LONA 716 - 16/05/2012

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[email protected] @jornallona lona.redeteia.com Ano XIII - Número 716 Jornal-Laboratório do Curso de Jornalismo da Universidade Positivo Curitiba, quarta-feira, 16 de maio de 2012 O único jornal-laboratório DIÁRIO do Brasil A legislação, que foi sancionada no ano passado, entra em vigor hoje no Paraná, prometendo trans- parência sobre a vida pública. O governador Beto Richa (PSDB) assinou ontem o decreto estadual que regulamenta a lei. Pág. 3 Lei de Acesso à Informação entra em vigor hoje Jonas Oliveira/ANPR Maioria dos empreendedores brasileiros é jovem, diz pesquisa Págs. 4 e 5 ESPECIAL Google: da simplicidade à revolução tecnológica Pág. 6 TECNOLOGIA TRÂNSITO Morretes: do dia útil ao final de semana Pág. 8 ENSAIO Carona solidária traz benefícios tanto para quem oferece quanto para quem recebe Pág. 7

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JORNAL-LABORATÓRIO DIÁRIO DO CURSO DE JORNALISMO DA UNIVERSIDADE POSITIVO.

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Curitiba, quarta-feira, 16 de maio de 2012

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Ano XIII - Número 716Jornal-Laboratório do Curso de

Jornalismo da Universidade Positivo

Curitiba, quarta-feira, 16 de maio de 2012

O único jornal-laboratório

DIÁRIOdo Brasil

A legislação, que foi sancionada no ano passado, entra em vigor hoje no Paraná, prometendo trans-parência sobre a vida pública. O governador Beto Richa (PSDB) assinou ontem o decreto estadual que regulamenta a lei. Pág. 3

Lei de Acesso à Informação entra em vigor hoje

Jonas Oliveira/ANPR

Maioria dos empreendedores brasileiros é jovem, diz

pesquisa

Págs. 4 e 5

ESPECIAL

Google: da simplicidade àrevolução tecnológica

Pág. 6

TECNOLOGIA

TRÂNSITO

Morretes: do dia útil ao final de semana

Pág. 8

ENSAIO

Carona solidária traz benefícios tanto para quem oferece quanto para quem recebe

Pág. 7

Curitiba, quarta-feira, 16 de maio de 20122

ExpedienteReitor: José Pio Martins | Vice-Reitor e Pró-Reitor de Administração: Arno Gno-atto | Pró-Reitora Acadêmica: Marcia Sebastiani | Coordenação dos Cursos de Comunicação Social: André Tezza Consentino | Coordenadora do Curso de Jornalismo: Maria Zaclis Veiga Fer-reira | Professores-orientadores: Ana Paula Mira, Elza Aparecida de Oliveira Filha e Marcelo Lima | Editora-chefe: Suelen Lorianny |Repórter: Vitória Pe-luso | Pauteira: Renata Pinto| Edito-rial: Daniel Zanella

O LONA é o jornal-laboratório do Curso de Jornalismo da Universidade Positivo. Rua Pedro Viriato Parigot de Souza, 5.300 - Conectora 5. Campo Comprido. Curitiba - PR. CEP: 81280-30 - Fone: (41) 3317-3044.

Opinião

Em O Espírito das Leis, de 1748, o filósofo francês Charles Montes-quieu analisa a ciência política de seu tempo e elabora uma cartilha de procedimentos éticos às autoridades políticas.

“A corrupção dos governantes quase sempre começa com a corrup-ção de seus princípios”. As bases teóricos desta obra, de profundo cará-ter iluminista, foram decisivas na elaboração dos fundamentos da Revo-lução Francesa de 1789 e são, até hoje, mais de 250 anos depois, vitais no entendimento do pensamento político contemporâneo e na falta de virtude dos agentes públicos.

Anteontem, o Ministério Público do Paraná (MP) entrou com mais uma ação de improbidade administrativa envolvendo a contratação irre-gular de funcionários da Assembleia Legislativa, construindo mais um episódio lamentável na história recente de escândalos da AL .

Os promotores pedem o bloqueio de R$ 213,2 milhões para garantir o ressarcimento de “meros” R$ 25,5 milhões que teriam sido pagos in-devidamente pela Assembleia para dez fantasmas da Casa.

O MP responsabiliza o ex-presidente da Casa Nelson Justus (DEM) e o ex-primeiro secretário Alexandre Curi (PMDB) pelas contratações irregulares.

Também foram notificados o ex-diretor geral da Assembleia Abib Miguel, que andou passando uma boa temporada na cadeia, o ex-diretor administrativo José Ary Nassiff e o ex-diretor de pessoal Cláudio Mar-ques da Silva.

O histórico de escândalos da Assembleia, originados a partir da série Diários Secretos, da Gazeta do Povo e RPC, abriu uma fissura política incontornável, lançando o Legislativo num abismo de incredulidade: não se sabe mais como pode piorar a confiabilidade da Casa.

Entretanto, é possível enxergar os episódios por um aspecto de higie-nização: os órgãos fiscalizadores, tanto públicos como privados, estão realizando seu papel, e cabe agora aos representantes dos cidadãos ex-plicarem seus atos, se defenderem democraticamente das acusações e, se culpados, ressarcirem o erário e punidos com o máximo vigor.

Questão de princípio.

Editorial Opinião

No último sábado, aconteceu na Ordem dos Advogados do Brasil em Curi-tiba um evento para tratar da sustentabilidade, meio ambiente e mobilidade. O evento teve a participação de vários especialistas, que discutiram os temas sob o ponto de vista jurídico, técnico e social. Entre eles, o ex-governador do Paraná Jaime Lerner.

O arquiteto e também ex-prefeito de Curitiba questionou a validade da obra do metrô que, por se estender do CIC até o centro da cidade, não contemplará um eixo estrutural completo – que para se efetivar precisaria ser de Sul (CIC) a Norte (Santa Cândida).

Lerner lembrou ainda que se as pessoas hoje julgam o sistema de transporte coletivo “esgotado”, isto decorre do fato dele estar “mal operado”.

Outro aspecto que ele já falou em outras palestras, mas que na de sábado não foi mencionado, é o fato de que as estações do metrô terão uma distância maior entre elas do que existe hoje entre os tubos do biarticulado, quer dizer, o tempo de deslocamento a pé dos usuários aumentará, mais o fato de a pe-riodicidade das composições ter um tempo maior entre elas, pois cada uma transportará o equivalente a cinco ônibus biarticulados.

Conforme Lerner, haverá estações com uma profundidade de 35 metros do nível da rua, o que, na soma dos tempos, proporcionará um deslocamento de porta à porta, semelhante ao sistema BRT (Bus Rapid Transit), como é conhe-cido o sistema de vias exclusivas para ônibus – que chamamos simplesmente de canaletas.

Muito conhecido por suas sucessivas gestões no comando da prefeitura de Curitiba, Jaime Lerner é um arquiteto que conseguiu projeção internacional, todavia, existem muitos críticos ao seu trabalho na administração pública.

Um dos muitos acontecimentos políticos que marcam sua trajetória foi a fracassada tentativa de privatizar a Copel – uma companhia estatal eficiente e lucrativa.

Sobre o projeto urbanístico de Curitiba, muitos dados que podem contrapor o discurso de Lerner estão no trabalho científico do professor da Universida-de Federal do Paraná, Dennison de Oliveira, que se tornou livro sob o título: “Curitiba e o mito da cidade modelo” (Editora UFPR).

Meia linha de metrônão resolve

Oscar Cidri

Corrupção: a gente vê por aqui

Preguiça ou má vontade?Estava eu me dirigindo para casa em meu carro pela Rua Eduardo Sprada, quando vejo a frente um ônibus. Quem

dirige nesta rua sabe por que do destaque do ônibus, significa que se ele não virar em algumas das poucas ruas ou se o motorista não for camarada, será até o fim do seu caminho parando e continuando.

Porém, não é sobre o “drama” de chegar mais tarde em casa de quem pega um desses que quero contar para vo-cês, leitores. E sim sobre o fato que na descida da rua o ônibus disparou nas curvas deixando para trás a fila enorme de carros que se formou atrás dele – nem quero pensar sobre os coitados dos passageiros- no fim da descida parou num ponto e vi quando uma senhora corria em sua direção , ele ainda estava com o pisca para a direita, indicando que iria ficar parado. Entretanto, o desgraçado do motorista – me desculpem motoristas, mas isso não se faz – passou o pisca para a esquerda e fechou suas portas no momento que a senhora se aprontou para entrar no veículo.

A senhora gritou e esperneou para o ar, mas ele já havia tomado seu caminho. Isso me lembrou, ano passado, quando voltava de ônibus para casa e várias vezes fui deixada no ponto na mesma Rua Eduardo Sprada, por motoris-tas atrasados que não paravam por só haverem três ou quatro pessoas esperando. Onde está o respeito pelo próximo? Foi trocado pela preguiça, ou até pela simples má vontade.

Renata Silva Pinto

Curitiba, quarta-feira, 16 de maio de 2012 3

Lei promete transparênciasobre a vida públicaLegislação atinge Legislativo, Judiciário, Ministério Público e níveis do Executivo

A Lei de Acesso à In-formação, sancionada em 18 de novembro do ano passado, entra em vigor hoje. A lei determina o fim do sigilo eterno de do-cumentos oficiais.

Agora o prazo máximo de sigilo é de 25 anos para documentos ultrassecre-tos, 15 anos para os secre-tos e cinco para os reser-vados.

Os ultrassecretos po-derão ter o prazo de sigilo renovado apenas uma vez.

Esse decreto permite que qualquer cidadão te-nha acesso a informações detidas pelo Poder Públi-co, consultar dados, sigi-losos ou não, sem precisar justificar o pedido.

Essa lei atinge os ór-gãos públicos federais, estaduais, municipais e empresas estatais.

O decreto estadual es-tabelece que serão dispo-nibilizadas informações que tratem da estrutura de cada um dos órgãos de governo, seus programas e metas, endereço, tele-fones, servidores e suas funções, tabelas salariais, registros de aplicação dos recursos ou transferên-cias financeiras, licita-

Carolina PereiraRafaela GuimarãesVitória Peluso

Produção Integrada Rede Teia

ções, contratos e convê-nios, bem como o plano de aplicação de verbas e a respectiva.

Além do acesso ao Portal da Transparência, na internet, as consultas poderão ser feitas por e-mail, telefone, carta ou documento protocolado em unidades que integram a estrutura do Estado.

Em todos os casos, o órgão que receber a con-sulta deverá fornecer ao requerente um número de protocolo para acompa-nhamento da tramitação do pedido.

Para fazer a consulta, é necessário um cadastro básico para que o reque-rente possa receber a res-posta (nome, número do documento de identifica-ção ou número de inscri-ção no cadastro de pessoas físicas - CPF, bem como dados do e n d e r e ç o para avi-so de que a resposta está dispo-nível).

As in-formações de cará-ter geral e disponibi-lizadas no Portal da T r a n s p a -rência ou via e-mail serão gra-tuitas.

Quando a resposta ge-rar despesas (fotocópias ou qualquer espécie de material), o custo deverá ser ressarcido aos cofres públicos por meio de pa-gamento da Guia de Reco-lhimento (GR) de tributos estaduais.

O deputado Edson Pra-ckzyk espera que a socie-dade passe a ter informa-ção de forma mais rápida, mais precisa e acessível, porque, dessa maneira, poderá interagir com o po-der público e assim obter decisões mais acertadas.

Ele acredita que qual-quer cidadão deve ter acesso a todas as infor-mações porque a partir do momento em que uma pessoa decide colocar seu nome à apreciação numa eleição, por exemplo, já deve ter consciência de que faz parte da sua fun-

ção ter a sua vida com-pletamente transparente e acessível.

De acordo com o pro-fessor de direito penal Pedro Luciano Evange-lista Gebeluce, a lei pode melhorar a política do Es-tado porque a população terá conhecimento dos atos dos políticos.

Ainda assim, Pedro Lu-ciano acredita que essa lei não vai afetar as eleições deste ano, pois está muito em cima da hora. Porém, a continuidade dessa lei, a população poderá acom-panhar mais de perto o que está sendo feito, o que poderá trazer resultados melhores para o Estado.

No Paraná, ontem o go-vernador Beto Richa assi-nou o decreto estadual que regulamenta a lei federal de Acesso à Informação. A partir disso todos os

secretários e gestores de empresas públicas e au-tarquias têm obrigação de disponibilizar para a sociedade paranaense os atos praticados na sua área de atuação. Segundo o governador, o decreto se soma ao Portal de Trans-parência. A medida tem como objetivo garantir que a população tenha a possibilidade de acompa-nhar recursos aplicados, assim fiscalizando a atu-ação dos políticos. As in-formações são da Agência Estadual de Notícias.

Serviço

As informaçõesestarão disponíveis no

Portal da TransparênciaParaná www.portalda-

transparencia.pr.gov.br

Curitiba, quarta-feira, 16 de maio de 20124

Empreendimento é jovem

“A principal dificuldade no começo é, sem dúvida, demonstrar aos clientes que uma nova empresa tem a ca-pacidade de prestar serviços de qualidade”, desabafa o sócio da empresa de design estratégico Granada, Heral-do Fantinatti.

Essa dificuldade tam-bém pode ser comprova-da em números. Dados da Junta Comercial do Paraná apontam que no ano passa-do cerca de 20 mil empresas foram fechadas. No mesmo período, mais de 56 mil em-presas foram abertas.

De acordo com uma pes-quisa divulgada pelo proje-to Global Entreprenership Monitor (GEM) em 2010, o Brasil é o país que possui maior população empre-endedora dentre os Brics (Brasil, China, Índia e Rús-sia), chegando a 17,5% de empresas em estágio inicial – com menos de três anos e meio.

Isabella MayerPaula Nishizima

Na China, esse número cai para 14,4%, e na Rús-sia, para 3,9%. Na Índia os empreendedores representa-vam 11,5% da população do país, segundo a última pes-quisa, realizada em 2008.

Os dados revelam o mo-mento econômico vivido pelo Brasil, que, para o con-sultor do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Peque-nas Empresas (Sebrae) Mar-celo Cantero, está propício ao empreendedorismo. “O Brasil vive já há alguns anos uma estabilidade econômi-ca. Isso dá mais segurança para as pessoas arriscarem”.

Quem são os empreende-dores brasileiros?

A pesquisa publicada pelo GEM também indica que a maioria dos empre-endedores brasileiros en-volvidos com negócios em fase inicial (com menos de três anos e meio) é relativa-mente jovem: possui entre 25 e 34 anos, representando 22,2% do total. A faixa de idade entre 35 e 44 anos re-presenta 15% dos iniciantes em novos negócios.

Quanto ao nível de es-colaridade, mais da me-

tade dos empreendedores (53,5%) possuem entre 5 e 11 anos de estudo, uma faixa que abrange desde a quinta série do Ensino Fun-damental até o terceiro ano do Ensino Médio. O segun-do lugar, com 25,1%, vai para aqueles que possuem mais de 11 anos de estudo, compreendidos entre a gra-duação e a pós-graduação.

Jovens empreendedores

Não é à toa que os bra-sileiros, principalmente os jovens, estão enxergando mais oportunidades para empreender. “A economia está muito favorável para empreender. Alguns fato-res que indicam isso são a estabilidade econômica, a maior facilidade de acesso ao crédito, o pleno empre-go, o que significa que as pessoas estão praticamente escolhendo onde querem trabalhar, e a ascensão da classe C”, comprova o con-sultor do Sebrae.

Cantero informa que a procura de jovens por orien-tação no Sebrae é grande. “Em geral, eles têm algu-ma ideia e vêm até aqui nos contar, muitas vezes são

grandes ideias. O nosso papel é fa-zê-los pensarem em aspectos que muitas vezes eles não contempla-ram ainda, como questões de ges-tão e planejamen-to”, explica.

As novas tec-nologias também ajudam na hora de ganhar co-nhecimento de mercado. Para o consultor, a inter-net tem se torna-do aliada na hora

de conseguir informações e pesquisar experiências de outras empresas.

Negócios sociais

Alguns empreendimentos têm como objetivo transformar o mundo num lugar melhor em termos sociais, econômicos e culturais. Esse modo de fazer negócio já tem nome: são os negócios sociais.

“Trata-se de empresas localizadas no que chama-mos de setor ‘dois e meio’, que seria algo entre o ter-ceiro setor (que são as ongs) e o setor privado. São em-presas que têm o objetivo de gerar impacto social, mas que também buscam lucro, já que não são ongs”, escla-rece Bruno Volpi, sócio do Hub Curitiba, espaço desti-nado a esse tipo de empre-endimento.

A principal referência em negócios sociais é o banqueiro Muhammad Yu-nus, prêmio Nobel da Paz de 2006. “Yunus criou um banco que fornecia crédito para pessoas pobres, numa época em que ninguém que-ria emprestar dinheiro para esse público. Em geral eram mulheres da área rural que queriam empreender e sus-tentar suas famílias”, pon-tua Volpi.

The Hub

“The Hub” é o nome de uma rede mundial de em-preendedores que conec-ta mais de 4.500 pessoas e dispõe de 28 sedes ao redor do mundo. No Brasil, o Hub tem uma sede em São Pau-lo desde 2008. A unidade de Curitiba foi inaugurada em janeiro deste ano e con-ta com uma sala de eventos com capacidade para 60 pessoas, uma de workshops para 30 pessoas e uma de

reuniões com mesa para seis pessoas, além de cozinha, espaço para descanso e um pequeno jardim.

Bruno Volpi conta que o processo de criação de um espaço Hub tem alguns re-quisitos, tais como deman-da da cidade e um projeto bem planejado. “Para abrir um Hub, é preciso que ele seja ‘apadrinhado’ por dois outros Hubs já existentes, no caso da sede de Curitiba, os padrinhos são o Hub São Paulo e o de Zurique (Suí-ça)”.

Qualquer pessoa pode se tornar membro do Hub, basta consultar as opções de planos mensais no site www.hub-curitiba.com e preencher um formulário. “A gente tem desde mágicos até arquitetos aqui dentro. Nosso objetivo é aumentar a conexão entre quem quer empreender e alavancar essas pessoas para coisas maiores”, salienta Volpi.

Aster - Turismo de

Experiência

Uma jornalista, uma es-tudante de direito e um es-tudante de economia traba-lhando juntos numa empresa de turismo. Dá para imagi-nar? Pois é assim que Giana Andonini, de 24 anos, Ma-riana Halfen, de 23, e Vini-cius Floriani, de 21 criaram a Aster, agência de Turismo de Experiência.

O diferencial da Aster é o roteiro, baseado na ex-periência dos participantes e buscando sempre lugares pouco convencionais, como durante o percurso “Curiti-ba: Você está aqui”, no qual os “turistas” foram levados a conhecer empreendedores da capital paranaense, como o dono do bar Aos Demo-cratas, e figuras clássicas, Espaço HUB durante um de seus eventos

Hub Curitiba

Curitiba, quarta-feira, 16 de maio de 2012 5

como o cantor e composi-tor Plá, que se apresenta no Centro; o gato Boris, que mora num sebo em frente ao Bar do Alemão, no Lar-go da Ordem, e até o túmulo da “santa curitibana”, Maria Bueno, no Cemitério Muni-cipal.

“Nossa intenção é gerar emoções e, por mais que isso pareça uma coisa sub-jetiva, levá-la para o plano dos negócios”, explica a jornalista Giana Andonini. A ideia dos sócios empreen-dedores foi alavancada após sua participação no Festi-val de Ideias de São Paulo,

onde o trio ficou entre as vinte criações finalistas e conseguiu o primeiro patro-cínio, vindo de uma empre-sa de telefonia móvel.

Para Giana, o aumento do número de jovens empre-endedores se deve ao fato de muitos terem dificuldade de se encaixar no mercado de trabalho. “Nós sempre gostamos da área de turis-mo, até mesmo porque na empresa em que trabalháva-mos, tínhamos contato com isso. Unimos o que gostáva-mos com o projeto de abrir um negócio próprio”, diz a jornalista.

A Universidade Positivo incentiva o empreendedorismo por meio da Incubadora de Projetos e Empresas da universidade. São mais de dez empresas que atuam em diversos setores, como design e biotecnologia.

As empresas incubadas contam com o auxílio da universidade por meio de uma equipe que aconselha e acompanha as principais dificuldades. “Somos também co-brados periodicamente sobre os resultados e metas propostas”, conta Heraldo Fan-tinatti, sócio da empresa de design estratégico Granada, que busca desenvolver o design como uma estratégia de agregar valor ao produto.

“Mas, sem dúvida, além de toda a consultoria administrativa, o melhor é a expe-riência em conjunto com os outros incubados, que, naturalmente, criam uma rede de negócios, abrindo muitas portas por meio de indicações, oportunidades de negócios e troca de experiências”, explica Fantinatti.

Outra empresa que surgiu na incubadora da UP é a Engeled, cuja proposta é de-senvolver produtos de iluminação com a tecnologia LED de alto brilho, considerada mais sustentável ambiental e economicamente. O sócio da Engeled, Rodrigo Ferraz, dá a dica para quem quer começar um negócio. “Uma ideia inovadora junto com muita força de vontade é o que levam você longe, é o que a gente está conseguindo agora”. Ferraz também conta que pretende estender a Engeled a nível nacional.

No ano passado, a Incubadora promoveu o evento “Circuito StartUP”, que for-neceu uma série de atividades competitivas aos participantes, com a elaboração das empresas incubadas. Para este ano, foi lançado o Prêmio Inovação UP 2012 com o tema “Sociedade do Futuro” e com o objetivo de estimular soluções que colaborem para a construção de uma sociedade mais inovadora.

Puderam ser inscritos no concurso projetos de pesquisa, Trabalhos de Conclusão de Curso, iniciação científica, iniciação tecnológica ou projeto incubado.

A jornalista Giana Ando-nini, sócia da agência de turis-mo Aster, explica um pouco mais sobre a experiência de ter um negócio e dá algumas dicas para quem quer empre-ender, na entrevista a seguir.

Lona - Você se formou em jornalismo e hoje tem uma empresa de turismo, como chegou a essa área? Giana - Me graduei em Jorna-

lismo, mas durante a faculdade os meus estágios foram quase todos no Terceiro Setor. Uma das ongs em que trabalhei por três anos e meio tem como foco o desenvol-vimento de liderança em jovens e tem o intercâmbio como uma ferramenta para isso. Por isso tive bastante contato com pessoas de outras culturas (dos diferentes estados do Brasil e de diferentes países) e com a gestão de inter-câmbios. Depois que viajei para a Bolívia para realizar o meu in-tercâmbio voltei com ainda mais vontade de empreender nesta área. Mas acredito que há bastante do jornalismo no nosso trabalho na agência, isso porque realizamos viagens mais significativas conec-tando pessoas com temas, lugares e experiências diferentes. Isso exi-ge bastante pesquisa, contato com

fontes, etc., mais ou menos como no jornalismo. A diferença que o nosso canal para esta conexão não é por uma mídia, mas pelo turis-mo.

Lona- Para você, o que significa empreender?

‘Fazer acontecer’ acho que é a me-lhor definição. É visualizar uma oportunidade, que você acredita ser importante não só pela sua realização profissional, mas pelo resultado que este negócio irá tra-zer para o mundo e colocá-la em prática. Mas acredito que mais im-portante do que uma definição do que significa empreender é pensar no perfil do empreendedor, pois são essas características e a forma como ele encara os desafios no dia a dia que farão a diferença no ne-gócio.

Lona- Então qual você conside-ra a característica fundamental de um empreendedor?

Talvez uma verdadeira curiosi-dade seja uma das características mais fundamentais ao meu ver. É importante para o empreendedor gostar do universo em qual ele está empreendendo e não só ser bem informado, mas ser curioso mes-mo.

Lona- Durante o processo de criação da Aster, houve mui-tas dificuldades? Quais foram elas?

Não chamaria de dificuldades, mas de muitos aprendizados e oportunidades. Quem se dispõe a empreender tem que saber que terá que correr atrás de muita in-formação, e que terá que aprender fazendo em muitos momentos. Um dos principais pontos para a gente foi definir muito bem o que seria a agência, já que não temos muitas referências de agências que trabalhem focadas no Turis-mo de Experiência como nós.

Lona- Que dica você daria pra quem tem vontade de abrir o próprio negócio?

Acredito que procurar uma orientação inicial no Sebrae pode ser um bom passo. Depois pen-sar em que área e que tipo de ne-gócio você quer abrir. Você pode abrir uma empresa, ou abrir uma franquia por exemplo. Pode abrir sozinho ou procurar pessoas para compor uma sociedade. Estudar e avaliar bem todas as possibili-dades é bem importante, e após isso dar início à abertura: fazer pesquisas, fazer um plano de ne-gócio, e colocar a mão na massa.

Abrindo o negócio

A experiência de pessoas como Giana demonstram que a presença feminina nos empreendimentos brasileiros tem crescido nos últimos anos. O relatório do projeto Global Entreprenership Monitor (GEM) publicado 2010 compara números desde 2002 da economia brasileira.

A pesquisa analisou a participação de mulheres e ho-mens em empreendimentos em estágio inicial (com menos de três anos e meio de funcionamento). O resultado acusa que entre 2002 e 2010, ambos os sexos tiveram aumento no número de empreendedores. No início do gráfico, as mulheres representavam 11,3%, e os homens, 16%. Oito anos depois, esses números saltaram para 16,2% e 18,4%, respectivamente.

De acordo com o mesmo relatório, a mulher brasileira é, historicamente, uma das que mais empreende no mun-do. Dentre os 59 países analisados no mesmo ano, apenas em Gana as mulheres atingiram um número maior do que os homens participando de empreendimentos em estágio inicial.

O GEM é uma proposta de nível mundial que realiza anualmente o monitoramento de atuações empreendedoras em mais de 85 países.

Mulheres e o mercado

Vinícius e Giana, sócios da ASTER- Turismo de experiência

A UP também empreende

Paula Nishizima

Curitiba, quarta-feira, 16 de maio de 20126

Dude! Where is meu carro?

Gustavo [email protected]

Não podemos negar que uma das maiores invenções tecnológicas do último milênio foi o Google. Mes-mo sendo uma empresa prestadora de serviços, e não especificamente uma invenção tecnológica, o Google impressionou o mundo com diversos serviços de grande utilidade para to-dos. Não só impressionou como ain-da impressiona.

Na última semana, uma peque-na/grande alteração foi anunciada no Gmail, serviço de e-mail e um dos principais produtos da empresa. Agora as mensagens que chegam para você em outro idioma podem ser traduzidas instantaneamente na própria janela da mensagem. Não há complicações. O Gmail identifica que o idioma não é o padrão utiliza-do por você e já sugere a tradução. Simples assim. Agora já é possível

Tecnologia

O cronista e o pornógrafo

Daniel [email protected]

O centenário de nascimento de Nelson Rodrigues traz à discussão literária a força do maior dramatur-go brasileiro, criador de uma obra extensa, provocante e muitas vezes mal compreendida.

Nelson Rodrigues foi, ao seu tempo, acusado de pornográfico e alienado. A primeira pecha vem de seu tratamento impiedoso da famí-lia brasileira, com suas histórias de traição e luxúria, mesmo que ele não tenha sido um adepto de linguagem chula e detestasse palavrões.

A alienação vem de ele não ter se posicionado abertamente contra a ditadura, o que lhe rendeu duradou-ra perseguição da esquerda nacional, que trouxe o aspecto biográfico para

Literatura

comunicar-se com o mundo na sua língua nativa e sem precisar fazer aquele curso básico de inglês ou, até mesmo, japonês.

Talvez você pense que esse novo recurso do Gmail nem seja conside-rado uma tecnologia e queira parar a leitura desta coluna tecnológica. Se realmente for um problema, eu trago uma outra inovação do Google para acalmar seus ânimos.

A bola da vez é um carro que dispensa a função do motorista e se desloca sem qualquer interferência humana. O carro do Google já rece-beu inclusive uma licença para poder trafegar pelas ruas e estradas no esta-do americano de Nevada.

Nos 255 mil quilômetros percor-ridos pelo carro, na fase de teste, poucos incidentes foram registrados; num deles, um outro carro conduzido

por uma pessoa bateu levemente no carro do Google. O pequeno inciden-te apenas confirma que um dos prin-cipais fatores de acidentes com car-ros são os próprios motoristas e que talvez (eu disse talvez) o computador possa evitar grande parte das fatalida-des por aí.

Independente da natureza e utili-dade dos serviços, as últimas inova-ções tecnológicas anunciadas pelo Google deixam de ser consideradas “simples” invenções para iniciar uma revolução social, de comportamento e de interação pessoal e interpessoal.

O Gmail sem barreira linguística permite, por exemplo, a aproximação cada vez maior de pessoas de diferen-tes culturas. Já o carro que dirige so-zinho pode permitir o deslocamento de pessoas impossibilitadas de dirigir por algum motivo físico ou psicoló-

gico.Claro que as limitações ainda exis-

tem e vão demandar um certo tempo para poderem ser tão comuns, como o celular que você carrega no bolso hoje. O que vale é perceber que es-ses protótipos começam um ciclo de novas perspectivas para a qualidade de vida da população e que a tecnolo-gia vai muito além do que um monte de luzes piscando ou uma tela touch screen.

o entendimento da obra rodrigueana. (Nelson Rodrigues criticou, ao

seu modo, o regime militar, princi-palmente após a prisão de seu filho, algo bem detalhado na monumen-tal biografia de Ruy Castro, O Anjo Pornográfico, de 1992, estudo que contribuiu para uma leitura mais moderna e arrojada da carreira de Nelson Rodrigues, também prejudi-cado pelas rasteiras adaptações cine-matográficas.)

Outro aspecto pouco discutido é a sua importância como cronista. Au-tor de muitas crônicas esportivas, de verve lírica e ensaística, ele trouxe o imaginário do futebol para dentro da literatura, com uma linguagem que conciliava o erudito e o popular, o

caráter trágico e dramático do espor-te ao cotidiano do homem simples e contraditório.

Em 1967, Nelson publicou no Correio da Manhã uma série de me-mórias, depois reunidas no livro A Menina Sem Estrela. A crônica que dá título ao livro e narra a reação do autor diante do nascimento da filha cega é uma das maiores passagens da literatura brasileira.

“Dois meses depois, dr. Abreu Fialho passa na minha casa. Viu minha filha, fez todos os exames. Meia hora depois, descemos juntos. Ele estava de carro e eu ia para a TV Rio; ofereceu-se para levar-me ao Posto 6. No caminho, foi muito delicado, teve muito tato. Sua com-

paixão era quase imperceptível. Mas disse tudo. Minha filha era cega”.

O centenário de Nelson Rodri-gues é a oportunidade de mergulhar (perigosamente) nas sombras do ser humano comum e infinito. Sem pre-conceitos.

Curitiba, quarta-feira, 16 de maio de 2012

Lucas Guimarães

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Carona solidária pode diminuircongestionamentosTransportar vários passageiros por veículo é uma boa saída para economizar combustível e diminuir poluição

Carolina PereiraRafaela GuimarãesVitória Peluso

Thiago Falat e Aline Lima

O trânsito nas grandes ci-dades tornou-se um proble-ma não apenas por formar longos congestionamentos durante os horários de pico, como também por afetar os habitantes que precisam se locomover. Segundo o Ins-tituto de Pesquisa e Plane-jamento Urbano de Curitiba (IPPUC), na capital para-naense há 1,6 habitante por carro.

De acordo com professor de Arquitetura e Urbanismo Ciro Andrade Siqueira, em termos de números Curitiba é a quarta capital com mais

automóveis nas ruas. Segundo o IPPUC, para

reduzir a quantidade de ve-ículos e evitar os congestio-namentos é preciso admi-nistrar um planejamento de trânsito, criar meios alter-nativos como incentivos ao uso de bicicletas, melhorar as calçadas para atrair os pedestres em deslocamentos curtos, investir na qualida-de do transporte coletivo e incentivar a carona solidá-ria.

“Para a tarefa de dar ca-rona, destaco o envolvimen-to das empresas, escolas e principalmente das universi-dades, por serem as maiores geradoras de tráfego na cida-de”, conforme a assessoria de imprensa do IPPUC.

Para Siqueira, a carona solidária pode ser uma for-ma de diminuir o número de carros nas ruas e desafogar o transporte público. “Se cada pessoa der carona para seu vizinho, por exemplo, pode-mos ter uma redução drás-tica do número de automó-veis”, alega o professor.

Os horários de picos, que são o maior problema por causar congestionamento nas cidades populosas, na opinião de Siqueira, podem ser uma solução.

“O fato de muita gente ter horários parecidos e ir para os mesmos lugares ou locais próximos pode facilitar o deslocamento de várias pes-soas por meio da carona”, diz.

Amizade

A estudante e dona de casa Andreia Regio Giaco-nassi e seu filho saem de casa todos os dias por volta das 7h. Ela oferece carona ao estudante Gustavo Berini Ansbach e mais dois colegas do filho, pois todos estudam na mesma instituição.

“Se vamos para o mesmo lugar e não é preciso mudar o meu trajeto, não vejo por que não dar carona”, conta Andreia. Para ela, além de ajudar quem precisa dar ca-rona é um modo de colabo-rar com o meio ambiente.

Gustavo, que vai para a faculdade com Andreia, conta que precisa da corona por morar longe da escola e porque o deslocamento por transporte coletivo é muito demorado. “Se não tivesse

a carona, teria que pegar cin-co ônibus e acordar antes das 6 h”, explica o estudan-te.

Para ele, o fator fi-n a n c e i r o não é um dos moti-vos para precisar de carona, di-ferente da e s t u d a n t e Aline Lima. Ela pega carona com o também e s t u d a n -te Thiago Falat, mas

dá a ele uma ajuda simbó-lica para colaborar com os gastos. Os dois moram em Fazenda Rio Grande, região metropolitana de Curitiba, mas só foram se conhecer na sala de aula e ficaram mais próximos por virem todos os dias juntos.

Aline diz que, mais do que a vantagem de gastar menos do que gastava com transporte coletivo, a caro-na ameniza o desgaste de ir e voltar de uma cidade para outra todos os dias.

“Para vir de ônibus eu teria que pegar seis ônibus e acordar bem mais cedo”, relata Aline. “Ao vir de car-ro, eu fico menos cansada, pois de ônibus eu já chego estressada na faculdade”, conta.

Segundo Aline, o estres-se e o cansaço acontecem porque, além de precisar pe-gar muitos ônibus, normal-mente eles estão lotados.

Siqueira acredita que a tendência é que o número de carros nas cidades au-mente cada vez mais devido ao fato de o transporte pú-blico ainda ter diversos pro-blemas. “Apesar de Curitiba ser famosa por ter um bom transporte público, ainda é incompatível com o número de habitantes”, afirma.

Além da vantagem finan-ceira e de facilitar o deslo-camento de quem recebe, o ato de dar carona traz be-nefícios para quem oferece carona, seja ela solidária ou com alguma colabora-ção. “Dar carona é um ato de amizade e é uma forma de aprofundar uma amizade já existente”, acredita Aline Lima.

Curitiba, quarta-feira, 16 de maio de 20128

Morretes: duas cidades em uma só

Cidade de 16 mil habitantes onde seus moradores podem desfrutar de um dia a dia tranquilo e caminhar por suas

ruas largas a qualquer hora do dia. Não há trânsito, os carros dividem o mesmo espaço nas ruas com pedestres e

ciclistas.Nos dias de semana, os bares, lojas e restaurantes quase

não têm movimento. E os hábitos de lazer das pessoas são típicos de lugares pequenos: pescam, conversam em frente

a suas casas e estabelecimentos comerciais. Nos fins de semana, Morretes recebe artistas de vários

lugares diferentes que vêm apenas para mostrar seus traba-lhos, ou porque possuem casa na região, pois a cidade atrai muitos turistas que vão para almo-

çar o barreado, prato típico do litoral paranaen-se, e visitar a feira de fim de semana.

Bosco Bruno, 33 anos, é um artista de múlti-plos talentos e se apresenta na cidade como estátua viva. Juan Carlos Valverde, 31 anos,

é peruano e mora há 10 anos entre Curitiba e Morretes.

Nos fins de semana, toca flauta na praça da cidade para divulgar seus trabalhos. Dona Elza,

85 anos, é agricultora e artesã. Nos dias de semana, trabalha em casa fazendo os produtos

artesanais que são vendidos na feira.

Fotos e texto: Vitória Peluso