclatura e Controle de Qualidade dos Exames Citolgicos e

    Preveno do Cncer Cervicouterino. Essa nomenclatura, baseada no Sistema de

    Bethesda, de 1988 (Instituto Nacional de Cncer dos Estados Unidos), somente foiincorporada universalmente pelos laboratrios de citopatologia que prestam servi-

    os ao SUS a partir de 1998, com a implantao, em todo o pas, do Viva Mulher

    Programa Nacional de Controle do Cncer do Colo do tero e da Mama.

    Com a atualizao do Sistema de Bethesda em 20011, e considerando a

    necessidade de incorporar as novas tecnologias e conhecimentos clnicos, morfol-gicos e moleculares, o INCA e a Sociedade Brasileira de Citopatologia promoveram

    o Seminrio para Discusso da Nomenclatura Brasileira de Laudos de Exames Ci-

    topatolgicos CITO 2001, que ocorreu no Rio de Janeiro. Com o apoio da Asso-

    ciao Brasileira de Patologia do Trato Genital Inferior e Colposcopia (ABPTGIC) e

    da Federao Brasileira das Associaes de Ginecologia e Obstetrcia (Febrasgo),

    foi elaborada uma proposta de nomenclatura, amplamente divulgada por correio einternet, estimulando-se contribuies e sugestes.

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    Nomenclatura Brasileira para Laudos Citopatolgicos Cervicais

    Em um segundo encontro, ocorrido em 2002, representantes de vrias ins-

    tituies e sociedades cientficas* aprovaram a nova nomenclatura brasileira para

    laudo dos exames citopatolgicos. Nesse momento, iniciou-se discusso sobre seu

    impacto nas condutas clnicas e laboratoriais. Durante o XVII Congresso Brasileiro

    de Citopatologia, ocorrido 2002, na cidade de Foz do Iguau, no Paran, a nova

    proposta foi oficializada.

    Em 2003, foi publicado o livreto Nomenclatura Brasileira para Laudos

    Citopatolgicos Cervicais e Condutas Clnicas Preconizadas, contendo os captulos:

    nomenclatura brasileira para laudos citopatolgicos cervicais, condutas clnicas

    preconizadas e MEQ, um conjunto de estratgias que tinha por objeto padronizar

    o laudo citopatolgico com as respectivas condutas clnicas e manter o controle de

    qualidade desses laudos emitidos pelos laboratrios prestadores de servio ao SUS.

    No ano de 2006, houve republicao desse livreto com a reviso ampliadadas condutas clnicas. Nele, foi suprimido o captulo referente ao MEQ, porque esse

    tema merecia uma profunda reviso.

    Em 2010, as Diretrizes Brasileiras para o Rastreamento do Cncer do Colo

    do tero passaram por um amplo processo de reviso e atualizao baseado em

    evidncias, envolvendo diversos segmentos da sociedade cientfica. O documentocompleto foi lanado em julho de 2011.

    A presente publicao apresenta a verso original do texto relativo Nomen-

    clatura Brasileira para Laudos Citopatolgicos Cervicaiselaborada em 2002.

    * Sociedade Brasileira de Citopatologia, Sociedade Brasileira de Patologia, Associao Brasileira de Patologia doTrato Genital Inferior e Colposcopia, Secretarias Estaduais de Sade, Instituto Brasileiro de Controle do Cncer, Hospital

    A.C. Camargo, Instituto Nacional de Cncer Jos Alencar Gomes da Silva, Universidade de Campinas, Agncia Nacionalde Vigilncia Sanitria, Ncleo Estadual Rio de Janeiro do Ministrio da Sade e Sociedade de Ginecologia e Obstetrciado Rio de Janeiro.

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    1. Laudo Citopatolgico

    A nomenclatura brasileira utilizada para laudos citopatolgicos tem sofrido

    constantes alteraes. A adoo do Sistema de Bethesda, ainda que adaptado ao

    Brasil, facilita a comparao de resultados nacionais com os encontrados em pu-

    blicaes estrangeiras. importante ressaltar que a introduo de novos conceitos

    estruturais e morfolgicos contribui tanto para o desempenho do laboratrio quanto

    para a relao entre a citologia e a clnica.

    Sabe-se, no entanto, que essas mudanas ocorrem de forma gradual e de-

    pendem da adoo da nova terminologia na rotina diria dos profissionais de sa-

    de, fonte de alimentao de conhecimento para a mdia escrita ou falada e para a

    populao em geral.

    Atualmente, no razovel que alguns laboratrios ainda emitam laudos decitopatologia somente com a nomenclatura ultrapassada, uma vez que a proposta

    de novas categorias de resultados impede que se estabelea correlao pertinente

    entre Bethesda e Papanicolaou.

    Em contrapartida, fundamental que mdicos, ginecologistas ou no, ao re-

    ceberem os resultados de exames, compreendam o diagnstico. Portanto, pretende--se explicar aqui o seu significado, com vistas a uniformizar o uso da nomenclatura

    no Brasil, estabelecida por consenso entre especialistas no assunto.

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    2. Nomenclatura Brasileira para LaudosCitopatolgicos Cervicais

    Desde que o Dr. George Papanicolaou tentou classificar as clulas que obser-

    vava, acreditando serem a representao de leses neoplsicas, ocorreram diversas

    modificaes que incorporaram progressivamente o conhecimento adquirido sobre

    a histria natural dessas leses, sempre na tentativa de melhorar a correlao cito-

    -histolgica. Deve-se notar que o objetivo do teste continua o mesmo, ou seja, a

    inteno identificar alteraes sugestivas de uma doena e, como consequncia,

    indicar tambm aes que permitam o diagnstico de certeza.

    Papanicolaou criou uma nomenclatura que procurava expressar se as clulas

    observadas eram normais ou no, atribuindo-lhes uma classificao. Assim, falava-

    -se em classes I, II, III, IV e V, em que a classe I indicava ausncia de clulas atpi-

    cas ou anormais; a II, citologia atpica, mas sem evidncia de malignidade; a III,

    citologia sugestiva, mas no conclusiva, de malignidade; a IV, citologia fortemente

    sugestiva de malignidade; e a V, citologia conclusiva de malignidade.

    Se essa classificao se preocupava pouco com os aspectos histolgicos que

    as leses sugeriam, a partir de ento, novas nomenclaturas surgiram, mais atentas

    a esse significado. Assim, o termo displasia foi introduzido na classificao, levan-do em conta alteraes histolgicas correspondentes, identificando displasias leves,

    moderadas e severas. Todos os graus eram grosseiramente referentes classe III de

    Papanicolaou, correlacionando tambm a IV com carcinomas escamosos in situ. A

    classe V continuou a indicar carcinoma invasor, e, pela primeira vez, deu-se nfase

    a alteraes celulares, devido ao do papilomavrus humano (HPV), relatando-se

    a coilocitose3.

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    Nomenclatura Brasileira para Laudos Citopatolgicos Cervicais

    Em uma etapa posterior, estabeleceu-se o conceito de neoplasia intraepitelial

    e, no caso da crvice uterina, de neoplasia intraepitelial cervical (NIC) subdividida

    em trs graus, que se mantm para os diagnsticos histolgicos. A classificao cito-

    lgica mais atual do esfregao cervical o Sistema de Bethesda. Ela incorporou v-

    rios conceitos e conhecimentos adquiridos que, resumidamente, so: o diagnstico

    citolgico deve ser diferenciado para as clulas escamosas e glandulares; a incluso

    do diagnstico citomorfolgico sugestivo da infeco por HPV, devido s evidncias

    do envolvimento desse vrus na carcinognese dessas leses, dividindo-as em leses

    intraepiteliais de baixo (LSIL) e alto (HSIL) graus, ressaltando o conceito de possibili-

    dade de evoluo para neoplasia invasora; e a introduo da anlise da qualidade

    do esfregao. Essa classificao foi revista em 1991 e 2001, porm sem mudanas

    estruturais.

    2.1. Tipos de amostra

    Citologia

    Convencional.

    Em meio lquido.

    Nota explicativa:Com a recente introduo da citologia em meio lquido, em suas

    diferentes apresentaes, indispensvel que seja informado o modo de preparo,

    uma vez que a adequabilidade do material avaliada de forma diversa para cada

    meio. ainda de fundamental importncia que o laboratrio comunique, em caso

    de citologia em meio lquido, qual sistema foi usado.

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    Nomenclatura Brasileira para Laudos Citopatolgicos Cervicais

    2.2. Avaliao pr-analtica

    Amostra rejeitada por

    Ausncia ou erro de identificao da lmina e/ou do frasco.

    Identificao da lmina e/ou do frasco no coincidente com a do formulrio.

    Lmina danificada ou ausente.

    Causas alheias ao laboratrio (especificar).

    Outras causas (especificar).

    Nota explicativa: Esse conceito foi introduzido como uma inovao, visando a

    estabelecer a diferena entre rejeio por causas alheias e anteriores chegada ao

    laboratrio e aquelas relacionadas colheita, colorao ou anlise microscpica. A

    causa da rejeio dever ser identificada e registrada, de preferncia, no momento

    da entrada da lmina no laboratrio. Contudo, o profissional responsvel pelo

    exame quem ir assinar o laudo contendo o motivo da rejeio.

    2.3. Adequabilidade da amostra

    Na atual nomenclatura utilizada para definir a adequabilidade da amostra,

    estabelece-se o sistema binrio: satisfatria e insatisfatria. Portanto, a expressoanteriormente utilizada, satisfatria, mas limitada, foi abolida.

    Anterior: Atual:

    Satisfatria Satisfatria

    Satisfatria, mas limitada...

    Insatisfatria Insatisfatria

    Figura 1 -Nomenclatura para adequabilidade da amostra

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    Nomenclatura Brasileira para Laudos Citopatolgicos Cervicais

    Insatisfatria para avaliao onctica

    So consideradas insatisfatrias amostras cuja leitura esteja prejudicada pelas

    razes expostas abaixo, algumas de natureza tcnica e outras de amostragem celu-

    lar, podendo ser assim classificadas:

    Material acelular ou hipocelular (menos de 10% do esfregao).

    Leitura prejudicada (mais de 75% do esfregao) por presena de:

    a) Sangue.

    b) Picitos.

    c) Artefatos de dessecamento. d) Contaminantes externos.

    e) Intensa superposio celular.

    f) Outros (especificar).

    Satisfatria

    Designa amostra que apresente clulas em quantidade suficiente, bem distri-

    budas, fixadas e coradas, de tal modo que sua visualizao permita uma concluso

    diagnstica.

    Epitlios possivelmente representados na amostra

    Escamoso.

    Glandular (no inclui o epitlio endometrial).

    Metaplsico.

    Nota explicativa 1:A questo da adequabilidade da amostra vem, ao longo do

    tempo, suscitando inmeros questionamentos e modificaes, dado o seu carter de

    matria conflitante e de difcil conceituao, plenamente aceitvel . A disposio, em

    um sistema binrio (satisfatria x insatisfatria), melhor caracteriza a definio da

    viso microscpica da colheita. No atual Sistema de Bethesda, a adequabilidade da

    amostra tambm est colocada nesses dois parmetros. Contudo, nesse sistema, a

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    Nomenclatura Brasileira para Laudos Citopatolgicos Cervicais

    caracterizao da juno escamocolunar (JEC) faz parte dessa definio, o que no

    ocorre aqui. Deve-se considerar como satisfatria a amostra que apresente clulas

    em quantidade suficiente, bem distribudas, fixadas e coradas, de tal modo que sua

    visualizao permita uma concluso diagnstica. Observe que os aspectos de re-

    presentatividade dos epitlios no constam desse item, mas devero estar em caixa

    prpria, para que seja dada a informao (obrigatria) dos epitlios representados

    na amostra. A definio de adequabilidade pela representatividade passa a ser da

    exclusiva competncia do responsvel pela paciente, que dever levar em consi-

    derao as condies prprias de cada uma (idade, estado menstrual, limitaes

    anatmicas, objetivo do exame etc). Insatisfatria a amostra cuja leitura esteja

    prejudicada pelas razes expostas acima, todas de natureza tcnica e no de amos-

    tragem celular.

    Nota explicativa 2:Embora a indicao dos epitlios representados na amostra

    seja informao obrigatria nos laudos citopatolgicos, seu significado deixa depertencer esfera de responsabilidade dos profissionais que realizam a leitura do

    exame. Agora, eles respondem apenas pela indicao dos epitlios que esto repre-

    sentados. Todavia, deve-se alertar que a amostra adequada pode no ter a repre-

    sentao completa da JEC, o que dever ser avaliado pelo ginecologista.

    A presena de clulas metaplsicas ou endocervicais, representativas da JEC,

    tem sido considerada como indicador da qualidade do exame, pelo fato de elas seoriginarem do local onde se situa a quase totalidade dos cnceres do colo do tero.

    A presena exclusiva de clulas escamosas deve ser avaliada pelo mdico res-

    ponsvel.

    muito oportuno que os profissionais de sade atentem para a representati-

    vidade da JEC nos esfregaos cervicovaginais, sob pena de no propiciar mulher

    todos os benefcios da preveno do cncer do colo do tero.

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    Nomenclatura Brasileira para Laudos Citopatolgicos Cervicais

    2.4. Diagnstico descritivo

    Dentro dos limites da normalidade, no material examinado.

    Alteraes celulares benignas.

    Atipias celulares.

    2.4.1. Dentro dos limites da normalidade, no material examinado

    Diagnstico completamente normal.

    Nota explicativa:O acrscimo da expresso no material examinado visa a esta-

    belecer, de forma clara e inequvoca, aspectos do material submetido no momento

    do exame4. Aqui tambm ocorre uma diferena importante com o Sistema Bethesda,

    do qual foi excluda a categoria das alteraes celulares benignas. Tal manuteno

    deve-se ao entendimento de que os fatores que motivaram a excluso no se apli-cam realidade brasileira.

    2.4.2. Alteraes celulares benignas (ativas ou reparativas)

    Inflamao sem identificao de agente

    Caracterizada pela presena de alteraes celulares epiteliais, geralmente de-terminadas pela ao de agentes fsicos, os quais podem ser radioativos, mecnicos

    ou trmicos e qumicos, como medicamentos abrasivos ou custicos, quimioterpi-

    cos e acidez vaginal sobre o epitlio glandular. Ocasionalmente, podem-se obser-

    var alteraes em decorrncia do uso do dispositivo intrauterino (DIU), em clulas

    endometriais. Casos especiais do tipo exsudato linfocitrio ou reaes alrgicas,

    representadas pela presena de eosinfilos, so observados.

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    Nomenclatura Brasileira para Laudos Citopatolgicos Cervicais

    Resultado indicando metaplasia escamosa imatura

    A palavra imatura, em metaplasia escamosa, foi includa na Nomenclatura

    Brasileira, buscando caracterizar que essa apresentao considerada como do

    tipo inflamatrio, entretanto o epitlio, nessa fase, est vulnervel ao de agentes

    microbianos e, em especial, do HPV.

    Nota explicativa:Em relao nomenclatura anterior, a nica mudana ocorre

    pela introduo da palavra imatura em metaplasia escamosa, buscando caracterizar

    que essa a apresentao que deve ser considerada como alterao. Assim sendo,a metaplasia matura, com sua diferenciao j definida, no deve ser considerada

    como inflamao e, eventualmente, nem necessita ser citada no laudo, exceto na

    indicao dos epitlios representados, para caracterizar o local de colheita.

    Resultado indicando reparao

    Decorre de leses da mucosa com exposio do estroma e pode ser deter-

    minado por quaisquer dos agentes que indicam inflamao. , geralmente, a fase

    final do processo inflamatrio5, momento em que o epitlio est vulnervel ao

    de agentes microbianos e, em especial, do HPV.

    Resultado indicando atrofia com inflamao

    Na ausncia de atipias, um achado normal no perodo climatrico.

    Resultado indicando radiao

    Nos casos de cncer do colo do tero, o exame citopatolgico deve ser reali-

    zado para controle de possvel neoplasia residual ou de recidiva da neoplasia aps

    tratamento radioterpico.

    Nota:Ressalta-se a importncia do preenchimento completo e adequado dos dados

    de anamnese constantes do formulrio de requisio de exame citopatolgico colo

    do tero.

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    Nomenclatura Brasileira para Laudos Citopatolgicos Cervicais

    Outras (especificar)

    2.4.3. Atipias celulares

    Clulas atpicas de significado indeterminado

    Escamosas (ASC):

    - Possivelmente no neoplsicas (ASC-US de Bethesda).

    - No podendo excluir leso intraepitelial de alto grau (ASC-H de Bethesda).

    Glandulares (AGC):

    - Possivelmente no neoplsicas.

    - No se pode afastar leso intraepitelial de alto grau.

    De origem indefinida:

    - Possivelmente no neoplsicas.

    - No se pode afastar leso intraepitelial de alto grau.

    Nota explicativa:Essa mais uma inovao da nomenclatura brasileira: a criao

    de uma categoria separada para todas as atipias de significado indeterminado e,

    mais ainda, a categoria de origem indefinida destinada quelas situaes em que

    no se pode estabelecer com clareza a origem da clula atpica. Deve-se observar

    que foi excluda a expresso provavelmente reativa, a qual foi substituda pelapossivelmente no neoplsica, e introduzida a expresso no se pode afastar

    leso intraepitelial de alto grau. Com isso, pretende-se dar nfase ao achado de

    leses de natureza neoplsica, diminuindo assim o diagnstico dbio. Objetiva-se

    identificar as clulas imaturas e pequenas, que, por sua prpria indiferenciao,

    podem representar maior risco de corresponder a leses de alto grau. Sempre que

    o caso exigir, notas explicativas devem ser acrescentadas, visando a orientar o res-

    ponsvel pela paciente nos procedimentos adotados. Deve-se observar a excluso

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    Nomenclatura Brasileira para Laudos Citopatolgicos Cervicais

    total dos acrnimos (ASCUS e AGUS), cujo uso desaconselhado, devendo sempre

    constar por extenso os diagnsticos nos laudos emitidos.

    Em clulas escamosas

    a) Leso intraepitelial de baixo grau - LSIL (compreendendo efeito citoptico pelo

    HPV e NIC grau I).

    b) Leso intraepitelial de alto grau - HSIL (compreendendo NIC graus II e III).

    c) Leso intraepitelial de alto grau, no podendo excluir microinvaso.

    d) Carcinoma epidermoide invasor.

    Nota explicativa:Foi adotada a terminologia leso intraepitelial em substituio

    ao termo neoplasia, alm de estabelecer dois nveis (baixo e alto graus), separando

    as leses com potencial morfolgico de progresso para neoplasia maligna daque-

    las mais relacionadas com o efeito citoptico viral, com potencial regressivo ou de

    persistncia. Foi includa ainda a possibilidade diagnstica de suspeio de microin-

    vaso. Recomenda-se enfaticamente que seja evitado o uso de outras nomenclatu-ras e classificaes, alm das aqui j contempladas, evitando-se a perpetuao de

    termos eventualmente j abolidos ou em desuso, os quais em nada contribuem para

    o esclarecimento diagnstico.

    Em clulas glandulares

    a) Adenocarcinomain situ(AIS).

    b) Adenocarcinoma invasor:- cervical;

    - endometrial;

    - sem outras especificaes.

    Outras neoplasias malignas.

    Presena de clulas endometriais (na ps-menopausa ou acima de 40 anos,fora do perodo menstrual).

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    Nomenclatura Brasileira para Laudos Citopatolgicos Cervicais

    Nota explicativa:A introduo da categoria AIS reconhece a capacidade de iden-

    tificao morfolgica dessa entidade e acompanha a nomenclatura internacional.

    O item sem outras especificaes refere-se exclusivamente a adenocarcinomas de

    origem uterina. Quando for identificada neoplasia de origem glandular extrauterina,

    essa deve ser colocada no quadro das outras neoplasias malignas, especificando o

    tipo, em nota complementar. As clulas endometriais somente necessitam ser men-

    cionadas quando a sua presena possa ter significado patolgico. Assim sendo, seu

    achado nos primeiros 12 dias que sucedem ao perodo menstrual apenas dever ser

    apontado se houver importncia para a identificao de algum processo patolgico.

    2.5. Microbiologia

    a) Lactobacillus sp.

    b) Bacilos supracitoplasmticos (sugestivos de Gardnerella /Mobiluncus).

    c) Outros bacilos.

    d) Cocos.

    e) Candida sp.

    f) Trichomonas vaginalis.

    g) Sugestivo de Chlamydia sp.

    h)Actinomyces sp.

    i) Efeito citoptico compatvel com vrus do grupo herpes.

    j) Outros (especificar).

    Nota explicativa:Foram mantidas as informaes de Chlamydia, cocos e baci-

    los por considerar-se a oportunidade, por vezes nica, em um pas continental e

    com grandes dificuldades geogrficas e econmicas, de estabelecer uma terapu-

    tica antimicrobiana baseada exclusivamente no exame preventivo. A introduo da

    expresso bacilos supracitoplasmticos busca indicar a apresentao morfolgica

    de agentes microbianos de difcil distino pelo exame corado e fixado pela tcnica

    citolgica, mas que, de modo geral, respondem aos mesmos tratamentos.

  • 5/26/2018 Nomenclatura Laudo Cervical

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    Referncias

    1 Solomon D, Davey D, Kurman R, Moriarty A, OConnor D, Prey M et al. The 2001

    Bethesda System: terminology for reporting results of cervical cytology. JAMA. 2002

    Apr 24;287(16):2114-9.

    2 INSTITUTO NACIONAL DE CNCER JOS ALENCAR GOMES DA SILVA (Brasil).

    Diretrizes Brasileiras para o Rastreamento do Cncer do Colo do tero. Rio de Janei-

    ro: INCA, 2011.

    3 Koss GL, Melamed RM. Koss Diagnostic Cytology and its Histopathologic Bases.

    2005:307, 5 ed. Vol. 1 Ed. Lippincott Willians & Wilkins.

    4 Davey DD et al. ASCCP Patient Management Guidelines Pap Test Specimen

    Adequacy and Quality Indecators. Am J Clin Pathol. 2002; 118(5):714-718.

    5 Malik SN, Wilkinson EJ, Drew PA, Hardt NS. Benign cellular changes in Pap smears.

    Causes and significance. Acta Cytol. 2001; 45(1):5-8.

  • 5/26/2018 Nomenclatura Laudo Cervical

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    Anexo

    Lista dos participantes nas diferentes etapas do trabalho de elaborao da

    Nomenclatura Brasileira para Laudos Cervicais e Condutas Preconizadas: Recomen-

    daes para Profissionais de Sade, 2 edio (Rio de Janeiro: INCA, 2006), da qual

    este livro faz parte.

    Afrnio Coelho

    Alexandre Jos Peixoto DonatoAlvaro Piazetta Pinto

    Ana Cristina Lima Pinheiro

    Ana Maria Castro Morillo

    Andreia Xavier Polastro

    Antonio Luiz Almada Horta

    Carlos Alberto Fernandes Ramos

    Carlos Alberto Ribeiro

    Carlos Alberto Temes de Quadros

    Carlos Eduardo Polastri Claro

    Celso di Loreto

    Claudia Jacinto

    Claudia Marcia Pereira Passos

    Claudio Aldila Oliveira da CostaClaudio Bernardo H.Pereira Oliveira

    Cleide Regina da Silva Carvalho

    Clovis dos Santos Andrade

    Deise de Carvalho Dias

    Delia Maria Rabelo

    Delly Cristina Martins

    Denise BarbosaDenise Jos Pereira

    lbio Cndido de Paula

    Elias Fernando MiziaraElizabeth Cristina de Souza Mendes

    Elsio Barony de Oliveira

    Elza Baia de Brito

    Elza Gay Pereyra

    Estefania Mota Araripe Pereira

    Ethel Cristina Souza Santos

    Euridice Figueiredo

    Fabio Russomano

    Fatima Edilza Xavier de Andrade

    Fatima Meirelles Pereira Gomes

    Fatima Regina Gomes Pinto

    Fernando Azeredo

    Francisco de Assis Leite FilhoFrancisco Jos Batista da Silva

    Gerson Botacini das Dores

    Giani Silvana Schwengber Cezimbra

    Gleyce Juventelles de Oliveira Anunciao

    Gulnar Azevedo e Silva Mendona

    Gutemberg Leo de Almeida Filho

    Henrique de Oliveira CostaHerclio Fronza Jnior

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    Nomenclatura Brasileira para Laudos Citopatolgicos Cervicais

    Ilsa Prudente

    Ilzia Doraci Lins Scapulatempo

    Isa Maria MelloIsabel Cristina Chuvalis Doval

    Ivana Porto Ribeiro

    Joo Batista da Silva

    Joel Takashi Totsugui

    Jorge Henrique Gomes de Mattos

    Jose Anselmo Cordeiro Lopes

    Jos Antonio Marques

    Jos Eluf Neto

    Jos Guilhermo Berenguer Flores

    Jos Helvcio Kalil

    Jos Mauro Secco

    Josefina de Andrade Monteiro de Barro

    Jucelei EscandelaJupira Mesquita

    Jurandyr Moreira de Andrade

    Katia Regina Santos Lima

    Laudycia de S. Oliveira

    Leda Pereira de Barcelos

    Leonel Ricardo Curcio Junior

    Letcia Katz

    Liana Ariza

    Luciane Maria Oliveira Brito

    Lucilia Maria Gama Zardo

    Luiz Clice Cintra

    Luiz Carlos de Lima Ferreira

    Luiz Carlos ZeferinoLuiz Claudio Santos Thuler

    Luiz Fernando Bleggi Torres

    Luiz Martins Collao

    Manoel Afonso Guimares GonalvesMarco Antnio Oliveira Apolinrio

    Marco Antonio Teixeira Porto

    Marcos Andr Flix da Silva

    Marcus Valrio Frohe de Oliveira

    Maria Beatriz Kneipp Dias

    Maria da Conceio Aguiar Lyra

    Maria Diva Lima

    Maria do Carmo Esteves da Costa

    Maria Ftima de Abreu

    Maria Isabel do Nascimento

    Maria Jos Camargo

    Maria Jos de Souza Ferrera

    Maria Lcia Prest MartelliMaria Midori Piragibe

    Maria Odete Abrantes Correia Lopes

    Maria Raymunda de Albuquerque Maranho

    Marieta Maldonado

    Marilene Filgueiras Nascimento

    Marina Andrade Amaral

    Marina Lang Dias Rego

    Maristela V. Peixoto

    Maura Raquel Ferreira Sousa Vidal

    Mnica de Assis

    Morgana Martins dos Santos

    Nabiha Taha

    Neil Chaves de SouzaNelson Cardoso de Almeida

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    Nomenclatura Brasileira para Laudos Citopatolgicos Cervicais

    Nelson Valente Martins

    Ney da Silva Pereira

    Nilza Maria Sobral Rebelo Horta

    Norma Imprio Meyrelles

    Olimpio Ferreira de Almeida Neto

    Paula Fernandes de Brito

    Paula Maldonado

    Paulo Giraldo

    Paulo Sergio Peres Fonseca

    Renata Aranha

    Risoleide Marques de Figueiredo

    Roberto Junqueira de Alvarenga

    Ronaldo Correa F. da Silva

    Ronaldo L.

    Rangel Costa

    Roseli Monteiro da Silva

    Rui Luzzato

    Sergio M. Bicalho

    Srgio Tavolaro

    Sheila Rochelin Pereira

    Snia Maria Lima S. Marcena

    Sueli Aparecida Maeda

    Tnia Maria Cruz Werton Veras

    Terezinha Castelo Branco Carvalho

    Therezinha Sanfim Cardoso

    Valeria de Andrade

    Valeria Hora de Mello

    Vnia Reis Girianelli

    Vera Lucia Motta da Fonseca

    Virglio Augusto G. Parreira

    Virginia Borges Nassralla

    Wanuzia Queila de Miranda

    Wilhermo Torres

    Wilna Krepke Leiros Dias

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    Fonte: Futura, corpo 13.Rio de Janeiro, agosto de 2012.

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