Junho das Artes 10

100

description

Arte Contemporânea em Óbidos

Transcript of Junho das Artes 10

Page 1: Junho das Artes 10
Page 2: Junho das Artes 10

JUNHO DAS ARTES 2010TELMO HENRIQUE DANIEL CORREIA FARIA

PEQUENOS GESTOS EM LUGARES ESPECÍFICOSSMALL GESTURES IN SPECIFIC PLACESFILIPA OLIVEIRA

ARTISTAS CONVIDADOSGUEST ARTISTS

1O > ANA JOTTA14 > ÂNGELA FERREIRA18 > ANTÓNIO BOLOTA2O > BRUNO CIDRA24 > GABRIELA ALBERGARIA28 > HUGO CANOILAS3O > JORGE MACIEL34 > LUÍSA CUNHA36 > RICARDO JACINTO4O > RUI HORTA PEREIRA44 > SANCHO SILVA

PROJECTS ROOMS

FICHA TÉCNICACREDITS

O3 >

O5 >

ÍNDICEINDEX

48 >

O9 >

66 >

Page 3: Junho das Artes 10

JUNHO DAS ARTES 2010

Para 2010 escolhemos como tema as características particulares dos espaços públicos da Vila de Óbidos. Sendo uma Vila que se desenvolve intramuros e no seu entorno, esses espaços as-sumem uma identidade muito particular, ficando na fronteira entre espaços privados e espaços públicos. Como se compreende é terreno fértil para que criadores contemporâneos os reinter-pretem, transformem, ou apenas realcem aspectos particulares.

Bem dentro desta visão urbanística, do ambiente construído da Vila, há espaço para reflexões mais profundas, como o diálogo entre o tempo, ou a História e os seus reflexos construídos. Ou, se quisermos, podemos ainda abordar a questão de uma forma metafórica, questionando sobre quais são os novos muros, as novas fortalezas do nosso tempo. Que sítio melhor para o fazer, que bem no interior da Vila de Óbidos.

Vivemos um período em que algumas das liberdades, até aqui dadas como adquiridas e perfei-tamente sustentadas na nossa sociedade, são questionadas e reequacionadas. A incerteza e a insegurança, noutras épocas, levaram a construções de castelos, fortalezas e muralhas. Ainda hoje se levantam muros na perspectiva de afastar os problemas que não se resolvem de forma pacífica.

A Arte serve para que novos olhares surjam, onde as vistas estão cansadas, onde o quotidiano torna menos nítido o detalhe que faz a diferença, ou apenas para que outros pensem sobre aquilo que para nós já pode ser um dado adquirido. Neste sentido, Óbidos vai realizar a terceira edição do Junho das Artes, procurando reforçar a sua agenda de criatividade, contribuindo para o desenvolvimento da contemporaneidade nacional. A estratégia Óbidos Criativa é isso mesmo, um contributo importante para um debate nacional sobre a Criatividade e a Cultura na agenda política nacional, demonstrando que uma mudança de atitude e acções inovadoras podem ven-cer os muros ou estigmas tantas vezes criados sobre estas matérias.

Não há espaços maiores ou menores, melhores ou piores para que a Arte se revele. É isso que procuramos demonstrar este ano, saindo da beleza histórica da Vila intra-muros para os antigos Armazéns da EPAC, que começam agora uma nova função, mais abertos ao mundo, mais trans-gressores nos seus princípios de utilização, mais criativos e inovadores, demonstrando que o valor das ideias do futuro é compatível com as heranças do passado.

Aos artistas e criadores mantemos o desafio de que Óbidos é um local que os quer envolver na sua estratégia, cientes de que, cada vez mais, o envolvimento das pessoas, dos diferentes acto-res sociais, é a razão do sucesso dos territórios. Em Óbidos acreditamos na importância de uma agenda cultural forte e na necessidade que seja vivida pelas pessoas. Anualmente, o Junho das Artes é um dos mais importantes capítulos dessa agenda.

TELMO HENRIQUE DANIEL CORREIA FARIAPresidente da Câmara Municipal de Óbidos

> O

Page 4: Junho das Artes 10

JUNHO DAS ARTES 2010 - CONTEMPORARY ART MONTH

For the 2010 edition of Junho das Artes, we chose as theme the particular distinctiveness of Óbidos public spaces. Since Óbidos is a town that grew inside and around the castle walls, those spaces assume a very specific identity, in the frontier between public and private spaces. Under-standably, it is a fertile field for contemporary artists to re-interpret, transform or just highlight those places.

Inside this urbanistic view, of the ambience created in the town, there is an area for deeper re-flections such as the dialogue between time, History and its built heritage. Or, if we want, we can also approach the matter in a metaphorical way by questioning about the new walls, the new fortresses of our time. What better place to do it, but right inside de town of Óbidos?

We live in a period when some of the liberties, until now indisputable and perfectly sustained in our society, are being questioned and reformulated. Uncertainty and insecurity, in other times, led to the construction of castles, fortresses and walls. Even today, we build walls as a way of avoiding problems that can’t be solved pacifically.

Art is used to create new perspectives when other views gets older, when everyday life blurs a detail that makes the difference, or simply for others to think about what can be a given truth. In this sense, Óbidos welcomes the third edition of “Junho das Artes”- Contemporary Art Month, looking to increase its creativity agenda and contributing towards the development of national contemporaneity. The Creative Óbidos strategy is an important contribution to the debate about creativity and culture in the national political agenda, demonstrating that a change of attitude and innovative actions can break down the walls or stigmata, so many times created around these subjects. There aren’t bigger or smaller spaces, better or worse, for Art to be revealed. This is what we want to demonstrate this year: leave the beauty of the historic town and use the old EPAC warehouses that now begin a new function, more open to the world, more transgressive in its principles of utilization, more creative and innovative, demonstrating that the value of future ideas is compatible with past heritages.

To artists and creators we launch the challenge that Óbidos is a place that wants to include them in its strategy, aware, more than ever, that the participation of people, of different social actors, is the reason of the success of the territories. In Óbidos we believe in the importance of a diversi-fied cultural agenda and, in the need, for it to be lived by people. Every year, “Junho das Artes” is one of the most important chapters of that agenda.

TELMO HENRIQUE DANIEL CORREIA FARIAMayor of Óbidos

> O

Page 5: Junho das Artes 10

PEQUENOS GESTOS EM LUGARES ESPECÍFICOS

O artista é um fazedor de mapas...Poesia é um lugarWilliam Burroughs

A mitologia em torno da figura do artista e da obra da arte estabeleceu-os, particularmente depois do romantismo, como inacessíveis, fora deste mundo. O status atribuído à obra de arte é de um objecto único que deve ser guardado no museu onde o espectador poderá ir cultivar o espírito. Este mito teve como consequência um crescente isolamento da arte em relação a um público mais diversificado, para além de uma pequena minoria.

Se no passado os artistas se preocupavam primeiramente com o objecto em si que depois pas-savam a quem o quisesse fruir, no presente a prática artística acontece cada vez num entrosa-mento com o quotidiano, com as experiências vulgares do dia-a-dia.

Os muros dos museus (invisíveis mas muito robustos) têm vindo a ser quebrados na tentativa de descer a arte do seu pedestal, do estatuto romântico em que ficou presa e de a aproximar do espectador.

Uma parte integral da prática contemporânea passa por um localizar a intervenção artística num contexto específico. Já não se procura lugares neutros que possam receber a obra sem lhe causarem qualquer interferência, mas antes espaços activos que dialoguem com o trabalho do artista.

A rua, a cidade têm sido locais privilegiados de intervenção artística. Mas que papel pode ter a arte no desenvolvimento de uma localidade? Se são meras (estranhas) esculturas em rotundas, o impacto será certamente diminuto, mas se a relação entre a arte e o contexto público for o de um jogo de cumplicidade, provocação e sedução, as consequências serão certamente mais impactantes.

A proposta desta edição do Junho das Artes foi pensar o espaço público da Vila de Óbidos como local fértil para a inter-acção entre arte e sociedade. É nas ruas da cidade, nas suas praças e miradouros que pretendemos incitar um diálogo entre as obras de arte e os visitantes da vila. O intuito está longe de ser o decorar Óbidos com ‘umas esculturas’, mas antes envolver cada visitante e despertar nele uma nova relação/vivência com a Vila. E essa é exactamente uma das capacidades intrínsecas das obras de arte, levar ao pensamento e ao questionar a realidade conhecida.

Pretende-se que a experiência recorrente de admirar a Vila de Óbidos seja interrompida pelas obras de arte com as quais o visitante se irá confrontar. Pequenos gestos, irão transformar a forma como a Vila é vivida, como é contemplada. E assim, em torno destes objectos, alguns dos quais absolutamente banais, outros mais estranhos, se crie uma sensação de comunidade, de descoberta e de pertença ao lugar conquistado.

Se a muralha é um símbolo de fortificação, de separação do mundo, de isolamento, neste con-texto deseja-se que a muralha seja o elemento agregador. Não só das obras de arte, mas de uma comunidade que em conjunto com elas transforma um lugar de passagem numa paisagem

> O

Page 6: Junho das Artes 10

pessoal e numa experiência transformadora. “Entre Muros” é símbolo assim de comunhão, de descoberta, de transformação e também de transgressão.

Fazedores de mapas chama Burroughs aos artistas. Não de uma geografia contida e respeitado-ra das fronteiras e regras científicas, mas antes de uma cartografia poética que tenta dar sentido ao mundo que nos rodeia. Em Óbidos, juntam-se diferentes intervenções que definem uma nova geografia do lugar, numa tentativa de reflectir sobre as suas especificidades.

Os artistas abordam ainda o tema dos muros. Obviamente que cercada por uma muralha, a condição de estar ‘entre muros’ é intrínseca à vila. Um muro, ou neste caso uma muralha, pode ser entendida não como um elemento rígido, uma barreira, mas antes como uma membrana maleável. Assim a querem estes artistas. Pensar esta condição, sugerir formas de transpor essa fronteira são algumas das propostas dos artistas deste Junho das Artes.

Numa outra perspectiva, encontramos intervenções que meditam a tensão entre os dois lados do muro. Exploram as dicotomias inerentes à condição da muralha e da ideia de um outro para além: interior e exterior, presente e ausente, visível e invisível, alcançável e inacessível.

Cada uma das obras apresentadas deve ser vista como um percurso individual, como uma relação pessoal com a condição ‘sitiada’ de uma geografia particular, ultrapassando a questão territorial para se debruçarem sobre o político, o social e o estético. Óbidos deixa, durante um mês, de ser um lugar com história, de turismo, para ser um espaço de poesia, intimidade e comunidade.

FILIPA OLIVEIRAComissária Convidada

> O

Page 7: Junho das Artes 10

SMALL GESTURES IN SPECIFIC PLACES

The artist is a map-maker...Poetry is a placeWilliam Burroughs

The mythology concerning idea of the artist and the work of Art resulted in them being considered as inaccessible, out of this world, particularly after Romanticism. The status given to the work consisted in a unique object that should be preserved in a museum where the visitor could go and cultivate the spirit. This myth had as consequence an increased isolation of art and, aside from a small minority, made it unavailable to a more diversified audience.

If in the past, artists were primarily worried with the object itself that would later be presented to the public, nowadays, the artistic pratice takes place more and more intersection with ordinary experiences of daily life.

The museum walls (invisible, but robust) have been brought down in an attempt to make art descend from its pedestal, from the romantic status in which, it was held, trying to draw it nearer to the spectator.

An integral part of contemporary art depends on placing the artistic intervention in a specific context. Neutral places that can receive the artwork without interference are no longer preferred. Instead, what is sought are active spaces that dialogue with the artists’ work.

The street and the city have been a privileged place of artistic intervention. But what can Art have in the development of a place? If it’s simply (strange) sculptures in roundabouts, the impact will certainly be low, but if the relation between Art and the public context is a game of complicity, provocation and seduction, this will provoke an increased impact.

In this year’s edition of “Junho das Artes”- Contemporary Art Month, the objective is to think the public space of Óbidos as a fertile place for the interaction between Art and society. It is the streets, squares and belvederes that we wish to promote a dialogue between the works of art and the visitors. The goal is far from an intention to decorate the town of Óbidos with “some sculptures” but to entice the spectator into a new relationship with the town. That is exactly one of the intrinsic capacities of Art… to make people think and doubt about the known truth.

We want the common experience of discovering Óbidos to be interrupted by works of Art encountered by the visitor. Small gestures will transform the way the town lives, how it is contemplated. Therefore, around these objects – some of them trivial, some of them peculiar – a sense of community, of discovery and belonging is established.

If the wall is a symbol of fortification, of the separation of the world and isolation, in this context, we wish for the wall to be the connecting element. Not only of the works of Art, but also of a community that, together with them, transforms a place of transit into a a personal landscape and into a transformative experience. “Entre Muros” (between walls) is thus a metaphor for communion, discovery and also transformation.

Burroughs called artists map makers. Not of a geography that is contained and respectful of frontiers and scientific rules, but a poetic cartography that tries to make sense of the world

> O

Page 8: Junho das Artes 10

around us. In Óbidos different interventions are joined and define a new geography of the place, in an attempt to think about it specificities.

The artists also approach the theme of “the walls”. Obviously surrounded by a wall, the condition of being between walls is intrinsic to the Town. A wall, or in this case, a castle wall can be understood, not as a rigid element, a barrier, but a malleable membrane. That is how these artists want it. Thinking of this condition and proposing ways of transposing this frontier are the main objectives for this edition of “Junho das Artes - Contemporary Art Month”. In another perspective, we find interventions that regulate the tension between the two sides of the wall. They explore the inherent dichotomies to the condition of the wall and the idea of a beyond: interior and exterior, present and absent, visible and invisible, reachable and inaccessible.

Each of the works presented must be seen as an individual path, a personal relation with the ‘enclosed’ condition of a particular geography, surpassing the territorial question and concentrating on political, social and esthetic. During one month, Óbidos ceases to be a town with history or of tourism, to become a space of poetry, intimacy and community.

FILIPA OLIVEIRAGuest Curator

> O

Page 9: Junho das Artes 10

ARTISTASCONVIDADOSGUEST ARTIST

PROJECTROOMS

Page 10: Junho das Artes 10

ANA JOTTAFrequentemente a obra de Ana Jotta parte de uma apropriação de referentes da história de arte que subverte e recontextualiza usando como ferramentas mais recorrentes o humor e a irreve-rência.

As obras que aqui apresenta intitulam-se Vida Parada e constituem-se como uma paródia a inúmeros níveis. Num primeiro mais imediato, são uma paródia à ideia da celebração. As setes ‘lunetas’ que se espalham pelas ruas de Óbidos são bandeirolas de festa. Têm como objectivo enfeitar e animar a vila durante um evento que visa celebrar conjuntamente a criação artística e a própria vila. Servem, como os dias de solenidades e de festas, para ver o mundo numa cor di-ferente. Por um momento, e através de uma lente mágica, Óbidos como a conhecemos aparece nova, alterada, inesperada.

Uma outra leitura, enraizada na história da arte, apresenta estas obras como uma ironia à tradi-ção do género das naturezas morta da pintura clássica. O título da obra é uma tradução literal de still-life, uma natureza parada. A provocação da artista ocorre também nesse jogo linguístico e na relação que estabelece com os locais onde cada luneta é colocada. Numa vila tão pitoresca como Óbidos, cada esquina, cada prédio, cada pequeno pormenor ganha uma dimensão aurá-tica grande. E ao serem contemplados através destas lentes coloridas, são de uma forma mais agressiva, encapsuladas no tempo, encaixadas numa redoma, musificadas. As simples lunetas contribuem para uma construção do mito da vila e ao mesmo tempo apagam os seus traços de vida quotidiana.

The work of Ana Jotta often starts from the appropriation of Art History references, which she subverts and recontextualises using humour and irreverence as her most frequent tools.

The pieces shown here are entitled Vida Parada and constitute themselves as a parody on count-less levels. Most immediately, they are a parody of the idea of commemoration. The seven ‘lu-nettes’ scattered across the streets of Óbidos are festive banderoles. Their aim is to decorate and enliven the town during an event that is intended to celebrate artistic creativity and the town itself. Their purpose, the same as solemn or festive days, is to allow us to see the world in a different colour. For one moment, through a magical lens, the Óbidos we knew becomes new, changed, unexpected.

Another level of reading, rooted in Art History, sees these works as an ironic commentary on the tradition of the classical painting still-life genre. Their title is indeed a literal translation into Portuguese of the genre’s English name. The artist’s provocative stance is also visible in that linguistic play and in the relationship she creates between each lunette and its setting. In such a picturesque town as Óbidos, every corner, every building, every small detail takes on an impor-tant aura. By being looked at through these colourful lenses, they find themselves more aggres-sively encapsulated in time, under a glass bell, museified. These simple lunettes thus contribute towards the mythification of the town, while at the same time erasing its signs of everyday life.

Art

ista

Co

nvi

dad

a >

Gu

est

Art

ist

NATUREZA PARADA, 200�Ferro pintado e acrílico | painted iron and acrylic1�0 x �0 x � cm (�)Colecção Privada | Private Collection

>

> 1

O

Page 11: Junho das Artes 10

> 1

1

Page 12: Junho das Artes 10

> 1

2

ANA JOTTA (LISBOA, 1946)

Educação Education: BA Faculdade de Belas-Artes de Lisboa; MA École d’Arts Visuels et d’Architecture, Bruxelas Brussels.

Exposições Individuais Solo Shows (selecção selection): Amor Vacui, Lisboa 20 Arte Contemporânea, Lisboa (2003); Rua Ana Jotta. Retrospectiva, Museu de Serralves, Porto (2005); Ana Jotta. S/he is her/e, Chiado 8, Lisboa (2008).

Exposições Colectivas Group Shows (selecção selection): 20+1 Artistas Portugueses nas Coleccións CGAC, Santiago de Compostela (2004); En Voyage, Le Plateau, FRAC – Île de France, Paris (2006); Taking Time, MARCO – Museo de Arte Contemporánea de Vigo, Vigo (2007); Anos 80, Uma Topologia, Museu de Serralves, Porto (2007).

Prémios Prizes: Seleccionado selected Prémio EDP.Arte 2001.

www.miguelnabinho.com

Page 13: Junho das Artes 10

> 1

12 <

Page 14: Junho das Artes 10

> 1

ÂNGELA FERREIRAA reflexão de Ângela Ferreira incide sobre o potencial político e social da escultura cruzando a estrutura tridimensional com diferentes discursos em torno da cultura popular, história da arte (em especial minimalismo e modernismo). Sendo a arquitectura o seu ponto de partida, a sua reflexão ultrapassa a dimensão formal dos edifícios sobre os quais escolhe trabalhar, para consi-derar as diversas interpretações e discursos que sobre eles foram sendo promovidos.

Casa Meridional baseia-se numa casa vitoriana londrina aparentemente normal, onde, em 1851, George Biddell Airy cartografou o primeiro meridiano: a base para definir uma nova geografia do planeta. O telescópio que utilizou observava o céu através de um corte longitudinal no telhado, que o abria a meio. Ângela Ferreira explora a estrutura desta casa, especialmente a tensão entre a fragilidade causada por uma abertura no eixo central do telhado e a força económica e política que esta fraqueza trouxe consigo. A casa é transformada numa estrutura híbrida - um conten-tor/pavilhão esventrado, cuja tampa se abre permitindo ver o seu conteúdo (imaginado).

Em Óbidos, a relação é estabelecida com a própria estrutura do Castelo. Situada na praça cen-tral, a arquitectura de Ângela Ferreira, dialoga com as próprias fragilidades da construção de um castelo: uma ‘casa/contentor’ aberta a céu livre, não para estudar o firmamento mas antes para poder observar toda paisagem em seu redor. Também a sua erecção tem associações simbólicas economias e politicas relacionadas não apenas com a sua edificação inicial, mas também com a sua reconstrução pelo Estado Novo.

In her reflection on the political and social possibilities of sculpture, Ângela Ferreira combines three-dimensional structure with a variety of discourses concerning popular culture and art history (Minimalism and Modernism, particularly). Architecture being her starting-point, her reflection transcends the formal dimension of the buildings on which she chooses to work, to consider the various readings and discourses they have inspired over time.

Casa Meridional [Meridian House] is based on a seemingly ordinary Victorian house in London, where, in 1851, George Biddell Airy defined the prime meridian: the foundation on which a new geography for the planet was built. The telescope he used scrutinised the sky through an opening that split the house’s roof in the middle. Ângela Ferreira explores the house’s structure, especially the tension between the fragility caused by the split in the roof’s central axis and the economic and political power this same weakness brought into existence. The house becomes a hybrid structure – a gutted container/pavilion, with a lid that opens to let us see its (imagined) contents.

In Óbidos, a relationship is established with the very structure of the Castle. Installed at the town’s central square, Ângela Ferreira’s architecture interacts with the inherent fragilities of constructing a castle: a ‘house/container’ that opens itself to the sky, not to study the firmament but to survey the whole surrounding landscape. Its erection also has symbolic, economic and political associations, connected not only to its original construction, but also to its reconstruction by the Estado Novo dictatorship.

Art

ista

Co

nvi

dad

a >

Gu

est

Art

ist

CASA MERIDIONAL, 200�Madeira e metal | wood and metal�02 x �00 x 2��,� cm Cortesia da Artista e Galeria Filomena SoaresCourtesy of the Artist and Galeria Filomena Soares

>

Page 15: Junho das Artes 10

> 1

Page 16: Junho das Artes 10

> 1

ÂNGELA FERREIRA (MAPUTO, 1958)

Educação Education: BA e and MA Escultura Sculpture, Cape Town University, África do Sul South Africa.

Exposições Individuais Solo Shows (selecção selection): The Return of the Real #7, Museu do Neo-Realismo. Vila Franca de Xira (2009); Hard Rain Show, Museu Colecção Berardo, Lisboa (2008), Centro de Arte Contemporânea La Crieé, Rennes (2008); Maison Tropicale, Pavilhão de Portugal, 52ª Bienal de Veneza, Veneza Venice (2007).

Exposições Colectivas Group Shows (selecção selection): Continents à la derive, Centre Régional d’Art Contemporain Languedoc-Roussillon (2009); Afrika i Oslo, Maputo: A Tale of One City, Oslo Kunstforening, Oslo (2009); Learning Modern, The School of the Art Institute of Chicago, Chicago (2009); 28ª Bienal de São Paulo, São Paulo (2008).

www.gfilomenasoares.com

Page 17: Junho das Artes 10

> 1

Page 18: Junho das Artes 10

> 1

ANTÓNIO BOLOTAA participação de António Bolota neste projecto é muito especial e revela uma vontade de con-tinuidade e de compromisso da Câmara Municipal de Óbidos não apenas com o projecto do Junho das Artes, mas reiterando o apoio à criação artística (e às industrias criativas de um modo mais generalizado).

A escultura de António Bolota acontece assim a dois tempos. Nasce agora, nesta edição do Ju-nho das Artes, mas será apenas inaugurada no próximo ano. Durante o tempo de entre os dois eventos surgirá a peça, uma escultura que requer tempo e dedicação, assim como uma conju-gação de esforços para a sua concretização.

Nesta edição apresenta-se assim um desenho, um esboço. A potência de uma obra que virá a ser, que renovará um olhar sobre a própria vila, mas que neste momento é apenas ‘coisa mental’. Aguça-se o apetite.

The contribution of António Bolota to this project is very special and reveals the Óbidos Town Council’s continued commitment, not only to the Junho das Artes project, but also to supporting artistic creation (and creative industries in general).

António Bolota’s sculpture happens on two phases. It is born now, at this edition of Junho das Artes, but will only be inaugurated next year. Between the two events, the piece will appear: it is a sculpture that demands time and dedication, as well as a collaboration of entities that go beyond the Council’s museum department, for its achievement.

The present edition will thus display a drawing, a sketch. The potential of a work that will come to be, that will offer a new vision of the town itself, but which at the moment is only a ‘mental thing’, an appetite-whetter.

Art

ista

Co

nvi

dad

o >

Gu

est

Art

ist

ANTÓNIO BOLOTA (BENGUELA, 1962)

Educação Education: BA Engenharia Cível Civil Engineering, ISEL, Lisboa; curso de escultura e curso avançado Sculpture and Ad-vance Course, Ar.Co, Lisboa.

Exposições Individuais Solo Shows (selecção selection): Sem título, BMC, S. Domingos de Rana (2005); António Bolota, Uma Certa Falta de Coerência, Porto (2010).

Exposições Colectivas Group Shows (selecção selection): Telhado, Interpress, Lisboa (2006); Sim Não, Auditório de Serralves, Porto (2006); Articulações, Allgarve, Algarve (2008); Avenida 211, Espaço Avenida 211, 4º Andar, Lisboa (2008); Estados Gerais, Artecon-tempo, Lisboa (2009).

Prémios Prizes: Seleccionado selected Prémio Vespeira (2002); Seleccionado selected Prémio EDP Novos Artistas (2008).

www.antoniobolota.blogspot.comwww.quadradoazul.pt

Page 19: Junho das Artes 10

> 1

9

SEM TÍTULO, 2010-2011Intervenção site-specific em progressosite-specific intervention in progress

>

ÓBIDOS - ESC. 1:100

Page 20: Junho das Artes 10

BRUNO CIDRAApesar da prática de Bruno Cidra se concretizar em objectos tridimensionais, o seu trabalho não pode ser apelidado exclusivamente de escultura. Antes, representa um cruzamento entre aquela disciplina e o desenho, e os dois estabelecem um intrincado diálogo com o espaço onde o seu trabalho se instala. A expressão site-specific é fundamental para entender as leitura das obras que cria. As suas instalações possibilitam uma (re)descoberta do espaço que ocupam, e simul-taneamente o próprio espaço potencia a leitura da obra.

No Oratório Nossa Senhora da Graça este princípios voltam a encontrar-se numa peça que, de uma forma simples mas extremamente eficaz, reflecte sobre as tensões entre o exterior e interior, sobre a muralha como lugar de equilíbrios e desequilíbrios. Com uma forma estranha, o Oratório tem a constituição arquitectónica de um espaço religioso, mas é uma passagem. É um espaço de diluição das fronteiras, como também se diluem na obra de Cidra com o cruza-mento das disciplinas. E é aqui, nesta lugar-dobra entre duas extremidades, que converge a sua intervenção.

Uma tira de papel com 15cm de largura e cerca de 8m de comprimento sustenta dois varões de ferro maciço. Num exercício de limites, os varões contrabalançam-se, dependem um do outro e do papel que os sustem em equilíbrio. Não há um ponto de vista único da peça e é sempre im-possível vê-la integralmente. A instalação que criou implica um circundar do oratório e mesmo do espaço envolvente. Estimula o espectador a entrar num jogo de descoberta e de encontro com a escultura, e também como a própria vila.

Even though Bruno Cidra’s work takes the form of three-dimensional objects, it cannot be ex-clusively considered sculpture. Actually, it is a combination of sculpture and drawing, with the two carrying out an intricate dialogue with the space where his work is displayed. The term ‘site-specific’ is essential to our understanding of the pieces he creates. His installations allow for a (re)discovery of the space they occupy, while in turn the space enriches our reading of the work.

At the Nossa Senhora da Graça Shrine, these principles meet again in a piece that, in a simple yet extremely efficient way, reflects on the tensions between outside and inside, on the town wall as a place of balance and disturbance. The strangely shaped shrine has the architectural features of a religious space, but it is also a passage. It is a space where boundaries become diluted, which also happens in Cidra’s oeuvre, in terms of the combination of artistic forms. It is here, in this place-fold between two extremities, that his intervention occurs.

A 15cm-wide, 8mt-long strip of paper holds up two solid iron rods. In an exercise of extremities, the rods counterbalance each other, depend on one another and on the paper that keeps them balanced. There is not a single viewpoint of the piece; it is always impossible to have a full view of it. His installation demands that we walk around the shrine and even its surroundings. It invites viewers to join a game in which they encounter and discover sculpture, and the town itself.

Art

ista

Co

nvi

dad

o >

Gu

est

Art

ist

SEM TÍTULO (ORATÓRIO), 2010Papel e ferro | paper and ironDimensões variáveis | variable dimensions

>

> 2

O

Page 21: Junho das Artes 10

> 2

1

SEM TÍTULO (ORATÓRIO), 2010Papel e ferro | paper and ironDimensões variáveis | variable dimensions

>

Page 22: Junho das Artes 10

> 2

2

BRUNO CIDRA (LISBOA, 1982)

Educação Education: BA Escultura Sculpture, Faculdade de Belas Artes de Lisboa.

Exposições Individuais Solo Shows (selecção selection): 8 Esculturas, Galeria Baginski, Lisboa (2009); Contraforte, Espaço Fábulas Projecto Tráfico, Lisboa (2009).

Exposições Colectivas Group Shows (selecção selection): Eurasia, Casa-Museu Anastácio Gonçalves, Lisboa (2008); Afterthought, Reims (2008); Diamantes na Sola dos Sapatos, Galeria 102-100, Castelo Branco (2009); A Museu is to Art what a Great Translator is to a Writer, Galeria Baginski, Lisboa (2010).

Prémios Prizes: Vencedor winner Prémio D. Fernando II de Escultura (2005); Seleccionado selected Prémio EDP Novos Artistas (2008).

http://o-declive.blogspot.com/200�/0�/trabalho-bruno-cidra.htmlwww.baginski.com.pt

Page 23: Junho das Artes 10

> 2

Page 24: Junho das Artes 10

> 2

GABRIELA ALBERGARIADiz Kant na “Critica da Faculdade do Juízo” que “a jardinagem paisagística não consiste em nada mais do que no decorar da terra com a mesma diversidade [de coisas] que a natureza oferece à nossa vista, mas dispondo-as de modo diferente em obediência a determinadas ideias”. O con-ceito de teatralidade é um dispositivo central na concepção de um jardim, mesmo que implique o violentar da própria natureza. Neste sentido, o trabalho de Gabriela Albergaria situa-se precisa-mente no veicular dessa artificialidade e no desvendar das construções ideológicas subjacentes que imperam na criação do que nós percepcionamos como natural e puro. Albergaria alia a uma exploração do estético central na ideia de jardim, com a estética na criação artística, importando para a sua prática, acções e técnicas comuns na jardinagem. Assim, o belo é uma característica omnipresente nos seus trabalhos, mas não pode ser dissociado de uma reflexão sobre os jardins como coisa mental e como ferramenta invisível do discurso do poder.

Em Viveiro, Gabriela Albergaria explora o conceito das origens e criação de um jardim. Insere num ambiente artificial (uma casa construída com paredes caiadas e chão de mármore) um grupo de árvores bebés. O facto de este edifício ser uma igreja adensa as leituras da obra, acres-centando-lhe mais uma camada: a questão do acto criativo e a relação com o divino/espiritual.

No contexto de Óbidos, esta instalação quer pensar ainda a vida de uma vila que se consegue recriar e renascer no mais inóspito contexto: fortemente despovoada e com uma territorialidade imposta por uma muralha que a encerra em si própria.

In The Critique of Judgement, Kant states that “[landscape gardening] is nothing else than the ornamentation of the soil with a variety of those things […] which nature presents to an observer, only arranged differently and in conformity with certain Ideas”. The concept of theatricality is central to the conception of a garden, even if it implies exerting violence against nature itself. In this sense, Gabriela Albergaria’s work places itself squarely in the propagation of that artificiality and in the revelation of the ideological constructs that underlie the creation of something we perceive as natural and pure. Albergaria connects the exploration of the aesthetical that plays a central role in the notion of a garden with the aesthetics of artistic creation, bringing garden-ing actions and techniques into her practice as an artist. Consequently, the beautiful, though an omnipresent feature in her works, cannot be dissociated from a reflection on gardens as both things of the mind and invisible tools of the discourse of power.

In Viveiro [Nursery], Gabriela Albergaria explores the concept of a garden’s origins and creation. Into an artificial environment (a building with whitewashed walls and a marble floor), she inserts a number of baby trees. The fact that this building is a church enriches the readings of the work, by adding a new layer to it: the issue of the creative act and its relationship with the divine/spir-itual.

Within the context of Óbidos, this installation also aims at considering the life of a town that is able to re-create itself within the most inhospitable of contexts: a severe depopulation problem and a territoriality imposed by a wall that surrounds it, closing it upon itself.

Art

ista

Co

nvi

dad

o >

Gu

est

Art

ist

VIVEIRO, 200�Ramos e troncos de árvores enxertados (Castanheiro, cerejeira, videira), fio de algodão, madeira (pinho) e grampos de carpinteiroGraffetd trunks and branches (Chestnut tree, cherry tree, vine)cotton thread, wood (pine) and carpenter’s clipsDimensões variáveis | variable dimensionsCortesia da Artista e Vera Cortês Agência de ArteCourtesy of the Artist and Vera Cortês Art Agency

>

Page 25: Junho das Artes 10

> 2

VIVEIRO, 200�Ramos e troncos de árvores enxertados (Castanheiro, cerejeira, videira), fio de algodão, madeira (pinho) e grampos de carpinteiroGraffetd trunks and branches (Chestnut tree, cherry tree, vine)cotton thread, wood (pine) and carpenter’s clipsDimensões variáveis | variable dimensionsCortesia da Artista e Vera Cortês Agência de ArteCourtesy of the Artist and Vera Cortês Art Agency

>

Page 26: Junho das Artes 10

> 2

GABRIELA ALBERGARIA (VALE DE CAMBRA, 1965)

Educação Education: BA Faculdade de Belas Artes do Porto; artista residente artists-in-residence, Künstlerhaus Bethanien, Berlim Berlin

Exposições Individuais Solo Shows (selecção selection): Térmico, Pavilhão Branco do Museu da Cidade, Lisboa (2010); Gabriela Albergaria, Galeria Vermelho, São Paulo (2010); ABRACADÁRVORE, Museu de Arte Moderna da Bahía, São Salvador da Bahía (2008);

Exposições Colectivas Group Shows (selecção selection): KURS: THE TREE, Fuglsang Kunstmuseum, Toreby (2010); Acclimatation, Villa Arson, Centre National d’Art Contemporain, Nice (2009); O Desenho Dito, Casa da Cerca, Almada (2008); The Tree: From the sublime to the social, Vancouver Artgallery, Vancouver (2008),

www.gabrielaalbergaria.com/www.veracortes.com

Page 27: Junho das Artes 10

> 2

Page 28: Junho das Artes 10

> 2

HUGO CANOILAS (LISBOA, 1977)

Educação Education: BA Escultura Sculpture, ESAD, Caldas da Rainha; MA Pintura Painting, Royal College of Art, Londres.

Exposições Individuais Solo Shows (selecção selection): Vota Otavio Pato, Frankfurter Kunstverein, Frankfurt (2007); Endless Killing, Huarte Contemporary Art Center, Pamplona (2008); Equilibrium and action, Galeria CML, Loulé (2009); To fall in height, Nosbaum & Reding – Art Contemporain, Luxemburgo Luxembourg (2010).

Exposições Colectivas Group Shows (selecção selection): More light than heat, The Basement Gallery Town Hall, Dundalk (2007); Articulações, Antiga Fabrica da Cerveja, Faro (2008); Gyumri International Biennial of Contemporary Art, Gyumri (2008); KAAP, Utrecht Fortress, Utrecht (2009); República ou o Teatro do Povo, Estados Gerais, Arte Contempo, Lisboa (2009).

http://infinitoaoespelho.blogspot.com/ www.quadradoazul.pt

HUGO CANOILASO trabalho de Hugo Canoilas é multifacetado. Da pintura, à escultura às intervenções públicas, a sua prática passa por um questionamento do senso comum, daquilo que é tomado como natural, comum.

O Jornal d’Óbidos é um jornal de carácter regional, organizado por Hugo Canoilas, em conjunto com um grupo de autores de natureza diversa, artistas plásticos escritores, pedagogos, agricul-tores e médicos. O jornal é encarado não como meio de divulgação de informação, mas antes enquanto escultura social que visa a construção de uma comunidade. Constitui-se como um lugar de reflexão sobre a relação que temos com o mundo em que vivemos. Mais do que um objecto afastado do leitor, este jornal pretende estabelecer uma relação horizontal de proximi-dade com o seu público.

A estrutura do Jornal parte de uma revista regional que era publicada para a população de Óbi-dos. Muitas das rubricas que constituíam essa revista são emuladas no jornal, mas apresentando uma visão completamente diversa da que aquele meio de comunicação propunha. Assim, as re-alidades existentes no jornal são múltiplas: algumas reinterpretam quase literalmente dimensões previamente existentes, outras são ficcionadas: um conjunto de propostas de carácter absurdo (um anúncio a flautas que não tocam ou uma receita de limonada) que cortam ou suspendem a relação do espectador, exigindo-lhe mais atenção. Existe ainda um conjunto de trabalhos de ca-rácter pedagógico (saúde e ambiente) que visam intensificar uma condição do viver em Óbidos, que é a sua ligação à Terra. Este trabalho insere-se numa economia do dom e da dádiva.

‘Multifaceted’ is the adjective that best describes Hugo Canoilas’ work. From painting to sculp-ture and public interventions, his artistic practice comprises a questioning of common sense, of what is widely seen as natural, common knowledge.

Jornal d’Óbidos is a regional newspaper, edited by Hugo Canoilas in collaboration with a group of authors with a variety of backgrounds: visual artists, writers, teachers, farmers and doctors. The periodical is seen, not as a means for divulging information, but rather as a social sculpture aimed at the construction of a community, a place for reflecting on our relationship with the world we live in. Instead of being an object distanced from its reader, this newspaper intends to establish a horizontal relationship of proximity with its readers.

The newspaper’s structure is based on an extinct regional magazine for the population of Óbi-dos. Many of the magazine’s original sections are revived in the newspaper, only now presenting a perspective that is completely different from the one of the original publication. Thus, the newspaper displays a multitude of realities: some sections almost literally reinterpret previously existing elements, while others are fictionalised: a set of absurd pieces of writing (such as an ad-vertisement for flutes that do not make music or a recipe for lemonade) interrupt or suspend the reader’s relationship with the periodical, demanding more attention from him/her. The news-paper also contains several educational pieces on health and the environment, which intend to intensify one condition of living in Óbidos: the town’s connection to the land. This piece is part of an economy of the gift and giving.

Art

ista

Co

nvi

dad

o >

Gu

est

Art

ist

Page 29: Junho das Artes 10

> 2

9

JORNAL DE ÓBIDOS, 2010Colaboradores | Collaborators: A.M.A. Associação Medicina Antroposófica, Ana Baliza, André Missika, André Romão, Benjamin Valenza, Chiara Fumai, Eduardo Guerra, Filipa Oliveira, Giannis Varelas, Hugo Canoilas, Kaszás Tamás, Maria Catuna, Miguel Ferrão, Miguel Rondon, Projecto 2�0, Raimond Chavez & Gilda Mantilla, Rodrigo Peixoto, Sílvia Katona, Tânia Nunes, Thierry Simões, Thomas KratzPapel impresso | Printed paper - 29 x �1,� cm

>

Page 30: Junho das Artes 10

JORGE MACIELApoiando-se num pequeno nicho num muro de uma ruela de Óbidos, Jorge Maciel constrói uma complexa instalação que proporciona ao espectador cenários para ficções imaginárias, criadas quase inteiramente a partir de materiais apanhados no lixo. Jorge Maciel, um recolector por excelência, constrói a partir daquilo que encontra. E fá-lo com uma intensidade vertiginosa, rápida e efusiva (sugerida aliás pelo próprio título da obra Always Bombating). Tudo feito à mão, pela sua própria mão. Preocupa-se em contrariar a produção em massa que domina a criação de objectos hoje em dia. Agrada-lhe que se vejam os defeitos, o sujo, o manusear dos materiais. Não esconde o processo, assumindo a plasticidade da produção artesanal e mesmo do erro.

O muro, do qual Jorge Maciel se apropria, serve de ponto de partida para um trabalho sobre fronteiras, sobre as limitações do acto de ver e a possibilidade de imaginar para além daquilo que é presente, visível.

A construção é realizada em torno de um conjunto de maquetas, as quais na verdade podem ser consideradas como máquinas de visão. É nestas que a paisagem dentro das muralhas se encontra com o exterior e com elementos que a interrompem, como um avião que se despenha sobre as casas da vila. Entre realidade e ficção, interessa a este artista a dimensão do lúdico, e igualmente todo o processo de elaboração de mecanismos que permitem o funcionar de toda a instalação.

Taking as the foundation for his work a small wall niche in an Óbidos alley, Jorge Maciel builds, mostly from waste materials, a complex installation that offers the spectator scenarios for imaginary fictions. Jorge Maciel, a waste-picker par excellence, creates out of what he finds. And he does so with dizzying, quick, joyous intensity (which is indeed reflected on the piece’s title: Always Bombating). All is done by hand, by his own hand. He is concerned with countering the mass production approach that nowadays dominates the creation of objects. He likes that people can see flaws, the messiness and manipulation of materials. He does not conceal the process, accepting the plastic value of handcraft and even of mistakes.

The wall Jorge Maciel appropriates acts as a starting-point for a work on boundaries, on the limitations of the act of seeing and the possibility of imagining something beyond what is present and visible. The construction is carried out around a set of models, which can indeed be considered vision machines. It is in them that the landscape within the town walls meets the outside and other elements that disrupt it, such as a plane crashing on the town’s houses. Between reality and fiction, what truly interests this artist is the playful element, as well as the whole process of conceiving the mechanisms that allow the whole installation to work.

Art

ista

Co

nvi

dad

o >

Gu

est

Art

ist

ALWAYS BOMBATING, 2010Técnica mista | mixed mediaDimensões variáveis | variable dimensions

>

> �

O

Page 31: Junho das Artes 10

> �

1

ALWAYS BOMBATING, 2010Técnica mista | mixed mediaDimensões variáveis | variable dimensions

>

Page 32: Junho das Artes 10

> �

2

Page 33: Junho das Artes 10

> �

�JORGE MACIEL(VALE DE PUNHE, VIANA DO CASTELO, 1982)

Educação Education: BA Artes Plásticas Visual Arts, ESAD, Caldas da Rainha.

Exposições Colectivas Group Shows (selecção selection): 7 Artis-tas a Monte, Mata de Tomar, Tomar (2007); 7 artistas ao 10º mês, Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa (2008); Apresentação, Ga-leria Municipal de Arte, Abrantes (2009); T4, Casa Bernardo, Cal-das da Rainha (2009); O amor não cai do céu como as pipocas, VPF Cream Art Gallery, Lisboa (2010).

Page 34: Junho das Artes 10

> �

LUISA CUNHAA investigação que Luisa Cunha tem vindo a desenvolver situa-se nos campos da filosofia da lingua-gem, e da estrutura da linguagem como comunicação. Fazendo uso de médios tão diferentes como a escultura, o som, a fotografia e o vídeo, uma das metodologias de trabalho mais frequentes na sua obra é o texto falado e escrito.

Invariavelmente a voz gravada é a sua que implica directamente o espectador, estabelecendo com ele um envolvimento que entra no domínio do íntimo. A fronteira entre o espaço público e o privado é aliás uma das questões centrais na sua obra. O espectador é assim activamente convocado para a obra. Vê-se obrigado a obedecer a ordens, comandos, ou a ser convocado fisicamente a experienciar o espaço.

Situada na Porta da Vila, a obra É Aqui! apresenta-se como uma muito simples constatação que é re-petida até à exaustão, interpelando directamente o espectador, incluindo-o na sua construção. Apesar da economia de meios, de uma quase nudez da peça, ela transfigura-se numa intervenção axiomática da exposição. Ao obrigar o visitante de Óbidos a ser confrontado com esta condição de lugar, através desta asserção ‘é aqui’, a obra de Luísa Cunha convida o próprio corpo do espectador para um reco-nhecimento de um espaço - para uma tomada de consciência corporal e mental deste lugar – con-frontando-o com o seu próprio acto de percepção da realidade que o rodeia. Desafia-o a uma tomada de consciência auto-reflexiva, jogando com as expectativas da chegada, do encontro, e dotando um simples espaço de passagem num ‘não-lugar’ de adensado significado.

The philosophy of language and the structure of language as communication make up the field in which Luisa Cunha carries out her research. Although she resorts to such diverse media as sculpture, sound, photography and video, one of the most frequent working methods in her oeuvre is the spoken and written text.

The recorded voice is invariably hers, thus directly implying the viewer in the work, by creating an in-timate involvement with her/him. The borderline between public and private space is indeed a central issue in her work. Viewers are thus actively drawn to the work. Often, they find themselves obliged to follow commands, or being physically led to experience the space.

Situated at the Town’s Gate, É Aqui! [It’s Here!] presents itself as a quite simple assertion that is exhaus-tively repeated, directly questioning the viewer and including him/her in its construction. In spite of the piece’s limited means and near nakedness, it becomes an axiomatic element in the exhibition. By forcing the visitor to Óbidos to confront her/himself with the condition of the place via this ‘it’s here’ statement, Luísa Cunha’s piece invites his/her body to survey a space – to achieve a mental and corporeal aware-ness of this place – by confronting her/him with his/her own act of perceiving her/his surroundings. It challenges him/her to attain a self-reflective awareness by playing with the expectations of the arrival, of the encounter, and turning a simple space of passage into a ‘non-place’ with enhanced meaning.

Art

ista

Co

nvi

dad

a >

Gu

est

Art

ist

LUISA CUNHA (LISBOA, 1949)

Educação Education: Curso Avançado de Escultura Advanced Course in Sculpture, Ar.Co, Lisboa.

Exposições Individuais Solo Shows (selecção selection): Luisa Cunha, Fundação de Serralves, Porto (1998); Words for Gardens, CHIADO 8, Lisboa (2006); Oh!, Galeria Lisboa 20, Lisboa (2008); HOT RED HOT, Uma Certa Falta de Coerência, Porto (2010).

Exposições Colectivas Group Shows (selecção selection): On Reason and Emotion, Bienal de Sydney Sydney Biennial, Sydney (2004); The Invisible Show, MARCO, Vigo (2006), Tel Avive (2007); IV Bienal de Jafre, Catalunha (2009); A luz, por dentro, ALLGARVE, Loulé (2009); I’m Not Here. An Exhibition Without Francis Alÿs, De Appel, Amesterdão Amsterdam (2010); Correspondência #1, Arte Contempo, Lisboa (2010).

Prémios Prizes: Seleccionada selected Prémio EDP.ARTE (2002); Seleccionada selected Prémio Tabaqueira de Arte Pública (2003).

www.miguelnabinho.com

Page 35: Junho das Artes 10

> �

É AQUI!, 2010Som, 20’’, Loop | sound, 20’’, loopCortesia da Artista e Galeria Miguel NabinhoCourtesy of the Artist and Galeria Miguel Nabinho

>

Page 36: Junho das Artes 10

> �

RICARDO JACINTOGrande parte da pesquisa conceptual de Ricardo Jacinto recai sobre mecanismos de percepção e processos de comunicação. Som, escultura e arquitectura são as áreas por onde se move, construindo complexas instalações que questionam física e conceptualmente a relação do cor-po com o espaço e o tempo.

Térnio é uma escultura e também um mecanismo auditivo. Um instrumento estranho sem uma função ou uso claros. A estranheza daquele corpo feito de tubos de cobre é corroborada pelo título da obra – uma palavra inventada pelo artista sem qualquer significado lógico – que dotam a peça de uma seriedade quasi-cientifica.

Instalada numa das árvores da praça central de Óbidos, a escultura de Ricardo Jacinto, apesar de ser realizada em cobre, apresenta-se como um dispositivo efémero. No entanto, e precisamente devido ao material em que é construída, a escultura lembra uma invenção remota. Jogando com sistemas primários e obsoletos de comunicação, a escultura/dispositivo baseia-se numa ideia de imperfeição da comunicação.

A escultura é concebida como um propagador de som com uma entrada e duas saídas de som, propondo aos espectadores um jogo para duas pessoas. Numa das extremidades alguém é con-vidado a falar e nas outras duas saídas (que devem ser utilizadas como auriculares) ouve-se esse mesmo som mas com diferentes tempos de chegada.

Most of Ricardo Jacinto’s conceptual research focuses on perception mechanisms and commu-nication forms. Sound, sculpture and architecture are the areas he explores, by building complex installations that put into question, in physical and conceptual terms, the body relationship with space and time.

Térnio is both a sculpture and a hearing mechanism, a strange mechanism with no clear func-tion or use. The strangeness of that copper-tube body is corroborated by the piece’s title – a word made up by the artist, devoid of any logical meaning – which lends it a near-scientific seriousness.

Installed in one of the trees of Óbidos’ central square, Ricardo Jacinto’s sculpture, in spite of being made of copper, displays itself as an ephemeral contrivance. Nonetheless, and precisely because of its material, the sculpture is also evocative of an archaic device. By playing with primitive, obsolete systems of communication, this sculpture/device bases itself on a notion of the imperfectness of communication.

The sculpture is a sound propagator with an input and two outputs, which invites viewers to play a two-person game. Someone speaks at one end, while at the other the two outputs (which should be used as earphones) reproduce that same sound after a varying time lapse.

Art

ista

Co

nvi

dad

o >

Gu

est

Art

ist

TÉRNIO, 2010Cobre e mangueira | copper and hoseDimensões variáveis | variable dimensions

>

Page 37: Junho das Artes 10

> �

TÉRNIO, 2010Cobre e mangueira | copper and hoseDimensões variáveis | variable dimensions

>

Page 38: Junho das Artes 10

> �

Page 39: Junho das Artes 10

> �

9

Ricardo Jacinto (LISBOA, 1975)

Educação Education: Curso Avançado de Escultura Advanced Course in Sculpture, Ar.Co, Lisboa; BA Arquitectura Architecture, FAUTL, Lisboa.

Exposições Individuais Solo Shows (selecção selection): In a rear room, Vera Cortês Agência de Arte, Lisboa (2009); Earworm, Cultur-gest, Lisboa (2008); Labirintite, Casa da Música, Porto (2007).

Exposições Colectivas Group Shows (selecção selection): Hauptsponsor Ok | Höhenrausch, Ok Offenes Kulturhaus, Linz (2009); (A) Gravity Weightless Narratives, Fonds Régional d’art contemporain de Lorraine, França France (2009); Manifesta 7, Trentino Alto Adige, Itália (2008); Representação de Portugal, Bienal de Veneza de Arquitectura Venice Architecture Biennial (com o with arq. Pancho Guedes), Veneza Venice (2007);

Prémios Prizes: Seleccionado selected Prémio União Latina (2005), V Prémio de Escultura City Desk (2005).

www.myspace.com/cactotjwww.parque.bizwww.veracortes.com

Page 40: Junho das Artes 10

RUI HORTA PEREIRANo telhado de uma das casas de Óbidos encontra-se um Dragão em repouso. A escultura rea-lizada em madeira recuperada, remanescente de usos passados tornados obsoletos e reinven-tados pela mão do artista. A base processual da construção desta escultura é capital para o en-tendimento da obra: a sua elaboração obedeceu a uma lógica de investigação sobre os recursos finitos e a sua reutilização.

A escolha do lugar onde se instalou em Óbidos relaciona-se com o explorar das referências fan-tásticas inerentes à própria peça. Rui Horta Pereira escolheu retirar a este dragão o seu aspecto real para acentuar a dimensão fantástica que lhe está inerente. De alguma forma podemos in-serir a sua acção numa estética que evoca Lewis Carrol ou Jonathan Swift. Óbidos aparece aqui como análoga a uma Lilliput - a ilha fictícia do romance “As Viagens de Gulliver” – ou com o País das Maravilhas. Essa dimensão do fantástico é omnipresente em Óbidos seja pelas suas próprias características, seja pelos diversos eventos que alberga e que acentuam essa vertente onírica.

A estrutura do dragão parece incompleta. Enquanto a cabeça se afigura acabada, o seu corpo (sobre o qual se enrola) encontra-se aberto apenas com a estrutura básica prefigurada. Este es-paço desvendado apresenta-se como um convite ao espectador a perfazer o vazio, a imaginar os novos contornos.

Entre a ruína e a renovação, o Dragão de Rui Horta Pereira supõe um passado arcaico, vestígios de um tempo longínquo num presente reinventado.

A Dragão [Dragon] reposes on the roof of an Óbidos house. It is a sculpture made from once ob-solete and now recycled pieces of wood, which the artist’s hand reinvents. The procedural basis of this sculpture’s construction is crucial to our understanding of the piece: its manufacture is closely linked to a research focused on finite resources and their reutilisation.

The choice of its place of installation in Óbidos is connected to the exploration of fantastic refer-ences inherent to the piece itself. Rui Horta Pereira chose to strip this dragon of realistic elements to heighten the fantastic dimension that underlies it. In some way, his action is part of an aes-thetics that is evocative of Lewis Carroll or Jonathan Swift. Óbidos appears here as something analogous to Lilliput – the fictional island in “Gulliver’s Travels” – or Wonderland. That fantastic dimension is omnipresent in Óbidos, be it for the town’s own qualities or by the varied events it hosts, which heightens its oneiric features.

The dragon’s structure seems incomplete. While the head appears finished, the body (upon which it rolls itself) seems incomplete, with only its basic lines laid down. This disclosed space seems to invite the viewer to fill the formal void with his/her imagination.

Between ruin and renovation, Rui Horta Pereira’s Dragão suggests an archaic past, traces of a faraway time in a reinvented present.

Art

ista

Co

nvi

dad

o >

Gu

est

Art

ist

DRAGÃO, 2009Madeira (pinho) colada e aparafusadaglued and screwed wood (pine)��00 x �0 x �0cmCortesia do Artista e Galeria Graça BrandãoCourtesy of the Artist and Galeria Graça Brandão

>

> �

O

Page 41: Junho das Artes 10

> �

1

Page 42: Junho das Artes 10

> �

2

RUI HORTA PEREIRA (ÉVORA, 1975)

Educação Education: BA Escultura Sculpture, FBAL, Lisboa.

Exposições Individuais Solo Shows (selecção selection): Fio de Mão, Espaço Avenida, Lisboa (2009); Artificializar, Giefarte, Lisboa (2009); Linda Fantasia, Carpe Diem - Arte e Pesquisa, Lisboa (2009); Tudo aquilo que cair da mesa para o chão, Quase Galeria, Espaço T, Porto (2010).

Exposições Colectivas Group Shows (selecção selection): Jovens Criadores, Amarante (2005); O Contrato do Desenhista, Plataforma Revolver, Lisboa (2008); I Certame de Dibujo Contemporâneo Pilar e Andrés Centenera Jaraba, Guadalajara (2008).

www.galeriagracabrandao.com

Page 43: Junho das Artes 10

> �

Page 44: Junho das Artes 10

> �

SANCHO SILVAO trabalho que Sancho Silva desenvolve relaciona-se de uma forma muito directa com a relação que o espectador cria com o contexto que o rodeia, sugerindo, através das suas instalações, novas formas de percepção e de releitura da semiótica do espaço intervencionado. Na sua pes-quisa, o museu e o espaço da galeria sempre foram postos em questão, subvertidos de formas diferentes. A ontologia destes espaços, a sua relação com o público, a sua função, os vectores espaciais que os definem, são alguns dos temas que interessam a este artista.

Museu de Rua é uma construção de madeira com uma aparência minimal. Uma estrutura de prateleiras com pequenos compartimentos que convida o transeunte a abrir as portas e aí colo-car objectos que lhe pareçam ‘dignos’ de estar num museu. São duas as questões fundamentais levantadas pela obra: a relação dos museus com o seu público (o tema das acessibilidades é aqui predominante) e em segundo lugar o encarceramento das denominadas ‘obras de arte’.

A escultura questiona ainda a noção de espaço público e convida à participação, não dos habi-tuais visitantes de um museu (em particular de um museu de arte contemporânea) mas os habi-tantes e visitantes de um miradouro no meio de Óbidos. Abrir e fechar, esconder e revelar, proibir e consentir são algumas das operações elementares propostas pela escultura que encoraja a apropriação pelo público. Neste sentido, e com uma agenda profundamente contemporânea Sancho Silva transforma a brincadeira e a participação, numa acção política de cidadania.

The work carried out by Sancho Silva is very directly connected to the relationship the viewer creates with her/his surroundings; through his installations, he suggests new manners of per-ceiving and reading the semiotics of the space in which he intervenes. In his research, museums and galleries have always been put into question, subverted in various ways. The ontology of such spaces, their relationship with the public, their function and the spatial vectors that define them are some of the subjects that interest this artist.

Museu de Rua [Street Museum] is a minimalistic-looking wooden construction, a structure of shelves with small compartments, which invite passers-by to open their doors and place in them objects that seem to them ‘worthy’ of being in a museum. This piece raises two fundamental issues: the relationship between museums and their public (the subject of accessibility is central here) and secondly, the imprisonment of pieces termed ‘works of art’.

The sculpture also puts into question the notion of public space, by inviting the participation, not of the usual visitors of a museum (especially a contemporary art one), but of the inhabitants and visitors of a belvedere in the middle of Óbidos. Opening and closing, concealing and revealing, prohibiting and consenting are some of the elementary operations allowed by the sculpture, which encourages its appropriation by the public. Thus, under a profoundly contemporary agenda, Sancho Silva turns playfulness and public participation into a political action of citizenship.

Art

ista

Co

nvi

dad

o >

Gu

est

Art

ist

MUSEU DE RUA, 200�Contraplacado, acrílico e metalplywood, acrylic and metal2�0 x 2�0 x �0cm

>

Page 45: Junho das Artes 10

> �

MUSEU DE RUA, 200�Contraplacado, acrílico e metalplywood, acrylic and metal2�0 x 2�0 x �0cm

>

Page 46: Junho das Artes 10

> �

SANCHO SILVA (LISBOA, 1973)

Educação Education: BA Matemática Maths, Trinity College Dublin; MA Filosofia da Linguagem Philosophy of Language, UNL, Lis-boa; Curso de Escultura Sculpture course, Ar.Co; MA Fine Arts, Pratt Institute, Nova Iorque New York; Whitney Independent Study Program, Whitney Museum, Nova Iorque New York

Exposições Individuais Solo Shows (selecção selection): 6 Objects, Pinsummer Gallery, Genova Genoa (2009); Dolle Mol, Objectif Exhibitions, Antuérpia Antwerp (2008); Involtino, Parfiri Building, Bossarino (2007) [Instalação permanente permanent project]; Cyclopean Eye: Berlin, Künstlerhaus Bethanien, Berlim Berlin (2006).

Exposições Colectivas Group Shows (selecção selection): Slow Movement or: Half and Whole, Kunsthalle Bern, Berna Bern (2009); El Medio es el Museo, MARCO, Vigo (2008); Love at First Site, Futura Projects, Praga Prague (2008).

Prémios Prizes: Seleccionado selected Prémio União Latina (2007).

http://sancho-silva.blogspot.com/www.miguelnabinho.com

Page 47: Junho das Artes 10

> �

Page 48: Junho das Artes 10

> �

ANDRÉ NETO (SÃO MARTINHO DO PORTO, 19��)

Educação Education: BA Pintura e Intermédia Painting and Multimédia, Instituto Politécnico de Tomar. Fre-quenta MA Pintura Painting, FBAUL, Lisboa.

Exposições Colectivas Group Shows: Os pés do Artista, São Martinho do Porto (2007); Best of Santos, Lisboa (2007); Passear contigo, Fábrica da Pólvora, Oeiras (2009); o Pé dos Carrinhos de Choque, São Martinho do Porto (2009); Anteciparte’09, Museu do Oriente, Lisboa (2009); Balde de Água, Fábrica da Pólvora, Oeiras (2010).

Prémios Prizes: Seleccionado Selected Jovens Criadores, Lisboa (2008), Jovens Criadores CPLP (2009), Jo-vens Criadores (2009), Anteciparte, Lisboa (2009).

http://0oten0.blogspot.comhttp://andreneto.arte.com.pt

Pro

ject

Ro

om

s

MINHA CASA SEM FRONTEIRA & ADEUS QUE ME VOU EMBORA, 2010Vídeo, sem som, cor, �0’, loop;Máquinas de Bolas de Sabãovídeo, no sound, colour, �0’, loop;bubble machine

>

Page 49: Junho das Artes 10

> �

9P

roje

ct R

oo

ms

BRITO.RODRIGUEZ ARQUITECTURAEstúdio de Arquitectura Internacional formado por Inês Martins de Brito (Portugal, 1977) e Gilberto Rodri-guez (EUA, 1973). O trabalho desenvolvido no atelier conta com a colaboração de equipas multidisciplinares e os projectos desenvolvidos reflectem a interpretação do contexto envolvente e das qualidades intrínsecas do lugar. Em 2010 foram seleccionados no World Architecture Community Awards / 6th Cycle com o pro-jecto Site Museum, Tulum, México.

International architecture studio formed by Inês Martins de Brito (Portugal, 1977) and Gilberto Rodriguez (USA, 1973). They coordinate a multidisciplinary team, and the projects they develop focus on concepts inhe-rent to the identity of a space while interpreting the specific context and conditions of the environment. In 2010 were selected for the World Architecture Community Awards / 6th Cycle with the Site Museum, Tulum, México.

www.britorodriguez.com

� MURALHAS, � PATRIMÓNIOS CULTURAIS, � PROJECTOS, 2010Proposta espaço criativo “José Joaquim dos Santos”, ÓbidosMaquetas e cartão | models and cardboard�9,� x ��,1cm (�); �0 x �0 x 20cm (�)

>

Page 50: Junho das Artes 10

BRUNO JAMAICA (CARVIDE, 19�1)

Educação Education: BA Escultura Sculpture, ESAD, Caldas da Rainha.

Exposições Individuais Solo Shows: Our Welt not your Brand!, Hotel25, Berlim Berlin (2009); Push & Pull, FCT/UNL, Lisboa (2008); The new Art’s will, Atelier Arte & Expressão, Caldas da Rainha (2008).

Exposições Colectivas Group Shows (selecção selection): Feinprobe Honiguss II, Lutherstadt Wittenber, (2009); The Florence Trust Show 2009, Londres London (2009); Re-birth, Islington Arts Factory, Londres London (2009).

http://www.bm81.blogspot.com/

Pro

ject

Ro

om

s

ATOMIC MAGNÓLIA, 2010Bandas elásticas pretas | black elastic bandsDimensões variáveis | variable dimensions

>

> �

O

Page 51: Junho das Artes 10

> �

1P

roje

ct R

oo

ms

CÁTIA EZEQUIEL (PORTALEGRE, 19�9)

Educação Education: Frequenta Attends BA Artes Plásticas Visual Arts, ESAD, Caldas da Rainha.

Exposições Individuais Solo Shows: Externato Cooperativo da Benedita (2010).

Exposições Colectivas Group Shows (selecção selection): Dá-me Espaço, Museu Bernardo, Caldas da Rainha (2008); Artistas no Alentejo, Casa da Cultura de Elvas (2009).

Prémios Prizes: 3º Lugar 3rd Place Prémio Ilustração Contos Júlio Verne, Biblioteca Municipal de Portalegre (2005).

http://serissaseroid.blogspot.com/2008/11/interveno-na-esep-por-ctia-ezequiel-em.html

SEM TÍTULO | UNTITLE, 2010Telhas | roof tilesDimensões variáveis | variable dimensions

>

ATOMIC MAGNÓLIA, 2010Bandas elásticas pretas | black elastic bandsDimensões variáveis | variable dimensions

>

Page 52: Junho das Artes 10

> �

2

EDGAR PIRES (OEIRAS, 19�2)

Educação Education: BA Escultura Sculpture, FBAUL, Lisboa.

Exposições Individuais Solo Shows: (RE) ACÇÃO, Lagar do Azeite, Oeiras (2009).

Exposições Colectivas Group Shows: Actos Isolados, Espaço avenida 211, Lisboa (2009); On Europe – 1.ª Bienal Internacional de Montijo (2008); Finalistas de Escultura, Escultura V, Oeiras (2007); Campus V, Lagar do Azeite, Oeiras (2007).

Prémios Prizes: Menção Honrosa Honorable mention Aveiro Jovem Criador 09 - Escultura Sculpture (2009); IX Prémio Vespeira (2008); Prémio Fundação Marquês de Pombal - Arte Contemporânea Contemporary Art, Ex-aequo (2006).

Pro

ject

Ro

om

s

SEM TÍTULO | UNTITLED, 2010Vidro pintado | painted glass�0 x 200cm

>

Page 53: Junho das Artes 10

Pro

ject

Ro

om

s

GUSTAVO JESUS (TAVIRA, 19��)

Educação Education: BA Artes Visuais Visual Arts, UALG; Curso Course ARCO, Lisboa; Curso experimental de Arte Contemporânea MobileHome experimental Contemporary Art course MobileHome.

Exposições individuais e colectivas Solo and Group Shows: Pintura, Museu Municipal de Faro (2007); Pintu-ra, Instituto Português da Juventude (2008); Dialogue Boxes on Street Windows Art, Algarve (2009); Mobi-leHome, Loulé (2009); Desenho, Centro Cultural de Lagos (2009).

IMISCÍVEL, 2010Fios metálicos e imanes | metal wires and magnetsDimensões variáveis | variable dimensions

>

> �

Page 54: Junho das Artes 10

> �

JOANA FONSECA (SANTARÉM, 19�2)

Educação Education: BA Arquitectura Architecture, UAL, Lisboa; Frequenta curso de Escultura Attends the Sculpture Course, Ar.Co, Lisboa.

Esta é a sua primeira participação numa exposição. This is her first participation in an exhibition.

Pro

ject

Ro

om

s

INTERVALO, 2010Tijolos | bricks2�0 x 2�0 x 2�0cm

>

Page 55: Junho das Artes 10

> �

�P

roje

ct R

oo

ms

JOANA IMAGINÁRIO (LISBOA, 19�0)

Educação Education: BA Escultura Sculpture, FBAUL, Lisboa.

Exposições Colectivas Group Shows (selecção selection): IV Prémio de Escultura City Desk, Fundação D. Luis I, Cascais (2005); XIII Bienal Internacional de Arte de Vila Nova de Cerveira (2005).

SOMBRA_2, 2010Feltro, flanela e mármore |embroided cloth and marble 1�� x 12�cm; 110 x 190cm

>

Page 56: Junho das Artes 10

> �

MARIA TERESA CARDOSO (BARREIRO, 19��)

Educação Education: Curso de Escultura e Curso Avançado Sculpture and Advance Course, Ar.Co.

Exposições Individuais Solo Shows: On the ceiling, Museu do Chiado, Lisboa (2001).

Exposições Colectivas Group Shows (selecção selection): Prémio Arte Mar, Estoril (2009); Exposição de Fi-nalistas do Ar.Co, Cordoaria Nacional, Lisboa (2000).

Pro

ject

Ro

om

s

�º QUADRANTE, 2010Fotografia impressa em vinil |photograph pinted on vynil200 x 1�0cm

>

Page 57: Junho das Artes 10

> �

�P

roje

ct R

oo

ms

MARTIM SANTA RITA (LISBOA, 19��)

Educação Education: Curso de Cerâmica Ceramics Course, Ar.Co, Lisboa.

Exposições Individuais Solo Shows: Cerâmica de Martim Santa Rita, Galeria Terreiro das Gralhas, Caldas da Rainha (1996).

Exposições Colectivas Group Shows (selecção selection): Gerações de Ceramistas da Escola António Arroio, Galeria Municipal Artur Bual, Amadora (2003); 15 Anos de cerâmica no Ar.Co, Museu Nacional do Azulejo, Lisboa (2004).

Prémios Prizes: 2º Prémio Nacional de Artesanato Contemporâneo do IEFP (1996); Prémio Ceramista Co-tanda, 25º Concurso Internacional de Cerâmica de LAlcora, Valência (2005); 2º Prémio da VIII Bienal Inter-nacional de Cerâmica Artística de Aveiro (2007).

http://www.oficinaraku.com/martim/index.html

RAÍZES, 2010Grés | stoneware�0 x �0cm (�)

>

Page 58: Junho das Artes 10

> �

NATÁLIA RATO (CASTELO BRANCO, 19��)

Educação Education: Finalista Finalist BA Pintura e Intermédia Painting and Multimédia, Instituto Politécnico de Tomar.

Exposições Colectivas Group Shows: A Meio Caminho, Galeria de Arte do Centro Cultural de Vila Nova da Barquinha (2010).

Pro

ject

Ro

om

s

SEM TÍTULO | UNTITLED, 2010Gesso | plasterDimensões variáveis | variable dimensions

>

Page 59: Junho das Artes 10

> �

9P

roje

ct R

oo

ms

PATRÍCIA FAUSTINO (CALDAS DA RAINHA, 19��)

Educação Education: BA Artes Plásticas Visual Arts, ESAD, Caldas da Rainha; Frequenta Attends MA Artes Plásticas Visual Arts, ESAD, Caldas da Rainha.

Exposições Colectivas Group Shows (selecção selection): Caldas Late Night, Caldas da Rainha (2005/2007); Leão Azedo, Caldas da Rainha (2007); Museu Bernardo, Caldas da Rainha (2007).

SEM TÍTULO | UNTITLED, 2010Impressões a jacto de tinta sobre papel Epsoncolour print on Epson paperDimensões variáveis | variable dimensions

>

Page 60: Junho das Artes 10

ROSANA ALEXANDRE (RIO DE JANEIRO, 19�1)

Educação Education: BA Design Industrial - Programação Visual Industrial Design - Visual Programing, UFRJ, Rio de Janeiro; Arte e Design para o Espaço Público Art and Design for Public Space, FBAUL, Lisboa.

Desenvolve projectos que tratam da relação do design com a infância, através do lúdico e da educação. De-velops projects that consider the relationship between design and childhood through play and education.

Pro

ject

Ro

om

s

ÓBIDOS PARA CRIANÇAS, 2010Cartão e papel | cardboard and paperDimensões variáveis | variable dimensions

>

> �

O

Page 61: Junho das Artes 10

> �

1P

roje

ct R

oo

ms

RUI SILVEIRA (CAMPO MAIOR, 19��)

Educação Education: BA Design de Comunicação Communication Design, FBAUL, Lisboa.

Exposições Colectivas Group Shows (selecção selection): Mostra Jovens Criadores 2009 (2010); Nodar: Ter-ritório Inscrito, Teatro Viriato, Viseu (2009); Festival Rencontres Internationales, Haus der Kulturen der Welt, Berlim Berlin (2009), Museo Nacional Centro de Arte Reina Sofia, Madrid (2009), Jeu de Paume, Paris (2008); Des)construção Narrativa, Fabrica Features, Lisboa (2009).

ABRIGO, 2010Vídeo, cor, som, 1�’1�’’ |vídeo, colour, sound, 1�’1�’’

>

Page 62: Junho das Artes 10

> �

2

SARA NUNES FERNANDES (SETÚBAL, 19��)

Educação Education: BA Fine Art, Goldsmiths College, Londres London.

Exposições Individuais Solo Shows: I’m just an animal looking for a home share the same space for a minute or two, 38 Elderfield Road, Londres London (2010).

Exposições Colectivas Group Shows (selecção selection): TEEN ROMANCE-ploitation, Özlem, Londres Lon-don (2010); Özlem a turkish salon, Özlem, Londres London (2010); House Show, 45 Lewisham Park Exhibi-tion Space, Londres London (2009).

Pro

ject

Ro

om

s

PROCURA-SE, 2010Papel impresso | printed paperA2 posters

>

Page 63: Junho das Artes 10

> �

�P

roje

ct R

oo

ms

ANA RITA VIEIRA (AROUCA, 19�9)

CARINA HENRIQUES (CALDAS DA RAINHA, 19��)

CÁTIA JACINTO (MACEIRINHA, 19�9)

SANDRA BOAVENTURA (PARIS, 19�9)

ANA RITA VIEIRA: Finalista da licenciatura em Design de Ambientes Attends the BA in Interior and Spatial Design na Escola Superior de Artes e Design, Caldas da Rainha. Exposições e projectos Exhibitions and projects: Feira da Criança (cenografia stage design), Alcobaça (2009); Voltamos a ver-nos (cenografia stage design), Teatro da ESAD, Caldas da Rainha (2010); Projectos académicos, FITEC, Batalha (2008, 2009, 2010); Exposição de finalistas, Caldas da Rainha (2008, 2009); Caldas Late Night 14, Caldas da Rainha (2010).

CARINA HENRIQUES: Finalista da licenciatura em Design de Ambientes Attends the BA in Interior and Spatial Design na Escola Superior de Artes e Design, Caldas da Rainha. Exposições e projectos Exhibitions and projects: Voltamos a ver-nos (cenografia stage design), Teatro da ESAD, Caldas da Rainha (2010); Projectos académicos, FITEC, Batalha (2008, 2009, 2010); Exposição de finalistas, Caldas da Rainha (2008, 2009); Caldas Late Night 14, Caldas da Rainha (2010).

CÁTIA JACINTO: Finalista da licenciatura em Design de Ambientes Attends the BA in Interior and Spatial Design na Escola Superior de Artes e Design, Caldas da Rainha. Exposições e projectos Exhibitions and projects: Projectos académicos, FITEC, Batalha (2008, 2009, 2010); Exposição de finalistas, Caldas da Rainha (2008, 2009); Stabatmater (Sonorização sound design), Teatro da ESAD, Caldas da Rainha (2010); Exposição de finalistas, Caldas da Rainha (2009, 2010); Caldas Late Night 14, Caldas da Rainha (2010).

SANDRA BOAVENTURA: Finalista da licenciatura em Design de Ambientes Attends the BA in Interior and Spatial Design na Escola Superior de Artes e Design, Caldas da Rainha. Exposições e projectos Exhibitions and projects: Feira da Criança (cenografia stage design), Alcobaça (2009); Voltamos a ver-nos (cenografia stage design), Teatro da ESAD, Caldas da Rainha (2010); Projectos académicos, FITEC, Batalha (2008, 2009, 2010); Exposição de finalistas, Caldas da Rainha (2008, 2009); Caldas Late Night 14, Caldas da Rainha (2010).

PACKAGE MUSEUM, 2010Técnica mista | mixed mediaDimensões variáveis | variable dimensions

>

PROCURA-SE, 2010Papel impresso | printed paperA2 posters

>

Page 64: Junho das Artes 10

> �

TAMARA ALVES (PORTIMÃO, 19��)

Educação Education: BA Artes Plásticas Visual Arts, ESAD, Caldas da Rainha; MA Prácticas Artísticas Con-temporâneas Contemporary Artistic Practices, FBAUP, Porto.

Exposições Individuais Solo Shows (selecção selection): I Can Figure You Out In A Short Glance, Galeria Show Me, Braga (2010); Starving, Hysterical, Naked, Plano B, Porto (2010); The Only Cure For Love Is… CEPiA, Évora (2008);

Exposições Colectivas Group Shows (selecção selection): Festival Se Esta Rua Fosse Minha, Porto (2009); Swatch MTV Playground Event Showcase, St Elisabeth-Kirche, Berlim, (2009), aA Design Museum, Seul (2009); Bios, Atenas (2009); The Village, Sanlitun Beijing (2009); Valtifest, Amsterdão (2009); Blue Balls Fes-tival, Lucerna (2009).

www.tamaraalves.com

Pro

ject

Ro

om

s

I GOT SOMETHING TO SAY, 2010Papel, cartazes, posters e cola |paper, posters ad glue200 x �00cm

>

Page 65: Junho das Artes 10

> �

�P

roje

ct R

oo

msTIAGO MARQUES (LISBOA, 19�2)

TIAGO A. COSTA (AVEIRO, 19��)

TIAGO MARQUES: Licenciado em Fotografia pelo Instituto Politécnico de Tomar, é Mestre em Design e Cultura Visual pelo Instituto de Artes Visuais, Design e Marketing (IADE). Holds a BA in Photography by the Instituto Politécnico de Tomar and a Masters in Design and Visual Culture by Instituto de Artes Visuais, De-sign e Marketing (IADE). Exposições colectivas Group Shows: ArtBloc, Lisboa (2010); POP UP Lisboa, Antiga Cavalariça do Palácio da Trindade, Lisboa (2009); JANELA URBANA LIVE at’YRON, Galeria Yron, Lisboa (2008); IPT Curso Superior de Fotografia 2001-2007, Arquivo Fotográfico Municipal de Lisboa (2007).Prémios Prizes: Seleccionado Selected Prémio Jovens Criadores 10, Évora. TIAGO A. COSTA: É licenciado em Fotografia e Cultura Visual pelo Instituto de Artes Visuais, Design e Marke-ting (IADE). Frequenta o Mestrado Arte Multimédia na Faculdade Belas Artes da Universidade Lisboa. Holds a BA in Photography and Visual Culture by Instituto de Artes Visuais, Design e Marketing (IADE). Attends the MA in Multimedia at the Fine Arts University, Lisbon.Exposições colectivas Group Shows: ArtBloc, Lisboa (2010); [X], Exposição de Finalistas IADE (2009); POP UP Lisboa, Antiga Cavalariça do Palácio da Trindade, Lisboa (2009).

VOU DAQUI PARA LÁ, 2010Mapas cortados; som, �0’, loop |cut maps; sound, �0’ loopDimensões variáveis | variable dimensions

>

Page 66: Junho das Artes 10

> �

FICHA TÉCNICACREDITS

JUNHO DAS ARTES’10

ORGANIZAÇÃO OrganizationÓbidos Patrimonium EEM

COMISSÁRIA CONVIDADA Guest CuratorFilipa Oliveira

DIRECTORA DE EXPOSIÇÕES Exhibitions DirectorAna Calçada

JÚRI PROJECT ROOMS Project Rooms JuryFilipa Oliveira, Miguel Silvestre, Ana Calçada

ASSISTENTE DE PRODUÇÃO Productions AssistantCatarina Machado

SECRETARIADO SecretariatMaria Besuga, Ana Raquel Arsénio

APOIO ADMINISTRATIVO Administrative SupportDaniel Sousa e Paula Santos

IMPRENSA MediaDavid Vieira, Edgar Libório, Nelson Lança, Pedro Pereira, Luís Ferreira

DESENHO GRÁFICO Graphic DesignSusana Santos, Cátia Garcia

SÍTIO SiteSusana Nobre, Ana Vital e João Escada

EQUIPA JUNHO DAS ARTES E MONTAGEMTeam Junho das Artes and Installation *Albino Lopes, Ana Friezas, Ana Raquel Arsénio, Aníbal Semião, António Ferreira, Armando Gomes, Armando Marcolino, Avelino Bonifácio, Bruno Mimoso, Bruno Silva, Bruno Silvano, Carlos Gomes, Carlos Lourenço, Carlos Zina, Catarina Machado, Daniel Mateus, David Monteiro, Eduardo Timóteo, Fernando Sousa, Gilberto Florêncio, Herculano Santos, Horácio Ferreira, Hugo Rodrigues, J.C. Sampaio, João Fernando, João Maria, João Oliveira, João Paulo Ferreira, João Santos, Joaquim Claudino, Joaquim Dias, Joaquim Felicio, Joaquim Martins, Jorge Maciel, Jorge Munhá, Jorge Reis, José Faustino, Júlio Sousa, Manuel Silva, Marco Maria, Marco Santos, Maria Besuga, Maria José Sobral, Nelson Agostinho, Nelson Sousa, Orlando Pinto, Paula Ribeiro, Paulo Santana, Pedro Pimentel, Raquel Feliciano, Renato Sousa, Ricardo Norte, Rogério Gomes, Sérgio Rodrigues, Valdemar Gomes e Vítor Sousa

SOM E IMAGEM Sound and ImageMário Ferreira e Luís Ferreira

JORNAL DE ÓBIDOS Óbidos Newspaper *A.M.A. Associação Medicina Antroposófica, Ana Baliza, André Missika, André Romão, Benjamin Valenza, Chiara Fumai, Eduardo Guerra, Filipa Oliveira, Giannis Varelas, Hugo Canoilas, Kaszás Tamás, Maria Catuna, Miguel Ferrão, Miguel Rondon, Projecto 270, Raimond Chavez & Gilda Mantilla, Rodrigo Peixoto, Sílvia Katona, Tânia Nunes, Thierry Simões, Thomas Kratz

EMPRESTADORES LendersFundação de Arte Moderna e Contemporânea - Colecção Berardo, Museu do Vinho da Bairrada, Galeria Filomena Soares e Galeria Miguel Nabinho.

AGRADECIMENTOS Acknowledgments *Alexandra Baudouin, António Bolota, Caima, Cristina Ataíde, Dalila Gonçalves, Edgar Pires, Equipa Carpe Diem, Galeria Baginski, Galeria Filomena Soares, Galeria Miguel Nabinho, Gonçalo Galvão Teles, Horácio Ferreira, Isabel Alves, Isabel Corte-Real, Isabel Aboim, João Moreira, João Moura, Joaquim Machado, José Pessegueiro, Lourenço Egreja, Luís Serpa, Miguel Delgado, Paulo Pires do Vale, Paulo Reis, Pe Vergamotta, Rosa e Vasco Aboim, Sótão da Avó, Vera Cortês Agência de Arte, Vítor Sousa e a todos que, directa ou indirectamente, tornaram possível esta iniciativa and all those who helped to make this iniciative possible either directly or indirectly.

CATÁLOGO Catalogue

CONCEPÇÃO ConceptionFilipa Oliveira

COORDENAÇÃO CoordinationAna Calçada

TEXTOS TextsTelmo Henrique Correia Faria e Filipa Oliveira

SECRETARIADO SecretariatCatarina Machado, Maria Besuga, Ana Raquel Arsénio

TRADUÇÕES Translations Filipa Oliveira, Filomena Gomes, José Gabriel Flores e Paula Ganhão

DESENHO GRÁFICO Graphic DesignSusana Santos e Cátia Garcia

IMPRESSÃO E ACABAMENTOS Printing and BindingTorreana - Indústria e Comunicação Gráfica, S.A.

CRÉDITOS FOTOGRÁFICOS Photographic Credits *André Neto, Bruno Cidra, Edgar Libório, Patrícia Faustino e Rui Silveira

PRODUÇÃO ProdutionÓbidos Patrimonium EEM5 a 27 de Junho 2010

TIRAGEM Copies1500 exemplares

DEPÓSITO LEGAL Legal Deposit312825/10

ISBN 978-972-9132-19-3

PRIMEIRA EDIÇÃO PUBLICADA EM 200� First edition published 2008Óbidos Patrimonium EEM

Todos os direitos reservados. Nenhuma parte deste catálogo pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma ou processo, electrónico, mecânico ou fotográfico, sem autorização prévia e por escrito do editor. All rights reserved. No part of this book may be reproduced or transmitted in any form or by any means, electronic or mechanical, including photocopying, eroding or any other information storage and retrieval system, without prior permission in writing from the publisher.

Este catálogo foi publicado por ocasião da exposição ENTRE MUROS que teve lugar em Óbidos (Portugal), integrado na iniciativa Junho das Artes’10. This catalogue has been published on the occasion of the exhibition ENTRE MUROS that took place at Óbidos (Portugal) as part of the initiative JUNHO DAS ARTES’10.

* por ordem alfabética in alphabetical order

Page 67: Junho das Artes 10
Page 68: Junho das Artes 10

TODA A PAISAGEM NÃO ESTÁ EM PARTE NENHUMAALL OF THE LANDSCAPE IS NOWHERE TO BE FOUNDFILIPA OLIVEIRA

FERNANDA FRAGATEIRO

12 > WANDERING 200516 > ATRAVÉS DA PAISAGEM, 2008/20092O > CAIXA (DESMONTAGEM) 2, 200622 > PÁTIOS, 200324 > JARDIM DAS ONDAS, 199828 > JARDIM NAS MARGENS, 2003-20083O > IN THE VOCABULARY OF PROFIT, THERE IS NO WORD FOR “PITY” (NO VOCABULÁRIO DO LUCRO NÃO EXISTE A PALAVRA “COMPAIXÃO”), 2008

FICHA TÉCNICACREDITS

O3 >

O5 >

ÍNDICEINDEX

34 >

Page 69: Junho das Artes 10

TODA A PAISAGEM NÃO ESTÁ EM PARTE NENHUMA

A par de uma prolífica prática escultórica, Fernanda Fragateiro tem frequentemente transporta-do o seu pensamento conceptual e estético para o espaço público. Pode mesmo dizer-se que esta faceta é um prolongamento da outra (e vice-versa), numa outra escala.

O seu trabalho desenvolve-se em torno de uma vontade de activar o espaço, uma necessidade de intervir na sociedade e de transformar sítios em lugares. Interessa-lhe a(s) história(s) dos es-paços onde intervém, interessa-lhe a memória que se inscreve nas suas paredes.

Na relação com o exterior, com o espaço público, reflecte sobre a ligação entre cultura e pai-sagem, sobre tudo o que uma acrescenta à outra. Examina ainda o papel da arquitectura neste binómio, considerando as dimensões politicas, sociais e culturais que a informam.

Os espaços que tem vindo a trabalhar são, na sua maioria, anti-monumentais. E a sua interven-ção nunca se direcciona no sentido de acrescentar ou decorar mas antes, contrariando a lógica da aglomeração e do excesso, revelar o que estava oculto. Voltamos à dimensão da memória, de uma consciência particular pelo passado colectivo. Fernanda Fragateiro, procura-o, lê-o escon-dido nos escombros e torna-o visível de novo. Intervenções que engajam com o mundo exterior e com a quotidiano através de intensos diálogos com o contexto, com o local. Confirmando a afirmação de Hugo von Hofmannsthal de que “o que é profundo está escondido à superfície”, as suas obras actuam de forma minimal, próximo da invisibilidade num desejo de apagar os vestígios da sua intervenção.

Fernanda Fragateiro reflecte frequentemente sobre a forma como as pessoas se relacionam com o espaço, como o habitam e o usufruem. Leva-nos, a nós espectadores, a pensar o nosso corpo como expressão da nossa sociabilidade. Neste sentido, os seus projectos, mais do que dirigidas ao olhar, são actos que se concentram na experiência corpórea e dos sentidos, possibilitando uma nova consciência do espaço. Na procura da sua obra, somos induzidos a descobrir o lugar onde ela acontece assim como todo o contexto envolvente. É uma prática situacionista, num sentido muito puro do termo.

A exposição na Galeria novaOgiva centra-se apenas em sete dos seus projecto que conciliam escultura, arquitectura e paisagem. Alguns que tiveram uma grande visibilidade, como o Jardim das Ondas na Expo, enquanto outros permanecem quase invisíveis, como Wandering. Mais do que apenas documentar projectos já realizados, quis-se principalmente mostrar a ligação entre o fazer e o pensar. Neste sentido, os desenhos e maquetas são momentos de puro pensamento (conceptual mas também escultórico, da fisicalidade do movimento da mão) que se ligam com imagem das obras realizadas e do seu contexto. São intervenções que se revelam na tensão entre o público e o privado, o visível e o invisível, o dentro e o fora, a esfera individual e social.

FILIPA OLIVEIRACuradora

> O

Page 70: Junho das Artes 10

ALL OF THE LANDSCAPE IS NOWHERE TO BE FOUND

Alongside a prolific sculptural production, Fernanda Fragateiro has often brought her conceptual and aesthetic thinking to the public space. It can even be said that this aspect of her work is an extension of the other (and vice versa), in a different scale.

Her work develops out of desire to activate space, a need to intervene in society, turning sites into places. She is interested in the history/stories of the spaces in which she works, in the memory inscribed upon their walls.

In her relationship with the outside, with the public space, she reflects on the connection between culture and landscape, on everything they lend one another. She also scrutinises the role architecture plays in this binomial, taking into consideration the political, social and cultural elements that shape it.

The spaces in which she has worked are mostly of the anti-monumental kind, and her intervention never takes the form of adding or decorating; instead, she opts for countering the logic of agglomeration and excess, by revealing what was concealed. We return to the sphere of memory, of a peculiar awareness of the collective past. Fernanda Fragateiro searches for it, deciphers it among the rubble and makes it visible again. Her interventions engage the outside world and everyday life via intense dialogues with the context, with the place. In confirmation of Hugo von Hofmannsthal’s saying, ‘depth lies hidden on the surface’, her works act minimally, close to invisibility, obeying a desire to erase the traces of her intervention.

Fernanda Fragateiro often reflects on the ways people relate to space, on how they inhabit and enjoy it. She leads us, the viewers, to think of our bodies as the expression of our sociability. In this sense, her projects, rather than being aimed at the eye, are actions focused on corporeal and sensorial experience, allowing for a new awareness of the space. While looking for her work, we are led to discover the place in which it exists, as well as the whole enveloping context. Hers is a situationist approach, in the purest sense of the term.

Her exhibition at Galeria novaOgiva focuses only on seven of her projects combining sculpture, architecture and landscape. Some of them enjoyed wide visibility, such as the Jardim das Ondas [Wave Garden] at the Expo ’98, while others, such as Wandering, have remained nearly unseen. More than simply documenting projects already carried out, the main objective here is to show the connection between making and thinking. In this sense, these drawings and models are moments of pure thought (conceptual and sculptural, connected to the physicality of the hand’s movement), accompanied by pictures of the finished works and their context. These interventions reveal themselves in the tension between public and private, visible and invisible, inside and outside, the individual and social spheres.

FILIPA OLIVEIRACurator

> O

Page 71: Junho das Artes 10

FERNANDA FRAGATEIRO (MONTIJO, 1962)

Nasceu no Montijo. Estudou na Escola Superior de Belas Artes e no Ar.Co, e desde meados dos anos 80 começou a expor publicamente em Lisboa,

Em 2001, ganhou o Prémio Tabaqueira de Arte Pública. Entre 2004 e 2005 foi bolseira da Funda-ción Marcelino Botín, Santander, Espanha, no âmbito da qual visitou a Ciudad Abierta, Ritoque, Chile. A partir desta experiência, desenvolveu vários projectos, entre os quais: “Caixa para guar-dar o vazio”, 2005.

Entre 2006 e 2008, realizou, entre outras, as instalações: “Expectativa de uma paisagem de acontecimentos”, Galeria Elba Benítez, Madrid; “Não pensar”, Casa da Música, Porto; “Não ver”, Mosteiro de Alcobaça, e “um círculo que não é um círculo, 2”, obra permanente para o Pátio da Universidade Politécnica de Valência, em Espanha.

Em 2009 realizou as seguintes exposições individuais: “Construir é destruir é construir”, Sala do Cinzeiro, Fundação EDP, Lisboa; “Conteúdo desconhecido”, Galeria Baginski, Lisboa; “Bildraum”, Galeria Arratia Beer, Berlim e “Invisibilidade”, Galeria Leme, S. Paulo.

A sua obra está representada em várias colecções públicas e privadas, entre as quais o Museu de Arte Contemporânea de Serralves, Porto; Fundação EDP, Lisboa; Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa; CGAC, Santiago de Compostela e o Museo Nacional Centro de Arte Reina Sofía, Madrid.

Born in Montijo, Fernanda Fragateiro studied at the University of Fine Arts and in Ar.Co. In the 1980’s she began to exhibit in Lisbon.

In 2001, she won the Tabaqueira Public Art Award. Between 2004 and 2005 she received a schol-arship from the Fundación Marcelino Botín, Santander, Spain. In this ambit she visited the Ciudad Abierta, in Ritoque, Chile. From this experience she developed different projects, among them: “Caixa para guardar o vazio”, 2005. Between 2006 and 2008, she created other installations: “Ex-pectativa de uma paisagem de acontecimentos”, Elba Benítez Gallery, Madrid; “Não pensar”, Casa da Música, Oporto; “Não ver”, Monastery of Alcobaça, and “um círculo que não é um círculo, 2”, a permanent work for the pateo of the Polytechnic University of Spain, Valência.

In 2009, she exhibited the following solo exhibition: “Construir é destruir é construir”, EDP Foun-dation, Lisbon; “Conteúdo desconhecido”, Baginski Gallery, Lisbon; “Bildraum”, Arratia Beer Gal-lery, Berlin, and “Invisibilidade”, Leme Gallery, S. Paulo.

Her work is represented in different public and private collections, among them the Contem-porary Art Museum of Serralves, Oporto; EDP Foundation, Lisbon; Calouste Gulbenkian Foun-dation, Lisbon; CGAC, Santiago de Compostela and the Museo Nacional Centro de Arte Reina Sofía, Madrid.

http://www.fernandafragateiro.com/

> O

Page 72: Junho das Artes 10

> �

2

Page 73: Junho das Artes 10

> �

Page 74: Junho das Artes 10

> �

Page 75: Junho das Artes 10

> �

Page 76: Junho das Artes 10

> �

Page 77: Junho das Artes 10

> �

Page 78: Junho das Artes 10

WANDERING, 200�Texto pintado à mão sobre as paredes hand-painted muralsIntervenção no edifício building intervention: “Quinta em Évora”Arquitectura architecture: João Maria TrindadeCitações de quotes from: “L’attente l’oubli”, Maurice BlanchotTradução translation: António Mega FerreiraFotografia photo: João Maria Trindade e Filipe MeirelesFotografias em exposição exhibition photos: João Maria Trindade e Filipe Meireles

É numa tensão entre poesia e arquitectura, que se situa a intervenção de Fernanda Fragateiro numa habitação privada de autoria do arquitecto João Maria Trindade em Évora. Baseando-se no romance de Maurice Blanchot “l’attente l’oubli” (A espera, O esquecimento), Fragateiro pinta frases do escritor em locais muito precisos da casa. Espaços de passagem, espaços entre espa-ços.

Esta é uma casa com uma arquitectura curiosa, onde o exterior e interior se inter-cruzam de forma inusitada e quase indistinta. Existe uma indiferenciação entre o dentro e o fora, entre o começo e o fim. É precisamente esse território de fronteiras indeterminadas que Fernanda Fragateiro explora, incitando uma conversa entre duas personagens ou entre os dois espaços. É sempre uma relação com um outro (espaço ou pessoa) que quer encorajar. Um encontro a dois tempos, no qual a resposta é dada através de uma espera, de um processo de reflexão. A sua obra constitui-se como um diálogo silencioso que adensa o lugar.

Fernanda Fragateiro’s intervention in a private dwelling in Évora, authored by architect João Maria Trindade, takes place in the tension between poetry and architecture. Drawing inspiration from Maurice Blanchot’s novel “l’attente l’oubli” (Wait and Oblivion), Fragateiro paints quotes by the writer in very precise locations of the house: spaces of passage, spaces between spaces.

This is a house with an intriguing architecture, where the outer and inner spaces intersect in unusual and almost indistinct ways. There isn’t a differentiation between inside and outside, between beginning and end. It is precisely within this territory of undetermined borders that Fernanda Fragateiro operates, encouraging a conversation between two characters or between the two spaces. It is always a relationship with an other (space or person) that she wishes to encourage. A meeting occurring on two levels, in which the answer comes through waiting, through a process of reflection. Her work constitutes itself as a silent dialogue that deepens the place.

Art

ista

Co

nvi

dad

a >

Gu

est

Art

ist

FE

RN

AN

DA

FR

AG

AT

EIR

O>

12

Page 79: Junho das Artes 10

> 1

Page 80: Junho das Artes 10

> 1

Page 81: Junho das Artes 10

> 1

Page 82: Junho das Artes 10

ATRAVÉS DA PAISAGEM, 200�/2009Texto pintados à mão sobre as paredes hand-painted muralsIntervenção no edifício building intervention:Estação Biológica do Garducho Garducho Biological Station, MourãoArquitectura architecture: João Maria TrindadeFotografias photos: André Carvalho e Miguel Angelo GuerreiroFotografias em exposição exhibition photos: Miguel Angelo Guerreiro e André Carvalho

Sobre o edifício da Estação Biológica do Garducho, com a arquitectura de João Maria Trindade - cuja finalidade é estudar a biodiversidade - Fernanda Fragateiro, citando diversos autores, interveio com um conjunto de frases e pensamentos: ferramentas para reflectir sobre conceitos de paisagem e natureza. A sua obra propõe simultaneamente uma nova leitura do edifício como do próprio espaço envolvente onde este se insere. Nas palavras da artista este é “um guia poético para atravessar arquitectura e paisagem, criando múltiplas relações que potenciam novas experiências do olhar e do sentir”.

Pintados directamente na parede, os textos criam trajectos e panoramas alternativos. Potenciam uma nova relação entre o corpo do espectador e o espaço a percorrer. O visitante, na procura das palavras, transforma-se em activador do próprio edifício assim como dos pensamentos que os textos instigam. É o seu corpo que (re)edifica o espaço e a paisagem e, através das reflexões sugeridas pelos textos, constrói um novo lugar onde o real se funde com o mental, o presente com a memória, o individual com o colectivo.

To the building of the Garducho Biological Station (a facility dedicated to the study of biodiversity), a creation of architect João Maria Trindade, Fernanda Fragateiro brought a set of sentences and thoughts from several authors: tools to reflect on concepts of landscape and nature. Her work simultaneously offers a new reading of the building, as well as of its surroundings. According to the artist’s words, this is “a poetic guide to navigate through architecture and landscape, creating multiple relationships that enhance new visual and emotional experiences.”

Painted directly on the wall, the texts create alternative routes and sights. They foster a new relationship between the body of the viewer and the space to traverse. The visitor, in the search for words, becomes an activator of the building itself as well as of the thoughts enticed by the texts. His/her body (re)builds the space and the landscape and, by reflecting on the texts, builds a new place where the real merges with the fictional, the present with memory, the individual with the collective.

Art

ista

Co

nvi

dad

a >

Gu

est

Art

ist

FE

RN

AN

DA

FR

AG

AT

EIR

O>

1�

Page 83: Junho das Artes 10

> 1

Page 84: Junho das Artes 10

> 1

Page 85: Junho das Artes 10

> 1

9

Page 86: Junho das Artes 10

CAIXA (DESMONTAGEM) 2, 200�Aço inox polido polished stainless steel120 x 1000 x 1000cmMaqueta model: Aço inox polido polished stainless steel95 x 285 x 275cmFotografia photo: Cintra & Castro Caldas, Cortesia Courtesy Museu Colecção BerardoColecção Museu Colecção Berardo, Lisboa

Esta obra surge no contexto de um convite para a criação de uma escultura a ser instalada no espaço exterior do Museu Colecção Berardo. Ela faz parte de uma série de quatro, nas quais se plasma o movimento de abertura de uma caixa.

A caixa, enquanto contentor que é também conteúdo, é um objecto muito presente no trabalho desta artista. O seu interesse não se prende com uma simbologia formal, mas antes com a possibilidade de ‘desmontar’ ou desconstruir o objecto, de o abrir e descobrir o seu interior (pense-se na obra seminal Caixa para Guardar o Vazio, 2005). Um interior que era povoado por um vazio, por uma ausência.

Esta escultura nasce do encontro fortuito com caixas de cartão abandonadas na rua. Aquele objecto descartado transportava consigo a memória de conteúdos desconhecidos passados. Fragateiro recupera o objecto perdido e transforma o frágil e transitório num corpo resistente e duradouro, o opaco em reflector – o cartão em aço inox. Esta transfiguração converte a caixa encontrada num objecto que perdeu a sua função, permanecendo apenas como revelador da memória e de um potencial irrealizável.

This work came out of an invitation to create a sculpture to be installed in the outer spaces of the Berardo Collection Museum. It is part of a series of four, in which the movement of opening a box is simulated.

The box, as both container and content, is a subject very much present in the work of this artist. Its interest is not tied to a formal symbolism, but with the possibility of ‘dismantling’ or deconstructing the object, opening it and discovering its interior (such as in the seminal work Caixa para Guardar o Vazio, 2005). An interior that was inhabited by a void, by an absence.

This sculpture is born from the chance encounter with cardboard boxes abandoned in the streets. That discarded object carried with it the memory of its previous, unknown contents. Fragateiro recovers the lost object, changing the fragile and ephemeral into a sturdy and durable body, the opaque into a reflective surface - the cardboard into stainless steel. This transfiguration converts the found box in an object that has lost its function, remaining only as a trigger for the disclosing of memory and of an unachievable potential.

Art

ista

Co

nvi

dad

a >

Gu

est

Art

ist

FE

RN

AN

DA

FR

AG

AT

EIR

O>

2O

Page 87: Junho das Artes 10

> 2

1

Page 88: Junho das Artes 10

PÁTIOS, 200�Amanhecer: Aço inox stainless steel, 600 x 300cm Plano Inclinado: Terra, relva, aço inox earth, grass, stainless steel, 879 x 590 x 60cmAnoitecer: Aço inox stainless steel, 870 x 45cmEntardecer: Aço inox stainless steel, 300 x 250cmInstalação permanente permanent installation: Museu do Vinho da Bairrada, AnadiaFotografia photo: Duarte Belo

Convidada a pensar numa intervenção permanente no, então, novo Museu do Vinho da Bairrada em Anadia, Fernanda Fragateiro escolheu operar em quatro dos seis pátios que constituem a arquitectura do museu. Duas características sobressaíam que impulsionaram a sua escolha: a ontologia do espaço vazio e a possibilidade do estabelecimento de um diálogo entre o interior e o exterior do edifício. Mais do que modificar o espaço existente, quis Fragateiro usar e intensificar o que já existia.

Trabalhar nos quatro pátios, em vez de intervir num só, prendeu-se com o desejo de pensar a ideia de sequência e de passagem do tempo. O encadeamento da luz entre os espaços equivale aos quatro momentos do dia: manhã, meio-dia, tarde e noite. Desta forma, Fragateiro conseguiu trabalhar tanto a luz, o vazio e a ideia de transitoriedade.

A inclusão de um plano de espelho no chão relvado introduz imediatamente o céu, trazendo-o para o solo. A superfície reflectora não só abre o espaço, como conduz para o seu interior novos pontos de vista, inclusive o próprio visitante.

When asked to conceive a permanent intervention in the then new Bairrada Wine Museum in Anadia, Fernanda Fragateiro chose to work in four of the six courtyards that feature in the architecture of the museum. Her choice was supported by two salient attributes: the ontology of the empty space and the possibility of establishing a dialogue between the inside and outside of the building. Rather than modify the existing space, Fragateiro wanted to use and enhance what already existed.

To work on the four courtyards, rather than intervening in just one, was justified by the desire to think through the idea of sequence and passage of time. The gradation of light between the spaces is equivalent to the day’s four moments: morning, noon, afternoon and evening. Thus Fragateiro was able to simultaneously explore light, emptiness and the idea of transience.

The placing of a mirror on the lawn immediately draws the sky in, taking it to the ground. The reflecting surface not only opens space, but brings new points of view, including the visitor.

Art

ista

Co

nvi

dad

a >

Gu

est

Art

ist

FE

RN

AN

DA

FR

AG

AT

EIR

O>

22

Page 89: Junho das Artes 10

> 2

Page 90: Junho das Artes 10

JARDIM DAS ONDAS, 199�Terra, relva, árvores, aço e luz earth, lawn, trees, stainless steel and light, 100 x 50mParque das Nações, Lisboa LisbonArquitecto paisagista landscape architect: João Gomes da SilvaFotografia photo: Bruno PortelaFotografias em exposição exhibition photos: Francisca Serra e Moura, Bruno Portela

Este jardim resulta da colaboração de Fernanda Fragateiro com o arquitecto paisagista João Gomes da Silva e foi desenvolvido no âmbito do plano urbanístico da Expo’98. Numa paisagem urbana degradada, a artista foi convidada a pensar um jardim. Esta oportunidade possibilitou um exercício de reflexão social e antropológica tanto sobre a natureza como o uso de um jardim. Este é considerado não como um lugar neutro mas antes enquanto estrutura social, assim como lugar singular do presente (não é um espaço de memórias do passado, nem de projecções sobre o futuro, mas antes um lugar do ‘aqui e agora’).

O jardim é aqui pensado como espaço de experimentação. Um lugar que convida a diversos momentos e a diferentes intensidades: Parar, deitar, contemplar. O seu desenho é directamente inspirado pelo movimento das águas e as modelações do terreno simulam o moção do mar: o crescer e dissolver das ondas. As diferentes deslocações do corpo – movimentos activadores de um espaço - foram igualmente inspiradores da organização final do jardim.

This garden, the result of a collaboration between Fernanda Fragateiro and landscape architect João Gomes da Silva, was developed under the urban plan of Expo ‘98. In a degraded urban landscape, the artist was asked to conceive a garden. This opportunity allowed for an exercise in social and anthropological reflection on both the nature and use of a garden, considered here not as a neutral space but as a social structure as well as a unique dwelling of the present (not a place of memories from the past or projections about the future, but rather a place of ‘here and now’).

The garden is thought as a space of experimentation. A place that invites a variety of attitudes and different intensities: rest, lay down, contemplate. Its design is directly inspired by the movement of water and the topographical modulations simulate the sea motion: waves that grow and dissolve. The different body actions - activators of a space - were also inspirational towards the final organization of the garden.

Art

ista

Co

nvi

dad

a >

Gu

est

Art

ist

FE

RN

AN

DA

FR

AG

AT

EIR

O>

2�

Page 91: Junho das Artes 10

> 2

Page 92: Junho das Artes 10

> 2

Page 93: Junho das Artes 10

> 2

Page 94: Junho das Artes 10

JARDIM NAS MARGENS, 200�-200�Parque Linear da Ribeira das Jardas, Cacém, 100 x 25mArquitectura Paisagista Landscape Architecture: NPK - Arquitectos PaisagistasFotografia photo: Abílio Leitão

A pequena maqueta deste projecto mostra como o seu desenho nasce do pensamento intuitivo do movimento da mão em contacto com o gesso. A construção acontece na experiência da modelação directa. A partir da mão pensa-se uma nova cidade, uma nova utopia. A mão é assim assumida como um instrumento de transformação numa prática que conjuga a consciência social e o engajamento político.

A construção de um jardim, na obra de Fernanda Fragateiro, combina arte, arquitectura e design urbano com teorias sobre a cidade, o espaço social e o espaço público. Um jardim é considerado não apenas como um lugar, mas antes como uma rede de relações e como a encenação de diversos paradigmas sociais e de poder. Neste sentido, construir um jardim é pensar para além do domínio do familiar, e reflectir sobre a produção do espaço segundo as categorias avançadas por Henri Lefebvre: forma, estrutura e função. É simultaneamente criar espaços de liberdade para uma comunidade invisível e temporária.

The small model of this project demonstrates how its creation emerges from the intuitive thinking of the hand’s movement when in contact with the plaster. The construction occurs in the experience of direct modelling. A new city and a new utopia are thought through the hand, which is thus acknowledged as an instrument of transformation in a practice that combines social awareness and political engagement.

In the work of Fernanda Fragateiro, the construction of a garden combines art, architecture and urban design with theories about the city, social space and public space. A garden is regarded not only as a place, but rather as a network of relationships and as the staging of various social and power paradigms. In this sense, to build a garden is to think beyond the realm of the familiar and reflect upon the production of space through the categories defined by Henri Lefebvre: form, structure and function, while simultaneously creating spaces of freedom for a temporary and invisible community.

Art

ista

Co

nvi

dad

a >

Gu

est

Art

ist

FE

RN

AN

DA

FR

AG

AT

EIR

O>

2�

Page 95: Junho das Artes 10

> 2

9

Page 96: Junho das Artes 10

IN THE VOCABULARY OF PROFIT, THERE IS NO WORD FOR ‘PITY’(NO VOCABULÁRIO DO LUCRO NÃO EXISTE A PALAVRA ‘COMPAIXÃO’), 200�

Madeira, MDF pintado, espelho e outros materiais wood, painted plywood, mirror and other materials, 22 x 14 x 5mInstalação in situ installation, “Holidays in the Sun”, Antiga lota old fish market, PortimãoCitação de quote from “The Coup”, John Updike, New York: Fawcett, 1978Fotografia photo: Miguel Ângelo GuerreiroFotografias em exposição exhibition photos: Miguel Angelo GuerreiroMaqueta model: Arquitecto architect Rui Mendes, Bruno Pica, Filipe Meireles

Foi na antiga lota da cidade de Portimão, desactivada e abandonada há anos, que Fernanda Fragateiro foi convidada a trabalhar no âmbito de um conjunto de intervenções públicas promovidas pela Fundação de Serralves para o programa Allgarve. Mantendo-se fiel à metodologia que tem vindo a distinguir a sua prática, Fragateiro preferiu restaurar o edifício, em vez de impor um objecto no espaço. Através de uma limpeza profunda que implicou uma acção de retirar, restaurar e redescobrir, a artista transformou o seu trabalho mais num processo do que no objecto final permanente. Contudo esse gesto de limpeza foi complementado por um esforço de manutenção da memória colectiva em torno àquele edifício. Um dos mais fortes objectivos desta obra, marcada por uma estética minimal, era o desejo de dar força ao vazio.

Para além dos actos simbólicos de limpeza e restauro, Fragateiro reabriu um conjunto de vãos que denunciavam a memória das diferentes utilizações do edifício no passado. Criou assim atravessamentos que permitiram redescobrir e alterar a percepção do próprio edifício, estabelecendo um novo diálogo entre este, a cidade e o rio.

It was in the old fish market of the city of Portimão, disabled and abandoned for years, that Fernanda Fragateiro was invited to work within the series of public interventions promoted by the Serralves Foundation for the Allgarve project. Staying true to the methodology that has marked her practice, Fragateiro favoured restoring the building, rather than imposing an object on space. Through a deep cleaning operation, which involved the actions of removing, restoring and rediscovering, the artist’s work became more a process than a permanent final object. Still, this gesture of cleaning was complemented by an effort to maintain the collective memory pertaining to that building. One of the strongest objectives of this work, marked by a minimalist aesthetics, was the desire to give intensity to the emptiness.

Beyond the symbolic acts of cleaning and restoration, Fragateiro reopened a number of recesses where the memory of the various uses of the building in the past transpired, thus creating crossings that allowed for a rediscovery and a change in the perception of the building itself, establishing a new dialogue between it, the city and river.

Art

ista

Co

nvi

dad

a >

Gu

est

Art

ist

FE

RN

AN

DA

FR

AG

AT

EIR

O>

�O

Page 97: Junho das Artes 10

> �

1

Page 98: Junho das Artes 10

> 9

Page 99: Junho das Artes 10

> 9

9

Page 100: Junho das Artes 10

FICHA TÉCNICACREDITS

* por ordem alfabética in alphabetical order

EXPOSIÇÃO GALERIA novaOgivanovaOgiva Gallery Exhibition

ORGANIZAÇÃO OrganizationÓbidos Patrimonium EEM

CURADORIA CuratorFilipa Oliveira

DESENHO DA EXPOSIÇÃO Exhibition DesignFernanda Fragateiro, Filipe Meireles, Filipa Oliveira

PRODUÇÃO ProdutionFernanda Fragateiro, Filipe Meireles

MONTAGEM InstallationFernanda Fragateiro, Filipe Meilreles, José Fragateiro

ASSISTENTES DE MONTAGEM Installation AssistantsRicardo Norte, Jorge Maciel

DESIGN GRÁFICO DEPLIANTS Graphic Design LeafletPatrícia Cativo

TRANSPORTES TransportationsIterartis e Município de Óbidos

TEXTOS TextsFilipa Oliveira

TRADUÇÕES TranslationsFilipa Oliveira e José Gabriel Flores

CRÉDITOS FOTOGRÁFICOS Photographic Credits *André Carvalho, Abílio Leitão, Bruno Portela, Cintra & Castro Caldas (Cortesia Museu Colecção Berardo), Duarte Belo, Edgar Libório, Filipe Meireles, João Maria Trindade e Miguel Ângelo Guerreiro

IMPRESSÕES FOTOGRÁFICAS Photographic printsJosé Manuel Costa Alves

AGRADECIMENTOS Acknowledgments *Abilio Leitão, André Carvalho, Bruno Pica, Bruno Portela, Clara Vilar, Duarte Belo, Filipe Meireles, Francisca Serra e Moura, Gonçalo Galvão Teles, Isabel Alves, Isabel Corte-Real, Jean-François Chougnet, João Maria Trindade, José Fragateiro, José Manuel Costa Alves, Luís Alves de Matos, Patrícia Cativo, Rita Lougares, Rui Mendes.

> �