jornal de Dezembro 2004 - pontosigno.pl

19
Maio/Junho 2005

Transcript of jornal de Dezembro 2004 - pontosigno.pl

Page 1: jornal de Dezembro 2004 - pontosigno.pl

Mayo/Junio 2005 Maio/Junho 2005

D I R E C T O R : J O S É C A R L O S D I A S

COORDINADORA DA SECCIÓN GALEGA: LUCÍA

R O D R Í G U E Z C A E I R O

COORDINADOR DE LA SECCIÓN ESPAÑOLA:G E R A R D O B E L T R Á N

COORDINADOR DE LA SECCIÓ CATALANA:J O S E P A N T O N I C L E M E N T

COORDENADOR DA SECÇÃO PORTUGUESA:J O S É C A R L O S D I A S

CRONISTAS/COLUMNISTAS: JAUKUB JANKOWSKI,G A B R I E L A B A D O W S K A

JORNALISTAS/PERIODISTAS : ALEKSANDRA

MACZEWSKA, ALE MIODOWSKA, BARBARA

CHRABOLOWSKA,DOMINIKMARCZUK,JAKUB

JANKOWSKI,JOANNASTANKIEWICZ,JOANNA

S T A N K I E W I C Z , K A T A R Z Y N A

P I W O WA R C Z Y K ,M A R TAM A C H O W S K A ,R E N A T A S Z M I D T

COLABORADORES: PROFS. ANNA KALEWSKA,DANIELA CAPILLÉ, ANA CAROLINA BELTRÃO,MAGDA MATERNA, AGATAADAMSKA.C O L A B O R A Ç Ã O E S P E C I A L : A U G U S T O

M O N T E R R O S O E O C T A V I O P A Z

C O R E O G R A F Í A : M A N N Y C A L A V E R A

DESIGN GRÁFICO: JOSÉ CARLOS DIAS

C A P A : A A N Ó N I M A H A B I T U A L

FOTÓGRAFOS: KAROLINA PIWOWARCZYK

W U W U W U

REVISÃO TIPOGRÁFICA: DANIELA CAPILLÉ

CONTABILIDADE: JÁ ESTAMOS NO VERDE

O U T R A V E Z !RESPONSÁVEL PELA CORRESPONDÊNCIA:B O Z E N N A P A P I S

RESPONSÁVEL PELOS (AGORA MENOS DIFÍCEIS)CONTACTOS COM O SENHOR DA GRÁFICA:J O S É C A R L O S D I A S

NOVOS MELHORES VENDEDORES DO MUNDO:SRA. ANA DA SECRETARIA E SR.JAREK

TAMBÉM BONS VENDEDORES:P R O F A . A N N A K A L E W K S A

PÁGINAS DE INTERNET: MEU DEUS! É INCRÍVEL!NÃO HÁ MANEIRA DE A SUZANNA A ACTUALIZAR!V O C Ê S A C R E D I T A M N I S T O ? !T I R A G E M : 2 0 0 E X E M P L A R E S

MAIOR NOVIDADE: ESTE EFEITO

F I X E !IMPRESSÃO: ZAKLAD GRAFICZNY UNIWERSYTETU

W A R S Z A W S K I E G O

EDITORA: INSTITUTO DE ESTUDOS IBÉRICOS E

IBERO-AMERICANOS DA UNIVERSIDADE

D E V A R S Ó V I A

LECTORADO

DE GALEGO

Page 2: jornal de Dezembro 2004 - pontosigno.pl

Maio/Junho 2005 Mayo/Junio 20052

TTTTTexto de exto de exto de exto de exto de Jakub JankowskiJakub JankowskiJakub JankowskiJakub JankowskiJakub Jankowski

;) e ;-)!@#$^&*

3

:)LES RAMBLES, PUNT DE TROBADA DELS BARCELONINS

TTTTTexto de exto de exto de exto de exto de Josep A. ClementJosep A. ClementJosep A. ClementJosep A. ClementJosep A. Clement

Estem vora el mediterrani i fa calor, el sol ens arriba entreuna colla de plataners que ens fan de guia quan baixemamb curiositat entre aquest munt de gent que procuremesquivar tan bé com podem. Hi ha hagut sort i caminemtranquils, som uns perduts més que es mouen per lesRambles, sort!

Si la puntuació ens és útil per dividir parts d’un discurs enel nostre intent banal de fer-lo coherent, ara ens toca fer elmateix amb això que avui dia se’n diu les Rambles, ja queaquesta és, de fet, un conjunt de petites rambletes plenesde vida i història.

Quan encara la ciutat de Barcelona era un hexàgonemmurallat (l’actual Casc Antic), les Rambles era l’única viaampla que hi havia, era un antic torrentet que deu el seunom actual a la veu àrab ramla, que significa areny. Desprésde moltes transformacions que patirà al llarg del tempsaquest passeig singular quedarà dividit en cinc trams. Elprimer, anomenat Rambla de les Caneletes, deu el seu noma la famosa Font de Canaletes que segons la llegenda, gràciesal seu poder màgic, fatalment ens predestina cap a un eternretorn a la ciutat dels catalans, si és que goses beure unrajolí d’aigua! En el seu origen era una font prou humil quearreplegava l’aigua d’una mina de Montcada en un abeuradormitjançant uns canalons intel·ligentment utilitzats que feienarribar a totes les goles assedegades aquest líquid vital. Siseguim baixant, més tard ens trobarem amb la Rambla delsEstudis, el seu nom ve de l’Estudi General o Universitat, ialhora aquesta ens donarà pas a la plena de colors, olors ibellesa Rambla de les Flors. En aquest tram, ja durant elsegle XIX, era l’únic lloc de Barcelona on es venien flors i aredós d’aquestes botiguetes es celebraven animades tertúlies

que serviren d’inspiració al nostre famós pintor Ramon Casas(bon amic de Picasso).

Avall que fa baixada! Ja has passat la Rambla dels Caputxins,on abans es trobava l’antic Convent dels Frares Caputxins, iets a la Rambla de Santa Mònica tot mirant amb incredulitat

qui coi deu ser aquest barbut malcarat...Doncs, és en Pitarraque s’ha fet lloc a la Plaça del Teatre d’un espai ocupat durantel segle XIX per Hèrcules, mític fundador de la ciutat. Pitarrafou el més popular escriptor de teatre en català del vuit-centsi un gran defensor del que en deien el català que es parla, ésa dir, el català que xerrava la gent del carrer i no pas el que hihavia en els llibres d’un brillant passat llunyà.

Has arribat al final i ets a la Rambla de Mar on hi ha lesdrassanes i el monument a Colom que amb el seu dit t’indicacap a quina direcció hi ha l’Amèrica. Bé, ja hi ets! Ben deciditt’has capbussat al port i comences a nedar perquè etsconscient que algun dia d’aquests no hi arribaràs... És broma,però sens dubte cal que cadascú faci el seu propi passeig i ensàpiga veure les coses especials que s’amaguen darrerad’aquest xivarri i d’aquesta gentada que s’aplega a Barcelonagràcies a les low coast companys.

I com a petit homenatge a la nostra Rambla un regal quemalauradament només rebrem per escrit, un trosset de cançódel sempre enginyós Quimi Portet, astre intercomarcal:

“Anem a voltar per la Rambla,vestits amb gorros de paper.Ens pintem de rosa la cara, i parlarem en estranger.”:-#

Monument a Pitarra

Pontuação vejo pontuação que pesadelo detesto colocar vírgulaspontos exclamções e interrogações e outros tais no texto quepesadelo é este de regras de pontuação meu deus que pesadelo livrapor isso mesmo na minha crónica de hoje não ponho nem umavírgula apenas um ponto ponto final eis uma verdadeira crónicainteractiva para os leitores para os leitores preencherem o meu textocom todos os signos que vão achar necessários à boa pontuação

E outra vez vou aproveitar o gato de Lufka para escrever um poucodeste texto sabem porque ela tem um rabo bonitinho a gata nãoLufka hmmm mas Lufka também tem um rabo bonito bem voltandoao caso o rabo de gata de Lufka é longo fofinho e às vezes parece-me um ponto de interrogação tipo tens algo saboroso para mimvamos brincar com a bola de papel ou quando ela volta de viagempelas escuridões de Raszyn toda suja queriam que eu tomasse banhoantes de ir domir convosco na mesma cama e sim a gata de Lufkaque se chama Kokka não gosta de tomar banhos mas gosta de choco-late e sabem o que fizemos hoje fomos comprar um champoo quecheira a chocolate para as crianças mas enfim Kokka não gostou

Outra vez Kokka tem rabo tipo ponto de exclamção sabem- arranhana minha comida bueee ou está a chover ou olhem que árvore deNatal colorida quantas prendas bem tenho impressão de que Nataljá foi há muito não importa

Kokka tem um rabo muito f lexível pois quando está a

descansar faz do seu rabo uma vírgula e vírgulas são para parar edescansar na leitura pois são e são também para descansar na vida evida dum gato e sobretudo duma gata é muito pesada e para acabarcom a pontuação de Kokka tenho que dizer que ela assistiu ontema nossa festa com todo o seu leque de pontuação

Às vezes as nossas mãos ganham forma de pontos de exclamaçãoou de pontos de interrogação às vezes temo-los nos olhos quandonão compreendemos algo sabem há pouco particicipei na marchados vivos em O¶wiêcim durante as comemorações do dia quandofoi libertado o campo lá e a única coisa a única pergunta que tenhoe tive todo o tempo durante a minha visita em Auschwitz foi porqueum simples porque pois eu não entendo este crime que teve lugar jáhá tantos anos desculpem antes das férias deveria ser aqui mais levee alegre mas em frente do que vi nem vou usar palavrões comotenho no costume tipo !@#$% #$%!? #$%^&*! Fui lá pelaprimeira vez e apenas pergunto porque e sabem que mais dizemque os alemães estavam presentes na marcha mas eu não vi nem um

Se precisam de pontuação para entender esta crónica podem pôrtoda essa porcaria de vírgulas e enviar a sua versão de pontuaçãopara [email protected] vamos ver vão ganhar pontos por cadaponto e vírgula etc corectamente colocado e vamos estabelecer asregras de pontuação vírgula correcta 5 pontos ponto correcto 10pontos etc vou pensar nisso ainda e vocês para trabalho agorapontu.ação.!

TTTTTexto de exto de exto de exto de exto de Josep A. ClementJosep A. ClementJosep A. ClementJosep A. ClementJosep A. ClementEDITORIALJa arriben els mesos de sol i calor, espero!, i les visites a les aulesles interromprem per fer el que voldrem o podrem durant unsmesos que se’ns presenten prou atractius.

Aquest número que acomiada l’any acadèmic tractarà el tema de lapuntuació, prou indicat és, ja que en aquestes èpoques ens pottocar decidir què farem de cara al futur immediat. Més enllà d’aixònormalment es creen, com deien els Ocults, “castells d’arena voramar que ses ones destruiran”. Així doncs, aquest tràmit estival peralguns serà un senzill punt i seguit que els menarà l’any següentindefectiblement cap a les aules que es reparteixen entre Brobarnai Obozna i es paguen amb l’esbufec i la suor que escampen elsmortals poc “saludables” quan pugen aquell caminet tan bucòlicsegons els més fornits. Per d’altres, es convertirà en un punt i apart que els encaminarà cap a d’altres etapes en la seva vida on launiversitat ja no hi serà present, només quedarà com a recordnegatiu o positiu segons l’experiència viscuda i la qualitat de lesclasses rebudes.

Aquest és el novè número de la revista i sembla ser que encara liqueda moltes coses per viure en aquesta Varsòvia del dos mil,segons els cristians. Aquest any hem escrit dos números on hemparlat de tot tipus de ponts, de viatges, i ara ha arribat el momentde parlar d’aquells símbols tan entranyables i divertits dels quals,sense poder evitar-ho, un ja s’hi enamora en plena infància.Descobrir allò rodó i petitó amb la curiositat de l’infant, encaraque després acabi sent l’ordinari punt adult, o bé resseguir amb lamirada aquella ratlleta juganera quan un no sap ben bé perquèserveix...Em cau una llagrimeta! Són, de fet, experiènciesinoblidables com també s’hi convertirà la tortura posterior quesignifica intentar utilitzar-los amb correcció i de manera polida.

No tinc res més a dir-vos, només espero que gaudiu d’aquests textoscom ho farà un servidor i que passeu unes bones vacances a Polònia,per altres llocs d’aquest món i per Mart si algú ha comprat ja elbitllet; els dijous a dos quarts de cinc surt el coet des del Palau dela Cultura (informació exclusiva per als nostres estimats lectors)!

Les Rambles durant el segle XIX

Page 3: jornal de Dezembro 2004 - pontosigno.pl

Mayo/Junio 2005 Maio/Junho 2005 54

España, de Europa, de América Latina que acudiron ás costasgalegas, a rescatar as aves petroleados, a limpar coas súas mansas rochas e participar na guerra contra o chapapote do Pres-tige. Foi o milagre da máis limpa, pura e espontáneasolidariedade. Tiñan que comprar co seu diñeiro monos deplástico, botas, luvas e máscaras porque sabían que adesorganización era espantosa. Sen recibir axuda dasautoridades foron directamente a limpar as praias. “O fedorera noxento. Todo estaba recuberto dese horrible veleno negro.Todo estaba inerte e morto. Cangrexos, medusas, chocos,mexillóns, aves, herbas. Todo.”- diunha estudante da Universidade París–VII.

Hai que mencionar tamén a axuda dePortugal. Grazas a el Galiza recibiu oapoio na loita contra a inxustizagobernamental, información sobre acatástrofe e voluntarios tannecesarios.

O momento fundamental foi o día 1de decembro, o día da multitudinariamanifestación en Santiago deCompostela, a máis concorrida dahistoria do país, con máis de 200.000persoas. O día en que a sociedade civilreaccionou contra a desgraza, odesastre e a ignominia. “Dicir 1 dedecembro é apelar á valentía, aorexurdimento, á heroicidade. Dicir 1 de decembro é lembrar asxentes de toda Galiza ateigando as rúas de Santiago deCompostela para comunicar ao mundo enteiro que esa terraexiste, que non acata a fatalidade nin a humillación, e que estádisposta a loitar polo seu futuro e pola súa dignidade. 1 dedecembro é a reivindicación conxunta de todo un pobo quetivo os máximos expoñentes nos mariñeiros que loitaron abrazo partido contra o chapapote, dos voluntarios quepercorreron miles de quilómetros diante da chamada dedesesperación; da sociedade civil que soubo ocupar civicamenteo lugar dos que preferirion fuxir. 1 de decembro é o mesmoque dicir Nunca Máis!- engade Enesto Sánchez Pombo, direc-tor de opinión de La Voz de Galicia.

Hai que repetir outra vez a pregunta. Que é Nunca Máis? Temosque buscar a resposta no día 21 de novembro, dous días despoisdo afundimento, cando o BNG (o Bloque Nacionalista Galego)e algúns intelectuais (Manuel Rivas, Uxía Senlle) aprobaron a

creación da plataforma. O lema de Nunca Máis, xa utilizadotralo accidente do petroleiro Mar Exeo en 1990, foi suxeridopor Anxo Quintana e “a bandeira galega enloitada” foi idea dopublicista José María Tomás.

Que é Nunca Máis? Nunca Máis é dos marineiros que salvaronas rías coas súas propias mans, mentres o Estado se daba pordesaparecido; é dos científicos, dos labregos, dos enxeñeiros.En Nunca Máis están ecoloxistas, economistas, actores,mariscadores e profesores. Resulta case imposible atopar algún

colectivo cidadán que non teñarepresentación nesta plataforma. Poriso leva con tanta lexitimidade apalabra firme dos galegos non só portódalas cidades e pobos do país senóntamén polas capitais españolas e poloscentros de Europa e América.

Pódese falar da Xeración Nunca Máisou do espírito Nunca Máis? Non sesabe. O importante é o que pasou equen estaba naquel tempo coa xentegalega preocupada pola catástrofe.Foron os actores, pintores, fotógrafos,escritores, músicos, estudantes queapoiaban e axudaban aos mariñeirosgalegos nun tempo difícil para eles.Puideron confrontarse contra oGoberno e a información oficial. Porprimeira vez o galego que protesta

séntese orgulloso de selo.

Menos propaganda e máis compromisos para a recuperación do noso País.Temos o corazón chapapoteado.Queremos coñecer a verdade.Aznar, cobarde. Galicia está que arde....marea negra, chapapote, piche, ghalipote, merda...

- Estas son as frases gritadas pola xente nas manifestacións enSantiago de Compostela, Vigo, Pontevedra, Ourense, A Coruña,Lugo, Ferrol e en moitas cidades máis.

Mostran unha gran tristeza, desconfianza e o odio da xente.“Nunca máis ao maltrato aos ríos ou á terra de Galiza. Nuncamáis á perda dos tesouros materiais. Nunca máis á desaparicióndos seus valores da cultura. Nunca máis á debilidade daeconomía. Nunca máis á emigración forzada. Nunca máis áresignación!”:-#

NUNCA MÁIS!Nunca Máis coma protesta contra a inseguridade, a inxustiza ecoma unha gran homenaxe a xente galega.

Eu chorei choreiMirando para o marQue veña o culpableQue diga a verdade

Que diga a verdadeE non máis mentirasA marea negraInvadiu as rías

Invadiu as ríasE as nosas vidasOutra vez vivimosEsta inxustiza

Esta inxustizaNunca máis se olvidaXuntémonos todosTen forza Galiza

(Canción Cantar por non chorar do grupo Leilía)

Que é Nunca Máis? Como naceu? Non hai unha definiciónconcreta e precisa. Segundo Manuel Rivas naceu do mar, daxente. Na miña opinión é a conciencia galega que chama poladignidade, verdade, xustiza. Pero... empecemos desde oprincipio.

A catástrofe empezou o día 13 de novembro de 2002 cando opetroleiro Prestige, con 77.000 toneladas de fuel, sofreu unhavía de auga a 28 millas do Cabo Fisterra navegando á deriva.Tres días despois o fuel chegou a Galiza contaminando 150quilómetros de costa. A costa da Morte foi o terreo máisafectado polo verquido. O 19 de novembro o petroleiro partiuseen dous e afundiuse a unhas 133 millas das Illas Cíes.

Neses días o goberno quixo encerrar a Galiza, intentou privardunha información veraz e verdadeira aos galegos utilizandoos remedios da propaganda e dunha forma de dominioautoritaria. Intoxicou de modo sistemático, día tras día,imaxinando mentiras:”...non había marea negra, había hilillos,galletas...”. Negouse a aceptar que Galiza era unha terracontaminada, prexudicada. Durante un mes negouse a que

acudise o exército con medios para afrontar o desastre.Manipulou aos medios de comunicación españois e galegos,prohibiu as expresións marea negra, burla negra. Os gobernantessuprimiron o principio da realidade e iso levou á desconfianzae odio da xente galega ao goberno. Quixeron impedir quechegasen voluntarios a limpar a costa, impedir o traballoinformativo dos medios de comunicación que chegaban de fóra,prohibir imaxes da grande mancha no mar. Practicaron taménunha gran acción contra a plataforma Nunca Máis. Os políticos,os informativos da TVE, os xornais pro-gobernamentaisdifundiron unha denuncia contra Nunca Máis. Os voceiros destemovemento foron tratados como banditos, nacionalistasradicais, comunistas, anarquistas ou simpatizantes do terrorismovasco. Foi a operación máis suxa e infame contra un movementosocial desde o tempo do franquismo. O poder gobernante nonsuperou a proba “do caso Prestige”. O presidente autonómico,Manuel Fraga, por primeira vez visitou a zona afectada unhasemana despois da catástrofe. Antes estaba en Santiago deCompostela, a 60 quilómetros do mar enzoufado. Non seinteresou polo desastre, non axudou nin informou á xentegalega. Tampouco pasou o exame o presidente do goberno,José María Aznar, quen seguiu coas súas viaxes sen ter tempode vir a Galiza, á zona contaminada. Foi el quen non entendíao problema. Interrogado por un xornalista contestoulle quecando fora a marea negra do Mar Exeo en 1990 só mereceraestar dous días en portada de prensa. Pois, resulta que o que llepreocupaba entón era o feito de que a xente galega ocupasedemasiado espazo na información, que se falese do drama queo seu goberno causara á terra galega.

Na histora recente de Galiza é difícil atopar unha data máisterrible ca do 13 de novembro de 2002. Aquel día xuntáronsea forza brutal dos elementos coa inconsciencia, odescoñecemento ou o desleixo. Nada do que aconteceu foi bo:o medio natural esnaquizado para meses ou anos, o mar cheode veleno, a pesca prohibida, a economía de Galiza desbaratadaen parte, a sociedade abandonada á súa sorte e o bo nome dosproductos da costa galega tamén. Aínda que pode parecer queé imposible atopar algo positivo nunha traxedia de tal tipo haidous bos feitos que son obrigatorios mencionar. Un deles é oinmenso exercicio de solidaridade e de amor polo país quematerializaron millóns de voluntarios nun movementoplenamente espontáneo. O outro é o colosal espertar dasociedade civil que aflorou na loita decidida dos mariñeirospara preservar as súas rías e na rebelión pacífica que protagonizadesde aquel novembro a plataforma Nunca Máis. Sen dúbidaos protagonistas máis importantes do ano 2002 en Galiza foronos voluntarios e voluntarias de todo omundo, de Galiza, de

FFFFFotos de otos de otos de otos de otos de Xurxo LXurxo LXurxo LXurxo LXurxo Lobato (obato (obato (obato (obato (da obra da obra da obra da obra da obra No país do Nunca MáisNo país do Nunca MáisNo país do Nunca MáisNo país do Nunca MáisNo país do Nunca Máis)))))

retrospectiva " retrospectiva "TTTTTexto de exto de exto de exto de exto de BBBBBarbara Chrabarbara Chrabarbara Chrabarbara Chrabarbara Chrabolowskaolowskaolowskaolowskaolowska–

Page 4: jornal de Dezembro 2004 - pontosigno.pl

Maio/Junho 2005 Mayo/Junio 20056 7

SANTIAGO DE COMPOSTELA, 1 DE DECEMBRO DE 2002

Page 5: jornal de Dezembro 2004 - pontosigno.pl

Mayo/Junio 2005 Maio/Junho 20058 9

<:-)~Lisboa vista de longe não passa dum ponto no mapa. Pequeno, entre dois mundos:este de terra e outro de água, um ponto de interrogação, ponto! Já está.

Mas dá-me Lisboa, Lisboa viva, e eu mostro-ta dum outro ponto. De vista.Quando estou a ponto de chorar, mostro-te fadistas, apontando para o teu coração.Mostro-te miradouros, lá em baixo – pontos pequenos a andar. A gente e Pessoas.A gente e a poesia a andar. Vais ver, prometo! O quê? No ar – pontos de gaivotas.Nos quadrados de azulejos – vírgulas azuis. Nos olhos das pessoas – risinhos deluz. Gatos a fugir, carros a arrancar. Esta é a minha Lisboa – composta das imagens,que se confundem com os cheiros, que se misturam com os sons, que seesquecem tão facilmente, e ficam só pontos entre linhas, notas perdidas dum con-certo de Carlos Paredes. Mas as imagens constroem-se das linhas, as linhas dospontos, e assim sendo, toda a Lisboa é feita de pontos, que são cheiros, que sãosons, mas principalmente – imagens.

E a este mundo te convido. Agora, a horas e em ponto.

TTTTTexto e fotos de exto e fotos de exto e fotos de exto e fotos de exto e fotos de KKKKKasia Piwowarczykasia Piwowarczykasia Piwowarczykasia Piwowarczykasia Piwowarczyk

( ) ( )

Page 6: jornal de Dezembro 2004 - pontosigno.pl

Maio/Junho 2005 Mayo/Junio 200510 11

* <

Page 7: jornal de Dezembro 2004 - pontosigno.pl

Mayo/Junio 2005 Maio/Junho 2005

TRADUÇÃO DE CORDali em diante

Ainda via as mesmas coisasPessoas e acontecimentos.

Mas, tornaram-se outras coisasOutras pessoas, outros acontecimentos:

Mais coloridosMais significativos

Mais vívidos.Felizes-

Muito mais.

Antes não sabia como é que parece uma araucária. Agora sinto-me como Harry Haller ou como Herman Hesse. Estou sentadonas escadas duma casa onde alugei quarto . E gosto de observaruma araucária em frente da porta da vizinha. Não sei, masparece-me uma planta- rio com muitas afluentes. Ou comoradioscopia em cor dum vulcão . Vulcão em actividade quelança no ar ... repolho. Estou sentado nas escadas e vejo umaordem atrás do quadro, uma simplicidade poética…

O pincel mistura o guachelança o gemidoo gritoa coro traço.

E eu vou continuar assim, mirando afleuntes verdes que dãovida. E eu vou continuar assim mas acho eu que esta araucáriaé na verdade o meu esqueleto- os meus ossos, as minhascostelas... Este quadro é espelho que penetra o meu interior. Eeu, chamo-me Herman Hesse ou Harry Haller, o verdadeirosteppenwolf. E a cabeça... a minha cabeæa é um repolho. Soupalerma. Mas para o pintor este quadro é também esqueleto-é para ele aquilo que tem tanto nas veias como nos ossos,que é resultado de respirar outra cultura, outras cores, de cheiraroutras plantas e o ar diferente… Esta infecção, não tratada,passou das veias para os ossos… Estou sentado num degrau…

Uma gota no maruma gota do marsou mar-sou .

As ondas de cores vivas banham os meus pés. As novas criançaschegam pelo mar e encontram uma nova casa na

TTTTTexto de exto de exto de exto de exto de Jakub JankowskiJakub JankowskiJakub JankowskiJakub JankowskiJakub Jankowski

terra vermelha. Mas vermelha de que? De sangue que permeoudurante tantos anos a tranquilidade dos selvegens? Esta visãosanguínea… mas por que? Sou uma criança e as crianças sempretêm as visões mais horrorosas do mundo. Mas apesar disto ascrianças sabem comunicar-se melhor- têm a lingua que nem osadultos compreendem. Independentemente do continente ondevivem, donde chegam… Pelo mar ou pelo ar… O mar azulnão consegue limpar a terra vermelha… Não consegue filtrarsangue da terra…Não, isto não se esquece e por isso

me comunicocom o visceralcom a paixãocom o cérebrocom a alma também.Nunca sou apenas umQuase nunca seiem que degrau parei.Como me afastarsubirdescer fugiralcançar ?Mas o difícil,difícil:eles se entenderem entre si, comigo!e eu…com eles.

É como música. Todos os tons são limpos, não misturadoscom outra cor, com outra matiz. O meu esqueleto verde comoaraucaria, as minhas veias contaminadas por tropicalismo, pelanatureza colorida recebem os sons sob outra perspectiva. Maso pincel dum compositor não mistura os sons. São tão claros…Nas minhas veias nasce a necessidade da natureza, de fugirdas escadas, de deixar o meu degrau. A música liberta-me,relembra sobre o lobo dentro de mim, relembra a necessidadede tudo ser tão simples como poesia e estes quadros. OuvindoChopin, eu já connheço o meu destino. Tenho que fugir paraviver os quadros escritos pelo poeta- como se fossem feitospela mesma mão que pinta os poemas simples. Como se nãohouvesse diferença no acto da criação. Ouvi nas cores o grito,a chamada… Talvez dum passado feliz…

Já me vou. O verdadeiro steppenwolf não pode ficar num lugarpor tanto tempo. O meu caminho está aberto. Na linha dohorizonte vejo uma árvore e para além há liberdade paraselvagens como eu. O lobo venceu no homem…:-#

Tomasz Lychowski, Visões do que é

:OTTTTTexto de exto de exto de exto de exto de Ana Carolina WAna Carolina WAna Carolina WAna Carolina WAna Carolina Walczuk-Beltrãoalczuk-Beltrãoalczuk-Beltrãoalczuk-Beltrãoalczuk-Beltrão

SALVE A INTERNÉTI :)!Deu no jornal O Globo do dia 5 de maio, notíciafresquíssima:

“A partir da próxima segunda-feira, dia 9, os sites da internetcom extensão .br poderão utilizar vogais acentuadas ecedilha em seus nomes, anunciou aentidade responsável pelo registro dedomínios na internet brasileira, aRegistro.br. Segundo o gerente deengenharia da Registro.br, FredericoNeves, a medida resolverá o problemade sites brasileiros que deixam dereceber acessos porque usáriosinexperientes tentam acessarendereços com acentuação e cedilha,que no momento não existem.”

Coisa inimaginável no mundo www,os acentos gráficos, quem diria,chegaram para auxiliar os‘interneteiros’ de primeira viagem ou...para complicar a nossa vida um poucomais e, por tabela, encher o cofre datal entidade Registro.br?

Aposto na última opção, é claro, poralguns motivos. Primeiro, por questõespráticas: imaginem uma pessoa quenormalmente use outra língua, e nãotenha configurado em seucomputador os caracteres doportuguês. Não vai poder, porexemplo, acessar um endereço comowww.maçã.com.br! A Registro.br, noentanto, diz que soluciona o impasse:é só a página registrar também, porvia das dúvidas, o endereçowww.maca.com.br, e pronto… E dá-lhedinheiro!

Em segundo lugar, quem usa umnavegador do tipo Internet Explorer também vai terproblema: antes de chegar aos acentos e cedilhas, seránecessário baixar um plug-in, uma espécie de… Eh… Erapara facilitar, não era…? Mas será que um analfabetocibernético vai saber que diabo é isso de plug-in? “Plugui-o-quê, meu filho?”, imagino a mãe do tal Nevesperguntando…

Tudo nos faz pensar, portanto, que a idéia da Registro.brnão passa de uma cretinice eletrônica. O que se pretendecom isso, alterando as milenares tradições da internet, assimdesse modo, e deixando até os mais experientes usuáriosperdidos entre cedilhas, tildes, agudos e circunflexos? E as

crases, Meu Deus, as crases…? E se oJoãozinho, coitado, não se lembrarmais das aulas de acentuação…? Tudoisso poderia gerar grandes crisespessoais, quiçá uma verdadeirarevolução na demanda de professoresde português para aulas do tipo “cursorápido de acentuação para internet”.

Voltemos a falar sério… Num paísonde grande parte do povo não sabenem ler, nem escrever, e às vezes nãoconsegue nem falar direito, decretar aimprescindível necessidade de acentosgráficos no mundo virtual é, nomínimo, uma piada de mau gosto.Olha, senhor, por que não vai fazerum trabalho de caridade e ensina auma criança de rua o alfabeto…?Aqueles que têm algum acesso àmáquina chamada computador – ecom internet, ainda por cima! –representam um grupo que, comcerteza, não tem problema em acessaro www.maca.com.br… Alguém aindaduvida disso?

Mas devia falar algo positivo também,não é? Então vou lançar uma idéiaquente, aproveitando para elogiar apropriedade ortográfica da talentidade. Vou lançar… Veja bem, paracombinar com o maçã.br, temos quenos livrar de todos os estrangeirismosque reinam no mundo virtual… Eporque muita gente não deve saber

como se escreve em inglês… Vou lançar… Salve aINTERNÉTI! Pois é, assim mesmo, com um ‘i’ no final,transformando-se numa paroxítona e, conseqüentemente,exigindo a presença do acento! In-ter-né-ti! Coisa mais lindaé a nossa língua…

Amanhã mesmo escrevo para o senhor Neves:-#

¿?¿?¿?¿?¿?

NUM PAÍS ONDE GRANDE

PARTE DO POVO NÃO SABE

NEM LER, NEM ESCREVER, EÀS VEZES NÃO CONSEGUE NEM

FALAR DIREITO, DECRETAR AIMPRESCINDÍVEL NECESSIDADE

DE ACENTOS GRÁFICOS NO

MUNDO VIRTUAL É, NO

MÍNIMO, UMA PIADA DE MAU

GOSTO. OLHA, SENHOR, POR

QUE NÃO VAI FAZER UM

TRABALHO DE CARIDADE EENSINA A UMA CRIANÇA DE

RUA O ALFABETO…? AQUELES

QUE TÊM ALGUM ACESSO ÀMÁQUINA CHAMADA

COMPUTADOR – E COM

INTERNET, AINDA POR CIMA! –REPRESENTAM UM GRUPO

QUE, COM CERTEZA, NÃO TEM

PROBLEMA EM ACESSAR OWWW.MACA.COM.BR…

ALGUÉM AINDA DUVIDA

DISSO?

:-()

12 13

Page 8: jornal de Dezembro 2004 - pontosigno.pl

Maio/Junho 2005 Mayo/Junio 200514 15

vida de estudante :-o vida de estudante :-oTTTTTexto de exto de exto de exto de exto de JohnathanJohnathanJohnathanJohnathanJohnathan

Estas palavras que vocês estão a ler deviam ser sobre avida nocturna dum estudante, mas não queria generalizare dizer que todos passam as noites da maneira. Então...inventei que o artigo vai contar sobre uma vida nocturna(naturalmente não a minha ;) que pode ser semelhante amuitas outras.

Eu sei que vivemos em democracia, liberdade de expressãoe liberdade para fazer tudo. Mas euresolvi não aproveitar destapossibilidade e decidi censurar umpouco o meu próprio artigo...Eusei...isso é como andar para trás, maso meu medo das repressões é maisforte do que o desejo da liberdade :).Mas com certeza vocês vãorecodificar tudo! Então, comecemos!

Sábado, 17:00h, início. Saio de casano meu bairro. Agora ainda não sei oque vou fazer hoje, mas isso não émuito importante. O que é maisimportante é conseguir um produtoespecial...Chamemo-lo produto A.Não quero chamá-lo X porquealgumas pessoas podiam confundi-locom outro produto que nessa histórianão se usa. Bons estudantes nao usamcoisas como essas! Na procura peloA vou calmamente pelo meuquarteirrão falando com os colegas X,Y, Z e não-colegas que conheco sóum pouco. O tempo está óptimo efaz sol. Estou a ver os meus amigosque se estão a sentar no nosso bancofavorido falando. Olá! Olá! Olá!

Vejo que todos usam o produto C.Ah! Agora lembro-me, nao compreiC para mim. Vou tomar C dos meus amigos. Quemaravilha! Entretanto o produto A „chegou”.Naturalmente não chegou de maneiramágica...chegou...simplesmente chegou!:) E chegou otempo para o produto B...Na minha opinião o melhorproduto, excelente, que dá a maior alegria!!! O B pode-secomprar no mercado. Temos tres: A...B...C...Passaram só30 minutos, nao é muito, e eu...tenho tudo preparado,como sempre:)

O ABC DUM ESTUDANTE (UM ESTUDO SOCIOLÓGICO)existe uma terceira possibilidade...ir ao centro da cidade! yupi!Isso é o que vou fazer hoje!

19:00h. Depois de consumir três B posso ir para a paragemde autocarro. Vou com dois ou três amigos. Antes de entraro autocarro usamos A para ter uma viagem mais interessantee agradável:) No centro, encontramo-nos com outras pessoasde origem muito diversa. Não, não são negros e amarelos...:)Normalmente vamos a um bar...o maisbarato no centro, o meu favorito paranos prepararmos para festa....INSIDE!Lá, três ou quatro B mais, um poucomais de A e muito C. O bar fica numaneblina de fumo. Ouve-se o barulhoda música, as conversas. Gosto deobservar como as pessoas se passamde sóbrios a bêbadas e depois secomportam como bêbedos. Começo asentir a actividade de A e B. Apanho omeu ritmo. Barulho em todo lugar,barulho na minha cabeça. Peço outroB, depois 15 minutos peço os seguintesB para os meus amigos. O ciclo é assim:usar B, depois três C, ir à casa de banho.No bar encontro sempre meuconhecido. Curta conversa, B, C, atélogo! Volto aos meus amigos, à nossamesa. Sinto-me bem...

22:00h. Despeço-me de alguns dosmeus amigos que vão para outro lugar.Mas...alguns minutos depois voucumprimentar outros camaradas quevão à....discoteca!!!:) Encontramo-nose vamos juntos. Entre elesfrequentemente há algumas pessoasnovas. A maioria de nós usou B entãonão temos problema em fazer ocontacto. Dirigindo-nos à discotecaalguns consomam mais Bdepois, naturalmente...C.

Já esta noite, tudo anda à volta, oiço conversas aqui, conversaali, entro numa, deixo outra. Tudo acontece rápido, nãoposso apanhar as ideias, gosto de conversar, de atirar ideias.Vejo a discoteca...Com algumas pessoas usamos A,provavelmente a última vez...bom...não tenho força paraoutra vez. A atmosfera é engracada, gosto muito.Entramos...

22:30h Estou sentado, a falar e falar, ouvir, consumir umB, consumir outro. Alguns têm B grátis, mas não meperguntem como...A música...não importa muito o quetocam, sinto muito B e A... Quero dançar, agora sozinhoou com as minhas amigas. Deixei de dançar com asraparigas que não conheço, porque é sempre o mesmoritual. Dançar com ela, aproximar-se mais dela, dancarperto dela 5 minutos, perguntar o nome, dancar mais,

conseguir o número de telefone dela...O ritual...

3:00h Depois de algumas horas dedancar, usar B e C, estou muitocansado, mas não paro...já não querofalar, quero só dançar, sinto-me comonum videoclipe „Blinded by thelights”:)wow:). Tenho que descansarum pouco, vou sentar-me à mesa econsumir o último B...

4:30 Saímos do clube falando só umpouco, cansados. Estamos a ir muitodevagar. Tenho fome. Verifico quantodinheiro ficou na minha carteira. 6zlotys...Estou salvo! A ideia de comerkebab parece-me um descobrimentogenial apesar de comê-lo de dois emdois dias.

5:00 Todos os meus amigos forampara as suas casas, eu estou noautocarro da noite, regressando àminha. Estou sozinho, vejo pessoasque não conheço, que dormembêbadas e que falam...bêbadas. Estoucom sonho, não posso resistir...estoua pensar, a trazer à memoria as coisasque fiz...coisas que fiz hoje, coisas quefiz durante a minha vida...não é

normal...não uso B nunca mais...

6:00 Estou em casa, estou zangado comigo...Deito-me nacama e prometo não fazer mais coisas estúpidas comofaço, pelo menos ao proximo fim-de-semana...Boa noite.

Todos nomes dos lugares, das pessoas, dos produtos sãofictícios. Toda a historia foi imaginada por necessidadeseducativas:):-#

18:00h Os meus amigos e eu comecamos a consumir B.Não é muito seguro porque há muita polícia e guarda civilno nosso bairro. A polícia + B = a multa...Com A é mesmopior, mas A nao é tão visível. Durante o uso de B pensamoso que fazer hoje, e cada um de nós pensa por si próprio oque vai fazer, porque todos podem ter planos diferentespara a noite. Nesse momento aparece o labirinto daspossibilidades, labirinto como no „Processo” de Kafka ou

nos contos de Borges naturalmente:)(comparação para fazer a história maisintelectual:). Eu próprio vejo sempretrês possibilidades para festejar. Aprimeira possibilidade: festejar ao arlivre, no bairro, sentado no banco ouna mesa de ping-pong (há algumas en-tre os prédios:). Festa assim éagradavel, às vezes há muitas pessoas.Mas...quase todos usam B e C, e sóalguns consomem A, então „a festa”pode terminar antes de começar, porcausa da polícia...No Inverno não épossivel por causa do frio. Embora noVerão muitas pessoas festejem dessamaneira.

A segunda opcão: ir para casade...alguém, não importa quem será.O que é importante é que na casa nãohaja pais. Mas festas assim sãofrequentes. Depende das pessoas quevenham, como sempre. Nas festas emcasa, as pessoas usam mais A, B e Cem comparação com outros „lugaresde prazer”:) porque depois deconsumir muito podem deitar-se emqualquer lado e dormir. Mas, nas casassempre existe o problema de „ir aoGregório”. Normalmente há uma eúnica pia, que está sempre ocupada.

O resultado: gregório aqui, gregório ali, gregório navaranda, gregório nas varandas dos vizinhos, dessa maneirao Gregório torna-se no nome mais popular do mundo.Todos o conhecem. Outro problema nas festas de casa é acomida...Especialmente depois de usar A...Todos corremao frigorífico e comem e comem e comem...Ver pessoasque estão a comer na festa não é coisa simpática. A comidaestá em todo o lugar mas com certeza... já não nofrigorífico...Sim, estas são festas de casa...:) Naturalmente

¿?¿?¿?¿?¿?

GOSTO DE OBSERVAR

COMO AS PESSOAS

PASSAM DE SÓBRIAS

A BÊBADAS E DEPOIS SE

COMPORTAM COMO BÊBEDOS.COMEÇO A SENTIR A

ACTIVIDADE DE A E B.APANHO O MEU RITMO.

BARULHO EM TODO LUGAR,BARULHO NA MINHA CABEÇA.

PEÇO OUTRO B, 15 MINUTOS DEPOIS PEÇO

BS PARA OS MEUS AMIGOS. O CICLO É ASSIM:

USAR B, DEPOIS TRÊS C, IR À CASA DE BANHO. NO BAR ENCONTRO

UM CONHECIDO MEU.CURTA CONVERSA, B, C,

ATÉ LOGO!

¿?¿?¿?¿?¿?

OS MEUS AMIGOS E EU

COMECAMOS A CONSUMIR B.NÃO É MUITO SEGURO

PORQUE HÁ MUITA POLÍCIA EGUARDA CIVIL NO NOSSO

BAIRRO. A POLÍCIA + B = AMULTA...COM A É MESMO

PIOR, MAS A NAO É TÃO

VISÍVEL. DURANTE O USO DE

B PENSAMOS O QUE FAZER

HOJE, E CADA UM DE NÓS

PENSA POR SI PRÓPRIO O QUE

VAI FAZER, PORQUE TODOS

PODEM TER PLANOS

DIFERENTES PARA A NOITE.NESSE MOMENTO APARECE O

LABIRINTO DAS

POSSIBILIDADES, LABIRINTO

COMO NO „PROCESSO” DE

KAFKA OU NOS CONTOS DE

BORGES

Page 9: jornal de Dezembro 2004 - pontosigno.pl

Mayo/Junio 2005 Maio/Junho 2005

PUNT I COMATTTTTexto de exto de exto de exto de exto de Josep A. ClementJosep A. ClementJosep A. ClementJosep A. ClementJosep A. Clement

Vaig entrar al bar sense massa pretensions de poder fer resmassa interessant, beuria alguna cosa, parlaria amb el cambrerqui aguantaria estoicament el meu tuf a alcohol, i al cap de vuithores enganxat a la barra marxaria ben tou cap a casa per intentardormir una mica, unes dotze hores per ser justos. Però ve-t’hoaquí que, quan ja m’asseia a la meva cadireta negramentincòmode, giro el cap amb el temps precís d’arrufar el nas iveure un punt sol, trist, amb els ulls clucs que restava immòbili guaitava unes ampolles de vodka que prou li feien el pes. Seiaencongit, tot rodó ell i ben negrot, unes cadires enllà. Vaig decidiracostar-m’hi i veure que en podia treure. Quan el saludava jaem mirava amb una cara de pomes agres que feia por, segonsm’explicà feia ben poc que l’havia deixat la seva companya. Amés a més, a part de ser alcohòlic era heroïnòman, ja sabeu,d’aquella generació dels vuitanta que no s’avorrien gaire peròque es cremaren força ràpid perduts pels bruts carres del gòtic.Mentre xerrava me’l mirava encuriosit, era un punt ben pecu-liar, qui ho havia de dir, tan petitet i poca cosa però alhora totauna caixa de sorpreses... Nasqué al País Basc, però de ben petitmarxà cap a Barcelona on veié tota aquella evolució que portàaquella ciutat d’un què local a un ens internacional.

Entre vapors d’alcohol passava la nit, i si quan hi vaig entrareren vora quarts de dotze, ara ja eren les dues tocades i no hihavia cap novetat. Al bar només hi veia tres clients més a partdel punt i jo. El panxut d’allà al fons de la barra no paravad’anar a pixar cada dos per tres, l’altre primet escanyolit d’ullsde gat enllepolit maldava per poder absorbir un mil·ligram més,encara que fos d’alcohol de garrafó; i més lluny, assegut a lataula, un estudiant perdut que cobrava la beca per fer l’enze enles ocioses nocturnitats. M’ho mirava tot amb la indiferènciadel borratxo i no m’hi trobava pas malament, el rellotge quepenjava d’aquella merda de paret es movia lentament, i els meusulls mig aclucats es distreien instintivament amb els sorolletsintranscendents d’aquella màquina solitària.

De sobte, però, s’obrí la porta i entrà una coma com no n’haviavist mai cap, una voluptuositat exquisida i unes formesespectaculars que movien aquella punteta tan especial amb unagràcia com poques comes he vist fer. Entrà decidida, amb unamirada freda i d’una profunditat que els meus ulls vidriosospodien apreciar sense cap mena de dubte. Es dirigiavertiginosament cap aquell malaguanyat punt amarat de vodkesi ple de qui sap què més i...Plaff ! Bona plantofada li etzibà! Elpunt caigué ràpid rodolant per terra tot arreplegant, sense poder-ho evitar, les llosques d’aquell femer de barot. L’espectacle foudigne d’ésser explicat en futures converses amb els contertulianshabituals de can Mohamed, se’n podia treure suc de tot plegat.

Si la vista no m’enganyà, després aquella comassa s’acostà capa aquell gec de punt i l’acaricià suaument. L’aixecà del terra i lidigué algunes coses de ben a la vora, semblava que l’escoltavai feia que sí que sí, com si estigués d’acord amb alguna cosaimportant que se li comentava. Potser era sa dona, o qui sapquè estava passant allà davant nostre, el cas és que al cap d’unaestoneta aquella gràcil puntuació ja estava aixecada i disposadaa fotre el camp d’aquell indret de món. I així fou com aquellapreciositat deixà anar tot el que retenia dins seu, desprésserenament em mirà (car com a bon xafarder estava ben a propseu) i em digué:

-Permeti’m que m’acomiadi. Crec que d’ara endavant ja no ensnecessitarà.

Em vaig quedar astorat i no vaig tenir temps de formular capmena de resposta. Suposo que restava amb la boca entreobertamentre Ells marxaven pel mateix lloc d’on arribaren.Persorpresa meva quan el punt sortí li caigué un paperet vora meuque vaig llegir amb molta cura, deia així:

“Estàvem asseguts al jardí prenent un aperitiu abans de dinar. La conversaes va decantar cap al tema del racisme.

- Des del punt de vista teològic- va argumentar P., un conegut predicador-, el racisme no existeix, ja que tots descendim d’Adam i Eva.~

De Sobte es va sentir una remor entre els parterres i alguna cosa es vaesmunyir entre la gespa acuradament tallada.

- Què ha estat això?-vaig preguntar

- Una serp

- I no creu, reverend pare, que ha insinuat un somriure una mica estrany?

- No- va respondre breument el teòleg.”

Ara ja han passat uns quants anys d’aquesta trobada inesperada,i malgrat tot aquest temps que s’ha escapat entre arrugues,cabells que m’abandonaren i budells ben inflats que donen unaire de responsabilitat a la meva persona, avui dia, mentre elstraductors, escriptors i exegetes s’omplen la boca de paraulesque lloen idees i comenten intencions i històries escrites, josenzillament busco aquells punts i comes perduts entre elsgegantots mots que em corprenen i tot ho aixafen sense tansols deixar respirar. I qui em mira i creu conèixer-me pensaràque sóc un lector infatigable, com el noi del quiosc qui em técom a client preuat, però jo em quedo tancat a casa mirantpàgines i més pàgines soltes només per poder capir on estanels punts i comes amb qui hom desitja riure’s de tot plegat:-#

:D;-|)Dona Pontuação saiu de casa. Toda preparadinha, com osóculos recém-limpos para afiar a vista. Antes de sair engraxouos sapatos para que tivessem um brilho perfeito.

Já deviam estar à espera dela. Olhou numa vitrina e viu a suacara reflectida no vidro. Está bem. Parece uma senhora ideal.Com porcento. Cem de cem pontos. Ou até mais…

Andou na direcção da Universidade. Estava perto, só umpequeno passeio. Já via as caras dos estudantes. As meninasa desmaiar. Os rapazes a fumar cada vez mais cigarros. Osprefessores a sentir uma tensãoagradável, como se conduzissem aBMW mais nova. Ai, que bom. Queprazer é ser uma pessoa tão imprtante!‘Vi-ai-pi’ – pronunciou à inglesa. Umasenhora tão importante devia vir detáxi. Mas o tempo está tão bom… aique gosto, suspirou a dona Pntuação,a ver a sua imagem no espelhinho dumcabriolé cor-de-rosa aparcado ao ladoduma pastelaria.

- Os estudantes unidos jamais serãovencidos! – gritou o Joãozinho.

- Temos que lutar contra isso!

- Não é justo! Eu escrevo uma coisa,ele escreve uma outra igual, e eu recebosessenta, e ele oitenta!

- Partido Contrapontuário une-se na luta!

Os professores viram o que passava e disseram que era demedo. E tinham razão. Os estudantes tinham medo da suabaixa qualidade, tão visivelmente marcada com os pontos...Tão clara como uma pessoa nua na praia, como uma feridaaberta.

- Mas o que fazemos nós? – perguntavam as professoras e perguntavam-se os professores.- Não podemos mandá-la embora, porque é boa e tem razão! - Os professores também tinham medo.

A Pontuação vinha e reinava, avaliava e desvalorizava, e eraboa e tinha razão.

TÃO CLARA COMO UMA PESSOA NUA NA PRAIAE os alunos saíram das salas, e os professores saíram dosgabinetes, e dançaram juntos no jardim da Universidade.

Mas a Pontuação não tardava. Vinha com asas abertas elimpas, e a vista afiada para a avaliação. Não podia esperar,sentia-se tão Linda, tão forte, tão superperfeita, como sefosse uma heroina duma banda desenhada que os rapazesleêm.

Bateram as dez de manhã.

Passou um carro, e ao entrar numapoça, tirou água e lama à donaPontuação. Ficou despontuada. Ficouum zero de cem.

Entrou na escola e os alunos não areconheceram. Dançavam e cantavamjuntos, e eram bons e tinham razão.Dona Pontuação tentou avaliar, mas osóculos estavam sujos.

E viu uma fonte linda, rodeada deflores. Lavou o cabelo. Descalçou asbotas e despiu o vestido. Ficou quasenua e quase bonita. Atrás dum arbustoestava o Joãozinho, a olhá-la numacontemplação silenciosa. O nossorebelde ficou totalmente apaixonado.

Mas apanhou-o um professor.

- Que fazes tu? – Mas olhou melhor amenina.

- Para mim seria cinco em dez.

E levou o aluno à sala, e era bom e tinha razão.

Diz-se que a Pontuação ficou uma pessoa diferente. Unsdizem que envelheceu. Outros, que virou homem e agorachama-se Ponto. Outros, que é invisível, porque é maiscomfortável.

Na verdade não se sabe, mas para minimizar o medo, osalunos dançam nas festas de Juwenalia, que são boas é têmrazão.E depois ficam quietos, à espera:-#

TTTTTexto de exto de exto de exto de exto de KKKKKatarzyna Piwowarczykatarzyna Piwowarczykatarzyna Piwowarczykatarzyna Piwowarczykatarzyna Piwowarczyk

¿?¿?¿?¿?¿?E VIU UMA FONTE LINDA,

RODEADA DE FLORES. LAVOU O CABELO.

DESCALÇOU AS BOTAS E DESPIU

O VESTIDO. FICOU QUASE NUA E QUASE

BONITA. ATRÁS DUM ARBUSTO ESTAVA O

JOÃOZINHO, A OLHÁ-LA NUMA

CONTEMPLAÇÃO SILENCIOSA.O NOSSO REBELDE FICOU

TOTALMENTE APAIXONADO.

16 17

Page 10: jornal de Dezembro 2004 - pontosigno.pl

Maio/Junho 2005 Mayo/Junio 2005

:) & (^_^)Reparem no fragmento após as palavras “jOy FORever”– contém um conjunto de ponto e vírgula e parêntese, quehoje significa um sorriso de quem pisca o olho. Será um‘smiley’ do século XIX? Se calhar. A invenção podia sertão velha, pois o uso dos emoticons funciona igualmentebem nos textos escritos à máquina. Só que o autor fazmuitos erros por não estar acostumado ao aparelho e usauma ortografia bem original: @ em vez do “a”, $ em vezdo “s” etc.

Não penso que o mistério desta carta possa ser resolvido;aliás isso não é muito importante. A conclusão interesanteé que a “ortografia alternativa”, tão popular na Internet,não e uma invenção do nosso tempo.

Para concluir, algumas sugestões dos especialistas dalíngua polaca, quanto aos emoticons. Aconselham tratá-los como sinais de pontuação: se um ‘smiley’ estiver nofim da frase, não é preciso escrever o ponto final; se nolugar da vírgula, não temos de pôr a vírgula; pode tambémfuncionar como o parêntese final. Mas, ao contrário depontos finais e vírgulas, o ‘smiley’ pode se encontrar emqualquer parte da frase.

Isto, obviamente, não são regras muito rigorosas; como osemoticons formam parte da linguagem coloquial, osinternautas podem usá-los como quiserem. No entanto, asugestão dos filólogos tem uma vantagem – os sinais depontuação podem estragar um ‘smiley’ bonito.

Segundo o “Wielki s³ownik wyrazów obcych” (dicionáriodas palavras estrangeiras) do PWN, na língua polaca“emotikon” é do género masculino, porque vem doequivalente inglês. A versão feminina “emotikona” éincorrecta.

Se vocês sentirem, algum dia, uma vontade irresistível decriar, inventem um novo ‘smiley’. Não ficarão famosos,mas participarão numa grande obra da comunidade vir-tual. Ou talvez um dia seja organizado um concurso deinvenção dos emoticons e vocês ganhem?:-#

1 Richard Kern, Literacy and Language Teaching, OxfordUniversity Press, 2000.

Ninguém sabe exactamente, quando foi usado o primeiro‘smiley’. A enciclopédia virtual Wikipedia informa que,segundo Mike Jones da Microsoft, o primeiro ‘smiley’ foienviado a 19 de Septembro de 1982; a mensagem que ocontinha saiu de Carnegie Mellon University. A Wikipediaavisa, que outras pessoas acham os emoticons mais velhos.

Numa página japonesa encontrei uma curiosidade ligada aotema. O autor da página, Koichi Yasuoka, encontrou um textoamericano, escrito à máquina em 1890, muito curioso. Eisum fragmento desse texto:

:) & (^_^)PONTUAÇÃO ÚTIL :) CRIATIVA ;=)/-*O que é isto: :) ? Todos sabem muito bem que isto é um‘smiley’ – um sinal de emoção, usado na comunicaçãoelectrónica. A comunicação através da Internet e dos SMS émuito rápida e confortável, mas transmite somente aspalavras e portanto pode causar muita confusão. Pois alguémmuito inteligente e engenhoso (não se sabe exactamentequem) inventou os ‘smileys’ para nos podermos comunicarsem desentendimentos. Tudo bem, mas mesmo os emoticonspodem provocar uma confusão atémaior. O que faziam se recebessemuma mensagem com isto: d8= oucom isto: (^_^) ?

O primeiro é um ‘smiley’ que designaum castor que leva um capacete eóculos de esquiar (a letra ‘d’ é ocapacete, ‘8’ designa os óculos e ‘=’designa os dentes do animal). Queminventou este ‘smiley’ devia ser muitocriativo, mas para que o inventou?Além de um pequeno conjunto dosemoticons usados com frequência,existe uma grande variedade dossmileys desconhecidos e, para dizerverdade, pouco úteis para o processode comunicação. Criam-se comopequenas obras da arte popular – paramostrar o génio criativo e o sentido dehumor do autor. Os meus preferidos sãoestes: =|:)~D (um inglês a beber

chá), :& (alguém que está a comerspaghetti com certa dificuldade;simples mas muito gracioso). Há duasmaneiras de inventar um novo ‘smiley’:

1) carregam-se à toa algumas teclas edepois é só preciso achar umainterpretação qualquer para o efeito daacção anterior;

2) pensa-se numa coisa que ainda não tem nenhum ‘smiley’e forma-se um conjunto de sinais que pode ser interpretadocomo essa coisa.

Obviamente, ambos os métodos exigem imaginação. Depoisé preciso colocar a invenção numa página ligada ao tema(ou escrever um artigo sobre o tema ;) Se se tiver vontadede criar algo mais complicado, pode-se desenhar uma

pequenina obra de ASCII-Art simplificado, como estas:__@_o=: (um caracol), :-){<////> (um homemlevando uma gravata).

O segundo dos emoticons acima mencionados (^_^) éum ‘smiley’ japonês, designando o mesmo que o nosso :-)Os emoticons japoneses são um pouco mais “naturais”,

porque não exigem que o leitor vire acabeça para o lado esquerdo (o quedevem fazer as pessoas nãoacostumadas aos emoticons e todos osleitores ao encontrar um ‘smiley’desconhecido). Mas contêm maissinais, o que pode ser inconveniente:(^_^) tem 5 sinais, enquanto oequivalente europeu :-) tem só 3 (oudois, se for escrito sem o ‘nariz’). Paramim o comprimento do sinal éimportante, mas para a maioria dosjaponeses, que “nascem com umtelemóvel na mão”, talvez não lhes façadiferença. Penso que o estilo japonêsde desenhar os emoticons tem muito aver com o característico desenho doanime e manga – a cara tem uma bocarecta e estreita, os olhos parecemoblíquos (o que, para os japoneses,deve ser mais natural).

Os asiáticos usam mais emoticons doque os europeus, se calhar por causados alfabetos pictográficos ou porcausa da importância da mímica nacultura deles1. Não desenham os‘smileys’ que significamdescontentamento, irritação ou tristezapara não ofender o leitor. Têm, porém,alguns que não existem no sistema de

comunicação europeu, os mais populares são por exemplo:(^.^) (um sorriso feminino; na cultura tradicionaljaponesa a mulher bem educada não mostrava os dentes asorrir; isso parece ter mudado, mas o costume sobreviveuneste ‘smiley’), \(^_^)/ (banzai – ‘smiley’ muitocontente, com os braços levantados de alegria), (^o^;>)(expressão de confusão e de pedir desculpa; “>” designauma mão na cabeça de uma pessoa envergonhada).

¿?¿?¿?¿?¿?

OS ASIÁTICOS

USAM MAIS EMOTICONS

DO QUE OS EUROPEUS, SE CALHAR

POR CAUSA

DOS ALFABETOS ICTOGRÁFICOS

OU POR CAUSA DA

IMPORTÂNCIA DA MÍMICA NA

SUA CULTURA.NÃO DESENHAM

‘SMILEYS’QUE SIGNIFICAM

DESCONTENTAMENTO,IRRITAÇÃO OU TRISTEZA

PARA NÃO OFENDER

O LEITOR. TÊM, PORÉM,

ALGUNS QUE NÃO

EXISTEM NO SISTEMA DE

COMUNICAÇÃO EUROPEU

TTTTTexto da exto da exto da exto da exto da MartaMartaMartaMartaMarta

18 19

Page 11: jornal de Dezembro 2004 - pontosigno.pl

Mayo/Junio 2005 Maio/Junho 200520 21

Tirámos, há tempos, um Pequeno (ou Grande, conformeo caso) Curso de Língua Portuguesa. Aprendemos osmodelos de expressão literária (narrativa, discurso,narração, descirção), as formas de discurso (directo oiindirecto), os vários tipos de frases (declarativa,interrogativa, exclamativa, imeprativa), o uso dasreticências ou do modo de representação gráfica daspalavras ocorridas na fala de alguém que marcam asusespensão do discurso. Estudámosentão os sinais de pontuação1, de queos nossos preferidos se tornaram asreticências e os parênteses. Criadas ascondições para o uso das reticências,o texto paira entre a realidade e osonho, num universo fantástico emque as notações espácio-temporaissão vagas, num misto de passado ede presente envolvidos numprofundo mistério, em que umpedaço de existência está colocadoentre parênteses. (E está bem assim...).

A arte de colocar parêntesesexaminamo-la na obra À La Recherchedu Temps Perdu/Em Busca do TempoPerdido de Marcel Proust (1871-1922),numa genial articulação entre ointelectualismo (no texto do discursodesse famoso romance publicado em1913-1927) e o sensualismo (naconstrução parenêtica, nas reticências,no não-dito ou tenuamente sugeridoda prática homossexual, masculina oufeminina), numa literatura tout court,no maior romance do seculo findo,que é difícil de ser escalado na leitura,quão uma enorme montanha.

O romance de Proust, escrito na primeira pessoa, arrastoucom a memória do narrador-protagonista (Marcel) todoum mundo de história de um menino da pequenaburguesia parisiense que quer ser escritor, que tentaalgumas publicações num períodico, mas desiste,convencido de que não tem talento. Levando umaexistência pacata e protegida sob a egide carinhosa da mãee da avó, admira o seu émulo, o esteta Charles Swann,aristocrata e amigo de príncipes e de reis, grande

8-| ensaio8-| ensayoPONTUAÇÃO DE ESTRELAS(OU O QUE FICA ENTRE PARÊNTESIS)

TTTTTexto de exto de exto de exto de exto de Profª DProfª DProfª DProfª DProfª Doutora Anna Koutora Anna Koutora Anna Koutora Anna Koutora Anna Kalewskaalewskaalewskaalewskaalewska

conhecedor das artes, espírito tolerante e esclarecido.Através dele conhece as mulheres que admirará e amará:sua filha Gilberte, a duquesa de Guermantes e Albertine.A vida passa, o amor e a sexualidade são fontes deinquietação, perpelxidade e pensamento, a morte (da avó,de Alberine) é uma experiência dolorosa.

Marcel está obcecado pelo tempo e pela memória (assimcomo ficaram, em Portugal, umFernando Pessoa e umVergílio Ferreira) e não para deescrever com o objectivode criar umametafísica literária. A obsessão porvários níveis de temporalidade que osejeito humano pode imaginar toma-a como sua filosofia e método. Pondoem parêntese a sua própria vida,acredita na auto-suficiência ereversibilidade da arte e da literatura,atribuindo-lhes a condição de umaexistência aparente. E nutrindo amesma crença de que «a verdadeiravida é literatura» e que o modointrospectivo de encarar a realidadeconcentra as virtualidades da criação,pratica uma célebre busca (recherche,procura, pesquisa, indagação,investigação2) do tempo perdido quese tornou sujeito de sua escrita,ofuscando o ´´eu´´ disperso nassensações do tempo vivido, masconsciente de si em virtude de umafenomenologia de «duraçõesinstantâneas» - à bergsoniana –aglutinadas pela memória.

A desmontagem do tempo danarrativa em Proust faz com que não

o tempo, mas sim, um personagem ou um sujeito qualquerfique entre parêntese. Acabando a obra, Marcel teme quenão tenha mais forças para guardar consigo este tempoem ocaso que está quase a ́ ´descender´´, ou deslizar, semlhe deixar esperança de cumprir a obra. E mesmo queassim aconteça (i. e., que haja o tempo suficiente paraacabar o trabalho literário), não quer postergar a descriçãode homem e de pessoas, mesmo que sejam «monstruosas»(e colocadas em parêntese). À inexistência, por enquanto,

da tradução portuguesa ouçamos as últimas palavras de OTempo Reencontrado que fecham a obra proustiana:

Je m´effrayais que les miennes fussent déjà si hautes sous mes pas, ilne me semblait pas que j´aurais encore la force de maintenir longtempsattaché à moi ce passé qui descendant déjá si loin. Du moins, se ellem´était laissée assez longtempos pour accomplir mon oeuvre, nemanquerais-je pas d´abord d´y décrire les hommes (cela dût-il lesfaire ressembler à des êtres monstrueux) comme occupant une placesi considérable, à côté de celle si restreinte que leur est réservée dansl´espace, une place au contraire prolongée sans mesure – puisqu´ilstouchent simultanément, comme des géants plongés dans les années,à des époques si distantes, entre lesquelles tant de jours sont venus seplacer – dans le Temps3.

O tempo – protagonista. E o homem ´´reencontrado´´.Voilá. Timidamente metido entre parênteses, envelhecido,insignificante4... Uma nota de rodapé também é umparêntese. Com número a seguir ou como um asterisco.Maria Alzira Seixo pensou, talvez indevidamente, que en-tre os inteletuais e letrados a maioria não passou daabordagem do primeiro ou dos dois primeiros volumesda obra, «em certos casos saltando para o último, Le Tem-pos retrouvé (para se ficar a par da famosa teoria do tempo)»5.Ficámos, pois, junto da ideia proustiana do temporeencontrado e continuamos a acreditar no poder damemória afectiva – retirando do parêntese o quejustamente pertence à oração directa. (Entre parênteseestá a exclamação de Proust «Agora já posso morrer!»suspirada quando a sua secretária, Yvonne d´Albaret,acabou de dactilografar os quinto e sexto volumes do EmBusca do Tempo Perdido e o sétimo e o último, O TempoReencontrado, já estava escrito). Os jogos da morte,colocamo-los entre parêntese:-#

Varsóvia, 8 - 10 de Maio de 2005

1

Cf. M. I. Castelo Branco: ´´Exercícios de composição eredacção´´, in: Pequeno Curso da Língua Portuguesa, Serviçode Bibliotecas e Apoio à Leitura, Fundação ClousteGulbenkian, Lisboa 1995, pp. 63-71 e C. Cunha, L. Cintra:

Breve Gramática do Português Contemporãneo, 11ª ed., EdiçõesJoão Sá da Costa, Lisboa 1998, pp. 429-441.

O Dicionário da Língua Portuguesa 2004, da Porto Editora,na p. 1244 fala do parêntese ou de uma frase que seintercala num período, mas que tem sentido à parte; osinal (...) identifica e delimita essa frase. Há tambémparêntes rectos, colchetes e travessões, com importantesfunções nos trabalhos de linguística e de filologia.

2

À La Recherche du Tempos Perdu de M.Proust tem, desde2003 até ao momento presente, seis (dos sete) volumesde Em Busca do Tempo Perdido, traduzidos em portuguêspor Pedro Tamen e publicados pela Relógio d´Água:

I. Do Lado de Swann,II. À Sombra das Raparigas em Flor,III.O Lado de GuermantesIV.Sodoma e GomorraV. A PrisioneiraVI.A FugitivaLe Temps retrouvé/O Tempo Reencontrado é de esperar embreve.

3

M. Proust: Le Temps retrouvé, in: À La Recherche du TemposPerdu III (La Prisionière, La Fugitive, Le Tempos retrouve),Gallimard, Paris 1954, p. 1048. Cf. também as traduçõespolacas deste fragmento feitas depois de 1945: M.Proust:Czas odnaleziony, in:W poszukiwaniu straconego czasu,vol. VIII,prze³.J. Rogoziñski, PIW, Warszawa 1960, pp. 453-454 e Idem:,Czas odnaleziony prze³. M. ̄ urowski, Prószyñskii S-ka, Warszawa 2001, p. 314.

4

«(Était-ce pour cela que la figure des hommes d´un cer-tain âge était, aux yeux du plus ignorant, si impossible àconfondre avec celle d´un jeune homme et n´apparaissaitqu´à travers le sérieux d´une espèce de nuage?)». M. Proust:Le Tempos retrouvé, op. cit. (a última nota da obra, marcadacom o *, i. e., com o asterisco).

5

M. A. Seixo: ´´Em Busca do Tempo Perdido”, de Marcel Proust– O Romance do Século´´, in: JL – Jornal de letras, artes e ideias,No 853, Lisboa ,11 a 24 de Junho de 2003, p.5.

¿?¿?¿?¿?¿?A ARTE DE COLOCAR

PARÊNTESES EXAMINAMO-LA

NA OBRA À LA RECHERCHE

DU TEMPS PERDU/EM

BUSCA DO TEMPO PERDIDO

DE MARCEL PROUST (1871-1922), NUMA GENIAL

ARTICULAÇÃO ENTRE OINTELECTUALISMO

(NO TEXTO DO DISCURSO

DESSE FAMOSO ROMANCE

PUBLICADO EM 1913-1927) EO SENSUALISMO

(NA CONSTRUÇÃO

PARENÊTICA, NAS

RETICÊNCIAS, NO

NÃO-DITO OU TENUAMENTE

SUGERIDO DA PRÁTICA

HOMOSSEXUAL,MASCULINA OU FEMININA)

Page 12: jornal de Dezembro 2004 - pontosigno.pl

Maio/Junho 2005 Mayo/Junio 200522 23

Poemas de Poemas de Poemas de Poemas de Poemas de Mónica Góñez SilvaMónica Góñez SilvaMónica Góñez SilvaMónica Góñez SilvaMónica Góñez Silva

(: >SEDUCINDO EN PEDRA E AUGAPERTENCE Á NOVA XERACIÓN DE POETAS DO PANORAMA DAS LETRAS GALEGAS. DESDE O 2000 É LECTORA DE LINGUA,CULTURA E LITERATURA GALEGAS NA UNIVERSIDADE DE TRIER EN ALEMAÑA. DO SEU TRABALLO DE INVESTIGACIÓN PODEMOS

DESTACAR AS EDICIÓNS LINGÜÍSTICAS DE OBRAS COMO O ESPELLO NO SERÁN DE RAMÓN OTERO PEDRAYO (XERAIS, 1999) EOBRA NARRATIVA. A FRONTEIRA INFINDA E A TABERNA DO GALO DE CELSO EMILIO FERREIRO (XERAIS, 2003).

O 18 DE FEBREIRO DEU UNHA CONFERENCIA NO NOSO INSTITUTO SOBRE “A IMPORTANCIA DA LÍRICA NO PROCESO DE CONSTRUCIÓN

DUNHA IDENTIDADE CULTURAL. O CASO DE LONGA NOITE DE PEDRA”, CONVIDADA POLO CENTRO DE ESTUDOS GALEGOS.

A SEGUIR MOSTRAMOS ALGÚNS DOS SEUS POEMAS. ESCRITURA ATEIGADA DE FORZA QUE NOS ACHEGA AO DESEXO DO SER

HUMANO. PERMÍTENOS OLLAR O INDIVIDUO DEVEZOSO NA PROFUNDIDADE DA SÚA ALMA, DEIXÁNDONOS SENTIR NA PUNTA DOS

DEDOS O ALENTO DA SÚA RAZÓN, CONSENTÍNDONOS ESCOITAR OS MURMURIOS DO SEU INTERIOR. A TRAVÉS DO ESTALIDO DE

BERROS DA SÚA PALABRA, DA DESCRICIÓN DE RETALLOS CONCISOS, DE IMAXES EFÉMERAS FOTOGRAFADAS. SALFERIDA SEMPRE

DE SALITRE.

Deixabasanaquiños de mardebaixo das uñaspara que bebese de tisen matar nunca a sede.Eu levabaargazo nos dedose perdíao no teu leito.

Coma os gatosque perderan a inocencia,afiaba as uñasna madeira de amieiropola bandana que non lle daba o vento.Cravábaas logonos ollose estirpaba as escenasnas que saíras.

Vintecinco ladróns roubaron o queera deles e mataron os robalos que choraban.Vintecinco vellas cantaron, molestandoá hora do café. Botáronlle-lo fumeá cara ós que intentaban adormece-lohome e cuspiron nos restos de biscoito.Vintecinco mortos botaron da camaos señores, desfacendo as sabas enbandeiras de azucre para todos.Aquel día, no mundo houbo unhaRevolución e naceron flores.

Fixen sangue en min nas rúas deSantiago, e agardando a ambulanciaenchín as pedras de salitre. Arrastreimeda cama e fun, caendo, detrás dosollos das gaivotas cheirando ó bravo,seguindo a agonía dun sol candeadoa matar diariamente. E en chegando,dei contigo que agardabas para nonmarchar. Morreremos no mar -dixemos-,porque nunca nos falaron doutra morte.Anque veñamos logo avisarvos a terra.

Hei de esgazarte coas uñasata rompe-las tellas,e chegar ó faiado sen varrerpara facer sangue nos teus soños.Hei tende-la roupa sen lavarnas túas cordas,ata que chores esgotado polo pesodas nosas miserias.Hei, se acaso,morrer en tie apodrecer á túa beirapara que gocese repouses entre os vermes.

Desfacerse por dentro é como comer area horase horas, ata perde-lo sabor. Morder na pedra miúdae construíla de novo no sangue das enxivas. Facermontes con ela nas covas dos ollos e seguir roendosen saliva suficiente para botala abaixo. Comerarea é como inventarse de novo desde debaixo dospés. Desde debaixo dos pés mata-las cameliasmurchas por non ter cunchas que morrer. Esmagarfollas debuxadas e mira-los peixes nun anaco de poza,nadando formas xeométricas. Peixes pintados parapareceren xente e facérense homes. Afogados duntiro a ocuparen sombra, nunca irán ó forno pornon teren visto o mar. Por non teren visto o marhan morre-los non nacidos coa cabeza enteiraenterrada na area.

L

(: >

L

Page 13: jornal de Dezembro 2004 - pontosigno.pl

Mayo/Junio 2005 Maio/Junho 200524 25

NA “COVA DOS CARCAMÁNS”TTTTTraducción de raducción de raducción de raducción de raducción de Joanna StankiewiczJoanna StankiewiczJoanna StankiewiczJoanna StankiewiczJoanna Stankiewicz

NESTE ESPAZO PRESENTAMOS A TRADUCCIÓN AO POLACO DUN RELATO DE CASTELAO PERTENCENTE Á SÚA OBRA

Cousas, EDITADA EN DOUS LIBROS EN 1926 E 1929, CUNHA EDICIÓN DEFINITIVA EN 1934.

W Jaskini Przemytników mieszka, jak powiadaj±, pewna piêknakobieta, która chodzi czesaæ siê wczesnym rankiem na ska³ynieopodal morskiego brzegu. I ja chadza³em tam, by skróciæ chwileowej uci±¿liwej samotno¶ci, oczekuj±c, ¿e pewnego dnia uka¿e siêmoim oczom piêkno¶æ, któr± widzia³o ju¿ tylu marynarzy. I woczekiwaniu na piêkn± kobietê spêdza³em dzieñ za dniem siedz±czawsze na czubku tego samego kamienia.

Powoli zapomnia³em o oczarowaniu i przyzwyczai³em siê dostraszliwej samotno¶ci i huku morskich fal. Ci±gle jeszcze mam wuszach szum fal, które rozbija³y siê o ska³yi ich echo w Jaskini Przemytników.

Moje oczy rzadko b³±dzi³y w oddali, wpatrywa³y siê raczej w g³êbiêwód, gdzie dostrzec mog³em ¶wiat, który da³ pocz¹tek mitom wwyobra¼ni ludowej.

Nie wiem dlaczego, ale zawsze zatrzymywa³em wzrok na kamieniuokr±g³ym jak czaszka, pokrytym zielonymi porostami.

Pewnego dnia intensywnych przyp³ywów i dop³ywów, morzeodst±pi³o tak bardzo, ¿e kamieñ wy³oni³ z wody swój grzbiet i takjak nigdy przypomina³ czaszkê pokryt± zielonymi w³osami. Kiedyfala zalewa³a kamieñ, w³osy burzy³y siê pod wod± jak splotyutopionej kobiety. Gdy fale ustêpowa³y kamieñ wynurza³ siê z wodya w³osy stawa³y siê g³adkie, wygl±da³ wtedy jak uczesany zprzedzia³kiem na ¶rodku, zupe³nie jak g³owa kobiety.

Wiele razy widzia³em jak morskie fale bawi³y siê zielonymi w³osami,a moje oczarowane oczy nigdy nie mêczy³y siê tym widokiem.

Pewnego mglistego poranka poczu³em nieodpart± chêæ by podnie¶ækamieñ i oderwaæ w³osy po to, by przywróciæ spokój mojej duszy.

Ryzykuj±c ¿yciem uda³o mi siê dotrzeæ tu¿ nieopodal okr±g³egokamienia i wyci±gn±wszy ramiê chwyci³em w³osy i poci±gn±³em zanie do góry. Kamieñ by³ lekki i unios³em go w powietrzu jak kat, copokazuje ¶ciêt± g³owê. Gdy to sobie przypominam do dzi¶przechodz± mnie dreszcze. To, co zwisa³o za w³osy za mojej rêki tonie by³ kamieñ, to by³a...ludzka czaszka!

Byæ mo¿e czaszka piêknej kobiety, która musia³a zgin±æ, bo ju¿ oddawna nie chodzi czesaæ siê wczesnym rankiem na ska³y nieopodalmorskiego brzegu:-#

Na “cova dos carcamáns” vive —según contan— unha donaencantada que vén a peitearse de mañán cedo nas pedras dabeiramar, i eu gustaba de ir mata-lo tempo naquela medoñentasoedade, agardando que calquera día aparecese diante dos meusollos a fremosura que tantos mariñeiros ollaran. I en axexo dadona encantada pasei días e días sentado no curuto da mesmapedra.

Fun esquecéndome do encanto e afíxenme á soedade medoñentae ó bruído das ondas do mar. Aínda levo nos ouvidos o son dasondas que escachaban nas pedras e a resposta que fa-cían nofondo da “cova dos carcamáns”.

Os meus ollos poucas veces esculcaban nas lonxanías:pousábanse mellor no fondo das augas, onde eu podía avista-lomundo que criou mitos no maxín popular.

Non sei por qué; mais eu sempre detiña o meu ollar nunha pedraredonda como un cráneo, toda cubería de argazo verde. E asmiñas visitas xa non tiñan outro ouxeto que olla-la pedra redonda.

Un día de mareas vivas tanto devalou o mar que a pedra botoufora das augas o seu curupete e nunca tanto se asemellou a uncráneo cuberto de cábelos verdes. Cando unha onda solagaba apedra, o pelo desfiañábase debaixo do mar, aboiando como ocabelo dunha muller afogada. No recuar das ondas a pedra saíadas augas e o cabelo aplacábase i entón aparecía peiteada conraia ó médeo, talmente como unha cabeza de muller.Moitas veces ollei como as ondas do mar xogaban co cabeloverde e os meus ollos encantados non se fartaban endexamais.

Nun serán de brétema déronme tentacións de colle-la pe-dra edesfacerlle os cabelos para dar acougo ó meu espirito.Arriscándome moito puden chegar pertiño da pedra re-donda e,alongando o brazo, apañei os cabelos e turrei por eles para riba.

A pedra era levián i erguina no aire como un verdugo que amostraunha cabeza cortada. Cando me lembro, aínda sinto un arrufíonas costas. O que eu tiña pendurado polos cabelos non era unhapedra, non: era... ¡unha caveira humán!

Cicais a caveira da dona encantada, que debeu morrer, porquexa fai moito tempo que non vén peitearse de mañán cedo naspedras da beiramar:-#

A veces por las noches —meditaba aquella ocasión laPulga— cuando el insomnio no me deja dormir como ahoray leo, hago un paréntesis en la lectura, pienso en mi oficiode escritor y, viendo largamente al techo, por breves instantesimagino que soy, o que podría serlo si me lo propusiera conseriedad desde mañana, como Kafka (claro que sin suexistencia miserable), o como Joyce (sin su vida llena detrabajos para subsistir con dignidad), o como Cervantes (sinlos inconvenientes de la pobreza), o como Catulo (aun encontra o quizá por ello mismo, de su afición a sufrir por lasmujeres), o como Swift (sin la amenaza de la locura), o comoGoethe (sin su triste destino de ganarse la vida en Palacio),o como Bloy (a pesar de sus decidida inclinación a sacrificarsepor las putas), o como Thoreau (a pesar de nada), o comoSor Juana (a pesar de todo), nunca Anónimo, siempre LuiMême, el colmo de los colmos de cualquier gloria terrestre.

TTTTTexto de exto de exto de exto de exto de Augusto MonterrosoAugusto MonterrosoAugusto MonterrosoAugusto MonterrosoAugusto MonterrosoTTTTTraducción de raducción de raducción de raducción de raducción de Agnieszka WAgnieszka WAgnieszka WAgnieszka WAgnieszka Wronskaronskaronskaronskaronska´́́́́

Czasem w nocy - rozmy¶la³a pewnego razu Pch³a - gdybezsenno¶æ nie pozwala mi zasn±æ - tak jak w tej chwili - iczytam, robiê sobie przerwê na rozmy¶lanie, my¶lê o swojejpracy pisarza i, patrz±c przeci±gle w sufit, na krótkowyobra¿am sobie, ¿e jestem, albo ¿e, gdybym tylko tak sobieod rana na powa¿nie postanowi³a, mog³abym byæ jak Kafka- ale oczywi¶cie nie ¿yj±c jak on w biedzie, albo jak Joyce -ale nie wykonuj±c wszystkich tych zajêæ, które on wykonywa³aby godnie prze¿yæ, albo jak Cervantes - ale nie czuj±c jakon tych wszystkich niedogodno¶ci p³yn±cych z biedy, albojak Katullus - ale bez, a mo¿e w³a¶nie dla, jego upodobaniado cierpienia przez kobiety, albo jak Swift - wy³±czaj±czagro¿enie szaleñstwem, albo jak Goethe - ale nie bêd±c jakon skazana na smutny obowi±zek zarabiania na ¿ycie wPa³acu, albo jak Bloy - ale bez jego wyra¼nej sk³onno¶ci dopo¶wiêcania siê dla dziwek, albo jak Thoreau - opróczniczego, albo jak Sor Juana de la Cruz - oprócz wszystkiego,nigdy jako Anonim, zawsze jako Lui Même, szczyt szczytówwszelkiej ziemskiej chwa³y.

( )

_PARÉNTESIS(MYSLNIK)

(: >

L(: > =

L (: >

L(: > =

L

Page 14: jornal de Dezembro 2004 - pontosigno.pl

Maio/Junho 2005 Mayo/Junio 2005 2726

TTTTTradução de radução de radução de radução de radução de Malgorzata CzartMalgorzata CzartMalgorzata CzartMalgorzata CzartMalgorzata Czart

NIEWIDOMY RYBAK

£ód¼ ka¿dego cz³owieka znajduje siê w jego w³asnej piersi.

AQUI VOS APRESENTAMOS MAIS UMA TRADUÇÃO DE UM CONTO DE MIA COUTO, DESTA FEITA, É O CONTO “O PESCADOR CEGO” DO LIVRO

CADA HOMEM É UMA RAÇA DE 1990.

¯yjemy z dala od nas samych, w odleg³ej ob³udzie.Zanikamy. Dlaczego wolimy nas w tej ciemno¶ciwewnêtrznej? Mo¿e dlatego, ¿e ciemno¶æ ³±czy rzeczy,zszywa rozproszone w³ókna. Pod os³on± nocy niemo¿liwezyskuje pozory rzeczywistego. W tej u³udzie wypoczywaj±nasze urojenia.

Piszê to wszystko, zanim jeszcze zacz±³em. Zapis wod±, poktórym nie chcê ¶ladu, niezmiennego losu atramentu. Zpowodu Maneki Mazembe, niewidomego rybaka. Zdarzy³osiê, ¿e wyk³u³ sobie dwoje oczu, dwie studnie wypite przezs³oñce. Sposób w jaki straci³ wzrok, to dopiero historia. Jednaz tych, które im czê¶ciej opowiadane, tym mniej siê rozumie.Ostatecznie wiele g³osów tworzy tylko ciszê.

Zdarzy³o siê podczas pewnego po³owu: Mazembe zagubi³siê w bezkresie. Nawa³nica sp³oszy³a ma³e concho [canoe,ma³a ³ódka] i rybak zab³±ka³ siê bezpowrotnie. Minê³ygodziny, wezwane przez czas. Bez sieci ani zapasówMazembe zawierzy³ nadziei. Ale g³ód zacz±³ zagnie¿d¿aæsiê w jego ¿o³±dku. Postanowi³ zarzuciæ wêdkê, ju¿ beznadziei: haczyk domaga³ siê przynêty. A nikt nie zna ryby,która zabije siê dla przyjemno¶ci, po³kn±wszy pusty haczyk.

Nocami zi±b udoskonala³ siê. Maneka Mazembe kuli³ siê wsobie. Nie ma lepszego schronienia ni¿ w³asne cia³o, my¶la³.Czy¿by p³ody w ³onie matki dr¿a³y z zimna?

Up³yn±³ tydzieñ, przepe³niony dniami. £ód¼ utrzymywa³asiê na powierzchni wody. Rybak trzyma³ siê przy ¿yciu.Mierz±c g³ód dotyka³ ¿eber w szkielecie cia³a.

- Ju¿ mnie nie ma.

Zawsze tak jest: rozs±dek chudnie szybciej ni¿ cia³o. Iw³a¶nie w tej chudo¶ci zrodzi³a siê decyzja Maneki. Siêgn±³po nó¿ i pewnym ruchem wykona³ zabieg. Wy³upa³ lewe.Drugie zostawi³ do dalszego u¿ytku. Wbi³ oko na haczyk.By³ to ju¿ narz±d obcy, wyrugowany. Jednak wzdrygn±³ siêspojrzawszy na nie. Zdawa³o mu siê, ¿e to wydziedziczoneoko wpatrywa³o sie w niego uporczywie, w zranionymosamotnieniu sieroty. I przez to, ów haczyk wbijaj±cy siê wjego w³asne obce cia³o, sprawia³ mu ból wiêkszy, ni¿ móg³bysprawiæ jakikolwiek cierñ.

Zarzuci³ wêdkê i czeka³. Ju¿ zgadywa³ wielko¶æ ryby,dusz±cej siê w powietrzu. Tak, przecie¿ nie co dzieñ rybamo¿e skosztowaæ takiego k±ska. I ¶mia³ siê ze swychw³asnych s³ów.

Ryba, koniec koñców, przyp³ynê³a. T³usta i srebrzysta.Zreszt±: czy kto¶ kiedy¶ widzia³ chudziutk± rybê? Nigdy.Morze jest szczodre, bardziej ni¿ ziemia.

Tak my¶la³ Mazembe, kiedy m¶ci³ siê na g³odzie. Upiek³rybê bezpo¶rednio na ³odzi. Uwa¿aj, pewnego dnia conchosp³onie, z tob± w ¶rodku. Tak ostrzega³a Salima, jego ¿ona.Teraz, z pe³nym brzuchem, u¶miecha³ siê. Salima, có¿ onawie? Chudziutka, jej krucho¶æ by³a podobna trzcinom,uleg³ym nawet najl¿ejszemu podmuchowi wiatru. Trudnozrozumieæ jak± si³ê z siebie wydobywa³a, gdy d¼wiga³aca³kiem wysoko t³uczek mo¼dzierza. I uko³ysany przezSalimê, Maneka rozlu¼ni³ siê, a nawet zdrzemn±³.

Ale nie mierzy siê drzewa d³ugo¶ci± cienia. Uparty g³ódpowróci³. Mazembe chcia³ wios³owaæ, nie dawa³ rady. Ju¿¿adna si³a mu nie pozosta³a. Zdecydowa³ siê wiêc: wy³upieprawe. I znowu sam siê zoperowa³. Ciemno¶æ otoczy³arybaka. Mazembe, podwójnie ¶lepy, tylko palcom powierzy³postrzeganie. Znowu zarzuci³ wêdkê w morze. Nie czeka³d³ugo, by poczuæ poci±gniêcie, zwiastuj±ce najwiêksz± rybêjakiej nigdy dot±d nie z³owi³.

W tymczasowym wytchnieniu od g³odu, jego ramionaodzyska³y sprawno¶æ. Jego dusza wróci³a z morza.Wios³owa³, wios³owa³, wios³owa³. A¿ ³ód¼ zadr¿a³a,ciemno¶æ przeciwko ciemno¶ci. Z u³o¿enia fal, pluskaj±cychdziecinnie, odgad³, ¿e dotar³ do pla¿y. Podniós³ siê i zawo³a³o pomoc. Czeka³ kilka milczeñ. W koñcu us³ysza³ g³osynadchodz±cych ludzi. Zdziwi³ siê: te g³osy by³y mu znajome,te same co w jego w³asnej wiosce. Czy¿by jego ramionarozpozna³y drogê powrotu, bez pomocy wzroku? Pochwyci³ogo wiele r±k, które pomog³y mu wysi±¶æ.

By³y p³acze, lamenty. Wszyscy chcieli go widzieæ, nikt niechcia³ na niego patrzeæ. Jego powrót budzi³ rado¶æ, jegowygl±d sia³ zgrozê. Mazembe wróci³ rozebrany z tego, conas najbardziej stanowi: z oczu, okien gdzie p³onie naszadusza.

Od tego czasu Maneka Mazembe nigdy ju¿ nie wyp³yn±³ wmorze. Nie ¿eby z w³asnej woli pozosta³ na tym wygnaniu,wydziedziczony z morza. On nalega³: jego ramionaudowodni³y, ¿e znaj± ¶cie¿ki na wodzie. Ale nikt nie wyra¿a³zgody. Jego ¿ona bardzo-bardzo broni³a mu chwyciæ zawios³a.

- Muszê wyruszyæ, Salimo. Có¿ bêdziemy jedli?- Lepiej byæ biedn± ni¿ wdow±.

Pocieszy³a go, bêdzie zbieraæ ma³¿e, strzykwy, muszlemiêczaków do jedzenia i na sprzeda¿. I w ten sposób zwiod±nêdzê.

- Ja te¿ mogê ³owiæ ryby, Maneka, na ³odzi...- Nigdy, kobieto. Nigdy.

Mazembe wzburzy³ siê: ¿eby nigdy wiêcej nie wraca³a dotego pomys³u. By³ ¶lepy, ale nie straci³ swego statusu ma-cho.

Minê³y wieki ca³e. D³ugimi porankami ¶lepiec ch³on±³s³oñce. Jego marzenia buja³y siê rozmarzone na falach. A¿do po³udnia, kiedy to córka przemieszcza³a go w pieszczotêcienia. Tam podawano mu jedzenie. Tylko dzieci mog³y toczyniæ. Poniewa¿ rybak odda³ siê jednej jedynej walce:odsun±æ od siebie troskê Salimy, swej delikatnej ¿ony.Przyjêcie jej opieki by³oby, w oczach Mazemby,najbole¶niejszym poni¿eniem. Salima ofiarowywa³a muczu³o¶æ, on odmawia³. Wo³a³a go, on odpowiada³ pomrukiem.

Ale z biegiem czasu g³ód zamieszka³ z nimi. Salima wlok³asiê, punktualniejsza ni¿ p³ywy, zbieraj±c skorupki nêdzy, zbytdu¿o pustych muszli, ¿eby siê naje¶æ.

Wobec tego Salima zakomunikowa³a mê¿owi: ilekolwiekmia³oby go to kosztowaæ, ona wejdzie na ³ód¼ nazajutrz.Bêdzie ³owiæ ryby, jej cia³o kry³o nakazy, których on nie by³¶wiadom. Mazembe sprzeciwi³ siê, w rozpaczy. Nigdy! Gdziekto kiedy widzia³ kobietê ³owi±c± ryby, rozkazuj±c± ³odzi?Co powiedz± inni rybacy?

- Nawet gdybym mia³ ciê przywi±zaæ do mojej nogiSalimo: nie wyp³yniesz w morze.

Powiedziawszy, co mia³ do powiedzenia, zawo³a³ dzieci. Porozmowie zszed³ na pla¿ê. Ca³a jego chudo¶æ napina³a siêna ³uku cia³a. By³ odp³yw i ³ódka spoczywa³a brzuchem napiasku, rozleniwiona.

- Idziemy dzieciaki. Przepchniemy tê ³ód¼ tam do góry.

On i dzieci przeci±gnêli ³ódkê w górê wydmy. Przenie¶li j±tam, gdzie nigdy nie docieraj± fale. Mazembe potrz±sn±³rêkoma, w sposób obra¼liwy dla ¿ony.

- Salimo, nie pogrywaj ze mn±.

I odwracaj±c siê w stronê ³odzi rzek³:

- Teraz bêdziesz domem.

Od tego momentu Maneka Mazembe zamieszka³ na ³odzi,wodno-l±dowej. Razem z ³odzi± przypomina³ przewróconego¿ó³wia, niezdolnego wróciæ do morza. I w tym rozleg³ymosamotnieniu Mazembe zatraci³ siê.

A¿ do pewnego niepewnego poranka. Salima zbli¿y³a siê do³odzi, przez chwilê przygl±da³a siê mê¿owi. By³ wyra¼niezaniedbany, na twarzy gêsta broda. Kobieta usiad³a, trzyma³aw rêkach garnek z ry¿em. Odezwa³a siê:

- Maneka, od dawna nie rachujesz mi ko¶ci pa³k±.

Kto wie, zgadywa³a, czy ta jego gorycz nie by³a skutkiemabstynencji. Mo¿e potrzebuje poczuæ jej ³zy, wy³±cznyw³a¶ciciel jej cierpieñ.

- Mazembe, mo¿esz biæ. Ja pomogê: bêdê spokojniutka,bez uchylania siê w ¿adn± stronê.

Rybak, milcz±cy, przebiega³ zakamarki swej duszy. Zna³fortele kobiet. Dlatego przekierowa³ rozmowê.

- Nie wiem nawet która godzina. Teraz nigdy nie wiem.

Salima nalega³a, prawie b³agaj±c. ̄ eby j± pobi³. Mê¿czyzna,po d³ugiej chwili, podniós³ siê. Potkn±³ siê o jej cia³o, chwyci³j± za ramiê, w oskar¿ycielskim ge¶cie. Salima oczekiwa³amê¿owskiej przemocy. Jego rêka opad³a, jednak po to bypochwyciæ garnek. Gwa³townym ruchem cisn±³ straw± oziemiê.

- Nigdy wiêcej nie przyno¶ mi jedzenia. Nie potrzebujêniczego co twoje. Nigdy wiêcej.

Kobieta usiad³a miêdzy ry¿em a piaskiem, ¶wiat rozpad³ siêw ziarenka. Przyjrza³a siê mê¿owi wracaj±cemu do ³odzi idostrzeg³a jak siê upodabniali, mê¿czyzna i przedmiot: jeden,

(: >

L(: > =

L (: >

L(: > =

L

Page 15: jornal de Dezembro 2004 - pontosigno.pl

Mayo/Junio 2005 Maio/Junho 2005

spragniony ¶wiat³a; drugi, stêskniony fal. Kiedy by³a ju¿ wdrodze, Salimê zatrzyma³o jego wo³anie.

- Kobieto, proszê o przyniesienie mi ognia.

Zadr¿a³a. Ogieñ, do czego? G³êbokie przeczucie kaza³o jejsprzeciwiæ siê. We ³zach, us³ucha³a go. Przynios³a kawa³ekdrewna, p³on±cy.

- Nie rób tego, mê¿u.

¦lepiec chwyci³ pochodniê, jak gdyby by³ to miecz. Potemcisn±³ ogieñ do ¶rodka ³odzi. Salima krzycza³a, kr±¿±c wokó³p³omieni, jakby p³onê³y w jej wnêtrzu. To jego szaleñstwoby³o zaproszeniem dla nieszczê¶cia. Dlatego potrz±snê³a goza star± koszulê, ¿eby wys³ucha³ jej decyzji o odej¶ciu,zabraniu dzieci na zawsze. I kobieta odesz³a, nie pozwoliwszyby jej dzieci ujrza³y swego starego ojca, opêtanego,przeklinaj±cego ich ¿ycie.

Rybak zosta³ sam, wydawa³o siê jakby pla¿a jeszczezogromnia³a. W swym nic nie znacz±cym dzia³aniu pozwoli³sobie zapa¶æ siê w noc, wyczuwaj±c na palcach smak popio³u.Dotykanie zgliszczy dawa³o mu poczucie wielko¶ci.Przynajmniej przypad³o mu unicestwiæ, zniszczyæ tyle ile muby³o zabronione.

Maneka nie zauwa¿a³ up³ywaj±cych dni. Jednak pewnej nocypotwierdzi³y siê przeczucia Salimy: tamten ogieñ wzbi³ siêzbyt wysoko, niepokoj±c duchy. Gdy¿ u szczytu koron palmkokosowych zacz±³ zawodziæ wiatr. Mazembe zatroska³ siê,nawet pod³o¿e zadr¿a³o. Nagle niebo siê rozst±pi³o i ogromnekamienie lodowe spad³y na ca³± pla¿ê. Rybak biega³ na o¶lep,w poszukiwaniu schronienia. Grad, nieub³agany, wymierza³mu karê. Maneka nie zna³ wyja¶nienia. Nigdy nie zetkn±³ siêz takim zjawiskiem. Ziemia wspiê³a siê do nieba, my¶la³.Przewrócony do góry nogami, ¶wiat pozwala³ spadaæ swemutworzywu. Z niepokojem sieroty, rybak opad³ na kolana,ramiona owiniête wokó³ g³owy. Nie s³ysza³ nawet siebiesamego, jedynie spostrzeg³, ¿e po¶ród w³asnego szlochu ijêków ziemi, wzywa Salimê.

W³a¶nie wtedy poczu³ dotyk delikatnej d³oni na ramionach.Podniós³ twarz: kto¶ wyciera³ mu pot. W pierwszym odruchustawi³ opór. Potem ust±pi³, moszcz±c siê jak dziecko nakolanach matczynych. Zawo³a³:

- Salima?

Milczenie. Kim by³a ta postaæ tak pe³na czu³o¶ci? Musia³a tobyæ Salima, to cia³o kobiece, szczup³e i mocne. Ale rêce tejzdawa³y siê starsze, pomarszczone licznymi smutkami.

Przenios³a go pod dach, by³aby to jego stara chata? Jednak tomiejsce zdawa³o siê epatowaæ inn± cisz±, innym zapachem.Tam na dworze zmaga³y siê wiatry. Nawa³nica oddala³a siê.Teraz rêce my³y mu twarz, ³agodz±c sól.

- Nie wiem kim jeste¶ ....

Grzebieñ wyg³adzi³ mu w³osy. Maneka, uko³ysany, prawieusypia³. Ruchem ramienia pomóg³ przy nak³adaniu mukoszuli, ubranie by³o wykrochmalone.

- Kimkolwiek jeste¶, proszê ciê: nigdy nie u¿ywaj swegog³osu. Nigdy nie chcê s³yszeæ twych s³ów.

To¿samo¶æ tej kobiety, w ciszy, bêdzie musia³a siê zatraciæ.By³yby to rêce Salimy, by³aby to jej chata: w niewiedzy bêdziezmuszony pogodziæ siê z tym. Co wiêcej, uprzedzano go osprycie kobiet przy udomawianiu mê¿czyzn, zamienianiu ichw dzieci, dusze o niedostatecznej wierze w siebie.

Maneka w ten sposób odzyskiwa³ poczucie rzeczywisto¶ci.Pozwala³ dbaæ o siebie podnoszony na duchu przez têanonimow± kobietê. Ona spe³nia³a jego pro¶bê, nigdy niewydaj±c nawet westchniêcia.

Codziennie po po³udniu oddala³ siê samotnie do puszczy.Oddawa³ siê potajemnej pracy, jego jedynej pasji. A¿ wreszcie,pewnego wieczora, zjawi³ siê przed milcz±c± towarzyszk± ipowiedzia³:

- We¼ te wios³a. Tam na pla¿y czeka ³ód¼, któr± zrobi³em,¿eby¶ mog³a pop³yn±æ na ryby.

I kontynuowa³: niech wyp³ynie, we¼mie tê ³ód¼ pod swoj±komendê. O niego niech siê nie martwi. On zostanie na skrajuwody, skupiony na tym, co wyrzuca morze.

- Wyobra¼ sobie, ¿e chodzê szukaæ tych moich oczu, którestraci³em.

Od tego czasu, ka¿dego nieomylnego poranka widzianoniewidomego rybaka w³ócz±cego siê po pla¿y,przerzucaj±cego pianê, któr± morze uk³ada w litery napiasku. I tak, mokrymi krokami, zdawa³ siê szukaæ ca³o¶ciswego oblicza, przez pokolenia i pokolenia fal.�

TTTTTradução de radução de radução de radução de radução de Malgorzata CzartMalgorzata CzartMalgorzata CzartMalgorzata CzartMalgorzata Czart

NIEWIDOMY RYBAK (CONTINUAÇÃO) CERTEZA

CERTEZA

Si es real la luz blancade esta lámpara, realla mano que escribe, ¿son realeslos ojos que miran lo escrito?

De una palabra a la otralo que digo se desvanece.Yo sé que estoy vivoentre dos paréntesis.

Octavio Paz, Días hábiles

PEWNO¦Æ

Je¿eli rzeczywistym jest ¶wiat³obia³e lampy, rzeczywistad³oñ która pisze, rzeczywistes± oczy wpatrzone w zapis?

Od s³owa do s³owato co mówiê, wietrzeje.Wiem, ¿e jestem ¿ywymiêdzy nawiasami.

(t³um: Krystyna Rodowska)

28 29

CERTESA

Si és real la llum blancad’aquesta làmpada, realla mà que escriu, són realsels ulls que miren allò escrit?

D’una paraula a l’altrael que dic desapareix.Jo sé que estic viuentre dos parèntesi.

(trad: Josep A. Clement)

CERTEZA

Se é real a luz brancadesta lâmpada, reala mão que escreve, são reaisos olhos que olham o escrito?

De uma palavra à outrao que digo desvanece-se.Eu sei que estou vivoentre dois parêntesis.

(trad: José C. Dias)

( )

(: >

L(: > =

L (: >

L(: > =

L

Page 16: jornal de Dezembro 2004 - pontosigno.pl

Maio/Junho 2005 Mayo/Junio 2005

ENTREVISTA COM RODOLFO VALENTINOTTTTTexto de exto de exto de exto de exto de DDDDDaniela Capilléaniela Capilléaniela Capilléaniela Capilléaniela Capillé

:-| es el amor :p ?A morte é coisa que não é nossa.

Mas a vida, a vida é, e eu morro de medo de respirarClarice Lispector

TTTTTexto de exto de exto de exto de exto de Gerardo BeltránGerardo BeltránGerardo BeltránGerardo BeltránGerardo Beltrán

¿Qué bonito :))TODO DEPENDE DEL PUNTO DE VISTA(Y DE OTROS SIGNOS DE PUNTUACIÓN)

mostrarse alegre :) triste :( humilde :-| altivo `-|enojado >| valiente \-|fugitivo :S

otra vez Lope

As coisas sempre caminham com uma rapidez assustadoracom a qual não estamos muito dispostos a lidar.

E é tudo sempre muito engraçado.

De repente a sua nova casa torna-se cada vez mais sua, ascoisas se ajeitam, somem as caixas espalhadas pelo chão e asala sem janelas deixa de te incomodar tanto. Você logo seacostuma a dormir sozinha em uma nova cama e ficarolhando para teto sem que nada aconteça.

Ela já havia se acostumado a tudo isso e tudo já lhe pareciamais claro e menos difícil, quando chegou então RodolfoValentino.

Pensou em todas as coisas que sempre desejou fazer e nuncapôde e em todas aquelas que nunca imaginou até sesurpreender fazendo-as e viu que Rodolfo Valentino não seencaixava em nenhuma das duas. E por mais que tentasseser compreensiva, havia algo nele que a incomodava.

Ela se deitava para ver televisão e tão logo percebesse talmovimento, Rodolfo saía do seu canto e, sorrateiramente,subia na cama. Aconchegava-se perto dela e aos poucos seaproximava, até que chegasse tão perto ao ponto de lheesfregar nas pernas o rabo.

E ela então o rechaçava. Não tanto porque não gostassedele, mas simplesmente porque não queria que ele a amassetão fácil assim.

Um dia ela chegou em casa e se deparou com o vazio. E ogato.

Varreu todos os cantos da casa-pequena em busca de algoque a confortasse, mas ao fim dessa busca vazia só sobroumesmo Rodolfo. Ela chorou abraçada ao gato e ele, no fundodo seu típico sarcasmo felino, apreciou toda a cena, porquepercebeu que finalmente ela se dera conta da solidão que osunia.

Quando se deu conta do ridículo, ela secou as lágrimas,decidida a tomar uma atitude drástica. E então convocouRodolfo Valentino para prestar esclarecimentos.

Ele compareceu a esta entrevista um tanto quanto atrasado.Sumiu no patético sofá-florido, se aconchegando nasalmofadas e me olhou de resvalo, como habitualmente o faz.

Eu o olhei por uns instantes, esperando um pedido dedesculpas que não veio e então decidi começar com umapergunta crucial:

EU: Pois é, e a vida, hein, Rodolfo?

R.V: Esta é uma coisa esquisita, não é mesmo?

(Não esperou resposta.)

Veja bem o meu caso: eu nasci para suprir uma necessidade de consumo.Logo fui vendido, mas não sou idiota de reclamar disto. A sociedade deconsumo não é assim tão ruim como pintam. O problema é que eu vivium ano ali, numa casa grande. Era a minha casa, sabe? Eu achavaque aquele era o meu lugar. E de repente me trouxeram para cá. Agoraeu tenho que me adaptar a este novo ambiente, esta nova vida. Mas vocême compreende, não é?

EU: Claro…

(E deixou cair um pouco os olhos, porque sentia que elefalava mais dela do que dele próprio. Uma alfinetada... E serecompôs, tentando dar a volta por cima.)

EU: Mas você aqui tem uma boa vida, não é?

R.V: Com certeza, não reclamo de nada, apesar da solidão e da faltade TV a cabo. Mas não se engane. A vida, minha filha, a vida é umsoco no estômago.

Ela o olhou, assustada com o seu pessimismo de intelectualcontemporâneo. Rodolfo Valentino sorriu debochado e puloudo sofá, deixando-a sozinha na sala sem janelas.

Deitada de barriga para cima, ela apertou os olhinhospequenos e só então percebeu que chorar abraçada a um gatoverborrágico não faria o tempo passar mais rápido.

Sorriu por dentro e pensou que talvez não seria tão ruimassim conviver com aquelas pulgas.!

:-¿?

30 31

¡Qué bonito es el amor!, dicen los que no lo han vividode cerca y sólo lo han visto en el metro, en el cine o en elPlay Boy Chanel, por mencionar algunos de los sitios másfrecuentadospor los nostálgicos solitarios :-P, y queprecisamente por nostálgicos siguen y seguirán siendosolitarios y siguen y seguirán creyendo en el amor, o cuandomenos en su belleza *-)

¿Qué? ¿bonito es el amor?, exclaman enfurecidos losque han pasado por ahí y, de hecho, siguen pasando y nosaben bien cómo salir o si salir o no, o cuándo y a quéhora, o si no será mejor quedarse y seguir enfurecidos >-@

¡Qué bonito es el amor? o ¿Qué bonito es el amor!,dicen los indecisos (es decir, otros más indecisos que losdel párrafo anterior), según su estado de ánimo –quetampoco pueden dicidir tan fácilmente- :<

¿Que bonito es el amor?, preguntan los que no oyen ono quieren oír bien, por si acaso y para evitar el riesgo deser clasificados en otro párrafo 8-|

¡Qué bonito!, es el amor, gritan los asombrados cuandolo ven pasar frente a ellos a la velocidad del rayo :-O

Qué bonito es… el amor…, suspiran, suspiran y suspiranlos que suspiran y suspiran :| y hasta los que lloran y llorana lágrima suelta :’(

Qué bonito es él, amor, confiesa ella a su él hablando deotro él, a lo que su él, el de ella, responde: “¡¿?!” con aireamenazador >o|

Qué bonito es, el amor, y no cualquier otra cosa quepueda ser bonita pero que no lo es tanto o lo es más, perono de la misma manera ;-)

Dicho de otra manera:

¡El amor es bonito!¿El amor es bonito?“El amor es bonito”El amor es “bonito”.

El amor es bonito*.(El amor es bonito)-El amor es bonito-.-El amor es bonito.El amor es bonito...El amor [...] es bonito.El-a-mor-es-bo-ni-to.El amor es boni-toEl amor / es bonito.El amor

[es bonito.

Y etcétera, etcétera, etc...

Cada uno según le va en la feria.

El más relativo de todos los signos de puntuación es elpunto de vista.

Pero relatividades aparte,el amor es bonito

y punto.

* Ver Encyclopædia amoris et altrarum rerum imaginarum(Enciclopedia del amor y otros seres imaginarios), Leipzig, 1791,volumen CLVIII, p. 743.

Page 17: jornal de Dezembro 2004 - pontosigno.pl

Mayo/Junio 2005 Maio/Junho 2005

TTTTTexto de exto de exto de exto de exto de Agata AdamskaAgata AdamskaAgata AdamskaAgata AdamskaAgata Adamska

(.,;:...-!?) com a Ti Agática ;)

33

Queridos meninos! Lembram-se de mim? Sou a Ti Agática.Parece que o meu sobrinho Zé gostou mesmo da minhaexplicação do uso do imperfeito e pelos vistos passei de umasimples fazedora de bolos a colunista. No entanto, ser-secolunista não é nada fácil. No outro dia o Zé pediu-me paralhe explicar a questão dos artigos. Achei isso muito estranho.Ele não só é jornalista, mas ainda por cima é o director donosso jornal e agora já não percebe nada de artigos??! Eleque até então sabia escrever mesmo artigos de fundo! Fiqueimuito preocupada e até já comecei a preparar um chá deurze e urtigas para proteger o meu sobrinho contra algummau olhar da concorrência, mas decidi não entrar em pânico.

O Zé estava bastante preocupado e disse assim: “Ó tia, precisodum bom conselho para poder explicar melhor aos meusamigos polacos a questão dos artigos, porque os polacos nãoos têm.” Fiquei muito surpreendida, porque os tempos docomunismo acabaram havia muito tempo e agora há muitosartigos nas lojas, não só os chamados de primeira necessidade,como alimentos, vestuário e calçado...

O Zé desatou a rir e respondeu que eu estava a fazer confusãoe que não se tratava de artigos no sentido de partes articuladasde uma lei, decreto ou código, nem parágrafos das petições, contestaçõese outros escritos forenses, nem divisões de capítulos, nem matérias,conjunturas, mercadorias ou produtos postos à venda. O que o Zétinha em mente eram afinal as palavras variáveis em género e númeroque precedem os substantivos para determinar se tomam sentido definidoou indefinido!

Hmmm, a tarefa era muito difícil! Então tinha de dar umareceita muito simples sobre um artigo que não é um artigoalimentar utilizável na preparação de bolos ou de marmelada!No entanto, em português, bolo ou marmelada, sendo, por suavez, substantivos alimentares, têm os seus artigos queconcordam com eles em género e número. É assim: os artigospodem ser indefinidos, a saber: um, uma, para o singular; uns,umas para o plural; ou definidos – o, a para o singular e os, aspara o plural.

Realmente, o artigo é um fenómeno linguístico bastante difícilpara os polacos e outros falantes de línguas eslavas, emborao búlgaro tenha artigos, e ainda por cima colados ao fim dosubstantivo! Mas em polaco notamos algo muito parecido.Vejamos as seguintes frases em polaco, (por acaso muitoverdadeiras): “Wczoraj upiek³am ciasto. Ciasto to by³owy¶mienite.” O pronome demonstrativo to não tem mesmofunção de artigo?

Em português, como em outras línguas que possuem artigos,o artigo indefinido usa-se quando falamos de alguma coisapela primeira vez, o interlocutor ainda não sabe nada dela,mas assim também fica a saber que esta coisa é só uma.

Vejamos a frase seguinte: “Ontem fiz um bolo.” Emboratodos saibam que faço bolos quase todos os dias, é umanova informação sobre este bolo. Obviamente, depois destaprimeira informação, o nosso interlocutor já sabe daexistência do bolo e, com certeza absoluta, tem imensavontade de o provar! – “Ti Agática, tenho de provar o bolo!”Assim o bolo obtém o artigo definido, porque os doisinterlocutores, neste caso o Zé e eu, sabem bem de que setrata!

Mas usamos o artigo definido no singular também quandouma coisa é única no mundo, ou quando todos sabem o queé. Se, por exemplo, no mundo existisse só um bolo, deviamosfalar nele usando o artigo definido. Mas, falando entre nós,o meu bolo de papoila é tão bom que outros bolos nãocontam, por isso, acho que todo o mundo devia falar neleusando o artigo definido! Se não é bem assim é porquesempre aparecem aquelas falsificaçõs rasca da minha vizinha!Uma pessoa esforça-se para criar a marca e a imagem positivano mercado e....

Mas pronto... agora vejamos, queridos meninos, qual é ouso dos artigos no plural. Normalmente não se usa artigoindefinido no plural, por isso direi: “Hoje fiz bolinhosespectaculares”. Se eu dissesse: “Hoje fiz uns bolinhosespectaculares”, isso podia significar que não fiz muitos, oque não podia ser verdade, já que sempre faço bolinhos emquantidades industriais! (Há sempre tanta gente à esperadeles, e sobretudo o próprio Zé!) No plural, o artigo definidodiz-nos que o interlocutor já conhece a coisa em que se fala.

Quando pergunto ao meu querido sobrinho: “Zé, quemdevorou os bolinhos?” eu sei perfeitamente que ele sabe queeu sei de que estou a falar! (Eram aqueles para a festa nosábado, sim senhor!) Quando usamos o artigo definido noplural, pode-se tratar também de todas as coisas no mundoda mesma espécie. Assim, a frase: “Os bolos de papoila sãoóptimos” pode querer dizer que todos os bolos de papoilaque há no mundo são bons. Evidentemente é mentira,porque, por exemplo, os que a minha vizinha faz constituemum crime contra a humanidade! Mas a frase torna-secorrectíssima se acrescentarmos um pequeno pormenor: “Osbolos da ti Agática são do melhor!”.!

UM PEQUENO ARTIGO SOBRE ARTIGOS DE 1ª NECESSIDADE

Page 18: jornal de Dezembro 2004 - pontosigno.pl

Maio/Junho 2005 Mayo/Junio 2005

Page 19: jornal de Dezembro 2004 - pontosigno.pl

Mayo/Junio 2005 Maio/Junho 2005

D I R E C T O R : J O S É C A R L O S D I A S

COORDINADORA DA SECCIÓN GALEGA: LUCÍA

R O D R Í G U E Z C A E I R O

COORDINADOR DE LA SECCIÓN ESPAÑOLA:G E R A R D O B E L T R Á N

COORDINADOR DE LA SECCIÓ CATALANA:J O S E P A N T O N I C L E M E N T

COORDENADOR DA SECÇÃO PORTUGUESA:J O S É C A R L O S D I A S

CRONISTAS/COLUMNISTAS: JAUKUB JANKOWSKI,G A B R I E L A B A D O W S K A

JORNALISTAS/PERIODISTAS : ALEKSANDRA

MACZEWSKA, ALE MIODOWSKA, BARBARA

CHRABOLOWSKA,DOMINIKMARCZUK,JAKUB

JANKOWSKI,JOANNASTANKIEWICZ,JOANNA

S T A N K I E W I C Z , K A T A R Z Y N A

P I W O WA R C Z Y K ,M A R TAM A C H O W S K A ,R E N A T A S Z M I D T

COLABORADORES: PROFS. ANNA KALEWSKA,DANIELA CAPILLÉ, ANA CAROLINA BELTRÃO,MAGDA MATERNA, AGATAADAMSKA.C O L A B O R A Ç Ã O E S P E C I A L : A U G U S T O

M O N T E R R O S O E O C T A V I O P A Z

C O R E O G R A F Í A : M A N N Y C A L A V E R A

DESIGN GRÁFICO: JOSÉ CARLOS DIAS

C A P A : A A N Ó N I M A H A B I T U A L

FOTÓGRAFOS: KAROLINA PIWOWARCZYK

W U W U W U

REVISÃO TIPOGRÁFICA: DANIELA CAPILLÉ

CONTABILIDADE: JÁ ESTAMOS NO VERDE

O U T R A V E Z !RESPONSÁVEL PELA CORRESPONDÊNCIA:B O Z E N N A P A P I S

RESPONSÁVEL PELOS (AGORA MENOS DIFÍCEIS)CONTACTOS COM O SENHOR DA GRÁFICA:J O S É C A R L O S D I A S

NOVOS MELHORES VENDEDORES DO MUNDO:SRA. ANA DA SECRETARIA E SR.JAREK

TAMBÉM BONS VENDEDORES:P R O F A . A N N A K A L E W K S A

PÁGINAS DE INTERNET: MEU DEUS! É INCRÍVEL!NÃO HÁ MANEIRA DE A SUZANNA A ACTUALIZAR!V O C Ê S A C R E D I T A M N I S T O ? !T I R A G E M : 2 0 0 E X E M P L A R E S

MAIOR NOVIDADE: ESTE EFEITO

F I X E !IMPRESSÃO: ZAKLAD GRAFICZNY UNIWERSYTETU

W A R S Z A W S K I E G O

EDITORA: INSTITUTO DE ESTUDOS IBÉRICOS E

IBERO-AMERICANOS DA UNIVERSIDADE

D E V A R S Ó V I A

LECTORADO

DE GALEGO