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Caderno Lab. Xeolóxico de Laxe Coruña. 2004. Vol. 29, pp. 299-330 Geologia, geomorfologia e estratigrafia dos domínios estruturais de Carvoeiro-Caldas de S. Jorge e de Soutelo-Arrancada do Vouga (faixa de cisalhamento de Porto-Coimbra-Tomar, NW de Portugal): implicações tectonoestratigráficas Geology, geomorphology and stratigraphy from Carvoeiro–Caldas de S. Jorge and Soutelo-Arrancada do Vouga structural domains (Porto-Coimbra- Tomar shear zone, NW Portugal): tectonostratigraphic implications CHAMINÉ, H.I. 1,3 ; GOMES, A. 2 ; TEIXEIRA, J. 3 , FONSECA, P.E. 4 ; PINTO de JESUS, A. 5 ; GAMA PEREIRA, L.C. 6 , SOARES de ANDRADE, A.A. 7 ; FERNANDES, J.P. 5 , MOÇO, L.P. 5 ; FLORES, D. 5 ; ARAÚJO, M.A. 2 & ROCHA F.T. 3 Abstract The aim of this study is to characterise the regional tectonostratigraphy, geomorphology and geological mapping of the structural domains Caldas de S. Jorge–Carvoeiro and Soutelo–Arrancada do Vouga (NW of Portugal). These domains take the form of a narrow N–S strip of the Lower Palaeozoic age, which is included in a major crustal–scale shear zone, the Porto–Coimbra–Tomar– Ferreira do Alentejo shear zone. This is a dextral transcurrent mega-structure belonging to the Iberian Variscan belt (Portugal). The tectonostratigraphic

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Caderno Lab. Xeolóxico de LaxeCoruña. 2004. Vol. 29, pp. 299-330

Geologia, geomorfologia e estratigrafia dosdomínios estruturais de Carvoeiro-Caldas deS. Jorge e de Soutelo-Arrancada do Vouga (faixade cisalhamento de Porto-Coimbra-Tomar,

NW de Portugal): implicaçõestectonoestratigráficas

Geology, geomorphology and stratigraphy fromCarvoeiro–Caldas de S. Jorge and Soutelo-Arrancadado Vouga structural domains (Porto-Coimbra- Tomarshear zone, NW Portugal): tectonostratigraphic

implications

CHAMINÉ, H.I.1,3; GOMES, A.2; TEIXEIRA, J.3, FONSECA, P.E.4; PINTO de JESUS, A.5;GAMA PEREIRA, L.C.6, SOARES de ANDRADE, A.A.7; FERNANDES, J.P.5, MOÇO, L.P.5;

FLORES, D.5; ARAÚJO, M.A.2 & ROCHA F.T.3

Abstract

The aim of this study is to characterise the regional tectonostratigraphy,geomorphology and geological mapping of the structural domains Caldas de S.Jorge–Carvoeiro and Soutelo–Arrancada do Vouga (NW of Portugal). Thesedomains take the form of a narrow N–S strip of the Lower Palaeozoic age, whichis included in a major crustal–scale shear zone, the Porto–Coimbra–Tomar–Ferreira do Alentejo shear zone. This is a dextral transcurrent mega-structurebelonging to the Iberian Variscan belt (Portugal). The tectonostratigraphic

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units (mainly formed by metasedimentary and blastomylonitic rocks) croppingout in this domain are delimited, at W and E, by dextral wrench-faultsconstituing the Porto–Albergaria-a-Velha–Coimbra shear zone (s.str.). Untilvery recently, the studies carried out in the Caldas de S. Jorge–Carvoeiro–Arrancada do Vouga Palaeozoic structure considered most of its metasedimentaryoutcrops as belonging to the “Complexo Xisto-Grauváquico” (Late Proterozoic).Actually, however, geological field studies developed in this area pointed outthe need for a tectonostratigraphic revision. As a result of this revision, newstratigraphic units were described as follows in the structural domains referred:i) Caldas de S. Jorge and Arrancada do Vouga Units, constituted by massivequartzites and sandstones containing rounded pebbles of quartzite and quartz.The massive quartzite rocks are intensely deformed (milonitic fabrics, shearingfolds, marked stretching lineation, pseudotachylyte bands); quartzite bandsbecome less common and thinner towards the top. Caldas de S. Jorge Unit is,in part, equivalent to the Armorican Quartzite, which occurs in several areas ofthe Iberian Massif and is mainly considered as of Arenigian age. Locally, thisunit is correlated to part of the Armorican Quartzite Fm., from Buçaco region,and to Santa Justa Fm., from Valongo region; ii) Carvoeiro and Veiga Units, amonotonous sequence of cleaved dark grey mudstones with macrofossils atrelatively restricted horizons. The Carvoeiro Unit is equivalent to part ofValongo Fm. and of Fonte da Horta Fm. (Cácemes Group, Buçaco region). Thefossil record from Carvoeiro Unit suggests a Llandeilian–Llanvirnian age, ingood agreement with the classic Lower Palaeozoic sequences of the Central-Iberian Zone.The highly deformed and rare macrofossils recently found in Mouquim–Carvoeiro area comprise brachiopods (Orthis noctilio Sh.), already identified byJ. F. Nery Delgado (1908), and trilobites (CALYMENIDEA?) and echinoderms(CYSTOIDEA?), newly described in this region. This record suggests a Llandeilian–Llanvirnian age for this unit. A micropalaeontological study was also attempted.Microfossils are, usually, badly preserved and not quite abundant. Acritarchs arerecognised, although their degree of preservation prevents further identification.The presence of chitinozoans, also badly preserved and generally broken, couldnevertheless be ascertained. Organic petrology results show a very poor organiccontent. The organic particles are thermally altered and its classificationresulting very difficult. They can be classified as “vitrinite-like” organoclasts,and sometimes show their vegetal origin (preservation of tissue morphology).The coalification degree is always very high, corresponding to the upper epizone(low-metamorphism) the particles being assumed as semi-graphite. The claymineralogy and geochemistry characterisation are in good agreement with theorganic petrology data.Geodynamic implications for the Iberian Variscides of the Palaeozoic basementframework are discussed. Further research is been carried on in order to find outother evidences of this Lower Palaeozoic structure along the Porto–Coimbra–Tomar shear zone (s.str.). In addition, further tectonostratigraphic,biostratigraphic, organic petrology and clay mineralogy research is currently in

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progress, to improve our knowledge on Caldas de S. Jorge–Carvoeiro andSoutelo–Arrancada do Vouga (Águeda) structural domains.

Key-Words: tectonostratigraphy, morphostructure, Armorican quartzite, Porto–Coimbra–Tomar shear zone, Central-Iberian Zone, NW Portugal.

(1) Departamento de Engenharia Geotécnica, Instituto Superior de Engenharia do Porto. Rua Dr. AntónioBernardino de Almeida, 431, P-4200-072 Porto, Portugal. ([email protected])

(2) Departamento de Geografia da Faculdade de Letras da Universidade do Porto (GEDES). Via Panorâmica,s/n, 4150-564 Porto. Portugal.

(3) Departamento de Geociências da Universidade de Aveiro e Centro de Minerais Industriais e Argilas.3810-193 Aveiro, Portugal.

(4) Departamento de Geologia da Universidade de Lisboa e LATTEX. Ed. C6-2º piso, Campo Grande. 1749-061 Lisboa, Portugal.

(5) Departamento de Geologia e Centro de Geologia da Universidade do Porto (GIPEGO). Praça de GomesTeixeira. 4099-002 Porto, Portugal.

(6) Departamento de Ciências da Terra e Centro de Geociências (GMSG) da Universidade de Coimbra. 3000-272 Coimbra, Portugal.

(7) Departamento de Geociências da Universidade de Aveiro (ELMAS). Campus Universitário de Santiago.3810-193 Aveiro, Portugal.

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1. INTRODUÇÃO GERAL

Do ponto de vista geológico (figura 1) aregião entre Caldas de S. Jorge (E de Espinho)e Arrancada do Vouga (N de Águeda) inte-gra-se numa faixa metamórfica, com direcçãogeral NNW–SSE, que se prolonga desde osarredores do Porto (Foz do Douro) até To-mar, passando por Espinho e Albergaria-a-Velha, Coimbra, Espinhal e Alvaiázere, eque se designa por faixa de cisalhamento dePorto–Coimbra–Tomar (GAMA PEREIRA,1987; CHAMINÉ, 2000a; CHAMINÉ etal., 2003c). Esta faixa, de idade proterozóicamédia-superior (GAMA PEREIRA, 1987;NORONHA & LETERRIER, 2000), fazparte do Terreno Autóctone Ibérico (RI-BEIRO et al., 1990), e inclui-se maioritaria-mente na Zona de Ossa-Morena (ZOM)contactando localmente a oriente, porintermédio da denominada faixablastomilonítica de Oliveira de Azeméis(RIBEIRO et al., 1979, 1980), com a ZonaCentro-Ibérica (ZCI) da Cadeia Varisca Ibé-rica (LOTZE, 1945; JULIVERT et al., 1974;DIAS & RIBEIRO, 1993). As rochasgranitóides e filonianas ocupam uma áreaconsiderável na região, denunciandosobretudo eventos tectonomagmáticos con-comitantes com os diversos períodos deinstalação relativamente à orogenia variscaou anterior (SEVERO GONÇALVES, 1974;NORONHA & LETERRIER, 2000;CHAMINÉ, 2000a; CHAMINÉ et al.,2003c). Uma parte substancial da região,em especial, a área compreendida entre o Sulde V. N. de Gaia e Aveiro, está ocupada pordepósitos de cobertura (aluviões, areias depraia e dunas actuais) de idade holocénica e/ou plistocénica; a restante área está ocupadapor depósitos sedimentares (fluviais ealuviais) de idade plio-plistocénica(ARAÚJO, 1991; ARAÚJO et al., 2003).

O presente trabalho tem como objectivoapresentar uma síntese integradora, numaperspectiva regional, dos aspectoscartográficos, tectonoestratigráficos emorfoestruturais da área entre Caldas de S.Jorge–Carvoeiro e Soutelo–Arrancada doVouga–Águeda. Para tal, recorreu-se a umaabordagem multidisciplinar que, numa pri-meira fase, consistiu na revisão e/oulevantamento da cartografia geológica egeomorfológica e na sistematização das dife-rentes unidades tectonoestratigráficas emorfoestruturais para destrinçar um enqua-dramento geotectónico regional assaz com-plexo. Numa segunda fase, foram seleccio-nados afloramentos chave nos quais seefectuaram, nomeadamente, estudoscartográficos, tectonoestratigráficos, geoló-gico-estruturais, geomorfológicos, minera-lógicos, petrológicos e paleontológicos. Aregião em estudo continua a ser alvo de umainvestigação pormenorizada, numa perspec-tiva multidisciplinar, nas vertentes funda-mental e aplicada, para uma melhorcompreensão deste importante segmentomorfotectónico da Península Ibérica (e.g.,CHAMINÉ, 2000a,b; CHAMINÉ et al.,2003b,c, in press; ARAÚJO et al., 2003;GOMES, in prep.; TEIXEIRA, in prep.,COELHO, in prep.; AFONSO, in prep.).

2. ENQUADRAMENTO MORFOTEC-TÓNICO REGIONAL

2.1. Generalidades

A região emersa de Porto–Albergaria-a-Velha–Águeda caracteriza-se por um relevoaplanado correspondente a uma plataformalitoral que termina num relevo acentuadoconstituindo o seu rebordo interior (BRUMFERREIRA, 1978; ARAÚJO, 1991;

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Figura 1. Mapa geológico regional da área entre Caldas de S. Jorge e Carvoeiro (Leste de Albergaria-a-Velha), faixa de cisalhamento de Porto–Coimbra–Tomar (adaptado de CHAMINÉ, 2000a).

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ARAÚJO et al., 2003). A norte do rioVouga a plataforma litoral não ultrapassa,geralmente, a altitude de 170m e o contactocom os relevos interiores é muito sinuoso erecortado. O topo da plataforma é no geralbem marcado e sinuoso, com direcção NNW-SSE e apresenta declives fracos a suaves pelomenos até ao Sul de Oliveira de Azeméis.Entre Madail e Pinheiro de Bemposta, aolongo do rio Antuã e seu afluente Ínsua,deixa de observar-se o rebordo interior daplataforma, mas a Sul dessa última localida-de este volta a individualizar-se num traçadorectílineo, com orientação N-S. A sul do rioVouga a plataforma litoral é mais extensapara o interior culminando a ca. de 200m.Os relevos que dominam a plataforma lito-ral apresentam uma série de níveis de erosão,pouco desenvolvidos ou mal conservados,escalonando-se entre 200 e 300m de altitude.A Leste do rebordo interior da plataformalitoral, segundo um corredor meridiano en-tre S. João da Madeira e Vale de Cambra, orelevo é dominado por colinas formadas porrochas metassedimentares e quartzíticas,rigidamente alinhadas, com orientaçãoNNW-SSE. Entre elas e, lateralmente,definem-se áreas deprimidas com a mesmaorientação, de características tipológicaspróprias denominadas por alveólos, cujaorigem estará ligada à presença de rochascristalinas e ao papel da alteração dife-rencial (BRUM FERREIRA, 1978;ROCHETTE CORDEIRO, 1992a,b). Aoriente destes relevos encontra-se o maciçoda Gralheira (serras da Freita, da Arada e deS. Macário) e a serra do Arestal, ou seja, oconjunto complexo de elevações situadoentre os rios Douro–Paiva e Vouga-Sul,com cotas que variam entre os 1100m e os750m (GIRÃO, 1922; O. RIBEIRO et al.,1946).

A organização da rede de drenagemreflecte a tectónica da área, especialmente,dos sistemas de fracturação regional (i.e.,NW-SE a NNW-SSE, NE-SW a NNE-SSW e W-E), impondo os traçosmorfoestruturais à região (BRUMFERREIRA, 1978; ARAÚJO et al., 2003;CHAMINÉ et al., 2003c). Assim, estasestruturas maiores produzem umacompartimentação tectónica que, por suavez, condiciona a distribuição das linhas deágua, e consoante a litologia e a estruturaobservam-se redes hidrográficas, em geral,do tipo rectangular e/ou dendrítico. Aorganização da rede de drenagem evidenciaum contraste morfoestrutural entre aselevações quartzíticas — relevos deresistência (e.g., REBELO, 1975, 1984) —e a plataforma litoral, demostrando umaindependência em relação à disposição dorelevo e à sua natureza litológica (BRUMFERREIRA, 1978). No entanto, a maiorparte da rede de drenagem corre inadaptadaàs cristas quartzíticas. Por exemplo, os riosCaima, Antuã e segmentos do rio Vougasugerem uma instalação em importantesacidentes tectónicos com orientação N-S eNE-SW.

Os rios Douro, Vouga e Águeda são osprincipais cursos de água da rede hidrográficae delimitam o sector em estudo a Norte e aSul, respectivamente. Numerosas linhas deágua de segunda ordem instalam-se segun-do a orientação geral NE-SW, denunciandoa presença de lineamentos estruturaispreferenciais. As nascentes destas ribeirascoincidem, grosso modo, com o limite entre aplataforma litoral e o rebordo interior daplataforma (“relevo marginal”, ARAÚJO,1991; ARAÚJO et al., 2003). Além doslineamentos estruturais NE-SW, a redehidrográfica põe em evidência outros

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acidentes importantes, de direcção aproxi-mada N-S, que correspondem a típicos valestectónicos, por vezes profundamenteencaixados, como é o caso dos rios Caima eAntuã, ou como se reflecte no curso do rioVouga, a sul de Albergaria-a-Velha.

2.2. As cristas quartzíticas entre Cal-das de S. Jorge e Arrancada do Vouga

A morfologia da faixa entre Caldas de S.Jorge e Carvoeiro (Albergaria-a-Velha) édominada por importantes afloramentosquartzíticos referenciados por C. RIBEIRO(1860), DELGADO (1905, 1908) e FREI-RE de ANDRADE (1937, 1938/40), eestudados, do ponto de vista geológico egeomorfológico, por SOARES deCARVALHO (1944, 1945, 1946a,b, 1947,1949), BRUM FERREIRA (1978), SEVE-RO GONÇALVES (1974), REBELO(1975), DAVEAU et al. (1985/86), RIBEI-RO et al. (1995), FIGUEIREDO (1996) eCHAMINÉ (2000a). Neste trabalho,apresenta-se, pela primeira vez, a continui-dade da estreita faixa de rochas quartzíticase metassedimentares do Paleozóico inferior(ZCI), desde a localidade do Soutelo (margemesquerda do rio Vouga) até aos arredores dacidade de Águeda.

Os afloramentos quartzíticos configuramdois alinhamentos topográficos (figura 2),descontínuos, com orientação geral meri-diana, desde as cercanias de Caldas de S.Jorge (SE de Lourosa) até à localidade deCarvoeiro (margem direita do rio Vouga),materializando uma estrutura em sinforma,a de Caldas de S. Jorge–Carvoeiro (RIBEI-RO et al., 1995; CHAMINÉ, 2000a). Estaestrutura define, localmente, a faixa de ci-salhamento de Porto–Albergaria-a-Velha(s.str.) ou “faixa blastomilonítica de Oliveira

de Azeméis” (RIBEIRO et al., 1979, 1980),composta por um conjunto de acidentes de1ª e de 2ª ordem, com ca. de 40km deextensão e ca. de 5km de largura(CHAMINÉ, 2000a). A sua expressãogeológica é materializada pelo contactomecânico entre as unidades tectonoestrati-gráficas da ZOM com as unidades doPaleozóico inferior da ZCI — ramo oeste dafaixa de cisalhamento de Porto-Albergaria-a-Velha — e, pelo contacto tectónico, entreas unidades do Paleozóico inferior e as doComplexo Xisto-Grauváquico — ramo lesteda faixa de cisalhamento de Porto-Albergaria-a-Velha (CHAMINÉ, 2000a;CHAMINÉ et al., 2003c). A expressãomorfoestrutural dos ramos quartzíticos pa-rece estar intimamente relacionada com aproximidade relativa à zona de cisalhamen-to principal (“principal displacement zone”;cf. BURBANK & ANDERSON, 2001).Dessa forma, os afloramentos do ramoocidental apresentam um grau de deformaçãomais intenso materializado pelo contactomecânico com o substrato da ZOM e, porisso, sugerem relevos de menor expressãotopográfica.

Tomando em consideração o afastamentoentre os dois alinhamentos quartzíticos, acontinuidade e/ou interrupção dos mesmos,a expressão topográfica e a morfologiaassociada, definiram-se três compartimen-tos morfotectónicos regionais, a saber (figu-ras 2 e 3):

I) De Caldas de S. Jorge ao vale do rioCaima (Pindelo):

Encontram-se dois alinhamentosquartzíticos, paralelos, bem definidostopográfica e litologicamente. No entanto,o ramo oriental evidencia maior expressãomorfológica (v.g. Pereiro, 515m). As coli-nas quartzíticas, distanciadas entre si ca.2km, definem elevações destacadas e

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Figura 2. Enquadramento morfotectónico dos alinhamentos quartzíticos da área de Caldas deS. Jorge–Carvoeiro. A) Modelo digital de terreno, do tipo relevo sombreado, gerado a partir dadigitalização das curvas de nível à escala 1/50.000 aplicando o método de “kriging”. Resolução dagrelha de 50m; B) Esboço tectónico interpretativo do domínio estrutural de Caldas de S. Jorge–Carvoeiro; C) Localização dos perfis topográficos transversais (T1, T2) e longitudinais (L1, L2, L3).

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rigidamente orientadas, que correspondema duas imponentes cristas quartzíticas. Umaspecto que reflecte a maior possança doalinhamento oriental prende-se com adificuldade dos cursos de água em ultrapassara barreira quartzítica, que é normalmentematerializada por uma garganta de paredesquase verticais (e.g., Carregosa e v.g. PedraMá). Os perfis longitudinais (figura 3), rea-lizados ao longo do topo das cristas quartzí-ticas, demonstram que as superfícies arrasa-das do topo estão bastante degradadas. Oramo quartzítico oriental evidencia umbasculamento para Norte que se mantémnas passagens dos cursos de água através dascristas, uma vez que estas se fazem a cotasmais elevadas, à medida que seguimos paraSul. É notória também a ocorrência de umacerta regularidade no estabelecimento daspassagens dos cursos de água de ordemsuperior (‘water gaps’), em que os entalhesmais profundos surgem com intervalos deaproximadamente 5 a 6 km. O sector entrea ribeira de Cesar e o rio Ínsua pareceligeiramente abatido em relação aobasculamento geral, o que sugere a influênciade falhas transversais, com orientação médiaNE-SW, sobre as cristas quartzíticas, e emparte explicará, neste local, a intersecção dacrista pelo rio Ínsua.

O ramo ocidental apresenta sempre me-nor expressão morfológica (figura 3; perfisT2 e T3). O topo da crista é relativamenteaplanado até ao rio Ínsua com altitudes querondam os 250 a 270m. A sul, o afloramentoquartzítico ganha maior importância,sobretudo a partir do v.g. do Bico do Ponto(315 m) até ao rio Caima. É curioso verificarque a passagem do rio Ínsua faz-se aqui,segundo o mesmo alinhamento queintersectou o ramo oriental. Os vales, quasesempre assimétricos, sugerem uma origem

tectónica. No geral, o alinhamento quartzí-tico está basculado para Sul. Contudo, asfalhas transversais adquirem grande impor-tância, seccionando a própria crista ao colo-car as superfícies do topo a cotas diferentes.

A intersecção dos dois ramos quartzíticospelos cursos de água, para além da suaexpressão vertical já referida (gargantas es-treitas), reveste-se de outras particularida-des morfológicas. O ramo oriental doafloramento quartzítico impõe um degrauvincado no perfil longitudinal, constituindoum obstáculo importante à erosão regressiva,criando, em consequência, um nível de baselocal (BRUM FERREIRA, 1978). A mon-tante, como é visível na figura 4, esta barrei-ra de resistência promove a erosão lateral e oconsequente alargamento dos vales. Ajusante, na passagem pelo ramo ocidentalquartzítico, não é visível qualquer alteraçãono perfil longitudinal. Os quartzitos nãooferecem, neste caso, grande resistência àintersecção pelo curso de água. O outroressalto visível no perfil desta ribeira estárelacionado com uma importante falha re-gional — coincidente com a estrutura deno-minada por “Filão Metalífero das Beiras” (C.RIBEIRO, 1860)— ramo oeste damegaestrutura do Pindelo (CHAMINÉ,2000a).

II) Do vale do rio Caima ao rio Vouga:

Os ramos das cristas quartzíticasestreitam e perdem definição cartográfica emorfológica (figura 3), apresentado-se o ramooriental melhor conservado. O enquadra-mento morfotectónico da crista ocidentalparece repetir-se num ramo único que sedesenvolve para Sul de ribeira de Fráguas.Neste caso, teremos um basculamento geralpara Sul que é interrompido por falhastransversais, com orientação NE-SW, dealguma importância, nomeadamente, as que

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favorecem as passagens da ribeira de Fílvidae do rio Vouga. No sector entre a ribeira deFráguas e o rio Vouga as cristas quartzíticasquase coalescem e desempenham um papelde barreira geomorfológica à erosão. Nestesector, os cursos de água intersectam osquartzitos a cotas que rondam os 90 a 100m.O papel da “soleira” quartzítica é bem evi-dente neste bloco e a sua influência parecebastante uniforme. O compartimento a nortede Ribeira de Fráguas corresponde, aparen-temente, a um sector soerguido (figura 4).

III) Desde o rio Vouga ao Norte deÁgueda:

São descritos, pela primeira vez, umasérie de afloramentos muito descontínuos ede fraca expressão morfológica que, àexcepção das cristas quartzíticas de Arranca-da do Vouga, desenvolvem uma pequenaelevação topográfica, na ordem dos 100m de

altitude. A possança das cristas é, relativa-mente, reduzida (inferior a 100m, no ramooriental), registando os materiais quartzíticosintensa deformação.

Por fim, no caso i) e ii) as cristas quartzí-ticas que se definem, a despeito deconstituirem elevações regionais importan-tes, não representam os relevos mais salien-tes do sector. A estrutura dos compartimen-tos morfotectónicos evidencia um rejogorelacionado com os sistemas de falhas, comdirecção média NE-SW a NNE-SSW,associados à movimentação direita da faixade cisalhamento de Porto–Coimbra–Tomar.Como principais rupturas morfoestruturaisregionais destacamos (figuras 2 e 3): a) a áreada passagem do rio Caima, a jusante de Valede Cambra sugere a possibilidade do com-partimento a Sul, corresponder a umsoerguimento tardio, visto que o ramo orien-

Figura 3. Perfis topográficos longitudinais ao longo dos alinhamentos quartzíticos e perfis topo-gráficos transversais ao longo das cristas quartzíticas (compartimento morfotectónico a Norte do rioCaima). Para a legenda dos perfis T1 e T2 confrontar com a legenda da figura 1.

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tal se encontra intensamente deformado edesnivelado em termos altimétricos face aocompartimento a Norte; b) a área dapassagem do rio Vouga, em que os doisramos perdem identidade e possança, épossível observar e cartografar quartzitosintensamente deformados e registar impo-nentes caixas de falha argilitizadas (“faultgouge”), com espessura métrica (figu-ra 5).

3. TECTONOESTRATIGRAFIA

3.1. Considerações iniciais

Os trabalhos de geologia de terreno efec-tuados por CHAMINÉ (2000a), na regiãode Caldas de S. Jorge–Carvoeiro (Albergaria-a-Velha) consistiram na revisão da cartografiageológica e da tectonoestratigrafia com oobjectivo de enquadrar a macroestruturaregional na faixa de cisalhamento de Porto–

Figura 4. Perfil longitudinal da ribeira do Pintor (Leste de S. João da Madeira) e enquadramentomorfotectónico da bacia hidrográfica.

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Coimbra–Tomar (figura 1). Convém,contudo ressalvar que a primeira propostapara a criação de uma nova unidade tecto-noestratigráfica —“Unidade de Carvoeiro–Caldas de S. Jorge”— foi apresentada emRIBEIRO et al. (1995), em consonânciacom os primeiros resultados apresentadospor CHAMINÉ et al. (1995) para enquadrarum sector mais vasto relacionado com a faixametamórfica de Porto–Espinho–Albergaria-a-Velha. Esta revisão não só foi necessária,

como assumiu um carácter fundamental paraatingir os objectivos propostos no trabalhode síntese de CHAMINÉ (2000a). Isto por-que os estudos de terreno vieram mostrarque, nesta área, a maioria dos afloramentosaté à altura considerados como pertencentesao denominado “Complexo Xisto-Grauváquico” —de idade seguramente ante-ordovícica (CARRÍNGTON da COSTA,1950; TEIXEIRA, 1955; SCHERMER-HORN, 1955)— são, de facto, xistos

Figura 5. Bloco diagrama morfotectónico esquemático da área do Carvoeiro–Soutelo, faixa decisalhamento de Porto–Albergaria-a-Velha (s.str.).

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ardosíferos ou filitos acinzentados, por vezesmuito deformados, atribuidos ao Ordovícicomédio e quartzitos maciços do tipoArmoricano do Ordovícico inferior. Estareinterpretação assentou, por um lado efundamentalmente, na utilização de critérioslitológicos, estratigráficos, tectónicos ecartográficos e na correlação estratigráficacom as unidades do Paleozóico (especial-mente com os domínios do anticlinal deValongo e do sinclinal do Buçaco), e poroutro, e no estudo do registo macro- emicro-paleontológico, dos elementoscronoestratigráficos e do enquadramentotectónico regional, por outro.

As primeiras descrições (CHAMINÉ,2000a) desta unidade não incluiram a suasubdivisão formal dado que os estudostectonoestratigráficos e paleontológicos dedetalhe estavam ainda numa fase inicial.Contudo, do ponto de vista informal(NACSN, 1983; ISSC, 1994) distinguiu-se,na base a Unidade do Quartzito Armoricanode Caldas de S. Jorge e, no topo, a Unidadede Carvoeiro. Estas unidades pertencem aoPaleozóico inferior, e contactam,tectonicamente, a Oeste com as unidadestectonoestratigráficas do Proterozóico su-perior da ZOM (CHAMINÉ, 2000a). Noseu limite oriental, contactam com umapossante sequência ‘flyschóide’ do autóctonecom estrutura turbíditica referenciada comoComplexo Xisto-Grauváquico do Grupo dasBeiras (CXGB) indiferenciado, da ZCI(PEREIRA et al., 1980; AGUADO & MAR-TÍNEZ-CATALÁN, 1994). Este limitegeotectónico é referido, unicamente, paraum entendimento do quadro tectonoestra-tigráfico regional e foi caracterizado, funda-mentalmente, através de reconhecimentos

de campo e da análise crítica sobre estudosgeológicos regionais. Assim, foram conside-rados dois domínios estruturais distintospara o sector, i.e., o domínio estrutural deCaldas de S. Jorge–Carvoeiro e o domínioestrutural do autóctone do CXGB. Segundoesta sistematização o domínio estrutural deCaldas de S. Jorge–Carvoeiro (correspondegenericamente à designada “faixablastomilonítica de Oliveira de Azeméis”;cf. RIBEIRO et al., 1979, 1980) é constituí-do por (CHAMINÉ, 2000a): i) unidadesmetassedimentares imbricadas, fora desequência estratigráfica (“out-of-sequenceunits”, cf. MORLEY, 1988), do Paleozóicoinferior da ZCI; ii) rochas gnáissico-migmatíticas da ZOM (Unidadeparautóctone de Pindelo); iii) granitóidesblastomiloníticos muito deformados (pre-coces e/ou ante-variscos). As rochas aflorantesneste domínio encontram-se intensamentedeformadas e foliadas, caracterizadas poruma deformação heterogénea, dúctil, porcisalhamento simples. Assim, geraram-secorredores de deformação intensa onde sepodem observar a maioria dos tipos demilonitos e estruturas típicas de faixas decisalhamento (e.g., estruturas C-S, C’-S).

A deformação dúctil varisca induztambém a presença de altos gradientesmetamórficos que afectam as isogradas dometamorfismo regional. A deformação con-centra-se numa estrutura desenraizada nasua parte basal (Megaestrutura alóctone deCarvoeiro–Caldas de S. Jorge ) que provocaa sobreposição ao autóctone da ZCI, masdiminui em direcção a níveis estruturaissuperiores, ou seja, das litologias xistentasdo Ordovícico médio da Unidade deCarvoeiro (RIBEIRO et al., 1995). Nos

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quartzitos maciços (Unidade de Caldas de S.Jorge), geram-se localmente petrofábricasmiloníticas em corredores discretos, comdistribuição heterogénea (AGUADO,1992). O sentido de cisalhamento relativo ésistematicamente para Sul (RIBEIRO et al.,1995; CHAMINÉ, 2000a) e foi inferido,com base em critérios tectónicos (e.g.,estruturas C-S, C’-S, dobras assimétricascisalhantes, e estruturas sigmóides a todas asescalas).

As descrições de SHARPE (1849), C.RIBEIRO (1860), DELGADO (1905,1908), SOUZA-BRANDÃO (1914), FREI-RE de ANDRADE (1938/40), SOARES deCARVALHO (1944, 1945, 1946a,b, 1947,1949), BRUM-FERREIRA (1978),TEIXEIRA (1955, 1981), SEVEROGONÇALVES (1974, 1984), PEREIRA etal. (1980), LEFORT & RIBEIRO (1980),RIBEIRO et al. (1980, 1995) eFIGUEIREDO (1996), fornecem preciosasindicações sobre as características litológicas,geológico-estruturais, estratigráficas egeomorfológicas dos diversos afloramentosaqui referidos. Por fim, convém ressalvarque, desde a síntese apresentada porCHAMINÉ (2000a), os trabalhos de campoe de laboratório prosseguiram com o intuitode precisar o limite cartográfico,estratigráfico e morfotectónico da faixa decisalhamento de Porto–Coimbra–Tomar(s.str.) no sector entre Albergaria-a-Velha eCoimbra (cf. CHAMINÉ et al., 2000a,b,2003a,b, in press). Assim, os resultados doestudo ora apresentado reportam-se ao sec-tor compreendido entre os arredores deCarvoeiro–Soutelo (SE de Albergaria-a-Velha) até às proximidades da cidade deÁgueda, tomando, então, a designação dedomínio estrutural de Soutelo–Arrancadado Vouga (Águeda).

3.2. As unidades tectonoestratigrá-ficas

I. Parautóctone (Paleozóico inferior:DELGADO, 1908; CHAMINÉ, 2000a;CHAMINÉ et al., 2000a)

• Domínio Estrutural de Caldas de S.Jorge–Carvoeiro

Das unidades estratigráficas definidaspara o parautóctone do Paleozóico inferiorda ZCI, destacamos, aqui, unicamente asUnidades de Carvoeiro e de Caldas de S.Jorge, por serem estas que contactam com asunidades da ZOM — Unidades de Lourosa,de Arada, de S. João-de-Ver e de Albergaria-a-Velha (CHAMINÉ, 2000a; CHAMINÉet al., 2003c). A Leste de Lourosa e deAlbergariaaVelha desenvolve-se uma estreitafaixa de rochas quartzíticas do tipo ‘QuartzitoArmoricano’ e de xistos ardosíferos e filitoscinzentos, com aproximadamente 35km deextensão, com orientação geral N-S, e que seprolonga desde a localidade de Caldas de S.Jorge (SE de Lourosa) até Carvoeiro(Albergaria-a-Velha), respectivamente (fi-guras 1 e 2). Esta faixa corresponde a umasérie de afloramentos designados porTEIXEIRA (1981) como “Ordovícico deentre Carvoeiro (Vouga) a Caldas de S. Jor-ge”. De assinalar que TEIXEIRA (1955), jáse tinha já referido a estes afloramentos edesignado esta mesma faixa como “Oafloramento Silúrico de Albergaria-a-Velhaàs Caldas de S. Jorge”. DELGADO (1908)também se tinha referido, localmente, aosinforma do Carvoeiro, e, baseando-se emcritérios litológicos e paleontológicos,considerou este pequeno retalho “Silúrico”como continuação do afloramento doPaleozóico inferior do Buçaco (e.g., C. RI-BEIRO et al., 1853; CARRÍNGTON da

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Figura 6. Esboço geológico regional da área entre Brunhido e Arrancada do Vouga (faixa de cisalhamento de

Porto-Coimbra-Tomar).

COSTA 1950; HENRY & THADEU, 1971; TEIXEIRA, 1981; YOUNG, 1988).

Unidade de Caldas de S. Jorge

Estes quartzitos apresentam, geralmente, uma tonalidade clara, com raras intercalações xistentas, e ocorrem, habitualmente, próximo do contacto com os xistos ardosíferos e com os filitos. Ocasionalmente, esta distribuição sugere a existência de uma transição gradual. O alinhamento oriental apresenta, do lado Oeste, os xistos ardosíferos acinzentados e, do lado Leste, a sequência metassedimentar do CXG. É de referir

a extrema deformação patenteada por estes quartzitos. Em C. RIBEIRO (1860) e em TEIXEIRA (1955, 1981) pode ser encontrada uma descrição minuciosa dos diversos retalhos de afloramentos ordovícicos. Estes autores, genericamente, consideram a existência de dois alinhamentos quartzíticos, entre Caldas de S. Jorge e Carvoeiro (Albergaria-a-Velha), que correspondem claramente ao traço cartográfico do dobramento regional. RIBEIRO et al. (1995) e CHAMINÉ (2000a), consideram, então, uma sinforma deitada e ligeiramente mergulhante para Oeste. De referir que DELGADO (1908) já se tinha referido ao

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afloramento Paleozóico inferior a Leste deAlbergaria-a-Velha (Mouquim–Carvoeiro)como um sinclinal com direcção N-S.

Assim, o alinhamento quartzíticoocidental prolonga-se desde Caldas de S.Jorge até Gavião (AlbergariaaVelha),passando por Pereiro, Nadais, Nogueira doCravo (S. João da Madeira), Bustelo do Caima,Nespereira e Telhadela, enquanto oalinhamento oriental se estende desde Cal-das de S. Jorge (Serra de Estose, próximo doPenedo do Ferro) até Carvoeiro (Albergaria-a-Velha), passando por Romariz, Cesar,Milheirós de Poiares (v.g. Pedra Má), No-gueira do Cravo (v.g. Pindelo), Carvalhal(Ossela), Vilarinho de S. Luís, Ribeira dasFráguas e Mouquim. O alinhamentoocidental destes quartzitos contacta,tectonicamente, a Oeste com as unidades daZOM, e a Leste, os quartzitos dão lugar deforma gradual a xistos ardosíferosacinzentados escuros, surgindo, por vezes,intercalações quartzíticas e xistentas no con-tacto entre as duas litologias (figura 2).

Unidade de Carvoeiro

O quartzito ‘Armoricano’ (unidade deCaldas de S. Jorge) contacta, em aparentecontinuidade estratigráfica, com metapelitosde baixo grau metamórfico. Os xistosardosíferos apresentam, geralmente, coracinzentada escura a negra, mas por vezes,podem apresentar tonalidade mais clara queé devida à ocorrência de finas intercalaçõessiltíticas. Estas rochas estão muito deforma-das (cataclase intensa), especialmente nasproximidades dos acidentes cavalgantes,chegando por isso a apresentar-se comofilonitos de cor escura, i.e., correspondem acorredores de deformação da faixa de ci-salhamento de Porto–Albergaria-a-Velha–

Coimbra. No seio dos xistos ardosíferosexistem ainda rochas com alto grau meta-mórfico, correspondentes à unidade dePindelo, da ZOM (CHAMINÉ, 2000a;CHAMINÉ et al., 2003c), a qual se lhessobrepõe tectonicamente. Os xistos da uni-dade de Carvoeiro compreendem umaextensão considerável de afloramentos queocorrem entre os dois alinhamentosquartzíticos, tendo sido incluídos — SEVE-RO GONÇALVES (1974), PEREIRA et al.(1980) e TEIXEIRA (1981) — nos “Xistosdas Beiras” ou “Complexo Xisto-Grauváquico”. Os limites geológicos dosxistos ardosíferos fazem-se, quer a leste quera oeste, com o quartzito ‘Armoricano’. Es-tes, a norte, biselam ligeiramente e próximoda localidade de Caldas de S. Jorgecontactam, de modo mecânico, com osmetamorfitos de alto grau da unidade deLourosa (ZOM). A Sul, cessam abruptamen-te de encontro ao Rio Vouga, aflorando,numa estreita faixa, próximo às localidadesde Mouquim e de Carvoeiro (Albergaria-a-Velha). Nos níveis xistentos acinzentadosque afloram próximo às povoações a norte deCarvoeiro (Albergaria-a-Velha) foramassinalados por DELGADO (1908) restosfósseis, muito deformados, de “Orthis noctilioSh.”; os quais também foram localizados,segundo TEIXEIRA (1955), a 1650 m paraS80º E do antigo v.g. de Almalho a Leste deAlbergaria-a-Velha. No decurso do presen-te trabalho foi reconfirmada a presença de“xistos com Orthis noctilio Sh.” na região deMouquimGaviãoCarvoeiro (em particularnas pedreiras de Mouquim).

• Domínio Estrutural de Soutelo–Arrancada do Vouga (Águeda)

Estudos recentes da região entreAlbergaria-a-Velha e Águeda (CHAMINÉ,

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2000a,b; GOMES, in prep.; TEIXEIRA, inprep.) levaram (figura 6): i) à constituição deuma primeira sistematização tectonoestra-tigráfica do substrato metassedimentar; ii)ao traçado do limite geotectónico local,entre a ZOM e a ZCI, da faixa de cisalha-mento de Porto–Coimbra–Tomar (s.str.);iii) e, ao estabelecimento do arranjomorfotectónico regional da região. Oslevantamentos de campo e os trabalhoslaboratoriais desenvolvidos no domínioestrutural de Soutelo–Arrancada do Vouga(Águeda) proporcionaram, assim, informaçãoinédita e vital para o melhor entendimentodo complexo limite geotectónico (figura 6)da faixa de cisalhamento de Porto–Coimbra–Tomar (s.str.). A estes resultados, foramassociados criticamente os elementosgeológicos que se encontravam dispersosnos trabalhos de SHARPE (1849), DEL-GADO (1905, 1908), SOUZA-BRANDÃO(1914, 1915/16), SOARES de CARVALHO(1944, 1945, 1946a,b, 1947, 1949), CA-RRÍNGTON da COSTA (1950), SEVEROGONÇALVES (1974), COURBOULEIX(1974) e COURBOULEIX & ROSSET(1974). Na presente síntese, é apresentadauma proposta para uma sistematização es-tratigráfica regional — Unidade de Arran-cada do Vouga e Unidade de Veiga — paraeste domínio estrutural. A figura 7 permitevisualizar diversos aspectos das litologias eda deformação patente nas unidades que aseguir se descrevem.

Unidade de Arrancada do Vouga

Corresponde a uma estreita banda derochas metassedimentares, intensamentedeformadas, do Paleozóico inferior — estru-tura em sinforma de Soutelo–Arrancada doVouga — que materializa, localmente, o

contacto entre a ZOM e a ZCI, i.e., a faixa decisalhamento de Porto–Coimbra–Tomar(s.str.). Foram reconhecidos uma série deafloramentos descontínuos, muito estiradose mecanizados, constituíndo doisalinhamentos quartzíticos que correspondemao traço cartográfico do dobramento regio-nal muito apertado. Assim, os alinhamentosquartzíticos prolongam-se desde os arredo-res de Soutelo até Águeda (Gravanço),passando por Vale da Louriceira, Beco,Brunhido, Arrancada do Vouga e Veiga. Oalinhamento ocidental destes quartzitoscontacta, tectonicamente, a oeste com asunidades metapelíticas (Unidades de Ara-da, de S. João-de-Ver e de Albergaria-a-Velha) da ZOM (cf. CHAMINÉ, 2000a), e,a Leste, os quartzitos contactam, por acidentetectónico, com o CXGB — ramos oeste eleste do megacisalhamento de Porto–Coimbra–Tomar, respectivamente. O nú-cleo da estrutura é constituído, em regra,por material muito deformado de filitos efilonitos de tonalidade cinzenta. Osafloramentos fundamentais, analisados nes-te trabalho, são os cartografados na região deSoutelo (a Sul da margem esquerda do RioVouga), de Arrancada do Vouga (especial-mente entre as ribeiras do Vale das Cubas edo Gorgulhão, onde foram reconhecidas ecartografadas imponentes cristas quartzíti-cas; figuras 5, 6 e 7) bem como a Sul dalocalidade de Veiga.

O quartzito ‘Armoricano’, intensamentedeformado, apresenta uma tonalidade clara,com raras intercalações filitosas. Na maioriados locais observou-se, no contacto mecânicoentre esta litologia e os metassedimentos daZOM, uma zona intensamente esmagada,argilizada, com caixa de falha de dimensãométrica. A geração desta estreita faixa dedeformação corresponderá às diferenças

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Figura 7. Aspectos de campo das litologias e da deformação patente nas unidades quartzíticas, da área entre Soutelo (Sul do Rio Vouga) e Arrancada do Vouga (Norte de Águeda). Afloramentos quartzíticos: A, B, C (Soutelo, SE de Albergaria-a-Velha); D, E (Arrancada do Vouga); F (Brunhido, Valongo do Vouga).

Afloramentos quartzíticos: • A, B, C: Soutelo (SE de Albergaria-a-Velha) • D, E: Arrancada do Vouga • F: Brunhido (Valongo do Vouga)

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reológicas dos distintos materiais geológicos.Foi também observado nas rochas quartzíti-cas uma deformação intensa (dobramentos,lineação de estiramento muito intenso). Emlâmina delgada, nas litologias quartzíticasevidenciam uma subgranulação do quartzocom forte recristalização induzida pela in-tensidade da deformação.

No afloramento de Arrancada do Vougaidentificou-se, à escala do afloramento e,posteriormente em lâmina delgada, aexistência de estreitas bandas de pseudota-quilitos, sob a forma de veios de espessurasubmilimétrica a centimétrica, que recortamo maciço quartzítico. Do ponto de vistamicroestrutural, os pseudotaquilitosconsistem numa matriz negra degranularidade muito fina e com numerosasinclusões. A sua matriz corresponde a umamassa vítrea muito escura com inclusões dequartzo, em que o tamanho do grão tende aser constante. O contacto entre a matriz dopseudotaquilito e a rocha encaixante é abrup-to e bem definido, apresentando por vezesuma forma irregular, frequentemente comreentrâncias e pequenos veios de injecçãoramificados na rocha encaixante. Convémsublinhar que o estudo destas rochas é deextrema importância, visto serem um dosraros indicadores que permitem contextua-lizar a actividade paleossísmica regional(“paleoseismics activity” sensu SIBSON,1975) em épocas ante-Mesozóica, em parti-cular, nos episódios tardi- a pós-Variscos doMaciço Ibérico. Do ponto de vista regional,estes tectonitos estão de acordo com outrasraras ocorrências já referenciadas ao longo dafaixa de cisalhamento de Porto–Coimbra–Tomar por CHAMINÉ (2000a) eCHAMINÉ et al. (2003a), bem como naestrutura Alvito–Viana do Alentejo (FON-SECA, 1995).

Unidade de Veiga

O núcleo da estrutura em sinforma, atrásdescrita, é composto por uma estreita bandacom cerca de 300m de xistos, filitos e filonitosde cor acinzentada escura. Estas rochas estãoextremamente deformadas, materializandoum corredor de cisalhamento. As rochasmetassedimentares supracitadas são de difí-cil destrinça cartográfica, quer devido aograu de deformação quer ao elevado grau dealteração superfícial. Não foi encontrado,até ao momento, qualquer registopaleontológico passível de identificação se-gura. Contudo, atendendo ao enquadramen-to tectonoestratigráfico e litológico regio-nal destes materiais, deverão sercorrelacionáveis com as rochas metassedi-mentares da Unidade do Carvoeiro.

II. Autóctone (Proterozóico supe-rior /Câmbrico inferior [?]: San JOSÉet al., 1974; PALÁCIOS, 1983; VIDALet al., 1994a,b)

• Domínio estrutural do “ComplexoXisto-Grauváquico”

O contacto oriental das unidades doPaleozóico, marcado pelas cristas do quartzitoArmoricano e/ou dos filitos negros, faz-seatravés de uma espessa série metassedimentardo denominado “Complexo Xisto-Grauváquico ante-Ordoviciano” (CA-RRÍNGTON da COSTA, 1950) — desig-nado, posteriormente, por “Xistos das Bei-ras” (SCHERMERHORN, 1955) e, de novo,por “Complexo Xisto-Grauváquico ante-Ordoviciano” (TEIXEIRA, 1955). Ante-riormente, teve outras designações, tais como“Xistos das Beiras e do Vale do Douro”(DELGADO, 1905) ou “Xistos argilososdas Beiras” (FLEURY, 1919/1922). Esta

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série metassedimentar, presente em territó-rio português, cobre grande parte das Bei-ras, algumas zonas limitadas do Minho, e aparte leste de Trás-os-Montes e do AltoAlentejo. BERNARDO de SOUSA (1982,1983, 1985) considera o CXG como umSuper-Grupo, subdividido em duas unida-des litoestratigráficas, o Grupo do Douro eo Grupo das Beiras.

O Complexo Xisto-Grauváquico foi in-terpretado como resultado de umasedimentação numa estrutura de tipoaulacógeno, limitada por falhas activas, quesofreu uma inversão tectónica portranspressão direita, com dobramento e semprodução de foliação, e apresentando vulca-nismo bimodal (ROMÃO & RIBEIRO,1992). Contudo, para QUESADA (1992,1996) a sedimentação do CXG ter-se-iaefectuado numa bacia do ante-país (“forelandbasin”) desenvolvida no final da orogeniacadomiana, sendo referido como testemunhosedimentar de tal episódio o facto de asunidades mais basais do CXG (Precâmbricosuperior?), as quais se encontram apenasrepresentadas em Espanha, estaremsubjacentes a uma descontinuidade internado CXG. No entanto, RIBEIRO et al. (1990)interpretam a parte precâmbrica do CXGcomo uma sequência turbidítica sinorogénicadesenvolvida sob a forma de uma bacia doante-país no fim da orogenia cadomiana,enquanto que a parte câmbrica inferior,separada da anterior por descontinuidadesedimentar de primeira ordem, seria já oreflexo das primeiras etapas extensivas rela-cionadas com o orógeno cadomiano. SILVA(1996) refere-se às duas hipóteses anterio-res, sobre a geração e preenchimento destabacia, como sendo complementares, ou seja,admitindo a actuação precoce de um sentidode um cisalhamento tangencial ao orógeno,

em regime transpressivo, que gera uma baciacuja abertura é concomitante com acolmatação.

O CXGB a oriente das unidades doPaleozóico inferior

Os relevos de quartzito ‘Armoricano’que marcam geomorfologicamente o flancoleste das estruturas regionais de Caldas de S.Jorge–Carvoeiro–Arrancada do Vougacontactam tectonicamente com a sériemetassedimentar do CXGB da ZCI (Grupodas Beiras indiferenciado). Na proximidadedo contacto, o CXGB é composto essencial-mente por intercalações centimétricas defilitos e de metagrauvaques típicas de umasérie ‘flyschóide’. Os afloramentos do CXGB,a oriente da faixa metassedimentar doPaleozóico inferior podem ser, generica-mente, descritos como sequências metasse-dimentares relacionadas com sedimentaçãoturbidítica proximal, com baixo grau meta-mórfico, formadas por alternâncias de xistose de metagrauvaques. Localmente, foramreferenciadas bancadas conglomeráticas equartzíticas. Os metagrauvaques são de grãofino a médio e têm matriz quartzo-micáceaabundante, a qual é constituída por clastosquartzo-feldspáticos e por raros elementoslíticos (SCHERMERHORN, 1956,MEDEIROS et al. 1964; SEVEROGONÇALVES, 1974, PEREIRA et al.,1980; AGUADO, 1992). AGUADO &MARTÍNEZ-CATALÁN (1994) propõempara o CXG desta região uma divisão emduas unidades, superior e inferior, estando abase da primeira correlacionada com aFormação de Bateiras do Grupo do Douro(BERNARDO de SOUSA, 1982).

Na região do baixo Rio Douro, a SE doPorto, a sequência turbidítica tem caracte-

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rísticas algo distintas, uma vez que apresentanumerosas intercalações de metaconglome-rados, contendo, entre outros, calhaus deliditos negros semelhantes aos que ocorremna ZOM (FERREIRA da SILVA et al., 1995).Estes afloramentos do CXG situados aocidente do Sulco Carbonífero Dúrico-Beirão(SCDB), dado o seu elevado grau metamór-fico, são de difícil correlação com o Grupodo Douro definido por BERNARDO deSOUSA (1982). Para além disso, há ainda aconsiderar que os níveis conglomeráticos equartzíticos, que são comummente utiliza-dos como guias cartográficos paraidentificação do CXG, foram reconhecidos ecartografados apenas até próximo dogranitóide do Monte da Virgem, em VilaNova de Gaia, inflectindo, nas proximida-des desta mancha granítica, segundo umlineamento estrutural com direcção NNE-SSW, e, terminando lenticularmente próxi-mo a Valongo, surgindo em afloramentosdispersos ao longo do SCDB (videMEDEIROS et al., 1964; OLIVEIRA et al.,1992b; PINTO de JESUS, 2003).

3.3. Um ensaio de correlação estrati-gráfica

A redefinição da estratigrafia dosdomínios estruturais de Caldas de S. Jorge–Carvoeiro e de Soutelo–Arrancada doVouga (Águeda) permitiu estabelecer umquadro de correlação local entre estesdomínios e os sectores de Valongo e doBuçaco (ZCI). Com base nos estudosdesenvolvidos, para cada domínio estrutural,podem considerar-se as seguintes unidadesgeológicas: i) Unidades de Caldas de S.Jorge e de Arrancada do Vouga (quartzito‘Armoricano’ maciço e filitos intercalados);ii) Unidades de Carvoeiro e da Veiga (xistos

ardosíferos cinzentos e/ou filitos-filonitosnegros).

Em termos de correlação estratigráficacom as unidades do sector de Valongo (RO-MANO & DIGGENS, 1973/1974; RO-MANO, 1982; COUTO et al., 1997) e doBuçaco (e.g., HENRY & THADEU, 1971;YOUNG, 1988; OLIVEIRA et al., 1992a),considerou-se que a parte basal da sequênciaestratigráfica — Unidades de Caldas de S.Jorge e de Arrancada do Vouga — corres-ponde à Formação de Santa Justa (Valongo)e à Formação do Quartzito Armoricano(Buçaco), enquanto que a parte superior —Unidades do Carvoeiro e da Veiga — seequipara à Formação de Valongo e à Formaçãoda Fonte da Horta (Grupo de Cácemes;Buçaco). A figura 8 mostra a coluna estrati-gráfica reconstituída para os domíniosestruturais supracitados, bem como a suacorrespondência com as colunas esquemáti-cas definidas para os sectores do anticlinal deValongo e do sinclinal do Buçaco.

Como se referiu anteriormente foramencontrados fósseis nos xistos ardosíferos daUnidade de Carvoeiro, o que apoia ascorrelações litológicas e estratigráficas entrea região de Caldas de S. Jorge–Carvoeiro e asregiões de Valongo e do Buçaco (figura 9).Nomeadamente, assinalaram-se na área deMouquim–Carvoeiro restos de braquiópodes(“Orthis noctilio Sh.”) que corroboram a pri-meira descrição paleontológica, feita porDELGADO (1908), na localidade doCarvoeiro (Leste de Albergaria-a-Velha). Nosmesmos níveis dos “xistos com Orthis noctilioSh.” foram reconhecidos e identificados, naregião de Mouquim, macrófosseis, muitodeformados, constituídos por um céfalo deuma trilobite (CALYMENIDAE?) e um moldeinterno de equinoderme (CYSTOIDEA?), bemcomo microfósseis, acritarcas e quitinozoários

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(CHAMINÉ, 2000a; CHAMINÉ et al.,2000a). O cistóide encontrado consiste,basicamente, numa teca cónica, com cercade 60mm de comprimento e 20mm delargura máxima, com uma ligeira curvaturaem forma de arco. Nos moldes externos,foram observadas ornamentações materiali-zadas por pequenas protuberâncias e estriaslongitudinais. Fósseis similares aos descri-tos anteriormente foram reconhecidos naregião do Buçaco (C. RIBEIRO et al., 1853;DELGADO, 1908) e na região de Valongo

(DELGADO, 1908; COUTO & GUTIÉ-RREZ-MARCO, 1999). Num estudo re-cente sobre a ocorrência de cistóides emValongo (COUTO & GUTIÉRREZ-MAR-CO, 1999), refere-se que a escassez destes,em comparação com a relativa abundânciade outros grupos de fósseis, parece estarrelacionada com uma preferência destesequinodermes por ambientes marinhos pou-co profundos e com correntes fortes.

Foi ainda efectuado um estudopluridisciplinar exploratório dos materiais

Figura 8. Coluna estratigráfica reconstituída das Unidades do Carvoeiro e de Caldas de S. Jorge e suacorrespondência com as definidas para os sectores de Valongo e do Buçaco (adaptado de CHAMINÉ,2000a).

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Figura 9. Registo paleontológico dos xistos ardosíferos da Unidade de Carvoeiro, da área de Mouquim–Gavião–Carvoeiro (Este de Albergaria-a-Velha), atribuido ao Ordovícico médio (adaptado de CHAMINÉ, 2000a). A: molde e contra-molde (A’), muito deformado, de braquiópode (possivelmente a espécie referida por DELGADO (1908) de “Orthis noctilio Sh.”) e de céfalo de trilobite (CALYMENIDAE?); B: molde, muito deformado, de braquiópode “Orthis noctilio Sh.”; C: molde de equinoderme (CYSTOIDEA?); D: microfósseis (quitinozoários); E: aspecto de campo, na região de Mouquim-Carvoeiro, do quartzito “Armoricano”, com intercalações de xistos acinzentados.

metapelíticos, cruzando os dados da micropaleontologia, da petrografia orgânica e da mineralogia de argilas. As condições analíticas para cada uma das especialidades foram as descritas em FERNANDES et al. (2001), MOÇO et al. (2001) e ROCHA (1993). O estudo micropaleontológico aponta para que os microfósseis encontrados são pouco abundantes e estão mal conservados. O mau estado de preservação dos acritarcas e dos quitinozoários reconhecidos nos xistos da Unidade de Carvoeiro não permitiram a sua classificação inequívoca.

Convém destacar que se encontram referenciados quitinozoários, de idade ordovícica, no sinclinal do Buçaco (PARIS, 1978). Consequentemente, a presença de quitinozoários nos xistos da região de Mouquim–Carvoeiro corrobora a idade ordovícica apontada anteriormente. Foram ainda estudadas algumas amostras do ponto de vista do metamorfismo orgânico e da mineralogia de argilas. Os resultados da petrografia orgânica revelam que o conteúdo orgânico dos metapelitos ardosíferos é bastante pobre. As partículas orgânicas estão

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alteradas termicamente, pelo que a suaclassificação petrológica é muito difícil. Osorganoclastos podem ser classificados como“vitrinite-like”. O grau de incarbonização ésempre muito elevado, situando-se as partí-culas do tipo semi-grafite no nível da epizonasuperior (epimetamorfismo). Efectuaram-se, ainda, análises mineralógicas qualitativase semiquantitativas, por difracção de raios-X, das fracções finas e argilosas. O materialestudado encontra-se caracterizado, global-mente, pela associação dos minerais argilososilite+caulinite+clorite. Os resultados preli-minares obtidos para a cristalinidade dasilites, medida através do índice de KÜBLER(1964), conforme KISCH (1991), são con-sistentes com a petrologia orgânica,permitindo estimar uma temperatura ca.180º-200ºC. Do ponto de vista de integraçãoregional, estes resultados são perfeitamentecompatíveis com os resultados preliminarespara a região do Buçaco avançados porGONÇALVES et al. (2003).

A presença dos macrofósseis na região deMouquim–Carvoeiro permite estabeleceruma equivalência estratigráfica com as uni-dades bioestratigráficas do Ordovícico médiomediterrânico (GUTIÉRREZ-MARCO etal., 1995, 1999). A sua existência nos secto-res de Valongo e do Buçaco (e.g., C. RIBEI-RO et al., 1853; DELGADO 1908; CA-RRÍNGTON da COSTA, 1950; COUTOet al., 1997; COUTO & GUTIÉRREZ-MARCO, 1999) permite atribuir-lhes umaidade ordovícica média (Landeiliano-Lanvirniano inferior ou equivalente, naterminologia cronoestratigráfica doOrdovícico do Reino Unido, FORTEY et al.(1995), ao Oretaniano-Dobrotiviano). Combase nos elementos paleontológicos e nascaracterísticas cartográficas e litológicas,admite-se a correlação dos sectores de

Valongo e do Buçaco com os domíniosestruturais de Caldas de S. Jorge–Carvoeiro–Arrancada do Vouga (Águeda), o que sugereuma idade ordovícica média (Landeiliano-Lanvirniano) para as Unidades do Carvoeiroe da Veiga. Atendendo à posição tectonoes-tratigráfica que ocupam as unidades doCarvoeiro e da Veiga, e às respectivas carac-terísticas litológicas e estratigráficas, consi-dera-se que estas unidades são da mesmaidade, embora não se tenham encontradofósseis localizados, nem a Norte nem a Sul,das localidades de Carvoeiro–Mouquim (cf.ROMANO, 1982). DELGADO (1908), aoreferir-se ao sinclinal do Carvoeiro, ebaseando-se em critérios litológicos e pa-leontológicos, tinha já considerado estesafloramentos como continuação doafloramento do Paleozóico inferior da regiãodo Buçaco (cf. CARRÍNGTON da COSTA,1950; HENRY & THADEU 1971;TEIXEIRA, 1981). De facto, paraTEIXEIRA (1981) os xistos queacompanham as bancadas quartzíticas desdeCarvoeiro até SE de Ribeira de Fráguasseriam, tal como os quartzitos, de idadeordovícica. Contudo, segundo o mesmoautor, para Norte apenas os aflora-mentos quartzíticos seriam desta idade, ain-da que fosse também admitida a idadeordovícica (Landeiliano-Lanvirniano) paraalgumas ocorrências xistentas, dada asimilitude de fácies. Em suma, a ocorrênciade fósseis nos xistos de Carvoeiro e a corre-lação dos quartzitos desta unidade com aFormação de Valongo, bem caracterizadapaleontologicamente (e.g., DEL-GADO, 1908; ROMANO & DIGGENS,1973/74; MEDEIROS et al., 1980;ROMANO, 1982), permitem atribuiruma idade lanvirniana-landeiliana a estalitologia.

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4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A investigação sobre os domíniosestruturais de Caldas de S. Jorge–Carvoeiroe de Soutelo–Arrancada do Vouga permitiuestabelecer uma síntese baseada quer nareinterpretação de dados já existentes querna apresentação de novos elementos de ín-dole cartográfica, tectonoestratigráfica ebioestratigráfica que complementa o en-quadramento geotectónico complexo da fai-xa de cisalhamento de Porto–Coimbra–To-mar (cf. CHAMINÉ et al., 2003b,c, in press).Dada a ampla distribuição das estruturasquartzíticas na ZCI e a uniformidade dassuas características litológicas, osafloramentos quartzíticos representam umimportante nível cartográfico de referêncianas sequências de idade ordovícica (e.g.,ROBARDET, 1980; McDOUGALL et al.,1987; ROMANO, 1991; OLIVEIRA et al.,1992b). Para as unidades de Caldas de S.Jorge e de Arrancada do Vouga é sugerida aidade ordovícica inferior (Arenigiano) porcorrelação com a Formação de Santa Justa(Valongo) e com a Formação do QuartzitoArmoricano do Buçaco, embora ter sidoencontrada nestes sectores uma associaçãode icnofósseis característicos do Arenigiano(e.g., DELGADO, 1887, 1908; ROMANO& DIGGENS, 1973/74; McDOUGALL etal., 1987; ROMANO, 1982, 1991). Emboraas características litológico-estruturais des-tes quartzitos se assemelhem às unidadesquartzíticas de Santa Justa e do Buçaco, nãoforam encontrados, até ao presente e nestesector, quaisquer elementos de naturezapaleontológica, o que vem reforçar asobservações sobre o tema de DELGADO(1908) e de ROMANO (1982). Os mate-riais metapelíticos, atribuídos ao Ordovícicomédio, dos domínios estruturais em causa

(Unidades do Carvoeiro e da Veiga)equiparam-se às Formações de Valongo e daFonte da Horta (Grupo de Cácemes), daregião do Buçaco.

O presente estudo multidisciplinar domega-domínio estrutural de Caldas S. Jor-ge–Carvoeiro–Arrancada do Vouga(Águeda) prossegue na actualidade (e.g.,GOMES, in prep.; TEIXEIRA, in prep.) parauma melhor compreensão da cartografia, datectonoestratigrafia e da morfotectónica dosegmento da faixa de cisalhamento de Por-to–Coimbra–Tomar (s.str.).

AGRADECIMENTOS

Esta publicação sintetiza o estudo tec-tonoestratigráfico desenvolvido na regiãode Espinho–Albergaria-a-Velha (ZOM-ZCI), e inclui parte das principais conclusõesda dissertação, apresentada à Universidadedo Porto, de HIC. Este beneficiou de bolsasde pós-graduação da Fundação para a Ciênciae a Tecnologia (FCT), no período de 1994/1997 (BD/2633/93-RN) na Universidadedo Porto, e no período de 2001/2003 (SFRH/BPD/3641/2000) na Universidade deAveiro. Uma palavra de gratidão aos Srs.Norberto Silva, Júlio Oliveira, F. Cardoso eJosé Oliveira Rocha (IGM), por todo apoiode campo, no ano de 1994, ao trabalho deHIC. Este trabalho recebeu apoio parcialdos projectos TECTIBER-FCT, PRAXIS/CTA/82/1994-FCT e, mais recentemente, oapoio dos projectos MODELIB (FCT-POCTI/35630/CTA/2000–FEDER) e TBA(FCT-POCTI/CTA/38659/2001-FEDER).PEF recebeu apoio de ‘Geodynamics(Geodyn)’ e ‘POCTI-ISFL-5-32’. São devidosagradecimentos à colega H. Couto (Porto)pelo apoio na classificação de algunsmacrofósseis. As discussões e informações

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várias, no contexto da geologia Penínsular,tidas com os Professores A. Marcos (Ovie-do), A. Ribeiro (Lisboa), M. J. Lemos deSousa (Porto), J. M. Munhá (Lisboa), R. Dias(Évora), E. Sousa Pereira (S. Mamede Infes-ta), B. Barbosa (S. Mamede Infesta), C. Coke(Vila Real), A. Araújo (Évora), J. Piçarra(Beja), A. Pérez-Alberti (Santiago de Com-postela), C. Quesada (Madrid), C. Gomes(Aveiro), F. Sodré Borges (Porto), G. Soaresde Carvalho (Braga) e M. Robardet (Rennes),foram importantes para o refinamento dasideias deste artigo.

Por fim, é com enorme gratidão e humil-dade que dedicamos este trabalho à memó-ria de dois pioneiros da geologia regional —General Eng. Joaquim Filippe Nery daEncarnação Delgado (1835-1908) e ProfessorDoutor Luís Severo Marques Gonçalves (1937-1999) — que lançaram as bases da complexageologia do cristalino da região entre Oliveirade Azeméis–Albergaria-a-Velha e o Buçaco.

Recibido: 20-5-2004Aceptado: 23-7-2004

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