Literatura de Angola

16
Literatura de Angola Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre. A literatura de Angola nasceu antes da Independência de Angola em 1975, mas o proeto de uma !ic"#o $ue con!erisse ao %omem a!ricano o estatuto de so&erania surge por volta de 195' gerando o movimento (ovos Intelectuais de Angola.1 )epois de passado a alegria dos primeiros anos da independência e depois do !racasso da e*periência socialista e de guerras civis devastadoras, acontece +s inusti"as do presente. a nto,  por$ue, n#o %a via competência para levar adian te a independên cia com certa modernidade. A literatura de Ang ola muitas ve-es tra- muito realismo em suas imagem do  preconceito, da d or causada p elos castigos c orporais, do so!rimen to pela morte dos e ntes $ueridos, da e*clus#o social. A palavra literria desempen%ou em Angola um importante papel na supera"#o do estatuto de col/nia. 0resente nas campan%as li&ertadoras !oi responsvel por ecoar o grito de li&erdade de uma na"#o por muito tempo silenciado, mas nunca es$uecido. O angolano vive, por algum tempo, entre duas realidades, a sociedade colonial européia e a sociedade a!ricana os seus escritos s#o, por isso, os resultados dessa tens#o e*istente entre os dois mundos, um com escritos na nascente da realidade dialética, o outro com tra"os de ruptura .  LITERA TURA ANGOLANA – PERIODIZAÇÃO  1º período, das origens até 1232, a $ue c%amamos de Incipiência. A literatura angolana come"ou, pelo menos, com o livro de 4aia erreira, em 1239m $ue a introdu"#o do  prelo em A ngola possi&ilitou. 6 8 2º período, $ue vai da pu&lica"#o dos poemas spontaneidades da min%a alma, de osé da ;ilva 4aia erreira, em 1239, até 19'<. 0er=odo dos 0rim>rdios, $ue englo&a uma  produ"#o poé tica remanescente do romanismo, c om raros tentames re alistas, dos $ua is se destaca a noveleta (ga mut?ri @122<, de Al!redo r oni. 68 3º Período, a&rangendo sensivelmente a primeira metade do século BB @19'CD1937, de 0rel?dio ao $ue viria a ser, na segunda metade do século BB, o nacionalismo ine$u=voco e intenso. A literatura colonial estende as suas mil%ares de pginas aos leitores europeus de novidades tar-an=sticas. Eigoram as temticas da coloni-a"#o , dos sa!aris, da aventura nas selvas e savanas, numa pan>plia de atrac"#o e*>tica. O negro é !igurante ou

Transcript of Literatura de Angola

Page 1: Literatura de Angola

8/17/2019 Literatura de Angola

http://slidepdf.com/reader/full/literatura-de-angola 1/16

Literatura de AngolaOrigem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

A literatura de Angola nasceu antes da Independência de Angola em 1975, mas o proeto

de uma !ic"#o $ue con!erisse ao %omem a!ricano o estatuto de so&erania surge por voltade 195' gerando o movimento (ovos Intelectuais de Angola.1 )epois de passado aalegria dos primeiros anos da independência e depois do !racasso da e*periênciasocialista e de guerras civis devastadoras, acontece +s inusti"as do presente. anto,

 por$ue, n#o %avia competência para levar adiante a independência com certamodernidade.

A literatura de Angola muitas ve-es tra- muito realismo em suas imagem do

 preconceito, da dor causada pelos castigos corporais, do so!rimento pela morte dos entes$ueridos, da e*clus#o social.

A palavra literria desempen%ou em Angola um importante papel na supera"#o doestatuto de col/nia. 0resente nas campan%as li&ertadoras !oi responsvel por ecoar ogrito de li&erdade de uma na"#o por muito tempo silenciado, mas nunca es$uecido. Oangolano vive, por algum tempo, entre duas realidades, a sociedade colonial européia ea sociedade a!ricana os seus escritos s#o, por isso, os resultados dessa tens#o e*istente

entre os dois mundos, um com escritos na nascente da realidade dialética, o outro comtra"os de ruptura

.

  LITERATURA ANGOLANA – PERIODIZAÇÃO 1º período, das origens até 1232, a $ue c%amamos de Incipiência. A literatura angolanacome"ou, pelo menos, com o livro de 4aia erreira, em 1239m $ue a introdu"#o do

 prelo em Angola possi&ilitou. 68

2º período, $ue vai da pu&lica"#o dos poemas spontaneidades da min%a alma, de oséda ;ilva 4aia erreira, em 1239, até 19'<. 0er=odo dos 0rim>rdios, $ue englo&a uma

 produ"#o poética remanescente do romanismo, com raros tentames realistas, dos $uaisse destaca a noveleta (ga mut?ri @122<, de Al!redo roni. 68

3º Período, a&rangendo sensivelmente a primeira metade do século BB @19'CD1937, de0rel?dio ao $ue viria a ser, na segunda metade do século BB, o nacionalismoine$u=voco e intenso.

A literatura colonial estende as suas mil%ares de pginas aos leitores europeus de

novidades tar-an=sticas. Eigoram as temticas da coloni-a"#o, dos sa!aris, da aventuranas selvas e savanas, numa pan>plia de atrac"#o e*>tica. O negro é !igurante ou

Page 2: Literatura de Angola

8/17/2019 Literatura de Angola

http://slidepdf.com/reader/full/literatura-de-angola 2/16

 personagem irreal. F o per=odo em $ue o romance ou a novela de Gastro ;oromen%oainda n#o se desprenderam de um certo etnologismo mitigado, em $ue o negro ainda éo&servado através do !iltro administrativo e preconceituoso, como !acto e !autor decuriosidades. 68

4.° Período, entre 1932 e 19H', !ulcral na orma"#o da literatura, en$uanto componenteimprescind=vel da consciência a!ricana e nacional. Fpoca decisiva, consideradaunanimemente como a da organi-a"#o literria da na"#o, com &ase em movimentoscomo o 4(IA, o da Gultura e o da GI, além de outros contri&utos, como o dasdi"es Im&ondeiro @de ; da Jandeira. O (eoDrealismo cru-aDse com a (egritude.Gom os ventos de certa a&ertura e descompress#o da pol=tica internacional, a seguir + IIKuerra 4undial, na uropa, como em L!rica, animamDse as %ostes angolanasempen%adas em li&ertarDse das mal%as estreitas da pol=tica colonial e, portanto, de umacultura alienada do meio a!ricano. F nesse conte*to &revemente !avorvel $ue surge

uma actividade marcada !ortemente por um deseo de emancipa"#o, em sintonia comos estudantes $ue, na uropa, davam conta de $ue, aos ol%os da cultura ocidental, n#o passavam todos de Mcidad#os portugueses de segundaN. 68

 (a década de 195', a poesia é a !orma $ue mais convém. AproveitamDse as con$uistasdo modernismo, com o verso livre e os temas arroados, e tomaDse o e*emplo dosgrandes &ardos criadores de longos te*tos, $uase e*cessivos, por ve-es a tenderem parao prosaico, como Walt W%itman, 4aiakovsk, Llvaro de Gampos, (a-im Pikmet ou

0a&lo (eruda. O camin%o poético pode assim congra"ar as três vertentes de ?&iloideol>gico: o povo, a classe e a ra"a. O povo é negro, tra&al%ador, e*plorado eoprimido. (uma palavra: coloni-ado. undamentalmente, tra"aDse o $uadro ou aludeDsea !iguras paradigmticas de coloni-ados: contratados, prostitutas, escravos, mole$ues,ardinas, lavadeiras, estivadores, anal!a&etos, servi"ais, etc. 0ertencem + ra"a negra ou,no m*imo, s#o mulatos, mas raros. A (egritude concedeDl%es o sentimento dee*alta"#o da ra"a negra, nomeadamente na solidariedade com os negros do (ovo4undo e, por outro lado, su&lin%a o recon%ecimento das ra=-es, $ue s#o étnicas, tri&ais,mergul%ando nos milénios. 68

5.° Período @19H1D1971, relacionado com o incremento da actividade editorial ligadaao (acionalismo declarado ou encapotado, em $ue surgiram te*tos de temticaguerril%eira, en$uanto no g%etto das cidades coloniais, nas prises ou na dispora ostemas continuavam a ser os do so!rimento do coloni-ado, da !alta de li&erdade e daQnsia de tomar o destino nas pr>prias m#os. m 19H1, come"a a luta armada deli&erta"#o nacional. 68

A atri&ui"#o do Krande 0rémio de (ovel=stica a Ruuanda @19H3, de osé RuandinoEieira, pela ;ociedade 0ortuguesa de scritores @19H5, $uando este se encontrava preso

 por Mactividades terroristasN, no arra!al @em Ga&o Eerde, despoleta uma repercuss#o a

n=vel de 0ortugal e c=rculos internacionais, tornandoDo, com Agostin%o (eto, o escritor

Page 3: Literatura de Angola

8/17/2019 Literatura de Angola

http://slidepdf.com/reader/full/literatura-de-angola 3/16

mais con%ecido. Outros escritores passam pelas prises ou a= permanecem longos anos:San%enga Bitu, 4anuel 0acavira, o!re Toc%a, Aristides EanD)?nem, etc. 68

;egundo rancisco ;oares @in (ot=cia da literatura angolana, I(DG4, <''1, p. <'9U68 três grupos distinguem os autores dos anos 19H': o primeiro é constitu=do por

a$ueles $ue escreviam no pa=s colonial @Arnaldo ;antos, orge 4acedo, o trQns!uga!uturo GQndido da Eel%a V e, na opini#o de EenQncio, o#o A&el o segundo éconstitu=do por a$ueles $ue compun%am !ora do pa=s @e de $ue 4anuel Tui, tam&ém!iccionista, constitui o principal e*emplo, residindo em 0ortugal V sendo Rara il%o ummeioDe*emplo, por$ue escreveu em 0ortugal e em Angola o terceiro é constitu=do pora$ueles $ue viviam nas -onas de guerril%a e est praticamente s> representado por0epetela @outro escritor oriundo de Jenguela, de seu nome completo Artur Garlos4aur=cio 0estana dos ;antos. (o entanto, 0epetela @$ue se inicia na antologia GontosdA!rica da Im&ondeiro s> pu&lica nos anos 7', tal como o#o A&el, e os seus

 primeiros livros @os dos anos H' !oram escritos em Ris&oa e Argel, deles apenasso&revivendo 4uana 0u> e 4aom&e @a$uele escrito em Ris&oa, este em Argel, pelo$ue a c%amada literatura de guerril%a se pode di-er $ue, praticada por autores reveladosnos anos H', !oi pouco signi!icativa @dela vieram, so&retudo, As Aventuras de (gunga.X

 6º Período, de 197< a 192', o da Independência, repartido por dois curtos per=odos, de197<D73 e de 1975D2', relativos, respectivamente, a uma mudan"a estética acentuada,de uma modernidade acertada pelo rel>gio dos grandes centros mundiais, e, por outro

lado, ap>s a independência, a uma intensa e*alta"#o patri>tica e natural apologia donovo poder. 68

7º Período, @1921D199C, de Tenova"#o, $ue come"a com a !orma"#o, em 1921, daJrigada ovem de Riteratura. (um primeiro momento, a Jrigada, dependente sempre doapoio estatal, partiu em &usca de certa autonomia decis>ria e estética, mas revelouDse%erdeira do realismo social. O o&ectivo !undamental era preparar alguns ovens para otra&al%o literrio, tanto mais $ue, ap>s a escolari-a"#o secundria, n#o tin%am, no pa=s,estudos superiores de literatura desenvolvidos. 68

A partir de uma certa altura !oi poss=vel come"ar a pu&lica"#o de o&ras consideradasinc>modas para o poder pol=tico, como o romance 4aom&e, de 0epetela, escrito aindadurante a guerril%a. Eariadas tendências estéticas e ideol>gicas gan%aram espa"o eimpuseram as suas o&ras.

0ires Raraneira, Riteraturas A!ricanas de *press#o 0ortuguesa @vol. H3, Ris&oa,Sniversidade A&erta, 1995, pp.CHD3C

A literatura angolana derivou para a tendência de contestar, !inalmente, a tradi"#o

realista, engagée, documentalista e ideoDpol=tica, sem $ue, todavia, isso signi!icasse oa&andono desse !il#o $ue a pr>pria realidade %ist>rica e pol=tica e a condi"#o social e

Page 4: Literatura de Angola

8/17/2019 Literatura de Angola

http://slidepdf.com/reader/full/literatura-de-angola 4/16

cultural do escritor continuavam a suscitar. )igamos $ue a temtica e os espa"os sociale cultural patenteados nos te*tos passaram a alargarDse consideravelmente, apresentandodesde o amor e a ang?stia e*istencial, +s vivências do poder esta&elecido ou do poderopositor do regime. As novas tendências incluem desde o go-o do e*perimentalismo,como em O ca"ador de nuvens @199C, poemas, de o#o 4elo, + !ic"#o cient=!ica, emitQnia @199C, romance, de Penri$ue A&ranc%es.

%ttp:YYZZZ.uc.ptYlita!roY&i&liog.%tml

LITERATURA CABO VERDIANA

)urante o per=odo colonial, s> no século BB a literatura ca&oDverdiana surge com a

e*press#o de uma identidade pr>pria, em ruptura e*pl=cita com os modelos europeus atéent#o seguidos, nomeadamente os de matri- portuguesa. ;o&retudo com a o&ra e com aac"#o de ugénio avares, as temticas, $uer as da poesia, $uer as da novel=stica,

 passam a relacionarDse com a vivência ca&oDverdiana V a insularidade, a seca, a !ome e aconse$uente emigra"#o, para a metr>pole ou para outros pa=ses. ugénio de 0aulaavares @Jrava, 12H7D19C', !oi, na realidade, o grande impulsionador da culturaaut>ctone D a pu&lica"#o de ornais e revistas por sua iniciativa ou com cola&ora"#o sua,!oram decisivos na cria"#o de uma consciência cultural ca&oDverdiana. )esde oAlvorada, editado nos stados Snidos entre 19'' e 1917 até ao A Eo- de Ga&o Eerde,

 pu&licado na 0raia entre 1911 e 191H, %ouve mais de uma de-ena de pu&lica"es $ue

editou ou em $ue cola&orou assiduamente. O papel das revistas no despertar daconsciência cultural do 0a=s, !oi enorme. oi o caso das revistas Glaridade @19CHD19H'e Gerte-a @1933. m 1952 come"a a pu&licarDse o ;uplemento Gultural em 1977 saemo suplemento ;[l> e a revista Ta=-es.

 

Glaridade destacaDse das demais. Os principais autores revelados nesta revista s#o, entreoutros: orge Jar&osa, Ant>nio 0edro, Osvaldo AlcQntara @Jaltasar Ropes da ;ilva,4anuel Ropes. O cari- neoDrealista da Gerte-a V Kuil%erme Toc%eteau, oma- 4artins,

 (uno 4iranda, Arnaldo ran"a, Ant>nio (unes, Aguinaldo onseca. O papeldesempen%ado por Glaridade no despertar da cultura nacional, transcende em muito as!ronteiras da literatura. 0ode di-erDse $ue % um MantesN e um MdepoisN da Glaridade,

LITERATURA CABO-ERDIANA! PERIODIZAÇÃO

Page 5: Literatura de Angola

8/17/2019 Literatura de Angola

http://slidepdf.com/reader/full/literatura-de-angola 5/16

 1ºPeríodo, das origens até 19<5. a $ue c%amaremos de Inicia"#o, por, a par de grandesva-ios, a&ranger uma variada gama de te*tos @n#o necessariamente literrios muitoin!luenciados pelas duas !ases do &ai*o romantismo e do parnasianismo @em&ora cominiciativas de alguma voca"#o regionalista ou mesmo de Mvoca"#o patri>ticaN, no

 primeiro $uartel do séc. BB, antes da !ase moderna.

m Ga&o Eerde, ap>s a introdu"#o do prelo, em 123<, e a pu&lica"#o do romance ca&oDverdiano de osé varisto dAlmeida, O escravo @125H, em Ris&oa, segueDse um longo

 per=odo @ainda %oe mal con%ecido no $ue respeita ao século BIB, até + pu&lica"#o dolivro de poemas Ar$uipélago @19C5, de orge Jar&osa, e da revista Glaridade @19CH,undada por Jaltasar Ropes, 4anuel Ropes e orge Jar&osa, entre outros 68. Acria"#o, em 1 2HH, do RiceuD;eminrio de ;#o (icolau @Ti&eira Jrava, $ue durou até19<2, muito contri&uiu para o surgimento de uma classe de letrados e$uiparvel ousuperior + dos angolanos. m 1277, criouDse a imprensa peri>dica n#o o!icial. 68

O 2° Período de 19<H a 19C5, a $ue c%amamos Pesperitano, antecede a modernidade$ue o movimento da Glaridade @19CH incarnou. )esde os primeiros tempos, até ao !inaldeste <\ 0er=odo, entendemos, com 4anuel erreira, $ue vigorou o Ga&oDverdianismo,caracteri-ado como de Mregionalismo tel?ricoN, mas $ue, nalguns te*tos, se e*pande

 para temas e elementos recorrentes da literatura ca&oDverdiana, como os da !ome, dovento e da terra seca, ou de certa insatis!a"#o e incomodidade, numa atmos!era muito

 pr>*ima do naturalismo.

O !undamento $ue leva a $ue se possa designar tal per=odo como Pesperitano ressaltada assun"#o do antigo mito %esperitano ou arsinrio. rataDse do mito, proveniente daAntiguidade Glssica, de $ue, no AtlQntico, e*istiu um imenso continente, a $ue deramo nome de Gontinente Pespério. As il%as de Ga&o Eerde seriam, ent#o, as il%asarsinrias, de Ga&o Arsinrio, nome antigo do Ga&o Eerde continental, recuperado dao&ra de stra&#o.

Os poetas criaram o mito poético para escaparem idealmente + limita"#o da ptria portuguesa, e*terior ao sentimento ou deseo de uma ptria interna, =ntima,sim&olicamente representada pela lenda da AtlQntida, de $ue resultou tam&ém o nomede atlantismo %esperitano, por oposi"#o ao continentalismo a!ricano e europeu. 68

3.° Período, $ue principia no ano de 19CH @ano da pu&lica"#o da revistaDmater

Glaridade e vai até 1957, muito mais tarde do $ue a !ase a $ue Ru=s Tomano c%ama dos

Page 6: Literatura de Angola

8/17/2019 Literatura de Angola

http://slidepdf.com/reader/full/literatura-de-angola 6/16

MTegionalistas ou GlaridososN @para ele termina com os neoDrealistas da revista Gerte-a,de 1933 68.

Ainda em 1931, sai Am&iente, livro de poemas de orge Jar&osa. Ant>nio (unes pu&lica, depois, os 0oemas de longe @1935 e 4anuel Ropes, os 0oemas de $uem !icou@1939, a $ue se segue o romance !undador G%i$uin%o @1937, de Jaltasar Ropes,

 passando pelo Gaderno de um il%éu @195H, de orge Jar&osa, e o primeiro romance de4anuel Ropes, G%uva &ra&a @195H. odos sem inter!erência da (egritude, mas,curiosamente, coincidindo no tempo as pu&lica"es de neoDrealistas e claridosos, n#osem $ue, entretanto, !ossem impressos livros deslocados no tempo, como os R=rios ecravos @1951, de 0edro Gardoso, e as 0oesias @195<, de anurio Reite, poetas doca&oDverdianismo. 68

4.° Período, indo de 1952 a 19H5, em $ue, com o ;uplemento Gultural, se assume umanova ca&oDverdianidade $ue, por n#o desden%ar o credo negritudinista, se pode apelidarde Ga&oDverdianitude, $ue, desde a sua ténue assun"#o por Ka&riel 4ariano, num curtoartigo @1952, até muito depois do virulento e cele&rado ensaio de Onésimo ;ilveira@19HC, provocou uma verdadeira polémica em torno da aceita"#o tran$uila do

 patriarcado da Glaridade. )o ;uplemento Gultural do Joletim Ga&o Eerde !i-eram parteKa&riel 4ariano, Ov=dio 4artins, Aguinaldo onseca, erêncio Ana%or e ]olanda4ora--o. 68

5.° Período, entre 19HH e 192<, do Sniversalismo assumido, so&retudo por o#o Erio,$uando o 0AIKG @acoplando !or"as pol=ticas de Ga&o Eerde e da KuinéDJissau seac%ava envolvido, desde 19HC, na luta armada de li&erta"#o nacional, a&rindo, a$uele

 poeta, muito mais cedo do $ue nas outras col>nias, a !rente literria do intimismo, doa&straccionismo e do cosmopolitismo: alis, s> depois da independência, e passadoalgum tempo, surgiu descomple*ada e polémica, so&retudo em Angola e 4o"am&i$ue.0odemos datar de 19HH, com a impress#o dos poemas, em Goim&ra, de *emplo geral,

de o#o Erio @o#o 4anuel Earela, essa viragem, $ue, digaDse, pouco impacto veio provocar. 68

6.° Período, de 192C + actualidade, come"ando por uma !ase de contesta"#o, comumaos novos pa=ses, para gradualmente se vir a!irmando como verdadeiro tempo deGonsolida"#o do sistema e da institui"#o literria. O primeiro momento é dominado pelaedi"#o da revista 0onto ^ E=rgula @192CD1927, liderada por Kermano de Almeida eRe#o Ropes 68.

Page 7: Literatura de Angola

8/17/2019 Literatura de Angola

http://slidepdf.com/reader/full/literatura-de-angola 7/16

@Riteraturas A!ricanas de *press#o 0ortuguesa, vol. H3, 0ires Raraneira, Ris&oa,Sniversidade A&erta, 1995, pp.12'D125

 

68 a poesia angolana vai evoluindo, de 195' para 199', da poética mensageira para a,

mais apurada, de 4rio Ant>nio, necessariamente actuali-ada pelos novos paradigmasestéticos europeus V mas tam&ém, em vrios casos, mais apro*imada dos ensinamentostécnicos da oralidade.

rancisco ;oares, (ot=cia da literatura angolana, Imprensa (acionalDGasa da 4oeda,<''1, p. <'7

 INTRODUÇÃO " LITERATURA DE #ÃO TO$% E PR&NCIPE4anuel erreira

A evolu"#o social de ;#o omé e 0r=ncipe teria sido paralela, em muitos aspectos, + deGa&o Eerde. 4as, em meados do século BIB, implantandoDse o sistema de monocultura,a &urguesia negra e mesti"a vai ser violentamente su&stitu=da pelos monop>lios

 portugueses, o processo social do Ar$uipélago alterado e travada a miscigena"#o étnicae cultural. 4esmo assim, n#o podem dei*ar de ser considerados os e!eitos do contactode culturas. A sua poesia, de um modo geral, e*prime e*actamente isso mas, naessência, é genuinamente a!ricana. A primeira o&ra literria de $ue se tem con%ecimentorelacionada com ;. omé e 0r=ncipe é o modesto livrin%o de poemas $uatoriaes @129Hdo português Ant>nio Almada (egreiros @12H2D19C9, $ue ali viveu muitos anos eterminou por !alecer em ran"a. A ?ltima é a de um moderno poeta português, cr=tico, e

 pro!essor universitrio em Gardi!!, Ale*andre 0in%eiro orres, cuo t=tulo, A erra demeu pai @197<, nos !ornece uma pista: memorialismo &e&ido na il%a, por artessuperiores de cria"#o literria metamor!oseada na il%a M$ue todos éramos neste pa=ssolitrioN. ;em uma revista literria, sem uma actividade cultural pr>pria, sem umaimprensa signi!icativa, apesar do seu primeiro peri>dico, O $uador, ter sido !undadoem 12H9, com uma escolaridade mais do $ue carencial os redu-idos $uadros literriosdo Ar$uipélago naturalmente s> em 0ortugal encontraram o am&iente prop=cio +revela"#o das suas potencialidades criadoras. O primeiro caso acontece logo nos !ins do

século BIB com Gaetano da Gosta Alegre @12H3D129', @Eersos, 191H cua o&ra !oidei*ada inédita desde o século passado. Ga&e a$ui, todavia, uma re!erência particular ao

Page 8: Literatura de Angola

8/17/2019 Literatura de Angola

http://slidepdf.com/reader/full/literatura-de-angola 8/16

teatro a $ue poderemos c%amar MpopularN, pelas caracter=sticas e relevQncia $ue assumeno ar$uipélago de ;. omé e 0r=ncipe. rataDse, em especial, de duas pe"as: O tc%iloliou A tragédia do 4ar$uês de 4Qntua e de Garloto 4agno e do Auto de loripes, mascom pre!erência para a primeira. A segunda oriunda da tradi"#o popular portuguesa e Otc%iloli supeDse ser o auto do dramaturgo português do século BEI, de origemmadeirense, Jaltasar )ias, levado, tudo leva a crer, pelos colonos medeirenses na épocada ocupa"#o e povoamento. Teapropriados pela popula"#o de ;. omé @e do 0r=ncipeest#o pro!undamente institucionali-ados no Ar$uipélago, principalmente O tc%ilolimercê da actua"#o de vrios grupos teatrais populares $ue, continuadamente, se d#o +sua representa"#o, enri$uecida por uma readapta"#o do te*to e encena"#o, cenogra!ia eilustra"#o musical notveis.

0arece ter sido um %omem in!eli-, em Ris&oa, o autor de Eersos, Gosta Alegre:

u tens %orror de mim, &em sei, Aurora,

u és dia, eu sou a noite espessa

  MAuroraN a$ui é um ente %umano e n#o um !en>meno c>smico. A am&iguidaderesolveDse na leitura completa do poema. Gaetano da Gosta Alegre utili-a este signo

 polissémico com a inten"#o, ao ca&o, de ele tradu-ir a cor &ranca:

Fs a lu-, eu a som&ra pavorosa,

u sou a tua ant=tese !risante.

  A poesia de Gaetano da Gosta Alegre, na $uase totalidade, !unciona espartil%ada num

mecanismo antitético. *prime a situa"#o desencantada do %omem negro numa cidadeeuropeia, neste caso Ris&oa. Eersos é, porventura, a mais aca&ada con!iss#o $ue secon%ece, $ui" mesmo nas outras literaturas a!ricanas de e*press#o europeia, do negroalienado. Gosta Alegre, n#o se dando conta @imposs=vel, dir=amos, no século BIB e notempo cultural e pol=tico da rea lus>!ona das contradi"es $ue o &lo$ueavam, !a-Dsecativo da sua condi"#o de %umil%ado:

A min%a c/r é negra,

Indica luto e pena

Page 9: Literatura de Angola

8/17/2019 Literatura de Angola

http://slidepdf.com/reader/full/literatura-de-angola 9/16

Fs lu-, $ue nos alegra,

A tua c/r morena.

F negra a min%a ra"a,

A tua ra"a é &ranca,

... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ...

odo eu sou um de!eito

  Gomo tenta Gosta Alegre des&lo$uearDse desta situa"#o_ 0or$ue MnegraN é a suaMra"aN, MtodoN ele é um Mde!eitoN. Gomo pode ele reencontrar o seu e$uil=&rio

 ps=$uico_ Alienado, inDconscienciali-ado, &atido no deserto social em $ue semovimenta, ent#o cura li&ertarDse através de uma compensa"#o. TevoltandoDse_Glamando contra a inusti"a $ue o atinge_ (#o. Gontrapondo atri&utos morais. MA%`

 plida mul%er, se tu és &ela, 6...8 Ama o &elo tam&ém nesta aparência`N. Ami?de asrelaciona"es antin>micas vai &uscDlas ao Gosmo:

M;> e*plendor por !>ra,

;> trevas é no centro`

;ol, és meu inverso:

 (egro por !>ra, eu ten%o amor c dentroN

  Gom e!eito, a sua poesia é a de um %omem in!elicitado. Ami?de recorrendo +compara"#o e + ant=tese, as !iguras mais pertinentes s#o as $ue signi!icam ousim&oli-am as cores MnegroN e M&rancoN. )a eros#o da sua alma transita para ao&sess#o in!eli-, lutando por resta&elecer a sua dignidade no re!?gio do apelo +

evidência morali-ante, por norma em poemas l=ricoDsentimentais ou de amor. Eersos!ica como o primeiro e ?nico te*to onde o pro&lema da cor da pele actua como motivo ede uma !orma o&sessivamente dramtica. GonsideramoDlo o caso mais evidente denegrismo da literatura a!ricana de e*press#o portuguesa. Alguns autores angolanoscoevos de Gosta Alegre deram tam&ém uma contri&ui"#o para este !en>meno, mas

 percorrendo um espa"o menos signi!icativo.

 

Page 10: Literatura de Angola

8/17/2019 Literatura de Angola

http://slidepdf.com/reader/full/literatura-de-angola 10/16

 A RbTIGA

 m cap=tulo anterior assinalmos $ue Gaetano da Gosta Alegre, poeta oitocentista s#oDtomense, !ora o primeiro, em todo o espa"o a!ricano de l=ngua portuguesa, a dar aot>pico da cor um tratamento poético, em&ora numa vis#o marcadamente alienat>ria,constituindoDse como produtor de uma e*press#o de negrismo. Guriosamente é tam&éms#oDtomense o poeta $ue primeiro, em l=ngua portuguesa, c%amou a si a e*press#o danegritude. rataDse de rancisco osé enreiro @19<1D19HH, $ue ir assumir uma

 posi"#o inversa + de Gosta Alegre. )esalienado, li&erto dos mitos da in!erioridadesocial, identi!icaDse com a dor do %omem negro e repeDno no $uadro $ue l%e ca&e dasa&edoria universal:

4#os, m#os negras $ue em v>s estou sentido`

4#os pretas e s&ias $ue nem inventaram a escrita nem a rosaDdosDventos

mas $ue da terra, da rvore, da gua e da m?sica das nuvens

 &e&eram as palavras dos cors, dos $uissanges e das tim&ila $ue é o mesmo

di-er palavras telegra!adas e rece&idas de cora"#o em cora"#o.

  A sua vo- é a vo- real do %omem a!ricano, uma vo- $ue vem das origens e ressoa notempo: Mcantando: n>s n#o nascemos num dia sem sol`N, e a= vamos com essa ra"a%umil%ada percorrendo a Mestrada da escravaturaN, mas entretanto iluminada por MumrioN $ue Mvem correndo e cantandoYdesde ;t. Rouis e 4ississipi.N @O&ra poética derancisco osé enreiro, 19H7, p. 1''.

  0oeta &ivalente @M(asci do negro e do &rancoYe $uem ol%ar para mimYé como $ue seol%asseYpara um ta&uleiro de *adre-N na sua voca"#o para e*primir o mulato, $ue eleera, e o negro, $ue ele era, !undindoDse assim no poeta a!ricano $ue ele !oi, guindaDse +categoria de poeta da negritude de e*press#o portuguesa, e t#o lucidamente $ue o surtoda literatura angolana e mo"am&icana, $ue se imp/s a partir de cin$uenta, e muito l%edeve, o n#o teria ultrapassado na pertinência e na genuinidade dos temas.

Page 11: Literatura de Angola

8/17/2019 Literatura de Angola

http://slidepdf.com/reader/full/literatura-de-angola 11/16

  Interessante notar $ue a estrutura e*terna da poesia de . . enreiro ad$uirecaracter=sticas di!erentes, consoante a su&stQncia manipulada: poemas longos de longosversos para a negritude, poemas curtos de curtos versos en$uanto poeta mesti"o:

)ona >ia dona

dona de lindo nome

tem um piano alem#o

desa!inando de calor.

  Ou ent#o:

)e cora"#o em L!rica com o grito seiva &ruta dos poemas de Kuillén

de cora"#o em L!rica com a impetuosidade viril de I too am American

... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ...

de cora"#o em L!rica contigo amigo oa$uim $uando em versos incendirios

cantaste a L!rica distante do Gongo da min%a saudade do Gongo de cora"#o em L!rica

  P uma distQncia solar, como se vê, entre a %umil%a"#o da Gosta Alegre e aglori!ica"#o dos valores culturais a!ricanos por parte de rancisco enreiro $ueo&viamente corresponde + amplitude conscienciali-adora $ue vai do século BIB aoséculo BB.

  O discurso de Alda do sp=rito ;anto descreveDse entre o relato $uotidiano da il%a,impregnado de aluses sim&>licas de esperan"a, ou do registo de anseios detransparência pol=tica: Muma %ist>ria &ela para os %omens de todas as terrasYciciando emcoro, can"es melodiosasYnuma toada universalN '2 até ao clamor da revolta de um

 povo oprimido como em MOnde est#o os %omens ca"ados neste vento de loucuraN:

 V ue !i-este do meu povo_...

 V ue respondeis_... V Onde est o meu povo_...

Page 12: Literatura de Angola

8/17/2019 Literatura de Angola

http://slidepdf.com/reader/full/literatura-de-angola 12/16

eu respondo no silêncio

das vo-es erguidas

clamando usti"a...

Sm a um, todos em !ila...

0ara v>s, carrascos,

o perd#o n#o tem nome.

  O mesmo clamor da revolta percorre o discurso de 4aria 4anuela 4argarido:

A noite sangra

no mato,

!erida por uma lan"a

de c>lera.

  A c>lera. A revolta. )uas constantes $ue, associadas ao movimento dialéctico da vida$ue tudo destr>i e reconstr>i, tra-em a esperan"a: M(a &eira do mar, nas guas,Yest#oacesas a esperan"aYo movimentoYa revoltaYdo %omem social, do %omem integralN, e éainda o ver&o de 4aria 4anuela 4argarido. )a= a certe-a inscrita no devir %ist>rico:

 (o céu perpassa a ang?stia austera

da revolta

com suas garras suas Qnsias suas certe-as.

  m meio da den?ncia @do Mc%eiro da morteN, da acusa"#o @Meu te pergunto, uropa,eu te pergunto: AKOTA_N perpassa a certe-a. Ou a esperan"a. (#o mera esperan"aidealista. A esperan"a concreti-ada na dialéctica do real. oma- 4edeiros:

Aman%#,

uando as c%uvas ca=rem,

Page 13: Literatura de Angola

8/17/2019 Literatura de Angola

http://slidepdf.com/reader/full/literatura-de-angola 13/16

 (os &ra"os das rvores,

... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ...

Irei

)esa!iar os mais trgicos destinos

+ campa de (%ana, ressuscitar o meu amor.

Irei.

  0oesia vinculada + sedimenta"#o de uma consciência anticolonialista, mais do $ue a!ala de cada poeta ela se consu&stancia na vo- colectiva do %omem s#oDtomense. 4as

n#o s> poesia de signos, de s=m&olos, de imag=stica protestatria, alis de descodi!ica"#o!acilitada. (#o s> poesia de anuncia"#o e assun"#o. (#o s>. 0oesia tocada pelo a!agol=rico das coisas da MIl%a Eerde, ru&ra de sangueN. As Mpalmeiras e cacoeirosN, Moaroma dos mamoeirosN, o McaueiroN as Mmodin%as da terraN, os Mmurm?rios doces dossilênciosN, Mas canoas &alou"ando no marN, o MscpéN, os deuses e os mitos, Mora"esdos ocsN, os Mca-um&isN

  0or derradeiro, 4arcelo Eeiga. (uma ordem cronol>gica 4arcelo Eeiga @129<D197Hdeveria ter sido considerado logo ap>s Gosta Alegre. 4arcelo Eeiga, pe$ueno

 proprietrio da il%a do 0r=ncipe, estudou no liceu em Ris&oa, a$ui viveu por per=odosintermitentes, !oi amigo de AlmadaD(egreiros, 4rio lo, 4rio )omingues, osé4onteiro de Gastro, PernQni Gidade. 0assou desperce&ido até ao momento em $ueAl!redo 4argarido o incluiu na antologia por ele organi-ada e pu&licada, da Gasa dosstudantes do Império, 0oetas de ;. omé e 0r=ncipe @19HC. Sltimamente o&tivemosalguns poemas seus, inéditos, datados a partir de 19<', cedidos pelo poeta, pouco antesde !alecer na sua il%a. le d, assim, antes de . . enreiro, o sinal do Mregresso do%omem negroN, o sinal da negritude n#o s> em ;. omé e 0r=ncipe como em toda a reaa!ricana da l=ngua portuguesa: ML!rica n#o é terra de ninguém,Y)e $ual$uer $ue sa&e de

onde vem, 6...8 A L!rica é nossa`YF nossa` é nossa`N.

  is, n=tida e inso!ismvel, a consciência da revolta:

il%os` a pé` a pé` $ue é man%#`

sta L!rica em $ue $uem $uer d coo pé

sta negra L!rica escarum&a, olé`

Page 14: Literatura de Angola

8/17/2019 Literatura de Angola

http://slidepdf.com/reader/full/literatura-de-angola 14/16

 (#o a $eremos mais so& o ugo de alguém,

la é nossa m#e`

  Ir>nico, morda-, a l=ngua destravada e re&elde, associada ao veneno l?cido dadesa!ronta:

;ou preto o $ue ninguém escuta

O $ue n#o tem socorro

O V ol, tu rapa-`

O V > meu merda` cac%orro`

O V > seu !il%o da puta`

outros mimos mais...

Ou

O preto é &ola,

F pimDpamDpum`

Eem um:

 V fs` na cac%ola...

 V Outro V um c%ut V &um`

  A terminar, dir=amos $ue a poesia de ;. omé e 0r=ncipe constitui uma e*press#oa!ricana mais uni!orme do $ue a de 4o"am&i$ue ou mesmo de Angola, aindaconsiderando a !rana de mesti"agem $ue a percorre. Gonstru=da apenas por negros oumesti"os, este pun%ado de poetas &ali-a a rea temtica no centro do universo da@ssua@s il%a@s e organi-a um signo cua polissemia é de uma L!rica violentada, inc%adade c>lera, a esperan"a !eita revolta.

 

Page 15: Literatura de Angola

8/17/2019 Literatura de Angola

http://slidepdf.com/reader/full/literatura-de-angola 15/16

A (ATTAIEA

 4odest=ssima, $uantitativa e $ualitativamente, é a narrativa de ;. omé e 0r=ncipe. Asespordicas e*periências de Eiana de Almeida @4ai 0"on, contos, 19C7 e de 4rio)omingues. @O menino entre gigantes, 19H' n#o c%egam a ser uma contri&ui"#orelevante. O primeiro, nesse tempo, preudicado ainda por um ponto de vista su&sidiriode uma época colonial o segundo @tam&ém natural de ;. omé e 0r=ncipe, mas tornadoescritor português pela o&ra e pela radica"#o talve- pela carência da dramati-a"#o da

 personagem principal, o mulato fe-in%o, nado e criado em Ris&oa. )e acaso teria sido oconto MOs sapatos da irm#N, sem $ual$uer rela"#o com ;. omé, $ue rancisco oséenreiro, em 19H<, pu&licou na colectQnea 4odernos Autores 0ortugueses @Ris&oa.

Acidentais ainda, mas com uma vis#o austada a um real a!ricano, !oram tam&ém ase*periências de Alves 0reto, limitada, cremos, a dois contos: MSm %omem igual atantosN e MAconteceu no morroN. ainda o caso de ;um 4ark @i. e. osé erreira4ar$ues, &ranco nascido em ;. omé, autor de vrios romances, de importQnciadiscut=vel, alguns no entanto parcialmente com interesse, valendo citar Eila !log, 19HC,como testemun%o acusat>rio da e*plora"#o colonialista.

 

A B0T;;O 4 GTIOSRO

 (#o o&stante ser &ilingue, visto $ue a popula"#o utili-a, além da l=ngua portuguesa, ocrioulo de ;. omé, a cria"#o literria é redu-ida em dialecto, dom=nio $ue a tradi"#ooral vem monopoli-ando com su&stancial interesse. 0raticamente con%eciamDse ascomposi"es poéticas de rancisco ;tockler e uma e*periência de oma- 4edeiros. (o

entanto, ap>s a independência nacional, parece %aver sintomas de uma revitali-a"#o nouso literrio do crioulo, ao n=vel popular, pelo menos a partir de agrupamentos musicais.*emplo s#o os casos dos cadernin%os de ;anga-u-a e o caderno do Agrupamento daIl%a, 197H, compostos de m?sicas revolucionrias e, de um modo geral, vertidos emrum&as, sam&as, marc%as, valsas, &oleros e scpés.

Riteraturas a!ricanas de e*press#o portuguesa D 1 , 4anuel erreira

IGAR0 D Golec"#o Ji&lioteca Jreve D Eolume H, 1977

Page 16: Literatura de Angola

8/17/2019 Literatura de Angola

http://slidepdf.com/reader/full/literatura-de-angola 16/16

 

NOTA !OBRE A LITERATURA !ANTO"EN!E

A literatura s#oDtomense mergul%a as suas ra=-es no século BIB V princ=pios do séc.BB, com a tradi"#o do ornalismo praticado pela elite dos !il%osDdaDterra, na imprensa@revistas, ornais e &oletins de associa"es, de $ue era proprietria e de $ue se destacamO A!ricano, A Eo- dL!rica, O (egro, A Eerdade, O Gorreio dL!rica, entre outros.sses peri>dicos, de carcter n#o o!icial e n#o governamental, $ue pu&licavam poemasdispersos dos cola&oradores, eram dimensionados numa matri- préDnacional@ista, indiciando uma consciência unitria e li&ertria. A= desenvolveramDse polémicas so&re adigni!ica"#o e instru"#o das popula"es nativas, so&re o a&uso do poder, violência

contra o negro e so&re a $uest#o das terras e*propriadas aos nativos durante a época daintrodu"#o das culturas do cacau e do ca!é e conse$uente instaura"#o das estruturascoloniais, preparando as condi"es para a segunda coloni-a"#o, &aseada na monoculturada$ueles produtos $ue era praticada em unidades @s>cioDecon>micas denominadasro"as. 68

4as se a poesia de Gaetano da Gosta Alegre indicia um certo negrismo literrio,con!igurador da etnicidade $ue marcar a literatura a!ricana de l=ngua portuguesa, ser

com 4arcelo da Eeiga $ue essa %esitante nomea"#o da di!eren"a vai construindo umdiscurso de identidade pela e*i&i"#o da cor, usos e costumes como di!erenciadoresétnicoDculturais, pela mem>ria vivencial, pela cita"#o das !iguras %ist>ricas $ue povoamo imaginrio colectivo e pela colectivi-a"#o da vo- contestatria na primeira metadedo século BB. 68 A veemência do discurso de identidade de 4arcelo da Eeiga é t#o!orte $ue ter levado 4anuel erreira a considerDlo como Uo mais long=n$uo pioneirode autêntica poesia a!ricana de e*press#o portuguesa pod=amos mesmo adiantar danegritudeX. 68

F pac=!ica a ideia de $ue os !undamentos irrecusveis da literatura s#oDtomensecome"am a de!inirDse com precis#o em 193<, com Il%a de (ome ;anto, de ranciscoosé enreiro. @Inocência 4ata, U4arcelo de Eeiga e rancisco osé enreiroX inRiteraturas A!ricanas de *press#o 0ortuguesa, vol. H3, 0ires Raraneira, Ris&oa,Sniversidade A&erta, 1995, pp. CCHDCC9 V adaptado