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PRÉ-VESTIBULAR LIVRO DO PROFESSOR LITERATURA Esse material é parte integrante do Aulas Particulares on-line do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.aulasparticularesiesde.com.br

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PRÉ-VESTIBULARLIVRO DO PROFESSOR

LITERATURA

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© 2006-2008 – IESDE Brasil S.A. É proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer processo, sem autorização por escrito dos autores e do detentor dos direitos autorais.

Produção Projeto e Desenvolvimento Pedagógico

Disciplinas Autores

Língua Portuguesa Francis Madeira da S. Sales Márcio F. Santiago Calixto Rita de Fátima BezerraLiteratura Fábio D’Ávila Danton Pedro dos SantosMatemática Feres Fares Haroldo Costa Silva Filho Jayme Andrade Neto Renato Caldas Madeira Rodrigo Piracicaba CostaFísica Cleber Ribeiro Marco Antonio Noronha Vitor M. SaquetteQuímica Edson Costa P. da Cruz Fernanda BarbosaBiologia Fernando Pimentel Hélio Apostolo Rogério FernandesHistória Jefferson dos Santos da Silva Marcelo Piccinini Rafael F. de Menezes Rogério de Sousa Gonçalves Vanessa SilvaGeografia DuarteA.R.Vieira Enilson F. Venâncio Felipe Silveira de Souza Fernando Mousquer

I229 IESDE Brasil S.A. / Pré-vestibular / IESDE Brasil S.A. — Curitiba : IESDE Brasil S.A., 2008. [Livro do Professor]

360 p.

ISBN: 978-85-387-0573-4

1. Pré-vestibular. 2. Educação. 3. Estudo e Ensino. I. Título.

CDD 370.71

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Modernismo 2.a geração: prosa

Romance de 30 é uma denominação genérica que se dá às obras escritas entre as décadas de 1930 a 1970, por uma geração de escritores provenientes das classes oligárquicas rurais decadentes com o fim da República Velha. Todas as obras dessa gera-ção têm em comum um caráter fortemente crítico. Tais textos mantêm semelhanças com a estética realista do final do século XIX, agregando algumas das liberdades conquistadas pelos modernistas de 1922. Entretanto, saliente-se que tais obras estão, esteticamente, mais próximas do Realismo que do Modernismo.

Por isso, preferiu-se aqui utilizar a nomenclatura do crítico José Hildebrando Dacanal, por ser uma classificação que não estabelece conflito com as ca-racterísticas essenciais dessas obras literárias.

Contexto históricoA década de 1930 nem começa e já temos um

abalo econômico de proporções mundiais, que afeta diversos setores da economia brasileira da época, é a quebra da Bolsa de Valores de Nova York, no ano de 1929. No Brasil e no mundo diversos empresários entram em bancarrota, sem chances de recuperação. Milhões de dólares somem das mãos dos poderosos como a água a escorrer pelo ralo.

Um ano depois, em nosso país, acontece a Re-volução de 30, elevando ao poder o gaúcho Getúlio Vargas, que se manteria na presidência por quinze anos seguidos. É o fim da República Velha e das oligarquias cafeeiras.

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Café, de Candido Portinari.

No ano de 1945, fim da II Guerra Mundial, Getúlio deixa o poder, é o fim do Estado Novo, que começara em 1937 e que, às custas de um regime ditatorial altamente opressor e populista, que perse-guiu incessantemente intelectuais e políticos de es-querda, ao mesmo tempo que promovia espetáculos de fervoroso patriotismo para as camadas populares, moderniza a economia brasileira.

No contexto ocidental vê-se a instauração, em diversos países, de regimes totalitários. Na Itália, observa-se o fascismo com Mussolini, na Alemanha, o nazismo com Hitler, na Espanha, o franquismo ou fascismo com Franco e em Portugal, o salazarismo ou fascismo, com Salazar.

O mundo passa por um período de extrema conturbação social. Os artistas desse tempo não poderiam fechar os olhos para tamanho caos e levam à sua arte uma ideologia. A real democracia, os di-reitos trabalhistas, a busca por uma maior liberdade são, no Romance de 30, transmitidos para as obras literárias.

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Características

VerossimilhançaNo romance dessa geração conta-se uma histó-

ria que não aconteceu, mas que poderia ter ocorrido. Isso se deve ao fato de que aquilo que foi narrado haveria sido baseado em elementos concretos da rea-lidade. Logo, podemos afirmar que a verossimilhança serve como recurso de denúncia social, pois não se altera a realidade. Lembremos que tal característica provém do romance realista do final do século XIX. Por isso alguns críticos chamam os romances escritos pela geração de 1930 de Neorrealismo.

Linearidade narrativaSão romances que não apresentam grandes ino-

vações quanto às suas estruturas narrativas. Mesmo em romances como Vidas Secas, de Graciliano Ramos, que não temos uma linearidade tão clara ou a trilogia de Erico Verissimo, O Tempo e o Vento, que apresenta a técnica do contraponto temporal (permeia-se um capítulo, de passado menos distante, entre os de-mais, referentes a um passado mais distante) identifi-camos facilmente o início, meio e fim. Em Vidas Secas, apesar de não haver indicações temporais precisas como em O Tempo e o Vento conseguimos perceber que a história possui a duração de um ano.

Portanto, as obras dessa geração nos proporcio-nam boa noção temporal e espacial.

LinguagemO Romance de 30 apresenta uma linguagem

muito mais próxima da escrita tradicional do que das inovações linguísticas da geração de 1922. Vemos, então, que a linguagem é filtrada pelo código culto urbano. Mesmo em se tratando de uma história pas-sada no sertão nordestino ou no interior gaúcho, por exemplo, as personagens não irão falar exatamente como as pessoas dessa região realmente falariam. Essa não aproximação com a linguagem modernista e essa filtragem pelo código culto urbano deve-se à questão de acessibilidade. Eram romances em que se desejava revelar uma crítica, fazer uma denúncia, logo, sendo o grande público oriundo das capitais do país, é estabelecida a linguagem dos habitantes dessa região. Essa foi a forma que os escritores en-contraram de atrair o público, e assim fazê-lo ler o que se queria. Funcionou, pois os romances de 1930 foram dos mais lidos em toda a literatura brasileira, aqui e no exterior. Jorge Amado é a comprovação disso.

Estrutura históricaPor serem romances de cunho crítico e social,

e terem como embasamento, para a criação, a rea-lidade concreta, a estrutura histórica é facilmente identificável. Isto é, percebemos sem dificuldades a estrutura econômica e social a qual pertencem os personagens. O período histórico também é de fácil percepção. A maioria dos romances dessa geração apresenta relatos em que se revela a estrutura his-tórica agrária, entretanto, há também os romances de estrutura urbana.

Nas obras de temática rural vê-se, como per-sonagens, os grandes senhores de terra, ou seja, os integrantes da oligarquia rural e os trabalhadores, so-fredores de injustiças sociais. Já nas obras de temáti-ca urbana são mostrados personagens provenientes das camadas populares. Capitães da Areia, de Jorge Amado é um exemplo disso, e da classe média, nos romances urbanos de Erico Verissimo.

Tipificação socialSão apresentados indivíduos que representam

determinado estrato social. Fabiano, de Vidas Secas, por exemplo, representa o sertanejo nordestino que passa por agruras para sobreviver.

Regional e universalJá ouvimos nossos professores falarem e tam-

bém já lemos a expressão Regionalismo Universal. Sem entrarmos em conceituações, que sempre cau-saram discussão e continuarão causando, vamos tentar explicar como se dá o regional e o universal nos romances de 1930.

O regional apresenta-se nessas obras através do local em que acontece a história. Os tipos huma-nos de um determinado lugar, com seus costumes, sua maneira de pensar e agir revelam-nos os traços da região tratada. Além da paisagem, é claro.

O universal revela-se a partir dos dramas humanos vividos pelas personagens. Pela análise psicológica, a qual revela os desejos e pensamentos mais obscuros do ser humano, é que desvencilhamos o universal no Romance de 30.

Assim, usando novamente o personagem Fa-biano como exemplo, vemos um homem do sertão nordestino na condição de muitos outros que vivem ali (traço regional: condição social em determinado lugar) e, simultaneamente, percebemos o sofrimento de um pai que não pode oferecer melhores condições de vida para seus filhos, que ama (traço universal: sofrimento de um homem em relação a seus filhos, por impossibilidades diversas).

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Autores e obrasÉ considerado como o primeiro romance da

geração de 1930 A Bagaceira, de José Américo de Almeida. Trata-se de uma obra que tematiza os pro-blemas da seca e apresenta as visões de mundo do sertanejo, com seu código ético primitivo, a postura autoritária do senhor de engenho e a visão civiliza-da do filho ilustrado do senhor de engenho. Esse romance tem muito mais uma importância histórica do que estética.

Rachel de QueirozRachel de Queiroz

nasceu no ano de 1910, em Fortaleza. Viveu com sua família entre a cidade e o campo. Aos quinze anos já colaborava em jornais. No ano de 1930, lança o livro O Quinze, obra que impressionou a crítica da época e alçou a escritora aos grandes expoentes da literatu-ra brasileira. Filiou-se no Partido Comunista Brasileiro, deixando-o

tempos depois, após divergência em relação à publi-cação de outro livro seu. Torna-se, em 1977, a primeira mulher a ingressar na Academia Brasileira de Letras. Faleceu em 2003.

Suas principais obras são: O Quinze (1930); João Miguel (1932); Caminho das Pedras (1937); As Três Marias (1939); Dora, Doralina (1974); Memorial de Maria Moura (1992).

Características e temas

Na obra de Rachel de Queiroz verifica-se a relação entre dois mundos: o rural e o urbano. Centrando-se no primeiro ela demonstra a ligação que possuem através das pessoas que saem do universo rural, símbolo da imobilidade social, para o universo urbano, representação das perspectivas de melhoria de vida pela possibilidade de ascensão social. Sua narrativa diferencia-se, da maioria das demais da geração de 1930, por apresentar leves traços de intimismo e uma visão feminista em seus relatos.

Dentre todas suas obras destaca-se O Quinze.

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Rachel de Queiroz.

O Quinze

Essa narrativa, em terceira pessoa, divide-se em dois planos que se interligam: o plano social e o plano individual. Em relação ao primeiro plano, narra-se o drama da família de Chico Bento, que devido à seca, perde seu emprego na casa da avó de Conceição (protagonista) e, sem alternativas, segue em direção à cidade de Fortaleza.

No caminho um de seus filhos morre e o outro desaparece. Chegando em Fortaleza recebem ajuda de Conceição, que adota um de seus filhos, e seguem para São Paulo em busca de melhores condições de vida.

No plano individual, apresenta-se o drama exis-tencial da jovem Conceição, uma mulher culta e ca-ridosa, com ideologias simpatizantes do socialismo. Seu dilema está em entregar-se a seu amor, Vicente (jovem rústico proprietário de terras) ou seguir na sua luta engajada pela filantropia, dedicando-se às vítimas da seca. Necessariamente a escolha implica-ria o abandono de uma das alternativas, pois eram dois mundos diferentes, o rural e o urbano. A jovem acaba, mesmo tendo consciência de seu sofrimento e solidão, por continuar sua luta contra a miséria.

O Quinze

Chegou a desolação da primeira fome. Vi-nha seca e trágica, surgindo no fundo sujo dos sacos vazios, na descarnada nudez das latas raspadas.

– Mãezinha, cadê a janta?

– Cala a boca, menino! Já vem!

– Vem lá o quê!

Angustiado, Chico Bento apalpava os bol-sos... nem um triste vintém azinhavrado...

Lembrou-se da rede nova, grande e de listras que comprara em Quixadá por conta do vale de Vicente.

Tinha sido para a viagem. Mas antes dormir no chão do que ver os meninos chorando, com a barriga roncando de fome.

Estavam já na estrada do Castro. E se ar-rancharam debaixo dum velho pau-branco seco, nu e retorcido, a bem dizer ao tempo, porque aqueles cepos apontados para o céu não tinham nada de abrigo.

O vaqueiro saiu com a rede, resoluto:

– Vou ali naquela bodega, ver se dou um jeito...

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Voltou mais tarde, sem a rede, trazendo uma rapadura e um litro de farinha:

– Tá aqui. O homem disse que a rede estava velha, só deu isso, e ainda por cima se fazendo de compadecido.

Faminta, a meninada avançou; e até Moci-nha, sempre mais ou menos calada e indiferente, estendeu a mão com avidez.

José Lins do Rego mostra personagens da zona açucareira, homens corajosos que seguem à risca seu código de honra e mulheres dóceis e submissas, víti-mas da sociedade patriarcal do início do século XX.

Os seus três primeiros romances – Menino de Engenho, Doidinho e Banguê – são narrativas de forte cunho memorialista. Todas apresentam o mesmo personagem, autobiográfico, Carlos Melo, que é o narrador.

Após haver dito no prefácio de Usina (1936) que encerraria seus romances sobre o ciclo da cana--de-açúcar, volta atrás e lança a obra-prima de sua carreira, Fogo Morto.

Fogo Morto

Essa obra é uma narrativa dividida em três partes, cada uma delas centrando-se em um dos personagens principais, que interagem entre si. O autor quis, assim, mostrar um painel abrangente da sociedade açucareira da época, focalizando a história em três personagens que são, cada um, representan-te de um estrato social.

Fogo Morto marca o fim do memorialismo nas obras referentes ao ciclo da cana-de-açúcar e é nar-rado em terceira pessoa.

Primeira parte – Mestre José Amaro

Amaro (amargo, em latim) é um homem revolta-do com sua condição, demonstrando aversão a toda e qualquer forma de ordem. Alimenta um ódio pelo Coronel Lula de Holanda, dono das terras onde se situa. Alia-se, por isso, ao cangaceiro Antônio Silvino. Além disso, maltrata sua mulher, Sinhá, e sua filha Marta, que vem a enlouquecer. Por ser uma pessoa isolada de todos, anda à noite sozinho. Por isso, e devido ao seu aspecto doentio, acaba ganhando fama de lobisomem, o que o revolta mais ainda. Termina abandonado pela esposa e filha. Em consequência de sua solidão, suicida-se.

Segunda Parte – Coronel Lula de Holanda Chacon

Lula de Holanda acaba se tornando proprietário da fazenda Santa Fé, mediante o casamento com Amélia, filha do poderoso Tomás Cabral de Melo. Após a morte de Tomás, assume a administração do engenho, que entra em decadência, chegando ao ponto de não mais produzir açúcar. Amélia é quem mantém o sustento da família com a criação de galinhas e a venda de ovos. Entretanto, Lula de Holanda, indiferente a tudo isso, age como se fosse ainda um rico proprietário, andando pela estradas com seu velho cabriolé – símbolo da decadência dos senhores de engenho.

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Os Retirantes, de Cândido Portinari (1944).

José Lins do RegoJosé Lins do Rego Caval-

canti nasceu no estado da Pa-raíba, em 1901. Quando jovem, transferiu-se para Recife, onde cursou a Faculdade de Direito. Nesse período tornou-se amigo de Gilberto Freyre, aderindo a muitas de suas ideias. No ano de 1935 foi morar no Rio de Janeiro, onde se estabeleceu.

Trabalhou em alguns jornais e exerceu cargos diplo-máticos, além de exercer funções relacionadas ao esporte, principalmente no Clube de Regatas Fla-mengo. Em 1955 ingressou na Academia Brasileira de Letras. Faleceu no ano de 1957.

Suas principais obras são: Menino de Engenho (1932); Doidinho (1933); Banguê (1934); O Moleque Ricardo (1935); Usina (1936); Fogo Morto (1943); Pe­dra Bonita (1938); Cangaceiros (1953); Pureza (1937); Riacho Doce (1939).

Características e temas

A parte da obra de José Lins do Rego que me-rece maior destaque é a que mostra o ciclo da cana--de-açúcar. Esses romances apresentam a transição do engenho-de-açúcar, outrora símbolo de riqueza, para a usina de açúcar, que põe em total decadência os engenhos.

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Terceira Parte – Capitão Vitorino Carneiro da Cunha

Nas duas partes anteriores, Vitorino é apresen-tado como um personagem rabugento e tolo, chegan-do a ser apelidado pelos meninos da rua de Papa-Rabo. Todavia, na última parte, torna-se símbolo de coragem e luta. É o único personagem dos três que não cai em decadência, ao contrário, eleva-se a herói da justiça, com um certo caráter quixotesco (relacio-nado à percepção curta da realidade). Não medindo consequências luta contra os poderes estabelecidos em sua sociedade, que considera injustos, como a influência política dos senhores de engenho, o poder repressor da polícia e até os cangaceiros. Vitorino é um verdadeiro humanista, um dos personagens mais interessantes da literatura brasileira.

Graciliano RamosGraciliano Ramos nas-

ceu no ano de 1892 em Quebrângulo, Alagoas. Fez os estudos secundários em Maceió. Viveu pouco tempo na cidade do Rio de Janeiro, fixando-se depois em Palmeira dos Índios, no interior de Alagoas. No ano de 1936 foi preso, acusado de atividades subversivas sem nenhuma explicação,

ficando dez meses detido em várias prisões, sofrendo torturas. Tal acontecimento dá origem à obra Memó­rias do Cárcere. Depois de livre, estabeleceu-se no Rio de Janeiro, trabalhando como inspetor de ensino. Em 1945 filiou-se do PCB. Veio a falecer em 1953.

Características e temas

A obra de Graciliano Ramos caracteriza-se fun-damentalmente pelo rigor expressivo. Utilizando-se de linguagem seca, precisa, em frases curtas, o escri-tor busca passar somente aquilo que é essencial para o entendimento da história. Dessa forma, consegue dizer muito em poucas linhas, que nos levam a uma profunda reflexão.

Através da análise psicológica das personagens Graciliano revela a situação social de uma época, logo, os lados social e psicológico estão intimamente relacionados em sua obra. Os fatores sociais afetam a subjetividade dos personagens, é a partir disso que temos o desenvolvimento dos enredos dos romances do autor. Podemos dizer então que os romances de Graciliano Ramos são romances sociais introspecti-vos ou introspectivo-sociais – por isso a preferência

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por narrativas em primeira pessoa. Neles o meio e o ser humano estão completamente envolvidos.

Vamos analisar agora as principais obras de Graciliano Ramos.

São Bernardo

Publicado em 1934, São Bernardo é um romance em primeira pessoa, que tem como narrador prota-gonista Paulo Honório, homem que já fora rico fazen-deiro e agora, em completa decadência econômica e psicológica, narra a história de sua vida.

A história de São Bernardo acontece nos últimos anos da década de 1920 e início de 1930. São revela-das nessa obra as transformações econômico-socias e ideológicas ocorridas com a Revolução de 30.

Enredo

Paulo Honório, nos dois primeiros capítulos, no presente, conta suas dificuldades para conseguir narrar sua história. Chegou a pedir a colaboração de alguns conhecidos, logo desistindo de tal ideia.

O atual fazendeiro decadente foi uma criança órfã, ajudou por algum tempo um cego que o mal-tratava muito. Das poucas lembranças que tem ficou guardada na memória a figura da negra Margarida, única pessoa que lhe deu proteção e a qual, com cerca de 100 anos no tempo presente, vivia na fazenda dele, São Bernardo. Quando tinha 18 anos fora preso por esfaquear um rival em um caso amoroso. Na prisão aprendeu a escrever e, quando saiu de lá, tomou como objetivo de vida acumular muito dinheiro.

Fixa-se em Viçosa, região onde se encontra a fazenda de São Bernardo, local em que já havia trabalhado e que agora estava “jogado às traças”, pois seu antigo dono havia morrido e seu filho, Luís Padilha, não dava a mínima atenção. Paulo Honório aproxima-se de Padilha, trava uma pseudo-amizade e lhe empresta dinheiro, devido à vida desregrada eco-nomicamente do herdeiro. Pressionado por Honório, Padilha, já lhe devendo uma quantia considerável, se vê obrigado a vender a fazenda São Bernardo para o ambicioso homem.

Em posse das terras, Paulo Honório toma como primeiras medidas o assassinato do dono das ter-ras ao lado, por este ter invadido territórios de sua fazenda, e o implemento imediato da modernização de São Bernardo.

Novo maquinário, novos métodos agrícolas e a contratação de empregados faz com que a fazenda prospere rapidamente. Paulo Honório torna-se um rico fazendeiro e homem politicamente influente da região. Além disso, constrói uma igreja e uma escola

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dentro de São Bernardo, convidando para professor Luís Padilha, que após a perda das terras começa a simpatizar com ideais comunistas.

Ciente de sua posição social, Paulo Honório conclui que estava na hora de ter um herdeiro. Acaba conhecendo Madalena, jovem professora da cidade, com quem vem a se casar, selando um ótimo negócio (para o fazendeiro as pessoas eram mercadorias).

Madalena e sua tia, D. Glória, com quem Ho-nório não simpatiza, vão morar em sua fazenda. Os problemas não demoram a acontecer. Paulo não admite o tratamento que Madalena, voltada a ideais socialistas, dá aos trabalhadores.

Extremamente possessivo, o rico proprietário começa a ter ciúmes de Madalena. A professora não suporta mais tal situação. Certo dia Honório encontra um trecho de uma carta de sua esposa a qual pensa ser dirigida a um amante. Ele agride Madalena e tira satisfações, ela, completamente apática nada faz. Na noite posterior Madalena se suicida e Paulo Honório vem a descobrir que aquele papel encontrado por ele era uma das folhas de uma carta de sua esposa dirigida a ele.

Algum tempo depois, já com São Bernardo em crise econômica devido às mudanças sociais ocorridas com a Revolução de 30, com os vizinhos avançando as cercas das suas terras e os funcioná-rios o pondo na justiça, Paulo Honório encontra-se sozinho. Indiferente ao que acontece e à presença do filho que teve com Madalena, começa a escrever sua história (é nessa situação que ele reconstitui a história de sua vida).

No triste final da obra, o narrador-protagonista conclui que se pudesse voltar no tempo acabaria caindo nos mesmos erros, fracassaria novamente, por ser um homem bruto.

Vidas Secas

Vidas Secas, publicado em 1938, narrado em ter-ceira pessoa, utilizando-se muitas vezes do discurso indireto livre, conta a história de uma família de reti-rantes – Fabiano, Sinhá Vitória, Menino mais Velho, Menino mais Novo e a cadela Baleia – e os efeitos da seca na vida deles. Narrada em terceira pessoa, essa obra apresenta personagens em deplorável condição social, econômica e comunicativa.

Tanto Fabiano quanto sua família, por sua condição social de extremo atraso, desprovidos de qualquer oportunidade de melhorias em qualquer aspecto, encontram-se isolados de todos em um reduzido e primitivo mundo intelectual, que tem como consequência a escassez comunicativa. Tal falta de capacidade, para a articulação de ideias e de

comunicação, faz com que sejam subjugados pelos mais poderosos, representados na figura do Soldado Amarelo e do Patrão.

A falta de comunicação faz também com que ocorra outro fenômeno: a equalização entre o homem e o animal. O vocabulário dos meninos faz com que se comuniquem por sons guturais, não muito mais desenvolvidos dos que a cadela Baleia produz. Fato que também revela tal equalização é os meninos (seres humanos) não possuírem um nome e a cadela ter um nome próprio. Fabiano e Sinhá Vitória, para conseguirem complementar com as palavras suas ideias, fazem gestos, caretas e movimentos de bei-ço. Fabiano ao longo do romance diversas vezes se considera um bicho.

Essa condição indefinida, desarmônica, des-conjuntada se revela também na estrutura da obra. Graciliano construiu um romance fragmentário, onde todos os capítulos, com exceção de “Mudança” e “Fuga” – respectivamente primeiro e último – não precisam ser lidos na ordem em que aparecem. São capítulos mais ou menos independentes que formam no fim da história um grande painel das desgraças por que passam os retirantes. O cronista Rubem Braga classificou Vidas Secas como romance desmontável.

Fator importante em Vidas Secas é a demons-tração de um fenômeno social acontecido ainda na primeira metade do século XX: a passagem do Brasil Rural para o Brasil Urbano. A transição de uma es-trutura econômico-social de imobilidade para uma estrutura econômico-social de mobilidade, a qual Fabiano e sua família irão em busca no último capí-tulo do romance.

Enredo

A mudança

Fabiano e sua família vão comer um preá que Baleia capturou. Ele olha para cima e vê nuvens, o período de seca está acabando, poderá arranjar em-prego em alguma fazenda. A esperança chega.

Fabiano

Com a chuva, Fabiano consegue emprego numa fazenda. Sabe que quando a seca voltar será des-pedido, porque não é um homem, mas um bicho. Pensa nos filhos, na necessidade de educá-los, de lhes ensinar a serem vaqueiros como ele.

Cadeia

Fabiano vai fazer compras na cidade, depois de um desentendimeto, acaba sendo preso pelo Soldado Amarelo. Na cadeia vê que para pessoas como ele, (bichos), a esperança não existe.

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Sinhá Vitória

Sinhá Vitória sonha em ter uma cama de lastro de couro (aqui se revela a mediocridade de seus so-nhos, tamanha a impossibilidade de realizar algum), como a de Seu Tomás da Bolandeira.

Lembra do papagaio que tiveram de comer durante a seca. Considerava-o inútil, pois não fala-va (observe-se que o motivo do papagaio não falar devia-se ao silêncio de seus donos).

O Menino mais Novo

Incrivelmente admirado com o talento de seu pai para domar animais, o menino mais novo tenta imitá-lo jogando-se em cima de um bode, o qual o derruba.

É humilhado e ridicularizado pelo irmão. Porém, sua tristeza logo passa e a fascinação pelo pai volta. Um dia seria como ele.

O Menino mais Velho

O Menino mais Velho havia escutado uma benzedeira falar “inferno”. Curioso para saber o que significava tal palavra, pergunta à sua mãe. Sinhá Vitória diz que é um lugar muito ruim. Não conseguindo descrevê-lo para o filho, afasta-o com um cascudo. Ele sai chorando e vai contar, com sua escassa linguagem, uma história para Baleia.

Inverno

Com a chuva, o frio e a enchente, a família de Fa-biano, à noite, tem de ficar em volta de uma fogueira. Sinhá Vitória e Fabiano ficam conversando. O Menino mais Velho tenta entender o que o pai fala, porém, como não consegue ver as expressões do rosto de Fabiano, encoberto pela sombra, cansa-se e dorme.

Festa

Fabiano e a família vão para festa na cidade com suas roupas novas. Os meninos impressionam-se com a quantidade de pessoas e também de coisas cujos nomes não sabiam. Sinhá Vitória sonha nova-mente em ter sua cama de lastro de couro. Fabiano embebeda-se e dorme na calçada.

Baleia

Suspeitam que Baleia esteja com hidrofobia, por questão de garantia, pela proteção dos meninos, Fabiano e Sinhá Vitória decidem que ela deve ser sacrificada. Fabiano a amarra e desfere o tiro, que atinge a anca de Baleia. A cadelinha, ganindo com imensa dor fica embaixo de uma carroça onde começa a perder os sentidos e morre. Sonha com um mundo cheio de preás (esse capítulo era anteriormente um conto de Graciliano, e deu origem ao romance Vidas Secas).

As contas

Fabiano vai acertar as contas com o Patrão. Recebe menos que havia calculado, sente-se in-justiçado, entretanto não reclama com medo de ser despedido. Pensa em todas as injustiças que já sofreu. Lembra-se do Soldado Amarelo e do fiscal da prefeitura que lhe queria cobrar imposto por vender um porco.

Soldado Amarelo

Um dia Fabiano estava caçando e encontra-se no meio do caminho com o Soldado Amarelo. Pensa em vingança. O soldado está completamente ame-drontado. Porém Fabiano, incapaz de um gesto contra a “autoridade”, cede espaço e ensina o caminho para o soldado.

O mundo coberto de penas

A chegada da seca é anunciada com a vinda das aves de arribação. Fabiano mata algumas des-sas para salgar a carne e preservá-las durante a viagem obrigatória que fariam com a volta do tempo adverso.

Fuga

A família de Fabiano deve seguir viagem. Ca-minhando, vão nutrindo esperanças de uma vida melhor. Planejam ir para uma cidade grande no Sul, para lá viverem, envelhecerem e verem seus filhos bem alimentados e na escola.

Romance de exceção

De todos os romances de Graciliano Ramos, Vi­das Secas é o único que apresenta, por mais modesta que pareça, uma visão de esperança, de mudança.

Em romances como São Bernardo e Angústia – romance que apresenta a degradação psicológica e a decadência econômica de Luís da Silva, narrador protagonista – o pessimismo é o que impera.

Vidas Secas é um romance de exceção na obra de Graciliano Ramos.

Jorge AmadoJorge Amado de Farias nasceu em 1912 em

Itabuna, região cacaueira localizada no sul da Bahia. Estudou no Colégio Antônio Vieira, fugindo três anos mais tarde. Em 1930 ingressou na Faculdade de Direito do Rio de Janeiro, logo após ingressou no Partido Comunista. Em 1937 teve seu livro Capitães da Areia apreendido e queimado. Tal fato tornou-o conhecido em todo o país. Nos anos de Estado Novo o escritor viajou por toda a América Latina e Estados Unidos. Nos anos de 1941 e 1942 viveu em Buenos

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Aires e Montevidéu. Em 1946, com a redemocrati-zação, elegeu-se, por São Paulo, deputado estadual. Firmou-se como o mais popular escritor brasileiro em 1958, com a publicação do romance Gabriela Cravo e Canela, obra-marco da virada estética de Jorge Amado. Faleceu em 2001.

Dom

ínio

púb

lico.

Suas principais obras são: O País do Carnaval (1931); Cacau (1933); Suor (1934); Jubiabá (1935); Mar Morto (1936); Capitães da Areia (1937); Terras do Sem Fim (1943); São Jorge do Ilhéus (1944); Seara Vermelha (1946); Os Subterrâneos da Liberdade (1954); Gabriela Cravo e Canela (1958); Os Pastores da Noite (1964); As Mortes e o Triunfo de Rosalinda in Os Dez Manda­mentos (1965); Dona Flor e Seus Dois Maridos (1966); Tenda dos Milagres (1970); Teresa Batista Cansada de Guerra (1972); Tieta do Agreste (1977); Farda, Fardão e Camisola (1979); O Menino Grapiúna (1982); Tocaia Grande – A Face Obscura (1984); O Sumiço da Santa (1988); A Descoberta da América pelo Turcos (1994); Os Velhos Marinheiros; A Morte e a Morte de Quincas Berro D’água; A Completa Verdade Sobre as Discu­tidas Aventuras do Comandante Vasco Moscoso de Aragão, Capitão de Longo Curso (1961); O Compadre de Ogun (1995).

Características e temasA obra de Jorge Amado pode ser dividida

em três fases, cada uma referente a uma temática definida. São elas: o romance proletário, o romance do ciclo do cacau e o romance (lírico) de costumes. Essa classificação se aplica adequadamente às obras mais relevantes do autor, aquelas escritas entre as

décadas de 1930 e 1970. Após essa época escreveu romances de menor vigor e importância, que pouco acrescentam à produção anterior.

No romance proletário percebemos a adesão de Jorge Amado ao comunismo. A utopia comu-nista, por vezes, prejudica os relatos, tornando-os romanticamente idealizados. Há o estabelecimento de uma relação maniqueísta entre os personagens, sendo os integrantes das camadas marginais, vistos como os homens eticamente superiores. Já os repre-sentantes das classes abastadas são apresentados como vilões.

Fator impressionante, desde as primeiras nar-rativas de Jorge Amado, é a capacidade que teve de fixar os tipos das camadas marginais e semi-marginais do povo baiano, como malandros, joga-dores, vagabundos, prostitutas, meninos de rua, marinheiros etc., formando um vasto panorama que possibilita uma visão variada da cultura popular de seu povo.

Exemplo definitivo dessa fase é o interessante romance Capitães da Areia, em que vemos os meni-nos de rua, os “capitães de areia”, sendo comple-tamente idealizados. Eles acabam tendo destinos surpreendentes, como o caso de Pirulito, que se torna seminarista, Pedro Bala, o líder dos “capitães” vira comandante de segurança de uma greve no porto e Professor torna-se um pintor famoso.

No romance do ciclo do cacau, merece des-taque Terras do Sem Fim, obra singular na carreira do escritor. Aqui Jorge Amado abandona a utopia comunista para criar um romance de fundo histórico revelador do mundo cacaueiro das primeiras décadas do século XX (universo que o próprio escritor, em sua infância e juventude, viveu). Os personagens deixam de ser idealizados e passam a representar os tipos verossímeis existentes na sociedade do cacau. Coronéis audaciosos, advogados corruptos, jagun-ços assassinos, prostitutas, aventureiros, arrivistas formam um amplo panorama social.

Em Terras do Sem Fim vê-se a disputa entre co-ronéis: a família Badaró, que tem como líder o Sinhô Badaró, que justifica seus atos violentos através de interpretações estapafúrdias da Bíblia; e o pérfido e inescrupuloso Horácio Silveira e seus aliados. Eles lutam pela Mata de Sequeiro Grande, região ainda sem dono e com fama de muito fértil para o plantio de cacau.

Juntamente com a guerra pela Mata do Sequeiro Grande, o escritor insere os dramas pessoais vividos por cada personagem. Don’Ana, irmã mais nova da família Badaró, apaixona-se por um aventureiro. Es-ter, mulher sentimentalmente solitária e romântica, esposa de Horácio, mantém um caso extraconjugal com o advogado Virgílo, que acaba sendo morto a

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mando do coronel. Tais dramas proporcionam mo-mentos líricos numa narrativa que revela a violência da região de São Jorge dos Ilhéus.

No final da história, Horácio, invade a fazenda de Sinhô Badaró, que é gravemente ferido, pondo um fim e estabelecendo um vencedor à disputa.

Os cacaueiros plantados na Mata de Sequeiro Grande cresceram em apenas cinco anos, veja o porquê:

Nasciam frutos enormes, as árvores car­regadas desde os troncos até os mais altos galhos, cocos de tamanho nunca visto antes, a melhor terra do mundo para o plantio de cacau, aquela terra adubada com sangue.

As outras obras do ciclo do cacau são Cacau e São Jorge dos Ilhéus.

Quanto ao romance (lírico) de costumes observa-se um gosto pelo popular. As classes popu-lares simbolizam o último reduto de liberdade do ser humano, o derradeiro local onde uma pessoa pode ser autêntica, verdadeira, longe das hipócritas con-venções estabelecidas pelas classes mais altas. Seus romances aqui trocam o protesto da primeira fase e a crítica mais veemente da segunda pelo humor, pelo erotismo, pela alegria do povo.

Capa de Di Cavalcanti para Gabriela, Cravo e Canela.

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d.

Obra essencial dessa fase, a mais lida de toda a sua produção, é Gabriela Cravo e Canela. Esse romance se constitui em dois planos superpostos: o sentimental e o sócio-histórico.

No plano sentimental temos o caso de amor entre a jovem retirante Gabriela, que tem cheiro de cravo e cor de canela e o sírio-libanês Nacib, dono do bar Vesúvio. Ela se torna cozinheira do bar. Pouco tempo depois vivem um pacato caso de amor. Entre-tanto, o jeito espontâneo de Gabriela de lidar com os homens, que a elogiavam constantemente, incomoda

o imigrante. Decide casar-se com ela e transformá-la numa dama da sociedade. Gabriela sente-se presa nessa condição e acaba traindo-o, sendo flagrada na cama com o amante. Acontece a separação, porém, a jovem ainda amava o estrangeiro, Nacib sede e vol-tam a viver juntos, sem casamento, sem as amarras das convenções (é a glorificação do amor livre).

No plano sócio-histórico temos a disputa entre o passado e o futuro, o atraso e o progresso, repre-sentado pelas figuras do Coronel Ramiro, símbolo da velha oligarquia rural e Mundinho Falcão, exporta-dor arrojado e perspicaz, que busca melhoramentos para a região. O progresso vence, Mundinho Falcão triunfa. Os tempos mudaram, o porto é construído, o mundo se abre.

Outra obra muito importante dessa fase, símbo-lo da malandragem baiana e brasileira é a novela A Morte e a Morte de Quincas Berro D’água, inseridos originalmente no livro Os Velhos Marinheiros, junta-mente com A Completa Verdade sobre as Discutidas Aventuras do Comandante Vasco Moscoso de Aragão, Capitão de Longo Curso.

O exemplar funcionário público aposentado Joaquim Soares da Cunha, sem explicação, aban-dona a família, trocando-a pelos bares do subúrbio e pelas casas de prostituição. Torna-se um legítimo malandro. Tempos depois, morre, e sua família vem recuperar o corpo do falecido para voltar a ser o respeitável cidadão de outrora. Porém, no enterro, seus amigos suburbanos aparecem oferecendo-lhe cachaça, que ele aceita sem reclamação, e o levam ao saveiro de Mestre Manuel. Ocorre uma grande tempestade e Quincas joga-se ao mar, morte que sonhava ter, pois sempre desejou trabalhar no mar. Morre novamente, feliz, livre.

Erico Verissimo

Dom

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lico.

Erico Verissimo nasceu no ano de 1905, em Cruz Alta, Rio Grande do Sul. Oriundo de família da oligarquia rural falida, estudou no colégio Cruzeiro do Sul, em Porto Alegre. Impossibilitado de cursar Medicina, pela dificuldade financeira da família, se

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vê obrigado a retornar para Cruz Alta e ajudar na administração da farmácia que haviam adquirido. Em suas mãos, a farmácia faliu. Em condições financei-ras precárias, vem com a esposa para Porto Alegre no final da década de 1930. Um ano mais tarde, co-meça a trabalhar na Editora Globo como tradutor e revisor. Na década de 1940 vai aos Estados Unidos, onde leciona Literatura Brasileira na Universidade da Califórnia. Ainda nessa década, estreia a trilogia O Tempo e o Vento, sua obra-prima. Erico Verissimo dividiu com Jorge Amado a preferência do público leitor brasileiro. Faleceu em 1975.

Suas principais obras são: primeira fase – Cla­rissa (1933); Caminhos Cruzados (1935); Música ao Longe (1935); Um Lugar ao Sol (1936); Olhai os Lírios do Campo (1938); Saga (1940); O Resto É Silêncio (1943). Segunda fase – O Tempo e o Vento (1949-1961); Noite (1954); O Senhor Embaixador (1965); O Prisioneiro (1967); Incidente em Antares (1971); Solo de Clarineta (memórias, 1973).

Características e temas

A obra de Erico Verissimo pode ser dividida em duas fases. A primeira fase relaciona-se à vida dos integrantes da classe média gaúcha. São ro-mances predominantemente urbanos, com algumas exceções. Interessante nas obras da primeira fase é a repetição de personagens em diferentes romances. O casal Clarissa e Vasco estão presentes em Música ao Longe, Um Lugar ao Sol e Saga. Noel e Fernanda aparecem em Caminhos Cruzados, Um Lugar ao Sol e Saga. Esses dois casais acabam travando amizade.

Erico Verissimo utilizou em dois de seus roman-ces – Caminhos Cruzados e O Resto É silêncio – a técnica do contraponto, criada pelo escritor inglês Aldous Huxley, na obra O Contraponto, traduzida por Erico. Tal técnica narrativa consiste na justaposição de situações e personagens sem um centro narrati-vo, onde tudo deságue, convirja. O autor faz jogos temporais. Dessa forma, não há um foco narrativo estabelecido, mostrando-se simultaneamente diver-sas faces de uma dada realidade.

A linguagem utilizada pelo escritor se manterá praticamente a mesma durante toda sua carreira, ba-seada quase que somente no nível culto, evitando-se coloquialismos e regionalismos.

A segunda fase da obra de Erico Verissimo co-meça com a publicação dos romances que compõem a trilogia O Tempo e o Vento. O escritor volta-se para o passado gaúcho, passado que em parte viveu em sua infância, para a partir daí, recompor a história da formação do estado na perspectiva das elites rurais sul-rio-grandenses.

A obra conta ficcionalmente a história da forma-ção do Rio Grande do Sul pastoril. Tem como tema a ascensão e a queda política dos grandes estancieiros, a classe dirigente.

O Tempo e o Vento é composto pelos romances O Continente, O Retrato e O Arquipélago. Juntos eles contam duzentos anos da história do Rio Grande do Sul através dos integrantes das famílias Terra e Cambará. Diversos personagens participam dos acontecimentos históricos mais relevantes ocorridos no estado e no Brasil. O Capitão Rodrigo Cambará (O Continente), por exemplo, participa da Revolução Farroupilha e o Doutor Rodrigo Cambará (O Arqui­pélago), bisneto do capitão, torna-se um dos líderes da Revolução de 30.

Essa obra apresenta simultaneamente uma vi-são épica – a saga – da formação de um povo e uma visão crítica contra a violência utilizada para a his-tória tomar seu rumo. Dessa forma, ao mesmo tempo que a coletividade é apresentada como corajosa e heroica, é revelado seu lado violento e sanguinário. Erico Verissimo sempre foi um pacifista.

A narrativa é em terceira pessoa, narrador onis-ciente, apenas em alguns capítulos de O Arquipélago temos a narração em primeira pessoa. A linguagem, apesar de se tratar de um tema com localização muito bem definida, não é regional. Erico evita ex-pressões regionais, utilizando-as somente às vezes, geralmente na voz de personagens integrantes das camadas populares.

O Tempo e o Vento tem uma quebra da lineari-dade cronológica. O autor permeia capítulos de uma data mais avançada entre os demais. Veja o que acontece em O Continente. Tal romance abrange um período que se estende do ano de 1745 – época das formações jesuíticas – até 1895 – período da Revolução Federalista. Porém, não apresenta os acontecimentos cronologicamente lineares. Ele faz o contraponto temporal. Como isso se dá? O Continente é dividido em sete capítulos, o capítulo “O Sobrado”, cronolo-gicamente o último, é fragmentado em sete partes, inserindo-se entre os demais capítulos. A ordem fica assim: “O Sobrado I”, “A Fonte”, “O Sobrado II”, “Ana Terra”, “O Sobrado III”, e assim por diante.

O ContinenteEssa obra abrange 150 anos de história do Rio

Grande do Sul. É o romance que revela o estabeleci-mento de fronteiras do estado e a formação identitá-ria do povo. A construção dessa identidade se dá a partir das figuras mais representativas da narração, destacando-se Ana Terra e o Capitão Rodrigo Camba-rá. Os Terra são os personagens pacíficos, centrados, aqueles que se estabelecem, que permanecem na terra. Já os Cambará são os impulsivos, guerreiros, lutadores, aqueles que vão à guerra lutar pela fixação da fronteira.

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O nome O Continente não é por acaso, continen-te significa literalmente “aquilo que contém”, logo, na obra tem um sentido de constituição, de formação, de aglutinação de um povo.

O Retrato O Retrato centra-se na figura do jovem doutor

Rodrigo Cambará, filho de Licurgo Cambará, que lutou na Revolução Federalista. Rodrigo é um jovem idealista, recém-formado na Faculdade de Medicina de Porto Alegre.

Nesse romance temos demonstrada a transfor-mação acontecida nas elites rurais gaúchas. Rodrigo é um homem sofisticado proveniente de um meio rústico. É o caudilho ilustrado.

O Retrato narra fatos acontecidos no período entre 1909 e 1915 e significa a fixação, a definição de uma estrutura social.

O ArquipélagoO Arquipélago abrange um período que vai de

1922 a 1945, centrando-se no período da Era Vargas (1930-1945). O doutor Rodrigo Cambará, antes um homem correto, torna-se um hipócrita, deixando-se ser corrompido pelo Estado Novo, de ideologia con-trária a seus antigos valores.

O romance tem também como protagonista o escritor Floriano Cambará (filho de Rodrigo), alter ego de Erico Verissimo. Floriano percebendo a fragmentação de sua família em ilhas (que formam um arquipélago), busca através da arte recuperar o passado, como único meio de manter viva a memó-ria dos Terra-Cambará. Para isso decide escrever um romance. No último parágrafo descobrimos que esse romance é O Tempo e o Vento, pois o parágrafo inicial de O Continente é idêntico ao último de O Arquipélago (parágrafo este que está sendo escrito por Floriano).

Era uma noite fria de lua cheia. As estrelas cintilavam sobre a cidade de Santa Fé, que de tão quieta e deserta parecia um cemitério abandonado.

Assim o autor revela-nos o sentido cíclico da obra, leia a epígrafe, retirada da Bíblia, de O Tempo e o Vento.

Uma geração vai, e outra geração vem; porém a terra para sempre permanece. Nasce o Sol, e põe-se o Sol, e volta ao seu lugar donde nasceu. O vento vai para o sul, e faz o seu giro para o norte; continuamente vai girando o vento, e volta fazendo os seus circuitos.

Eclesiastes – I, 4, 5, 6.

Incidente em AntaresApós o sucesso de O Tempo e o Vento, Erico

deixa um pouco de lado a temática rural com os ro-mances Senhor Embaixador e O prisioneiro. Porém, em 1971, retorna ao mundo rural com Incidente em Antares, seu último romance.

Dessa vez, a narrativa assume um tom crítico, irônico e bem-humorado. Na primeira parte, temos uma espécie de crônica histórica da cidade de An-tares e as disputas entre as duas famílias de poder, os Campolargo e os Vacariano. Na segunda parte, temos a greve dos coveiros. Em consequência disso, sete mortos ficam insepultos. Eles retornam à cidade e em praça pública revelam todos os “podres” dos poderosos. A razão de serem defuntos os acusa-dores deve-se ao fato de que, como estão mortos, não devem mais nada a ninguém, não sofreriam as consequências do que dissessem.

Na verdade essa obra critica veementemente a ditadura no Brasil. Podemos classificar tal obra como romance político.

(FCC-SP) A obra de Jorge Amado, em sua fase inicial, 1. aborda o problema da:

seca periódica que devasta a região do Piauí.a)

decadência da aristocracia da cana-de-açúcar b) diante do aparecimento das usinas.

luta pela posse da terra na região cacaueira de c) Ilhéus.

vida nas salinas, que destrói paulatinamente os tra-d) balhadores.

aristocracia cafeeira, que se vê à beira da falência e) com a crise de 19.

Solução: ` C

O tema pela posse de terras na região cacaueira de Ilhéus é abordado no romance Terras do Sem Fim.

(Elite) “Buenas e me espalho, nos pequenos dou de 2. prancha e nos grandes dou de talho.”

Vimos na fala do personagem Rodrigo Cambará a forte influência da língua espanhola no linguajar do gaúcho. Isso se deve ao fato de o estado do

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(PUC-Rio) Na obra de José Lins do Rego, o memorialis-1. mo da infância e da adolescência é apresentado numa linguagem de:

forte e poética oralidade.a)

límpida e perfeita correção gramatical.b)

pesada e imitativa fala regional.c)

fiel e disciplinada sintaxe tradicional.d)

original e reinventada expressão prosaica.e)

(FCC) Em 1928, a publicação de uma obra de José 2. Américo de Almeida abre caminhos para o romance regionalista, que o Modernismo iria desenvolver larga-mente. Trata-se de:

A Bagaceiraa) .

Luzia-homemb) .

Porto Calendárioc) .

Cangaceirosd) .

Caetése) .

(UEL) A primeira manifestação da moderna literatura 3. regionalista brasileira representa-se na obra de ___ com o romance ___, que inaugura a prosa modernista.

Mário de Andrade – a) Macunaíma .

José Lins do Rego – b) Menino de Engenho.

Rachel de Queiroz – c) O Quinze.

José Américo de Almeida – d) A Bagaceira.

Jorge Amado – e) Mar Morto.

(UFRGS) “As terras de Santa Rosa andavam léguas e 4. léguas de norte a sul. O velho José Paulino tinha este gosto: o de perder a vista nos seus domínios. Gostava

do descansar os olhos em horizontes que fossem seus. Tudo o que tinha era para comprar terras e mais terras. herdara o Santa Rosa pequeno, e fizera dele um reino, rompendo os seus limites pela compra de propriedades anexas. Acompanhava o Paraíba com várzeas extensas e entrava caatinga adentro.”

Assinale a alternativa correta correspondente ao texto acima.

Trata-se do romance a) A Bagaceira, de José Américo de Almeida, no qual o narrador retrata a vida num grande engenho de açúcar num período de seca.

O trecho acima é do romance b) Vidas Secas, de Gra-ciliano Ramos; o narrador é Fabiano, um retirante que, junto com a família, procura sua sobrevivência e reflete sua infância.

Trata-se de um trecho do romance c) Menino de En-genho, de José Lins do Rego; o narrador é Carlos de Melo, que relembra sua infância vivida no enge-nho do avô.

O autor desse trecho é Erico Veríssimo, que narra, d) em Solo de Clarineta, suas memórias, lembrando sua menina junto ao avô.

O trecho acima pertence ao romance e) O Quinze, de Rachel de Queiroz, no qual o narrador descreve o conflito vivido pela personagem Conceição, dividi-da entre o amor por um proprietário rural e a luta contra a miséria dos sertanejos.

(Fatec) O trecho a seguir foi extraído da terceira parte 5. do romance Fogo Morto, de José Lins do Rego.

“Nunca mais que cabriolé de seu Lula enchesse as estradas com a música de suas campainhas. A família do Santa Fé não ia mais à missa aos domingos. A princípio correra que era doença no velho. Depois inventaram que o carro não podia rodar, de podre que estava. Os cavalos não aguentavam mais com o peso do corpo.”

Sobre essa obra, podemos afirmar que:

o romance é o retrato da desintegração de seres a) humanos, da decadência de uma sociedade na sub-região açucareira do nordeste brasileiro. O encerramento das atividades do engenho Santa fé representa o fim de uma estrutura econômica.

o romance chama-se b) Fogo Morto porque aborda o problema das queimadas nas plantações de cana de açúcar.

Fogo Mortoc) enfoca viagem de uma família nordesti-na que foge da seca em busca de um lugar melhor para sobreviver.

em d) Fogo Morto, José Lins do Rego afasta-se do regionalismo que marcou suas obras anteriores – Menino de Engenho, Doidinho, Banguê, Moleque Ricardo e Usina.

Rio Grande do Sul estabelecer fronteiras de língua espanhola, que exerceram forte influência na sua região.

Responda.

Quais são os países que fazem fronteira com o a) estado mais ao sul do Brasil?

Com qual tipo de variação linguística o texto b) está lidando?

Solução: `

Uruguai e Argentina.

Variação Diatópica.

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o romance é dividido em três partes. Na parte final, e) o engenho Santa Fé é destruído por um incêndio provocado pelo cangaceiro Antonio Silvino.

(UFG) Obras como 6. A Bagaceira, Menino de Engenho, Terras do Sem Fim, entre outras, representam uma cor-rente de ficção moderna que:

explora o registro de costumes locais e a opção a) pela crítica e pelo engajamento – atitudes suscita-das por necessidades próprias de certas regiões brasileiras.

insiste sobre a estranheza das relações entre os b) homens, na fronteira indefinida entre o moral e o aberrante.

joga com os planos do presente e do passado ar-c) mando símbolos que os unificam.

realiza um meio-termo entre a crônica de costumes d) e a notação intimista.

reúne uma pluralidade de tendências filosóficas, e) científicas, sociais e literárias, advindas do Realis-mo/Naturalismo.

(FCC)7.

“A influência que o meio rude exerce no espírito infantil, como preparo para a vida, lhe dá uma lição de coisas que ele não esquece mais. Largado no mundo rural, sem pai e sem mãe, o herói deste belo romance vive na infância toda a experiência do nordeste sertanejo. Nem lhe falta o contato com o cangaceiro.”

No trecho acima está se considerando uma das obras-primas do regionalismo modernista:

Capitães de Areiaa) , de Jorge Amado.

Os Sertõesb) , de Euclides da Cunha.

São Bernardoc) , de Graciliano Ramos.

Menino de Engenhod) , de José Lins do Rego.

Menino Antigoe) , de Carlos Drummond de Andrade.

(Fuvest) “O ‘herói’ é sempre um problema: não aceita o 8. mundo, nem os outros, nem a si mesmo. Sofrendo pelas distâncias que o separam da placenta familiar ou grupal, introjeta o conflito numa conduta de extrema dureza que é a sua única máscara possível.”

O retrato de herói que o texto delineia ajusta-se à personalidade:

do cético e um tanto cínico Brás Cubas.a)

do valente e fiel Poti.b)

do covarde e vingativo Toríbio Todo.c)

do desconfiado e autoritário Paulo Honório.d)

do atormentado e penitente Augusto Matraga.e)

(UFRGS) Considere as seguintes afirmações.9.

Incidente em AntaresI. remete aos primórdios da história sul-rio-grandense para narrar as origens agropecuárias de Antares, cidade que assiste im-potente, já sob o regime militar iniciado em 1964, ao insólito e nauseante ressuscitar de alguns mor-tos insepultos.

A segunda parte do painel II. O Tempo e o Vento, O Retrato, expõe a trajetória do jovem e ambicioso mé-dico Rodrigo Terra Cambará, marcada por eventos sobrenaturais, tais como a aparição dos antepas-sados Ana Terra, recém-estuprada por castelhanos de maus bofes, e Capitão Rodrigo, devidamente pilchado e farreante.

A terceira parte do painel III. O Tempo e o Vento, O Arquipélago, tem por fio condutor, no presente da narrativa, a doença e a agonia de Rodrigo Terra Cambará, que voltou à sua terra natal, Santa Fé, depois de ter gozado poder e glória na capital da República junto ao ditador Getúlio Vargas.

Quais estão corretas?

Apenas I.a)

Apenas II.b)

Apenas I e III.c)

Apenas II e III.d)

I, II e III.e)

(FCC) O romance regionalista nordestino que surge 10. e se desenvolve a partir de 1930, aproximadamente, pode ser chamado “neorrealista”. Isso se deve a que esse romance:

retoma o filão da temática regionalista, descoberto a) e explorado inicialmente pelos realistas do século XIX.

apresenta, por meio do discurso narrativo, uma vi-b) são realista e crítica das relações entre as classes que estruturam a sociedade do Nordeste.

tenta explicar o comportamento do homem nordes-c) tino, com base numa postura estritamente científi-ca, pelos fatores raça, meio e momento.

abandona todos os pressupostos teóricos do Re-d) alismo do século passado, buscando as causas do comportamento humano mais no individual que no social.

procura fazer do romance a anotação fiel e minu-e) ciosa da nova realidade urbana do Nordeste.

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