Fundamenta˘c~ao Intervalar para Transformada Z · Fundamenta˘c~ao Intervalar para Transformada Z...
Transcript of Fundamenta˘c~ao Intervalar para Transformada Z · Fundamenta˘c~ao Intervalar para Transformada Z...
Fundamentacao Intervalar para Transformada Z
Fabiana T. Santana1, Adriao D. Doria Neto2,1Instituto Federal de Educacao, Ciencia e Tecnologia do Rio Grande do Norte, IFRN
Rua Dr. Nilo Bezerra Ramalho, 1692, Tirol, Natal/RN, CEP 59015-3002Depto de Computacao e Automacao, UFRN
Caixa Postal 1524. Campus Universitario Lagoa Nova, Natal/RN, CEP 59072-970E-mail: [email protected], [email protected]
Fagner L. Santana3 , Regivan H. N. Santiago4,Depto de Ciencias Exatas e da Terra, UFRN
3Departamento de Matematica. 4Departamento de Informatica e Matematica AplicadaCaixa Postal 1524. Campus Universitario Lagoa Nova, Natal/RN, CEP 59072-970
E-mail: [email protected], [email protected]
Palavras-chave: Sinais e Sistemas Intervalares, Transformada Z Intervalar, Convergencia.
Resumo: Neste trabalho e feita a fundamentacao da transformada Z intervalar para sinaiscomplexos intervalares. Para tanto, sao utilizados os conceitos de sinais e sistemas complexosintervalares, a aritmetica de Moore para intervalos e a aritmetica retangular para numeros com-plexos intervalares. E apresentada tambem uma analise das condicoes de convergencia da trans-formada Z intervalar, tomando como base os princıpios de convergencia de Moore.
1 Introducao
O problema da representacao de dados existente em processamento digital de sinais (DSP)motivou a definicao de sinais e sistemas intervalares complexos. A extensao da transformadaZ para o caso intervalar proporciona ao DSP uma alternativa para implementacao de dadosintervalares. Para isso serao utilizados os conceitos de sinais e sistemas intervalares definidos em[3], a aritmetica intervalar proposta por Moore em [2], e a aritmetica retangular proposta porAlefeld em [1].
2 Transformada Z Intervalar
Seja X[n] : Z→ R(C) um sinal complexo intervalar que associa para todo n ∈ Z um numerocomplexo intervalar X[n] = A[n] + iB[n] ∈ R(C), onde A[n] = [a[n], a[n]], B = [b[n], b[n]] ∈ IR.Para um sistema intervalar F : R(C) → R(C), linear e invariante no tempo, como foi definidoem [3], tem-se que Y [n] = F (
∑∞k=−∞X[k]δ[n − k]). Como o sistema e aditivo e homogeneo,
segue que Y [n] =∑∞
k=−∞X[k]F (δ[n − k]). Por outro lado, o sistema e invariante no tempo,entao Y [n] =
∑∞k=−∞X[k]H[n − k]. Fazendo uma mudanca de variaveis, segue que Y [n] =∑∞
k=−∞X[n− k]H[k].Particularmente, para X[n] = zn, z ∈ C, tem-se que Tem-se que, Y [n] = zn
∑∞k=−∞ z
−kH[k].A funcao H(z) =
∑∞k=−∞ z
−kH[k] dara origem a transformada Z intervalar, como acontece nocaso usual.
De [3], todo numero complexo intervalar X[n] = [a[n], a[n]] + i[b[n], b[n]] ∈ R(C) pode serrepresentado pelo intervalo X[n] = [a[n] + ib[n], a[n] + ib[n]]. Utiliza-se essa relacao na definicaoda transformada Z intervalar.
18
ISSN 2317-3300
Definicao 2.1. Seja X[n] = [a[n], a[n]] + i[b[n], b[n]] ∈ R(C). Define-se a transformada Z
intervalar de X[n] por: X (z) =∞∑
n=−∞X[n]z−n = [
∞∑n=−∞
(a[n]+ib[n])z−n,∞∑
n=−∞(a[n]+ib[n])z−n].
2.1 Convergencia da Transformada Z Intervalar
Para se analisar a convergencia de series intervalares deve-se utilizar as nocoes de convergenciade sequencia intervalar introduzidas por Moore em [2].
Definicao 2.2. Seja Xn ∈ IR uma sequencia intervalar real. Xn converge para o intervalo Xse, e somente se, dM (Xn, X) → 0, onde dM e a distancia de Moore definida por dM (X,Y ) =max{|x − y|, |x − y|}, para X = [x, x] e Y = [y, y]. Usaremos a notacao I→ para convergencia
de intervalos e → para convergencia usual. Neste caso, XnI→ X e dM (Xn, X)→ 0.
Teorema 2.1. Sejam Xn, X ∈ IR, tais que Xn = [xn, xn] e X = [x, x]. XnI→ X se, e somente
se, xn → x e xn → x.
Demonstracao: A demonstracao segue das definicoes de convergenia de intervalos e distanciade Moore para intervalos dados na Definicao 2.2.
O Teorema 2.1 mostra que para XnI→ X, uma condicao necessaria e suficiente e que os
extremos de Xn convirjam para os extremos de X, onde Xn, X ∈ IR. Entao, para os casos emque o sinal intervalar nao tem componente imaginaria, a analise da convergencia da transformada
X (z) =∞∑
n=−∞Xnz
−n se reduz a analise da convergencia de∞∑
n=−∞xnz
−n e∞∑
n=−∞xnz
n, onde
Xn = [xn, xn].Sejam A1, A2, B1, B2 ∈ IR e A = A1 + iA2, B = B1 + iB2 ∈ R(C). A distancia intervalar
entre A e B e definida por DM (A,B) = dM (A1, B1) +dM (A2, B2). Para analisar a convergenciade Xn ∈ R(C) utiliza-se a distancia DM .
Definicao 2.3. Dada uma sequencia Xn = An + iBn ∈ R(C), diz-se que Xn converge para X
quando ∀ε > 0,∃n0 ∈ N tal que n ≥ n0 ⇒ DM (Xn, X) < ε. Notacao: XnI→ X.
Notem que XnI→ X ⇔ DM (Xn, X)→ 0. O proximo resultado extende o Teorema 2.1.
Proposicao 2.1. Sejam Xn = An + iBn, X = A + iB ∈ R(C). Entao, XnI→ X ⇔ An
I→ A eBn
I→ B.
Demonstracao: Suponha que XnI→ X. Pela Definicao 2.3, ∀ε > 0,∃n0 ∈ N;n > n0 ⇒
DM (Xn, X) < ε ⇔ dM (An, A) + dM (Bn, B) < ε. Como as parcelas da soma anterior sao naonegativas, segue que dM (An, A) < ε e dM (Bn, B) < ε, isto e, An
I→ A e BnI→ B. Recipro-
camente, suponha que AnI→ A e Bn
I→ B, entao ∀ε > 0,∃n0 ∈ N;n > no ⇒ d(An, A) < ε2 e
dM (Bn, B) < ε2 ⇒ dM (An, A) + dM (Bn, B) < ε⇔ DM (Xn, X) < ε. Portanto, Xn
I→ X.
Seja Xn = An + iBn ∈ R(C), onde An = [an, an] e Bn = [bn, bn] e∞∑n=0
Xn = limN→∞
N∑n=0
Xn.
Assim, se∞∑n=0
Xn = X, onde X = A+ iB, com A = [a, a] e B = [b, b], entao, pelos Teoremas 2.1
19
ISSN 2317-3300
e 2.1, temos X = limN→∞
N∑n=0
Xn =∞∑n=0
Xn =∞∑n=0
(An + iBn) =∞∑n=0
An + i∞∑n=0
Bn =∞∑n=0
[an, an] +
i∞∑n=0
[bn, bn] =
[ ∞∑n=0
an,∞∑n=0
an
]+ i
[ ∞∑n=0
bn,∞∑n=0
bn
].
Isto e, se∞∑n=0
Xn converge, onde Xn = An + iBn, e possıvel analisar a soma∞∑n=0
Xn em cada
extremidade dos intervalos An e Bn. Em seguida, utiliza-se os resultados obtidos anteriormentepara analisar a convergencia da transformada Z intervalar.
Teorema 2.2. Dado o sinal complexo intervalar Xn = An + iBn, onde An = [an, an] e Bn =
[bn, bn], a transformada Z intervalar de Xn converge se∞∑
n=−∞an|z|−n <∞,
∞∑n=−∞
an|z|−n <∞,
∞∑n=−∞
bn|z|−n <∞, e∞∑
n=−∞bn|z|−n <∞.
Demonstracao: A transformada Z intervalar do sinal complexo intervalar Xn, tal que,
Xn = An + iBn, onde An = [an, an] e Bn = [bn, bn], e dada por X (z) =∞∑
n=−∞Znz
−n, onde
z = |z|cosθ + i|z|senθ e z−n = |z|−ncos(nθ) + i|z|−nsen(−nθ). Faca a = |z|−ncos(nθ) e b =|z|−nsen(−nθ). Dessa forma, tem-se que:
X (z) =∞∑
n=−∞(An + iBn)(a+ ib) =
∞∑n=−∞
([an, an] + i[bn, bn])(a+ ib)
=∞∑
n=−∞([an, an] + i[bn, bn])([a, a] + i[b, b])
=∞∑
n=−∞{[an, an][a, a]− [bn, bn][b, b] + i([an, an][b, b] + [bn, bn][a, a])}
=∞∑
n=−∞{[min{ana, ana},max{ana, ana}]− [min{bnb, bnb},max{bnb, bnb}]
+ i([min{anb, anb},max{anb, anb}] + [min{bna, bna},max{bna, bna}])}
=∞∑
n=−∞{[min{ana, ana} −max{bnb, bnb},max{ana, ana} −min{bnb, bnb}]
+ i[min{anb, anb}+ min{bna, bna},max{anb, anb}+ max{bna, bna}]}
= [∞∑
n=−∞(min{ana, ana} −max{bnb, bnb}),
∞∑n=−∞
(max{ana, ana} −min{bnb, bnb})]
+ i[∞∑
n=−∞(min{anb, anb}+ min{bna, bna}),
∞∑n=−∞
(max{anb, anb}+ max{bna, bna})].
Tem-se que X (z) converge se:∞∑
n=−∞ana <∞,
∞∑n=−∞
ana <∞,∞∑
n=−∞bnb <∞,
∞∑n=−∞
bnb <∞,∞∑
n=−∞anb <∞,
∞∑n=−∞
anb <∞,
∞∑n=−∞
bna <∞ e∞∑
n=−∞bna <∞.
Como a = |z|−ncos(nθ) e b = |z|−nsen(−nθ), assim |xna| = |xn|z|−ncos(nθ)| ≤ |xn||z|−n
e |xnb| ≤ |xn||z|−n. Portanto, Z(z) converge, se:∞∑
n=−∞an|z|−n < ∞;
∞∑n=−∞
an|z|−n < ∞;
20
ISSN 2317-3300
∞∑n=−∞
bn|z|−n <∞;∞∑
n=−∞bn|z|−n <∞.
Mais especificamente, para xn,∞∑
n=−∞xn|z|−n, converge se:
∞∑n=0
xn|z|−n <∞ e−1∑
n=−∞xn|z|−n <
∞.Fazendo fn = xn|z|−n, encontra-se as seguintes condicoes de convergencia:
limn→∞
∣∣∣∣fn+1
fn
∣∣∣∣ < 1 e limn→∞
∣∣∣∣fn+1
fn
∣∣∣∣ > 1.
Sendo assim, limn→∞
∣∣∣∣xn+1|z|−n−1
xn|z|−n
∣∣∣∣ = |z|−1 limn→∞
∣∣∣∣xn+1
xn
∣∣∣∣ < 1⇔ |z| > limn→∞
∣∣∣∣xn+1
xn
∣∣∣∣ e limn→−∞
∣∣∣∣xn+1|z|−n−1
xn|z|−n
∣∣∣∣ =
|z|−1 limn→−∞
∣∣∣∣xn+1
xn
∣∣∣∣ > 1⇔ |z| < limn→−∞
∣∣∣∣xn+1
xn
∣∣∣∣.Dessa forma, sejam:
limn→∞
∣∣∣∣an+1
an
∣∣∣∣ = r+1 , limn→∞
∣∣∣∣an+1
an
∣∣∣∣ = r+2 , limn→∞
∣∣∣∣bn+1
bn
∣∣∣∣ = r+3 , limn→∞
∣∣∣∣bn+1
bn
∣∣∣∣ = r+4 , analogamente define-
se r−1 , r−2 , r−3 e r−4 .Com isso, conclui-se que a transformada X (z) converge se: r+1 < |z| < r−1 , r+2 < |z| < r−2 ,
r+3 < |z| < r−3 e r+4 < |z| < r−4 .Para r+ = max{r+1 , r
+2 , r
+3 , r
+4 } e r− = min{r−1 , r
−2 , r
−3 , r
−4 }, entao Z(z) converge se r+ <
|z| < r−.
Exemplo 2.1. Seja Xn = [0.5nu(n), 3nu(−n)]+i[0.3nu(n), 2nu(−n)] ∈ R(C) um sinal complexo
intervalar. A transformada X (z) intervalar converge se: (i)∞∑n=0
0.5n|z|−n < ∞, isto e |z| >
0.5; (ii)−1∑
n=−∞3n|z|−n < ∞, isto e |z| < 3; (iii)
∞∑n=0
0.3n|z|−n < ∞, isto e |z| > 0.3; (iv)
−1∑n=−∞
2n|z|−n < ∞, isto e |z| < 2. Defina r+ = max{0.3, 0.5} e r− = min{2, 3}. Logo, a
transformada X (z) intervalar convege na regiao r+ < |z| < r−, ou seja, 0.5 < z < 2, que e aintersecao das quatro regioes descritas nos itens acima.
3 Conclusao
Os conceitos de sinais e sistemas intervalares, assim como o da transformada Z intervalar podemser aplicados em problemas praticos de DSP como solucao ao problema de representacao dainformacao. A fundamentacao matematica desses conceitos possibilita a investigacao de variasferramentas e algoritmos auto-validaveis para o processamento digital de sinais.
Referencias
[1] G. Alefeld, J. Herzberger. Introduction to Interval Computations. Academic Press. NewYork. 1983.
[2] R. E. Moore. Methods and Applications of Interval Analysis. Studies in AppliedeMathematics-SIAM, Philadelphia. 1979.
[3] F. T. Santana, R. H. N. Santiago, A. D. Doria Neto. Fundamentacao Intervalar Complexapara Sinais e Sistemas. In: Anais do CNMAC, Vol.3, p.1-7, 2010, Agua de Lindoia SP.XXXIII Congresso Nacional de Matematica Aplicada e Computacional, 2010.
21
ISSN 2317-3300