fruticultura viticultura olivicultura culturas arvenses ... · viticultura fruticultura...

183
viticultura fruticultura olivicultura horticultura culturas arvenses micologia Ministério da Agricultura, Ordenamento do Território DRAP Centro Direcção Regional de Agricultura e Pescas do Centro Mar, Ambiente e DIRECÇÃO DE SERVIÇOS DE AGRICULTURA E PESCAS CASTELO BRANCO - 2011 anuário de experimentação 2010 direcção regional de agricultura e pescas do centro

Transcript of fruticultura viticultura olivicultura culturas arvenses ... · viticultura fruticultura...

Page 1: fruticultura viticultura olivicultura culturas arvenses ... · viticultura fruticultura olivicultura horticultura culturas arvenses micologia Ministério da Agricultura, Ordenamento

viticulturafruticulturaolivicultura

horticulturaculturas arvensesmicologia

Ministério da Agricultura,

Ordenamento do Território

DRAP CentroDirecção Regionalde Agricultura e Pescasdo Centro

M a r , A m b i e n t e e

DIRECÇÃO DE SERVIÇOS DE AGRICULTURA E PESCAS

CASTELO BRANCO - 2011

anuário de experimentação 2010

direcção regional de agricultura e pescas do centro

Page 2: fruticultura viticultura olivicultura culturas arvenses ... · viticultura fruticultura olivicultura horticultura culturas arvenses micologia Ministério da Agricultura, Ordenamento

DRAP Centro ‐ ANUÁRIO DE EXPERIMENTAÇÃO 2010 

1

 

Índice 

 

I. VITICULTURA 

1. Estudo da influência da época e intensidade de desfolha no comportamento agronómico das castas do Dão 

2.  Estudo da influência de diferentes regimes hídricos no comportameno das castas do Dão  6 

3.  Estudo de técnicas de gestão do solo   11 

4.  Selecção genética das castas do Dão  14 

II. FRUTICULTURA 

1.  Comportamento de variedades regionais de macieira, em modo de produção biológico  16 

2.  Campo de demonstração de “novas” variedades de macieira  24 

3. Estudo comparativo de duas técnicas de protecção do escaldão em macieiras da variedade Fuji 

31 

4.  Colecção de variedades de aveleira  38 

5. Valorização e Preservação de Variedades Regionais de Castanha na Região Centro e Norte de Portugal  

43 

III. OLIVICULTURA 

1.  Variedades de oliveira  49 

2.  Olival conduzido em Modo de Produção Biológico  53 

IV. HORTICULTURA 

1.  Estudo do comportamento de diferentes porta‐enxertos em tomate de estufa  55 

2.  Estudo do comportamento de dois porta‐enxertos em feijão verde de estufa  66 

3.  Estudo do comportamento de dois porta‐enxertos em duas cultivares de pepino de estufa  72 

4  Ensaio de Micorrizas e de Trichoderma em duas Cultivares de Alface de Estufa  80 

5.  Ensaio de variedades de Batata da Rede Nacional de Ensaios, em Aveiro  88 

6.  Ensaio de variedades de Batata da Rede Nacional de Ensaios, no CEBM‐Loreto  91 

V. CULTURAS ARVENSES 

1.  Ensaio de estudo da piriculariose na cultura do arroz   95 

2.  Campo de observação com adubos de libertação controlada e lenta na cultura do arroz  101 

3. Estudo da monitorização da água de rega na cultura do arroz, no Baixo Mondego no canteiro dos adubos de libertação controlada em 2010 

106 

4.  Ensaios de Melhoramento de arroz  108 

5.  Estudo de novas variedades de arroz  112 

6.  Tecnologias adaptadas na produção de arroz em Modo de Produção Biológico  116 

7.  Estudo de sistemas de mobilização do solo e de rega na cultura do milho grão  125 

8.  Campo de observação de variedades de milho – ciclo FAO 500  132 

9.  Ensaios de Variedades de Milhos Híbridos da Rede Nacional de Ensaios, na E.A.Viseu  137 

Page 3: fruticultura viticultura olivicultura culturas arvenses ... · viticultura fruticultura olivicultura horticultura culturas arvenses micologia Ministério da Agricultura, Ordenamento

DRAP Centro ‐ ANUÁRIO DE EXPERIMENTAÇÃO 2010 

2

10.  Ensaios de variedades de Milhos Híbridos da Rede Nacional de Ensaios, em Aveiro  142 

11.  Ensaio de variedades de sorgo da Rede Nacional de Ensaios, para biomassa, Aveiro  147 

12. Ensaio de variedades de sorgo da Rede Nacional de Ensaios, para biomassa, no CEBM‐Coimbra 

152 

13. Ensaio de variedades de luzerna vivaz da Rede Nacional de Ensaios, em regadio, no CEBM‐Coimbra 

160 

VI. OUTRAS CULTURAS – COGUMELOS 

1. Avaliação da capacidade produtiva de povoamentos florestais inoculados com espécies de cogumelos comestíveis 

166 

2.  Produção e diversidade de cogumelos silvestres  170 

3. Produção de tortulhos (Amanita ponderosa). Avaliação da capacidade produtiva dos campos de Cabeço de Mouro (Rosmaninhal – Idanha‐a‐Nova) e Barroca do Beirão (Monforte – Castelo Branco) 

178 

4. Produção de Criadilhas (Terfezia spp.) na Beira Interior. Avaliação da capacidade produtiva do campo de Monte Fidalgo – Castelo Branco 

181 

     

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Page 4: fruticultura viticultura olivicultura culturas arvenses ... · viticultura fruticultura olivicultura horticultura culturas arvenses micologia Ministério da Agricultura, Ordenamento

DRAP Centro ‐ ANUÁRIO DE EXPERIMENTAÇÃO 2010 

3

 

I. VITICULTURA 

 

 

1. ESTUDO DA INFLUÊNCIA DA ÉPOCA E INTENSIDADE DE DESFOLHA NO     COMPORTAMENTO AGRONÓMICO DAS CASTAS DO DÃO    Vanda Pedroso   OBJECTIVOS  De entre as diferentes intervenções em verde, a desfolha é uma prática corrente na região do Dão, sendo feita essencialmente com o objectivo de expor os cachos na fase final de maturação.  

De  acordo  com  a  bibliografia,  esta  prática  permite  uma melhoria  do microclima  a  nível  dos  cachos, contribuindo para uma menor taxa de incidência de doenças e para uma melhoria de alguns parâmetros de qualidade do mosto como o teor em antocianas.  

Pode ser realizada em diferentes fases do ciclo da planta e com diferentes intensidades.  

Os resultados obtidos no CEVDão, no âmbito deste trabalho, permitem já o aconselhamento da prática da desfolha total, numa fase de bago de chumbo, em castas como o Alfrocheiro e a Jaen, para a diminuição da incidência e severidade da podridão cinzenta.  

Segundo bibliografia mais recente, uma desfolha praticada em fases precoces como a pré‐floração ou o vingamento, podem conduzir a uma menor  incidência da podridão cinzenta por proporcionarem cachos menos tochados, devido a um aumento do desavinho.  

Neste sentido, o ensaio  iniciado em 2006  foi em parte alterado em 2010, no sentido de confirmar, nas condições da  região do Dão e  com uma  casta de  cacho  tochado e  sensível  à doença  a Alfrocheiro, os resultados obtidos em outras condições.   DELINEAMENTO EXPERIMENTAL  O ensaio está estabelecido num sistema de blocos casualizados, com cinco modalidades:   E1 ‐ desfolha praticada na fase de bago de chumbo/bago de ervilha, nos dois lados da sebe    E2 ‐ desfolha praticada na fase final de pintor, nos dois lados da sebe   E3 – desfolha praticada na fase final de botões florais separados (estado H), nos dois lados da sebe   E4 ‐ desfolha praticada na fase de vingamento (estado J), nos dois lados da sebe.   T – testemunha, onde não é praticada nenhuma desfolha. e com quatro repetições.  

A desfolha é  feita na  zona basal dos  lançamentos, numa altura  correspondente à  inserção dos  cachos, com a eliminação das folhas do lançamento principal e das netas inseridas a estes níveis. Cada unidade experimental é constituída por 12 plantas.   MATERIAL E MÉTODOS  O  ensaio  está  instalado  desde  2006  na  Folha5,  Talhão  B  do  CEVDão,  na  casta  Alfrocheiro  e  foi reorganizado em 2010 de acordo com as novas modalidades. Neste estudo os registos a efectuar são:  

   – Registos de abrolhamento, fertilidade e vingamento;    – Caracterização da densidade do coberto vegetal e do vigor; 

Page 5: fruticultura viticultura olivicultura culturas arvenses ... · viticultura fruticultura olivicultura horticultura culturas arvenses micologia Ministério da Agricultura, Ordenamento

DRAP Centro ‐ ANUÁRIO DE EXPERIMENTAÇÃO 2010 

4

   – Controlo da evolução da maturação;    – Determinação da intensidade de ataque da podridão cinzenta e compacidade do cacho;    – Caracterização da vindima;    – Caracterização dos vinhos. 

  

RESULTADOS   No ano de 2010 os trabalhos decorreram de uma forma geral conforme protocolado. No entanto devido á queda intensa de granizo no dia 26 de Junho, que afectou a vegetação e a produção, não foi efectuada a desfolha nas modalidades E1 e E2, não desfolhadas á data de ocorrência do fenómeno. Também, devido á passagem do  laboratório experimental de enologia do CEVDão, em 1 de  Julho para a Divisão de Apoio Laboratorial  e  á  proibição  da  utilização  do  equipamento  pelos  técnicos  da  Direcção  de  Serviços  de Agricultura,  não  foram  feitas  as  determinações  relativas  á  qualidade  da  produção,  estando  os  bagos congelados aguardando análise.  

Nos quadros seguintes são apresentados alguns dos resultados obtidos.  

Quadro 1 ‐ Efeito da época de desfolha no rendimento e seus componentes  

MODALIDADE Nº Cachos (/ cepa) 

Peso Cacho (g) 

Peso 100 bagos (g) 

Produção (Kg/cepa) 

E1  ‐  ‐  ‐  ‐ E2  ‐  ‐  ‐  ‐ E3  24.0 ab  170.9 b  107.3 b  4.1 b E4  22.3 b  157.0 b  113.3 b  3.5 b T  27.2 a  208.6 a  125.0 a  5.6 a Sig.  *  ***  **  ** 

 

Nota: Sig – nível de significância; *, ** e *** significativo ao nível de 0.05, 0.01 e 0.001 pelo  teste de Fisher. Em cada coluna os valores seguidos da mesma  letra não diferem significativamente ao nível de 0.05 pelo teste da MDS 

 Os resultados do primeiro ano de ensaio indicam que a desfolha praticada numa fase precoce induziu uma redução significativa da produção (Quadro 1).  

A  diminuição  da  produção  neste  primeiro  ano  de  ensaio,  não  provém  de  um  aumento  do  desavinho (Quadro 2), como referenciado na bibliografia, mas sim, essencialmente da diminuição do peso do cacho consequência da redução significativa do peso do bago.  

Este facto poderá ser explicado por se tratar do primeiro ano, numa casta e numa parcela de vinha com vigor médio, em que as reservas existentes na planta foram suficientes para o vingamento. 

 Quadro 2 ‐ Efeito da época de desfolha na taxa de vingamento e compacidade do cacho.   

MODALIDADE Nº Flores/ cacho 

Nº Bagos/ cacho 

Taxa de Vingamento 

(%) 

Compacidade do Cacho 

(Código 204 OIV) E1  ‐  ‐  ‐  ‐ E2  ‐  ‐  ‐  ‐ E3  277.0  206.7  73.4  7.4 E4  299.0  204.1  69.3  7.4 T  293.0  209.5  73.7  7.3 Sig.  ns  ns  ns  ns 

 

Nota: Sig – nível de significância; ns ‐ não significativo ao nível de 0.05 pelo teste de Fisher   

Page 6: fruticultura viticultura olivicultura culturas arvenses ... · viticultura fruticultura olivicultura horticultura culturas arvenses micologia Ministério da Agricultura, Ordenamento

DRAP Centro ‐ ANUÁRIO DE EXPERIMENTAÇÃO 2010 

5

A desfolha praticada ao nível dos cachos influenciou de forma significativa a incidência e a severidade de ataque da podridão cinzenta (Quadro 3), mesmo num ano em que esta doença teve uma expressão muito fraca na região do Dão, como foi o ano de 2010.  

Estes resultados são concordantes com os obtidos anteriormente e evidenciam que a prática da desfolha precoce minimiza os problemas da podridão cinzenta na região do Dão. 

 Quadro 3 ‐ Efeito da época de desfolha na taxa de podridão cinzenta. 

 

MODALIDADE  Incidência  (%)  Severidade  (%) 

E1  ‐  ‐ E2  ‐  ‐ E3  3.8 b  0.48 b E4  2.1 b  0.20 b T  44.1 a  5.73 a Sig.  ***  *** 

  

Nota: Sig – nível de significância; ***  ‐ significativo ao nível de 0.001, pelo teste de Fisher.  Em  cada  coluna,  valores  seguidos  da  mesma  letra  não  diferem significativamente ao nível de 0.05 pelo teste da MDS  

 No Quadro 4  são apresentados os valores  referentes ao vigor e  seus  componentes, verificando‐se que neste  primeiro  ano,  a  redução  de  área  foliar  numa  fase  de  crescimento  vegetativo  não  afectou significativamente o vigor das plantas. 

 Quadro 4 ‐ Efeito da época de desfolha no vigor e seus componentes. 

 

MODALIDADE Nº Lançamentos 

(/ cepa) Peso 

Lançamento (g) Peso Lenha (Kg/cepa) 

E1  ‐  ‐  ‐ E2  ‐  ‐  ‐ E3  15.0  55.8  0.84 E4  14.7  63.6  0.93 T  15.9  59.4  0.95 Sig.  ns  ns  ns 

 

Nota: Sig – nível de significância; ns ‐ não significativo ao nível de 0.05 pelo teste de Fisher  

Como  conclusão  geral  pode  referir‐se  que  no  primeiro  ano  as  desfolhas  precoces  (estado H  e  J),  não proporcionaram  o  aumento  do  desavinho  e  portanto  cachos  menos  tochados,  como  referido  em bibliografia recente, mas permitiram uma diminuição da intensidade e severidade da podridão cinzenta. 

   

Page 7: fruticultura viticultura olivicultura culturas arvenses ... · viticultura fruticultura olivicultura horticultura culturas arvenses micologia Ministério da Agricultura, Ordenamento

DRAP Centro ‐ ANUÁRIO DE EXPERIMENTAÇÃO 2010 

6

2. ESTUDO DA INFLUÊNCIA DE DIFERENTES REGIMES HÍDRICOS NO     COMPORTAMENTO DAS CASTAS DO DÃO   Vanda Pedroso   OBJECTIVOS  A região do Dão devido às suas características edafo‐climáticas apresenta frequentemente problemas de stresse hídrico, facto que compromete muitas vezes a qualidade da uva. O comportamento das castas é diferenciado, sendo de salientar que a casta  tinta com maior  importância no encepamento – a Touriga Nacional é muito sensível a este problema.  

Este estudo tem por objectivos testar, adaptar e demonstrar, em situações de campo uma estratégia de rega – Rega Deficitária Controlada, em vinhas na região do Dão.   

Serão avaliados os efeitos da rega associados ou não a uma desfolha, no microclima ao nível dos cachos, na regularidade da produção inter anual, na qualidade do vinho e na perenidade da videira, bem como na economia da eficiência do uso de água.  

Procurar‐se‐á responder, para as situações ecológicas da região do Dão, às questões – Em que situações regar? Quando regar? e Quanto regar?  

Serão ainda calibradas e aferidas metodologias de condução e programação de rega.  

DELINEAMENTO EXPERIMENTAL  

O ensaio está estabelecido num sistema de blocos casualizados, com quatro modalidades: NRND – não regada e não desfolhada; NRD – não regada e desfolhada; DIND – rega deficitária com dotação correspondente a 50% ETc e não desfolhada; DID – rega deficitária com dotação correspondente a 50% ETc e desfolhada e quatro repetições. 

Cada unidade experimental é constituída por doze plantas. A desfolha é praticada ao nível de inserção dos cachos, dos dois lados da sebe e na fase de bago de chumbo. 

  

MATERIAL E MÉTODOS  

O ensaio está instalado desde 2006, na Folha 5 Talhão B do CEVDão, na casta Touriga Nacional. Neste estudo os registos a efectuar são: 

   ‐ Registos de abrolhamento, fertilidade e vingamento.    – Caracterização da densidade do coberto e do vigor.    – Parâmetros fisiológicos.    – Determinação de metabolitos.    – Determinação da intensidade de ataque da podridão cinzenta.    – Controlo da evolução da maturação.    – Caracterização da vindima.    – Caracterização dos vinhos.    – Caracterização de água no solo.    – Caracterização climática.  

Page 8: fruticultura viticultura olivicultura culturas arvenses ... · viticultura fruticultura olivicultura horticultura culturas arvenses micologia Ministério da Agricultura, Ordenamento

DRAP Centro ‐ ANUÁRIO DE EXPERIMENTAÇÃO 2010 

7

RESULTADOS  

No ano de 2010 os trabalhos decorreram de uma forma geral conforme protocolado. No entanto devido á passagem do  laboratório experimental de enologia do CEVDão, em 1 de  Julho para a Divisão de Apoio Laboratorial  e  á  proibição  da  utilização  do  equipamento  pelos  técnicos  da  Direcção  de  Serviços  de Agricultura, não foram feitas todas as determinações relativas á qualidade da produção, estando os bagos congelados aguardando análise.   

Nos quadros seguintes são apresentados alguns dos resultados obtidos.  

Quadro 1 ‐ Efeito da rega e da desfolha no rendimento e seus componentes  

MODALIDADE Nº Cachos (/ cepa) 

Peso Cacho (g) 

Peso 100 bagos (g) 

Produção (Kg/cepa) 

REGA         DI  25.9  168.9  138.6  4.4 NR  26.3  174.3  145.5  4.6 Sig.  ns.  ns.  ns.  ns. DESFOLHA         D  26.1  173.1  134.5  4.5 ND  26.2  170.1  149.5  4.0 Sig.  ns.  ns  ns.  ns 

 

Nota: Sig – nível de significância; ns ‐ não significativo ao nível de 0.05 pelo teste de Fisher.  

No ano de 2010, os  resultados  indicam não  ter havido  influência significativa da  rega e da desfolha no rendimento e seus componentes (Quadro 1).  

A superfície foliar exposta (Quadro 2) não foi influenciada pela rega, o que indica que a dotação utilizada não promoveu o aumento de vigor das plantas, mantendo o equilíbrio vegetativo.  

A desfolha, realizada a 23 de Junho, como seria de esperar, reduziu significativamente a superfície foliar exposta, mas como se pode observar no Quadro 3 não conduziu a perdas de qualidade do mosto. 

  

Quadro 2 ‐ Efeito da rega e da desfolha na superfície foliar exposta expressa em m2/ha  

MODALIDADE /DATA 

22/06 23/06 

(Desponta) 24/06 

(Desfolha) 25/08  24/09 

REGA           DI  19350  15835  14753  15844  15731 NR  19397  15730  14757  16034  15513 Sig.  ns.  ns.  ns.  ns.  ns DESFOLHA           D  19400  15660  13755 b  14776 b  14566 b ND  19347  15905  15755 a  17102 a  16679 a Sig.  ns.  ns  ***  ***  *** 

 

Nota:  Sig – nível de  significância; ns – não  significativo, e ***  ‐  significativo  ao nível de 0,001, pelo  teste de Fisher. Em cada coluna valores seguidos da mesma  letra não diferem significativamente ao nível de 0.05 pelo teste da MDS.  

 No Quadro 3 são apresentados apenas valores do álcool provável, acidez total e pH, únicos parâmetros possíveis  de  analisar  na  época  de  evolução  da  maturação.  Foram  realizadas  as  determinações  num laboratório de um  viticultor da  região que  se disponibilizou em ajudar o CEVDão, uma  vez que estava interdita a utilização do seu equipamento por ordem superior. 

   

Page 9: fruticultura viticultura olivicultura culturas arvenses ... · viticultura fruticultura olivicultura horticultura culturas arvenses micologia Ministério da Agricultura, Ordenamento

DRAP Centro ‐ ANUÁRIO DE EXPERIMENTAÇÃO 2010 

8

  

Quadro 3 ‐ Efeito da rega e da desfolha nos principais parâmetros de qualidade à vindima  

MODALIDADE Álcool 

Provável (%v/v) 

Acidez Total (g ác. tat./l) 

pH Antocianas (mg/l) 

Índice de Folin 

REGA           DI  11.5  4.8  3.35  ‐  ‐ NR  11.2  4.9  3.21  ‐  ‐ Sig.  ns.  ns.  ns.  ‐  ‐ DESFOLHA           D  12.7  4.8  3.30  ‐  ‐ ND  12.9  4.9  3.26  ‐  ‐ Sig.  ns.  ns.  ns.  ‐  ‐ 

 

Nota: Sig – nível de significância; ns – não significativo    

-1.40

-1.20

-1.00

-0.80

-0.60

-0.40

-0.20

0.00

15-Jun 30-Jun 15-Jul 30-Jul 14-Ago 29-Ago 13-Set 28-Set

DATA

Pote

ncia

l híd

rico

do ra

mo

(Mpa

)

DID DIND NRD NRND 

Figura 1 – Influência da rega e da desfolha na evolução do potencial hídrico do ramo.  A  rega,  como  em  anos  anteriores,  nesta  casta  não  contribuiu  para  uma melhoria  da  qualidade  nos parâmetros analisados,  facto que estará  relacionado com as condições climáticas dos últimos anos que não conduziram a stresses hídricos fortes (Figura 1).  

É de salientar, que os valores obtidos de acidez total são inferiores ao normal para esta casta na região do Dão,  facto  que  poderá  estar  relacionado  com  a  ocorrência  de  temperaturas mínimas muito  elevadas durante o período de maturação.  

Na Figura 1 é apresentada a evolução do potencial hídrico foliar do ramo, no ano de 2010. Os valores registados indicam situações de conforto hídrico das plantas durante toda a fase de formação e maturação dos bagos.  

Entre modalidades regadas e não regadas e na fase inicial de bago de chumbo as plantas encontravam‐se em condições semelhantes. Com a evolução do ciclo e após a primeira rega realizada a 16 de Julho, houve um distanciamento entre modalidades regadas e não regadas que se manteve até á última rega a 19 de Setembro.  

No Quadro 4  são  apresentadas  as principais  características do  coberto  ao nível da base da  vegetação influentes no microlclima dos cachos. 

 

Page 10: fruticultura viticultura olivicultura culturas arvenses ... · viticultura fruticultura olivicultura horticultura culturas arvenses micologia Ministério da Agricultura, Ordenamento

DRAP Centro ‐ ANUÁRIO DE EXPERIMENTAÇÃO 2010 

9

 Quadro 4 ‐ Efeito da rega e da desfolha nas características do coberto ao nível dos cachos  

DATA  MODALIDADE Buracos (%) 

Cachos expostos 

(%) 

Folhas Interiores (%) 

Nº Camadas de Folhas 

22/06  REGA           DI  0.2  15.1  38.0  3.0   NR  0.6  12.7  39.3  3.1   Sig.  ns.  ns.  ns.  ns   DESFOLHA           D  0.6  12.7  38.5  3.0   ND  0.2  15.0  38.8  3.0   Sig.  ns.  ns  ns.  ns 

23/06  REGA           DI  10.2  53.2  20.6  3.8   NR  8.3  52.5  23.5  3.6   Sig.  ns.  ns.  ns.  ns   DESFOLHA           D  18.3 a  90.6 a  5.3 b  0.4 b   ND  0.2 b  15.0 b  38.8 a  3.0 a   Sig.  ***  ***  ***  *** 

26/08  REGA           DI  5.8  40.7  31.2  2.1   NR  3.1  37.0  28.7  2.3   Sig.  ns.  ns.  ns.  ns   DESFOLHA           D  8.5 a  67.4 a  15.5 b  0.9 b   ND  0.4 b  10.2 b  44.4 a  3.4 a   Sig.  ***  ***  ***  *** 

21/09  REGA           DI  5.6  55.0  20.6  1.5   NR  3.3  60.5  21.1  1.5   Sig.  ns.  ns.  ns.  ns   DESFOLHA           D  8.3 a  80.8 a  10.5 b  0.7 b   ND  0.6 b  34.6 b  31.2 a  2.3a   Sig.  ***  ***  ***  *** 

 

Nota:  Sig  –  nível  de  significância;  ns  –  não  significativo  e  ***  ‐  significativo  ao  nível  de  0.05  e  0,001 respectivamente,  pelo  teste  de  Fisher.  Em  cada  coluna  valores  seguidos  da  mesma  letra  não  diferem significativamente ao nível de 0.05 pelo teste da MDS.  

 A rega não influenciou de forma significativa a porosidade do coberto ao nível dos cachos durante todo o ciclo. A  ausência  de um  incremento  relativamente  à modalidade não  regada  evidencia  que  a dotação utilizada não proporciona um aumento negativo do vigor. Por outro  lado, os valores semelhantes entre modalidades regadas e não regadas evidência a ausência de stresse hídrico no ano de 2010, que não levou à perda acentuada das folhas basais na modalidade não regada A diminuição do número de camadas de folhas à vindima, igual nas duas modalidades é resultado da senescência própria da idade das folhas.  

A desfolha como seria de esperar,  influenciou significativamente a porosidade da sebe desde a fase em que foi realizada (23 de Junho), tendo contribuído para um melhor microclima dos cachos. O vigor e os  seus componentes não  foram afectados pela estratégia de  rega adoptada e pela desfolha praticada (Quadro 5).    

Page 11: fruticultura viticultura olivicultura culturas arvenses ... · viticultura fruticultura olivicultura horticultura culturas arvenses micologia Ministério da Agricultura, Ordenamento

DRAP Centro ‐ ANUÁRIO DE EXPERIMENTAÇÃO 2010 

10

Quadro 5 ‐ Efeito da rega e da desfolha no vigor e seus componentes  

MODALIDADE Nº Lançamentos 

(/ cepa) Peso Lançamento 

(g) Peso Lenha (Kg/cepa) 

REGA       DI  15.0  63.8  0.96 NR  14.9  65.1  0.97 Sig.  ns.  ns.  ns DESFOLHA       D  14.9  63.9  0.95 ND  15.0  65.0  0.97 Sig.  ns.  ns.  ns 

 

Nota: Sig – nível de significância; ns ‐ não significativo ao nível de 0.05 pelo teste de Fisher.   

No âmbito desta linha de trabalho foram publicados os seguintes artigos:  

‐ “Padrão de extracção de água do solo numa vinha da casta Touriga Nacional no “terroir” Dão”. P. Rodrigues; J.P. Gouveia; V. Pedroso; S. Martins; C. Lopes; I. Alves. Actas  do  X  Simposium  Hispano‐Portugués  de  Relaciones  Hídricas  en  las  Plantas.  Cartagena,  6  a  8  de Outubro de 2010. 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Page 12: fruticultura viticultura olivicultura culturas arvenses ... · viticultura fruticultura olivicultura horticultura culturas arvenses micologia Ministério da Agricultura, Ordenamento

DRAP Centro ‐ ANUÁRIO DE EXPERIMENTAÇÃO 2010 

11

 

 

 

 

 

3. ESTUDO DE TÉCNICAS DE GESTÃO DO SOLO       Vanda Pedroso   OBJECTIVOS  

A manutenção do solo é hoje em dia uma das áreas importantes na cultura da vinha, na região do Dão. 

A obrigatoriedade da  técnica de  enrelvamento da  entrelinha para  todos os  viticultores que  adiram  ao sistema  de  produção  integrada,  coloca  questões  técnicas  que  convém  esclarecer,  uma  vez  que  foi adoptada  sem  estudos  prévios  da  sua  utilização  na  região,  estendendo‐se  os  resultados  obtidos, essencialmente noutras condições edafoclimáticas, como válidos para a região do Dão. 

Com este ensaio pretende‐se estudar diferentes  técnicas de gestão do solo na  linha e na entrelinha da vinha,  de  forma  a  obter  a melhor  relação  rendimento/qualidade, manter  o  equilíbrio  vegetativo  das plantas, conservar o solo e o ambiente e minorar os custos de manutenção da cultura. 

 DELINEAMENTO EXPERIMENTAL  

O ensaio é realizado na casta Touriga Nacional, casta vigorosa, com alta fertilidade, sensível ao desavinho e ao stress hídrico. O ensaio foi estabelecido em 2010, num sistema de blocos casualizados, com quatro modalidades 

 

MHe – mobilização da entrelinha e herbicida na linha MMu – mobilização da entrelinha e mulch na linha RHe – enrelvamento natural da entrelinha e herbicida na linha RMu – enrelvamento natural da entrelinha e mulch na linha e quatro repetições. 

Cada unidade experimental é constituída por 18 plantas. As mobilizações a utilizar são as tecnicamente correctas e correntes na região.  MATERIAL E MÉTODOS  

O ensaio está instalado na Folha 5, Talhão A do Centro de Estudos Vitivinícolas do Dão, na casta Touriga Nacional, plantada em 2000 e enxertada em 110R. 

As plantas estão  conduzidas num  sistema monoplano vertical ascendente,  com poda em Cordão Royat bilateral, num compasso de 2,00 x 1,10 m  

Neste estudo os registos a efectuar são: 

   ‐ Registos de abrolhamento e fertilidade.    – Caracterização da densidade do coberto e do vigor.    – Parâmetros fisiológicos.    – Determinação da intensidade de ataque da podridão cinzenta.    – Controlo da evolução da maturação.    – Caracterização da vindima.    – Caracterização dos vinhos.    – Caracterização de água no solo.    – Caracterização climática.  – Avaliação das infestantes 

Page 13: fruticultura viticultura olivicultura culturas arvenses ... · viticultura fruticultura olivicultura horticultura culturas arvenses micologia Ministério da Agricultura, Ordenamento

DRAP Centro ‐ ANUÁRIO DE EXPERIMENTAÇÃO 2010 

12

  

 RESULTADOS  

No ano de 2010 os trabalhos decorreram de uma forma geral conforme protocolado. No entanto devido á passagem do  laboratório experimental de enologia do CEVDão, em 1 de  Julho para a Divisão de Apoio Laboratorial  e  á  proibição  da  utilização  do  equipamento  pelos  técnicos  da  Direcção  de  Serviços  de Agricultura, não foram feitas todas as determinações relativas á qualidade da produção, estando os bagos congelados aguardando análise.   

Nos quadros seguintes são apresentados alguns dos resultados obtidos.  

Quadro 1 ‐ Efeito da técnica de gestão do solo no rendimento e seus componentes  

MODALIDADE Nº Cachos (/ cepa) 

Peso Cacho (g) 

Peso 100 bagos (g) 

Produção (Kg/cepa) 

ENTRELINHA         M  19.0  134.5  147.0  3.0 R  21.9  126.5  133.2  2.8 Sig.  ns.  ns.  ns.  ns. LINHA         He  19.3  128.9  136.5  2.9 Mu  21.7  132.1  143.7  2.9 Sig.  ns.  ns  ns.  ns 

 

Nota: Sig – nível de significância; ns ‐  não significativo ao nível de 0.05 pelo teste de Fisher.  

No ano de 2010, os resultados indicam não ter havido influência significativa das diferentes modalidades de gestão do solo na entrelinha e na linha no rendimento e seus componentes (Quadro 1).  

No Quadro 2 são apresentados apenas valores do álcool provável, acidez total e pH, únicos parâmetros possíveis  de  analisar  na  época  de  evolução  da  maturação.  Foram  realizadas  as  determinações  num laboratório de um  viticultor da  região que  se disponibilizou em ajudar o CEVDão, uma  vez que estava interdita a utilização do seu equipamento por ordem superior. 

 Quadro 2 ‐ Efeito da técnica de gestão nos principais parâmetros de qualidade à vindima 

 

MODALIDADE Álcool Provável 

(%v/v) Acidez Total (g ác. tat./l) 

pH Antocianas (mg/l) 

Índice de Folin 

ENTRELINHA           M  11.0  4.3  3.41  ‐  ‐ H  11.0  4.5  3.42  ‐  ‐ Sig.  ns.  ns.  ns.  ‐  ‐ LINHA           He  11.3  4.3  3.42  ‐  ‐ Mu  10.8  4.5  3.42  ‐  ‐ Sig.  ns.  ns.  ns.  ‐  ‐ 

Nota: Sig – nível de significância; ns – não significativo   

No ano de 2010 as características qualitativas avaliadas não foram influenciadas pelas diferentes técnicas de gestão do solo na entrelinha e na linha.  

É de salientar, que os valores obtidos de acidez total são inferiores ao normal para esta casta na região do Dão,  facto  que  poderá  estar  relacionado  com  a  ocorrência  de  temperaturas mínimas muito  elevadas durante o período de maturação.  

No Quadro 3  são apresentados os valores  referentes ao vigor e  seus  componentes, verificando‐se que neste primeiro ano, as diferentes modalidades não afectaram significativamente o vigor das plantas. 

  

Page 14: fruticultura viticultura olivicultura culturas arvenses ... · viticultura fruticultura olivicultura horticultura culturas arvenses micologia Ministério da Agricultura, Ordenamento

DRAP Centro ‐ ANUÁRIO DE EXPERIMENTAÇÃO 2010 

13

Quadro 3 ‐ Efeito da técnica de gestão no vigor e seus componentes   

MODALIDADE Nº Lançamentos 

(/ cepa) Peso Lançamento 

(g) Peso Lenha (Kg/cepa) 

ENTRELINHA       M  13.8  60.0  0.82 R  13.4  54.7  0.73 Sig.  ns.  ns.  ns. LINHA       He  13.6  54.4  0.73 Mu  13.6  60.3  0.83 Sig.  ns.  ns  ns Nota: Sig – nível de significância; ns ‐ não significativo ao nível de 0.05 pelo teste de Fisher. 

 

0

50

100

150

200

250

300

350

400

3‐Mar

13‐Mar

23‐Mar

2‐Abr

12‐Abr

22‐Abr

2‐Mai

12‐Mai

22‐Mai

1‐J un

11‐J un

21‐J un

1‐J ul

11‐J ul

21‐J ul

31‐J ul

10‐Ago

20‐Ago

30‐Ago

9‐S et

19‐S et

29‐S et

9‐Out

19‐Out

29‐Out

Data

Biomas

sa Total (g/m

2)

MH MM RH RM 

Figura 1 – Evolução da biomassa no período de actividade da videira.  Na  Figura  1,  é  apresentada  a  evolução  da  biomassa  referente  à  entrelinha,  durante  o  período  de actividade da videira.  

No  início do ciclo verificam‐se diferenças significativas entre as duas modalidades de gestão do solo na entrelinha,  apresentando  o  enrelvamento  natural  (R)  valores  superiores.  Com  a  diminuição  das disponibilidades  hídricas  no  solo  (finais  de  Junho)  o  comportamento  das  duas  modalidades  é tendencialmente idêntico, pois o coberto na modalidade R secou naturalmente.  

A  quebra  verificada  em  7  de  Junho  corresponde  ao  primeiro  corte  na modalidade  de  enrelvamento natural (R) e de mobilização na modalidade mobilizada (M).  

Como  conclusão  geral,  pode‐se  afirmar  que  no  primeiro  ano  do  ensaio  não  se  verificaram  diferenças significativas nos principais parâmetros agronómicos da casta Touriga Nacional, nas diferentes técnicas de gestão do solo estudadas           

Page 15: fruticultura viticultura olivicultura culturas arvenses ... · viticultura fruticultura olivicultura horticultura culturas arvenses micologia Ministério da Agricultura, Ordenamento

DRAP Centro ‐ ANUÁRIO DE EXPERIMENTAÇÃO 2010 

14

     4. SELECÇÃO GENÉTICA DAS CASTAS DO DÃO       Vanda Pedroso    OBJECTIVOS  Os principais objectivos deste trabalho, que se desenvolve a nível nacional (Rede Nacional de Selecção da Videira), são os seguintes:  

‐ Multiplicação de material seleccionado policlonal (PoliC), das principais castas cultivadas no Dão; ‐ Selecção massal genotípica e clonal de castas do Dão; ‐ Submissão à homologação de clones de diversas castas; ‐ Pré‐multiplicação dos clones homologados; ‐ Distribuição de material seleccionado aos viticultores do Dão.  DELINEAMENTO EXPERIMENTAL  No âmbito desta linha experimental encontram‐se instalados vários ensaios. No ano de 2010 e segundo a programação da Rede Nacional de Selecção apenas são avaliados os seguintes:  

1 ‐ Fase 3.2 – Touriga Nacional  O ensaio está instalado na Quinta da Fata, concelho de Nelas e está estabelecido num sistema de blocos casualizados, com 40 clones e 8 repetições. 

2 ‐ Fase 3 – Alfrocheiro O ensaio está instalado na Quinta da Fata, concelho de Nelas e está estabelecido num sistema de blocos casualizados, com 40 clones e 8 repetições. 

3 ‐ Fase 2 – Encruzado O ensaio está instalado na Quinta da Fata, concelho de Nelas e está estabelecido num sistema de blocos casualizados, com 179 clones e 2 repetições.  MATERIAL E MÉTODOS  Neste estudo os registos a efectuar são: 

   – Avaliação do rendimento;    – Avaliação da qualidade.  RESULTADOS  Avaliação do rendimento  

Conforme  previsão  de  trabalhos  para  o  ano  de  2010  –  Rede Nacional  de  Selecção,  estavam  previstas vindimas controladas em 3 campos, Encruzado, Touriga Naciona e Alfrocheiro. Apenas foi feito o controlo da casta Alfrocheiro, nos outros dois campos, por erro do viticultor, ficou inviabilizado o controlo.  Avaliação da qualidade  

Segundo a previsão de trabalhos, seria feita a avaliação da qualidade através de amostragem de bagos, em 3 ensaios – Touriga Nacional, Alfrocheiro e Encruzado.  

O  trabalho  foi  realizado  conforme  protocolado  com  excepção  do  campo  de  Encruzado,  pela  razão  já exposta.   

Page 16: fruticultura viticultura olivicultura culturas arvenses ... · viticultura fruticultura olivicultura horticultura culturas arvenses micologia Ministério da Agricultura, Ordenamento

DRAP Centro ‐ ANUÁRIO DE EXPERIMENTAÇÃO 2010 

15

As  determinações  analíticas  relativas  á  qualidade  não  foram  efectuadas,  devido  á  passagem  do laboratório experimental de enologia do CEVDão, em 1 de Julho para a Divisão de Apoio Laboratorial e á proibição por ordem  superior, da utilização do equipamento pelos  técnicos da Direcção de Serviços de Agricultura, estando os bagos congelados aguardando análise.  

No âmbito deste  trabalho e  com base nos  campos de multiplicação de material  vegetal, existentes na região do Dão foram comercializados os seguintes materiais:  

Castas brancas Malvazia Fina – 86 800 garfos Encruzado – 29 100 garfos Bical – 6 400 garfos  

Castas tintas Alfrocheiro – 28 400 garfos Jaen – 39 100 garfos Tinto Cão – 25 200 garfos Tinta Roriz – 90 300 garfos Touriga Nacional – 139 150 garfos  

Os quais corresponderam a 86 % do material fornecido pelo CEVDão. 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Page 17: fruticultura viticultura olivicultura culturas arvenses ... · viticultura fruticultura olivicultura horticultura culturas arvenses micologia Ministério da Agricultura, Ordenamento

DRAP Centro ‐ ANUÁRIO DE EXPERIMENTAÇÃO 2010 

16

 

 

II. FRUTICULTURA         1. COMPORTAMENTO DE VARIEDADES REGIONAIS DE MACIEIRA, EM MODO DE     PRODUÇÃO BIOLÓGICO       Arminda Lopes, Francisco Fernandes e Sérgio Martins 

 

 

OBJECTIVO 

Com  este  ensaio  pretendemos  testar  o  comportamento  de  algumas  variedades  regionais,  quando produzidas  em  modo  biológico  (MPB),  nomeadamente  no  que  se  refere  às  suas  potencialidades produtivas e à sensibilidade a doenças e pragas. 

A  justificação deste trabalho assenta na suposição de que estas variedades, por selecção natural, foram adquirindo alguma resistência às doenças e pragas podendo por isso constituir material privilegiado para o MPB. 

Este estudo possibilita ainda testar e avaliar a eficácia de meios de luta alternativos à luta química. 

Outro objectivo, não menos importante, que tencionamos atingir, é a selecção de variedades que possam contribuir  para  alargar  o  leque  de  opções  para  o MPB,  hoje  praticamente  limitado  às  resistentes  ao pedrado, cujo comportamento, sobretudo no que diz respeito à sua adaptação e à aceitação no mercado, é ainda pouco conhecido.  

 

MATERIAL E MÉTODOS 

Este estudo  tem  vindo a  ser  feito num pomar,  com aproximadamente 8000 m2, plantado em 2005 na Estação  Agrária  de  Viseu,  em  solos  do  tipo  Al,  aluviossolos modernos,  de  textura mediana  a  ligeira, derivados de granito.  Segundo os  resultados da  análise de  terra,  trata‐se de um  solo moderadamente ácido, com um teor médio de matéria orgânica e muito alto em fósforo e potássio extraíveis. 

No Verão anterior à plantação procedeu‐se à solarização do solo nas  linhas. Na preparação do  terreno foram efectuadas as correcções sugeridas na análise de terra.  

As variedades,  seleccionadas duma ampla colecção de macieiras  regionais provenientes de  todo o país são: Bravo, Camoesa  Corada  (de Alcongosta),  Camoesa  Rosa, Durázio, Malápio da  Serra  (de Gouveia), Malápio do IFEC (Ex‐Instituto de Formação e Educação Cooperativa), Malápio da Ponte, Pardo Lindo, Pêro de Coura, Pêro Pipo (Comendador e Focinho de Burro) Pêro Rei (de Carrazeda), Piparote, Pipo (de Basto), Tromba de Boi  (Figura 1). Estão também em estudo duas variedades resistentes ao pedrado, a Querina (=Florina) e a  JTF505  (um híbrido obtido pelo Eng.º  João Tomás Ferreira). Cada uma destas variedades está enxertada em dois porta‐enxertos, o MM106, mais vigoroso e normalmente recomendado em MPB e o EMLA9, ananicante, que está a ser testado neste modo de produção. A distância entre linhas é de 5 m e na  linha  3  m  e  2  m  respectivamente  para  o  porta‐enxerto  mais  e  menos  vigoroso.  Cada  conjunto 

Page 18: fruticultura viticultura olivicultura culturas arvenses ... · viticultura fruticultura olivicultura horticultura culturas arvenses micologia Ministério da Agricultura, Ordenamento

DRAP Centro ‐ ANUÁRIO DE EXPERIMENTAÇÃO 2010 

17

variedade/porta‐enxerto  está  representado  por  18  árvores  e  as  observações  são  feitas  em  todas  as árvores. 

A selecção das variedades foi feita com base nas informações colhidas, ao longo dos anos de observação, do  seu  comportamento  na  colecção  existente  na  EAV,  nomeadamente  no  que  se  refere  à  produção, qualidade dos frutos e particularidades morfológicas. A época de colheita também foi um dos parâmetros tidos em conta, para permitir alargar o período de disponibilidade de maçãs desde o início de Setembro (Pipo de Basto, Piparote e Camoesa Rosa) até aos fins de Novembro (Durázio e Malápio da Ponte). 

 

Figura 1 – Variedades em estudo: a) Bravo, b) Camoesa Corada, c) Camoesa Rosa, d) Durázio, e) Malápio da Serra, f) Malápio da Ponte, g) Malápio do IFEC, h)Pardo Lindo, i) Pêro de Coura, j) Pêro Pipo, l) Pêro Rei, m) Piparote, n) Pipo, o)Tromba de Boi e p) Querina 

 

Para  avaliação  da  produção,  cada  árvore,  que  constitui  uma  repetição,  foi  colhida  individualmente,  e pesados os respectivos frutos.  

A avaliação da susceptibilidade às doenças e pragas foi feita ao longo do ciclo vegetativo da macieira e na altura  da  colheita,  tendo‐se  observado  todos  os  frutos  e  separado,  por  lotes,  os  que  apresentavam qualquer sintomatologia. 

No que diz respeito às doenças, apenas nos temos preocupado com o pedrado, Venturia inaequalis, que tentamos controlar com produtos à base de enxofre e de gluconatos de cobre. 

Em relação às pragas observou‐se o efeito dos afídeos Dysaphis plantaginea Passerini (piolho cinzento) e Aphis pomi de Geer  (piolho verde), do bichado Laspeyresia pomonella L., e da mosca da  fruta, Ceratitis capitata Wied. 

O controlo das populações de afídeos deveria ser assegurado pelos inúmeros auxiliares conhecidos desta praga.  Contudo,  uma  vez  que  esta  regulação  nem  sempre  se  verifica,  torna‐se  necessário  recorrer  à aplicação de bioinsecticidas. 

No  combate  ao  bichado  temos  vindo  a  recorrer  ao método  da  confusão  sexual,  utilizando  difusores Isomate‐C‐Plus®  e  ao  uso  de  bioinsecticidas mas,  em  2010,  utilizou‐se  apenas  o  vírus  da  granulose (Madex),  recentemente homologado para o  controlo desta praga. No  sentido de  favorecer a  limitação natural, distribuíram‐se pelo pomar ninhos artificiais para chapins, aves insectívoras que se alimentam das lagartas.  Para  diminuir  a  pressão  da  praga  foram  também  colocadas  cintas  de  cartão  canelado  que permitiram retirar grande parte das lagartas hibernantes. 

Page 19: fruticultura viticultura olivicultura culturas arvenses ... · viticultura fruticultura olivicultura horticultura culturas arvenses micologia Ministério da Agricultura, Ordenamento

DRAP Centro ‐ ANUÁRIO DE EXPERIMENTAÇÃO 2010 

18

 

No controlo da mosca da fruta, embora nos primeiros anos tenhamos recorrido ao método da captura em massa, no ano de 2009 utilizámos o Spinosade, uma matéria activa com elevada actividade  insecticida, recentemente  autorizada,  obtida,  de  forma  natural,  por  fermentação  de  uma  bactéria  do  solo Saccharopolyspora spinosa. 

Os tratamentos efectuados no pomar ao longo do ciclo vegetativo encontram‐se no Quadro 1. 

 

         Quadro 1 ‐ Tratamentos efectuados no pomar ao longo do ciclo vegetativo  

Data  Produto  Substância activa  Observações 

23 Mar  Calda  Bordalesa  + Garbol 

Sulfato de cobre e cálcio + óleo de verão  1,3kg+4L/hL 

13 Abr  Heliosoufre  Enxofre  600mL/hL 

19 Abr  Heliosoufre  Enxofre  600mL/hL 

27 Abr  Sergomil  L60  + Biocrop L45 

Cobre+mistura líquida de micronutrientes   250mL+200mL/hL 

27 Abr  Borideno na rega  Boro+molibdénio   1kg/ha 

05 Mai  Chorume  de fetos+Neem+Cálcio Servalesa 

Chorume+óleo de Neem+cálcio  6,5L+160mL+400mL/hL 

12 Mai  Biocrop  L45  + Heliosoufre 

Mistura líquida de micronutrientes +Enxofre  250mL + 600mL/hL 

26 Mai  Madex  Vírus da granulose  10mL/hL 

27 Mai  Chorume  de fetos+Jabser K 

Chorume+sabão de potássio (K)  6,6L+400mL/hL 

27 Mai  Borideno na rega  Boro+molibdénio  1kg/ha 

04 Jun  Madex  Vírus da granulose  10mL/hL 

14 Jun  Sergomil  L60  + Biocrop L45 

Cobre+mistura líquida de micronutrientes  250mL+200mL/hL 

14 Jun  Madex  Vírus da granulose  10mL/hL 

23 Jun  Madex  Vírus da granulose  10mL/hL 

24.Jun  Cálcio Servalesa  Cálcio  400mL/hL 

02 Jul  Madex  Vírus da granulose  10mL/hL 

02 Jul  Biocrop  L45+  Cálcio Servalesa+ Jabser K 

mistura líq. micronut+cálcio+sabão de K  200mL+400mL+400mL/hL 

12 Jul  Madex  Vírus da granulose  10mL/hL 

22 Jul  Madex  Vírus da granulose  10mL/hL 

22 Jul  Biocrop  L45+  Cálcio Servalesa 

mistura líq. micronut+cálcio  200mL+400mL/hl 

30 Jul  Madex  Vírus da granulose  10mL/hL 

09 Ago  Madex  Vírus da granulose  10mL/hL 

18 Ago  Madex  Vírus da granulose  10mL/hL 

27 Ago  Madex  Vírus da granulose  10mL/hL 

19 Out  Spintor Isco *  Spinosade  1,5L/10L 

  * Volume de calda – 10 L/ha (aplicado apenas no terço superior da árvore do lado exposto a Sul) 

 

 

Page 20: fruticultura viticultura olivicultura culturas arvenses ... · viticultura fruticultura olivicultura horticultura culturas arvenses micologia Ministério da Agricultura, Ordenamento

DRAP Centro ‐ ANUÁRIO DE EXPERIMENTAÇÃO 2010 

19

RESULTADOS E DISCUSSÃO 

Neste  relatório  apenas  apresentamos  os  valores  relativos  ao  porta‐enxerto MM106,  por  ser  o  mais generalizado na produção em modo biológico. 

No que  se  refere à produção, o ano de 2010 pode  ser considerado de  contra‐safra para a maioria das variedades em estudo (Figura 2). 

Como se pode observar no Quadro 1, as colheitas  iniciaram‐se a 7 de Setembro e  terminaram a 15 de Novembro. 

A variedade que produziu mais foi a Querina, atingindo valores superiores a trinta toneladas por hectare, seguindo‐se a Camoesa Corada a Pardo Lindo e a Pipo de Basta com cerca de 15 toneladas. A Piparote, a Camoesa Rosa, a Malápio da Serra e a Pêro de Coura expressaram de forma extrema a sua alternância e não  se  chegou  a  colher  qualquer  fruto  (Figura  2).  A  Malápio  do  IFEC,  apesar  de  ter  produzido razoavelmente, apresentou uma queda acentuada de frutos em consequência do forte ataque de bichado de que foi alvo.  

 

Quadro 1 – Datas de colheita das variedades em estudo  

Variedade  Data de Colheita 

Bravo  15 de Setembro 

Piparote  Não produziu 

Pipo Basto   07 de Setembro 

Camoesa Rosa  Não produziu 

Malápio IFEC   16 de Setembro 

Querina  17 de Setembro a 18 Outubro 

Pardo Lindo   17 de Setembro 

505 TF   Não produziu 

Camoesa Corada   15 de Outubro 

Focinho de Burro   15 de Outubro 

Comendador  15 de Outubro 

Tromba de Boi   28 de Outubro 

Malápio Serra   Não produziu 

Pêro de Coura   Não produziu 

Pêro Rei   28 de Outubro 

Malápio da Ponte  15 de Novembro 

Durázio  15 de Novembro  

 

Page 21: fruticultura viticultura olivicultura culturas arvenses ... · viticultura fruticultura olivicultura horticultura culturas arvenses micologia Ministério da Agricultura, Ordenamento

DRAP Centro ‐ ANUÁRIO DE EXPERIMENTAÇÃO 2010 

20

0

5

10

15

20

25

30

35

40

Que

rina

Cam

oesa

 Ros

a

Brav

o

Maláp

io IF

EC

Pipa

rote

Pêro

 de Co

ura

Trom

ba de Bo

i

Maláp

io da Se

rra

Pipo

 de Ba

sto

Pêro

 Rei

Maláp

io da Po

nte

Com

enda

dor

Focinh

o de

 Bur

ro

Cam

oesa

 Cor

ada

Pard

o Lind

o

Dur

ázio

t/ha

 

Figura 2 – Produção, em toneladas por hectare, no ano 2010 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

  

 

 

Figura 3 – Produção acumulada de 2007a 2010 e peso médio do fruto 

O  gráfico  da  Figura  3,  onde  podemos  ver  a  produção  acumulada  de  2007  a  2010,  destaca  a  forte tendência  que muitas  das  variedades  regionais  têm  para  a  alternância.  Esta  característica  é  difícil  de contornar na produção em modo biológico, principalmente pela dificuldade de execução da monda de frutos. Nas variedades Pêro de Coura, Camoesa Rosa, Bravo, Pipo de Basto e Pêro Rei essa propensão é particularmente  acentuada.  Este  gráfico  realça  ainda  o  excelente  desempenho  da  Querina  que  se distingue das variedades  regionais pela uniformidade e quantidade da produção anual. Esta variedade, que,  como  veremos  à  frente,  apresenta  também  algumas  vantagens  ao  nível  sanitário,  tem  uma  boa aceitação no mercado. Nesta  fase do  estudo podemos  já  começar  a  seleccionar  as  variedades no que 

0

20

40

60

80

100

120

              Q

uerina

 Cam

oesa Rosa

 Bravo

 Malápio do IFEC

 Piparote

 Pêro de

 Cou

ra 

 Tromba

 de Bo

i

 Malápio da Serra

Pipo

 de Basto

 Pêro Rei

          M

alápio da Po

nte

 Com

endado

r

 Focinho

 de Bu

rro

 Cam

oesa Corada

   Pardo Lind

o

           D

urázio

t/ha

0

50

100

150

200

250

g

2007 2008 2009 2010 peso médio do fruto

Page 22: fruticultura viticultura olivicultura culturas arvenses ... · viticultura fruticultura olivicultura horticultura culturas arvenses micologia Ministério da Agricultura, Ordenamento

DRAP Centro ‐ ANUÁRIO DE EXPERIMENTAÇÃO 2010 

21

0

10

20

30

40

50

60

70

80

Querina

Camoesa Rosa

Bravo

Malápio do IFEC

Piparote

Pêro de Coura

Trom

ba de Boi

Malápio da Serra

Pipo de Basto

Pêro Rei

Malápio da Ponte

Comendador

Focinho de Burro

Camoesa Corada

Pardo Lindo

Durázio

%

Bichado  Mosca Calibre

respeita ao aspecto produtivo destacando‐se pela positiva a Querina, a Pardo Lindo, a Malápio da Ponte e a Pêro Pipo (Comendador e Focinho de Burro) e pela negativa a Camoesa Rosa e a Pêro Rei. 

Como podemos ver, na mesma figura, a Pêro Pipo (Comendador e Focinho de Burro) e a Malápio do IFEC são  as  que  dão  frutos maiores;  por  outro  lado,  a  Camoesa  Corada,  a  Pardo  Lindo  e  a  Durázio  são variedades de frutos pequenos.  

 

 

 

 

 

 

 

  

 

 

 

Figura 4 – Percentagem e causas de refugo na produção de 2010´ 

Quanto aos aspectos sanitários, que condicionam a percentagem de refugo, podemos ver no gráfico da Figura  4 que  estes  se  relacionam, principalmente,  com os  ataques  de  piolho  cinzento  (que  afectam  o calibre dos  frutos), do bichado e, em menor  grau, da mosca da  fruta. O pedrado,  apesar de  se  terem verificado infecções ao nível das folhas em praticamente todas as variedades, e de forma mais acentuada nas mais sensíveis, não provocou, ao nível dos frutos, qualquer sintomatologia digna de registo.  

Em 2010 a percentagem média de refugo foi de quase 48%, tendo atingido valores superiores a 60% na Bravo, na Malápio  da  Ponte  e  na  Camoesa  Corada. A  única  variedade  que  teve uma  percentagem  de refugo inferior a 20% foi a Pardo Lindo  

No ano de 2010 continuou a verificar‐se uma elevada percentagem de refugo devida à falta de calibre dos frutos (inferior a 55mm nos frutos tipo maçã e 50mm nos tipo pêro). Esta falta de calibre que pode ser uma  característica  varietal,  está  vincadamente  associada  a  ataques  de  piolho  cinzento,  na  altura  do vingamento dos frutos, como já atrás referimos.   

O maior problema este ano, contudo, deveu‐se ao forte ataque de bichado que se verificou de uma forma generalizada  e  com  particular  incidência  nas  bordaduras.  Este  facto  veio  comprovar  que  foi  um  erro abandonar a confusão sexual, prática que vínhamos seguindo, e recorrer apenas à aplicação de Madex, pois estamos perante uma parcela em que a pressão da praga é muito elevada. Há ainda a acrescentar que  as  condições  climáticas  foram  bastante  propícias  para  o  desenvolvimento  do  bichado  e  pouco favoráveis para a actuação do vírus da granulose.  

Page 23: fruticultura viticultura olivicultura culturas arvenses ... · viticultura fruticultura olivicultura horticultura culturas arvenses micologia Ministério da Agricultura, Ordenamento

DRAP Centro ‐ ANUÁRIO DE EXPERIMENTAÇÃO 2010 

22

 Figura  5  –  Evolução  da  percentagem  de  perfurações  na  bordadura  e  no  interior  do  pomar  e  da  captura  de machos na armadilha tipo delta. Datas de aplicação do Madex (setas amarelas) 

 

No gráfico da Figura 5 podemos ver a evolução das perfurações no interior e na bordadura do pomar, bem como  da  captura  dos  machos  na  armadilha  delta.  Constata‐se  a  ocorrência  de  duas  gerações  bem diferenciadas tendo a primeira atingido um pico no início de Julho e a segunda em meados de Agosto. Na mesma imagem podemos ainda observar que a cadência de tratamentos, em média de 10 em 10 dias, não foi suficiente para controlar os ataques. 

No  sentido de averiguar os efeitos do Madex  fizemos a  contagem de  lagartas vivas e mortas em  cada observação (Figura 6). Os resultados indicam que, na primeira geração, a percentagem de lagartas mortas foi sempre superior, mas na segunda essa tendência  inverteu‐se. Após a colheita observámos que cerca de 30% das perfurações eram muito  superficiais. Provavelmente, devido ao efeito do bioinsecticida, as lagartas perdiam a capacidade de se alimentarem e não chegavam a fazer a galeria mas, no entanto, os frutos afectados contribuíram para aumentar a percentagem de bichados. 

Quando se recolheram as cintas de cartão canelado verificámos que cerca de 20% das  lagartas estavam mortas e, destas, metade apresentavam  sintomatologia de efeitos do vírus. O número de  lagartas por cinta (3,4),  indicia uma fortíssima pressão do bichado para o ano seguinte e daí uma necessidade de se reforçarem todos os meios disponíveis para tentar minorar os efeitos nefastos desta praga. 

 

 

Figura 6 – Percentagem de lagartas vivas e lagartas mortas em cada observação 

26/0

5

04/0

6

14/0

6

23/0

6

02/0

7

09/0

8

12/0

7

22/0

7

30/0

7

18/0

8

27/0

8

Page 24: fruticultura viticultura olivicultura culturas arvenses ... · viticultura fruticultura olivicultura horticultura culturas arvenses micologia Ministério da Agricultura, Ordenamento

DRAP Centro ‐ ANUÁRIO DE EXPERIMENTAÇÃO 2010 

23

Relativamente ao comportamento das variedades esta grave situação permitiu  reforçar a percepção de que  algumas  apresentam  uma  sensibilidade menor  à  praga.  Pela  observação  do  gráfico  da  Figura  4 verificamos que a Pêro Rei, a Camoesa Corada, a Durázio e a Pardo Lindo foram as menos afectadas. A Querina, a Bravo e a Malápio do IFEC sofreram, vincadamente, o efeito de bordadura. 

Em relação à mosca da fruta, 2010 foi um ano pouco problemático. Confirmou‐se a maior susceptibilidade da Pêro Pipo  (Comendador e Focinho de Burro), pois  foram as que apresentaram maior quantidade de picadas. A Malápio da Ponte, como tem uma colheita extremamente tardia, acaba por ainda ser atacada mas com pouco significado. 

Nesta  fase do ensaio, e tendo em conta os aspectos produtivos e sanitários, as variedades que mais se destacam são a Querina e a Pardo Lindo.  

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Page 25: fruticultura viticultura olivicultura culturas arvenses ... · viticultura fruticultura olivicultura horticultura culturas arvenses micologia Ministério da Agricultura, Ordenamento

DRAP Centro ‐ ANUÁRIO DE EXPERIMENTAÇÃO 2010 

24

 

2. CAMPO DE DEMONSTRAÇÃO DE “NOVAS” VARIEDADES DE MACIEIRA       Francisco Fernandes, Arminda Lopes, Sérgio Martins e Adelino Pimenta  

OBJECTIVO 

 Estudar a adaptação e o  comportamento de  variedades  recentemente  introduzidas no mercado e que têm despertado maior apetência na generalidade dos operadores. Na definição das variedades procurou‐se introduzir as mais expressivas dos quatro grupos de maçãs com maior representatividade no panorama Mundial: Gala, Red Delicious, Golden e Fuji. Com este trabalho pretende‐se, por um lado, facilitar a escolha no momento de definir a constituição das plantações  e,  por  outro,  demonstrar  que,  com  o  recurso  a  tecnologias  adequadas,  se  conseguem aumentos significativos na produtividade dos pomares e no rendimento dos fruticultores.  MATERIAL E MÉTODOS  Para  atingir  os  objectivos  propostos  instalou‐se,  em Março  de  2006, na  Estação Agrária  de Viseu,  um campo de ensaio e demonstração com doze variedades, quatro pertencentes ao grupo Gala – Brookfield, Galaxy Evolution, Anaglo e Buckeye – 2 ao grupo Red Delicious – Itred e Jeromine – 2 ao grupo Golden – Reinders e Clone B – e 4 ao grupo das Fuji – Toshiro, Spike Spur, Kiku 8 e Raku Raku (Figura 1).  

          

          

Figura 1 – Aspecto de algumas das variedades em ensaio  a) Brookfield, b) Jeromine, c) Reinders e d) Kiku 8 

As árvores estão todas enxertadas em 9 EMLA e conduzidas em eixo vertical. O compasso utilizado é de 3,5  m  x  1  m,  o  que  corresponde  à  densidade  de  2857  árvores  por  hectare.  Cada  variedade  está representada por 45 árvores e as observações, à excepção da quantidade de fruta produzida, foram feitas em 5 plantas representativas de cada conjunto tomadas como repetições. 

Ao  longo  do  ciclo  vegetativo,  sempre  que  as  condições  o  exigiram,  foram  feitos  os  tratamentos preconizados  pelo  Serviço  de  Avisos,  e  a  aplicação  de  fertilizantes.  Foram  registados  os  estados fenológicos e acompanhou‐se o desenvolvimento dos frutos para definir as datas de aplicação da monda química. 

a)

c)

b)

d)

Page 26: fruticultura viticultura olivicultura culturas arvenses ... · viticultura fruticultura olivicultura horticultura culturas arvenses micologia Ministério da Agricultura, Ordenamento

DRAP Centro ‐ ANUÁRIO DE EXPERIMENTAÇÃO 2010 

25

Na altura da colheita, foram contados e pesados os frutos de cada árvore. A produção das cinco árvores, representativas de cada conjunto,  foi toda calibrada. Seguidamente foram determinados os parâmetros de maturação  (dureza, ºBrix e amido), numa amostra de 25  frutos. Nos grupos Golden, Red Delicious e Fuji foram também avaliados, em 10 frutos, os valores do pH e da acidez titulável (g/l de ácido málico). 

Em 2010 foi também feita a avaliação do vigor das árvores, em todas as variedades, medindo a altura com uma régua graduada de 240 cm, e o diâmetro 10 cm acima da enxertia, com uma craveira digital.  

RESULTADOS E DISCUSSÃO  

Uma  vez  que  é  importante  acompanhar  a  evolução  do  pomar  ao  longo  dos  anos,  apresentamos,  por grupo, os valores obtidos quanto à produção, ao peso médio dos frutos e aos parâmetros de maturação nos quatro anos de observação, 2007 a 2010. 

No grupo das Galas, como se pode observar na Figura 2, a produção aumentou em todas as variedades, de modo mais evidente na Galaxy Evolution e na Buckeye, mantendo‐se, todavia a Brookfield e a Anaglo como  as mais  produtivas. No  que  se  refere  ao  calibre médio  verificou‐se  uma  inversão  na  tendência decrescente, tendo todas as variedades atingido valores próximos de 70mm.   

0

5

10

15

20

25

30

2007 2008 2009 2010 2007 2008 2009 2010 2007 2008 2009 2010 2007 2008 2009 2010

Brookfield Galaxy Evolution Anaglo Buckeye

t/ha

50

55

60

65

70

75

80

mm

Produção Calibre médio

 

Figura 2 – Produção e calibre médio das variedades do grupo Gala  

Relativamente aos parâmetros de maturação (Figura 3) verificou‐se não existirem diferenças significativas entre as variedades. A dureza variou entre 10 e 8,9 kg/cm2 respectivamente na Buckeye e na Anaglo. O ºBrix atingiu o valor máximo (14,6%) na G. Evolution e o mínimo (13,9%) na Brookfield. Quanto ao amido, a Brookfield apresentou o índice de regressão mais elevado (9,8) e a Buckeye o mais baixo (8,6).  Neste grupo as variedades mais vigorosas são a Brookfield e a Anaglo (Figura 4)  

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

Brookfield Galaxy Evolution Anaglo Buckeye

kg/c

m2 ,

%

Dureza ºBrix Amido

 

Figura 3 – Parâmetros de maturação das variedades do grupo Gala 

Page 27: fruticultura viticultura olivicultura culturas arvenses ... · viticultura fruticultura olivicultura horticultura culturas arvenses micologia Ministério da Agricultura, Ordenamento

DRAP Centro ‐ ANUÁRIO DE EXPERIMENTAÇÃO 2010 

26

0,0

0,5

1,0

1,5

2,0

2,5

3,0

3,5

4,0

Brookfield Galax. Evol Anaglo Buckeye

m,c

m

Altura Diâmetro

 

Figura 4 – Valores médios da altura e do diâmetro das árvores das variedades do grupo Gala no ano 2010  

No grupo Red Delicious (Figura 5) há a registar o facto dos calibres médios serem muito altos em ambas as variedades  nos  dois  primeiros  anos,  tendo  diminuido  nas  últimas  campanhas.  Contudo,  as  produções ficaram  sempre  aquém  do  desejado,  tendo‐se  verificado,  em  2010,  um  verdadeiro  descalabro.  Esta situação poderá  ser  atribuível,  em parte,  às  chuvas persistentes ocorridas no período da  floração que tiveram como consequência um mau vingamento, nestas variedades.  

Outra razão que contribui para a ocorrência destas baixas produtividades é o porta‐enxerto utilizado que se tem vindo a revelar como pouco vigoroso para estas variedades que têm características do tipo “spur”. Esta particularidade  evidenciou‐se  claramente, desde o  início, na  Itred, mas  começamos  a  ficar  com  a ideia de que também a Jeromine teria um comportamento melhor em porta enxertos mais vigorosos, do tipo M26, MM106 ou M7. 

 

0

2

4

6

8

10

12

14

16

2007 2008 2009 2010 2007 2008 2009 2010

Itred Jeromine

t/ha

010203040

5060708090

mm

Produção Calibre médio

 

Figura 5 – Produção e calibre médio das variedades do grupo Red Delicious  

Os parâmetros de maturação  (Figura 6) não apresentam diferenças significativas entre as variedades. A dureza assume o mesmo valor nas duas variedades, o ºBrix, a acidez e o pH são ligeiramente mais altos na Jeromine, o amido é sensivelmente mais elevado na Itred.  

Page 28: fruticultura viticultura olivicultura culturas arvenses ... · viticultura fruticultura olivicultura horticultura culturas arvenses micologia Ministério da Agricultura, Ordenamento

DRAP Centro ‐ ANUÁRIO DE EXPERIMENTAÇÃO 2010 

27

0

5

10

15

20

Itred Jeromine

kg/c

m2 , %

Dureza ºBrix Amido

0

1

2

3

4

5

6

Itred Jeromine

g/l á

c. m

álic

o

Acidez pH

   

 Figura 6 – Parâmetros de maturação das variedades do grupo Red. Delicious 

 

Relativamente  ao  vigor  (Figura  7),  é  de  realçar  o  fraco  vigor  da  Itred  que  se  deve  ao  facto,  já  atrás referido, do porta‐enxerto não ser o mais adequado.  

0,0

0,5

1,0

1,5

2,0

2,5

3,0

3,5

Itred Jeromine

m, c

m

Altura Diâmetro

 

Figura 7 – Valores médios da altura e do diâmetro das árvores das variedades do grupo Red. Delicious no ano 2010  

Quanto  ao  grupo Golden,  a  Reinders  continua  a  apresentar  níveis  de  produção  superiores  à  Clone  B (Figura 8) e, no ano de 2010, este diferencial foi ainda mais evidente. À semelhança do que sucedeu com as Red Delicious, também nas Golden se verificaram quebras de produção acentuadas mas, neste caso, devidas às geadas tardias ocorridas a 4 e 5 de Maio.  

No que se refere aos calibres a Clone B, apesar de ter produzido quase metade da Reinders, apresentou calibres médios significativamente inferiores. Continuamos a constatar a grande sensibilidade à carepa da Clone  B  que,  neste  ano,  se manifestou  de  forma  particularmente  grave. Mais  uma  vez  se  confirma  a supremacia da Reinders relativamente à Clone B, tanto no que se refere ao aspecto vegetativo da árvore como no que diz respeito à produção.  

 

Page 29: fruticultura viticultura olivicultura culturas arvenses ... · viticultura fruticultura olivicultura horticultura culturas arvenses micologia Ministério da Agricultura, Ordenamento

DRAP Centro ‐ ANUÁRIO DE EXPERIMENTAÇÃO 2010 

28

0

5

10

15

20

25

Reinders Clone B

kg/c

m2 , %

Dureza ºBrix Amido

0

5

10

15

20

25

30

35

2007 2008 2009 2010 2007 2008 2009 2010

Reinders Clone B

t/ha

6264666870727476788082

mm

Produção Calibre médio

 

Figura 8 – Produção e calibre médio das variedades do grupo Golden  

Também neste grupo os parâmetros de maturação não diferem significativamente (Figura 9). À excepção do pH que é mais elevado na Reinders todos os outros parâmetros se apresentaram mais altos na Clone B. O maior desfasamento verifica‐se no ºBrix, o que poderá estar relacionado com a já referida presença de carepa.  

   

             

 Figura 9 – Parâmetros de maturação das variedades do grupo Golden 

 

Quanto ao vigor, embora não existam diferenças significativas, a variedade Reinders é ligeiramente mais vigorosa (Figura 10).  

0,00,51,01,52,02,53,03,54,0

Reinders clone B

m, c

m

Altura Diâmetro

 

Figura 10 – Valores médios da altura e do diâmetro das árvores das variedades do grupo Golden no ano 2010 

0

1

2

3

4

5

6

Reinders Clone B

g/l d

e ác

. mál

ico

Acidez pH

Page 30: fruticultura viticultura olivicultura culturas arvenses ... · viticultura fruticultura olivicultura horticultura culturas arvenses micologia Ministério da Agricultura, Ordenamento

DRAP Centro ‐ ANUÁRIO DE EXPERIMENTAÇÃO 2010 

29

02468

101214161820

Toshiro Spike Spur Kiku 8 Raku Raku

kg/c

m2 , %

Dureza ºBrix Amido

0

1

2

3

4

5

6

Toshiro Spike Spur Kiku 8 Raku Raku

g/l á

c. m

álic

o

Acidez pH

 

Por  último,  e  no  que  concerne  ao  grupo  Fuji,  ressalta,  de  imediato,  a  sua  tendência  para  apresentar alguma  alternância, mais  acentuada na  Spike  Spur. A  Toshiro  contrariou  essa  característica pois  a  sua produção foi crescendo até 2009 descendo, ligeiramente, em 2010. Esta quebra de produção verificou‐se também na Spike Spur e na Raku Raku. Deve porém notar‐se que os calibres foram genericamente muito altos (Figura 11). 

Quanto aos parâmetros de maturação  (Figura 12), verifica‐se que os  frutos deste grupo apresentam os valores mais altos de ºBrix, quando comparados com os obtidos na generalidade das outras variedades. 

 

0

5

10

15

20

25

30

2007 2008 2009 2010 2007 2008 2009 2010 2007 2008 2009 2010 2007 2008 2009 2010

Toshiro Spike Spur Kiku 8 Raku Raku

t/ha

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

mm

Produção Calibre médio

 

Figura 11 – Produção e calibre médio das variedades do grupo Fuji  

 

 

Figura 12 – Parâmetros de maturação das variedades do grupo Fuji  

No que respeita ao vigor (Figura 13) há que realçar o baixo porte da Spike Spur relativamente às restantes o que vem confirmar a inadequação do porta‐enxerto ananicante a esta variedade do tipo “spur”. 

 

Page 31: fruticultura viticultura olivicultura culturas arvenses ... · viticultura fruticultura olivicultura horticultura culturas arvenses micologia Ministério da Agricultura, Ordenamento

DRAP Centro ‐ ANUÁRIO DE EXPERIMENTAÇÃO 2010 

30

0,00,51,01,52,02,53,03,54,04,5

Toshiro Spike Spur Kiku 8 Raku Raku

m,c

m

Altura Diâmetro

 

Figura 13 – Valores médios da altura e do diâmetro das árvores das variedades do grupo Golden no ano 2010  

Dada a sensibilidade que as variedades deste grupo manifestaram relativamente ao “golpe de sol”, que chegou mesmo a comprometer a produção na campanha anterior, foi, em 2010, instalado nestas árvores um ensaio  com duas  técnicas de prevenção do escaldão: aplicação de  caulino e  instalação de  rede de sombreamento, cujos resultados se apresentam em relatório autónomo.  

 

 

 

 

Page 32: fruticultura viticultura olivicultura culturas arvenses ... · viticultura fruticultura olivicultura horticultura culturas arvenses micologia Ministério da Agricultura, Ordenamento

DRAP Centro ‐ ANUÁRIO DE EXPERIMENTAÇÃO 2010 

31

 

 

3. ESTUDO COMPARATIVO DE DUAS TÉCNICAS DE PROTECÇÃO DO ESCALDÃO EM      MACIEIRAS DA VARIEDADE FUJI       Francisco Fernandes, Arminda Lopes, Sérgio Martins e Adelino Pimenta 

 

OBJECTIVO 

Avaliar a eficácia da aplicação de caulino e da rede de sombreamento na protecção dos frutos contra o escaldão, lesão na epiderme causada pela exposição dos frutos a elevada temperatura e intensa radiação solar. 

O  aparecimento  do  escaldão  pode  provocar  prejuízos  consideráveis  em  anos  em  que  se  verifiquem condições  de  temperaturas  elevadas,  em  períodos  mais  ou  menos  prolongados,  principalmente  nos pomares com orientação Este/Oeste. 

A opção pelas variedades do grupo Fuji deveu‐se à sua grande sensibilidade a esta alteração  fisiológica que  impede que as maçãs adquiram a  sua  tonalidade avermelhada, que é uma das  características que mais as valorizam. 

Com  este  trabalho  pretende‐se  comparar  o  efeito  destas  duas  práticas  inovadoras,  tanto  ao  nível  da eficácia, como da sua relação custo/benefício. 

  MATERIAL E MÉTODOS 

Para atingir os objectivos propostos instalou‐se, no ano de 2010, na Estação Agrária de Viseu, um ensaio demonstrativo em quatro variedades do grupo das Fuji – Toshiro, Spike Spur, Kiku 8 e Raku Raku, que fazem parte de um campo de “Novas variedades”. 

Foram consideradas duas modalidades: a cobertura das linhas com rede de sombreamento e a aplicação de caulino. 

As características da rede utilizada constam no Quadro 1.  

Referência  450 HP 

Composição  Polietileno 

Gramagem (+/‐ 8%)  70g/m2 

Largura (+/‐ 5cm)  300 cm 

Comprimento (+/‐ 3%)  125 m /Rolo 

Tapamento  70 % 

Estabilização UV  5 anos 

Cor   Verde 

Quadro 1 – Características da rede de sombreamento utilizada  

A montagem da  rede  foi  feita no dia 21 de  Julho, sobre uma estrutura de madeira e arame, suportada pelos postes de tutoragem do pomar (Figura 1). Foi retirada no dia 17 de Setembro 

Page 33: fruticultura viticultura olivicultura culturas arvenses ... · viticultura fruticultura olivicultura horticultura culturas arvenses micologia Ministério da Agricultura, Ordenamento

DRAP Centro ‐ ANUÁRIO DE EXPERIMENTAÇÃO 2010 

32

Na outra modalidade em estudo foi usado o “SUNVEG protection”, produto formulado à base de caulino (mineral natural) que, quando aplicado, forma uma película de finas partículas brancas que protegem os frutos ao reflectir os raios ultravioletas e infravermelhos do Sol (Figura 2b). 

Foram feitos dois tratamentos, o primeiro no dia 16 de Julho e o segundo em 13 de Agosto. Foi utilizado um pulverizador rebocável de 1000L com turbina (Figura 2a). A concentração utilizada foi de 3kg/100L de água em alto volume. 

 

 

Figura 1 – Aspecto da área de pomar com rede de sombreamento  

 

 

  

Figura 2 – Aplicação do caulino (a). Pormenor do produto sobre a epiderme do fruto (b)  

Nos dias 13, 14 e 15 de Agosto foi medida a radiação fotossinteticamente activa (PAR), às 10,14,18 e 20 horas, com um Ceptómetro Mod. Decagon Sunfleck. Em cada modalidade foram feitas medições na entre‐linha e na linha, sendo que, nesta última, foram avaliados os valores ao nível do 1º e do 2º arame. Cada valor obtido representava a média de cinco registos. 

Na altura da colheita, foram avaliados os parâmetros de maturação (dureza, ºBrix, amido, acidez titulável e pH) em 10 frutos provenientes de duas árvores marcadas por modalidade, em cada variedade. 

Nas variedades Toshiro e Kiku 8 foram avaliados, com um Colorímetro MINOLTA 300, os parâmetros de côr CIE L*a*b* (Figura 3): luminosidade L* (0 preto a 100 branco), e coordenadas cromáticas a* (‐60 verde a  +60  vermelho)  e  b*  (‐60  azul  a  +60  amarelo)  em  todos  os  frutos  provenientes  das  duas  árvores 

(b) (a)

Page 34: fruticultura viticultura olivicultura culturas arvenses ... · viticultura fruticultura olivicultura horticultura culturas arvenses micologia Ministério da Agricultura, Ordenamento

DRAP Centro ‐ ANUÁRIO DE EXPERIMENTAÇÃO 2010 

33

marcadas  por  modalidade.  Com  as  coordenadas  cromáticas  a*  e  b*  calculou‐se  o  ângulo  hue  ou tonalidade (ºH) e a cromaticidade ou croma (C). O ângulo hue assume valor 0º para a cor vermelha, 90º para amarela, 180º para verde e 270º para azul. O croma expressa a  intensidade da cor, valores desta variável próximos de 0 representam cores esbatidas, enquanto que valores perto de 60 expressam cores nítidas. 

  

 

 

Figura  3  –  Sólido  de  cores  do  sistema  CIE  L*a*b*  e  descrição  do ângulo hue (ºh*) e do índice de saturação croma (C*)   

 

 

 

RESULTADOS E DISCUSSÃO 

Considerando  que  as  condições  meteorológicos  são  as  principais  responsáveis  pela  ocorrência  e intensidade  das  alterações  ao  nível  da  epiderme  dos  frutos,  apresentam‐se  no  gráfico  da  Figura  3  as temperaturas máximas, médias e mínimas e a precipitação ocorridas no período em que a probabilidade de aparecimento do escaldão é maior. 

 

0

5

10

15

20

25

30

35

40

. .

JUNHO JULHO AGOSTO SETEMBRO

º C

0

2

4

6

8

10

12

14

16

L/m

2

CHUVA T MAX T MIN T MED

 

Figura 3 – Condições meteorológicas no período em que se verificaram as temperaturas mais elevadas e maior intensidade de radiação 

 

Pela análise do gráfico  constata‐se que o Verão  foi particularmente quente e  seco, destacando‐se  três períodos em que as temperaturas médias permaneceram acima dos 30ºC durante vários dias. A agravar a situação há ainda a salientar o facto de apenas ter ocorrido precipitação em dois dias e em quantidades não muito significativas. 

As medições da PAR, realizadas nos dias 13, 14 e 15 de Agosto, coincidiram precisamente com uma destas ondas de calor. No gráfico da Figura 4 podemos ver que, como era de esperar, os valores obtidos ao Sol são  sempre  superiores  aos  da  sombra,  e  atingem  o  seu máximo  às  14  horas.  Os  resultados  obtidos mostram que, neste período do dia, a  rede de  sombreamento provoca, em média, uma diminuição de 70% na densidade do fluxo fotossintético de fotões, ao nível do 2º arame, e de 47% ao nível do primeiro. 

 

Page 35: fruticultura viticultura olivicultura culturas arvenses ... · viticultura fruticultura olivicultura horticultura culturas arvenses micologia Ministério da Agricultura, Ordenamento

DRAP Centro ‐ ANUÁRIO DE EXPERIMENTAÇÃO 2010 

34

0

500

1000

1500

2000

2500

1ºar

ame

2ºar

ame

1ºar

ame

2ºar

ame

1ºar

ame

2ºar

ame

1ºar

ame

2ºar

ame

1ºar

ame

2ºar

ame

1ºar

ame

2ºar

ame

1ºar

ame

2ºar

ame

1ºar

ame

2ºar

ame

Toshiro Spike Raku Kiku 8 Toshiro Spike Raku Kiku 8

Sombra Sol

μmol

m-2

s-1PPFD 10h PPFD 14h PPFD 18h PPFD 20h

 

Figura  4  –  Variação  dos  valores  de  PPFD  (densidade  do  fluxo  fotossintético  de  fotões),  na  zona sombreada e ao Sol, ao nível do 1º e do 2º arame, nas quatro variedades do grupo Fuji, ao longo do dia 

 

O  efeito  das  duas  modalidades,  caulino  versus  rede  de  sombreamento,  manifestou‐se  ao  nível  dos parâmetros de qualidade avaliados na altura da colheita. Assim, no que respeita à dureza, os frutos eram mais duros na zona sombreada, sendo essa diferença significativa nas variedades Toshiro e Kiku 8 (Figura 5). 

Quanto ao ºBrix, à excepção da Raku Raku, os valores  foram sempre significativamente superiores, nos frutos não sombreados. Relativamente ao amido os valores foram mais elevados nos frutos sombreados, o que indica que estes tinham menor quantidade deste polissacarídeo (Figura 5). Esta diferença pode ser justificada pela redução da taxa fotossintética provocada pela presença da rede. 

 

TOSHIRO

a b

b

a

a b

0

5

10

15

20

Rede Caulino

kg/c

m2 , %

Dureza º Brix Amido

SPIKE SPUR

a a

ba

aa

0

5

10

15

20

Rede Caulino

kg/c

m2 , %

Dureza º Brix Amido

KIKU 8

a b

ba

ba

0

5

10

15

20

Rede Caulino

kg/c

m2 , %

Dureza º Brix Amido

RAKU RAKU

aa

aa

aa

0

5

10

15

20

Rede Caulino

kg/c

m2 , %

Dureza º Brix Amido 

Figura 5 – Efeito das modalidades anti‐escaldão na dureza, no ºBrix e no amido dos frutos à colheita 

Page 36: fruticultura viticultura olivicultura culturas arvenses ... · viticultura fruticultura olivicultura horticultura culturas arvenses micologia Ministério da Agricultura, Ordenamento

DRAP Centro ‐ ANUÁRIO DE EXPERIMENTAÇÃO 2010 

35

 

No que  se  refere à acidez  titulável, os  frutos  submetidos à aplicação do  caulino apresentaram  sempre quantidades superiores de acido málico, sendo a diferença significativa nas variedades Kiku 8 e Raku Raku (Figura  6).  Este  facto pode  indiciar uma qualidade  superior nos  frutos provenientes desta modalidade conferida pela melhor  relação  açucares/ácidos. O pH,  como  era de  esperar,  varia na  razão  inversa da acidez. 

 

TOSHIRO

aa

ba

0

1

2

3

4

5

6

Rede Caulino

g/l á

c. m

álic

o

Acidez pH

SPIKE SPUR

a a

a a

0

1

2

3

4

5

6

Rede Caulino

g/l á

c. m

álic

oAcidez pH

KIKU 8

baa b

0

1

2

3

4

5

6

Rede Caulino

g/l á

c. m

álic

o

Acidez pH

RAKU RAKU

ab

ba

0

1

2

3

4

5

6

Rede Caulino

g/l á

c. m

álic

o

Acidez pH 

Figura 6 – Efeito das modalidades anti‐escaldão na acidez titulável e no pH dos frutos à colheita  

Os parâmetros de côr CIE*L*a*b evidenciaram também algumas diferenças na coloração dos frutos das duas  modalidades.  A  luminosidade  (L*)  é  significativamente  mais  elevada  nas  maçãs  submetidas  ao sombreamento, o que poderá estar relacionado com maiores teores de clorofila nestes frutos que, como já  foi  referido  se  encontram num  estado de maturação mais  atrasado. No que  respeita  à  coordenada cromática  a*,  a média  é  significativamente  superior  na modalidade  “caulino”,  o  que  vem  confirmar  a percepção visual de que estes frutos evidenciavam melhor coloração. Efectivamente, na altura em que se retirou a rede, era bastante nítida a diferença de coloração entre os  frutos das duas modalidades, essa disparidade  foi‐se esbatendo nos 24 dias que decorreram até à data da colheita mas a avaliação deste parâmetro indica que persistiu ainda alguma diferença. 

A coordenada b* não difere nas duas modalidades. O croma  (C) é  significativamente mais elevado nos frutos  com  caulino  o  que  indica  que  estes  apresentavam  cores  ligeiramente mais  nítidas.  Os  valores médios do ângulo hue (ºH) variaram entre 67 e 78 o que corresponde à gama de cores entre vermelho e amarelo, estando os frutos do caulino mais próximos do vermelho. 

Pelo  que  acabámos  de  expor  podemos  concluir  que  a  rede  de  sombreamento  induz  um  atraso  na maturação dos  frutos que  se manifesta não  só ao nível dos parâmetros de maturação, de  forma mais acentuada nos valores do ºBrix, mas também na coloração dos frutos. 

 

Page 37: fruticultura viticultura olivicultura culturas arvenses ... · viticultura fruticultura olivicultura horticultura culturas arvenses micologia Ministério da Agricultura, Ordenamento

DRAP Centro ‐ ANUÁRIO DE EXPERIMENTAÇÃO 2010 

36

ba

3035404550556065

Rede CaulinoLuminosidade (L*)

a

b

aa

05

1015202530

Rede Caulino

a* b* 

a

b

10

15

20

25

30

35

Rede CaulinoCroma ( C )

b

a

50556065707580

Rede Caulino

Ângulo hue (ºH) 

Figura 7 – Efeito das modalidades nos parâmetros de cor do sistema CIE/L*a*b*  

Ambas  as modalidades  foram eficazes na protecção dos  frutos  contra o escaldão pois,  com um Verão extremamente quente, não tivemos perdas consideráveis resultantes deste acidente fisiológico.   Este  trabalho não estaria completo sem uma abordagem económica da aplicabilidade de cada uma das técnicas  usadas,  pelo  que,  se  apresentam  a  seguir  os  custos  relativos  à  implementação  das  duas modalidades na área do ensaio, aproximadamente 500m2,depois de convertidos ao hectare.  Uma vez que a tutoragem usada no pomar não foi concebida para a aplicação da rede, houve necessidade de criar uma estrutura complementar de suporte, em madeira e arame, cujos custos, à semelhança da aquisição da rede, só serão imputáveis ao primeiro ano.  Considerando  todas as despesas envolvidas, materiais e mão‐de‐obra, esta modalidade apresentou um custo/hectare na ordem dos dez mil euros. Convém reforçar o  facto de que nos anos seguintes apenas serão  considerados os  custos  inerentes à  colocação e  recolha da  rede, que  representam  cerca de 10% (Quadro 2).  Na modalidade  “caulino”, apenas há que  contabilizar as despesas  inerentes à aquisição e aplicação do produto em dois tratamentos, cujo valor por hectare se estima em cerca de 170 euros (Quadro 2).  Tendo em conta os aspectos de ordem prática e económica de ambos os métodos, afigura‐se‐nos que a aplicação de caulino seja o mais exequível. Existe, contudo, um facto que poderá pesar a favor da opção pela  rede  que  tem  a  ver  com  a  possibilidade  de  ela  ter  outras  funções  além  daquela  para  a  qual  foi instalada no âmbito deste trabalho, nomeadamente na protecção contra o granizo.  

 

 

 

Page 38: fruticultura viticultura olivicultura culturas arvenses ... · viticultura fruticultura olivicultura horticultura culturas arvenses micologia Ministério da Agricultura, Ordenamento

DRAP Centro ‐ ANUÁRIO DE EXPERIMENTAÇÃO 2010 

37

 

Custos (€)  

Área do ensaio  Hectare  % 

Rede  91  3 791  38 

Montagem  da  estrutura de suporte 

60  2 500  25 

Colocação da rede  75  3 125  32 

Remoção da rede  12  500  5 

Sombreamen

to 

Total  238  9 916   

Produto  2,5  108  64 

Aplicação  1,5  60  36 

Caulino 

Total  4,0  168   

Quadro 2 – Estrutura de custos nas duas modalidades  

Estas conclusões preliminares são promissoras, pelo que achamos  importante que se dê continuidade a esta  linha  de  trabalho  introduzindo,  no  entanto,  algumas  alterações  na  metodologia  adoptada  que poderão  conferir  uma  maior  consistência  aos  resultados  obtidos.  Referimo‐nos  concretamente  à introdução da modalidade  testemunha e a uma avaliação mais detalhada das caracteristicas dos  frutos tendo em conta a sua distribuição na copa. 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Page 39: fruticultura viticultura olivicultura culturas arvenses ... · viticultura fruticultura olivicultura horticultura culturas arvenses micologia Ministério da Agricultura, Ordenamento

DRAP Centro ‐ ANUÁRIO DE EXPERIMENTAÇÃO 2010 

38

 

 

 

4. COLECÇÃO DE VARIEDADES DE AVELEIRA      Arminda Lopes, Francisco Fernandes e Sérgio Martins 

 

 

OBJECTIVO 

Este ensaio tem como objectivos principais caracterizar as variedades em colecção, nomeadamente no que  se  refere  à  sua  capacidade  produtiva,  vigor,  épocas  de  floração  e  aptidão,  e  estudar  o  seu comportamento em Modo de Produção Biológico (MPB).  

No ano de 2010, prosseguiram os estudos de algumas das variedades deste campo no âmbito do projecto europeu  do  programa:  Grant  under  Council  Regulation  (EC)  N.  870/2004  AGRI  GEN  RES,  intitulado: “Safeguard  of  hazelnut  and  almond  genetic  resources:  from  traditional  uses  to  novel  agro‐industrial opportunities –  SAFENUT”,  cujo principal objectivo é a  recuperação e valorização de germoplasma de aveleira (Corylus avellana) e de amendoeira (Prunus dulcis) em zonas tradicionais de cultivo na bacia do Mediterrâneo, incrementando a sua utilização. 

A aveleira é uma cultura tradicional nas Beiras, com excelente adaptação às condições edafo‐climáticas, podendo por isso constituir uma boa alternativa a diversas outras culturas, apresentando como vantagens o facto de ter custos de  instalação e de produção reduzidos, produzir um fruto pouco perecível, de fácil conservação e com excelentes qualidades nutricionais. 

As baixas produtividades dos nossos avelanais estão associadas,  fundamentalmente a erros  técnicos de implantação e de cultivo, nomeadamente na escolha das combinações varietais (variedades produtoras e polinizadoras) mais adequadas às condições regionais. 

Considerando  que  a  expansão  da  área  de  cultura  e  a  sua  exploração  rentável,  implica  a  aquisição  de informação  nos  domínios  da  fisiologia  da  produção,  comportamentos  de  cultivares,  fenologia, características de frutos, etc., este trabalho reveste‐se de particular importância.  

 

MATERIAL E MÉTODOS 

O avelal onde decorrem estes estudos foi instalado em Março de 1989, na Estação Agrária de Viseu, e é constituído  por  um  total  de  270  plantas  de  15  variedades  (Butler, Dawton,  Ennis,  Fertile  de  Coutard, Gentil de Viterbo, Gironela, Grada de Viseu, Grosse de Espanha, Gunslebert, Imperatriz Eugénia, Merveille de  Bollwiller,  Negreta,  Provence,  Segorbe  e  Tonda  de  Giffoni), mais  as  respectivas  bordaduras.  Cada variedade,  cujo  aspecto do  fruto  e do  casulo  se pode observar na  Figura 2,  está  representada por 18 árvores, 6 em cada uma das três repetições, a um compasso de plantação de 5 m x 3 m e é regado por micro‐aspersão.  

No  ano  de  2003  iniciou‐se  o  processo  de  conversão  para  o MPB, mas  só  em  2009,  três  anos  após  a apresentação da respectiva notificação, as avelãs passaram a ser comercializadas como produto biológico. 

Ao  longo do ciclo vegetativo  são  registados os estados  fenológicos, avaliada a produção e  feitas várias colheitas  de  amostras,  de  amentilhos  (inflorescências  masculinas),  de  glumérulos  (inflorescências femininas)  (Figura  1)  e  de  frutos  para  os  trabalhos  de  identificação  de  sinonímias,  através  da caracterização morfológica e molecular e de incompatibilidades polínicas, que decorrem na UTAD. 

Page 40: fruticultura viticultura olivicultura culturas arvenses ... · viticultura fruticultura olivicultura horticultura culturas arvenses micologia Ministério da Agricultura, Ordenamento

DRAP Centro ‐ ANUÁRIO DE EXPERIMENTAÇÃO 2010 

39

 

       

 

 

 

 

       

 

 

 

 

       

 

 

 

Figura 2 – a) Butler, b) Dawton, c) Ennis, d) Fertile de Coutard, e) Gentil de Viterbo, f) Gironela, g) Grada de Viseu, h) Grosse de Espanha, i) Gunslebert, j) Imperatriz Eugénia, l) Merveille de Bollwiller, m) Negreta, n) Provence, o) Segorbe e p) Tonda de Giffoni  

As  condições meteorológicas  ocorridas  entre  Dezembro  de  2009  e Março  de  2010  (Figura  3)  foram extremamente nefastas para a polinização desta variedade que apresenta a particularidade de florir em pleno  Inverno.  Como  se  pode  observar  no  gráfico  da  referida  figura  este  período  foi  particularmente chuvoso.  

 

RESULTADOS E DISCUSSÃO 

Relativamente  às  épocas  de  floração,  as  observações  feitas  ao  longo  dos  anos  de  ensaio  permitiram elaborar o  fenograma da Figura 4. Como  se pode observar, a aveleira é uma espécie em que ocorre a dicogamia, ou seja, há um desencontro cronológico na abertura das  flores  femininas e masculinas. Das variedades em estudo  apenas  a Gironela  (Grossal) é protogínica,  abrindo primeiro  as  flores  femininas. Todas as outras são protândricas. 

Além  deste  factor,  aquando  da  escolha  das  polinizadoras,  há  ainda  a  considerar  a  auto  e  inter‐incompatibilidade entre cultivares Quando ocorre incompatibilidade, os tubos polínicos são curtos, ficam destorcidos  e não  conseguem  penetrar  no  estigma.  Cruzando  estes dois  parâmetros,  podemos definir algumas combinações aconselhadas para a instalação de um avelanal na região de Viseu (Quadro 1).  

f)

Glomérulo 

Amentilhos 

b a e dc

Figura  1  –  Inflorescências  masculinas (amentilhos)  e  femininas  (glomérulos)  da aveleira 

g h i j

l m n o p

Page 41: fruticultura viticultura olivicultura culturas arvenses ... · viticultura fruticultura olivicultura horticultura culturas arvenses micologia Ministério da Agricultura, Ordenamento

DRAP Centro ‐ ANUÁRIO DE EXPERIMENTAÇÃO 2010 

40

‐10

‐5

0

5

10

15

20

25

. .

Dez‐09 Jan‐10 Fev‐10 Mar‐10

º C

0

10

20

30

40

50

60

L/m

2

CHUVA T MAX T MIN T MED

 

Figura 3 – Condições meteorológicas no período de floração da aveleira 

 

    Floração masculina    Floração feminina    Abrolhamento 

Figura 4 – Fenograma das variedades em colecção 

 

Os  estudos  realizados  na  UTAD,  durante  os  três  anos  de  vigência  do  projecto,  permitiram  obter informação bastante útil relativamente a algumas das variedades em colecção.  

Vimos  confirmada  a nossa  suspeita de que  a Grada de Viseu,  a Provence  e  a Grosse de  Espanha  são, geneticamente,  muito  semelhantes  à  Fertile  de  Coutard  (que  também  é  conhecida  por  Barcelona principalmente nas referências americana).  

Esclarecemos que a Dawton, cuja  identidade nos suscitava algumas dúvidas, é  idêntica à Tubulosa, que por sua vez apresenta muitas semelhanças genótipicas com a Purpúrea, embora não apresente a cor da folhagem e do fruto que dá o nome a esta ultima variedade.  

Foi  também  reforçado o  conhecimento  sobre  a  compatibilidade polén/estigma da  variedade Grada de Viseu com outras variedades das quais já se conheciam os dois alelos S, o que permite comprovar algumas das combinações referidas no Quadro 1  

Page 42: fruticultura viticultura olivicultura culturas arvenses ... · viticultura fruticultura olivicultura horticultura culturas arvenses micologia Ministério da Agricultura, Ordenamento

DRAP Centro ‐ ANUÁRIO DE EXPERIMENTAÇÃO 2010 

41

 

Quadro 1 – Combinações de variedades aconselhadas para a região de Viseu  

Produtora  Polinizadora 

Ennis + Fertile de Coutard Butler 

Fertile de Coutard + Segorbe 

Butler + M. de Bollwiller Fertile de Coutard 

Segorbe + Negreta 

Grada de Viseu  Butler + M. de Bollwiller 

Tonda de Giffoni  Ennis 

 

No que diz respeito à produção, 2010 foi um ano péssimo. A variedade que mais produziu foi a Gentil de Viterbo, mas  apenas  atingiu  os  587  kg/ha.  A maioria  das  variedades  não  chegou  aos  100  kg/ha.  Na Merveille  de  Bollwiller,  a  variedade menos  produtiva  da  colecção,  não  se  colheram  quaisquer  frutos (Figura 5).  

Para esta situação contribuíram não só as condições meteorológicas ocorridas na altura da floração, como já atrás referimos, mas também a intensa poda de limpeza de que as aveleiras foram alvo. Relativamente ao peso das avelãs com casca, verifica‐se que as variedades de frutos maiores são a Ennis, a Butler e as do grupo da  Fertile de Coutard: Grada de Viseu, Grosse de Espanha e Provence. As mais pequenas  são a Dawton, a Imperatriz Eugénia e a Negreta. 

 

0

100

200

300

400

500

600

700

M. B

ollw

iller

Enn

is

Giro

nela

Gun

sleb

ert

Daw

ton

Seg

orbe

But

ler

G. E

span

ha

G. V

iseu

F. C

outa

rd

Pro

venc

e

I. E

ugén

ia

G. V

iterb

o

Neg

reta

T. G

iffon

i

kg/h

a

00,511,522,533,544,55

(g)

Produção 2010 (kg/ha) Peso médio do fruto (g)

 

Figura 5 – Produção e peso médio dos frutos com casca em 2010  

Para dar uma  ideia da  capacidade produtiva das  variedades  em  estudo,  apresentamos, na  Figura  6,  a produção acumulada entre 2002 e 2008  (excepto o ano 2006, em que houve produção mas não  foram feitos registos) e o rendimento médio em miolo.  

Pela observação da figura, verificamos que as variedades que se distinguem como mais produtivas, são a Tonda de Giffoni, a Negreta, a Gentil de Viterbo e a Imperatriz Eugénia, com produções médias superiores a duas  toneladas por hectare. Seguidamente surge o grupo das quatro variedades, Provence, Fertile de Coutard, Grosse de Espanha e Grada de Viseu, cujas semelhanças genéticas, como referimos atrás, foram já comprovadas no âmbito do projecto SAFENUT. 

Page 43: fruticultura viticultura olivicultura culturas arvenses ... · viticultura fruticultura olivicultura horticultura culturas arvenses micologia Ministério da Agricultura, Ordenamento

DRAP Centro ‐ ANUÁRIO DE EXPERIMENTAÇÃO 2010 

42

A  variedade que,  sistematicamente,  apresenta produções mais baixas  é  a Merveille de Bollwiller.  Este facto deve‐se, principalmente,  à  ausência, na  colecção, de polinizadoras  adequadas  à  sua  floração  tão tardia (Fig. 4). 

 

02000400060008000

100001200014000160001800020000

M. B

ollw

iller

Enni

s

Giro

nela

Gun

sleb

ert

Daw

ton

Sego

rbe

Butle

r

G. E

span

ha

G. V

iseu

F. C

outa

rd

Prov

ence

I. Eu

géni

a

G. V

iterb

o

Neg

reta

T. G

iffon

i

kg

0

10

20

30

40

50

60

%

2002 2003 2004 2005 2007

2008 2009 2010 Média (kg) Rend. em miolo (%) 

Figura 6 – Produção acumulada entre 2002 e 2010, produção média e rendimento em miolo 

 

O rendimento em miolo varia entre 50% na Dawton e 35% na Gentil de Viterbo, com um valor médio de 42%. Relativamente a este parâmetro verifica‐se que, as variedades com frutos de forma mais oblonga – Dawton, Imperatriz Eugénia e Butler – têm sempre um rendimento em miolo superior ao das variedades mais arredondadas. 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Page 44: fruticultura viticultura olivicultura culturas arvenses ... · viticultura fruticultura olivicultura horticultura culturas arvenses micologia Ministério da Agricultura, Ordenamento

DRAP Centro ‐ ANUÁRIO DE EXPERIMENTAÇÃO 2010 

43

 

5. VALORIZAÇÃO E PRESERVAÇÃO DE VARIEDADES REGIONAIS DE CASTANHA     NA REGIÃO CENTRO E NORTE DE PORTUGAL      Catarina de Sousa    1. JUSTIFICAÇÃO E OBJECTIVO  O objectivo deste trabalho foi a recuperação e valorização de variedades tradicionais de castanheiro, com vista à conservação de recursos. As  linhas de  trabalho  foram a caracterização  fenológica e  fenotípica de variedades de castanheiro com mais  representatividade  na  região  e  o  aconselhamento  de  agricultores  não  só  na melhor  escolha  de variedades, nomeadamente no que  respeita ao calendário de polinização, mas  também a melhoria das práticas culturais tais como enxertias, manutenção e condução dos soutos.   2. MATERIAL E MÉTODOS  2.1 Caracterização do souto  O  souto  da  Estação  Agrária  foi  instalado  em  1995.  É  actualmente  constituído  por  sete  variedades nacionais, Martaínha,  Longal,  Rebordã,  Verdeal,  Aveleira,  Judia  e  Colarinha  enxertadas  em  Castanea sativa Mill.,  com um  compasso  8x7 metros. As  árvores mais  jovens  têm  12  anos, pelo que  ainda não atingiram o seu potencial máximo. 

                                                          2.2 Caracterização edafo‐climática 

2.2.1 Solo 

O solo é franco arenoso, pouco ácido, baixo teor em matéria orgânica e níveis alto de fósforo e muito alto de potássio. As mobilizações podem, com o decorrer do tempo, provocar uma diminuição do teor de matéria orgânica do  solo e originar a  sua  compactação  com a  consequente diminuição do arejamento,  crescimento das raízes  e  infiltração  da  água.  Com  o  objectivo  de  evitar  estes  inconvenientes  e melhorar  a  fertilidade decidiu‐se, no Outono de 2005, proceder ao enrelvamento do solo. Foi  escolhida  uma mistura  de  leguminosas  anuais;  os  cortes  da  erva  são  feitos  com  destroçador,  em épocas que não comprometam a ressementeira das espécies presentes na mistura.   

Fig. 1 – Souto da Estação Agrária de Viseu 

Foto: C

. S. 

Page 45: fruticultura viticultura olivicultura culturas arvenses ... · viticultura fruticultura olivicultura horticultura culturas arvenses micologia Ministério da Agricultura, Ordenamento

DRAP Centro ‐ ANUÁRIO DE EXPERIMENTAÇÃO 2010 

44

  

2.2.2 Clima 

2.2.2.1 Temperatura 

A média das temperaturas máximas, mínimas e médias encontram‐se registadas na figura 2. A temperatura média anual foi de 8,4º C; a média das máximas foi de 32,9ºC no mês de Julho, 10 dias com temperaturas superiores a 35ºC e de 32,8º C no mês de Agosto, com 5 dias de temperaturas superiores a 35ºC.  Comparando a média das máximas destes dois meses em  relação ao ano anterior, verificou‐se que, no mês de Julho houve um aumento de 6,2ºC (26,7ªC em 2009 e 32,9 em 2010) enquanto no mês de Agosto a subida foi de 1,3ªC em relação ao mesmo período do ano anterior (31,5ºC em 2009 e 32,8ºC em 2010).  

 

Fig. 2 – Temperaturas médias mensais obtidas durante no ano 2010 

0,0

5,0

10,0

15,0

20,0

25,0

30,0

35,0

40,0

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31

Junho (9) Julho (23) Agosto (25) Setembro (4) 

Fig. 3 – Número de dias com temperaturas superiores a 30º C. 

   

2.2.2.2 Precipitação 

A precipitação anual foi de 1340 milímetros distribuídos ao longo do ano conforme mostra a figura 4. De  Janeiro a Setembro  choveram 750,7 milímetros  sendo que 608 mm  caíram em  Janeiro, Fevereiro e Março e apenas 142,7 mm nos restantes seis meses. Em Agosto não choveu e em Setembro a precipitação foi de apenas 7 milímetros (fig. 5). 

Page 46: fruticultura viticultura olivicultura culturas arvenses ... · viticultura fruticultura olivicultura horticultura culturas arvenses micologia Ministério da Agricultura, Ordenamento

DRAP Centro ‐ ANUÁRIO DE EXPERIMENTAÇÃO 2010 

45

 

Fig. 4 – Valores mensais de precipitação                                      Fig. 5 – Quantidade de água no solo de Janeiro a Setembro  

O castanheiro é uma espécie mesófita, vegeta bem em terrenos frescos, apesar de conseguir sobreviver com condições adversas; necessita contudo, nos meses de verão, de uma quantidade significativa de água no  solo;  se  nos  três meses  de  verão  a  precipitação média  for  inferior  a  30 mm  a  produção  pode  ser fortemente reduzida (Ferrini e Nicense, 2000).  

Como podemos verificar pelo gráfico a precipitação média nos meses de Julho, Agosto e Setembro foi de 4,9 mm, pelo que se verificou não só uma diminuição de produção mas também, esta falta de humidade associada ao elevado número de dias com temperaturas superiores a 30ºC nos meses de Julho e Agosto (fig.3), originaram a queda prematura de muitos ouriços.    

 

 

 

 

 

 

 

 

3. RESULTADOS 

As observações efectuadas ao longo do ano e os resultados obtidos são os que a seguir se apresentam.  

3.1 Fases de Desenvolvimento  

Início da floração  Rebentação 

Masculina (♂)  Feminina (♀) Maturação 

Martaínha  13/04  20/06  30/05  11/10 

Longal  27/4  25/06  15/06  22/10 

Verdeal  27/04  25/06  20/06  09/10 

Aveleira  20/04  25/05  07/06  28/09 

Judia  24/04  20/06  15/06  13/10 

Colarinha  27/04  17/06  10/06  18/10                                 

Fig. 7 – Datas de ocorrência das diferentes fases de desenvolvimento 

Fig.  6  –  Ouriços  caídos  devido  às  altas temperaturas e de humidade no solo 

Page 47: fruticultura viticultura olivicultura culturas arvenses ... · viticultura fruticultura olivicultura horticultura culturas arvenses micologia Ministério da Agricultura, Ordenamento

DRAP Centro ‐ ANUÁRIO DE EXPERIMENTAÇÃO 2010 

46

     

3.2 Fenologia 

Na figura 8 apresenta‐se esquematicamente o abrolhamento dos gomos e crescimento das folhas (C1 ‐ D), a floração masculina (Fm ‐ Fm2) e a floração feminina (Ff ‐ Ff2) nas diferentes variedades. A floração ocorre quanto a temperatura atingir os 17ºC (Lage, 2005) e a radiação solar aumentar.  

 

          

             

 

Fig. 8 – Datas de ocorrência dos principais estados fenológicos na E.A.V. 

 

Inflorescências masculinas (♂) 

O  aparecimento  dos  amentilhos  unissexuais masculinos  (Dm)  ocorreu nas  diferentes  variedades  da  2ª década de Abril à 2ª de Maio.  

O  início do aparecimento dos estames (Fm) ocorre aproximadamente um mês após o aparecimento dos amentilhos  unissexuais  e  a  plena  floração masculina  (Fm2)  aproximadamente  1 mês  e meio  após  o aparecimento dos amentilhos.  

O fim da emissão do pólen (Gm) considerou‐se quando as anteras ficaram acastanhadas e (Hm) quando os amentilhos começaram a cair.  

Inflorescências femininas (♀) 

O  aparecimento  dos  amentilhos  androgínicos  (Da)  teve  lugar  entre  a  2ª  e  a  3ª  década  de Maio;  o aparecimento  dos  estigmas  da  flor  central  (Ff)  de  10  a  15  dias  após  o  aparecimento  dos  amentilhos androgínicos. A plena  floração  feminina  (Ff2), ou seja, o aparecimento dos estigmas em  todas as  flores surge de 12 a 20 dias após o estado (Da).  No inchamento (I) a inflorescência apresenta 2,5 vezes o tamanho inicial; Durante o crescimento todas as estruturas da flor vão sofrer alterações, nomeadamente a transformação das brácteas em espinhos, até ao total desenvolvimento e queda do fruto.  

 

Fig. 9 – Amentihos unissexuais (1) e androgínicos (2), com pormenor da flor ♀ 

Abril  Maio  Junho  Julho                                            Martaínha 

Longal 

Verdeal 

Aveleira 

Judia 

Colarinha 

 

Abrolhamento e crescimento das folhas (C1 ‐ D)    Floração masculina (Fm ‐ Fm2)     Floração feminina (Ff ‐ Ff2)        

21 

Page 48: fruticultura viticultura olivicultura culturas arvenses ... · viticultura fruticultura olivicultura horticultura culturas arvenses micologia Ministério da Agricultura, Ordenamento

DRAP Centro ‐ ANUÁRIO DE EXPERIMENTAÇÃO 2010 

47

 

3.3 Caracterização morfométrica das variedades 

A caracterização morfométrica de folhas, inflorescências e frutos, bem como a percentagem de frutos nas diferentes classes de calibre foram apresentadas no relatório do ano anterior.   

Este ano apenas nos limitamos a apresentar o número de frutos por quilo e respectivo calibre.       

3.3.1 Normalização 

  Nº de frutos /kg  Calibre 

Martaínha  76  Médio 

Longal  70  Médio 

Verdeal  66  Médio a Grande 

Aveleira  81  Pequeno a Médio 

Judia  60  Médio a Grande 

Colarinha  84  Pequeno a Médio  

Fig. 10 – Calibres determinados nas diferentes variedades 

     

3.4 Produções 

Sabemos que o castanheiro só estabiliza a produção aos 40 – 50 anos (Brio et al, 1998) e que atinge a fase adulta aos 20 anos, idade ainda longe de ser atingida pelos castanheiros em estudo, uma das razões pela qual as produções são ainda muito baixas. As obtidas no ano de 2010 são as se a seguir se apresentam.  

 

Fig. 11 – Produções, em kg/ha, obtidas no ano de 2010 

4. CONCLUSÕES 

Como  se  pode  verificar,  existem  diferenças muito  acentuadas  entre  as  variedades,  que  poderão  ser devidas não só às condições climáticas do ano, mas também à pouca idade do souto.  

Sabemos que o castanheiro só estabiliza a produção aos 40 – 50 anos  (Brio et al., 1998) e que atinge a fase adulta aos 20 anos, idade ainda longe de ser atingida pelos castanheiros em estudo.  

Page 49: fruticultura viticultura olivicultura culturas arvenses ... · viticultura fruticultura olivicultura horticultura culturas arvenses micologia Ministério da Agricultura, Ordenamento

DRAP Centro ‐ ANUÁRIO DE EXPERIMENTAÇÃO 2010 

48

Não podemos deixar de ressalvar que as práticas culturais efectuadas no souto têm grande influência em todo  o  ecossistema  nomeadamente  na  água  do  solo,  nas  espécies  constituintes  do  coberto  vegetal (fig.12), nas doenças e pragas e na fauna e flora auxiliares. Nas figuras que se seguem podemos observar a inexistência de trevo subterrâneo no final do verão e o mesmo já instalado durante o inverno.  

 

Fig. 12 – Coberto vegetal no souto da EAV, no final do verão à esquerda e em Janeiro à direita  

O castanheiro possui um sistema radicular constituído por raízes principais, mais grossas e uma rede de raízes mais finas, onde se encontram os pêlos radiculares, que são as responsáveis pela absorção da água e nutrientes; distribuem‐se pela camada superficial do solo e para além da projecção da copa da árvore; são  estas  raízes  que,  quando  “feridas” devido,  por  exemplo,  a mobilizações podem  ser  uma  porta  de entrada à doença da ”tinta do castanheiro”.  

Alguns dos cogumelos existentes nos soutos formam à volta das raízes dos castanheiros uma fina rede, as chamadas micorrizas, que não só aumentam a área de absorção das raízes como impedem a penetração do  fungo da  tinta  (Phytophthora  cinnamomi Rands); por outro  lado  recebem do  castanheiro alimento, vivendo assim numa associação mutualista (fig. 13).   

  

Fig. 13 – Cogumelos micorrízicos no souto 

Page 50: fruticultura viticultura olivicultura culturas arvenses ... · viticultura fruticultura olivicultura horticultura culturas arvenses micologia Ministério da Agricultura, Ordenamento

DRAP Centro ‐ ANUÁRIO DE EXPERIMENTAÇÃO 2010 

49

 

 

III. OLIVICULTURA 

 

1. VARIEDADES DE OLIVEIRA      Catarina de Sousa  

1. JUSTIFICAÇÃO E OBJECTIVO 

Conhecer adaptação, produtividade e rendimento em azeite de seis variedades de oliveira às condições edafo‐climáticas da região.  

 

 

2. MATERIAL E MÉTODOS 

2.1 Caracterização do olival  

O  olival  foi  instalado  na  primavera  de  1998.  As  variedades  em  estudo  são  a  Galega,  Cobrançosa, Cornezuelo,  Arbequina,  Picual  e  Verdeal;  o  compasso  utilizado  foi  de  7x  6 metros  e  o  delineamento estatístico, blocos casualizados com três repetições.  

Para  além  das  variedades  em  estudo  existe  um  talhão  de  observação  com  as  variedades  Azeiteira, Maçanilha e Redondil.     

Para evitar mobilizações e aumentar o nível de fertilidade foi efectuado o enrelvamento do solo.  

O resultado da análise de folhas efectuadas em Julho de 2010 é apresentado na figura 2.   

%  mg/kg 

N  P  K  Ca  Mg  S  Fe  Mn  Zn  Cu  B 

1,75  0,15  1,24  1,39  0,09  0,16  139  25  17  49  19 

S  E  E  S  I  S  E  S  S  E  S       

Fig. 2 – Níveis de nutrientes nas folhas da variedade galega na fase do endurecimento do caroço 

Foto

: C. S

.

Fig. 1 – Olival de variedades

Page 51: fruticultura viticultura olivicultura culturas arvenses ... · viticultura fruticultura olivicultura horticultura culturas arvenses micologia Ministério da Agricultura, Ordenamento

DRAP Centro ‐ ANUÁRIO DE EXPERIMENTAÇÃO 2010 

50

 

Os  teores  de  fósforo,  potássio,  ferro  e  cobre  são  excessivos;  verificou‐se  unicamente  insuficiência  de magnésio; no entanto estes resultados terão que ser complementados com os da análise de terra.  

2.2 Caracterização edafo‐climática 

2.2.1 Solo  

O solo onde está  instalado o olival é  franco arenoso, com pH neutro com elevados  teores de  fósforo e potássio, baixos de matéria orgânica e de magnésio e suficiente de boro.    

2.2.2 Clima 

2.2.2.1 Temperatura  

A oliveira é uma planta característica de climas mediterrânicos, com  invernos suaves e verões cálidos e secos. É bastante sensível ao frio, mas quando o arrefecimento é progressivo durante o Outono ela entra num período de  repouso que  lhe dá alguma  resistência a  temperaturas próximas dos 0ºC; no entanto, mesmo durante  este período,  temperaturas  compreendidas  entre 0ºC  e  ‐5ºC podem  causar pequenas feridas nos rebentos e ramos jovens, tornando‐se uma porta de entrada para doenças e pragas (Barranco et al., 2004).   

As médias das temperaturas máximas, mínimas e médias registadas durante encontram‐se registadas na figura 3. 

 

Nos meses de  Janeiro e Dezembro  foram  registados seis dias com  temperatura mínima  inferior a  ‐2ºC, tendo havido mesmo dois dias em que foram atingidos os ‐5ºC (figura 4).  

 

Fig. 4 – Número de dias com temperaturas inferiores a 0ºC no ano 2010 

 

Fig. 3 – Temperaturas médias mensais obtidas durante no ano 2010

Page 52: fruticultura viticultura olivicultura culturas arvenses ... · viticultura fruticultura olivicultura horticultura culturas arvenses micologia Ministério da Agricultura, Ordenamento

DRAP Centro ‐ ANUÁRIO DE EXPERIMENTAÇÃO 2010 

51

2.2.2.2  Precipitação  

A  precipitação  anual  foi  de  1430 milímetros  distribuídos  conforme mostra  a  figura  5.  Como  podemos observar na mesma  figura a  chuva  caída durante o mês de  Junho  (14 mm nos dias 10 e 11) pode  ter comprometido parte da produção anual, pois a floração da variedade galega teve início a 7 de Junho. 

 

Fig. 5 – Valores mensais de precipitação 

3. RESULTADOS  As produções obtidas são apresentadas na figura 6. 

 

Fig. 6 – Produções médias, em kg/ha, nos talhões de ensaio e de observação  

Não se obteve produção na variedade Cornezuelo e uma produção insignificante (330 kg/ha) na Verdeal; as  árvores  que  produzem  são  unicamente  as  que  estão  ao  abrigo  dos  cedros,  pois  estes  servem  de anteparo aos ventos.   

A variedade Arbequina apesar de ter produzido bastante, as temperaturas negativas e a neve no período anterior à colheita destruíram praticamente a produção (fig. 7).  

 

Fig. 7 – Árvore da variedade Arbequina (1) e pormenor do ramo (2) 

1  2Foto

: C. S

.

Page 53: fruticultura viticultura olivicultura culturas arvenses ... · viticultura fruticultura olivicultura horticultura culturas arvenses micologia Ministério da Agricultura, Ordenamento

DRAP Centro ‐ ANUÁRIO DE EXPERIMENTAÇÃO 2010 

52

 

4. CONCLUSÕES 

Como podemos observar na figura 6 é na variedade Galega que se obtêm as maiores produções – 6949 kg/ha e 4478 kg/ha respectivamente nos talhões de ensaio e de observação. A Picual vem a seguir, com uma produção de 1406 kg/ha.   

A diferença de produções das diferentes variedades relativamente à Galega parece‐nos dever‐se não só à diferença de fertilidade do solo e exposição desfavorável devido aos ventos, mas também à adaptação da variedade Galega a essas condições adversas.  

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Page 54: fruticultura viticultura olivicultura culturas arvenses ... · viticultura fruticultura olivicultura horticultura culturas arvenses micologia Ministério da Agricultura, Ordenamento

DRAP Centro ‐ ANUÁRIO DE EXPERIMENTAÇÃO 2010 

53

 

2. OLIVAL CONDUZIDO EM MODO DE PRODUÇÃO BIOLÓGICO      Catarina de Sousa  

1. JUSTIFICAÇÃO E OBJECTIVOS  

Instalação de um olival que  integrasse tecnologias  inovadoras, que contribuíssem para a preservação do ambiente,  redução  dos  custos  de  produção  e melhoria  na  qualidade  do  azeite;  as  técnicas  culturais adoptadas foram a protecção integrada, rega por micro aspersão, enrelvamento das entrelinhas e colheita mecânica da azeitona. 

 

2. MATERIAL E MÉTODOS  

2.1 Caracterização do olival  

Instalado na Primavera de 2004, na folha 15N da Estação Agrária de Viseu; as variedades utilizadas foram Galega e Picual com um compasso 7 x 7 metros e Cobrançosa, Redondil e Arbequina com um compasso de 6  x 6 metros. As duas  variedades que  se mantêm  são a Galega e a Picual,  já que as  restantes  três variedades morreram devido ao excesso de água que se acumula na zona mais baixa do terreno.  

2.2 Caracterização do solo    

O  solo é  franco arenoso, ácido, baixo  teor em matéria orgânica e níveis alto de  fósforo, muito alto de potássio e baixo de magnésio.  Para  melhorar  as  características  físico‐químicas  deste  solo  foi  efectuado,  no  outono  de  2005  o enrelvamento  do  solo  com  leguminosas  anuais  de  ressementeira.  A manutenção  do  coberto  é  feito utilizando um destroçador, em épocas que não comprometa a ressementeira das espécies constituintes da mistura. O resultado da análise de folhas efectuadas em Julho de 2010 é apresentado na figura 1.   

%  mg/kg 

N  P  K  Ca  Mg  S  Fe  Mn  Zn  Cu  B 

1,64  0,19  1,32  1,38  0,13  0,16  103  42  19  13  20 

S  E  E  S  S  S  E  S  S  S  S  

Fig.1 – Níveis de nutrientes nas folhas da variedade galega na fase do endurecimento do caroço 

Foto

: C. S

.

Fig. 1 – Variedade Galega, no olival 

Page 55: fruticultura viticultura olivicultura culturas arvenses ... · viticultura fruticultura olivicultura horticultura culturas arvenses micologia Ministério da Agricultura, Ordenamento

DRAP Centro ‐ ANUÁRIO DE EXPERIMENTAÇÃO 2010 

54

 

Também  neste  olival  o  fósforo,  potássio  e  ferro  se  encontram  num  nível  excessivo. Os  resultados  da análise de terra irão complementar os actuais.  

3. RESULTADOS  

Na  figura  3  apresentam‐se  os  resultados  obtidos,  no  4º  ano  de  produção,  em  cada  uma  das  duas variedades existentes. 

 

Fig. 2 – Produções médias de cada uma das variedades. 

 

4. CONCLUSÕES  

Como  já  foi  dito  anteriormente  é  apenas  o  quarto  ano  de  produção,  o  que  nos  impede  de  tirar,  por enquanto qualquer conclusão, pois a plena produção só será atingida entre o 8º e o 10º ano.  

 

 

 

 

 

 

 

Page 56: fruticultura viticultura olivicultura culturas arvenses ... · viticultura fruticultura olivicultura horticultura culturas arvenses micologia Ministério da Agricultura, Ordenamento

DRAP Centro ‐ ANUÁRIO DE EXPERIMENTAÇÃO 2010 

55

 

 

IV. HORTICULTURA 

 

 

 

1. ESTUDO DO COMPORTAMENTO DE DIFERENTES PORTA‐ENXERTOS EM TOMATE DE     ESTUFA      João Moreira    1. Objectivos  Ψ – Estudar o comportamento agronómico das espécies e cultivares enxertadas 

Ψ – Avaliar o rendimento das cultivares por espécie e porta enxerto  

Ψ – Estudar o grau de resistência aos agentes patogénicos do solo 

Ψ – Apresentar o estudo económico por espécie 

 

  

 

2. Comportamento de três porta‐enxertos em duas cultivares de tomate de estufa   

O trabalho decorreu em estufa com uma área útil de 400m2 e com uma sequência de culturas baseada nas  culturas do  tomate,  feijão, pepino e alface desde 1994. Ao  longo destes anos em produção e  sem rotação  de  culturas,  o  solo  encontra‐se  com  graves  problemas  sanitários,  apesar  da  introdução  de algumas práticas químicas como é o caso da desinfecção do solo, desaconselhada em PRODI, de elevado custo e agressiva para o aplicador e ambiente.  O  estudo  recaiu  sobre  duas  cultivares  de  tomate  enxertadas  em  três  porta‐enxertos  distintos.  O delineamento experimental consistiu na divisão do ensaio em quatro modalidades  (P0; P1;P2 e P3) por 

Page 57: fruticultura viticultura olivicultura culturas arvenses ... · viticultura fruticultura olivicultura horticultura culturas arvenses micologia Ministério da Agricultura, Ordenamento

DRAP Centro ‐ ANUÁRIO DE EXPERIMENTAÇÃO 2010 

56

cultivar distribuídas  casualmente em quatro  repetições e em  talhões de 9m2  (2x4,5m), perfazendo um total de 36m2 por modalidade, conforme se pode observar no esquema de campo (Fig.1).  

Fig. 1 ‐ Esquema de campo  

 Modalidades em estudo (Cultivar x porta‐enxerto):  

P0 – Testemunha     P0 – Testemunha  P1 – Anairis x Beaufort   P2 – Amaral x Beaufort  P2 – Anairis x Maxifort    P1 – Amaral x Maxifort P3 – Anairis x Multifort    P3 – Amaral x Multifort 

  

3. Fertilização de fundo  

A  fertilização de  instalação da cultura baseou‐se na análise ao  solo, estabelecendo‐se o equilíbrio para uma classe de fertilidade média dos vários elementos, para uma produção estimada de 14kg/m2, com dois tipos de fertilizantes, efectuada a 24/3/2010 recorrendo‐se aos seguintes fertilizantes:  

Fertilizante orgânico:  

→ Phenix, com a seguinte composição         

P3 P2 P0 P3

4 8 12 16

P2 P0 P1 P0

3 7 11 15

P1 P1 P3 P2

2 6 10 14

P0 P3 P2 P1

1 5 9 13

P3 P2 P0 P3

4 8 12 16

P2 P0 P1 P0

3 7 11 15

P1 P1 P3 P2

2 6 10 14

P0 P3 P2 P1

4,5m 1 5 9 13

2m

REP. I REP. II REP. III REP.IV

ANAIRIS

AMARA

L

Page 58: fruticultura viticultura olivicultura culturas arvenses ... · viticultura fruticultura olivicultura horticultura culturas arvenses micologia Ministério da Agricultura, Ordenamento

DRAP Centro ‐ ANUÁRIO DE EXPERIMENTAÇÃO 2010 

57

Fig. 2 – Desponta à quarta folha

N total  P205  K2O CaO MGO M.O Microelementos6%  8%  15%  5%  2%  60%  1% 

     

Fertilizantes químicos: 

 → Sulfato de amónio a 20,5%, Superfosfato 18%, Sulfato de potássio a 50% e Sulfato de magnésio a 

16,5%. 

 

4. Preparação e correcção do solo  

‐ Uma passagem de escarificador para rompimento do solo e incorporação dos restos da cultura anterior (nabos);  ‐ Fertilização de fundo com aplicação dos fertilizantes referidos; ‐ Uma passagem de cavadeira para incorporação da fertilização.  

5. Plantação e operações seguintes  

Em cada talhão de 9m2, foram instaladas 2 linhas com 8 plantas por linha, nas cultivares enxertadas, num total de 16 plantas por talhão e, na testemunha, 15 plantas por linha, num total de 30 plantas por talhão.  

O  ensaio  foi  instalado  a  7/4/2010,  com  plantas  em motte  de  7,5cm  x  7,5cm  x  7cm  para  as  plantas enxertadas e com plantas de bandeja para as plantas simples.   

Os compassos utilizados na entre linha foram os mesmos variando, na linha, entre plantas: nas enxertadas a distância foi de 0,56m e nas simples de 0,30m.  

‐ Instalação da rega gota a gota e primeira rega abundante, rega de abicagem; 

‐ Instalação das armadilhas cromotrópicas (amarelas e azuis); 

‐ Instalação da armadilha luminosa no exterior. 

 

5.1 Práticas Culturais  

√ Regas de gota a gota                                                                         

√ Desponta à 4ª folha nas modalidades enxertadas (Fig. 2).         

√ Condução em 2 hastes nas modalidades enxertadas 

√ Tutoragem a 2 braços nas modalidades enxertadas                   

√ Tratamentos fitossanitários 

√ Sacha manual e mecânica 

√ Amontoa   

√ Podas e desfolhas 

√ Colheita 

  

5.2 Fertilização de manutenção  

Ao oitavo / décimo dia após a plantação, iniciaram‐se as fertilizações de manutenção durante o ciclo da cultura, duas por semana, de modo a aplicar 18 a 25 g/m2 de N, 6 a 8 g/m2 de P2O5, 50 a 70 g/m

2 de K2O e 3 a 4 g/m2 de Mg, no total.  

De  forma  a  aplicar  as  quantidades  referidas,  em  função  do  estado  de  desenvolvimento  e  das necessidades  da  cultura  foram  fornecidas  à  planta,  em  4  fases  distintas,  diferentes  quantidades  de nutrientes em (g/m2). Assim na:  

Page 59: fruticultura viticultura olivicultura culturas arvenses ... · viticultura fruticultura olivicultura horticultura culturas arvenses micologia Ministério da Agricultura, Ordenamento

DRAP Centro ‐ ANUÁRIO DE EXPERIMENTAÇÃO 2010 

58

1ª fase – 0,8g de N; 0,45g de P2O5 e 1,6g de K2O 

2ª fase – 7g de N; 1,5g de P2O5; 13,7g de K2O; 40% de MgO  

3ª fase – 20g de N; 5g de P2O5; 46g de K2O; 60% de MgO  

4ª fase – 8g de N; 1,7g de P2O5; 10g de K2O 

 

6. Tratamentos fitossanitários  

┌ Fúngicos:  Com  aplicações  preventivas  de  10  em  10  dias  em  função  das  condições  climáticas,  com  os  seguintes produtos:        ‐ mancozan (s.a.mancozebe), ortiva (s.a.Azoxistrobina), ridomil (s.a.metalaxil) e enxofre em pó.  ┌ Insecticidas:  Com  aplicações  curativas  quando  a  praga  chegava  ao  nível  económico  de  ataque,  com  os  seguintes insecticidas:        ‐ confidor (s.a.imidaclopride) e applaud (buprofezina)  

7. Pragas presentes nas estufas  

Mosca  Branca  Trialeurodes Vaporariorum,  ácaros  Tetranichus  urticae  e  tripes  Frankliniella  occidentalis com populações muito abaixo dos níveis económicos de ataque e sem estragos na cultura.  

A lagarta do tomate Helicoverpa armigera, praga também presente com ligeiros estragos ao nível do fruto e manifestando‐se praticamente no final do ensaio.  

A Tuta absoluta praga com estragos ao nível do fruto com prejuízos elevados nas últimas colheitas.  

► As armadilhas amarelas mostraram‐se mais eficazes do que as azuis na indicação da chegada da praga à cultura e em número de capturas.  

► A armadilha luminosa revelou‐se bastante eficaz na captura de vários tipos de noctuídios num total de 3 115 exemplares, assim como de outros tipos de insectos não identificados.  

5. Resultados 

5.1 Acompanhamento da cultura  

Do nosso ponto de vista a instalação do ensaio ocorreu com um mês de atraso vindo a reflectir‐se, numa fase  inicial,  num  desenvolvimento  heterogéneo  das  plantas,  com  uma  recuperação  lenta  no desenvolvimento  vegetativo.  No  mesmo  período,  eram  visíveis  as  diferenças  entre  as  modalidades enxertadas em confronto com a testemunha, vindo a manter se até ao final do ensaio.  Como  as modalidades  enxertadas  foram  conduzidas  a  dois  braços  verificamos,  apesar  dos  compassos utilizados, uma certa falta de arejamento ao nível da planta devido ao desenvolvimento de grande massa folhear, levando a uma redução das fertilizações de acompanhamento.  As  regas, neste  sistema de  cultivo,  foram  copiosas e em  certa quantidade para dar  condições a que o motte  e  terreno  envolvente  ficassem  com  humidade  suficiente  para  que  as  raízes  penetrassem  em profundidade. Nas modalidades  enxertadas,  como  a  raiz  atingiu  um  grande  desenvolvimento  no  solo,  permitiu  uma maior base de alimentação à planta levando‐a a um desenvolvimento vegetativo mais exuberante. Ao nível da formação dos cachos florais e frutificação, não se registaram diferenças significativas entre as modalidades enxertadas em cada uma das cultivares. Já na testemunha, surgiram abortamentos de flores, cachos heterogéneos e irregulares.  

Page 60: fruticultura viticultura olivicultura culturas arvenses ... · viticultura fruticultura olivicultura horticultura culturas arvenses micologia Ministério da Agricultura, Ordenamento

DRAP Centro ‐ ANUÁRIO DE EXPERIMENTAÇÃO 2010 

59

Quanto  à  entrada  em  produção,  registou‐se  uma  ligeira  precocidade  da  testemunha  em  relação  às modalidades enxertadas.  

A mosca branca, ácaros e o tripes, estiveram sempre presentes durante todo o ciclo da cultura em níveis populacionais muito aquém do nível económico de ataque.  

A Tuta absoluta, praga recente, provocou estragos ao nível do fruto bastante elevados na parte final do ensaio (Fig.3).   

 

 

 

5.2 Parâmetros em análise  

5.2.1 Produção 

A  cultivar  Anairis,  na  modalidade  P0  (testemunha),  apresentou  uma  produção  em  (kg/m2)  bastante inferior  comparativamente  às  plantas  enxertadas,  não  se  verificando  grande  diferença  entre  os  porta enxertos (Quadro 1).  Esta cultivar, apresentou aproximadamente 12% da sua produção com frutos de calibre superior aos 102, sendo estes, rejeitados pela comercialização. A restante produção manteve‐se nos calibres 56 – 67; 67 – 82; 82 ‐ 102 com um refugo de 2%.  No que  respeita à  cultivar Amaral a  (P0)  testemunha,  foi  também, a modalidade que menor produção apresentou (Quadro 1).  Esta cultivar, apresentou 75% dos frutos com um calibre entre 67 a 102. A percentagem de refugo situou‐se nos 1%.  Em  ambas  as  cultivares, o porta‐enxerto Maxifort,  foi o mais produtivo  com uma produção média de 15,680kg/m2 na cultivar Anairis e de 16,440kg/m2 na cultivar Amaral. 

Fig. 3 – Estragos de Tuta absoluta no fruto

Page 61: fruticultura viticultura olivicultura culturas arvenses ... · viticultura fruticultura olivicultura horticultura culturas arvenses micologia Ministério da Agricultura, Ordenamento

DRAP Centro ‐ ANUÁRIO DE EXPERIMENTAÇÃO 2010 

60

Quadro 1 – Produção Cultivar x Porta‐enxerto (kg/m2) 

REP. I            REP.III          

Cultivar  Porta Enxerto 

Produção Kg 

Área Parcela 

Rend. Kg/m2   

Cultivar  Porta Enxerto 

Produção Kg 

Área Parcela 

Rend. Kg/m2 

  Testem.  79,300    8,800      Testem.  69,900    7,770 Anairis  Beaufort  111,400  9m2  12,400    Anairis  Beaufort 138,400  9m2  15,380  Maxifort  134,000    15,000      Maxifort 143,714    15,970  Multifort  137,400    15.500      Multifort 127,700    14,200REP.II            REP.IV         

 Cultivar  Porta 

Enxerto Produção 

Kg Área 

Parcela Rend. Kg/m2   

Cultivar  Porta Enxerto 

Produção Kg 

Área Parcela 

Rend. kg/m2 

  Testem.  104,000    11,560      Testem.  81,900    9,100 Anairis  Beaufort  151,200  9m2  16,800    Anairis  Beaufort 129,800  9m2  14,400  Maxifort  161,900    18,000      Maxifort 123,700    13,750  Multifort  147,100    16,340      Multifort 129,100    14,350REP.I                   REP.III            

 Cultivar  Porta 

Enxerto Produção 

Kg Área 

Parcela Rend. Kg/m2   

Cultivar  Porta Enxerto 

Produção Kg 

Área Parcela 

Rend. Kg/m2 

  Testem.  91,300    10,140      Testem.  123,200    13,700Amaral  Beaufort  136,900  9m2  15,200    Amaral  Beaufort 160,300  9m2  17,800  Maxifort  145,900    16,200      Maxifort 157,500    17,500  Multifort  135,600    15,100      Multifort 140,100    15,570REP.II            REP.IV         

 Cultivar  Porta 

Enxerto Produção 

Kg Área 

Parcela Rend. Kg/m2   

Cultivar  Porta Enxerto 

Produção Kg 

Área Parcela 

Rend. Kg /m2

  Testem.  124,500    13,800      Testem.  90,600    10,100Amaral  Beaufort  146,600  9m2  16,300    Amaral  Beaufort 142,600  9m2  15,840  Maxifort  164,500    18,300      Maxifort 123,900    13,770  Multifort  154,700    17,200      Multifort 128,100    14,300  

 Produção média/Modalidade (kg/m2)        

               (P0) Testemunha …. 9,100                                       (P0) Testemunha…..11,935                        (P1) Beaufort ……...15,000                                       (P1) Beaufort ……... 16,285 Anairis  (P2) Maxifort ……... 15,680                        Amaral (P2) Maxifort …...…. 16,440                      (P3) Multifort …..… 15,100                                      (P3) Multifort …….… 15,540  

5.3 Avaliação radicular 

Com o objectivo de avaliar a acção dos agentes patogénicos do solo na planta, recorremos ao Laboratório de Protecção Vegetal, Departamento de Ciências Agronómicas, da ESAC, para determinação do grau de sensibilidade  ou  resistência  do  sistema  radicular  e  parte  do  caule  das  plantas  à  infecção  tanto  por nemátodes  (Meloidogyne  sp.  –  nemátodes‐das‐galhas‐radiculares),  como  por  fungos  do  solo,  em  cada uma das modalidades em estudo.Para avaliação da patogenicidade dos nemátodes na raiz recorremos à avaliação visual de galhas e ao diagrama de John Bridge e Sam Page (1980), para quantificação do índice de galhas (I G), numa escala de 0 a 10 em 4 plantas por modalidade e ainda à escala proposta por Taylor & Sasser (1978) e Hartman & Sasser (1985).  

De  acordo  com Hartman &  Sasser  (1985)  e  Santos  et  al.  (1987),  a  reacção  das  plantas  é  considerada positiva (+) quando o valor da média do  índice da massa de ovos for superior a 2 e negativa (‐) quando esse valor for igual ou inferior a 2.  

Para avaliação do índice de massa de ovos, as raízes das plantas de cada modalidade foram mergulhadas numa solução de 15mg/L de água de Floxine B (Fig. 4).  

Page 62: fruticultura viticultura olivicultura culturas arvenses ... · viticultura fruticultura olivicultura horticultura culturas arvenses micologia Ministério da Agricultura, Ordenamento

DRAP Centro ‐ ANUÁRIO DE EXPERIMENTAÇÃO 2010 

61

Fig. 4 – Raízes mergulhadas na solução corante.

Registaram‐se os resultados de acordo com o apresentado nos Quadros 2 e 3.  

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

  

Quadro 2 – Índice de Galhas (IG) de acordo com o Diagrama de John Bridge e Sam Page (1980) 

P0 – Testemunha; P1 – Cultivar x Beaufort; P2 – Cultivar x Maxifort; P3 – Cultivar x Multifort 

Cultivar Rep Modalidade I G Cultivar Rep Modalidade I G

I P0 1 I P3 0

Anairis II P0 0 Anairis II P3 0

III P0 0 III P3 0

IV P0 1 IV P3 1

Cultivar Rep Modalidade I G Cultivar Rep Modalidade I G

I P2 0 I P1 1

Anairis II P2 1 Anairis II P1 1

III P2 0 III P1 0

IV P2 0 IV P1 0

Cultivar Rep Modalidade I G Cultivar Rep Modalidade I G

I P0 0 I P3 0

Amara l II P0 0 Amara l II P3 0

III P0 0 III P3 1

IV P0 1 IV P3 1

Cultivar Rep Modalidade I G Cultivar Rep Modalidade I G

I P2 1 I P1 0

Amara l II P2 1 Amara l II P1 0

III P2 1 III P1 1

IV P2 1 IV P1 0

Fig. 6 – Identificação de galhas

Fig. 5– Raízes após coloração

Page 63: fruticultura viticultura olivicultura culturas arvenses ... · viticultura fruticultura olivicultura horticultura culturas arvenses micologia Ministério da Agricultura, Ordenamento

DRAP Centro ‐ ANUÁRIO DE EXPERIMENTAÇÃO 2010 

62

Quadro 3 – Índice de Galhas (IG) de acordo com a escala proposta por Taylor & Sasser (1978) e Hartman & Sasser (1985) 

 

P0 – Testemunha; P1 – Cultivar x Beaufort; P2 – Cultivar x Maxifort; P3 – Cultivar x Multifort 

 

  

   Analisando os  resultados quanto à patogenicidade de nemátodes na  raiz através dos quadros 2 e 3, a modalidade P2 – Anairis x Maxifort apresentou uma planta positiva com 11 galhas e 2 massas de ovos, correspondendo na escala ao índice 3.  

Na cultivar Amaral as modalidades (P1; P2 e P3) apresentaram‐se positivas, destacando‐se a modalidade P2 – Amaral x Maxifort com duas plantas positivas.  

As modalidades P0 – Testemunha em ambas as cultivares, apresentaram‐se negativas.  

Das análises efectuadas ao solo e às raízes, constata‐se que no solo o grau de infecção de nemátodes de galhas das raízes era muito reduzido não causando estragos ao nível da planta e da produção.  

Cultivar Rep Modalidade Nº galhas Nº massas de ovos IG Cultivar Rep Modalidade Nº galhas Nº massas de ovos IG

I P0 0 1 1 I P3 0 0 0

Anairis II P0 0 0 0 Anairis II P3 0 0 0

III P0 0 0 0 III P3 0 0 0

IV P0 0 1 1 IV P3 3 0 2

Cultivar Rep Modalidade Nº galhas Nº massas de ovos IG Cultivar Rep Modalidade Nº galhas Nº massas de ovos IG

I P2 0 0 0 I P1 2 0 1

Anairis II P2 11 2 3 Anairis II P1 3 0 2

III P2 0 0 0 III P1 0 0 0

IV P2 0 0 0 IV P1 0 0 0

Cultivar Rep Modalidade Nº galhas Nº massas de ovos IG Cultivar Rep Modalidade Nº galhas Nº massas de ovos IG

I P0 0 0 0 I P3 0 0 0

Amara l II P0 0 0 0 Amaral II P3 0 0 0

III P0 0 0 0 III P3 10 5 3

IV P0 1 1 1 IV P3 3 0 2

Cultivar Rep Modalidade Nº galhas Nº massas de ovos IG Cultivar Rep Modalidade Nº galhas Nº massas de ovos IG

I P2 3 0 2 I P1 0 0 0

Amara l II P2 10 2 3 Amaral II P1 0 0 0

III P2 10 7 3 III P1 13 8 3

IV P2 3 0 2 IV P1 0 0 0

Fig. 7 ‐ Massas de ovos 

Page 64: fruticultura viticultura olivicultura culturas arvenses ... · viticultura fruticultura olivicultura horticultura culturas arvenses micologia Ministério da Agricultura, Ordenamento

DRAP Centro ‐ ANUÁRIO DE EXPERIMENTAÇÃO 2010 

63

Fig. 8 ‐ Raízes atacadas pela Pyrenochaeta 

Para avaliação visual dos fungos (Pyrenochaeta licopersici e Fusarium oxisporum) no material vegetal raiz e  caule  por  modalidade  também  em  Laboratório,  usamos  a  escala  de  0  a  100%  (DGADR),  por  se desconhecer outro método de quantificação, constatando‐se que:  

Quadro 4 – Quantificação da presença do fungo Pyrenochaeta. 

                      P0 – Testemunha; P1 – Cultivar x Beaufort; P2 – Cultivar x Maxifort; P3 – Cultivar x Multifort 

                                                                      Na  modalidade  (P0)  testemunha  de  ambas  as  cultivares  as  raízes  encontravam‐se  completamente destruídas pelo fungo Pyrenochaeta licopersici (Fig. 8), com manchas castanhas em toda a sua extensão e gretadas, atingindo percentagens de ataque de 90% a 100% das raízes, com porte reduzido, muito fracas e destruídas, o que  veio  a  afectar o desenvolvimento da planta no  seu  todo,  reflectindo‐se numa baixa significativa da produção Quadro 1.  

Nas modalidades  (P1,P2  e  P3),  o  nível  atingido,  situou‐se  entre  os  0  e  25%,  com  forte  raizame,  com espessuras  de  4  a  8mm  e  comprimentos  de  1m  a  2,20m.  As  raízes  encontravam‐se  completamente limpas. As plantas tiveram um bom desenvolvimento vegetativo e uma boa produção por m2 Quadro 1. 

                                                                                                                                                     

  

Cultivar Rep Modalidade Pyrenochaeta Cultivar Rep Modalidade Pyrenochaeta

I P0 5 I P3 1

Anairis II P0 6 Anairis II P3 1

III P0 6 III P3 1

IV P0 4 IV P3 2

Cultivar Rep Modalidade Pyrenochaeta Cultivar Rep Modalidade Pyrenochaeta

I P2 1 I P1 1

Anairis II P2 2 Anairis II P1 2

III P2 1 III P1 1

IV P2 1 IV P1 3

Cultivar Rep Modalidade Pyrenochaeta Cultivar Rep Modalidade Pyrenochaeta

I P0 8 I P3 1

Amaral II P0 8 Amara l II P3 1

III P0 9 III P3 1

IV P0 5 IV P3 1

Cultivar Rep Modalidade Pyrenochaeta Cultivar Rep Modalidade Pyrenochaeta

I P2 1 I P1 2

Amaral II P2 1 Amara l II P1 1

III P2 1 III P1 2

IV P2 2 IV P1 1

Page 65: fruticultura viticultura olivicultura culturas arvenses ... · viticultura fruticultura olivicultura horticultura culturas arvenses micologia Ministério da Agricultura, Ordenamento

DRAP Centro ‐ ANUÁRIO DE EXPERIMENTAÇÃO 2010 

64

 Quanto ao Fusarium oxysporum o processo de quantificação foi o mesmo. As modalidades (P1; P2 e P3) apresentaram comparativamente à (P0) testemunha, maiores índices de infecção tanto ao nível do porta enxerto como da planta, chegado a níveis de 50% no porta enxerto e 75% na planta Fig 9.  

É interessante referir que os níveis de infecção verificados não afectaram em nada um bom desempenho das plantas, tanto em termos vegetativos como de produção Quadros 1 e 5.                     

 Quadro 5 – Avaliação de Fusarium oxisporum 

 

Cultivar  Rep.  Modalidade  Planta Port. Enx. 

  Cultivar  Rep. Modalidade  Planta Port. Enx. 

I  P0  0  0    I  P3  4  2 II  P0  4  0    II  P3  4  2 III  P0  2  0    III  P3  4  1 

Anairs 

IV  P0  1  0   

Anairs 

IV  P3  4  1 

Cultivar  Rep.  Modalidade  PlantaPort. Enx. 

  Cultivar  Rep. Modalidade  Planta Port.  Enx. 

I  P2  4  0    I  P1  4  2 II  P2  4  1    II  P1  4  4 III  P2  4  4    III  P1  4  2 

Anairs 

IV  P2  4  2   

Anairs 

IV  P1  2  1  

Cultivar  Rep.  Modalidade  Planta Port. Enx.

  Cultivar  Rep. Modalidade  Planta  Port. Enx.

I  P0  1  0    I  P3  4  2 II  P0  4  0    II  P3  6  4 III  P0  0  0    III  P3  4  2 

Amaral 

IV  P0  1  0   

Amaral 

IV  P3  4  2 

Cultivar  Rep.  Modalidade  PlantaPort. Enx. 

  Cultivar  Rep. Modalidade  Planta Port. Enx. 

I  P2  6  1    I  P1  4  2 II  P2  4  1    II  P1  6  2 III  P2  4  1    III  P1  6  2 

Amaral 

IV  P2  2  1   

Amaral 

IV  P1  2  1 P0 – Testemunha; P1 – Cultivar x Beaufort; P2 – Cultivar x Maxifort; P3 – Cultivar x Multifort 

 

 

   

Page 66: fruticultura viticultura olivicultura culturas arvenses ... · viticultura fruticultura olivicultura horticultura culturas arvenses micologia Ministério da Agricultura, Ordenamento

DRAP Centro ‐ ANUÁRIO DE EXPERIMENTAÇÃO 2010 

65

5.4 Estudo económico da cultura  Neste método  de  cultivo  é  importante,  não  só  ter  em  linha  de  conta  os  rendimentos  obtidos, mas também os encargos com as plantas e mão de obra gastos na condução da cultura. Nas modalidades enxertadas (P1: P2; e P3) como já foi referido, os rendimentos por m2 são bastante bons quando os comparamos com os da planta simples testemunha (T0).  

Os  gastos  com  mão‐de‐obra  e  fertilizações  de  acompanhamento,  são  inferiores  nas  modalidades enxertadas comparativamente à testemunha.  

Quanto ao preço unitário da planta, este, é diferente conforme a cultivar e tipo de planta.  

Das duas cultivares em estudo a Anairis  foi a mais cara, com um preço de 0,22€ por planta simples e 0,70€ por planta enxertada,  já a Amaral como o preço de 0,16€ por planta simples e 0,68€ por planta enxertada. O preço das modalidades  (P1; P2 e P3) foi  igual para ambas as cultivares variando o preço entre cultivares.   

O número de plantas que o estudo comportou foi de 120 plantas para a (P0) testemunha e de 64 plantas para cada uma das modalidades (P1; P2 e P3).  

As  cultivares/modalidades  (P0; P1; P2  e P3)  apresentaram os  seguintes  custos  em plantas, quilos de frutos comercializáveis e receita final por, m2 quadro 6:  

Quadro 6 – Estudo económico da cultura  

       

Anairis  Nº plantas/ m2  Preço/plantaPreço Total (plantas/m2) 

P.TotalKg/m2 

Preço médio de venda 

Receita bruta €/m2 

Receita final €/m2 

P0  3,3  0.22 €  0.726 €  9,31  0.40€  3.724  2.998 P1  1,77  0.70 €  1.239 €  14,75  “  5.900  4.661 P2  1,77  0.70 €  1.239 €  15,68  “  6.272  5.033 P3  1,77  0.70 €  1.239 €  15,54  “  6.216  4.977                

Amaral  Nº plantas/ m2  Preço/plantaPreço Total (plantas/m2) 

P.TotalKg/m2 

Preço médio de venda 

Receita bruta €/m2 

Receita final €/m2 

P0  3,3  0.16 €  0.528 €  11,93  0.40€  4.772  4.244 P1  1,77  0.68 €  1.2036 €  16,28  “  6.512  5.3084 P2  1,77  0.68 €  1.2036 €  16,44  “  6.576  5.3724 P3  1,77  0.68 €  1.2036 €  15,54  “  6.216  5.0124 

Page 67: fruticultura viticultura olivicultura culturas arvenses ... · viticultura fruticultura olivicultura horticultura culturas arvenses micologia Ministério da Agricultura, Ordenamento

DRAP Centro ‐ ANUÁRIO DE EXPERIMENTAÇÃO 2010 

66

        2. ESTUDO DO COMPORTAMENTO DE DOIS PORTA‐ENXERTOS EM FEIJÃO VERDE     EM ESTUFA      João Moreira     1. Objectivos  Ψ – Estudar o comportamento agronómico das espécies e cultivares enxertadas 

Ψ – Avaliar o rendimento das cultivares por espécie e porta enxerto  

Ψ – Estudar o grau de resistência aos agentes patogénicos do solo 

Ψ – Apresentar o estudo económico por espécie 

 

2. Comportamento de dois porta‐enxertos numa cultivar de feijão verde  

 Este trabalho, decorreu debaixo da estrutura metálica de uma estufa sem cobertura, com uma área útil de 400m2 e com uma sequência de culturas desde 1994.  

Ao  longo  destes  anos  em  produção  e  sem  uma  rotação  de  culturas,  o  solo  encontra‐se  com  graves problemas sanitários, apesar da introdução de algumas práticas químicas como é o caso das desinfecções do solo, desaconselhadas em PRODI, de elevado custo e agressivos para o aplicador e ambiente.  

Em estudo, esteve a cultivar Fasilis enxertada em dois porta enxertos (P1 e P2) e uma testemunha (P0), distribuídas  por  3  talhões  em  4  repetições  conforme  o  delineamento  experimental,  num  total  de  12 talhões conforme esquema de campo Fig.1.  

                     Cultura em campo  

Page 68: fruticultura viticultura olivicultura culturas arvenses ... · viticultura fruticultura olivicultura horticultura culturas arvenses micologia Ministério da Agricultura, Ordenamento

DRAP Centro ‐ ANUÁRIO DE EXPERIMENTAÇÃO 2010 

67

Esquema de campo  

1ª. REP.    2ª.REP.    3ª. REP.    3ª.REP.                                         P2 ‐    P0 ‐     P1 ‐    P0 ‐                                                         3    6    9    12                                         P1 ‐    P1 ‐    P0 ‐     P2 ‐                                                        2    5    8    11                                         P0 ‐     P2 ‐    P2 ‐    P1 ‐                                                        1    4    7    10        2m              1,5m 

 Fig.1 

  Modalidades em estudo: (Cultivar x porta enxerto) P0 – Testemunha T1 – FasilisxEscorpião P2 – Fasilisx Bezouro  2.1 Fertilização de fundo para uma área de 400m2 

 

A  fertilização de  instalação da cultura baseou‐se na análise de  solos, estabelecendo‐se o  seu equilíbrio para uma classe de fertilidade média nos vários elementos, para uma produção estimada de 5kg/m2, com dois tipos de fertilizantes: Orgânico em 24/3/2010 e mineral em 31/5/2010.  Fertilizante orgânico:  → 25kg de Phenix, com a seguinte composição:       

N total  P2O5  K2O  CaO  MGO  M.O  Microelementos 6%  8%  15%  5%  2%  60%  1% 

         Fertilizantes químicos:  → Sulfato de amónio a 20,5% 3kg; Superfosfato a 18% 9k; Sulfato de potássio a 50% 5kg; e sulfato de magnésio a 16,5% 7kg.  2.2 Preparação e correcção do solo  

‐ Uma passagem de escarificador para rompimento do solo e incorporação dos restos da cultura anterior (nabos)  ‐ Fertilização de fundo com aplicação dos fertilizantes referidos ‐ Uma passagem de cavadeira para incorporação da fertilização. 

Page 69: fruticultura viticultura olivicultura culturas arvenses ... · viticultura fruticultura olivicultura horticultura culturas arvenses micologia Ministério da Agricultura, Ordenamento

DRAP Centro ‐ ANUÁRIO DE EXPERIMENTAÇÃO 2010 

68

2.3 Plantação e Operações seguintes   

Cada  talhão  com  uma  área  de  24m2  (2,0mx12m),  com  2  linhas  e  20  plantas  por  linha,  nas  cultivares enxertadas (P1 e P2), num total de 40 plantas por talhão, e na testemunha (P0) 40 plantas por linha, num total de 80 plantas por talhão. O  ensaio  foi  instalado  a  2/6/2010,  com  plantas  em  motte  de  7,5cmx7,5cmx7cm  para  as  plantas enxertadas (P1 e P2), e plantas duplas de bandeja para as plantas simples (P0). Todas as plantas já vinham com a desponta feita do viveiro. Os  compassos utilizados entre  linhas  foram de 1m para  todas as modalidades, variando na  linha entre plantas. Para as enxertadas (P1 e P2) com uma distância entre plantas na linha de 0,60m e para as plantas simples testemunha (P0) de 0,30m. ‐ Instalação da rega gota a gota e primeira rega abundante, rega de abicagem ‐ Instalação das armadilhas cromotrópicas (amarelas e azuis)  ‐ Instalação da armadilha luminosa no exterior.  2.4 Práticas Culturais  

√ Regas de gota a gota 

√ Condução em 2 hastes nas modalidades enxertadas 

√ Tutotagem a 2 braços nas modalidades enxertadas 

√ Tratamentos 

√ Sacha manual e mecânica 

√ Amontoa   

√ Desfolhas 

√ Colheita. 

 2.5 Adubação de manutenção  

Ao oitavo  / décimo dia  após  a plantação  iniciaram‐se  as  adubações de manutenção  (2 por  semana)  e durante o ciclo da cultura, de modo a aplicar 12 a 15 g/m2 de N, 4 a 6 g/m2 de P2O5, 20 a 25 g/m2 de K2O e 1 a 2 g/m2 de Mg. Estas quantidades foram dadas à planta em 4 fases e em quantidades diferentes por fase em função do estado de desenvolvimento e necessidades da cultura e em g/m2.  

Assim na:  ‐ 1ª fase – 0,2g de N; 0,13g de P2O5; 0,18g de K2O 

‐ 2ª fase – 3,5g de N; 1,4g de P2O5; 3g de K2O 

‐ 3ª fase – 19,5g de N; 4,4g de P2O5; 17g de K2O 

‐ 4ª fase – 3,7g de N; 0,9g de P2O5; 3,2g de K2 

 2.6 Tratamentos fitossanitários       ┌ Fúngicos:       ‐ mancozan (s.a. mancozebe), score 250 EC (s.a. difenoconozol) e enxofre em pó.  

    ┌ Insecticidas:         ‐ décis (s.a. deltametrina)  2.7 Pragas presentes nas estufas  

Piolho  negro  Aphis  fabae, Mosca  Branca  Trialeurodes  vaporariorum,  ácaros  Tetranichus  urticae  com populações baixas e sem estragos na cultura.  

► As armadilhas amarelas mais eficazes que as azuis na  indicação da chegada da praga à cultura e em numero de capturas.  

►A armadilha luminosa revelou‐se bastante eficaz na captura de vários tipos de noctuídios num total de 3115 exemplares, assim como de outros tipos de insectos não identificados.  

Page 70: fruticultura viticultura olivicultura culturas arvenses ... · viticultura fruticultura olivicultura horticultura culturas arvenses micologia Ministério da Agricultura, Ordenamento

DRAP Centro ‐ ANUÁRIO DE EXPERIMENTAÇÃO 2010 

69

3. Resultados  3.1 Acompanhamento da cultura  

Como o ensaio decorreu em condições de cultivo de ar  livre existindo somente a estrutura metálica da estufa,  as  jovens  plantas  adaptadas  a  um meio  protegido  e  expostas  às  agressividades  dos  agentes climáticos, tiveram uma adaptação e recuperação muito  lentas vindo a afectar o seu desenvolvimento e rendimento por m2. As plantas da testemunha (P0) comparativamente às das modalidades enxertadas (P1 e P2), desde sempre apresentarem uma melhor resposta às condições de cultivo com mais massa foliar e mais inflorescências.  

Pela evolução e comportamento das plantas ao  longo deste trabalho e nas condições em que decorreu, concluímos que as plantas enxertadas (P1 e P2) não tiveram um bom desempenho.  

O  piolho  negro  Aphis  fabae  na  fase  inicial  da  cultura  teve  alguma  representatividade,  tendo  sido controlado quimicamente. Os ácaros Tetranichus urticae também estiveram presentes, tendo‐se utilizado enxofre em polvilhação para redução dos níveis de ataque.   

A mosca branca Trialeurodes vaporariorum, sempre presente durante  todo o ciclo da cultura em níveis populacionais muito aquém do nível económico de ataque, ficou à mercê da fauna auxiliar autóctone.  3.2 Produções  

Na  modalidade  testemunha  (P0),  as  produções  foram  superiores  comparativamente  às  modalidades enxertadas (P1 e P2), não se verificando grande diferença entre os porta enxertos (quadro de produções).  

Esta  cultivar,  apresentou  nas  três modalidades  (P0;  P2  e  P3)  e  nas  várias  colheitas,  vagens  com  boas características de comercialização (vagem carnuda, sem pergaminho, sem semente e com comprimentos entre 18 a 20cm e larguras 1,5 a 2cm).  

Nas  modalidades  enxertadas  (P1  e  P2)  observaram‐se  quebras  na  ordem  dos  3%  (vagens  com deformação), enquanto que, na modalidade (P0) testemunha, as quebras ficaram‐se nos 1%.  

Quanto ao comportamento das modalidades a testemunha (P0), foi a que teve plantas mais encorpadas, mais  corimbos  florais  e maior produção  4,4kg/m2. A modalidade  escorpião  (P1)  foi  a que  teve menor produção 2,5kg/m2 (Quadro 1).  

 Quadro 1 

 

REP. I         Cultivar  Porta Encherto  Produções (kg)  Área da Parcela  Rendimento (kg / m2)  Testemunha  94.100    3.900 Fasilis  Escorpião  55.000  24m2  2.300   Bezouro  70.000    2.900 

REP. II         Cultivar  Porta Encherto  Produções (kg)  Área da Parcela  Rendimento (kg / m2)  Testemunha  111.700    4.700 Fasilis  Escorpião  57.300  24m2  2.400   Bezouro  59.700    2.500 

REP.III         Cultivar  Porta Encherto  Produções (kg)  Área da Parcela  Rendimento (kg / m2)  Testemunha  107.200    4.500 Fasilis  Escorpião  62.000  24m2  2.600   Bezouro  56.400    2.400 

REP. IV         Cultivar  Porta Encherto  Produções (kg)  Área da Parcela  Rendimento (kg / m2)  Testemunha  104.900    4.400 Fasilis  Escorpião  64.300  24m2  2.700   Bezouro  63.200    2.600 

 

Page 71: fruticultura viticultura olivicultura culturas arvenses ... · viticultura fruticultura olivicultura horticultura culturas arvenses micologia Ministério da Agricultura, Ordenamento

DRAP Centro ‐ ANUÁRIO DE EXPERIMENTAÇÃO 2010 

70

 

Produção média da Cultivar/Porta enxerto por m2                             Testemunha –  (P0) ↔ 4.400 kg                Fasilis    Escorpião    ‐   (P1)    ↔ 2.500 kg                Bezouro       –   (P2)   ↔ 2.600 kh 

 3.3 Avaliação radicular  

►Para avaliação de nemátodes na raiz recorremos à avaliação visual de galhas e ao diagrama Cortesia de John Bridge e Sam Page  (1980), para a sua quantificação, numa escala de 0 a 10 em 14  raízes de cada modalidade,  constatando‐se  que  em  nenhuma  das modalidades  (P0;  P!  e  P2)  eram  visíveis  galhas  de nemátodes, e ainda à escala proposta por Taylor & Sasser (1978) e Hartman & Sasser (1985).  

►Para  a  avaliação  visual  dos  fungos  (Fusarium  e  Pyrenochaeta)  recorremos  à  escala  de  0  a  100%  da DGADR por se desconhecer outra, concluindo‐se que: Na  Testemunha  (P0)  as  raízes  apresentavam‐se  praticamente  todas  destruídas  fruto  dos  ataques  de Pyrenochaeta licopersici em 90% das raízes e de Fusarium oxisporum ataques ao nível do colo e do caule na ordem dos 70% Nas modalidades  enxertadas  (P1 e P2)  verificamos  ataques  reduzidos de Pyrenochaeta  licopersici 10  a 15% e de Fusarium oxisporum 5 a 10%, (fig. 3, 4, 5 e 6).                     

                                                                

  

Fig. 6 – Fusarium em planta enxertada 

Fig. 3 – Raiz atacada pela Pyrenochaeta            e Fusarium oxisporum 

Fig. 4 – Porta enxerto sem Pyrenochaeta  Fig. 5 – Raiz sem Pyrenochaeta

Page 72: fruticultura viticultura olivicultura culturas arvenses ... · viticultura fruticultura olivicultura horticultura culturas arvenses micologia Ministério da Agricultura, Ordenamento

DRAP Centro ‐ ANUÁRIO DE EXPERIMENTAÇÃO 2010 

71

  3.4 Estudo económico da cultura  

Neste método de cultivo é importante não só ter em linha de conta os rendimentos obtidos, mas também os encargos com as plantas e mão‐de‐obra gastos na condução da cultura.  

Nas modalidades enxertadas  (P1 e P2)  como  já  foi  referido, os  rendimentos por m2  foram  inferiores à testemunha (P0).   

Os  gastos  com  mão‐de‐obra  e  fertilizações  de  acompanhamento,  são  inferiores  nas  modalidades enxertadas (P1 e P0) comparativamente à testemunha (P0).  

Quanto ao preço unitário das plantas, estes, são diferentes. Planta simples dupla 0,45€ Planta enxertada 0,80€.   

O preço dos porta‐enchertos (P1e P2) foi igual. O número de plantas que o estudo comportou foi de 350 plantas para a testemunha (P0) e de 180 plantas para cada um dos porta enxertos (P1 e P2). A cultivar apresentou os seguintes custos em plantas, quilos de vagem comercializáveis e receita  final por, m2 (Quadro 2).   

Quadro2  

                  

Fasilis  Nº. plantas por m2 

Preço por 

planta € 

Preço total € plan./m2 

Total Kg/m2 

Preço médio de venda (€) 

Receita bruta (€/m2) 

Receita final (€/m2) 

Testemunha  3,3  0,45 €  1,485  4,500  1,00€  4,500  3,015 Escorpião  1,7  0,80 €  1,360  2,600  “  3,536  2,176 Bezouro  1,7  0,80 €  1,360  2,400  “  3,264  1,904 

Page 73: fruticultura viticultura olivicultura culturas arvenses ... · viticultura fruticultura olivicultura horticultura culturas arvenses micologia Ministério da Agricultura, Ordenamento

DRAP Centro ‐ ANUÁRIO DE EXPERIMENTAÇÃO 2010 

72

        3. ESTUDO DO COMPORTAMENTO DE DOIS PORTA‐ENXERTOS EM DUAS CULTIVARES     DE PEPINO DE ESTUFA      João Moreira   1. Objectivos  Ψ – Estudar o comportamento agronómico das espécies e cultivares enxertadas 

Ψ – Avaliar o rendimento das cultivares por espécie e porta enxerto  

Ψ – Estudar o grau de resistência aos agentes patogénicos do solo 

Ψ – Apresentar o estudo económico por espécie 

 

2. Comportamento de dois porta‐enxertos em dois cultivares de pepino 

A estufa onde decorreu o ensaio  tem uma área útil de 400m2 e com uma sequência de culturas desde 1994. O  grau  de  poluição  do  solo  em  agentes  patogénicos,  tem  sido  uma  constante  pela  não  existência  de rotações, apesar da introdução de algumas práticas químicas como a desinfecção do solo, desaconselhada em PRODI, de elevado custo e agressivo para o aplicador e ambiente.  

Em estudo, estiveram 2 cultivares de pepino (Caman e Anemon) enxertadas em dois porta enxertos (P1 e P2)  e  uma  testemunha  (P0),  distribuídas  por  3  talhões  em  4  repetições  conforme  o  delineamento experimental, num total de 12 talhões por cultivar conforme esquema de campo Fig.1.   

  

Cultura em campo 

Page 74: fruticultura viticultura olivicultura culturas arvenses ... · viticultura fruticultura olivicultura horticultura culturas arvenses micologia Ministério da Agricultura, Ordenamento

DRAP Centro ‐ ANUÁRIO DE EXPERIMENTAÇÃO 2010 

73

 Esquema de Campo  

  1ª. Rep    2ª. Rep    3ª. Rep  4ª. Rep 

         Bordadura   

                 P2 –    P2 –    P0 –  P0 –    Root Power    Root Power    Testem.  Testem.                  3    6    9  12               Bord  P1 –    P0 –    P1 –  P2 –    Shintoza    Testem.    Shintoza  Root Power                  2    5    8  11                  P0 –    P1 –    P2 –  P1 –    Testem.    Shintoza    Root Power  Shintoza                Bloco 2  1    4    7  10                  P2 –    P2 –    P0 –  P0 –    Root Power    Root Power    Testem.  Testem.                  3    6    9  12               Bord  P1 –    P0 –    P1 –  P2 –    Shintoza    Testem.    Shintoza  Root Power                  2    5    8  11                  P0 –    P1 –    P2 –  P1 –   6m  Testem.    Shintoza    Root Power  Shintoza               Bloco 1   1    4    7  10   2m      Bordadura   

Fig.1  Modalidades em estudo (cultivar x Porta enxerto)   

Bloco1 ♦ P0 – Testemunha             ♦ P1 – Caman x Shintosa                           ♦ P2 – Caman x Root Power  

Bloco 2 ♦ P0 – Testemunha              ♦ P1 – Modan x Sintosa              ♦ P2 – Modan x Root Power  

 

Fertilização de fundo A  fertilização de  instalação da cultura baseou‐se na análise de solos, estabelecendo‐se o equilíbrio para uma classe de fertilidade média nos vários elementos, para uma produção estimada de 16kg/m2, com dois tipos de fertilizantes a 24/3/2010:  Fertilizante orgânico:  → 50kg de Phenix, com a seguinte composição      

N total  P2O5  K2O  CaO  MGO  M.O  Microelementos 6%  8%  15%  5%  2%  60%  1% 

Page 75: fruticultura viticultura olivicultura culturas arvenses ... · viticultura fruticultura olivicultura horticultura culturas arvenses micologia Ministério da Agricultura, Ordenamento

DRAP Centro ‐ ANUÁRIO DE EXPERIMENTAÇÃO 2010 

74

          Fertilizantes químicos em g/m2:  → Sulfato de amónio a 27% – 6g; Superfosfato 18% – 6g; Sulfato de potássio a 50% – 12g e sulfato de magnésio a 16,5% – 4g.   3. Preparação e correcção do solo   

‐ Uma passagem de escarificador para rompimento do solo e incorporação dos restos da cultura anterior (alface).  

‐ Fertilização de fundo com aplicação dos fertilizantes referidos.  

‐ Uma passagem de cavadeira para incorporação da fertilização. 

 4. Plantação e Operações seguintes   

Cada talhão com uma área útil de 12,0m2 (2,0mx6,0m), com 2 linhas e 10 plantas por linha nas cultivares enxertadas (P1eP2) num total de 20 plantas por talhão e na testemunha (P0) 13 plantas por  linha, num total de 26 plantas por talhão.  

O  ensaio  foi  instalado  a  28/5/2010,  com  plantas  em  motte  de  7,5cmx7,5cmx7cm  para  as  plantas enxertadas e plantas de bandeja para as plantas simples.  

Os  compassos  utilizados  entre  linhas  foram  de  1m  em  todas  as modalidades,  variando  na  linha  entre plantas. Nas modalidades enxertadas a distância entre plantas na  linha  foi de 0,60m e para as plantas simples de 0,45m. ‐ Instalação da rega gota a gota e primeira rega abundante, rega de abicagem ‐ Instalação das armadilhas cromotrópicas (amarelas e azuis)  ‐ Instalação da armadilha luminosa no exterior. 

 4.1 Práticas Culturais  

√ Regas de gota a gota 

√ Desponta à 4ª folha nas modalidades enxertadas 

√ Condução em 2 hastes nas modalidades enxertadas 

√ Tutotagem a 2 braços nas modalidades enxertadas 

√ Tratamentos 

√ Sacha manual e mecânica 

√ Amontoa   

√ Podas  

√ Colheita 

 4.2 Adubação de manutenção  

Ao oitavo  / décimo dia após a plantação  iniciaram‐se as adubações de manutenção  (2 por  semana) e durante o ciclo da cultura de modo a aplicar 18 a 25 g/m2 de N, 6 a 8 g/m2 de P2O5, 50 a 70 g/m

2 de K2O e 3 a 4 g/m2 de Mg.  

Estas quantidades foram dadas à planta em 4 fases e em quantidades diferentes por fase em função do estado de desenvolvimento e necessidades da cultura e em g/m2.  

Assim na: ‐ 1ª fase – 0,8g de N; 0,45g de P2O5 e 1,6g de K2O 

‐ 2ª fase – 7g de N; 1,5g de P2O5; 13,7g de K2O; 40% de MgO  

Page 76: fruticultura viticultura olivicultura culturas arvenses ... · viticultura fruticultura olivicultura horticultura culturas arvenses micologia Ministério da Agricultura, Ordenamento

DRAP Centro ‐ ANUÁRIO DE EXPERIMENTAÇÃO 2010 

75

‐ 3ª fase – 20g de N; 5g de P2O5; 46g de K2O; 60% de MgO  

‐ 4ª fase – 8g de N; 1,7g de P2O5; 10g de K2O 

 4.3 Tratamentos fitossanitários  

    ┌ Fúngicos:       Para o oídio ‐ Polvilhaçâo com enxofre em pó (3)       Para míldios – Ortiva (s. a azistrobina) e Mancozan (s.a mancozebe)   

    ┌ Insecticidas:         ‐ Actara (s.a.tiametoxame) e Pirimor (s.a pirimicarb)  4.4. Pragas e doenças presentes na cultura  

◊ Mosca Branca Trialeurodes Vaporariorum, Afidios Mizus percicae, Ácaros Tetranichus urticae e o  trips Frankliniella occidentalis com populações muito abaixo dos níveis económicos de ataque e sem estragos na cultura. ◊ O oídio foi uma doença presente com um nível elevado de ataque. 

► As armadilhas amarelas mais eficazes que as azuis na  indicação da chegada da praga à cultura e em numero de capturas.  

►A armadilha luminosa revelou‐se bastante eficaz na captura de vários tipos de noctuídios num total de 3115 exemplares, assim como de outros tipos de insectos não identificados.   5. Resultados  5.1 Acompanhamento da cultura  O  ensaio  foi  instalado  em  fins  de Maio,  já  demasiado  tarde,  vindo  a  reflectir‐se  no  desenvolvimento heterogéneo das plantas, com uma recuperação lenta no desenvolvimento vegetativo.  

Nas modalidades enxertadas (P1 e P2) a desponta à 4ª folha, foi uma má técnica, uma vez que as plantas já vinham despontadas do viveiro, levando assim a uma resposta mais lenta das plantas.   

As regas foram copiosas e em quantidade suficiente, para que o motte e terreno envolvente ficassem com humidade suficiente para que as raízes penetrassem em profundidade.  

As raízes das plantas de ambas as cultivares nas modalidades enxertadas (P1 e P2), com um raizame mais forte,  atingiram  grande  desenvolvimento  no  solo,  permitindo  uma maior  base  de  alimentação  para  a planta,  levando‐a a um desenvolvimento  ligeiramente  superior quando comparadas com a  testemunha (P0).  

Ao  nível  da  floração  e  frutificação,  não  se  registaram  diferenças  significativas  entre  as modalidades enxertadas (P1 e P2) e a testemunha (P0). A entrada em produção foi idêntica em todas as modalidades do ensaio.  

Os afídios,  foram uma praga que desde cedo apareceram na cultura. A mosca branca, ácaros e o  trips, apareceram mais tarde na cultura e mantiveram‐se sempre presentes durante todo o ciclo da cultura em níveis populacionais muito aquém do nível económico de ataque, sem que afectassem a cultura.  5.2 Parâmetros em análise  Produções  

De  um  modo  geral  as  produções  não  variam  muito  entre  as  modalidades  (P0;  P1  e  P2),  quando comparadas entre si em ambas as cultivares.  

Page 77: fruticultura viticultura olivicultura culturas arvenses ... · viticultura fruticultura olivicultura horticultura culturas arvenses micologia Ministério da Agricultura, Ordenamento

DRAP Centro ‐ ANUÁRIO DE EXPERIMENTAÇÃO 2010 

76

Na  cultivar  Caman  as  diferenças  entre  os  porta  enxertos  (P1  e  P2)  não  são  significativas. Na  cultivar Modan,  a  testemunha  (P0)  teve  uma  produção muito  baixa  6kg/m2. A modalidade  (P2)  apresentou  a maior produção 9,9kg/m2 (Quadro de produções).   

 Produções médias por Cultivar/Modalidade 

 

   5.3 Avaliação radicular  

Quadro de Produções Rep. I            Rep. I         

 Cultivar 

Porta Encherto 

Produção Kg/Parc. 

Área Parcela 

Rendimentokg / m2   

CultivarPorta 

Encherto Produção Kg/Parc. 

Área Parcela 

Rendimento kg / m2 

   Testemunha  95.900    8.000       Testemunha 75.500    6.300 

Caman  Shintoza  99.200  12m2  8.300    Modan Shintoza  113.100  12m2  9.400 

   Root Power  108.900    9.100       Root Power 109.200    9.100 

Rep. II            Rep. II          

Cultivar Porta 

Encherto Produção Kg/Parc. 

Área Parcela 

Rendimentokg / m2   

CultivarPorta 

Encherto Produção Kg/Parc. 

Área Parcela 

Rendimento kg / m2 

   Testemunha  80.600    6.700       Testemunha 72.500    6.000 

Caman  Shintoza  114.100  12m2  9.500    Modan Shintoza  129.100  12m2  10.800 

   Root Power  100.700    8.40'0       Root Power 141.800    11.800 

Rep.III            Rep. III          

Cultivar Porta 

Encherto Produção Kg/Parc. 

Área Parcela 

Rendimentokg / m2   

CultivarPorta 

Encherto Produção Kg/Parc. 

Área Parcela 

Rendimento kg / m2 

   Testemunha  100.400    8.400       Testemunha 80.800    6.700 

Caman  Shintoza  115.100  12m2  9‐600    Modan Shintoza  90.900  12m2  7.600 

   Root Power  103.700    8.600       Root Power 110.300    9.200 

Rep. IV            Rep. IV          

Cultivar Porta 

Encherto Produção Kg/Parc. 

Área Parcela 

Rendimentokg / m2   

CultivarPorta 

Encherto Produção Kg/Parc. 

Área Parcela 

Rendimento kg / m2 

   Testemunha  76.300    6.400       Testemunha 61.100    5.100 

Caman  Shintoza  76.000  12m2  6.300    Modan Shintoza  109.200  12m2  9.100 

   Root Power  111.300    9.300       Root Power 114.500    9.500 

    kg/m2        kg/m2 

  Testemunha  7,35      Testemunha  6 

Caman  Shintoza  8,4    Modan  Shintoza  9,2 

  Root Power  8,8      Root Power  9,9 

Nº de galhas ou de massas de ovos no sistema radicular 

Índice 

0  0 1‐2  1 3‐10  2 11‐30  3 31 ‐ 100  4 > ‐ 100  5 

Page 78: fruticultura viticultura olivicultura culturas arvenses ... · viticultura fruticultura olivicultura horticultura culturas arvenses micologia Ministério da Agricultura, Ordenamento

DRAP Centro ‐ ANUÁRIO DE EXPERIMENTAÇÃO 2010 

77

►Para avaliação de nemátodes de galhas na raiz, recorremos à avaliação visual de galhas e ao diagrama Cortesia de  John Bridge e Sam Page  (1980), para a  sua quantificação numa escala de 0 a 10 e ainda à escala  proposta  por  Taylor  &  Sasser  (1978)  e  Hartman  &  Sasser  (1985),  em  10  raízes  colhidas aleatoriamente em cada cultivar x modalidade (P0; P1 e P2).                     

Na  análise  efectuada  ao  raizame  em  cada  uma  das  cultivares  em  campo,  constatamos  que  em  todas modalidades (P0; P! e P2) eram visíveis galhas do nemátodes de (meloidogyne sp).  

Na  cultivar Modan  as modalidades  (P0  e  P1),  apresentaram  o  raizame  completamente  destruído  pelo número de galhas de meloidogyne sp, situando‐se nos 90% das raízes afectadas. A modalidade (P2), com 80% das raízes afectadas, correspondendo na Tabela 1 ao índice 4 (Figs.2, 3 e 4).    

  

    Fig. 2                      Modan/Shintoza  

  

                    Fig.3 

                                                 Fig.4                                              

Page 79: fruticultura viticultura olivicultura culturas arvenses ... · viticultura fruticultura olivicultura horticultura culturas arvenses micologia Ministério da Agricultura, Ordenamento

DRAP Centro ‐ ANUÁRIO DE EXPERIMENTAÇÃO 2010 

78

  Na cultivar Caman a modalidade testemunha (P0), apresentou um comportamento idêntico à modalidade Root  Power  (P2),  com  a maioria  das  raízes  principais  com  galhas  correspondendo  a  70%  do  volume radicular. A modalidade Shintoza (P1), apresentou todas as raízes principais com galhas incluindo as raízes axiais (80% do seu raizame), correspondendo na Tabela 1 ao índice 4. (Figs. 5, 6 e 7).   

 

Fig. 5                                                                                          Fig. 6   

Fig. 7                                                                                        Fig. 8 

  Para  a  avaliação  visual  dos  fungos  (Fusarium  e  Pyrenochaeta)  recorremos  à  escala  de  0  a  100%  da DGADER por se desconhecer outra, concluindo‐se:  

Na  Testemunha  (P0),  as  raízes  apresentavam‐se  praticamente  todas  destruídas,  fruto  dos  ataques  de Pyrenochaeta licopersici em 90% das raízes e de Fusarium oxisporum  com ataques no colo na ordem dos 70% Fig. 8.      

Nas modalidades enxertadas  (P1 e P2), verificamos ataques  reduzidos de Pyrenochaeta  licopersici 10 a 15% e de Fusarium oxisporum 5 a 10%.  6. Estudo económico da cultura  

Page 80: fruticultura viticultura olivicultura culturas arvenses ... · viticultura fruticultura olivicultura horticultura culturas arvenses micologia Ministério da Agricultura, Ordenamento

DRAP Centro ‐ ANUÁRIO DE EXPERIMENTAÇÃO 2010 

79

Nesta  cultura  o  comportamento  das  cultivares  /  porta  enxertos  foi mau  quando  comparados  com  a testemunha, num solo infectado por nemátodos do género Meloydogine sp.  

Nas modalidades enxertadas como já foi referido, os rendimentos por m2 são bastante inferiores quando os comparamos com a média das produções de outros trabalhos.  

O preço unitário da planta é diferente, conforme a cultivar e tipo de planta que estamos a trabalhar. Das duas cultivares em estudo, a Modan foi a mais cara com o preço de 0,16€ por planta simples e 0,60€ por planta enxertada. O preço dos porta‐enchertos foi igual para ambas as cultivares, variando o preço entre cultivares.  O número de plantas que o estudo comportou  foi de 104 plantas para a  testemunha e de 80 plantas para cada um dos porta enxertos.  

As cultivares apresentaram os seguintes custos em plantas, quilos de  frutos comercializáveis e receita final por, m2 quadros 1 e 2:   

Quadro 1   

                                          

Caman Nº. 

plantas por m2 

Preço € por 

planta 

Preço € Total 

plan./m2

Total Kg/m2 

Preço médio de 

venda 

Receita bruta € por m2 

Receita final € por m2 

Testemunha  2,17  0,12 €  0,2604  7,350  0,25€  1,8375  1,577 

Shintoza  1,67  0,50 €  0,835  8,400  “  2,100  1,265 Root Power  1,67  0,50 €  0,835  8,800  “  2,200  1,365   Quadro 2               

Modan Nº. 

plantas por m2 

Preço € por 

planta 

 Preço € Total 

Plan/m2 

Total Kg/m2 

Preço médio de 

venda 

Receita bruta € por m2 

Receita final € por m2 

Testemunha  2,17  0,16 €  0,3472  6,000  0,25€  1,500  1,153 

Shintoza  1,67  0,60 €  1,002  9,200  “  2,300  1,298 

Root Power  1,67  0,60 €  1,002  9,900  “  2,475  1,473 

Page 81: fruticultura viticultura olivicultura culturas arvenses ... · viticultura fruticultura olivicultura horticultura culturas arvenses micologia Ministério da Agricultura, Ordenamento

DRAP Centro ‐ ANUÁRIO DE EXPERIMENTAÇÃO 2010 

80

            4. ENSAIO DE MICORRIZAS E DE TRICHODERMA EM DUAS CULTIVARES DE ALFACE DE      ESTUFA (Outono/Inverno‐2009/2010)      João Moreira   1. Introdução  Sendo o solo um reservatório, ao longo de vários anos de cultivo intensivo, acaba por ficar com valores de elementos minerais muito  altos,  e,  também  poluído  por  fungos  como  (verticilios,  phictium,  fusárium, esclerotinia, etc), limitando a sua utilização no modo de cultivo intensivo sem rotações, como é o caso dos cultivos em estufa.  

Neste trabalho foi nosso objectivo, estudar o efeito das micorrisas na extracção do fósforo do solo pela planta, e ainda, o efeito das trichodermas como fortificante para a planta na defesa dos fungos do solo, concretamente a esclerotínia.  2. Efeito da aplicação das micorrizas à planta   No  solo existe uma biodiversidade muito grande de microorganismos que entram em  simbiose com as raízes das plantas, as micorrizas; aumentando‐lhe a sua produtividade, pela extracção de nutrientes do solo  de  reduzida mobilidade  como  é  o  caso  do  Fósforo,  levando  ao  seu  equilíbrio  com  a  redução  de custos.   

A utilização das micorrizas tem efeitos positivos sobre o desenvolvimento radicular da planta porque: ‐ Incrementa o desenvolvimento radicular; ‐ Incrementa a absorção de nutrientes; ‐ Melhora a absorção e utilização de água; ‐ Melhora a resistência a patogénicos do solo;  ‐ Exclui biologicamente elementos fitotóxicos; ‐ Melhora a tolerância ao stress pós plantação, calor, temperatura e humidade.  3. O que é a esclerotinia  

A esclerotinia também conhecida por podridão branca ou mofo‐branco, é uma doença de origem fúngica, causada por um fungo patogénico denominado Sclerotinia sclerotiorum.  

Este  fungo  pode  provocar  perdas  até  70%  e  pode  atacar  a  alface  em  todos  os  seus  estados  de desenvolvimento, sendo mais intenso na fase de colheita.  

Uma  planta  atacada,  rapidamente  manifesta  murchidão  e  morte  das  folhas  externas,  acabando  por apresentar uma sintomatologia  inconfundível, ao nível do colo e das  raízes mais superficiais, que  ficam envoltas  por  um micélio  esbranquiçado,  coberto  de  esclerotos  (pequenos  grânulos  pretos),  fonte  de disseminação, permanecendo no solo por vários anos, entrando em desenvolvimento quando surgem as condições óptimas ao seu desenvolvimento – temperaturas amenas e humidade do solo.  

Por esta razão é de todo importante que a monocultura deve ser sempre evitada pela persistência que o fungo tem no solo, e, a falta de meios de luta eficazes para o seu combate. 

Page 82: fruticultura viticultura olivicultura culturas arvenses ... · viticultura fruticultura olivicultura horticultura culturas arvenses micologia Ministério da Agricultura, Ordenamento

DRAP Centro ‐ ANUÁRIO DE EXPERIMENTAÇÃO 2010 

81

 

   Algumas medidas preventivas podem ser tomadas: ‐ Fazer uma utilização regrada na água de irrigação; ‐ Eliminar as plantas infectadas durante e no fim da cultura, incluindo o sistema. Radicular; ‐ Lavar e desinfectar os utensílios agrícolas; ‐ Nunca incorporar os restos vegetais no solo; ‐ Adquirir sempre sementes isentas de micélio e ou esclerotos; ‐ Evitar fazer sementeiras e transplantes pouco profundos; ‐ Fazer uma rotação com espécies culturais não susceptíveis a este fungo, tais como o milho, o sorgo,    etc.; ‐ Evitar a utilização de solo e água de zonas afectadas para zonas não afectadas; ‐ Adubações equilibradas; ‐ Desinfectar o solo através de métodos físicos ou químicos; ‐ Tratamento de sementes; ‐ Efectuar a diversificação de cultivos e variedade.   

4. Trichodermas  

São microorganismos pertencentes à subdivisão das Deuteromicetes. É um fungo anaeróbico e saprófita, que  habita  no  interior  das  raízes  colonizadas,  oferecendo‐lhe  protecção  contra  os  patogénicos, estimulando‐lhe o crescimento das  raízes, através das estruturas que desenvolve na planta hospedeira, desencadeando um processo de decomposição da matéria orgânica em volta da raiz, acabando assim por permitir a esta um melhor aproveitamento dos nutrientes.  

O  Trichoderma  como  agente  de  controlo  biológico  tem  diversas  vantagens,  pois  possui  um  rápido crescimento e desenvolvimento, produzindo uma grande quantidade de enzimas, induzidas pela presença de fungos fitopatógenicos.  

O Trichoderma é uma fonte de nutrientes derivados dos fungos que degrada os materiais orgânicos dos quais ajuda à decomposição. Requer humidade para poder germinar, e a velocidade do seu crescimento é bastante alta.  Efeito fortificante do Condor ‐ Trichoderma:  

Ψ‐ Melhora a vitalidade do solo 

Ψ‐ Aumenta a competitividade relativamente aos patogénicos da rizosfera 

Ψ‐ Toma parte no ciclo do carbono 

Ψ‐ Melhora a fertilidade do solo 

Page 83: fruticultura viticultura olivicultura culturas arvenses ... · viticultura fruticultura olivicultura horticultura culturas arvenses micologia Ministério da Agricultura, Ordenamento

DRAP Centro ‐ ANUÁRIO DE EXPERIMENTAÇÃO 2010 

82

Ψ‐ Aumenta a resistência da planta a insectos aéreos  

 Quanto ao equilíbrio da rizosfera:  

♦‐ Controlo biológico sobre patogénicos ♦‐ Múltiplos mecanismos de micro parasitismo 

♦‐ Concorrência, rápido crescimento e desenvolvimento 

♦‐ Tolerância a distintos condicionalismos ambientais 

♦‐ Variabilidade e adaptabilidade genética ♦‐ Efeito indutor de resistência a patogénicos  5. Com este trabalho pretendeu‐se estudar   

A – O efeito das micorrizas – EndoROOTs em três concentrações (M0 – 0g/planta); (M1 – 0,05g/planta) e (M2 – 0,1g/planta), na extracção do fósforo do solo.  

B – O efeito do Condor – Trichoderma sólida como fortificante para a planta em quatro aplicações, (T0 – 0kg/há);  (T1  –  0,5kg/há);  (T2  –  1kg/há)  e  (T3  –  1,5kg/há),  no  controlo  do  fungo  do  solo  esclerotinia presente em muitos dos solos das estufas e com danos muito elevados para a cultura.  

O trabalho decorreu numa estufa de 400m2 do Centro Experimental do Baixo Mondego‐Loreto, em cultivo de Inverno em duas cultivares de alface.  6. Delineamento Experimental  O ensaio foi instalado em blocos casualizados com quatro repetições e 16 talhões. Cada talhão com uma área de 16,2m2 (1,8mx9m), com seis linhas de cultura cada, Fig.1.   

Esquema de campo  

1ª. REP    2ª.REP    3ª.REP    4ª. REP                  T3 / M1    T2 / M2    T1 / M1    T0 / M0                                                   4    8    12    16                  T2 /M2     T0 / M0    T0 / M0    T3 / M2                                                     3    7    11    15                  T1 / M1    T1 / M1    T3 / M1    T2 / M2                                                    2    6    10    14                  T0 / M0    T3 / M2    T2 / M1    T1 / M1                                                    1    5    9    13     1,8m  1m           

Page 84: fruticultura viticultura olivicultura culturas arvenses ... · viticultura fruticultura olivicultura horticultura culturas arvenses micologia Ministério da Agricultura, Ordenamento

DRAP Centro ‐ ANUÁRIO DE EXPERIMENTAÇÃO 2010 

83

 

Fig.1 Modalidades:               ╔ (Cesco x M0 ; M1 e M2)                     (Funice x M0 ; M1 e M2)                                                                                                                                                                                    ╔ (Cesco x T0; T1; T2 e T3)                     (Funice x T0 ; T1 ; T2 e T3)                         7. Material e métodos                                                                                                                                    

◊ ‐ Analise de terra ◊ ‐ Colheita de micélio  ◊ ‐ Inoculação do solo  ◊ ‐ Duas cultivares Cesco‐ lisa (L) e Funice‐frisada (F) ◊ ‐ Sementeira em placas  ◊ ‐ Fertilizações ◊ ‐ Plantação ◊ ‐ Aplicação das modalidades ◊ ‐ Regas ◊ ‐ Sachas ◊ ‐ Observações ◊ ‐ Colheita 

 8. Instalação e condução do ensaio  

Antes  de  qualquer  actividade  na  estufa,  foi  colhida  uma  amostra  de  terra  para  análise  sumária  e quantificação  do  Fósforo  do  solo  no  Laboratório  de  solos  da  ESAC, Quadro1.  A  análise  de  solos  nos restantes elementos apresentava valores médios em K20; CaO e MgO.  

Quadro1  

Análise laboratorial de solos         Analise inicial  MO  M1  M2 Textura ‐ Terra fina  87,69  86,16  87,93  87,38 P2O5 mg/100g    2,22  2,22  2,22   Analise Final       P2O5 mg/100g    2,26  2,25  2,05 

  A 21 de Novembro, foi efectuada a distribuição do  inoculo ao solo da estufa, na razão de 100kg/400m2 (80kg de solo e 20kg de plantas  infectadas pelo fungo), com  incorporação e rega  imediatas, ficando em repouso por um período de um mês.  

A 24 de Novembro de 2009, foi feita a sementeira das cultivares “Cesco de folha lisa e a Funice de folha frisada em placas alveolares de poliestireno expandido no germinador.  9. Fertilização de fundo e cobertura  Fertilização de fundo Oito dias antes da plantação, procedeu‐se à fertilização de fundo em função da análise de solos, com dois tipos de fertilizantes: Fertilizante orgânico e fertilizantes minerais.  Fertilizante orgânico para 400m2   

► 25kg de Phenix, com a seguinte composição:       

N total  P2O5  K2O  CaO  MGO  M.O  Microelementos 6%  8%  15%  5%  2%  60%  1% 

Page 85: fruticultura viticultura olivicultura culturas arvenses ... · viticultura fruticultura olivicultura horticultura culturas arvenses micologia Ministério da Agricultura, Ordenamento

DRAP Centro ‐ ANUÁRIO DE EXPERIMENTAÇÃO 2010 

84

 

 Fertilização química para 400m2 ► Pela análise de  solos, verificamos que os níveis de  fósforo no  solo eram elevados 2,22mg/100g em todas as modalidades, não necessitando deste elemento na adubação de fundo, uma vez que valores de Fósforo muito acima dos 200ppm inibem a actividade das micorrizas. Nos restantes elementos aplicaram‐se:  9,6kg  de  sulfato  de  potássio;  4,5kg  de  sulfato  de magnésio  e  3,9kg  de  sulfato  de  amónio,  com incorporação mecânica através da cavadeira.   

Fertilização de cobertura ►Nas  adubações de  acompanhamento da  cultura,  aplicaram‐se 0,3kg de Nitrato de Cálcio  e 0,4kg de Nitrato de Potássio através da fertirrigação com intervalo de um mês.   10. Plantação e aplicação das Micorrizas e da Trichoderma  

A  30  de  Dezembro,  com  as  plantas  com  3  a  4  folhas  verdadeiras  procedeu‐se  à  plantação  com  os compassos de 0,30mx0,30m (11plantas/m2).   

Após  a  plantação  do  ensaio,  foram  aplicadas  as modalidades  de micorrizas  (M1  e M2)  e  o  primeiro tratamento de trichoderma modalidade (T1).                          

╔ A aplicação das modalidades de micorizas (M1 e M2) em ambas as cultivares, foi imediata à plantação, dirigida em jacto junto ao pé de cada planta, recorrendo ao pulverizador de dorso.  

╔ A aplicação da modalidade de Trichoderma (T1) em ambas as cultivares, foi também aplicada a seguir a plantação,  após  a  aplicação  das micorrizas  e  dirigida  ao  pé  da  planta,  recorrendo  ao  pulverizador  de carrinho.  Após a aplicação dos dois tratamentos a cultura  levou uma rega abundante de 15m por micro aspersão para arrastamento dos produtos para a zona radicular.   

╔  A  aplicação  das  restantes  modalidades  de  Trichoderma  (T2  e  T3)  em  ambas  as  cultivares,  foram aplicadas à planta com intervalos de 3 semanas uma da outra, isto é: (T1 a 30‐12‐2009; a T2 três semanas da T1 e a T3 a três semanas da T2).  

As  aplicações  foram  feitas  com  o  pulverizador  de  carrinho,  pulverizando  a  planta  na  sua  totalidade, seguidas  de  uma  rega  abundante  por  microaspersão  para  arrastamento  do  produto  para  o  solo, metodologia recomendada pelo distribuidor.  11. Acompanhamento do ensaio  

Passada a crise de transplantação, as plantas apresentaram um bom desenvolvimento durante todo o seu ciclo em ambas as cultivares x modalidades. Foram detectados pequenos  focos de míldio, o que  levou  a dois  tratamentos  fúngicos  com ortiva  s.a. (azoxistrobina) e ridomil s.a. (metalaxil). Quanto  a  resultados  visíveis da  aplicação das modalidades de micorrizas  (M1 e M2), estes, não  foram perceptíveis em campo, registando‐se uma boa uniformidade nas duas cultivares / modalidades (Fig2).  

Page 86: fruticultura viticultura olivicultura culturas arvenses ... · viticultura fruticultura olivicultura horticultura culturas arvenses micologia Ministério da Agricultura, Ordenamento

DRAP Centro ‐ ANUÁRIO DE EXPERIMENTAÇÃO 2010 

85

 Fig.2 – Ensaio de aplicação de Micorrizas e de Tichodermas 

 Quanto aos resultados da aplicação das modalidades de Trichodermas (T0; T1; T2 e T3) em cada uma das cultivares  semanalmente,  eram  feitas  observações  ao  ensaio  e  registadas  as  plantas  mortas  pela Esclerotinia Quadro 4.  

 12. Apresentação dos resultados   

A – Resultados da aplicação das Micorrizas (EndoROOTs à planta) Como  já  foi  referido,  durante  o  desenvolvimento  vegetativo  não  foram  visíveis  diferenças  em  campo, tendo sim havido diferenças na produção e extracção do fósforo do solo entre as modalidades (M0; M1 e M2), em ambas as cultivares (Quadros 2 e 3)  

Quadro 2  

Análise laboratorial de solos         Analise inicial  M0  M1  M2 Textura – Terra fina  87,69  86,16  87,93  87,38 P2O5 mg/100g    2,22  2,22  2,22   Analise Final       P2O5 mg/100g    2,26  2,25  2,05 

 Analisando o quadro 2 podemos verificar que à instalação da cultura havia no solo 2,22mg/100g de P2O5 e no final verificou‐se na modalidade (M2), um valor inferior 2,05mg/100g de P205. Na modalidade (M0) testemunha o valor de fósforo no final foi superior ao inicial (2,26mg/100g de P2O5).  

No que diz respeito às produções, verifica‐se  também um aumento de produção se compararmos cada modalidade  em  função  da  cultivar.  No  entanto  ao  nível  das  cultivares,  a  Funice  modalidade  (M2) destacou‐se das restantes com uma produção de 6,27kg por m2 Quadro 3.   

Verifica‐se ainda, que o consumo de fósforo pela planta nas modalidades (M1 e M2) quadros 2 e 3 levou a um  aumento  de  produção,  quando  as  comparamos  com  a  testemunha  (M0)  Quadros  2  e  3.  Na modalidade (M0), verifica‐se pela análise ao solo no final da cultura, que os níveis de fósforo existentes no solo são superiores aos da análise de instalação da cultura. Do nosso ponto de vista, o valor encontrado de  2,26mg/100g,  prende‐se  com  os  8%  do  fósforo  do  fertilizante  orgânico  Fénix,  distribuído uniformemente por toda a área da estufa. A extracção do fósforo pela planta nas modalidades (M1eM2) foi visível pelo trabalho das micorrizas Quadro2.                            

Page 87: fruticultura viticultura olivicultura culturas arvenses ... · viticultura fruticultura olivicultura horticultura culturas arvenses micologia Ministério da Agricultura, Ordenamento

DRAP Centro ‐ ANUÁRIO DE EXPERIMENTAÇÃO 2010 

86

Quadro 3  

Quadro de Produções 

Modalidade Tipo Alface 

kg/m2 

M0  Cesco  4,95 M0  Funice  5,62 M1  Cesco  5,34 M1  Funice  5,78 M2  Cesco  5,44 M2  Funice  6,27 

                                                                                                                                                                                

B – Resultados da aplicação do Condor ‐Trichoderma sólida  

Como  já referimos, nas observações efectuadas ao  longo do ciclo da cultura constatou‐se que a cultivar Cesco  de  folha  lisa,  apresentou  uma maior  percentagem  de  plantas mortas  pelo  fungo  que  a  cultivar Funice de folha frisada mesmo na modalidade (T0) Quadro 4.  

Das  cultivares  em  campo,  a Cesco de  folha  lisa  revelou‐se mais  sensível  à  esclerotinia  com  23,9% das plantas mortas na modalidade  (T3). A Funice de  folha  frisada  revelou‐se mais  resistente ao  fungo  com 4,4% de plantas mortas por modalidade (T0; T1; T2 e T3) Quadro 4.  

Quadro 4  

Quadro de plantas mortas     

Modalidade  

Nº. Plant.Talhão 

Cultivar  

Tot./Plantas Mortas 

T0  180  Cesco  29  16,1 T0  180  Funice  8  4,4 T1  180  Cesco  27  15 T1  180  Funice  9  5 T2  180  Cesco  10  5,6 T2  180  Funice  4  2,2 T3  180  Cesco  43  23,9 T3  180  Funice  8  4,4 

  

Quanto à aplicação das modalidades de Trichoderma  (T1; T2 e T3) para controlo do  fungo, constata‐se através  da  análise  do  quadro  4,  que  houve  uma  certa  eficácia  com  os  dois  primeiros  tratamentos modalidades (T1 e T2). Na cultivar Cesco mais sensível à  invasão pelo fungo, o terceiro tratamento (T3), não se revelou eficaz devido à dificuldade do produto chegar à zona radicular da planta, pelo volume de massa foliar e forma de aplicação já referida, devendo ser administrada numa fase mais jovem da planta e sempre dirigida ao colo da planta.  Evolução do fungo na planta (Figs.3 a 8)  

   Fig.3       Fig.4     Fig.5 

Page 88: fruticultura viticultura olivicultura culturas arvenses ... · viticultura fruticultura olivicultura horticultura culturas arvenses micologia Ministério da Agricultura, Ordenamento

DRAP Centro ‐ ANUÁRIO DE EXPERIMENTAÇÃO 2010 

87

 Fig.6  Fig.7  Fig.8    

       Esclerotinia ou podridão branca em alface 

Page 89: fruticultura viticultura olivicultura culturas arvenses ... · viticultura fruticultura olivicultura horticultura culturas arvenses micologia Ministério da Agricultura, Ordenamento

DRAP Centro ‐ ANUÁRIO DE EXPERIMENTAÇÃO 2010 

88

 5. ENSAIO DE VARIEDADES DE BATATA DA REDE NACIONAL DE ENSAIOS, EM AVEIRO      B. Saltão, Carlos Gancho  

 

1. Justificação e Objectivos  

A  realização  do  ensaio  prende‐se  com  a  necessidade  de  verificar  se  as  novas  variedades  reúnem  as condições para a sua Inscrição no Catálogo Nacional de Variedades (CNV).  

Este ensaio serve para avaliação do Valor Agronómico das variedades de colza propostas à  inscrição no Catálogo  Nacional  de  Variedades,  em  comparação  com  outras  variedades  eleitas  para  testemunha previamente definidas, assim como apoiar a apreciação do seu Valor de Utilização.  

 

 

2. Material e Métodos  

O ensaio foi instalado num campo localizado na freguesia de Oliveirinha, no concelho de Aveiro. 

O ensaio foi instalado num solo franco ‐ argiloso, de textura média, pouco ácido (pH 6,2), de fertilidade média, com teor muito alto de Fósforo (> 200 ppm), teor alto de potássio (164 ppm de K2O), teor alto de azoto total (0,198 % de N) e 4,29 % de Matéria Orgânica. 

O  delineamento  estatístico  usado  na  instalação  deste  ensaio  foi  o  de  blocos  casualizados,  com  4  repetições  e  8 variedades. 

O compasso de plantação foi de 70 cm por 30 cm, sendo a área útil do talhão de 21 m2, constituído por 2 linhas de 15 m cada, afastadas entre si de 0,70 m. 

A fertilização de fundo foi efectuada com base nas necessidades da cultura e calculada de acordo com a análise de terra, não sendo feita fertilização de cobertura. 

 

Variedades  Plantação  Emergência  Colheita 

8  25‐03‐2010  08/15‐04‐2010  24‐06‐2010 e 07‐07‐2010 

Page 90: fruticultura viticultura olivicultura culturas arvenses ... · viticultura fruticultura olivicultura horticultura culturas arvenses micologia Ministério da Agricultura, Ordenamento

DRAP Centro ‐ ANUÁRIO DE EXPERIMENTAÇÃO 2010 

89

 

3. Condução do ensaio e observações  

O ensaio foi conduzido segundo as tecnologias de produção de batata na região, de modo a proporcionar as condições melhor adequadas ao desenvolvimento das plantas. Ao  londo  do  ensaio  as  condições  climáticas  foram  favoráveis  e  as  operações  culturais  e  sanitárias necessárias àcondução do ensaio foram feitas de acordo com a calendarização definida em protocolo. Para  acompanhar  e  comparar  o  desenvolvimento  das  variedades  em  estudo  fizeram‐se  registos  das principais ocorrências fenológicas, que se indicam no quadro 1.   

Quadro 1 – Registos fenológicos 

Variedade  Emergência e Regularidade 

Vigor e Homogeneidade 

Altura (cm) 

Floração e Maturação 

N.º de Caules 

08110  12 – 04 / 3,5  1 / 3  36,75  (a) /07‐06  3,8 

09138  09 – 04 / 3,5  1 / 3  32,25  (a) /05‐06  3,3 

09139  13 – 04 / 3,5  3 / 3  46,37  18‐05/23‐06  3,4 

09140  14 – 04 / 4,0  3 / 5  44,125  (a) / 28‐06  2,9 

09144  13 – 04 / 4,5  5 / 5  43,475  16‐05 / 26‐06  3,5 

09145  11 – 04 / 2,5  1 / 3  37,625  (a) / 08‐06  3,3 

09146  14 ‐ 04 / 3,0  3 / 3  43,625  18‐05 / 12‐06  3,25 

09147  12 – 04 / 4,0  5 / 5  37,375  (a) / 10‐06  3,95               (a) Variedades sem floração 

 

Emergência e Regularidade 

A  emergência  verificou‐se  entre  o  dia  08 de Abril  para  a  variedade  09138  e  o  dia  15  de Abril  para  a variedade 09140; A variedade 09145 registou a maior regularidade da emergência, (2,5) seguida da variedade 09146, sendo a variedade 09144 a que evidenciou menor regularidade (4,5).  Vigor e Homogeneidade 

As  variedades  08110,  09138  e  09145  apresentaram maior  vigor  (1)  e  as  variedades  09144  e  09147  o menor  vigor,  enquanto  as  variedades  08110,  09138,  09139,  09145  e  09146  apresentaram  a  maior homogeneidade e as variedades 09140, 09144 e 09147 evidenciaram menor vigor.  Altura 

A  variedade  09139  apresentou  a maior  altura média  dos  caules  com  44,37  cm,  seguida  da  variedade 09140 com 44,125 cm e a variedade 09138 a menor altura com 32,25 cm de altura.  Floração e Maturação 

As  variedades 08110, 09138, 09140, 09145 e 09147 não  se  registaram  floração enquanto  as  restantes variedades registaram floração entre 16 e 18 de Maio. A maturação deu‐se a 05 de  Junho na variedade 09145, seguida da variedade 08110 e 26 de  Junho na variedade 09144.  Número de caules 

A variedade 09147 apresentou o maior número médio de caules com 3,95, enquanto a variedade 09140 apresentou o menor número de caules com 2,90.  

Page 91: fruticultura viticultura olivicultura culturas arvenses ... · viticultura fruticultura olivicultura horticultura culturas arvenses micologia Ministério da Agricultura, Ordenamento

DRAP Centro ‐ ANUÁRIO DE EXPERIMENTAÇÃO 2010 

90

4. Resultados e análise  

No quadro 2 registam‐se as produções à colheita para calibres < 30/40 mm, > 31/41 mm e produção total por hectare.  

Quadro 2 – Produções obtidas à colheita, por variedade e calibre 

PRODUÇÃO (t/ha) Variedade < 30/40 mm  > 31/41 mm  Total 

08110  5,357  37,702  43,060 09138  3,262  39,726  42,988 09139  4,345  59,500  63,845 09140  6,631  49,333  55,964 09144  6,131  39,870  46,000 09145  4,417  33,786  38,202 09146  3,714  35,595  39,785 09147  4,142  36,762  40,905 

 

Comparando as produções médias obtidas para as variedades em campo, verifica‐se que a variedade com maior produção foi o código 09139 (63,845 t/ha) seguida do código 09140 (55,964 t/ha). A variedade com menor produção foi o código 09145 (38,202 t/ha).  

0,000

10,000

20,000

30,000

40,000

50,000

60,000

70,000

B0811

0

B0913

8

B0913

9

B0914

0

B0914

4

B0914

5

B0914

6

B0914

7

Variedade

Prod

ução

(t/h

a)

<30/40 mm (t/há) >31/41 mm (t/há) Total (t/há) 

Fig. 1‐ Produção por calibre das variedades em estudo 

 

Além da produção, registou‐se para cada talhão, o número de tubérculos por planta em cinco plantas escolhidas ao acaso.  

Neste  caso a variedade 09139  registou o maior número de  tubérculos por planta  com 7,35,  seguida da variedade 08110 com 7,05, enquanto a variedade com menor número de tubérculos foi a 09145 com 5,10.  

Na observação dos tubérculos após colheita não se registaram sintomas de sarna ou outras doenças.   

Page 92: fruticultura viticultura olivicultura culturas arvenses ... · viticultura fruticultura olivicultura horticultura culturas arvenses micologia Ministério da Agricultura, Ordenamento

DRAP Centro ‐ ANUÁRIO DE EXPERIMENTAÇÃO 2010 

91

6. ENSAIO DE VARIEDADES DE BATATA DA REDE NACIONAL DE ENSAIOS, NO CEBM‐      LORETO      B. Saltão, Carlos Gancho  

1. Justificação e Objectivos 

A  realização  do  ensaio  prende‐se  com  a  necessidade  de  verificar  se  as  novas  variedades  reúnem  as condições para a sua Inscrição no Catálogo Nacional de Variedades (CNV). Avaliação do Valor Agronómico das Variedades propostas à inscrição no Catálogo Nacional de Variedades, realizados por comparação com variedades testemunhas e previamente definidas.  

 

     

2. Material e Métodos 

O ensaio  foi  realizado no Centro Experimental do Baixo Mondego‐Unidade Experimental do  Loreto, da DRAP Centro, localizado no concelho de Coimbra. 

A parcela do ensaio possui um  solo de  textura  grosseira, neutro  (pH 7,1),  fertilidade média,  com  teor muito alto de Fósforo e potássio (> 200 ppm), teor alto de azoto total (0,134 % de N) e 2,68% de Matéria Orgânica. 

O ensaio foi instalado conforme o protocolo previamente definido, o delineamento estatístico do ensaio foi o de blocos casualizados, com 4 repetições e 8 variedades. 

O compasso de plantação usado foi de 70 cm por 30 cm, sendo a área útil do talhão de 21 m2, constituído por 4 linhas de 7,5 m cada, afastadas entre si de 0,70 m. 

A fertilização de fundo foi estabelecida em função das necessidades da cultura e calculada de acordo com os resultados da análise de terra, sendo feita uma fertilização de fundo e uma de cobertura. 

Em  adubação  de  fundo  recorreu‐se  à  aplicação  de  uma  correcção  orgânica  com  Phenix  e,  para  a fertilização mineral, optou‐se por um adubo composto 20.8.10 e sulfato de magnésio, nas quantidades indicadas no quadro seguinte:  

  Phenix  Nitrotop 20.0.10 

Sulfato Magnésio 

Nitromagnésio 27 % 

Fertilização orgânica  1150 kg/ha       

Fertilização mineral de fundo    1000 kg/ha  250 kg/ha   

Fertilização mineral de cobertura        250 kh/ha 

 

Page 93: fruticultura viticultura olivicultura culturas arvenses ... · viticultura fruticultura olivicultura horticultura culturas arvenses micologia Ministério da Agricultura, Ordenamento

DRAP Centro ‐ ANUÁRIO DE EXPERIMENTAÇÃO 2010 

92

Na preparação do  terreno de plantação  seguiu‐se  a  técnica usada habitualmente na  região,  com uma lavoura e gradagem para  regularizar o  terreno e  incorporar os  fertilizantes. Em  seguida procedeu‐se à marcação do ensaio e abertura de sulcos com abre‐regos para a plantação.  

 

Fig. 1 ‐ Plantação manual‐colocação da semente e cobertura 

A plantação  feita manualmente,  com deposição do  tubérculo no  fundo do  rego e posterior  cobertura. Estas operações realizaram‐se nas datas referidas no quadro seguinte:  

Preparação do terreno 

Fertilização  Plantação 

29‐03‐2010  29‐03‐2010  30‐03‐2010 

 

3 Observações e condução do ensaio 

Durante  o  ensaio  as  condições  edafoclimáticas  foram  favoráveis,  devendo  registar‐se  um desenvolvimento regular das plantas.  

No decorrer do período vegetativo e de modo a fazer uma caracterização mais completa das variedades em campo, foi feito um registo dos estados fenológicos principais registando as datas de ocorrência, que se assinalam no quadro seguinte: 

 

Quadro 2 – Registos fenológicos 

Variedade Emergência e Regularidade 

Vigor e Homogeneida

de Altura 

Floração e Maturação 

N.º de Caules 

08110  14 / 04 ‐‐ 3,5  2,0 / 2,5  49,875  a) ‐‐ 07 / 06  5,45 

09138  10 / 04 ‐‐ 3,5  2,0 / 2,5  47,625  a) ‐‐ 05 / 06  5,40 

09139  16 / 04 ‐‐ 3,5  3,5 / 4,5  58,375  18 / 05 – 23 / 06  3,85 

09140  16 / 04 ‐‐ 4,0  6,0 / 5,5  60,750  a) ‐‐ 28 / 06  3,25 

09144  14 / 04 ‐‐ 4,5  3,5 / 4,0  60,250  16 / 05 ‐‐ 26‐06  4,40 

09145  12 / 04 ‐‐ 2,5  1,0 / 2,0  50,500  a) ‐‐ 08 / 06  3,65 

09146  15 / 04 ‐‐ 3,0  3,0 / 3,0  60,385  18 / 05 – 12 / 06  3,85 

09147  12 / 04 ‐‐ 4,0  4,0 / 6,0  52,875  a) ‐‐ 10‐06  4,85  

a) Variedades sem floração ou foração muito reduzida 

 

Page 94: fruticultura viticultura olivicultura culturas arvenses ... · viticultura fruticultura olivicultura horticultura culturas arvenses micologia Ministério da Agricultura, Ordenamento

DRAP Centro ‐ ANUÁRIO DE EXPERIMENTAÇÃO 2010 

93

Emergência e Regularidade da emergência 

A variedade código 09138 foi a primeira na emergência seguida dos códigos 09145 e 09147 enquanto as mais tardias fforam os códigos 09139 e 09140.   

 Na regulariedade da emergência verificou‐se maior regularidade nas variedades 09138 e 09144 seguidas das variedades 09145 e 09146 sendo a variedade 08147 a que registou menor regularidade à emergência.  

Vigor e homogeneidade 

Em  relação  ao  vigor,  verificou‐se  que  a  variedade mais  vigorosa  foi  a  09145  seguida  da  09138  e  as variedades menos vigorosas as 09140 e 09147.  

Quanto à homogeneidade, a variedade com maior homogeneidade  foi a 09145, seguida das variedades 08110 e 09138 e as menos homogéneas a 09140 e a 09147.  

Número de Hastes 

A variedade 08110 registou o maior número de hastes, com 5,45, seguida da variedade 09138 com 5,40, sendo a variedade 09140 a que apresentou menor número de hastes, com 3,25.  

Altura 

Em relação à altura verificou‐se que a variedade 09140 apresentou o maior porte (altura) com 60,750 cm seguida das variedades 09146 e 09144, respectivamente com 60,385 cm e 60,250 cm. As variedades com menor altura foram 09138 e 08110 com 47,625 cm e 49,875 cm respectivamente.  

Pragas e doenças  

O controlo  fitossanitário do ensaio  foi  feito em  função das condições meteorológicas  locais e a  informação recebida através das Circulares do S.N.A.A./Estação de Avisos de Anadia. Para controlo das pragas e doenças foram realizados 7 tratamentos fitossanitários, 7 para controlo de míldio e um para o controlo de Escaravelho e Epitrix.  

No  início  do  ciclo  cultural,  até  meados  de  Maio  as  condições  meteorológicas  de  temperatura  e precipitação foram favoráveis ao desenvolvimento da cultura, o que não se verificou no período seguinte, com  temperaturas  médias  altas  e  precipitação  baixa.  No  final  do  mês  de  Maio  e  início  de  Junho verificaram‐se picos de  temperatura muito altos,  superiores a 30ºC, e precipitações baixas nestes dois meses, com valores inferiores a 20 mm.  

Estas condições desfavoráveis  tornaram necessário o  recurso à  rega para combate ao deficit hídrico da cultura, tendo‐se realizado três regas por aspersão. 

  

4 Resultados e análise 

A colheita foi efectuada à medida que as variedades atingiam a maturação completa, o que se verificou em datas escalonadas. A colheita iniciou‐se em 30 de Junho com o arranque das variedades 08110, 09138, 09145 e 09147 e continuou a 15 de Julho para as restantes variedades.  

A  colheita  fez‐se manualmente,  retirando‐se  toda  a produção por  talhão, que  foi depois  separada por calibres e pesada conforme definido em protocolo, inferior a 30/40 mm e superior a 31/41 mm e total.  

O apuramento da produção registada neste ensaio pode visualizar‐se na figura seguinte:  

Page 95: fruticultura viticultura olivicultura culturas arvenses ... · viticultura fruticultura olivicultura horticultura culturas arvenses micologia Ministério da Agricultura, Ordenamento

DRAP Centro ‐ ANUÁRIO DE EXPERIMENTAÇÃO 2010 

94

010.00020.00030.00040.00050.00060.00070.000

Pro

duçã

o (k

g/ha

)

8110

9138

9139

9140

9144

9145

9146

9147

Variedade

Produções registadas

<30/40mm

>31/41 mm

Total

 

Fig. 2 – Produções por calibre e total, registadas por variedade 

 Para a análise dos resultados da produção foram consideradas as produções total, comercializável e não comercializável, o número de tubérculos por planta e o seu estado sanitário.  

Pela análise ao gráfico podemos observar o registo de produções muito diferenciadas entre as variedades. A  variedade  mais  produtiva  foi  o  código  09139,  quer  na  produção  total  (64,702  t/há)  quer  na comercializável,  seguida  do  código  09140  com  62,024  t/há  de  produção  total,  enquanto  a  menos produtiva foi o código 09145 com 46,583 t/ha.  

Quanto  ao  número  de  tubérculos  por  planta,  verificou‐se  que  a  código  09146  apresentou  o  número médio mais  elevado,  com  9,5  tubérculos  por  planta,  enquanto  a  variedade  09139  apresentou  o  valor médio mais baixo com 7,6 tubérculos por planta.  

Em  relação ao estado  sanitário dos  tubérculos à  colheita não  se  registou qualquer  sintoma de doença e/ou praga apresentando‐se os tubérculos em perfeito estado sanitário.   

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Page 96: fruticultura viticultura olivicultura culturas arvenses ... · viticultura fruticultura olivicultura horticultura culturas arvenses micologia Ministério da Agricultura, Ordenamento

DRAP Centro ‐ ANUÁRIO DE EXPERIMENTAÇÃO 2010 

95

V. CULTURAS ARVENSES 

  1. ENSAIO DE ESTUDO DA PIRICULARIOSE NA CULTURA DO ARROZ        Serafim Cabral de Andrade  

  

1. Objectivos do estudo  

Avaliar o controlo da piriculariose na cultura do arroz pela acção de dois fungicidas específicos, nas duas variedades de arroz mais cultivadas no Mondego (Aríete e Eurosis) e determinar a importância económica da sua aplicação.  2. Material e Métodos  

O  ensaio  localizou‐se  no  Baixo  Mondego,  no  Campo  Experimental  do  Bico  da  Barca,  concelho  de Montemor‐o‐Velho e foi realizado pelo terceiro ano consecutivo. 

O solo apresenta uma textura franco‐limosa e com um bom nível de fertilidade.  

Quadro 1 – Características físico ‐ químicas do solo 

Análise sumária  Bases de troca  Micronutrientes 

M.O. 

P2O5  K2O  Ca2+  Mg2+ 

K +  Na +  Soma BT 

Cu  Fe  Mn  Zn pH (H2O) 

%  (ppm)  (cmol (+) kg‐1)  (ppm) 

5,7  2,34  152  162  6,35  0,96  0,4  0,23  7,94  3,65  206,3  50,7  1,04 

 2.1 Delineamento experimental do ensaio  

O ensaio era constituído por cinco  tratamentos, em blocos casualizados e com 4  repetições, para cada uma das variedades de arroz estudadas (Aríete e Euro).  

A dimensão dos talhões foi de 75 m2 (5 x 15 m).  

As cinco modalidades correspondiam aos dois fungicidas em estudo, mais o número de aplicações, além da  testemunha:  triciclazol;  azoxistrobina;  triciclazol  +  azoxistrobina;  azoxistrobina  +  azoxistrobina  e  à testemunha.   

A dose de aplicação dos fungicidas foi de 300 g/ha p.c. triciclazol e de 1 L/ha p.c. azoxistrobina.  

A aplicação realizou‐se com um atomizador, em médio volume (400L/ha).  

A época de aplicação dos fungicidas a primeira coincidiu com o início do emborrachamento e a segunda realizou‐se na fase do espigamento, apenas nas duas modalidades previstas.   

Utilizaram‐se as duas variedades mais cultivadas no Baixo Mondego: Aríete e Eurosis.  

2.2 Metodologia adoptada para avaliar a acção da piriculariose  

2.2.1 Pela percentagem de plantas atacadas   

Pela  observação  individual  dos  talhões  determinou‐se  a  percentagem  de  plantas  atacadas,  em  vários estados  fenológicos  (encanamento,  emborrachamento,  floração,  grão  leitoso,  ceroso  e na maturação), mediante o recurso a uma escala de observação de incidência da doença.  

Escala utilizada para avaliar a percentagem de incidência da doença: Escala  Incidência (%) 0  Não incidência 1  <5% 3  5 – 10% 5  11‐25% 7  26‐50% 9  Mais de 50% 

Page 97: fruticultura viticultura olivicultura culturas arvenses ... · viticultura fruticultura olivicultura horticultura culturas arvenses micologia Ministério da Agricultura, Ordenamento

DRAP Centro ‐ ANUÁRIO DE EXPERIMENTAÇÃO 2010 

96

2.2.2 Pela produção e pelo rendimento industrial do arroz  

Avaliou‐se a produção e o rendimento industrial do arroz ao nível do talhão 

 3. Itinerário cultural do ensaio  

3.1 Adubação  

A adubação foi realizada de modo uniforme, em todas as modalidades. O azoto foi aplicado na ordem dos 150 kg/ha, de forma a potenciar a evolução da doença.   

A quantidade de nutrientes aplicados na adubação do ensaio foi a seguinte: azoto (N) – 150 kg/ha; fósforo (P2 O5) ‐ 75 kg/ha; potássio (K2 O) – 40 kg/ha.  

O azoto  foi  fraccionado em  três aplicações, nas épocas  seguintes: 60 kg/ha na adubação de  fundo e o restante em duas adubações de cobertura. Na 1ª adubação de cobertura aplicaram‐se 70 kg/ha de azoto e o restante foi na 2ª adubação de cobertura. 

 3.2 Preparação do solo e instalação do ensaio  

A preparação do solo  foi realizada de acordo com o sistema convencional: duas passagens de grade de discos, seguida de lavoura e a concluir uma passagem de roto‐terra.  3.3 Sementeira  

 

A sementeira realizou‐se a lanço, em 3/05, e com a semente chumbada durante 24 horas. A densidade de sementeira foi de 200 kg/ha para as duas variedades.   3.4 Controlo de infestantes  

Antes da sementeira fez‐se aplicação de oxadiazão, na dose de 1,5 L/ha do p. c. (Ronstar) Em pós‐emergência aplicou‐se penoxsulame na dose 2 L/ha de p. c. (Viper).  3.5 Aplicação dos fungicidas  

A primeira aplicação  realizou‐se no  inicio do emborrachamento  (22/07) e a  segunda, na  fase do pleno espigamento (6/08) (apenas nas modalidades previstas).  

  

Foto 1 – 2ª aplicação de fungicida na modalidade Bim+Ortiva 

 

Page 98: fruticultura viticultura olivicultura culturas arvenses ... · viticultura fruticultura olivicultura horticultura culturas arvenses micologia Ministério da Agricultura, Ordenamento

DRAP Centro ‐ ANUÁRIO DE EXPERIMENTAÇÃO 2010 

97

4. Resultados  4.1 Avaliação da incidência da piriculariose na planta do arroz  

Tabela 1 – Grau de incidência da doença na planta em vários estados fenológicos ‐Variedade Aríete  

  Encanamento  Emborrachamento  Floração  E. Leitoso  E. Ceroso  Maturação Tratamentos  (13/07) (a)  (28/07) (a)  (09/08) (b)  (19/08) (b)  (25/08) (b)  (16/09) (b) Testemunha  0  0  0  ⟨5%  ⟨5%  ⟨5% Bim  0  0  0  0  0  0 Ortiva  0  0  0  0  0  0 Bim + Ortiva  0  0  0  0  0  0 Ortiva + Ortiva  0  0  0  0  0  0 a) Observações realizadas nas duas últimas folhas do arroz. b) Observações realizadas na folha bandeira e panículas.  

 Tabela 2 – Grau de incidência da doença na planta em vários estados fenológicos – variedade Eurosis 

 

  Encanamento  Emborrachamento  Floração  E. Leitoso  E. Ceroso  MaturaçãoTratamentos  (13/07) (a)  (28/07) (a)  (11/08) (b)  (19/08) (b)  (25/08) (b)  (19/09) (b)Testemunha  0  0  0  ⟨5%  ⟨5%  ⟨5% Bim  0  0  0  0  0  0 Ortiva  0  0  0  0  0  0 Bim + Ortiva  0  0  0  0  0  0 Ortiva + Ortiva  0  0  0  0  0  0 a) Observações realizadas nas duas últimas folhas do arroz. b) Observações realizadas na folha bandeira e panículas.  As primeiras lesões da piriculariose foram identificadas, na fase do encanamento (2º nó formado), em 13 de Julho. As condições climáticas favoreceram o desenvolvimento dos primeiros focos da doença, com a ocorrência de nevoeiros e neblinas matinais e com a consequente presença de água  livre na planta do arroz.  

O primeiro tratamento contra a piriculariose realizou‐se em 22 de Julho, com a planta do arroz no início do emborrachamento.   Na  fase de emborrachamento, não ocorreram novas  infecções porque o  tempo permaneceu quente e seco.   

Durante a fase de formação do grão as condições climáticas foram pouco favoráveis ao desenvolvimento da doença. No entanto, surgiram pequenas infecções na testemunha, nas duas variedades. 

 

 

Foto  2  –  Plantas  de  arroz  com  água  livre  durante  a manhã e folha com mancha de piriculariose. 

Page 99: fruticultura viticultura olivicultura culturas arvenses ... · viticultura fruticultura olivicultura horticultura culturas arvenses micologia Ministério da Agricultura, Ordenamento

DRAP Centro ‐ ANUÁRIO DE EXPERIMENTAÇÃO 2010 

98

4.2 Produções de arroz  

Tabela 1 ‐ Análise das Produções da variedade ‘Aríete’ – Teste de Fisher 

LSD test; variable prod. (Homogenous Groups, alpha = ,05000) 

Aumento da produção em relação à testemunha (%)

Tratamento  Produção (kg/ha)     

Testemunha  6762  a  ‐ 

‘Bim’  6909  a  2,2 

B+O  7281  a  7,5 

Ortiva  7267  a  7,7 

O+O  7297  a  7,9  

Segundo o teste de Fisher não foi significativa a diferença de produção entre tratamentos, na variedade Aríete. Embora as modalidades tratadas apresentassem um acréscimo de produção entre 2,2 a 7,9%, de acordo com a tabela 1. 

 Tabela 2 ‐ Análise das Produções da variedade ‘Euro’ – Teste de Fisher 

LSD test; variable Prod. (Homogenous Groups, alpha = ,05000 Aumento da produção em relação à 

testemunha (%) 

Tratamentos  Produção (kg/ha)       

Testemunha  7037  a    ‐ 

Ortiva  7242  a  b  2,9 

B+O  7488  a  b  6,4 

O+O  7550    b  7,2 

Bim  7600    b  8,0  

Segundo  o  teste  de  Fisher  os  tratamentos  ‘Bim’  e  ‘Ortiva+Ortiva,’  na  variedade  Euro,  diferiram significativamente  dos  restantes  tratamentos. Manifestaram  um  acréscimo  de  produção  de  cerca  550 kg/ha relativamente à testemunha. 

 Tabela 3‐ Análise das Produções na interação Variedade x Tratamentos (Testemunha) – Teste de Fisher 

LSD test; variable Var3  Homogenous Groups, alpha = ,05000 

Variedades  Produção (Testemunha) (kg/ha)   

Aríete  6760  a 

Euro  7039  a  

As produções das variedades, na modalidade testemunha, não diferiram de forma significativa entre si.  

Tabela 4‐ Análise das Produções para os Tratamentos (interacção Variedades x Tratamentos)  Teste de Fisher 

 

LSD test; variable Prod. (Homogenous Groups, alpha = ,05000 Aumento da produção em relação à testemunha (%) 

Tratamentos  Produção (kg/ha)  1  2   

Testemunha  6890  a    ‐ 

Bim  7255  a  b  5,3 

Ortiva  7261  a  b  5,4 

B+O  7377    b  7,1 

O+O  7425    b  7,8 

Page 100: fruticultura viticultura olivicultura culturas arvenses ... · viticultura fruticultura olivicultura horticultura culturas arvenses micologia Ministério da Agricultura, Ordenamento

DRAP Centro ‐ ANUÁRIO DE EXPERIMENTAÇÃO 2010 

99

Os tratamentos  ‘Bim+Ortiva’ e  ‘Ortiva+Ortiva’ diferiram significativamente dos outros tratamentos, para p=0,05 (teste de Fisher). O acréscimo de produção foi de cerca de 500 kg/ha de arroz comparando com a testemunha. 

  

  

Foto 3 – Aspecto geral do ensaio de estudo da piriculariose, em 9/09/2010  5. Rendimento industrial do arroz   

Tabela 5 – Rendimento industrial médio das variedades  

 

Bagos Inteiros (%) 

Trincas (%) 

Rendimento Industrial (%) 

Testemunha  62,5  7,2  69,6 

Bim  64,2  5,2  69,4 

Ortiva  62,9  6,6  69,4 

Bim+Ortiva  65,1  4,7  69,8 

Ortiva+Ortiva  65,1  4,5  69,6 

Média  63,9  5,6  69,5 

Desv. Pad  1,2  1,2  0,2  Verificou‐se que a percentagem média de grãos  inteiros se situou em 63,9%, a de trincas em 5,6 % e o rendimento industrial atingiu 69,5%.   

A  testemunha  apresentou  7,2 %  de  trincas,  valor muito  superior  ao  atingido  nas modalidades  ′Bim  + Ortiva′ e ′Ortiva+Ortiva′. Esta tendência verificou‐se também, ao nível dos grãos inteiros.   

A presença de grãos danificados, em consequência da piriculariose não foi relevante.  

6. Análise económica da aplicação dos fungicidas  

 De acordo com o quadro seguinte, o preço de custo de cada um dos fungicidas era semelhante. A grande diferença nos custos existiu entre a realização de uma ou duas aplicações.   

Tabela 6 ‐ Custo dos fungicidas, mais a sua aplicação  

  Fungicidas e custos de aplicação (euros/ha) 

Custos  Bim  Ortiva  Bim +Ortiva  Ortiva+Ortiva 

Fungicidas  46,8  56,0  102,8  112,0 

Aplicação aérea  31,0  31,0  62,0  62,0 

Total de custos  77,8  87,0  164,8  174,0 

 

Aríete  Eurosis 

Page 101: fruticultura viticultura olivicultura culturas arvenses ... · viticultura fruticultura olivicultura horticultura culturas arvenses micologia Ministério da Agricultura, Ordenamento

DRAP Centro ‐ ANUÁRIO DE EXPERIMENTAÇÃO 2010 

100

O custo de uma aplicação, com o preço do arroz a 0,30 euros/kg, pagar‐se‐ia com cerca de 270 kg/ha de arroz e com duas aplicações equivaleria ao dobro.   

Tomando por base que o acréscimo médio de produção com duas aplicações se situou em 500 kg/ha, a receita gerada suportaria o custo do investimento, além de assegurar um arroz de melhor qualidade. 

 7. Discussão de resultados e conclusões  As condições climáticas, neste ano,  foram menos  favoráveis ao desenvolvimento da doença, pelo  facto dos meses de Julho, Agosto e Setembro terem sido secos. Pode‐se considerar um ano não representativo em  termos  climáticos,  na média  dos  trinta  anos.  Ainda  assim,  a  incidência  de  lesões  da  piriculariose atingiram cerca de 5% das panículas na modalidade  testemunha e algumas cariopses, por panícula, nas modalidades tratadas.  

Com uma aplicação de  ′Bim′ ou de  ′Ortiva′ verificou‐se um acréscimo médio de produção em relação à testemunha de 368 kg/ha de arroz, mas estatisticamente não foi significativo.   

A  realização de duas  aplicações de  fungicidas permitiu um  acréscimo de produção da ordem dos  500 kg/ha, o que se traduziu num aumento significativo em relação à testemunha.   

As produções das variedades Aríete e Eurosis não diferiram de forma significativa, entre si. Em  termos  de  rendimento  industrial  não  se  verificou  diferença  substantiva  entre  a  testemunha  e  as modalidades tratadas.  

O investimento realizado com os tratamentos mostrou‐se rentável face à receita gerada com o acréscimo de produção de arroz.   

As condições específicas do ensaio (reduzida dimensão dos talhões) e do ano terão originado uma menor pressão de  inóculo do  fungo sobre a  testemunha, mascarando a resposta dos  fungicidas aplicados. Daí, que em condições normais de uma exploração, o acréscimo de produção deveria ser muito superior ao obtido no ensaio. 

 Agradecimentos:  

◊ À Cooperativa Agrícola de Montemor‐o‐Velho e ao Eng.º Francisco Dias pelo contributo dado no estabelecimento das parcerias com as várias Empresas.  

◊ Às Empresas: Lusosem, Agrigenese, Syngenta e Bayer. ◊ Ao  Professor  Doutor  Arlindo  Lima  (Instituto  Superior  de  Agronomia)  pela  realização  da  análise 

estatística da produção do ensaio.        

Page 102: fruticultura viticultura olivicultura culturas arvenses ... · viticultura fruticultura olivicultura horticultura culturas arvenses micologia Ministério da Agricultura, Ordenamento

DRAP Centro ‐ ANUÁRIO DE EXPERIMENTAÇÃO 2010 

101

      2. CAMPO DE OBSERVAÇÃO COM ADUBOS DE LIBERTAÇÃO CONTROLADA E LENTA NA      CULTURA DO ARROZ       Serafim Cabral de Andrade    

I. INTRODUÇÃO 

Neste estudo de adubos de libertação controlada ou lenta na cultura do arroz utilizaram‐se dois adubos especiais,  o  Nitroteck  20‐8‐10  e  o  Durafert  20‐9‐15,  além  de  uma  adubação  convencional,  como testemunha. 

O  Nitroteck  20‐8‐10  representa  um  adubo  de  libertação  controlada  que  possui  um  inibidor  de nitrificação (dicianodiamida) e um revestimento especial dos grânulos (tecnologia COAT). O Durafert 20‐9‐15  é  considerado um  adubo  de  libertação  lenta  porque  inclui  uma metileno‐ureia,  com  diferentes comprimentos de cadeia.  

 Além dos adubos foi ainda aplicado um correctivo mineral, o fertisol, para ser avaliado o seu efeito na produção.  

1. Objectivos do campo  

Avaliar a produção obtida com os adubos de  libertação controlada ou  lenta em comparação com a adubação convencional e os respectivos custos. Avaliar a acção de um correctivo mineral na produção.   2. Material e Métodos 

O campo  foi  instalado numa parcela com cerca de 7100 m2, no Campo Experimental do Bico da Barca, 

concelho de Montemor‐o‐Velho.  

O solo possui uma textura do tipo franco‐limosa.  

Quadro 1 – Características físico ‐ químicas do solo do campo 

Análise sumária  Bases de troca  Micronutrientes 

M.O.  P2O5  K2O  Ca2+  Mg2+ K +  Na +  Soma BT Cu  Fe  Mn  Zn pH (H2O)  %  (ppm)  (cmol (+) kg‐1)  (ppm) 

5,5  1,95  82  141  5,64  0,98  0,38  0,06  7,06  3,03  106  38,2  0,27 

 2.1 Delineamento experimental  O campo foi delineado em blocos casualizados, com três tratamentos por bloco e com duas repetições. Os talhões  foram  divididos  em  sub‐talhões  de  modo  a  estudar  a  acção  do  correctivo.Os  tratamentos corresponderam aos diferentes  tipos de adubos experimentados: Nitroteck 20‐8‐10; Durafert 20‐9‐15 e Foskamónio 122 + Sulfato de amónio (Testemunha). 

A dimensão dos talhões foi de 1000 m2 (81 x 12,35 m) e a dos sub‐talhões de 500 m

2.  

 

O correctivo foi aplicado na ordem dos 500 kg/ha.  

Page 103: fruticultura viticultura olivicultura culturas arvenses ... · viticultura fruticultura olivicultura horticultura culturas arvenses micologia Ministério da Agricultura, Ordenamento

DRAP Centro ‐ ANUÁRIO DE EXPERIMENTAÇÃO 2010 

102

A adubação aplicada, por  tratamento,  foi a  seguinte: azoto  (N) = 120 kg/ha;  fósforo  (P2 O5) = 82 k/ha); potássio (K2 O) = 90 kg/ha) e magnésio (Mg0) = 12 kg/ha.  

Procedeu‐se ao acerto dos níveis de fósforo de potássio e do magnésio, em cada modalidade.  

Os adubos especiais foram aplicados integralmente com a adubação de fundo, enquanto na testemunha a adubação  azotada  foi  fraccionada,  em  duas  aplicações:  41%  do  azoto  com  a  adubação  de  fundo  e  o restante  foi  aplicado  em  cobertura, no  inicio do  afilhamento do  arroz. No  caso do  fósforo, potássio  e magnésio foram, obviamente, aplicados com a adubação de fundo. 

 3. Metodologia para avaliar os diferentes tipos de adubos   

Pela produção do arroz; pelo rendimento industrial e pelos custos de adubação e de aplicação. 

 4. Condução do Campo de Observação  4.1 Instalação do campo  

A preparação do solo  iniciou‐se com uma  lavoura seguida de nivelamento do canteiro. Depois,  fez‐se a descompactação com escarificador e ficou concluída com uma passagem de “roto‐terra”.  

 4.2 Sementeira   

A sementeira realizou‐se a lanço, em 28/04, e com a semente chumbada durante 24 horas. A densidade de sementeira foi de 200 kg/ha. Utilizou‐se a variedade Aríete.   4.3 Controlo de infestantes  

Antes da sementeira fez‐se aplicação de oxadiazão, na dose de 1,5 L/ha do p. c. (Ronstar) Em pós‐emergência aplicou‐se penoxsulame na dose 2 L/ha de p. c. (Viper).  4.4 Protecção sanitária  

Na primeira quinzena de Julho surgiram as primeiras pústulas de piriculariose no campo.  Realizou‐se um tratamento com ′Bim′ (300 g/ha), em 22/07/010.   4.5 Maturação e colheita  

A cultura atingiu a maturação em 9 de Setembro. A colheita iniciou‐se em 13 de Setembro.   II. RESULTADOS   

 1. Produção de arroz  

Quadro 1 – Produção de arroz na interação correctivo adubos  

  kg/ha 

Adubos  Com fertisol  Sem fertisol  kg/ha 

Nitroteck  6 486  6 470  6 478 

Durafert  6 402  6 430  6 416 

Testemunha  6 482  6 440  6 461 

Média  6 457  6 447  6 452 

Desv. Pad.  47,4  20,8  32,0 

 A produção média do campo foi de 6452 kg/ha de arroz. 

 

Page 104: fruticultura viticultura olivicultura culturas arvenses ... · viticultura fruticultura olivicultura horticultura culturas arvenses micologia Ministério da Agricultura, Ordenamento

DRAP Centro ‐ ANUÁRIO DE EXPERIMENTAÇÃO 2010 

103

Tabela 1 – Análise de variância factorial (adubos x correctivo) 

Fonte de variação  gl  SQ  QM  F  P 

Correctivo  1  300  300  0,001444  0,970916 

Adubo  2  8210,66667  4105,333  0,019767  0,980491 

Interacção adubo x correctivo  2  2504  1252  0,006028  0,993996 

Erros  6  1246136  207689,3     

Total  11  1257150,667       

 Não houve diferenças significativas entre as produções obtidas com presença ou ausência de correctivo (p> 0,1).  

Não houve diferenças significativas nas produções obtidas com os diferentes tipos de adubos utilizados, quando se considera a média com e sem correctivo (p> 0,1).  

Não existiu interacção significativa entre o tipo de adubo e o correctivo (p> 0,1%).  

Quadro 2 – Produção de arroz obtida com a utilização dos diferentes adubos  

Adubos  Kg/ha 

Nitroteck  6 478 

Durafert  6416 

Testemunha  6461 

Desv. Pad.  31,81 

 Tabela 2 – Análise de variância (Adubos) 

Fonte de variação  gl  SQ  QM  F  P 

Adubos  2  4105,333  2052,6667  0,010711825  0,98937669 

Repetição  3  574534  1911511,333     

Total  5  578639,33       

 Não houve diferenças  significativas  entre  as  produções de  arroz obtidas  com  a  utilização  dos diferentes adubos (p> 0,1).   2. Rendimento industrial do arroz   

Quadro 2 ‐ Rendimento industrial do arroz  

  Fertisol Grãos Inteiros 

(%) Trincas (%) 

Rendimento Industrial (%) 

Com  62,0  8,9  70,9 

Nitroteck  Sem  63,6  7,8  71,4 

Com  63,7  7,5  71,2 

Durafert  Sem  63,3  7,7  70,9 

Com  65,1  5,8  70,8 

Testemunha  Sem  60,2  10,6  70,7 

Com  63,6  7,4  70,9 

Sem  62,3  8,7  71,0 Média    Geral  63,0  8,0  71,0 

Desv. Pad.  1,7  1,6  0,2 

Page 105: fruticultura viticultura olivicultura culturas arvenses ... · viticultura fruticultura olivicultura horticultura culturas arvenses micologia Ministério da Agricultura, Ordenamento

DRAP Centro ‐ ANUÁRIO DE EXPERIMENTAÇÃO 2010 

104

A média geral de grãos  inteiros do arroz  foi de 63,0%, a de  trincas de 8,0 % e o  rendimento  industrial situou‐se em 71%.  

Não  se  verificou  diferença  apreciável,  no  rendimento  industrial,  entre  as  várias  modalidades, nomeadamente, com ou sem fertisol. 

 

  

Foto 1 – Vista geral do campo de arroz com as várias modalidades de adubação   3. Análise económica da adubação e da sua aplicação   

Quadro 3 ‐ Balanço do custo/rendimento dos adubos  

    

      

Nota: O valor comercial do arroz, em casca, para efeito de cálculos, foi de 0,30 euros/kg.  O custo dos adubos mais a sua aplicação, por modalidade, não diferiu entre si.   

Não se verificou diferença apreciável de produções nem de receitas, entre modalidades.  

Com a aplicação dos adubos especiais, de uma vez só, o orizicultor poderá obter um benefício ao nível de uma melhor gestão do tempo no exercício da sua actividade na exploração.    

Fotos – Aspecto da cultura do arroz, na fase da maturação, nas três modalidades 

Adubos  Produção (kg/ha) 

Custo (adubos (+) aplicação) (€/ha) 

Rendimento bruto (€/ha) 

Nitroteck  6 478  420,0  1 943 

Durafert  6 416  408,5  1 924 

Testemunha  6 461  406,0  1 938 

Page 106: fruticultura viticultura olivicultura culturas arvenses ... · viticultura fruticultura olivicultura horticultura culturas arvenses micologia Ministério da Agricultura, Ordenamento

DRAP Centro ‐ ANUÁRIO DE EXPERIMENTAÇÃO 2010 

105

    III. CONCLUSÕES  

Não se verificou diferença de produção, nem de rendimento industrial, entre as três modalidades.  

O correctivo mineral não trouxe acréscimos significativos de produção, nem de rendimento industrial do arroz. 

 

Os adubos especiais permitiram um desenvolvimento equilibrado das plantas do arroz, o que revelou um funcionamento adequado dos mecanismos de libertação gradual do azoto e de maior eficiência. 

 

Perante os resultados obtidos e de acordo com a bibliografia, em geral, este tipo de adubos deve ser orientado para  tecnologias mais amigas do ambiente.  Isto é,  fazer aplicações  fraccionadas e  reduzir entre 10 a 20% do azoto total aplicado, face à sua maior eficiência. 

 Agradecimentos:  

Parceiros: Cooperativa Agrícola de Montemor‐o‐Velho, ADP‐Fertilizantes, Interadubo/Agrifertil, Lusosem, Bayer e Ana Antunes.  À Investigadora Auxiliar, Eng.ª Ana Sofia Dias de Almeida (Instituto Nacional de Recursos Biológicos) pela análise estatística do campo.    

Page 107: fruticultura viticultura olivicultura culturas arvenses ... · viticultura fruticultura olivicultura horticultura culturas arvenses micologia Ministério da Agricultura, Ordenamento

DRAP Centro ‐ ANUÁRIO DE EXPERIMENTAÇÃO 2010 

106

    2. ESTUDO DA MONITORIZAÇÃO DA ÁGUA DE REGA NA CULTURA DO ARROZ, NO    BAIXO MONDEGO NO CANTEIRO DOS ADUBOS DE LIBERTAÇÃO CONTROLADA EM    2010     Serafim Cabral de Andrade   I. INTRODUÇÃO  A água desempenha um papel  importante para a planta do arroz, ao nível da nutrição, como regulador térmico do meio, além da sua importância na gestão das infestantes.   

Os agricultores, por vezes, não realizam a rega da cultura da forma mais adequada, o que põe em risco a disponibilidade de água, enquanto recurso escasso. Daí, que seja fundamental melhorar um conjunto de tecnologias adoptadas, nomeadamente, o nivelamento da folha, a manutenção das marachas, a altura da lâmina de água, as perdas de água por percolação, a gestão das quebras secas.  

O modo como são geridas todas estas práticas tem consequências no volume final de água consumida.  

O canteiro onde se instalou este estudo possui uma textura franco‐limosa e uma estrutura compacta nas primeiras camadas do perfil do solo.   

O canteiro foi nivelado, possui marachas bem conservadas e adoptou‐se uma gestão de água dentro dos parâmetros mais aconselhados. 

 1. Metodologia adoptada para a avaliar o consumo e a condução da rega  No hidrante foi  instalado um contador capaz de medir o volume de água de rega e avaliar o respectivo caudal.  

No canteiro foi instalada uma régua para medir a altura da lâmina de água, ao longo do ciclo da cultura.  

O volume de água de  rega utilizado variou ao  longo do ciclo da cultura, em  função das várias  fases do desenvolvimento da cultura.  

  

 

Page 108: fruticultura viticultura olivicultura culturas arvenses ... · viticultura fruticultura olivicultura horticultura culturas arvenses micologia Ministério da Agricultura, Ordenamento

DRAP Centro ‐ ANUÁRIO DE EXPERIMENTAÇÃO 2010 

107

 II. RESULTADOS DO CONSUMO DE ÁGUA DE REGA DO ARROZ, DURANTE O CICLO DA CULTURA 

 O consumo total de água durante todo o ciclo da cultura do arroz foi de 12 592 m3/ha, distribuído por 30 regas.   

A última rega realizou‐se quando o arroz apresentava o grão no estado pastoso, o que aconteceu aos 122 dias após a sementeira.    

Gráfico 1 ‐ Consumo de água durante os vários estados fenológicos da cultura do arroz  

  Verificou‐se que o máximo consumo de água ocorreu entre a fase das 5 folhas ao início do encanamento do arroz com 3 517 m

3/ha, devido a ser um período muito longo, com cerca de 40 dias. 

 

O canteiro foi drenado durante o ciclo da cultura, em três períodos: na fase da germinação do arroz, antes da  aplicação  do  herbicida  de  pós‐emergência  e  para  limitar  a  proliferação  de  algas,  no  final  do afilhamento.   

A espessura da lâmina de água nas primeiras fases de desenvolvimento era menor e oscilou entre 5‐7 cm. A partir da fase do encanamento até ao estado do grão pastoso atingiu entre 8 a 10 cm. 

. Agradecimentos:   

À Associação de Beneficiários da Obra de Fomento Hidroagrícola do Baixo Mondego pela montagem do contador no hidrante.       

Page 109: fruticultura viticultura olivicultura culturas arvenses ... · viticultura fruticultura olivicultura horticultura culturas arvenses micologia Ministério da Agricultura, Ordenamento

DRAP Centro ‐ ANUÁRIO DE EXPERIMENTAÇÃO 2010 

108

 4. ENSAIOS DE MELHORAMENTO DE ARROZ     Serafim Cabral de Andrade 

 Parceiros: Estação Agronómica Nacional, Estação Nacional de Melhoramento de Plantas de Elvas, Instituto de Biologia Experimental e Tecnológico, COTArroz (Centro Operativo e Tecnológico do Arroz). A Coordenação esteve a  cargo do Coordenador Nacional do Melhoramento Genético do Arroz, Doutor Benvindo Maçãs.  I. OBJECTIVOS 

 Multiplicar  e  seleccionar  Linhas  tendo  em  vista  a  obtenção  de  novas  cultivares  de  arroz  destinadas  à produção de arroz do tipo carolino.  II. MATERIAL E MÉTODOS 

 Instalaram‐se cinco ensaios, o que envolveu o estudo de 484 Novas Linhas de várias gerações: F2, F3, F4, F5 e F6. Cada Linha ocupou um talhão com a área de 2 m2 (4 x 0,50 m). Cada talhão era constituído por 3 linhas, distanciadas, entre si, de 25 cm.  Os talhões apresentavam‐se separados por ruas, com 50 cm. Os  ensaios  foram  semeados  em  linhas. Quando  as  plantas  atingiram  as  4  folhas  procedeu‐se  ao  seu desbaste e plantação de forma a garantir que a distância entre plantas na linha fosse da ordem dos 10 cm.  

 2.1 Metodologia adoptada na selecção do material genético  O método de selecção utilizado foi o – MÉTODO PEDIGREE ‐ selecção individual de plantas. 

 2.2 Adubação dos ensaios 

 Na adubação foram aplicados os níveis seguintes: azoto (N = 92 kg/ha), fósforo (P2 O5 = 84 k/ha), potássio 

(K2 O) = 84 kg/ha). O azoto foi fraccionado em duas aplicações: uma parte com a adubação de fundo (42 

kg/ha de azoto) e o restante em cobertura.   

2.3 Sistema de instalação dos ensaios em 2010  A sementeira foi realizada manualmente, em todos os ensaios, nas datas seguintes: Ensaio F2 – 30 /04; Ensaio F3 – 29/04; Ensaio F4 – 27/04; Ensaio F5 – 28/04; Ensaio F6 – 22/04.  

 

  

Foto 1 ‐ Aspecto geral dos Ensaios de Melhoramento 

Page 110: fruticultura viticultura olivicultura culturas arvenses ... · viticultura fruticultura olivicultura horticultura culturas arvenses micologia Ministério da Agricultura, Ordenamento

DRAP Centro ‐ ANUÁRIO DE EXPERIMENTAÇÃO 2010 

109

 III. RESULTADOS OBTIDOS   No conjunto dos cinco ensaios realizados, seleccionaram‐se 543 plantas, distribuídas do modo seguinte, por ensaio: 62 plantas em F2; 82 plantas em F3; 163 plantas em F4; 188 plantas em F5 e 48 plantas em F6.  Nº de Linhas seleccionadas nas gerações F2, F3 e F4  

Linhas  Geração Nº 

plantas  Linhas  Geração

Nº plantas

Linhas GeraçãoNº 

plantasLinhas  Geração 

Nº plantas 

1001  F2  4    2501  F3  3    3501  F4  3    F4  3 

1002  F2  3    2502  F3  1    3502  F4  1    F4  3 

1003  F2  4    2503  F3  1    3503  F4  2    F4  2 

1004  F2  2    2504  F3  4    3504  F4  3    F4  1 

1009  F2  2    2505  F3  3    3505  F4  2    F4  1 

1010  F2  2    2506  F3  2    3506  F4  3    F4  1 

1011  F2  1    2507  F3  2    3507  F4  2    F4  2 

1012  F2  2    2508  F3  2    3508  F4  2    F4  1 

1013  F2  3    2511  F3  2    3509  F4  2    F4  2 

1014  F2  3    2512  F3  1    3510  F4  1    F4  2 

1015  F2  2    2513  F3  2    3511  F4  4    F4  2 

1016  F2  3    2514  F3  1    3512  F4  3    F4  2 

1017  F2  3    2515  F3  2    3513  F4  2    F4  3 

1018  F2  3    2516  F3  3    3514  F4  1    F4  3 

1020  F2  3    2517  F3  2    3515  F4  2    F4  3 

1022  F2  1    2518  F3  3    3516  F4  2    F4  1 

1023  F2  1    2519  F3  2    3517  F4  1    F4  2 

1027  F2  1    2520  F3  1    3518  F4  1    F4  2 

1029  F2  1    2522  F3  4    3520  F4  2    F4  3 

1030  F2  3    2523  F3  1    3521  F4  2    F4  2 

1031  F2  2    2524  F3  1    3522  F4  5    F4  2 

1033  F2  3    2525  F3  2    3523  F4  3    F4  1 

1034  F2  2    2526  F3  2    3524  F4  1    F4  2 

1037  F2  2    2527  F3  1    3525  F4  4    F4  1 

1038  F2  2    2530  F3  2    3526  F4  2    F4  2 

1039  F2  1    2531  F3  3    3527  F4  1    F4  2 

1040  F2  3    2532  F3  4    3528  F4  1    F4  1 

Soma    62    2533  F3  5    3529  F4  3    F4  6 

        2534  F3  4    3530  F4  3    F4  4 

        2535  F3  4    3531  F4  2    F4  3 

        2536  F3  3    3532  F4  2    F4  2 

        2537  F3  1    3533  F4  2    F4  1 

        2540  F3  3    3534  F4  3    F4  1 

        2541  F3  3    3536  F4  2    F4  1 

        2542  F3  2    3538  F4  3    F4  1 

        Soma    82    3539  F4  3    F4  3 

                3540  F4  2    F4  3 

                          F4  3 

                        Soma  163  

Page 111: fruticultura viticultura olivicultura culturas arvenses ... · viticultura fruticultura olivicultura horticultura culturas arvenses micologia Ministério da Agricultura, Ordenamento

DRAP Centro ‐ ANUÁRIO DE EXPERIMENTAÇÃO 2010 

110

  Nº Linhas seleccionadas nas gerações F5 e F6  

Linhas  Geração Nº 

plantasLinhas  Geração

Nº plantas

Linhas GeraçãoNº 

plantasLinhas  Geração 

Nº plantas 

 

4503  F5  1  4544  F5  1  4595  F5  2    5501  F6  2   

4504  F5  3  4545  F5  2  4596  F5  2    5503  F6  3   

4505  F5  4  4546  F5  2  4598  F5  1    5505  F6  2   

4508  F5  1  4547  F5  4  4603  F5  2    5506  F6  2   

4509  F5  1  4548  F5  1  4604  F5  3    5507  F6  2  EP

4510  F5  1  4549  F5  3  4605  F5  1    5509  F6  2   

4511  F5  4  4550  F5  2  4606  F5  2    5510  F6  2   

4512  F5  2  4551  F5  2  4607  F5  2    5511  F6  3  EP

4513  F5  2  4552  F5  1  4608  F5  2    5512  F6  3   

4514  F5  1  4554  F5  2  4609  F5  1    5517  F6  2   

4516  F5  4  4555  F5  2  4610  F5  2    5522  F6  2   

4517  F5  1  4556  F5  1  4611  F5  1    5523  F6  2   

4518  F5  1  4558  F5  1  4612  F5  2    5526  F6  1  EP

4519  F5  1  4563  F5  2  4615  F5  3    5527  F6  2   

4520  F5  1  4564  F5  3  4616  F5  2    5529  F6  1  EP

4521  F5  1  4565  F5  3  4618  F5  3    5533  F6  1   

4523  F5  2  4566  F5  2  4619  F5  1    5536  F6  1   

4524  F5  1  4567  F5  2  4620  F5  3    5538  F6  1   

4525  F5  2  4568  F5  3  4621  F5  2    5539  F6  1   

4526  F5  2  4570  F5  2  4622  F5  2    5553  F6  1  EP

4527  F5  2  4571  F5  2  4623  F5  4    5560  F6  2  EP

4528  F5  2  4572  F5  1  4624  F5  2    5568  F6  3   

4529  F5  2  4573  F5  2  4625  F5  1    5569  F6  1   

4530  F5  4  4581  F5  1  4626  F5  2    5571  F6  2  EP

4531  F5  1  4582  F5  2  4627  F5  2    5572  F6  2  EP

4532  F5  1  4583  F5  2  4628  F5  3    5573  F6  1   

4538  F5  1  4585  F5  1  4629  F5  2    5575  F6  1  EP

4539  F5  3  4586  F5  1  4630  F5  1        48   

4540  F5  1  4587  F5  1  4633  F5  1           

4541  F5  2  4588  F5  3  4634  F5  3           

4542  F5  2  4589  F5  1  4635  F5  2           

4543  F5  2  4590  F5  1  4636  F5  2           

      4591  F5  2  4637  F5  2           

      4592  F5  1  4638  F5  1           

            Soma    188             No caso da geração F6, para além da selecção das 48 plantas, foi feita a colheita  integral das plantas de nove  Linhas  seleccionadas  (5507,  5511,  5526,  5529,  5553,  5560,  5571,  5572,  5575)  cuja  semente  se destina a realizar ensaio para avaliação agronómica e tecnológica, no próximo ano. Trata‐se de material 

Page 112: fruticultura viticultura olivicultura culturas arvenses ... · viticultura fruticultura olivicultura horticultura culturas arvenses micologia Ministério da Agricultura, Ordenamento

DRAP Centro ‐ ANUÁRIO DE EXPERIMENTAÇÃO 2010 

111

muito  interessante do ponto de  vista  agronómico  e da biometria do  grão,  além de  se  encontrar num estado avançado de homozigotia.    Fotos do material seleccionado das nove Linhas da geração F6  

        

Page 113: fruticultura viticultura olivicultura culturas arvenses ... · viticultura fruticultura olivicultura horticultura culturas arvenses micologia Ministério da Agricultura, Ordenamento

DRAP Centro ‐ ANUÁRIO DE EXPERIMENTAÇÃO 2010 

112

  5. ESTUDO DE NOVAS VARIEDADES DE ARROZ       Serafim Cabral de Andrade   A – Variedade Dardo  1. Introdução 

 Tratou‐se de  avaliar  a  adaptação  e  as  características de uma nova  variedade de  arroz num  campo de observação com a área de 2 000 m2.   2. Objectivos  

Avaliar as suas características agronómicas e tecnológicas.  3. Condução da cultura  3.1 Adubação  

Adubação de fundo foi realizada com Fertifos 12‐15‐8– 400 kg/ha 

Adubações de cobertura: 

1ª Adubação de cobertura ‐ 70 kg/azoto/ha (11/06) 

2ª Adubação de cobertura ‐20 kg/azoto/ha (13/07) 

 3.2 Sementeira  Densidade de sementeira – 200 kg/ha 

Data de sementeira – 05/05  

3.3 Controlo de infestantes  Antes da sementeira fez‐se aplicação de oxadiazão, na dose de 1,5 L/ha do p. c. (Ronstar) Em pós‐emergência aplicou‐se penoxsulame na dose 2 L/ha de p. c. (Viper). 

 3.4 Ciclo vegetativo  Germinação ‐ 12/05  

4ª folha – 27/05 

Inicio do afilhamento – 04/06 

Encanamento – 09/07 

Emborrachamento – 30/07 

Pleno espigamento – 04/08 

Estado leitoso – 16/08 

Estado pastoso – 20/08 

Maturação – 06/09 

 

 

Page 114: fruticultura viticultura olivicultura culturas arvenses ... · viticultura fruticultura olivicultura horticultura culturas arvenses micologia Ministério da Agricultura, Ordenamento

DRAP Centro ‐ ANUÁRIO DE EXPERIMENTAÇÃO 2010 

113

 

3.5 Características agronómicas da variedade Dardo  

Tamanho da planta (cm) Produção kg/ha 

Floração (dias) 

Ciclo Veget. (dias) 

Vigor Nascimento 

Afilhamento Resistência Acama 

Resistência Piriculariose  Colmo  Panícula  Total 

Panículas Nº/m2 

6300  95  127  Bom  Bom  R  R  51,5  15,0  66,5  800 

 3.6 Características tecnológicas da variedade Dardo  

      Biometria do grão branqueado   

Grãos Inteiros (%) 

Trincas (%) 

Rendimento Industrial (%)

Comprimento (cm) 

Largura(cm) 

Relação Comp./Larg. 

Classificação Comercial 

67,1  3,6  70,7  5,72  2,49  2,29  Médio 

            

 

Foto 2 – Tipo de cariopse do Dardo                                       Foto 3 – Bago branqueado do Dardo   

 3.7 Discussão de resultados   Em  termos  agronómicos  a  variedade  apresentou  um  bom  potencial  produtivo,  bom  afilhamento, 

muito precoce e uma boa resistência à piriculariose;  

Em termos tecnológicos apresentou uma percentagem elevada de grãos inteiros, elevado rendimento industrial, boa vitreosidade, mas o  tamanho do bago, nestas condições de campo, não atingiu os 6 mm de comprimento, que caracterizam um arroz do tipo longo A.  

O tamanho do grão e a produção poderão ser optimizados, no Baixo Mondego, com a diminuição da densidade de sementeira e o aumento da adubação azotada. 

 Parceria: LUSOSEM 

  B. Variedade Sírio (Tecnologia Clearfield)   1. Introdução  O campo de observação com a variedade Sírio ocupou uma área com cerca de 1000 m2.  Esta variedade é utilizada na tecnologia "Clearfield" por ser tolerante ao herbicida Imazamox (Pulsar), que controla o arroz selvagem e as infestantes do arrozal.  A variedade Sírio possui um ciclo semi‐precoce e é do tipo comercial longo B. A eficácia do Imazamox depende da adição de um molhante, o Dash.  

Page 115: fruticultura viticultura olivicultura culturas arvenses ... · viticultura fruticultura olivicultura horticultura culturas arvenses micologia Ministério da Agricultura, Ordenamento

DRAP Centro ‐ ANUÁRIO DE EXPERIMENTAÇÃO 2010 

114

Como  a população de  arroz  selvagem nesta parcela  era  insignificante o  estudo  incidiu  exclusivamente sobre a capacidade de adaptação da variedade Sírio à Região do Mondego, além de avaliar a eficácia do Imazamox sobre as infestantes da cultura.  2. Objectivos  

Avaliar a acção do Imazamox “Pulsar” no controlo de infestantes e o seu grau de selectividade sobre a variedade Sírio;  

Avaliar as características agronómicas e tecnológicas da variedade Sírio.  2.1 Itinerário cultural adoptado no Campo de Observação, com a tecnologia "Clearfield"  

A preparação do solo foi realizada utilizando a tecnologia convencional: lavoura, duas gradagens, seguida de uma passagem com roto‐terra. 

 2.1.1 Adubação da cultura  

Adubação de fundo: fertifos 12‐15‐8 ‐ 400 kg/ha Adubação de cobertura – Azoto – 80 kg/ha (Sulfato amónio – 400 kg/ha) 

2.1.2 Densidade e data de sementeira  

A densidade de sementeira foi de 160 kg/ha e a sementeira realizou‐se em 4/05.  

2.1.3 Aplicação dos herbicidas (Imazamox+Dash)  

Foram realizadas duas aplicações do herbicida nos estados fenológicos seguintes: 1ª Aplicação do "Pulsar" ‐ 28/05 (Sírio com 4 folhas) 2ª Aplicação ‐ do "Pulsar" ‐ Sírio no afilhamento (22 dias após a 1ª aplicação) 

 

Dose de aplicação do herbicida e do molhante (Dash) em cada uma das aplicações:  Imazamox (Pulsar) – 0,9 L/ha + Dash – 0,6 L/ha.  

A  aplicação  dos  herbicidas  realizou‐se  com  os  canteiros  bem  drenados,  de modo  a  permitir  uma  boa exposição de todas as infestantes à calda aplicada. A inundação do canteiro realizou‐se 2 dias após a aplicação dos herbicidas, mantendo uma lâmina de água alta, durante 4‐5 dias, para garantir a submersão das infestantes. Volume de calda utilizada ‐ 300 litros/ha. 

 2.1.4 Sanidade  

Registou‐se o aparecimento de plantas com Fusarium spp., em 7/06. Não se registaram problemas de piriculariose durante todo o ciclo da cultura.   

2.1.5 Ciclo vegetativo  Germinação ‐ 11/05  

2ª Folha ‐20/05 

4ª Folha – 28/05 

Inicio afilhamento – 04/06 

Encanamento – 10/07 

Emborrachamento – 3/08 

Pleno espigamento – 7/08 

Estado leitoso – 20/08 

Estado pastoso – 25/08 

Maturação – 20/09                        Foto 1 – Aspecto geral do campo com a Cv. Sírio 

 

Page 116: fruticultura viticultura olivicultura culturas arvenses ... · viticultura fruticultura olivicultura horticultura culturas arvenses micologia Ministério da Agricultura, Ordenamento

DRAP Centro ‐ ANUÁRIO DE EXPERIMENTAÇÃO 2010 

115

  RESULTADOS  1. Acção do Imazamox (Pulsar) + Dash 

Verificou‐se uma boa eficácia sobre o geral das infestantes na cultura do arroz. Não se verificou toxicidade nas plantas do arroz pela acção do herbicida.  

2. Características agronómicas da variedade Sírio  

Tamanho da planta (cm ) Produção Kg/ha 

Ciclo Veget. (dias) 

Vigor Nascimento 

Afilhamento 

ResistênciaAcama 

ResistênciaPiriculariose Colmo  Panícula  total 

6440  139  Bom  Muito Bom  R  R  51,0  13,8  64,8 

 3. Características tecnológicas da variedade Sírio  

      Biometria do grão branqueado   

Grãos Inteiros (%) 

Trincas (%) 

Rendimento Indust. (%) 

Comprimento(cm) 

Largura(cm) 

Relação Comp./Larg.

Classificação Comercial 

65,0  4,3  69,3  6,32  1,93  3,27  LB 

  

 

 

 

 

 

  

Fotos 2 e 3 – tipo de cariopse e de bago, depois de branqueado.  A  variedade  apresentou  um  bom  comportamento  agronómico,  uma  boa  adaptação  às  condições  do Mondego e um elevado rendimento industrial.  Parceria: BASF     

Page 117: fruticultura viticultura olivicultura culturas arvenses ... · viticultura fruticultura olivicultura horticultura culturas arvenses micologia Ministério da Agricultura, Ordenamento

DRAP Centro ‐ ANUÁRIO DE EXPERIMENTAÇÃO 2010 

116

       6. TECNOLOGIAS ADOPTADAS NA PRODUÇÃO E ARROZ EM MODO DE PRODUÇÃO        BIOLÓGICO         Serafim Cabral de Andrade 

   

Introdução  Para  a  produção  de  arroz  em  Modo  Produção  Biológico  é  necessário  adoptar  uma  boa  gestão  das infestantes e garantir fontes de azoto orgânico, a baixo custo.  Na gestão das infestantes há que adoptar um conjunto de técnicas  integradas que  incluam a rotação de culturas, a falsa sementeira, um maneio criterioso da lâmina de água de rega, entre outras.  A rotação de culturas que foi eleita inclui à cabeça da rotação a cultura da luzerna, pelo duplo papel que desempenha: boa gestão das infestantes e como fonte de azoto para a cultura seguinte.   

 1. Objectivos  

 Avaliar a capacidade produtiva das culturas do sistema cultural. Estudar tecnologias adequadas à gestão das  infestantes. Obter  produtos  de  alta  qualidade. Melhorar  a  fertilidade  do  solo  e  contribuir  para  a melhoria ambiental.  2. Material e Métodos   O Sistema Cultural adoptado encontra‐se instalado no Campo Experimental do Bico da Barca, concelho de Montemor‐o‐Velho. Trata‐se  de  um  solo  de  textura  franco‐limosa  (areia  –  28%,  argila  –  21%  e  limo  –  51%)  e  com  uma fertilidade média. 

 Quadro 1‐ Características físico‐químicas do solo das várias folhas do Sistema Cultural 

 ANÁLISE SUMÁRIA  BASES DE TROCA  MICRONUTRIENTES 

pH (H2O) 

M.O.  P2O5  K2O  Ca2+  Mg2+  K +  Na+ Soma B. T. 

Cu  Fe  Mn  Zn 

Nº Folhas 

 %  ppm  cmol (+) kg‐1  (ppm) 

Folha 1  5,9  2,40  163  137  4,1  1,0  0,4  0,2  5,8  1,6  75  20  0,6 

Folha 2  5,5  1,70  67  154  4,8  1,6  0,4  0,0  6,8  2,4  82  26  0,9 

Folha 3  5,9  1,86  97  146  4,8  1,2  0,4  0,3  6,7  10,  459  133  4,0 

Folhas 4 e 5 

5,6  2,36  65  137  4,1  1,0  0,4  0,2  5,8  1,6  75  20  0,6 

 

   Nota: O fósforo e o potássio foram analisados pelo método Egner‐Riehm.  Delineamento do Sistema Cultural em Modo Produção Biológico  O sistema cultural, neste ano, incluiu apenas a luzerna e o arroz numa rotação quadrienal do tipo: luzerna (2 anos) – arroz (2 anos). O regime de rotação de culturas funcionou em cinco folhas, com a área média por folha de 4 000 m

2.  

Page 118: fruticultura viticultura olivicultura culturas arvenses ... · viticultura fruticultura olivicultura horticultura culturas arvenses micologia Ministério da Agricultura, Ordenamento

DRAP Centro ‐ ANUÁRIO DE EXPERIMENTAÇÃO 2010 

117

 

   A ‐ A CULTURA DA LUZERNA EM MPB  

 1. Objectivos  Avaliar a capacidade produtiva da luzerna e a evolução florística. 

 2. Material e Métodos  A  cultura  da  luzerna  esteve  instalada,  neste  ano,  nas  folhas  2  e  3. Na  folha  2  foi  semeada  em  2010, enquanto na folha 3 foi instalada, no ano anterior. A fertilização consistiu na aplicação de 300 kg/ha de um fosfato natural (Fertigafsa 0.26,5‐0), no ano de instalação da cultura.  A  sementeira  realizou‐se  a  lanço  e  a  semente  foi  incorporada,  com  rolo  canelado.  Utilizou‐se  uma densidade de  sementeira de 30 kg/ha de  semente e  foram utilizadas duas variedades: Gea  (Folha 3) e Vénus (Folha 2).  2.1 Metodologia para avaliar a produção e a composição florística   A produção foi avaliada através da contagem do número de fardos vezes o peso médio de cada fardo. A data de corte foi fixada com base na floração de 50% das plantas de luzerna. A composição florística foi avaliada através de uma versão adaptada da escala de recobrimento proposta pela E.W.R.C. (European Weed Research Council). As observações foram realizadas antes de cada corte da luzerna. 

 3. Resultados   

 3.1 Produção de feno da luzerna   Durante este ano as produções obtidas foram as seguintes:  

 Tabela 1 – Produções de feno de luzerna 

 

Nº das Folhas  Ano de sementeira  Feno (kg/ha) Folha 2  2009  5 470 Folha 3  2010  9 775 

 Verificou‐se que a produção de feno da luzerna na folha 2 foi pouco mais de metade da obtida na folha 3  por ter sido o ano de instalação da cultura. A produção de feno na folha 3 foi de 9 775 kg/ha, obtida através da realização de cinco cortes.  

Foto 1 – As duas culturas do sistema cultural

Page 119: fruticultura viticultura olivicultura culturas arvenses ... · viticultura fruticultura olivicultura horticultura culturas arvenses micologia Ministério da Agricultura, Ordenamento

DRAP Centro ‐ ANUÁRIO DE EXPERIMENTAÇÃO 2010 

118

 

  

Foto 2 – 2º corte da luzerna, na folha 3  3.2 Gestão das infestantes pela cultura da luzerna  

Tabela 2‐ Evolução florística na Folha 2 

  Percentagem de recobrimento 

Data Observações 

Luzerna Echinochloa 

spp. Cyperus spp. 

(b) Poligonum persicaria 

30/06  80  5 1 20 4/08  100  5 (a) 1 1(a) 17/09.  100  R (a) 1 R a) Vegetação em sub‐coberto da luzerna; R – Raro. b) A maior parte era representada pela espécie Cyperus eragrostis e a restante pela Cyperus esculentus  

Tabela 3 – Evolução florística na Folha 3  

  Percentagem de recobrimento 

Data Observações 

Luzerna  Echinochloa spp.  Cyperus spp.(a) Setaria pumila. 

Plantago major 

28/04  95  1  7  2  1 

4/06  95  2  10  2  2 

14/07  98  5  5  5  5 

17/08  99  2  5  15  5 

17/09  90  R  5  15  7,5  

a) A maior parte era representada pela Cyperus eragrostis e a restante pela Cyperus esculentus.  Houve dois géneros de  infestantes  (Echinochloa e Cyperus) que estiveram  significativamente presentes nas  duas  folhas,  enquanto  a  espécie  Poligonum  persicaria  apareceu  somente  na  folha  2.  As  espécies Setaria pumila e a Plantago major atingiram uma percentagem muito significativa na folha 3.   

A  cultura  da  luzerna  exerceu  um  bom  controlo  sobre  as  Echinochloa  spp.  (milhãs)  e  a  Polygonum persicaria (erva‐pessegueira). Estas infestantes não conseguiram produzir sementes viáveis durante todo o ciclo, face ao intenso ritmo de crescimento da luzerna e ao curto intervalo da realização dos cortes. No caso das ciperáceas, a luzerna limitou a propagação das espécies existentes (Cyperus esculentus e Cyperus eragrostis), mas como plantas vivazes continuaram a reproduzir‐se por via vegetativa, mesmo com a parte aérea  suprimida,  pela  acção  dos  cortes.  A  cultura  da  luzerna,  também  não  conseguiu  impedir  a 

Page 120: fruticultura viticultura olivicultura culturas arvenses ... · viticultura fruticultura olivicultura horticultura culturas arvenses micologia Ministério da Agricultura, Ordenamento

DRAP Centro ‐ ANUÁRIO DE EXPERIMENTAÇÃO 2010 

119

propagação  de  espécies,  como  a  Plantago major  (tanchagem)  e  a  Setaria  pumila  (setária)  embora  as mantivesse em subcoberto, durante todo o período de cortes.   

Em  suma,  a  luzerna  impediu  a  produção  de  sementes  de  várias  espécies, mas  foi  pouco  eficiente  no limitar  o  desenvolvimento  de  propágulos  das  espécies  vivazes  e  de  produção  de  semente  da  setária, porque produz sementes viáveis em menos de 30 dias.   B – A CULTURA DO ARROZ EM MODO DE PRODUÇÃO BIOLÓGICO  

 1. Introdução  

A luzerna tem a faculdade de disponibilizar azoto para a cultura que se lhe segue na rotação a partir dos seus  resíduos. O  azoto mineral  disponibilizado  pela  luzerna  será,  apenas,  avaliado  de  forma  indirecta através do incremento obtido de produção de arroz relativamente a uma testemunha.  A cultura da  luzerna  integrada no sistema cultural tem,  igualmente, um papel  importante na diminuição da quantidade de sementes no Banco de Sementes das parcelas. Mas, o arroz como cultura específica do meio aquático, está sujeito à pressão de infestantes específicas do ecossistema arrozal, designadamente, das  espécies:  Scirpus mucronatus  (espeto),  Scirpus marítimus  (trincão  ou  nozelha),  Cyperus  difformis (negrinha),  Allisma  plantago‐aquática  (colhereira),  entre  outras.  Daí,  que  a  gestão  das  infestantes  na cultura do arroz seja muito complexa. Ao nível das variedades foram semeadas o Aríete e o Allório.  2. Objectivos  

Avaliar  o  acréscimo  da  produção  de  arroz  pela  acção  do  azoto  disponibilizado  pela  luzerna.  Avaliar  a capacidade produtiva e o  rendimento  industrial das variedades. Avaliar a dinâmica das  infestantes pela acção das tecnologias de controlo adoptadas   

3. Material e Métodos  

A cultura do arroz foi  instalada, neste ano, nas folhas 1, 4 e 5 do sistema cultural. A fertilização das três folhas  foi  feita com a aplicação de 300 kg/ha de um fosfato natural  (Fertigafsa 0.26,5‐0).   A sementeira realizou‐se, nas três folhas, a lanço, com o solo inundado e a semente ′chumbada′ durante 24 horas.  3.1 Delineamento dos tratamentos com a cultura do arroz 

 

Folha 1 – Testemunha (Em 2009 esteve ocupada com a cultura de arroz)  Folha 5 – tratamento onde se pretendeu avaliar o efeito do azoto disponibilizado pela luzerna, através do acréscimo de produção de arroz. A luzerna ocupou esta folha nos anos de 2008 e 2009.  Nas folhas 1 e 5 foi semeada a variedade Aríete Folha 4 – foi semeada a variedade Allório.  3.2 Metodologias adoptadas para avaliar os vários parâmetros  3.2.1 Para avaliar o acréscimo de produção do arroz pela acção do azoto disponibilizado pela luzerna  

O método  baseou‐se  na  diferença  de  produção  de  arroz  obtido  entre  duas  folhas  com  antecedentes culturais distintos: folha 5 (com dois anos com a cultura da luzerna) e folha 1 (com a cultura do arroz). Nas duas folhas foram adoptadas as mesmas técnicas culturais.   

 3.2.2 Para avaliar as variedades de arroz  

As duas variedades (Aríete e Allório) foram semeadas em folhas distintas: Aríete (folhas 1) e Allório (folha 4).  As variedades foram avaliadas ao nível da produção, sanidade e rendimento industrial. 

 3.2.3 Para controlar as infestantes na cultura do arroz  

Para  gerir  as  infestantes  adoptaram‐se  duas  técnicas  específicas:  a  falsa  sementeira  e  a  variação  da espessura da lâmina de água de rega, na cultura instalada. 

Page 121: fruticultura viticultura olivicultura culturas arvenses ... · viticultura fruticultura olivicultura horticultura culturas arvenses micologia Ministério da Agricultura, Ordenamento

DRAP Centro ‐ ANUÁRIO DE EXPERIMENTAÇÃO 2010 

120

Na falsa sementeira, o solo foi mobilizado e preparado como de uma sementeira se tratasse, ao que se seguiu a sua inundação, com uma fina lâmina de água. Depois da emergência das principais infestantes da cultura foram destruídas mecanicamente. Só depois se realizou a sementeira do arroz. Na espessura da  lâmina de água na cultura do arroz,  jogou‐se com o princípio de que é possível gerir as infestantes por “afogamento”, fazendo variar a espessura da  lâmina de água durante o ciclo da cultura. Isto é, a altura da  lâmina de água acompanhou o desenvolvimento da cultura, garantindo que a maior parte das infestantes permanecessem submersas, durante a maior parte do ciclo da cultura.  Para avaliar a evolução  florística do campo utilizou‐se uma versão adaptada da escala de recobrimento proposta pela E.W.R.C. (European Weed Research Council). 

4. Itinerário cultural   

Tabela 1 ‐ Operações culturais efectuadas na cultura do arroz em MPB, nos três canteiros  

Operações Equipamentos e factores de produção 

utilizados Datas 

Gradagem  Grade de discos  01/04 Lavoura  Charrua de 2 ferros 13”  08/04 

Nivelamento  Pá de nivelamento, comando laser  12/04 Fertilização  Fertigafsa 0‐26,5‐0 – 300 kg/ha 14/04 

Descompactação do solo  Escarificar o solo  14/04 Incorporação dos fertilizantes  “Roto‐terra” 14/04 

Inundação do canteiro  Lâmina fina de água 15/04 Destruição mecânica das 

infestantes e preparação de solo i d

2passagens de vibrocultor 1 passagem de roto‐terra 

14/05 e 17/0519/05 

Inundação do canteiro    20/05 Sementeira  Sementeira a lanço com semente chumbada  21/05 Variedades  Allório e Ariete (densidade de 180 kg/ha)  21/05 

Germinação do arroz    26/05 Afilhamento    14/06 

Allório  09/08 Floração 

Aríete  13/08 Allório  13/09 

Maturação Aríete  22/09 Allório  17/09 

Colheita Aríete  28/09 

 

 

II – RESULTADOS DA CULTURA DO ARROZ EM MPB 

 1. O acréscimo de produção de arroz nas duas folhas com antecedentes culturais diferentes 

 Quadro 1 – Produção de arroz em MPB 

 

Nº das Folhas e antecedente cultural  Arroz (kg/ha) 

Folha 5 (antecedente 2 anos de luzerna)  6 000 

Folha 1 (antecedente 1 ano de arroz)  3 780 

 

Verificou‐se um acréscimo de produção de 2 220 kg/ha na folha 5, relativamente à folha 1 (testemunha). Como é sabido, uma tonelada de arroz extrai cerca de 20 kg de azoto, logo um acréscimo de 2,22 t/ha de arroz corresponderia a cerca de 45 kg de azoto extraído. Se tiver em conta que o grau de eficiência do azoto mineral no meio arrozal é baixo, este valor poderá mesmo duplicar. 

 

Page 122: fruticultura viticultura olivicultura culturas arvenses ... · viticultura fruticultura olivicultura horticultura culturas arvenses micologia Ministério da Agricultura, Ordenamento

DRAP Centro ‐ ANUÁRIO DE EXPERIMENTAÇÃO 2010 

121

  

Foto 1 – Folha 5 – 1º ano da cultura do arroz da variedade Aríete, em maturação  2. O efeito das variedades na produção  

Quadro 2 – A produção de arroz por variedade  

Variedades  (kg/ha) 

Aríete (folha 1)  3 780 

Aríete (folha 5)  6 000 

Allório (folha 4)  3 440 

 A variedade Aríete atingiu uma produção diferenciada nas duas folhas, conforme foi explicado no quadro 1. No caso do Allório a produção foi de 3 440kg/ha, na Folha 4, o que se situou no seu nível normal de produtividade. O Allório manifestou, uma vez mais, ser muito sensível à acama e à piriculariose. Este comportamento agronómico torna‐a inviável do ponto de vista económico, apesar de produzir um grão com características muito peculiares para a culinária tradicional e de ser um arroz com história.   

  

Foto 2 – Folha 1, variedade Aríete  

Page 123: fruticultura viticultura olivicultura culturas arvenses ... · viticultura fruticultura olivicultura horticultura culturas arvenses micologia Ministério da Agricultura, Ordenamento

DRAP Centro ‐ ANUÁRIO DE EXPERIMENTAÇÃO 2010 

122

  

Foto 3 – Folha 4, variedade Allório, fase de maturação  3. As características agronómicas e tecnológicas das variedades de arroz 

 Quadro 3 – Comportamento agronómico das variedades de arroz 

 

Tamanho da planta (cm) Variedades 

Floração Nº dias 

Ciclo Vegetativo Nº dias 

Resistência Acama 

Piriculariose  Colmo  Panícula  Total 

Allório  81  120  AS  S  82  15  97 

Aríete  85  125  MR  MS  68  13  81  

AS – altamente sensível; MR – medianamente resistente  Em termos agronómicos será de referir a precocidade da variedade Allório, aspecto  importante para ser utilizada com a falsa sementeira.   

Quadro 4 – Comportamento tecnológico das variedades  

Biometria do grão branqueado   Variedades   

 Grãos 

Inteiros (%) 

 Trincas  (%) 

 Rendimento Industrial (%) 

Comprimento (cm) 

Largura (cm) 

Relação Comp./Larg. 

Classificação Comercial 

Allório  40,5  27,0  67,5  5,7  2,7  2,1  Médio 

Aríete  64,0  5,0  69,0  6,1  2,4  2,54  L A 

 Em termos de comportamento tecnológico verificou‐se que o Aríete teve um comportamento excelente: uma  baixa  percentagem  de  trincas  e  elevada  percentagem  de  grãos  inteiros.  Pelo  contrário,  o Allório apresentou uma situação inversa, o que compromete o seu interesse futuro.   Do ponto de vista comercial o Aríete é um arroz de tipo carolino, enquanto o Allório é do tipo médio.  4. Gestão das infestantes nas folhas 1 e 5 do sistema cultural em MPB  4.1 A falsa sementeira na gestão das infestantes 

Com a  falsa  sementeira emergiram as  infestantes mais  competitivas da  cultura do arroz, como  foi o caso das espécies Cyperus difformis (negrinha), Scirpus mucronatus (espeto), Scirpus marítimus (junção), Echinochloa spp. (milhãs),  as  Alisma  spp.  (colhereira),  entre  outras.  Quando  estas  atingiram  as  3‐4  folhas  procedeu‐se  à  sua destruição mecânica. Mas, antes dessa operação, fez‐se a avaliação da percentagem de recobrimento, nas duas folhas:   

Page 124: fruticultura viticultura olivicultura culturas arvenses ... · viticultura fruticultura olivicultura horticultura culturas arvenses micologia Ministério da Agricultura, Ordenamento

DRAP Centro ‐ ANUÁRIO DE EXPERIMENTAÇÃO 2010 

123

Tabela 1 ‐ Evolução da percentagem do recobrimento das principais infestantes no final da falsa sementeira (15/05/2010) 

 

  Folha 1  Folha 5   Nome de espécies   Recobrimento em percentagem  Estado fenológico Cyperus difformis  10  10  3 folhas Cyperus eragrostis  1  1  5 folhas Cyperus esculentus  ‐  10  5 folhas Scirpus marítimus  10  R  5 folhas 

Scirpus mucronatus  2  R  5 folhas Echinochloa spp.   5  3  5 folhas Alisma plantago  1  R  1º pare de  folhas 

 A percentagem de recobrimento da flora existente nos canteiros era marcada por uma forte presença de espécies da família das ciperáceas, seguida das milhãs.  

A maior parte das infestantes emergiram durante o período da falsa sementeira (de 14/04 a 15/05), mas houve espécies como a Lindernia dubia (manjerico) e a Ammania coccinea (carapau) que não germinaram. Isto é, vieram a germinar depois da cultura do arroz instalada.   

A destruição mecânica das  infestantes  teve  início em 15/05 e concluída em 19/05, com  recurso a duas passagens cruzadas de vibrocultor e por último, a uma passagem de roto‐terra.   

Verificou‐se um bom controlo das infestantes, dadas as condições atmosféricas favoráveis.  

 

   

Foto 4 ‐ Destruição mecânica das infestantes, na 1ª passagem do vibrocultor, na folha 1, no final da falsa sementeira   

  

Foto 5 ‐ Primeira passagem de vibrocultor, na folha 5, no final da falsa – sementeira, em 15/05 

Page 125: fruticultura viticultura olivicultura culturas arvenses ... · viticultura fruticultura olivicultura horticultura culturas arvenses micologia Ministério da Agricultura, Ordenamento

DRAP Centro ‐ ANUÁRIO DE EXPERIMENTAÇÃO 2010 

124

 4.2  Evolução das infestantes durante o ciclo cultural do arroz 

 Tabela 2 ‐ Evolução da percentagem do recobrimento das principais infestantes 

   Datas das observações e percentagem de recobrimento (%) 

  1ª  2ª  3ª Afilhamento do 

arroz (16/06) 

Encanamento do arroz (12/07) 

Maturação (22/09) Infestantes 

Folha 1  Folha 5  Folha 1  Folha 5  Folha 1  Folha 5 Cyperus difformis e outras ciperáceas (a) 

5  2  5  3  10  5 

Scirpus marítimus   2  R  5  2  5  2 Scirpus mucronatus  3  R  10  2  10  1 Echinochloa spp.  1  R  1  R  5  R Alisma spp.  1  R  1  R  1  R Ammania coccinea  1  R  R  R  R  R Lindernia dubia  R  R  R  R  R  R  

R ‐ Raro a)Inclui a Cyperus eragrostis e Cyperus esculentus  

De  acordo  com  a  tabela  2,  a  percentagem  de  infestantes  durante  todo  o  ciclo  da  cultura  foi muito significativa na folha 1 e pouco na folha 5, o que se explica através do seu antecedente cultural: na folha 1 foi o segundo ano com a cultura do arroz e na folha 5, foi o primeiro ano, depois da cultura da luzerna.   

Na  fase da maturação  verificou‐se que  as  ciperáceas  apresentavam um  recobrimento  total de 25% na folha 1 e de 8% na folha 5. Por sua vez, as milhãs manifestavam uma percentagem de 5% na folha 1 e não tinham significado na folha 5.   

O efeito da espessura da lâmina de água foi muito significativo sobre a gestão das infestantes na folha 1, onde a percentagem de recobrimento das várias infestantes foi mantido dentro de valores razoáveis. Por exemplo,  as  alismatáceas  não  conseguiram  ultrapassar  1%  de  recobrimento  durante  todo  o  ciclo  da cultura.   

 

  

Foto 6 – Efeito de lâmina de água no desenvolvimento de Alisma spp. (orelhas de mula), em 25/06/010 

Page 126: fruticultura viticultura olivicultura culturas arvenses ... · viticultura fruticultura olivicultura horticultura culturas arvenses micologia Ministério da Agricultura, Ordenamento

DRAP Centro ‐ ANUÁRIO DE EXPERIMENTAÇÃO 2010 

125

 

 

7. ESTUDO DE SISTEMAS DE MOBILIZAÇÃO DO SOLO E DE REGA NA CULTURA DO     MILHO GRÃO   Serafim Cabral de Andrade 

   1. Introdução  Novos desafios se colocam aos produtores de milho ao nível da redução de custos e em se adaptarem a produzir  com novas exigências ambientais que  implicam uma melhor gestão da água de  rega, práticas culturais que conduzam à conservação do solo e à redução de emissões de dióxido de carbono.   

Como forma de responder a alguns destes desafios está em curso, há dois anos, um estudo sobre sistemas de mobilização do solo e a gestão da água de rega.  

Os  sistemas  de  mobilização  em  estudo  são  a  mobilização  convencional  e  a  mobilização  vertical.  A mobilização  vertical  apresenta  sobre  a  convencional  várias  vantagens,  designadamente:  redução  de custos garante a manutenção dos nivelamentos e diminui as emissões de dióxido de carbono.   

Como método  de  rega  optou‐se  pela  rega  por  gravidade,  com  distribuição  por  sulcos,  por  ser  o  que melhor se adequa ao sistema de rega instalado na maior parte dos Blocos Hidráulicos, por apresentar os mais baixos  consumos energéticos, por  ser pouco exigente em  tecnologias e bem adaptado a  culturas semeadas em linhas, como o milho. Apesar disso, reconhece‐se existirem vários obstáculos que é preciso ultrapassar, nomeadamente, a falta de oferta de equipamento de rega de qualidade no mercado, de fácil mobilidade e que garanta uniformidade na distribuição de água, ao nível do sulco. Também, o Sistema de Rega nos Blocos Hidráulicos revela grande flutuação dos caudais nos hidrantes o que dificulta a realização da rega. 

 2. Objectivos do campo de observação   

Avaliar os sistemas de mobilização do solo ao nível de custos e da produção. Como tornar mais eficiente o sistema de rega por sulcos.  

 3. Material e Métodos  3.1 Localização do Campo  Localizou‐se no Campo Experimental do Bico da Barca, no Bloco da Carapinheira, concelho de Montemor‐o‐Velho 

 3.2 Caracterização do solo  3.2.1 Parâmetros físicos do perfil do solo  Coordenadas do perfil: 40º 10′ 34,82∙ N; 8º 39′ 40,48′′ O. Na 1ª camada entre 0 a 30 cm, não existía calo de lavoura. A estrutura era de tipo anisoforme, angulosa, com cor 10 YR 4/2 e uma textura franco‐limosa.  

Na 2ª camada, entre os 30 a 60 cm, possuía uma estrutura compacta  ‐“maciça”plástica, com   a base da camada não  regular, de cor 10YR 4/3  e uma textura franco‐limosa.  

Na 3ª camada (60 ‐115cm) apresentava entre os 60 a 90 cm uma estrutura compacta, com cor 10YR 4/2 e uma textura franco‐limosa. A partir dos 90 aos 115 cm, possuía uma cor 5 YR 4/1 e uma textura franca. O fundo do perfil exibia uma textura areno‐grosseira, com areia lavada, sem apresentar oxidação.  

Page 127: fruticultura viticultura olivicultura culturas arvenses ... · viticultura fruticultura olivicultura horticultura culturas arvenses micologia Ministério da Agricultura, Ordenamento

DRAP Centro ‐ ANUÁRIO DE EXPERIMENTAÇÃO 2010 

126

  

Foto 1 – Aspecto das várias camadas do perfil  3.2.2  Características físicas e químicas do solo do campo  

Quadro 1 – Análise das características físico‐químicas do solo  

ANÁLISE SUMÁRIA  BASES DE TROCA  MICRONUTRIENTES 

M.O.  P2O5 K2O  Ca2+  Mg2+ K +  Na +Soma BT 

CTC  GSB  Cu  Fe  Mn  Zn pH (H2O) 

%  (ppm)  (cmol(+) kg‐1)  (ppm) 

5,7  1,8  118  219  7,4  1,3  0,4  0,5  9,6  18,6 52  5,3  278  47  3,4 

 O solo possui uma textura franco‐limosa, com a constituição seguinte: areia ‐ 10%,  limo – 65% e argila ‐ 25%.  

Trata‐se de um solo típico do terço médio do Vale Central do Mondego – medianamente rico nos vários nutrientes, com uma capacidade de troca catiónica média (18,6 cmol (+) kg‐1 )  e um grau de saturação de bases média (GSB – 52%).  4. Delineamento experimental  

4.1 Estudo de mobilização  

A parcela possui uma área de cerca de 6000 m2, tendo sido dividida em duas partes semelhantes, onde se realizaram os dois sistemas de mobilização – mobilização vertical e convencional.  4.2 Metodologia adoptada para avaliar o sistema de rega por sulcos  3.2.1  Organização da parcela 

 

A parcela foi nivelada de forma a ficar com um declive de 0,05%. Não foi feita uma maior intervenção no declive para reduzir o seu impacto na fertilidade do solo.  5. Metodologia adoptada na rega 

 A distribuição da água à parcela a partir do hidrante foi realizada através de manga plástica ( φ 200 mm) e a  alimentação  dos  sulcos  foi  feita  com  tubo  rígido,  com  janelas  reguláveis,  de  modo  a  garantir uniformidade de distribuição de água e evitar perdas superficiais. No hidrante foi instalado um medidor de caudais e do volume de água debitado, por sector.  Os sectores de rega foram dimensionados para 15 sulcos de modo a aplicar cerca de 1,5l/s/sulco. Os sulcos possuíam um comprimento da ordem dos 112 metros. Durante a rega foram registados por sector: o caudal, o volume de água aplicada e o tempo de rega.  

Page 128: fruticultura viticultura olivicultura culturas arvenses ... · viticultura fruticultura olivicultura horticultura culturas arvenses micologia Ministério da Agricultura, Ordenamento

DRAP Centro ‐ ANUÁRIO DE EXPERIMENTAÇÃO 2010 

127

 6. Condução do Campo   6.1  Preparação do solo com mobilização vertical 

 

Na  folha,  com  mobilização  vertical,  foi  realizada  uma  passagem  com  chisel,  equipado  com  rolo destorroador  (Asa  Laser  Ks).  Este  equipamento possui  sete dentes  e uma  largura de  trabalho de  2,80 metros. A velocidade de trabalho foi de 7,5 km/hora, para uma profundidade de mobilização de 35‐40 cm, com um tractor de 152 HP (Fendt 714). A preparação foi concluída com duas passagens de roto‐terra. 

 

  

Foto 2 – Preparação vertical do solo com o equipamento “Asa Laser Ks”  

  

Foto 3 – Equipamento com Chisel e destorroador “Asa Laser Ks”  Na  folha  com mobilização  convencional  realizaram‐se duas passagens de  grade de discos, a  lavoura, e duas passagens de roto‐terra. 

Page 129: fruticultura viticultura olivicultura culturas arvenses ... · viticultura fruticultura olivicultura horticultura culturas arvenses micologia Ministério da Agricultura, Ordenamento

DRAP Centro ‐ ANUÁRIO DE EXPERIMENTAÇÃO 2010 

128

 6.2 Adubação  

Como  forma de optimizar o  azoto  aplicado, optou‐se por utilizar  adubos de  libertação  controlada. Na adubação  de  fundo,  utilizou‐se  o Nitroteck  12.12.18,  na  ordem  dos  850  kg/ha,  aplicando  a  lanço,  na ordem dos 650 kg/ha e o restante localizado, com o semeador. A adubação de fundo totalizou 102 kg/ha de azoto, 102 kg/ha de fósforo (P2O5) e 153 kg/ha de potássio (K2O).  

Na  adubação  de  cobertura,  foram  aplicados  600  kg/ha  de  Nitroteck  25.0.0  (na  fase  da  amontoa), equivalente a 150 kg/ha de azoto.  6.3 Sementeira   

A sementeira realizou‐se em 12/05/010.   

A variedade utilizada foi o PR 34 P88 (Ciclo FAO 500). A semente apresentava‐se tratada com Poncho. O compasso, na linha, foi de 16,5 cm.  6.4 Aplicação de herbicida  

O controlo das infestantes realizou‐se, em pós‐emergência, com a aplicação do herbicida ′Laudis′.  

O ′Laudis′ foi aplicado na ordem de 2,25 litros/ha, com o milho, no estado das 4 folhas, em 25/05.   

Mostrou‐se  muito  eficiente  no  controlo  das  infestantes,  excepto  da  juncinha,  que  se  revelou moderadamente resistente, mas com uma amontoa oportuna permitiu um controlo total das infestantes.   

  6.5 Amontoa do milho  

  

A amontoa realizou‐se, em 15/06, com o milho na 7ª folha com lígula (11ª folha à vista). 

Foto 4 – Actuação do ′Laudis′ em 7/06/010 

Page 130: fruticultura viticultura olivicultura culturas arvenses ... · viticultura fruticultura olivicultura horticultura culturas arvenses micologia Ministério da Agricultura, Ordenamento

DRAP Centro ‐ ANUÁRIO DE EXPERIMENTAÇÃO 2010 

129

 6.6 Regas  

A  rega  realizou‐se  nas  datas  seguintes:  1ª  rega  –  30/06  (9ª  folha  com  lígula);  2ª  rega  –  14/07 (espigamento); 3ª rega – 29/07 (enchimento do grão) e 4ª rega ‐ 20/08 ( grão pastoso). 

 7. Maturação – 28/09  8. Colheita ‐ a colheita realizou‐se, em 21/10, com 22% de humidade no grão.   II – RESULTADOS   1. Custos de mobilização nos dois sistemas  

Tabela 1 – Custos de mobilização  

Mobilização vertical (€/ha) 

Mobilização convencional (€/ha) 

1 – Destroçador de palhas  45  ‐ 

2‐ Grade de discos de 22”  ‐  60 

3‐ Chisel com rolo destorroador  75  ‐ 

4‐ Mobilização com charrua  ‐  90 

5 ‐ Roto‐terra  72  72 

SOMA  192  222  O sistema de mobilização vertical permitiu a preparação do solo de forma mais rápida, mostrou‐se mais económico  e  assegurou  a  manutenção  do  nivelamento.  Pelo  contrário,  o  sistema  convencional  não garantiu nenhuma destas vantagens.  2. Resultados do sistema de rega por sulcos  

Tabela 2 ‐ Dotação de rega utilizada no campo de observação  

Consumo de água de rega (m3/ha) (nº de regas) 

1ª  2ª  3ª  4ª  Soma 

1305  920  1170  1020  4415  A dotação média por rega situou‐se em 1104 m3/ha (110 mm) e a dotação total foi de 4 415 m3/ha.   

O  caudal médio  nas  4  regas  situou‐se  em  19  L/segundo/sector,  o  que  originou  que  o  tempo  de  rega atingisse as 13,1 horas/ha.   

O consumo de água foi elevado, em consequência do baixo caudal fornecido ao sulco (1,27L/segundo) e da pendente da parcela (0,05%).   

A  alimentação de  água  aos  sulcos  feita pelos  tubos,  com  janelas  reguláveis, permitiu uma distribuição uniforme de água aos sulcos.  

Page 131: fruticultura viticultura olivicultura culturas arvenses ... · viticultura fruticultura olivicultura horticultura culturas arvenses micologia Ministério da Agricultura, Ordenamento

DRAP Centro ‐ ANUÁRIO DE EXPERIMENTAÇÃO 2010 

130

  

  

Foto 7 – Rega do 1º sector com tubo rígido, com janelas reguláveis  3. Produções de milho  

Tabela 3 – Produção de milho  

Sistemas de mobilização  Kg/ha 

Mobilização de tipo vertical  16 660 

Mobilização convencional  16 424 

Média  16 542 

  

Obteve‐se  uma  produção média  de  16  542  kg/ha  de milho  grão,  com  14%  de  humidade,  valor muito significativo para o Baixo Mondego.  

Verificou‐se  uma  produção  semelhante  nas  duas modalidades. O  sistema  de mobilização  vertical  não trouxe quaisquer constrangimentos à produção, bem pelo contrário.   

Gráfico 1 – Caudais utilizados por  sector  e  o  seu  reflexo no tempo de rega. 

Page 132: fruticultura viticultura olivicultura culturas arvenses ... · viticultura fruticultura olivicultura horticultura culturas arvenses micologia Ministério da Agricultura, Ordenamento

DRAP Centro ‐ ANUÁRIO DE EXPERIMENTAÇÃO 2010 

131

4. Discussão de resultados  O sistema de mobilização vertical contribuiu para a manutenção do nivelamento, melhorou a eficiência de rega e revelou‐se mais económico.   

A rega por sulcos apresentou baixos consumos energéticos, o consumo total de água durante o ciclo da cultura foi elevado (4 415 m3/ha), mas este valor poderá ser reduzido, através do aumento do caudal por sulco (entre 1,5 a 2 L/segundo) e num aumento do declive da parcela para 0,1% até 0,15 %.  

A  alimentação dos  sulcos  com  janelas  reguláveis  garantiu uma distribuição uniforme de  água e evitou desperdícios de água superficial.   

A uniformidade de distribuição de água aos sulcos foi possível através das janelas reguláveis, mas o tubo rígido é muito pesado para poder ser movimentado por uma pessoa. É preciso que o mercado nacional seja capaz de fornecer manga janelada.  

O  nível  de  produtividade  atingida  reflecte  a  elevada  eficiência  dos  principais  factores  envolvidos  na produção.  

  Agradecimentos:  

À Cooperativa Agrícola de Montemor‐o‐Velho e ao Eng.º Francisco Dias pela sua colaboração. Às Empresas: ADP‐Fertilizantes, Pioneer, Bayer e à PERCAMPO. Ao Eng.º João Ribeiro por ter realizado gratuitamente a preparação do solo do campo.  

       

Page 133: fruticultura viticultura olivicultura culturas arvenses ... · viticultura fruticultura olivicultura horticultura culturas arvenses micologia Ministério da Agricultura, Ordenamento

DRAP Centro ‐ ANUÁRIO DE EXPERIMENTAÇÃO 2010 

132

  8. CAMPO DE OBSERVAÇÃO DE VARIEDADES DE MILHO ‐ CICLO FAO 500      Serafim Cabral de Andrade 

  1. Objectivos do campo de observação de variedades de milho  

Avaliar a capacidade produtiva de cada variedade 

Avaliar o ciclo vegetativo e o teor de humidade à colheita 

 

2. Material e Métodos  2.1 Localização do campo 

 

Localizou‐se no Campo Experimental do Bico da Barca, Bloco da Carapinheira, concelho de Montemor‐o‐Velho.  2.1 Características físicas e químicas do solo  

Análise sumária  Bases de troca  Micronutrientes 

M.O.  P2O5  K2O  Ca  Mg  Ca2+ Mg2+  K +  Na +  CTC  Cu  Fe  Mn  Zn pH (H2O)  %  (ppm)  (Cmol (+) kg‐1)  (ppm) 

5,5  2,1  130,7  148,3  730  119  4,32 1,07  0,39  0,17  9,64 9,2  ›80  88,3 2,66

 O solo apresenta uma textura franco‐limosa.   3. Delineamento experimental  3.1 Estudo de variedades 

 

No Campo foram estudadas as variedades seguintes:  

Variedades  Empresas 

Brescou  Nickerson 

Lynxx  Ragt 

OH 615  Nova Lavoura Gaia 

Topola  Wam 

Es Vivat  Proselecte/Euralis 

Hillary  Advanta 

Arkam  Maisadour 

Quintero  Prays 

Triunfo  Panam 

DKC 6085  Dekalb 

 Por se tratar de um campo de observação não existiam repetições. 

 3.2 Dimensão dos talhões 

 

A área dos talhões foi de 219 m2 (73 metros de comprimento por 3 metros de largura).  Cada talhão tinha quatro linhas de milho. O compasso de sementeira foi de 75 x 16,5 cm. 

Page 134: fruticultura viticultura olivicultura culturas arvenses ... · viticultura fruticultura olivicultura horticultura culturas arvenses micologia Ministério da Agricultura, Ordenamento

DRAP Centro ‐ ANUÁRIO DE EXPERIMENTAÇÃO 2010 

133

  

3.3 Colheita  

A colheita  realizou‐se na área  total do  talhão, com ceifeira‐debulhadora. A pesagem  foi efectuada com vagão‐pesa e a humidade foi determinada de imediato.   4. Condução do Campo  4.1 Adubação  

Na adubação de fundo aplicaram‐se 700 kg/ha de Entec 20.10.10, dos quais 200 kg/ha foram localizados com o semeador.  

Na adubação de cobertura foram aplicados 450 kg/ha de Entec 26%.  

A quantidade de azoto aplicado foi de 257 kg/ha.  4.2 Herbicida  

O controlo das infestantes realizou‐se em pré‐sementeira, com aplicação de 3 L/ha de Camix. O volume de calda usada foi de 500 litros/ha.  4.3 Sementeira   

A sementeira realizou‐se em 11/05.  

4.4 Amontoa   

A amontoa realizou‐se, em 15/06, com o milho na 7ª folha com lígula (11ª folha à vista)  4.5 Data da realização das regas  

Foram realizadas 5 regas nas datas seguintes:  

1ª rega – 29/06 (7ª folha com lígula) 

2ª rega – 15/07 (início do espigamento) 

3ª rega – 27/07 (inicio do enchimento do grão) 

4ª rega ‐  09/08 ( inicio do grão no estado leitoso) 

5ª rega – 25/08 (estado pastoso)  

A rega realizou‐se por sulcos.  

Dotação da rega no campo de variedades  

  Nº de Regas   

  1ª  2ª  3ª  4ª  5ª  Soma 

m3/ha  1420  1094  904  915  820  5 153 

 A dotação total de água de rega, durante o ciclo da cultura, foi de 5 153 m3/ha. Este elevado consumo teve a ver com o facto de a folha estar nivelada para a cultura do arroz, sem qualquer declive.       

Page 135: fruticultura viticultura olivicultura culturas arvenses ... · viticultura fruticultura olivicultura horticultura culturas arvenses micologia Ministério da Agricultura, Ordenamento

DRAP Centro ‐ ANUÁRIO DE EXPERIMENTAÇÃO 2010 

134

  

5. Resultados do Campo de Variedades de (FAO 500)  

Quadro 1 ‐ Características agronómicas e produções de milho 

Variedades Nº Plantas 

(ha) 

Produção (Kg/ha) (14%) 

Floração (Nº dias) 

Ciclo vegetativo (Nº dias) 

Humidade (%) 

(À colheita) 

Brescou  68 675  15068  70  142  23,2 

OH 615  73 150  15 909  71  143  23,7 

Arkam  75 707  15 192  68  141  24,2 

Triunfo  80 022  15 662  68  141  22,2 

Hillary  71598  15 744  71  143  22,7 

Es Vivat  80 018  16 484  71  143  23,7 

Topola  74 794  13 237  69  139  21,5 

Quintero  79 543  15 890  70  141  25,6 

Lynxx  66 756  14 868  70  141  21,1 

DKC 6085  77 990  16 676  68  139  20,8 

Média  75 509  15 395  69,6  141  22,9 

Desv. Pad.  4 488  1 039  1,3  1,5  1,5 

Observ. A colheita realizou‐se em 20/10. 

 

Grafico 1 ‐ produções de milho das variedades de ciclo FAO 500 

 

 O ciclo vegetativo médio das variedades foi de 141 dias.  

A humidade média do grão à colheita situou‐se em 22,9%, mas 50% das variedades apresentaram uma humidade inferior. O valor de humidade mais alto foi encontrado na variedade Quintero, com 25,6%.  

A produção média das variedades foi de 15 473 kg/ha. As duas variedades mais produtivas foram a DKC 6085 e Es Vivat, com cerca de 16,5 ton./ha.  A variedade menos produtiva foi a Topola.  

Page 136: fruticultura viticultura olivicultura culturas arvenses ... · viticultura fruticultura olivicultura horticultura culturas arvenses micologia Ministério da Agricultura, Ordenamento

DRAP Centro ‐ ANUÁRIO DE EXPERIMENTAÇÃO 2010 

135

Em  termos  de  resistência  à  acama  registaram‐se  alguns  problemas  no  conjunto  das  variedades, mas ocorreu já depois da maturação. A variedade Topola manifestou‐se sensível à acama. 

  

Aspecto das variedades de milho de Ciclo FAO 500, em 4/10/2010  

          

Quintero Triunfo 

Page 137: fruticultura viticultura olivicultura culturas arvenses ... · viticultura fruticultura olivicultura horticultura culturas arvenses micologia Ministério da Agricultura, Ordenamento

DRAP Centro ‐ ANUÁRIO DE EXPERIMENTAÇÃO 2010 

136

     

Quadro 2 – Receita Bruta das variedades de milho (ciclo FAO 500)  

Variedades 

Produção 14% 

(Kg/ha) (14%) 

Humidade (%) 

(À colheita) 

Custo secagem €/ton. 

Receita Bruta(€/ha) 

Receita Bruta (descontada a secagem) (€/ha) 

Brescou  15 068  23,2  331,1  3 014  2683 

OH 615  15 909  23,7  364,1  3 182  2818 

Arkam  15 192  24,2  352,9  3 038  2685 

Triunfo  15 662  22,2  325,9  3 132  2807 

Hillary  15 744  22,7  346,4  3 149  2802 

Es Vivat  16 484  23,7  378,8  3 297  2918 

Topola  13 237  21,5  267,8  2 647  2380 

Quintero  15 890  25,6  412,9  3 178  2765 

Lynxx  14 868  21,1  278,8  2 974  2695 

DKC 6085  16 676  20,8  311,3  3 335  3024 

Média  15 473  22,9  337,0  3 095  2758 

Desv. Pad.  975  1,5  44,2  195  171  

Nota: Preço de venda do milho seco – 200 euros/ton. em 20/10/2010  

De acordo com o quadro anterior, a receita bruta média das variedades, depois de descontado o valor da secagem, situou‐se em 2 758 euros/ha.  

A receita bruta mais elevada foi obtida nas variedades seguintes: DKC 6085 (€ 3 024), Es Vivat (€2 918), OH 615 (€2 818), Triunfo (€ 2 807), Hillary (€ 2 802) e Quintero (€ 2 765).   

O custo médio da secagem rondou os 337 euros/ha.    

Agradecimentos: Escola Profissional Agrícola Afonso Duarte e ao Engº Mário Pardal que coordenou todos os contactos com as Empresas de Sementes e assegurou apoio com algum equipamento. 

Às  Empresas:  Advanta,  Deiba,  Dekalb, Maisadour, Nikerson, Nova  Lavoura,  Panam,  Prays,  Proselecte, Syngenta e Wam. 

             

Page 138: fruticultura viticultura olivicultura culturas arvenses ... · viticultura fruticultura olivicultura horticultura culturas arvenses micologia Ministério da Agricultura, Ordenamento

DRAP Centro ‐ ANUÁRIO DE EXPERIMENTAÇÃO 2010 

137

 9. ENSAIOS DE VARIEDADES DE MILHOS HÍBRIDOS DA REDE NACIONAL DE ENSAIOS,     NA E. A. DE VISEU      Catarina de Sousa   1. Justificação e Objectivos  Avaliação do valor agronómico de variedades propostas à  inscrição no Catálogo Nacional de Variedades, realizados  por  comparação  com  variedades  testemunhas,  da  mesma  precocidade  e  previamente definidas.  

 

                                                   Fig. 1 – Variedade de milho, ciclo FAO 400 

2. Material e Métodos 

Os três ensaios, ciclos FAO 200, 300 e 400 foram instalados na Estação Agrária de Viseu, em solos franco, com pH 6 e de média  fertilidade. O delineamento estatístico experimental  foi o de blocos casualizados com 4 repetições; cada talhão é constituído por 2  linhas de 8 m cada, afastadas entre si 0,75 m do que resulta uma área útil de 12 m2. A fertilização de fundo foi efectuada de acordo com os resultados da análise de terra.  

Ciclo 200 

Modalidades  Sementeira  Emergência Desbaste e adubação de 

cobertura Colheita 

8  06‐05‐2010  17‐05‐2010  05‐07‐2010  14‐09‐2010  

Ciclo 300 

Modalidades  Sementeira  Emergência Desbaste e adubação de 

cobertura Colheita 

20  05‐05‐2010  17‐05‐2010  06‐07‐2010  23‐09‐2010 

 Ciclo 400 

Modalidades  Sementeira  Emergência Desbaste e adubação de 

cobertura Colheita 

16  04‐05‐2008  17‐05‐2010  07‐07‐2010  07‐10‐2010 

Foto

: C. S

.

Page 139: fruticultura viticultura olivicultura culturas arvenses ... · viticultura fruticultura olivicultura horticultura culturas arvenses micologia Ministério da Agricultura, Ordenamento

DRAP Centro ‐ ANUÁRIO DE EXPERIMENTAÇÃO 2010 

138

3. Resultados 

3.1 ‐ Ciclo FAO 200 

A floração ocorreu entre 16 e 26 de Julho e a maturação entre 3 e 7 de Setembro. 

O ciclo vegetativo variou entre 120 dias para as variedades mais precoces e de 124para as mais tardias. 

 

Produção média  Humidade Nº plantas/ha 

t/ha  C V (%)  (%)  C V (%) 

95 000  15,39  4,2  19,91  4,6 

 

 

                         Fig. 2 – Produções médias e humidades obtidas nas variedades em ensaio  

O número de plantas por  talhão é de 114, pelo que o número de espigas deveria ser  também de pelo menos 114. Na  figura 4 apresentamos o número de espigas contadas em cada  talhão; verificamos que apenas uma  variedade não ultrapassou as 114; em  todas as outras obtiveram‐se plantas  com duas ou mais espigas (fig. 3)  

 

              Fig. 3 – Plantas com duas espigas, Setembro de 2010 

Foto

: C. S

.

Page 140: fruticultura viticultura olivicultura culturas arvenses ... · viticultura fruticultura olivicultura horticultura culturas arvenses micologia Ministério da Agricultura, Ordenamento

DRAP Centro ‐ ANUÁRIO DE EXPERIMENTAÇÃO 2010 

139

 

                   Fig. 4 – Número de espigas em cada uma das variedades em ensaio (média das 3 repetições) 

 

3.2 Ciclo FAO 300 

A floração ocorreu entre 23 de Julho e 2 de Agosto e a maturação entre 8 e 17 de Setembro. O ciclo vegetativo das variedades em estudo variou entre 125 dias para as variedades mais precoces e 134 dias para as variedades mais tardias.  

Produção média  Humidade Nº plantas/ha 

t/ha  C V (%)  (%)  C V (%) 

95 000  15,44  4,6  20,93  3,6 

 

 

                               

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Fig. 5 – Produções médias (em ton/ha) e humidades obtidas nas variedades ensaiadas 

 O número de espigas por talhão deverá ser o mesmo que o número de plantas, ou seja 114. Na figura 6 pode observar‐se o número de espigas por talhão em cada uma das variedades em ensaio. 

Page 141: fruticultura viticultura olivicultura culturas arvenses ... · viticultura fruticultura olivicultura horticultura culturas arvenses micologia Ministério da Agricultura, Ordenamento

DRAP Centro ‐ ANUÁRIO DE EXPERIMENTAÇÃO 2010 

140

 

Fig. 6 – Número de espigas por talhão em cada uma das variedades em ensaio (média das 3 repetições)  

3.3 Ciclo FAO 400 

A floração ocorreu entre 26 de Julho e 4 de Agosto e a maturação entre 17 e 24 de Setembro. 

O ciclo vegetativo foi de 143 dias, tendo as variedades mais precoces completado o ciclo em 137 dias. 

 

Produção média  Humidade Nº 

plantas/ha  t/ha  C V (%)  (%)  C V (%) 

85 000  14,91  2,5  21,44  1,1 

 

 

Fig. 7 – Produções médias (em ton/ha) e humidades obtidas nas variedades ensaiadas 

Page 142: fruticultura viticultura olivicultura culturas arvenses ... · viticultura fruticultura olivicultura horticultura culturas arvenses micologia Ministério da Agricultura, Ordenamento

DRAP Centro ‐ ANUÁRIO DE EXPERIMENTAÇÃO 2010 

141

No ciclo FAO 400 o número de plantas e consequentemente o número de espigas, por talhão é de 102; apresentamos de seguida obtido por talhão em cada uma das variedades em ensaio (fig. 8).  

 

                      Fig. 8 – Número de espigas em cada uma das variedades em ensaio (média das 3 repetições) 

 

Como podemos verificar pela observação da figura, apenas em 4 variedades se obteve apenas uma única espiga por planta.  

 

 

 

Page 143: fruticultura viticultura olivicultura culturas arvenses ... · viticultura fruticultura olivicultura horticultura culturas arvenses micologia Ministério da Agricultura, Ordenamento

DRAP Centro ‐ ANUÁRIO DE EXPERIMENTAÇÃO 2010 

142

 

 

 

 

10 ‐ Ensaios de Variedades de Milhos Híbridos da Rede Nacional de Ensaios, em          Oliveirinha ‐ Aveiro        Ensaios de variedades de Milhos Híbridos da Rede Nacional de Ensaios, em        Aveiro          B. Saltão, Carlos Gancho  

1. Justificação e Objectivos 

A  realização dos  ensaios prende‐se  com  a necessidade de  verificar  se  as novas  variedades  reúnem  as condições suficientes para a sua Inscrição no Catálogo Nacional de Variedades (CNV).  

Estes ensaios servem para a avaliação do Valor Agronómico das variedades de milho propostas à inscrição no Catálogo Nacional de Variedades, em comparação com outras variedades eleitas para  testemunha e previamente definidas, assim como apoiar a apreciação do Valor de Utilização.  

Ao  longo do  ciclo  vegetativo  foram  feitos os  registos e observações de  campo definidos em protocolo elaborado  pela  DGADR,  nomeadamente  a  emergência  e  regularidade  de  emergência,  vigor  inicial  das plantas, data de floração e maturação, n.º de colmos partidos, plantas tombadas e plantas com espiga e outras operações culturais.  

Na  colheita  registou‐se  o  peso  da  produção  por  talhão  e  preparação  de  amostras  de  grão  para determinação da percentagem de humidade do grão à colheita.   

 

 

2. Material e Métodos 

Os  três  ensaios,  ciclos  FAO  300,  400  e  500,  foram  realizados  numa  parcela  de  terreno  localizada  na freguesia de Oliveirinha, no concelho de Aveiro.  

Data de sementeira: 27 Abril 2010  

Page 144: fruticultura viticultura olivicultura culturas arvenses ... · viticultura fruticultura olivicultura horticultura culturas arvenses micologia Ministério da Agricultura, Ordenamento

DRAP Centro ‐ ANUÁRIO DE EXPERIMENTAÇÃO 2010 

143

Os ensaios foram instalados num solo franco ‐ argiloso, de textura média, com pH 6,1 e fertilidade média, com teor muito alto de fósforo (> 200 ppm de P2O5), teor alto de potássio (159 ppm de K2O), teor médio‐alto de azoto total (0,159 % de N) e 4,01% de Matéria Orgânica, conforme referido no quadro seguinte: Relatório de análise de terra 

Parâmetros  Resultados  Interpretação 

Textura    Média 

pH (H2O)  ……………………………….…  5,8  Pouco ácido 

Nec. Cal           CaCO3 t/ha  …………………………………  … 0   

Fósforo              P2O5 ppm  ……………………………….. > 200  Muito alto 

Potássio               K20 ppm  …………………………………..180  Alto 

Magnésio              Mg ppm  …………………………………… 63  Baixo 

Matéria orgânica          %  ………………………………… 4,23  Alto 

Azoto total              % N %  ……………………………….. 0,192  Médio ‐ alto 

 

Com base nesta análise de  terra optou‐se por  fazer uma adubação de  fundo  com 1000 kg  / ha de um adubo  composto  20.08.10,  a  que  corresponde  uma  quantidade  de  200  kg/ha  de  azoto,  80  kg/ha  de fósforo e 100 kg/ ha de potássio. Procedeu‐se também a uma correcção do pH do solo com a aplicação de 1500 kg/ha de calcário e uma correcção orgânica. 

Na  instalação e  condução do ensaio optou‐se pelas  técnicas  culturais da  região, procedendo‐se a uma lavoura seguida de fresagem para incorporação dos fertilizantes e correctivos. 

O  delineamento  estatístico  usado  na  instalação  destes  ensaios  foi  o  de  blocos  casualizados,  com  3 repetições. 

A área útil do talhão é de 12,0 m2, constituído por 2  linhas de 8 m cada, afastadas entre si de 0,75 m, a que  corresponde  uma  densidade  de  sementeira  de  95000  plantas/há  para  o  ciclo  300  e  de  85000 plantas/há para os ciclos 400 e 500. 

A sementeira foi feita manualmente, com distribuição da semente nas linhas anteriormente abertas, e de acordo com os compassos definidos em protocolo.  

Tendo  em  consideração  a  experiencia  da  cultura  em  anos  anteriores,  optou‐se  pela  aplicação  de  um herbicida em pré‐emergência, com 312,5 g/l de S‐Metolacloro + 187,5 g/l de Terbutilazina para o controlo das infestantes e um insecticida (Ciclone) para controlo do alfinete. 

Durante o ciclo vegetativo procedeu‐se a uma sacha com escarificador para destruir a camada superficial e controlar algumas infestantes entretanto surgidas e uma amontoa passados cerca de 10 dias. 

A partir do dia 8 de Julho, e como não se verificou ocorrência de chuvas foi necessário recorrer à rega por aspersão para compensar a carência de humidade no solo,  tendo‐se realizado 6  regas entre o dia 8 de Julho e 26 de Agosto.  

 

Registo de datas   

Ciclo  Variedades  Sementeira  Emergência  Desbaste  Colheita 

Ciclo 300  20  27‐04‐2010  05‐05‐2010  26‐05‐2010  15‐09‐2010 

Ciclo 400  16  27‐04‐2010  6‐‐05‐2010  25‐05‐2010  22‐09‐2010 

Ciclo 500  27  27‐04‐2010  6‐‐05‐2010  25‐05‐2010  22‐09‐2010  

Page 145: fruticultura viticultura olivicultura culturas arvenses ... · viticultura fruticultura olivicultura horticultura culturas arvenses micologia Ministério da Agricultura, Ordenamento

DRAP Centro ‐ ANUÁRIO DE EXPERIMENTAÇÃO 2010 

144

3. Ciclo FAO 300  

3.1 Observações de campo 

Vigor A variedade código10082 apresentou o maior vigor à emergência enquanto as variedades códigos 09047, 10014, 10017, 10040 e 10041 registaram o menor vigor.   Floração A  floração ocorreu entre 03 e 05 de  Julho na variedade código 10082  (var. mais precoce) e 10 e 13 de Julho na variedade código 10016 (var. mais tardia).   Maturação Por  sua  vez,  a maturação ocorreu  entre  08  e 13 de Agosto para  a  variedade  código  09050  (var. mais precoce) e entre 16 e 17 de Agosto na variedade código 10085 (var. mais tardia).  Colmos partidos Em relação ao número de colmos partidos, deve referir‐se o baixo número de colmos partidos, com todas as variedades sem colmos partidos excepto a variedade10085 onde se registou apenas um colmo partido.   Plantas tombadas Também se registaram muito poucas plantas tombadas, com 2 plantas tombadas nas variedades 09085 e 10055 e 1 nas variedades 09055, 10014 e 10062, o que reflecte a boa resistência à acama das variedades.  Plantas com espiga As variedades 09047, 09055 e 10015 apresentaram o maior número de plantas com espiga (113) seguida das variedades 10014, 10055 e 10082 com 112 plantas com espiga. A variedade que apresentou menos plantas com espiga foi a 10017 com 99, seguida da 10085 com 105 plantas.    3.2 Resultados e análise das produções  

A colheita do ensaio  realizou‐se em 15 de Setembro,  todas as variedades  foram colhidas e apurado as produções de grão por  talhão e o  correspondente  teor de humidade para determinação posterior das produções de grão, que se observam no gráfico.  

10,00

12,00

14,00

16,00

18,00

20,00

22,00

20,00

22,00

24,00

26,00

28,00

30,00

32,00

34,00

Produção (t/há) Humidade do grão (%) 

 Da observação do gráfico, constatamos a grande variação da produção entre as variedades em estudo, tendo a variedade com o código 10075 registado a maior produção com 20,255 ton/ha e a variedade com o código 10082 a de menor produção, com 13,353 ton/ha.  

 

Page 146: fruticultura viticultura olivicultura culturas arvenses ... · viticultura fruticultura olivicultura horticultura culturas arvenses micologia Ministério da Agricultura, Ordenamento

DRAP Centro ‐ ANUÁRIO DE EXPERIMENTAÇÃO 2010 

145

4. Ciclo FAO 400 

4.1 Observações de campo 

Vigor A  variedade  código  10037  apresentou  o maior  vigor  à  germinação  com  (1)  enquanto  as  variedades códigos 10056 e 10087 apresentaram o menor vigor (5).  

Floração A  floração ocorreu entre os dias 06 e 17 de  Julho,  sendo que as  variedades de  floração mais precoce foram os códigos 09084 e 10077, entre 07 e 09 de Julho, enquanto a floração mais tardia se registou nas variedades códigos 09057 e 10088, ocorreu entre 13 e 17 de Julho.  

Maturação  Por  sua  vez,  a maturação  ocorreu  entre  10  e  21  de  Agosto,  sendo  a  variedade  código  10077  a mais precoce na qual a maturação ocorreu entre 08 e 10 de Agosto e a variedade código 09057 a mais tardia em que a maturação ocorreu entre 17 e 21 de Agosto.  

Colmos Partidos Não foram registados colmos partidos em qualquer variedade.  

Plantas tombadas Registaram  6  plantas  tombadas  na  variedade  código  10077,  2  na  variedade  código10078  e  1  nas variedades códigos 10039 e 10098  

Plantas com espiga As variedades 10035, 10039 e 10084 apresentaram o maior número de plantas com espiga (101) seguida das variedades 10023, 10024, 10077 e 10086 com 100 plantas com espiga. A variedade que apresentou menos plantas com espiga foi a 09057 com 93, seguida da 10078 com 97 plantas.    4.2 Resultados e análise das produções  A colheita do ensaio realizou‐se em 22 de Setembro, com a colheita de todas as variedades e apurado as produções de grão por talhão e o correspondente teor de humidade, determinando‐se posteriormente as produções de grão, que se observam no gráfico.  

 

 A  análise  sumária  do  gráfico  permite  observar  diferenças  acentuadas  de  produção  de  grão  entre  as variedades em estudo, verificamos que a variedade código 10023 apresentou a maior produção seguida da  variedade  código  10078,  enquanto  as  variedades  códigos10024  e  10056  apresentaram  as menores produções. 

Page 147: fruticultura viticultura olivicultura culturas arvenses ... · viticultura fruticultura olivicultura horticultura culturas arvenses micologia Ministério da Agricultura, Ordenamento

DRAP Centro ‐ ANUÁRIO DE EXPERIMENTAÇÃO 2010 

146

5. Ciclo FAO 400 

5.1 Observações de campo  

Vigor As  variedades  com  os  códigos  09075,  09089  e  10090  apresentaram  o maior  vigor  à  germinação  (1) enquanto as variedades com os códigos 09058 e 10043 apresentaram o menor vigor (5) Floração A floração ocorreu entre o dia 06 e 14 de Julho, sendo que na variedade código 10086 a floração ocorreu entre 06 e 10 de Julho e a variedade código 09058 com a floração mais tardia, esta ocorreu entre 13 e 16 de Julho. Maturação  A maturação ocorreu num período bem largo, entre 10 e 22 de Agosto, sendo a variedade mais precoce o código 10086 na qual a maturação ocorreu entre 09 e 14 de Agosto e para a  variedade mais  tardia o código 10043 em que a maturação ocorreu entre 21 e 22 de Agosto. Colmos Partidos Em  relação  ao  número  de  colmos  partidos,  deve  referir‐se  que  não  registaram  colmos  partidos  em qualquer das variedades.  Plantas tombadas Também  se  registaram muito  poucas  plantas  tombadas,  na  variedade  código  09089  observou‐se  em média  4  plantas  tombadas,  enquanto  nas  variedades  09058,  09074,  10018,10032,  10045  e  10090  se registou apenas 1 planta tombada e nas restantes não houve plantas tombadas. Plantas com espiga As  variedades 10076 e 10089 apresentaram o maior número de plantas  com espiga  (102)  seguida das variedades  10032,  10045,  10046  e  10088  com  101  plantas  com  espiga.  A  variedade  que  apresentou menos plantas com espiga foi a 09073 com 92, seguida da 10058 com 92 plantas com espiga.  5.2 Resultados e análise das produções  A colheita do ensaio realizou‐se em 29 de Setembro, tendo‐se colhido todas as variedades e apurado as produções de grão por talhão e o correspondente teor de humidade, determinando‐se posteriormente as produções de grão, que se observam no gráfico.  

10,00

12,00

14,00

16,00

18,00

20,00

22,00

24,00

Variedade

Prod

ução

(ton

/ha)

18,00

20,00

22,00

24,00

26,00

28,00

30,00

32,00

34,00

Hum

idad

e (%

)

Série2 Série1 

A  análise  sumária  do  gráfico  permite  observar  diferenças  acentuadas  de  produção  de  grão  entre  as variedades em estudo, na ordem dos 5750 kg/ha, verificamos que a variedade código 10073 apresentou a maior  produção,  seguida  da  variedade  código  10045,  enquanto  as  variedades  códigos10058  e  09073 apresentaram as menores produções.  

Page 148: fruticultura viticultura olivicultura culturas arvenses ... · viticultura fruticultura olivicultura horticultura culturas arvenses micologia Ministério da Agricultura, Ordenamento

DRAP Centro ‐ ANUÁRIO DE EXPERIMENTAÇÃO 2010 

147

   11. ENSAIOS DE VARIEDADES DE SORGO DA REDE NACIONAL DE ENSAIOS, EM AVEIRO         B. Saltão, Carlos Gancho    1. Justificação e Objectivos  A  realização  do  ensaio  tem  como  objectivo  principal  averiguar  se  as  novas  variedades  reúnem  as condições exigidas para a sua inscrição no Catálogo Nacional de Variedades (CNV).  

Este ensaio serve para avaliação do Valor Agronómico das Variedades de Sorgo propostas à  inscrição no Catálogo  Nacional  de  Variedades,  em  comparação  com  outras  variedades  eleitas  para  testemunha  e previamente definidas, assim como apoiar a apreciação do seu Valor de Utilização.   

 

 

 

 

       

2. Material e Métodos  O ensaio foi realizado numa parcela de terreno localizada na freguesia de Oliveirinha, concelho de Aveiro. 

O  local onde se  instalou o ensaio é um terreno com um solo franco  ‐ argiloso, de textura média, pouco ácido (pH 6,1), de fertilidade média‐alta e teor de Matéria Orgânica de 4,62 %.  

Quadro 1 – Relatório de análise de terra 

Parâmetros  Resultados  Interpretação 

Textura    Média 

pH (H2O)  ……………………………….…  6,1  Pouco ácido 

Nec. Cal           CaCO3 t/ha  …………………………………  … 0   

Fósforo              P2O5 ppm  ……………………………….. > 200  Muito alto 

Potássio               K20 ppm  …………………………………..116  Médio ‐ Alto 

Magnésio              Mg ppm  …………………………………… 48  Baixo 

Matéria orgânica    ………………………………… 4,62  Alto 

Azoto total              % N %  ……………………………….. 0,199  Médio ‐ alto  

O antecedente cultural foi uma cultura de milho para grão. 

Page 149: fruticultura viticultura olivicultura culturas arvenses ... · viticultura fruticultura olivicultura horticultura culturas arvenses micologia Ministério da Agricultura, Ordenamento

DRAP Centro ‐ ANUÁRIO DE EXPERIMENTAÇÃO 2010 

148

A  preparação  do  solo  para  a  instalação  do  ensaio  iniciou‐se  com  uma  fresagem  para  destruição  do restolho existente, seguiu‐se uma lavoura e uma nova fresagem para incorporar os fertilizantes de fundo e preparar o solo para a germinação das sementes do sorgo. 

A fertilização foi calculada em função das necessidades da cultura e de acordo com a análise de terra. Em fertilização de fundo foram usados 50 kg de sulfato de amónio 20,5%, 8 kg de sulfato de potássio 50 % e 2 kg de sulfato de magnésio 16,5%, quantidades calculadas em função da área do ensaio.  

O  delineamento  estatístico  usado  na  instalação  deste  ensaio  foi  o  de  blocos  casualizados,  com  3 repetições  e 11  variedades  (09125, 09129, 10133, 10134, 10135, 10136, 10139, 10140, 10141, 10142, 10143). 

A área útil do talhão é de 7,5 m2, formado por 6 linhas de 5,0 m cada, afastadas entre si de 0,25 m. 

Esquema do ensaio 

B    B    B  Rua     Rua     Rua 

09125    10135    10134 

Rua    Rua    Rua 

09129    10140    10135 

 Rua    Rua    Rua 

10133    10136    10143 

Rua    Rua    Rua 

10134    10139    10142 

Rua    Rua    Rua 

10135    10141    09125 

Rua    Rua    Rua 

10136    10142    10133 

Rua    Rua    Rua 

10139    09128    09129 

Rua    Rua    Rua 

10140    10143    10136 

Rua    Rua    Rua 

10141    10134    10139 

Rua    Rua    Rua 10142    09125    10140 Rua    Rua    Rua 

10143    10133    10141 

Rua    Rua    Rua B    B    B 

 

A distribuição da semente foi feita manualmente, talhão por talhão, assim como o seu enterramento. 

Quadro 2 – Datas de sementeira, emergência e colheita 

Variedades  Sementeira  Emergência  Colheita 

11  04‐05‐2010  20‐05‐2010 16‐08‐2010 30‐08‐2010 07‐09‐2010 

Page 150: fruticultura viticultura olivicultura culturas arvenses ... · viticultura fruticultura olivicultura horticultura culturas arvenses micologia Ministério da Agricultura, Ordenamento

DRAP Centro ‐ ANUÁRIO DE EXPERIMENTAÇÃO 2010 

149

 

No combate às  infestantes optou‐se por não recorrer à monda química em situação de pré‐emergência, dada a possibilidade de recorrer posteriormente, se necessário, a sacha manual.  

3. Registos  

A germinação e o desenvolvimento vegetativo das variedades de sorgo decorreram de forma regular, não se registando quaisquer tipos de ocorrências que afectassem negativamente o ensaio. Neste  período  registaram‐se  as  principais  ocorrências  no  ensaio,  no  sentido  de  caracterizar  o comportamento em campo das variedades em estudo.  

Quadro 3 ‐ Registo de observações  

  09125  09129  10133  10134  10135  10136  10139  10140  10141  10142  10143 

Nº  plantas  à emergência  93,33  79,33  95,00  74,00  94,00  82,66  96,00  81,66  146,33  101,00  67,33 

Regularidade  de emergência 

5,00  6,33  4,33  5,66  3,66  3,66  5,00  3,66  3,66  4,33  7,00 

Vigor inicial  das plantas  5,66  5,00  3,66  5,00  3,66  3,66  3,00  3,66  3,66  5,00  6,33 

 Em  relação  à  emergência,  verificou‐se  que  a  variedade  10141  apresentou  o maior  número médio  de plantas  à  emergência  com  146,33,  seguida  da  variedade  10142  com  101  plantas  e,  por  sua  vez,  a variedade 10143 apresentou o menor número de plantas com 67,33 seguida da 10134 com 74 plantas.  Em relação à regularidade de emergência, verificou‐se uma maior regularidade nas variedades 10135,10136, 10140 e 10141 com um valor médio de 4,33, enquanto a variedade 10143 apresentou uma menor regularidade na emergência com o valor médio de 7,00 seguida da variedade 09129 com 6,33.   No  que  diz  respeito  ao  vigor  inicial  das  plantas,  a  variedade  que  apresentou maior  vigor  foi  a  10139 (média de 3,00) seguida das variedades 10133, 10135, 10136,10140 e 10141 e a que apresentou menor vigor inicial foi a variedade 10143 (média de 6,33).  Na  fase  inicial do crescimento das plantas verificou‐se um ataque de  rosca que  foi controlado com um tratamento com recurso à substancia activa Lambda‐Cialotrina (Karate+).   Devido  à  escassez  de  chuva  e  de  modo  a  manter  a  humidade  do  solo  suficiente  para  suprir  as necessidades das plantas, foram feitas 7 regas entre 13 de Julho e 30 de Agosto, usando um sistema de rega por aspersão. Próximo da data de colheita ocorreram ventos mais ou menos fortes que conduziram à acama de algumas plantas, nomeadamente as variedades 10139 (variedade com maior sensibilidade à acama com cerca de 50 % das plantas acamadas), seguida das variedades 10134, 10135, 10140 e 10142. Não se registou acama das plantas nas restantes variedades.  Em  todo o  ciclo  vegetativo não  se  registou o  aparecimento de pragas  e/ou doenças  em qualquer das variedades em ensaio. Com o aproximar da época de colheita verificou‐se a presença de aves (pardais), com efeitos negativos ao nível da semente, sendo o efeito mais evidente nas variedades 09129,10133, 10136 e 10140.  

 

Page 151: fruticultura viticultura olivicultura culturas arvenses ... · viticultura fruticultura olivicultura horticultura culturas arvenses micologia Ministério da Agricultura, Ordenamento

DRAP Centro ‐ ANUÁRIO DE EXPERIMENTAÇÃO 2010 

150

 

 

4. Resultados 

Com  o  desenvolvimento  das  plantas  e  a  proximidade  da  colheita,  verificou  –  se  que  as  variedades atingiam o estado fenológico indicado para a realização do corte em datas diferentes, pelo que a colheita foi feita escalonadamente.  As 2 variedades mais precoces a  serem  colhidas  foram os  códigos 10139 e 10142,  sendo neste  caso o corte efectuado a 16 de Agosto.  No dia 30 de Agosto colheram‐se mais cinco variedades, códigos 09125, 09129, 10133, 10134 e 10135.  As restantes variedades, códigos 10136, 10140, 10141 e 10143 foram colhidas no dia 7 de Setembro.  Para avaliação da produção de forragem das variedades em estudo procedeu‐se ao corte total do talhão e pesada toda a produção.  Em  seguida  procedeu‐se  à  preparação  das  amostras,  formadas  por  3  plantas  inteiras  por  talhão, devidamente seccionadas a  fim de  facilitar a secagem em estufa com ventilação  forçada, para avaliar a matéria seca.  Os registos mais significativos nesta fase, bem como as datas de corte para cada variedade, constam nos quadros 4 e 5.  

Quadro 4 – Registo das produções por variedade e talhão (mat. verde, kg)  

Repetição Variedade 

Data de Colheita  I  II  II 

Média (t/ha) 

09125   30 Agosto  62,660  75,480  80,690  97,258 09129   30 Agosto  77,860  83,360  92,765  112,884 10133   30 Agosto  67,775  78,690  83,015  101,991 10134   30 Agosto  60,545  64,115  62,800  83,316 10135   30 Agosto  67,835  68,135  85,355  98,357 10136   07 Setembro  103,715  99,955  119,650  143,698 10139   16 Agosto  68,910  61,840  78,755  93,113 10140   07 Setembro  96,915  76,900  93,845  118,960 10141   07 Setembro  177,140  12,095  142,375  196,271 10142   16 Agosto  89,740  74,710  76,920  107,276 10143   07 Setembro  131,215  109,315  100,090  151,520 

  

Quadro 5 – Registo da mat. Verde, teor de humidade e mat. Seca  

Variedade Produção matéria verde 

(t/ha) Teor de humidade 

(%) Matéria seca 

(t/ha) 09125   97,258  71,24  28,191 09129   112,884  70,01  30,518 10133   101,991  62,96  12,525 10134   83,316  64,55  9,840 10135   98,357  62,86  12,118 10136   143,698  63,40  17,484 10139   93,113  56,76  13.462 10140   118,960  63,07  14,649 10141   196,271  68,75  20,541 10142   107,276  69,11  11,068 10143   151,520  60,87  19,609 

Page 152: fruticultura viticultura olivicultura culturas arvenses ... · viticultura fruticultura olivicultura horticultura culturas arvenses micologia Ministério da Agricultura, Ordenamento

DRAP Centro ‐ ANUÁRIO DE EXPERIMENTAÇÃO 2010 

151

   5. Análise dos resultados  As produções obtidas no ensaio estão projectadas no gráfico seguinte:                     Pela  análise  do  gráfico  e  considerando  as  produções  em matéria  seca,  deve  assinalar‐se  as  grandes diferenças entre as variedades em estudo.  

 

0,00020,00040,00060,00080,000

100,000120,000140,000160,000

9125

9129

1013

310

134

1013

510

13610

139

1014

010

141

1014

210

143

Variedade

Prod

ução

t/ha

0,00010,00020,00030,00040,00050,00060,00070,00080,000

Hum

idad

e %

Mat verde t/há Mat Seca t/há Humidade %

Page 153: fruticultura viticultura olivicultura culturas arvenses ... · viticultura fruticultura olivicultura horticultura culturas arvenses micologia Ministério da Agricultura, Ordenamento

DRAP Centro ‐ ANUÁRIO DE EXPERIMENTAÇÃO 2010 

152

 

     12. ENSAIOS DE VARIEDADES DE SORGO DA REDE NACIONAL DE ENSAIOS, PARA 

BIOMASSA, NO CEBM‐COIMBRA         Carlos Alarcão    1. Introdução e Objectivos  

Com  este  primeiro  ano  de  ensaio,  pretendeu‐se  avaliar  a  aptidão  cultural  e  produtiva  de  diferentes variedades de sorgo  forrageiro  (Sorghum ssp.) para efeitos de produção de biomassa para produção de energia,  a  fim de  apurar  se  reúnem os  requisitos para  ainscrição no Catálogo Nacional de Variedades (CNV).  No caso presente, trata‐se de plantas da família das gramíneas, com fotossíntese em C4 e, como tal, com aptidão  bem  marcada  para  produção  de  elevadas  quantidades  de  biomassa  sob  condições  de temperatura média a elevada e condições de luminosidade intensa (dias longos), com prévia referência ao facto de algumas das espécies e subespécies em ensaio possuírem algum grau de resistência à secura.   No decorrer do período correspondente ao primeiro ano de ensaio, os trabalhos de campo desenvolvidos após  a  sementeira  incluíram  registos  e  observações  de  emergência  e de  precocidade,  observação  e  o registo  periódico  do  desenvolvimento  da  cultura,  acompanhamento  das  regas,  mondas  e  outras operações  culturais, marcação  e  realização  dos  cortes,  pesagens  da  totalidade  da  produção  em  cada talhão,  recolha  e  processamento  de  amostras,  apuramento  das  produções  em  matéria  seca, determinação dos valores produtivos e tratamento gráfico dos dados.   2. Delineamento Experimental e Esquema de Campo  

Número de repetições: 3  Talhões de 7,5 m2 (6 linhas espaçadas de 0,25m x 5m de comprimento) Bordaduras (B) igualmente com 6 linhas Largura = 1,5*13+12*1 = 31,5 metros             Comprimento = 19 metros A área total do ensaio ronda 600 m2 Blocos separados por ruas de 2 metros; talhões separados por ruas de 1 metro  Número de variedades: 11 

 

Page 154: fruticultura viticultura olivicultura culturas arvenses ... · viticultura fruticultura olivicultura horticultura culturas arvenses micologia Ministério da Agricultura, Ordenamento

DRAP Centro ‐ ANUÁRIO DE EXPERIMENTAÇÃO 2010 

153

3. Dados Meteorológicos do ano de 2010 

Foram analisados os dados referentes à temperatura, precipitação, radiação global, humidade relativa e vento, registados durante todo o período em que decorreu o ensaio, ou seja, entre Maio e Setembro de 2010.  Os  dados  foram  retirados  do  site  da  Escola  Superior  Agrária  de  Coimbra  (ESAC),  com  base  os registos do posto meteorológico de Bencanta, cuja distância em  linha recta ao  local do ensaio é pouco superior a 2 Km.  

Procedeu‐se também à comparação destes dados climáticos de 2010 com os valores médios relativos a um período de referência de 30 anos recentes (1971‐2000), obtidos a partir do site oficial do Instituto de Meteorologia,  I.P. (www.meteo.pt), a fim de averiguar até que ponto o período de desenvolvimento do ciclo cultural ocorreu sob condições meteorológicas representativas (ou não) do clima “normal” da região.  

Valores da Precipitação e da Temperatura média do ar em 2010

0,0

20,0

40,0

60,0

80,0

100,0

120,0

Março Abril Maio Junho Julho Agosto Setembro

Prec

ipita

ção

(mm

)

0,0

5,0

10,0

15,0

20,0

25,0

Tem

pera

tura

(Cº)

Precipitação

Temperatura

  

Por comparação com as normais climáticas para a região, verifica‐se que a temperatura média do ar no ano de 2010 registou valores superiores à média dos verificados no período de 30 anos, para os meses de Abril  (+1,8 ºC), Maio  (+0,7 ºC),  Junho  (+0,3ºC)  Julho  (+1,0ºC) e Agosto  (+1,3 ºC). Dentro do período do ensaio, apenas o mês de Setembro decorreu com temperatura média ligeiramente inferior à normal (‐0,1 ºC), o que  confirma a  tendência para o aquecimento global que  também  já  se manifesta na  região de Coimbra.  

Page 155: fruticultura viticultura olivicultura culturas arvenses ... · viticultura fruticultura olivicultura horticultura culturas arvenses micologia Ministério da Agricultura, Ordenamento

DRAP Centro ‐ ANUÁRIO DE EXPERIMENTAÇÃO 2010 

154

O final de Maio e os primeiros dias de Junho ficaram marcados por elevada temperaturas máximas do ar (acima dos 30ºC),  situação que  se  repetiu no  final deste último mês. Também em  Julho  se  registaram algumas  vagas  de  calor  acentuadas  (períodos  com  temperaturas  máximas  acima  dos  35ºC)  e muito prolongadas, tendência que se acentuou ainda mais no decurso do mês de Agosto, alcançando‐se nestes dois meses,  valores médios  das  temperaturas máximas  diárias  de  31,4ºC  e  32,4ºC,  respectivamente. Neste  período  torna‐se  assim  fundamental  o  apoio  da  rega  para  combate  ao  stress  térmico  e  deficit hídrico vegetal.  

A respeito da precipitação, refere‐se que ela ocorreu de forma regular ao longo do Inverno, prolongando‐se pelo início da Primavera. No entanto, a situação inverteu‐se no mês em que se procedeu à instalação do  ensaio  (Maio)  e,  em  especial,  nos meses  do  Verão  (Julho,  Agosto  e  Setembro)  que  foram muito quentes e secos. No entanto, a ocorrência de algumas trovoadas de Verão, como a ocorrida no dia 31 de Agosto,  provocou  efeitos  indesejáveis  sobre  o  ensaio,  acentuando  situações  pontuais  de  acama  já existentes.  

A radiação global atingiu o seu valor máximo no mês de Julho (média diária de 27,8 MJ/m2), seguida de Junho  (25,9 MJ/m2), Maio  (24,9 MJ/m2) e de Agosto  (24,1 MJ/m2). No mês de Setembro, que coincidiu com a colheita da maior número de variedades, a radiação global atingiu o seu valor mínimo do período do ensaio (média diária de 19,6 MJ/m2).  

4. Solos: características, preparação e fertilização 

O terreno onde o presente ensaio varietal foi instalado corresponde a um Aluviosolo profundo, de textura grosseira e com bastante boa drenagem, com pH neutro, fertilidade elevada e teor de matéria orgânica de 2,84 %. O antecedente cultural foi uma forragem outono‐Invernal, propositadamente cortada um pouco antes da data prevista, a fim de se instalar este ensaio. Procedeu‐se a uma adequada mobilização do solo (a 24 de Maio) através de duas gradagens cruzadas, intercaladas por lavoura semi‐profunda (30 cm), para garantir um efectivo controlo da vegetação  infestante e também para  incorporação dos fertilizantes em fundo.   

Esta fertilização de fundo consistiu na incorporação de 50 Kg de nitromagnésio 27% e de 50 Kg de Foskapa (adubo 7:14:14), que foram aplicados numa área de 700 metros2 (onde se inseriu toda a área do ensaio), valores estes determinados em função dos resultados da análise de terra, tendo em vista compensar as exportações previstas pela remoção da massa forrageira do terreno.  

Resultados da análise química sumária de terra  

pH …………………………………………………..  6,7 

P205 (ppm) ………………………………………..  + 200 

K20 (ppm) …………………………………………  + 200 

CaO (ppm) ..…...…………………………………..  ‐ 

C‐total (%) …………………………………………  ‐ 

 

 

  Parâmetros 

N total (%) ………………………………………….  0,131 

 Face  à  elevada  fertilidade  do  solo  agrícola  em  causa  e  considerando  que  neste  período  de  ocupação cultural não seria de prever grande lixiviação de nutrientes por efeitos de precipitação, não se programou nem se realizou qualquer fertilização de cobertura ao ensaio.   

Também  se  optou  por  não  recorrer  a  monda  química  em  situação  de  pré‐emergência,  dada  a possibilidade de recorrer posteriormente (e se necessário) a mondas anuais.   

4. Técnicas utilizadas na instalação da cultura   

A sementeira foi efectuada a 26 de Maio, em 6 linhas espaçadas de 0,25 m e previamente marcadas em cada um dos 33 talhões, tendo‐se efectuado nessa altura uma distribuição homogénea da semente pelas 

Page 156: fruticultura viticultura olivicultura culturas arvenses ... · viticultura fruticultura olivicultura horticultura culturas arvenses micologia Ministério da Agricultura, Ordenamento

DRAP Centro ‐ ANUÁRIO DE EXPERIMENTAÇÃO 2010 

155

linhas e na área útil de cada talhão (5 m x 1,5 m = 7,5 m2 ). A densidade de sementeira correspondeu a 100 sementes/m2 para as variedades de sorgo (Sorghum bicolor) e híbridas com erva‐do‐Sudão (Sorghum bicolor x S. sudanense) e a 120 sementes/m2 para as variedades de erva‐do‐Sudão. 

 

Figura 1 – Pormenor da sementeira em linhas  

  

Figura 2 – A semente de cada variedade foi uniformemente distribuída pelas 6 linhas traçadas no talhão  A distribuição da semente foi feita manualmente, talhão por talhão, assim como o seu enterramento.    

5. Registos fenológicos e ocorrências ao longo do ciclo vegetativo   

Durante o período de tempo que correspondeu a este primeiro ano do ensaio, registaram‐se as principais ocorrências de campo, no sentido de  tirar  ilações quanto ao comportamento em campo das diferentes variedades, em relação com os dados meteorológicos do período considerado e outros factores.   Constatou‐se que a semana pós‐sementeira foi muito quente, designadamente entre os dias 29 de Maio (sábado)  e  2  de  Junho  (4ª  feira),  ocorrendo  um  acentuado  arrefecimento  na  semana  seguinte, acompanhado  de  chuva,  que  começou  a  cair  logo  no  fim  de  semana  de  5  e  6  de  Junho,  em  valores bastante significativos. 

Page 157: fruticultura viticultura olivicultura culturas arvenses ... · viticultura fruticultura olivicultura horticultura culturas arvenses micologia Ministério da Agricultura, Ordenamento

DRAP Centro ‐ ANUÁRIO DE EXPERIMENTAÇÃO 2010 

156

 Na  tabela  seguinte  apresentam‐se  os  primeiros  registos  e  indicações  do  grau  de  precocidade  da emergência e percentagem de falhas nas linhas e nos talhões, numa fase em que as plantas tinham entre 3 e 5 folhas.  

Repetição Variedade 

I  II  III  Média 

1  (09125)  5  1  3  3 

2  (09129)  3  1  1  1,667 

3  (09133)  3  1  1  1,667 

4  (10134)  3  3  1  2,333 

5  (10135)  3  1  1  1,667 

6  (10136)  3  1  1  1,667 

7  (10139)  3  1  1  1,667 

8  (10140)  3  1  1  1,667 

9  (10141)  3  1  1  1,667 

10  (10142)  5  1  3  3 

11  (10143)  5  1  1  2,333 

1 – muito regular     3 – bastante regular  5 – regular 7 – pouco regular 9 – irregular 

Estado 13 (três folhas)

  Muito  embora  se  registasse  a presença de  algumas  infestantes, designadamente Amaranthus,  junça  e beldroegas, não houve necessidade de se recorrer à aplicação de herbicidas, optando‐se por efectuar uma monda manual.  Efectuaram‐se  regas por aspersão mas, na 2ª semana de  Julho, ocorreu alguma acama de plantas, provocada pela falta de uniformidade da distribuição da água,  resultante das deficiências do equipamento de  rega usado. Dado o grande vigor das plantas e a sua deficiente ancoragem num solo bastante fértil e de textura ligeira, as regas passaram a efectuar‐se com maior frequências mas menores dotações e só assim foi possível consolidar o endireitamento das plantas, com excepção para as variedades 1 e 11 que foram as que apresentaram maior sensibilidade à acama, não tendo recuperado completamente.  A 23 de Agosto (2ª feira),  iniciou‐se a marcação das colheitas, que decorreram de forma escalonada, a partir de 25 deste mês,  à medida  que  as  plantas  atingiam  o  estado  fenológico  indicado  para  a  realização  do  corte  total  da biomassa  presente. Os  registos mais  significativos  nesta  fase,  bem  como  as  datas  de  corte  para  cada  variedade constam do quadro das produções obtidas.  O corte inicial das duas variedades mais precoces (números 7 e 10) efectuou‐se a 25 de Agosto. Na tarde do dia 03 de Setembro  cortaram‐se mais duas variedades, a nº 5  (código 10135) e a nº8  (10140) e  constatou‐se a presença de pardais  na  zona  do  ensaio,  situação  que  persistiu  daqui  para  a  frente,  com  algum  predomínio  para  as  duas bordaduras. Na  tarde do dia 6 e durante parte do dia 7 de Setembro ocorreu alguma precipitação na  zona de Coimbra o que, associado ao abaixamento de  temperatura, permitiu aliviar os  sintomas de algum stress hídrico na variedade mais atrasada (nº 9) então em inicio de floração. Após esta data foi suspensa a rega do ensaio.  

Page 158: fruticultura viticultura olivicultura culturas arvenses ... · viticultura fruticultura olivicultura horticultura culturas arvenses micologia Ministério da Agricultura, Ordenamento

DRAP Centro ‐ ANUÁRIO DE EXPERIMENTAÇÃO 2010 

157

                  

Figura 4 – O corte das diferentes variedades ocorreu na fase de grão leitoso 

 

Na manhã do dia 9 de Setembro (5ª feira), efectuou‐se o corte das variedades nº 2 (09129) e nº 3 (10133) e da parte da tarde foram colhidas as variedades nº 4 (10134) e nº 6 (10136), todas elas com a grão na fase ena coloração indicadas no protocolo técnico. Uma semana depois, a 16 de Setembro, efectuou‐se o corte das variedades nº 1 e nº 11  (códigos 09125 e 10143  respectivamente). A última variedade a  ser colhida foi a variedade nº 9 (código 10141), após indicação obtida da própria DGADR/ equipa técnica da Rede Nacional de Ensaios, numa fase em que cerca de metade das plantas tinha atingido a fase de grão leitoso, não se prevendo que a variedade pudesse vir a completar o ciclo.  Os registos de campo prosseguiram ao longo do mês de Julho, à medida que as plantas evoluíam no seu ciclo vegetativo e no respectivo afilhamento e, posteriormente, com o crescimento dos caules. A 26 de Julho já se constatava que as variedades 7 e 10 eram as que se encontravam mais adiantadas em qualquer dos blocos  (ou  repetições), com bastantes  inflorescências emitidas. Das  restantes, as variedades 9 e 11 eram comprovadamente as duas mais tardias.  

  

Figura 5 – Corte manual de uma das variedades em ensaio

A  produção  de  forragem  foi  totalmente  colhida  em  cada  talhão,  pesada  e  avaliada,  procedendo‐se  à constituição de amostras, na base de 3 plantas  inteiras por  talhão, devidamente  seccionadas a  fim de facilitar a perda a humidade e o seu processamento na estufa de secagem com ventilação forçada. 

Page 159: fruticultura viticultura olivicultura culturas arvenses ... · viticultura fruticultura olivicultura horticultura culturas arvenses micologia Ministério da Agricultura, Ordenamento

DRAP Centro ‐ ANUÁRIO DE EXPERIMENTAÇÃO 2010 

158

  

\   

Figura 6 – Amostra de três plantas de cada talhão à entrada para a estufa de secagem 

 

6. Análise das Produções obtidas   A colheita das várias variedades em ensaio efectuou‐se assim de  forma escalonada ao  longo do tempo, entre 25 de Agosto e 29 de Setembro. O apuramento da produção total registada neste primeiro ano de ensaio pode visualizar‐se no Gráfico seguinte.   

19,1720,55 21,31

24,97 26,34 26,87 27,08 27,9531,12

32,6934,36

05

10

15

20

25

30

35

Prod

ução

(Kg

MS/

Talh

ão)

VARIEDADES DE SORGO PARA BIOMASSA

Produção Total do 1º ano - Coimbra

Produção Média 19,17 20,55 21,31 24,97 26,34 26,87 27,08 27,95 31,12 32,69 34,36

10134 10139 10140 9125 10142 10136 10133 10135 9129 10141 10143

 O principal facto a realçar do gráfico é o registo de produções muito diferenciadas entre variedades, em resultado da respectiva espécie e duração do ciclo. Em função da análise estatística dos dados, tarefa a cargo da equipa técnica da Rede Nacional de Ensaios (DGADR) poderão retirar‐se mais ilações. 

    

Page 160: fruticultura viticultura olivicultura culturas arvenses ... · viticultura fruticultura olivicultura horticultura culturas arvenses micologia Ministério da Agricultura, Ordenamento

DRAP Centro ‐ ANUÁRIO DE EXPERIMENTAÇÃO 2010 

159

7. Conclusões e Recomendações   O facto da sementeira deste ensaio ter ocorrido duas a três semanas após o que seria a data teoricamente mais  indicada, não  terá  afectado  significativamente  a  expressão do potencial produtivo das diferentes variedades, dado que o Verão ocorreu sob condições de temperatura elevada e de boa luminosidade.   É  do  conhecimento  geral  que  a  cultura  de  sorgo  forrageiro  se  adapta  bem  a  solos  de  textura média (francos, franco‐argilosos) e mesmo de textura pesada (argilosos). Nesse aspecto, os solos da Quinta do Loreto, em Coimbra, onde foi conduzido o ensaio, não possui a textura ideal para esta cultura, por ser um solo franco‐arenoso, isto é, de textura ligeira. Este aspecto, associado à boa fertilidade da camada arável do  solo,  pode  ter  limitado  o  aprofundamento  do  sistema  radicular  das  planas  de  sorgo  e, consequentemente,  a  capacidade de  “ancoragem” das plantas,  tornando‐as  assim mais  vulneráveis  ao efeito das regas por aspersão e à acção combinada da chuva e vento fortes, potencialmente provocadoras da acama.   Dada a altura atingida pelas plantas de várias variedades, foi necessário proceder a sucessivas adaptações elevatória num sistema de rega já obsoleto e que não garante a desejável uniformidade da distribuição da rega pelos vários talhões. Trata‐se de um aspecto a rever atempadamente antes da instalação do 2º ano de ensaio previsto para 2011.     

Page 161: fruticultura viticultura olivicultura culturas arvenses ... · viticultura fruticultura olivicultura horticultura culturas arvenses micologia Ministério da Agricultura, Ordenamento

DRAP Centro ‐ ANUÁRIO DE EXPERIMENTAÇÃO 2010 

160

 13. Ensaios de Variedades de luzerna vivaz da Rede Nacional de Ensaios, em regadio,         no CEBM‐Coimbra         Carlos Alarcão  

1. Introdução e objectivos  O  ano  de  2010  correspondeu  ao  segundo  ano  deste  ensaio,  através  do  qual  foi  avaliado  o  potencial agronómico de uma nova variedade de  luzerna vivaz  (Medicago sativa L.), com o objectivo  final da sua inscrição  no  Catálogo Nacional  de  Variedades  (CNV).  Foi  nesse  sentido  que  foi  dada  continuidade  ao ensaio de  campo  inicialmente  instalado  em Outubro de  2008 na Quinta do  Loreto,  em Coimbra, para análise do Valor Agronómico e de Utilização (VAU) e também da Distinção Homogeneidade e Estabilidade (DHE).   A inscrição de novas variedades de luzerna vivaz, no Catálogo Nacional vem reforçar a panóplia de opções disponíveis, cada vez mais produtivas e resistentes a factores limitativos da produção, para uso por parte dos agentes económicos do sector, mais concretamente dos empresários do sector agro‐pecuário.   A  cultura  da  luzerna  vivaz  (Medicago  sativa  L.),  explora  uma  espécie  forrageira  da  família  das leguminosas,  com  aptidão  bem marcada  para  produção  de  erva  de  elevada  qualidade,  explorada  em regime de vários cortes ao  longo do ano. A  forragem pode ser consumida em verde ou sob a  forma de feno, estando também em crescente utilização os grandes fardos de luzerna desidratada e as “pelettes  No  decorrer  do  período  coberto  pelo  presente  relatório  anual,  que  corresponde  ao  segundo  ano  de ensaio, os trabalhos de campo desenvolvidos  incluíram: registos e observações de persistência  invernal, precocidade de rebrote, desenvolvimento sazonal da cultura, regas e outras operações culturais, cortes, pesagens e recolha de amostras, apuramento e tratamento dos dados produtivos.  2. Delineamento do Endaio e Esquema de Campo   A instalação inicial do ensaio com esta espécie forrageira perene ocorreu através de sementeira efectuada a 22 de Outubro de 2008, na forma de 8 linhas (espaçadas de 0,25 m) previamente marcadas em cada um dos 24  talhões,  após  a  correspondente  fertilização de  fundo. O  esquema de  campo  corresponde  ao o diagrama que seguidamente se apresenta.  

Talhão 24 Verko

Talhão 23 Alcanar

Talhão 22 Venus

Talhão 21 Siriver

Talhão 15 Plato

Talhão 10 Alcanar

Talhão 20 08097

Talhão 5 Verko

Talhão 19 Plato

Talhão 14 Alcanar

Talhão 9 Verko

Talhão 4 08097

Talhão 18 08097

Talhão 13 08097

Talhão 8 Verko

Talhão3 Venus

Talhão 17 Venus

Talhão 12 Siriver

Talhão 7 Venus

Talhão 2 Siriver

Talhão 16 Siriver

Talhão 11 Plato

Talhão 6 Plato

Talhão1 Alcanar

Page 162: fruticultura viticultura olivicultura culturas arvenses ... · viticultura fruticultura olivicultura horticultura culturas arvenses micologia Ministério da Agricultura, Ordenamento

DRAP Centro ‐ ANUÁRIO DE EXPERIMENTAÇÃO 2010 

161

3. Dados meteorológicos do ano de 2010   

Analisaram‐se os dados da  temperatura, precipitação, humidade e vento,  registados durante o período em deste  segundo ano de ensaio, entre  Janeiro a Outubro de 2010, mês de  realização do 5º e último corte.  Os  dados  foram  retirados  do  site  da  Escola  Superior  Agrária  de  Coimbra  (ESAC),  com  base  os registos do posto meteorológico de Bencanta, cuja distância em  linha recta ao  local do ensaio é pouco superior a 2 Km. 

Valores da Precipitação e da Temperatura média do ar em 2010

0,0

20,0

40,0

60,0

80,0

100,0

120,0

140,0

160,0

Jane

iro

Fevere

iro

Março

Abril

MaioJu

nho

Julho

Agosto

Setembro

Outubro

Prec

ipita

ção

(mm

)

0,0

5,0

10,0

15,0

20,0

25,0

Tem

pera

tura

(Cº)

Precipitação

Temperatura

Os  três primeiros meses de 2010  foram  francamente pluviosos, com a precipitação a ocorrer de  forma regular ao  longo dos dias. Esta  tendência prolongou‐se pelo  início da Primavera, o que  fez com que as regas só se iniciassem após a realização do 1º corte, a 28 de Abril, intensificando‐se ao longo do mês de Maio.  Em Julho registaram‐se algumas vagas de calor acentuadas (períodos com temperaturas máximas acima dos 35 ºC) e muito prolongadas,  tendência que se acentuou ainda mais no decurso do mês de Agosto, registando‐se  nestes  dois  meses,  valores  médios  mensais  das  temperaturas  máximas  (registadas diariamente) de 31,4º C e 32,4º C, respectivamente. Neste período revelou‐se assim fundamental o apoio efectivo da rega para combate ao stress térmico e ao deficit hídrico vegetal.  Por comparação com as normais climáticas para a região num período de referência de 30 anos recentes (1971‐2000), disponíveis no  site oficial do  Instituto de Meteorologia,  I.P.  (www.meteo.pt),  verificou‐se que  a  temperatura média  do  ar  no  ano  de  2010  registou  valores  ligeiramente  inferiores  à média  nos meses de Fevereiro, Março e Outubro e valores  superiores à média nos meses de Abril, Maio,  Julho e Agosto.  Em síntese, o  Inverno foi bastante mais pluvioso que a média do período de referência,  invertendo‐se a situação em Maio e, em especial, nos meses do Verão (Julho, Agosto e Setembro) que foram quentes e secos. A precipitação global ocorrida no mês de Outubro (148,2 mm) foi mais elevado do que a média dos 30 anos de referência, mas deve ressalvar‐se o facto de 73,6 mm terem sido registados nos dias 29, 30 e 31 de Outubro, isto é, já após a data de realização do 5º e último corte do ensaio. 

Page 163: fruticultura viticultura olivicultura culturas arvenses ... · viticultura fruticultura olivicultura horticultura culturas arvenses micologia Ministério da Agricultura, Ordenamento

DRAP Centro ‐ ANUÁRIO DE EXPERIMENTAÇÃO 2010 

162

4. Solos: Preparação, Fertilização e Características   O  terreno  onde  o  ensaio  se  encontra  instalado  desde Outubro de  2008  corresponde  a  um Aluviosolo profundo, de textura grosseira e com bastante boa drenagem, com pH neutro, fertilidade elevada e teor de matéria orgânica de 2,84 %.  

Resultados da análise química sumária de terra à instalação  

pH …………………………………………………..  6,7 

P205 (ppm) ………………………………………..  + 200 

K20 (ppm) …………………………………………  + 200 

CaO (ppm) ..…...…………………………………..  ‐ 

C‐total (%) …………………………………………  ‐ 

Química 

N total (%) ………………………………………….  0,131 

 Face à elevada fertilidade natural do solo agrícola, não foi efectuada qualquer fertilização no decorrer do ano.   5. Técnicas utilizadas na Condução da Cultura     Em  relação  às  referências  regionais  e  tal  como  referido  em  anteriores  relatórios,  o  ensaio  pode  ser considerado bastante representativo da cultura e da sua importância agronómica para a região.   Foi instalada uma vedação protectora em malha de rede plástica, ainda no primeiro mês do crescimento vegetativo,  para  minimizar  os  danos  causados  por  roedores  e  assegurar  a  fiabilidade  dos  dados  e correspondente validação do ensaio. No entanto, foi bastante gravoso e de difícil controlo o ataque por rato cego à zona do colo das plantas (a zona de acumulação das reservas de hidratos de carbono), sendo notória a presença das galerias escavadas por esta espécie animal, bem como de plantas roídas na zona do colo e zona radicular adjacente, levando à morte e perda de algumas plantas ao longo do período de repouso  vegetativo.  Esta praga marca presença  assídua um pouco por  todo o Vale o Baixo Mondego, especialmene em anos de Inverno mais pluvioso.  A produção de forragem foi totalmente colhida em cada talhão e avaliada para cada um dos cinco cortes efectuados,  de  acordo  com  critérios  de  desenvolvimento  fenológico  das  plantas  em  cultivo,  mais concretamente  ao  atingir‐se  a  fase da plena  floração. Utilizou‐se uma  gadanheira  com barra de  corte, aproveitando‐se a totalidade das linhas semeadas, ou seja, toda a área útil do talhão.  6. Registos fenológicos e ocorrências ao longo do ciclo vegetativo   Os  primeiros  registos  efectuados  no  fim  de  Inverno/início  da  Primavera  forneceram  indicações importantes  quanto  ao  grau  de  precocidade  e  de  resposta  do  primeiro  rebrote  após  o  período  de dormência invernal.   Em termos de aparecimento da primeira floração, um primeiro grupo constituído pelas variedades Verko e  Siriver  iniciou  a  floração  ainda  no  fim  primeira  quinzena  do mês  de Abril. No  entanto,  as  restantes quatro variedades responderam de forma bastante aproximada, razão pela qual se optou por efectuar o corte inicial de todas as variedades em ensaio no dia 28 desse mês.  

 

Page 164: fruticultura viticultura olivicultura culturas arvenses ... · viticultura fruticultura olivicultura horticultura culturas arvenses micologia Ministério da Agricultura, Ordenamento

DRAP Centro ‐ ANUÁRIO DE EXPERIMENTAÇÃO 2010 

163

Observações de precocidade no campo de ensaio de luzernas vivazes de regadio  

N° Talhão  Variedade Altura plantas (cm) 

a 15 de Março Início da 1ª Floração  Plena 1ª Floração 

1  Alcanar  30   20 Abril  26 Abril 

2  Siriver  35   15 Abril  22 Abril 

3  Venus  25  21 Abril  26 Abril 

4  08097  25  19 Abril  26 Abril 

5  Verko  35  16 Abril  22 Abril 

6  Plato  20   22 Abril  27 Abril 

7  Venus  20  21 Abril  26 Abril 

8  Verko  30  16 Abril  23 Abril 

9  Verko  25  16 Abril  23 Abril 

10  Alcanar  35  19 Abril  26 Abril 

11  Plato  20  21 Abril  27 Abril 

12  Siriver  35  16 Abril  22 Abril 

13  08097  30  19 Abril  26 Abril 

14  Alcanar  30  19 Abril  26 Abril 

15  Plato  15  21 Abril  28 Abril 

16  Siriver  30  15 Abril  21 Abril 

17  Venus  25  20 Abril  26 Abril 

18  08097  20  20 Abril  26 Abril 

19  Plato  15  22 Abril  28 Abril 

20  08097  20  22 Abril  27 Abril 

21  Siriver  30  16 Abril  22 Abril 

22  Venus  25  21 Abril  27 Abril 

23  Alcanar  35  20 Abril  26 Abril 

24  Verko  35  16 Abril  23 Abril 

 

 

 

 

 

A floração (Figura 1) ocorreu em reposta aos dias mais longos do início da Primavera e representa a fase mais indicada para se efectuar o corte e aproveitamento da forragem. 

Figura 1 – Visão de pormenor da fase de floração da luzerna vivaz 

Page 165: fruticultura viticultura olivicultura culturas arvenses ... · viticultura fruticultura olivicultura horticultura culturas arvenses micologia Ministério da Agricultura, Ordenamento

DRAP Centro ‐ ANUÁRIO DE EXPERIMENTAÇÃO 2010 

164

23,3222,56 22,78

23,63

18,28

23,84

0

5

10

15

20

25

30

Prod

ução

(Kg

MS/

ha)

VERKO VENUS SIRIVER PLATO ALCANAR Código08097

VARIEDADES

Produção Total do 2º ano - Coimbra

7. Cortes realizados e análise das produções obtidas   

O 1º corte efectuou‐se como foi referido a 28 de Abril, com uma antecipação em cerca de 2 a 3 semanas, relativamente  à  data  do  1º  cote  no  ano  anterior  (2009  ou  ano  de  pós‐instalação).  As  plantas  foram cortadas  a  cerca  de  4  cm  ao  solo  e  teve  lugar  um  “repasse” manual  com  foice,  para  garantir  o  total aproveitamento da erva de cada talhão. Logo após o corte, foi possível constatar a extensão das galerias provocadas  pelos  ataques  de  rato  cego.  Num  ou  noutro  talhão  a  própria  passagem  da  gadanheira provocou o arranque de plantas enfraquecidas ou já mortas por tais ataques.  

O 2º corte do ensaio  foi  realizado a 16 de  Junho, quando  todas as variedades  tinham atingido a plena floração, registando‐se (ainda que muito pontualmente e por força de condições climáticas anormais) o início da formação de vagens em inflorescências das camadas inferiores das variedades Verko” e “Siriver”. O 3º corte ocorreu no dia 23 de  Julho, após a  realização das  indispensáveis  regas ao ensaio neste mês extremamente quente e seco, em condições bastante análogas às ocorridas para o corte anterior.  

 

Figura 2 – Aspecto do rebrote nas linhas, após a realização do 3º corte 

 

As observações e registos de campo foram retomadas a 23 de Agosto e o 4º corte efectuou‐se a 27 de Agosto. Tal  como nos anteriores  cortes, a  cultura  foi  regada  logo após a operação. Finalmente, o 5º e último corte efectuou‐se a 26 de Outubro, constatando‐se que as produções se ressentiram do facto de alguns talhões estarem bastante fracos por acção de alguns agentes bióticos.  

A  evolução  da  cultura  e  do  seu  estado  fenológico  registou  uma  relativa  uniformização  entre  as  6 variedades, viabilizando assim a realização de cinco cortes no ensaio, à semelhança do ocorrido em 2009. O apuramento da produção  total, obtida pelo somatório das produções destes cinco cortes efectuados pode visualizar‐se no Gráfico seguinte. 

 

 

 

      

Page 166: fruticultura viticultura olivicultura culturas arvenses ... · viticultura fruticultura olivicultura horticultura culturas arvenses micologia Ministério da Agricultura, Ordenamento

DRAP Centro ‐ ANUÁRIO DE EXPERIMENTAÇÃO 2010 

165

O primeiro facto a realçar é o registo de produções superiores às do 1º ano, aumento este que ocorreu em todos os tratamentos (variedades) e que em termos médios correspondeu a 1,64 toneladas de MS/ha. Neste aspecto, o aumento mais significativo foi obtido pela variedade codificada (2,831 ton Ms/ha ou 11,8 %) e o menor aumento foi registado pela variedade Siriver, com um diferencial de 0,776 Ton Ms/ha (ou 3,4 %).  Também se constata a continuação da tendência de menor capacidade produtiva por parte da variedade “Alcanar”, cuja produção total, apesar de ter aumentado 0,947 ton MS/ha   do primeiro para o segundo ano do ensaio, produziu menos 4,28 a 5,56 toneladas de MS/ha, relativamente às restantes.   Neste ano de 2010, a variedade em  código,  candidata à  inclusão no Catálogo Nacional, ultrapassou as demais,  sendo que  também  a  variedades Verko, Vénus,  Siriver  e Plato mantiveram  valores produtivos francamente elevados.   Quanto à distribuição sazonal da produção ao longo da época de crescimento, a mesma está representada no  gráfico  seguinte. Numa  análise da  repartição da produção  forrageira pelos  cinco  cortes praticados, destaca‐se o  facto das maiores produtividades  terem sido registadas no 2º e no 3º cortes, com valores médios de 5,447 e 5,151 ton MS/ha, respectivamente, ao contrário do sucedido no ano anterior, em que o máximo da produção  foi alcançado no 4º corte, efectuado  já em  finais do Verão  (10 de Setembro de 2009).  8. Conclusões e Recomendações   Pelas  características  físicas  e  químicas  dos  solos  da  Quinta  do  Loreto,  especialmente  pela  sua  boa drenagem, valor de pH neutro e elevada fertilidade, pode afirmar‐se que a  luzerna vivaz, conduzida em regadio,  faz  aqui  jus  à  expressão  de  “rainha  das  plantas  forrageiras”.  De  facto,  a  cultura  da  luzerna encontra na zona de Coimbra e no Vale do Baixo Mondego e seus afluentes, algumas manchas de solos que  lhe possibilitam a obtenção de elevadas produções de erva de alta qualidade,  revelando‐se assim, perfeitamente adequado o local escolhido pela DRAPCentro para realizar o ensaio solicitado pela DGADR relativamente a esta espécie forrageira.  Muito  embora  a  actividade  pecuária  associada  à  exploração  de  animais  ruminantes  não  assuma presentemente uma importância tão relevante como a que já teve há poucas décadas atrás nesta região, constata‐se, por outro lado, que a criação de cavalos de desporto e para lazer tem vindo a reforçar a sua expressão  no  Vale  do  Baixo  Mondego.  Isto  representa  um  mercado  local  ou  regional  de  criadores particularmente  interessados  em  adquirir  feno  de  luzerna,  pela  sua  elevada  qualidade  e  adequação  à criação e exploração de equídeos.  Os  resultados  obtidos  no  1º  ano  do  ensaio  e  que  constam  do  respectivo  relatório  anual  (2009), reflectiram,  os  diversos  condicionalismos  de  instalação  e  desenvolvimento  inicial  de  um  luzernal  para produção forrageira a partir de cortes múltiplos (desenvolvimento das plântulas, efeitos das geadas e das baixas temperaturas, desenvolvimento radicular e adaptação às condições de humidade do solo, etc…).   Neste  2º  ano  de  ensaio,  que  corresponde  a  uma  fase  de  adaptação  já  bem  alcançada  e  de  certa estabilidade produtiva, pode afirmar‐se que o ensaio decorreu com normalidade, permitindo a obtenção de dados produtivos fiáveis e dentro dos coeficientes de variação recomendados.  Deste  modo,  foi  possível  proceder  já  em  2011  à  inscrição  no  Catálogo  Nacional  (CNV)  desta  nova variedade de luzerna, após a respectiva descodificação. A nova variedade, conforme consta do Despacho nº 3163/2011, da DGADR, publicado em Diário da República, 2ª Série, Nº 33, páginas 8210 a 8212, de 16 de  Fevereiro,  ecebe  a  designação  “Ascend”,  sendo  responsável  pela  sua  manutenção  a  empresa americana Cal  West Seeds,  

 

 

Page 167: fruticultura viticultura olivicultura culturas arvenses ... · viticultura fruticultura olivicultura horticultura culturas arvenses micologia Ministério da Agricultura, Ordenamento

DRAP Centro ‐ ANUÁRIO DE EXPERIMENTAÇÃO 2010 

166

 

VI. OUTRAS CULTURAS – COGUMELOS 

 

1. EVOLUÇÃO DA CAPACIDADE PRODUTIVA DE POVOAMENTOS FLORESTAIS     INOCULADOS COM ESPÉCIES DE COGUMELOS COMESTÍVEIS      José Luís Gravito Henriques 

  1. Introdução  Algumas espécies de cogumelos  silvestres comestíveis começam a  suscitar muito  interesse pelo  seu alto valor gastronómico e potencial comercial.  

A  reconversão  de  alguns  terrenos  com  utilização  agrícola  para  floresta  não  possibilita,  à  partida,  a disponibilidade dos solos em  inóculos de fungos micorrizicos, o que naturalmente dificulta a produção de alguns cogumelos com muita procura na região.  

 No  sentido de obviar a este problema, a Associação Florestal da Beira  Interior no Outono de 2007 deu inicio  a  um  processo  de  introdução  de  alguns  fungos  produtores  de  cogumelos  comestíveis  em povoamentos  florestais  implantados  nos  últimos  10  a  15anos,  pretendendo‐se  com  esta  operação antecipar e aumentar a produção de cogumelos das espécies introduzidas artificialmente.  

A partir de 2008 a AFLOBEI em colaboração com a DRAPC vêm acompanhando a evolução da diversidade fúngica destes povoamentos florestais. Para além de se contabilizar o número de carpóforos da espécie em avaliação,  tem‐se  feito  a  inventariação  das  espécies  para  uma  futura  análise  comparativa,  dos  campos inoculados com os campos testemunha onde não foram incorporados inóculos.   

Os dados referem‐se ao ano de 2010 e são apresentados ao nível da área total do campo.   2. Metodologia  Delimitação a cordel de 2 campos numa superfície florestal, um sujeito a inoculação (campo de avaliação) e outro  não  (campo  de  observação),  com  uma  área  total  de  300m2  (30x10m),  seccionados  em  6 talhões/repetições (5x10m).   

Acompanhamento semanal das parcelas e registo dos dados observados, durante os meses de Outubro e Novembro.  

Avaliação da produção através da contabilização dos carpóforos.  

 3. Resultados  3.1 Carvalho americano; 18 anos de  idade; Compasso 4,5x3m;  Inóculo de Boletus  spp.;   Valverdinho  ‐ Sabugal.  

 

 

 

 

 

Obs: Não se observou produção de Boletus spp. no campo de avaliação nem no campo de observação. 

Quadro I ‐ Produção semanal e total do campo de observação SEMANA  TOTAL 

ESPÉCIE 28/10 4/11 11/11 18/11 25/11 5 

Amanita muscaria  9  17  9  10  2  47 Inocybe sp.     5    3    8 Laccaria laccata        28  18  46 Paxillus involotus    3        3 

Total  4  9  25  9  41  20  104 

Page 168: fruticultura viticultura olivicultura culturas arvenses ... · viticultura fruticultura olivicultura horticultura culturas arvenses micologia Ministério da Agricultura, Ordenamento

DRAP Centro ‐ ANUÁRIO DE EXPERIMENTAÇÃO 2010 

167

 

Quadro II ‐ Produção semanal e total do campo de avaliação  

       3.2 Carvalho americano; 15 anos de idade; Compasso 6x3m; Inóculo de Boletus spp.;  Ferro ‐ Covilhã.      

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 Obs:  Não  se  observou  produção  de  Boletus  spp.  no  campo  de  avaliação  nem  no campo de observação. 

 3.3 Pinheiro bravo; 19 anos de idade; Compasso 4x1,5m; Inóculo de Lactarius deliciosus; Ferro ‐ Covilhã. 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

   

SEMANA  TOTAL ESPÉCIE 

14/10 28/10 4/11 3Amanita muscaria    1  4  5 Marasmius sp.  3      3 

Total  2  3  1  4  8 

Quadro III ‐ Produção semanal e total do campo de observação SEMANA  TOTAL 

ESPÉCIE 28/10 4/11 11/11 18/11 25/11 5 

Inocybe sp.    1        1 Laccaria laccata  15  107  136  100  59  417 Pisolithus tinctorius  1      1    2 

Total  3  16  108  136  101  59  420 

Quadro IV ‐ Produção semanal e total do campo de avaliaçãoSEMANA  TOTAL 

ESPÉCIE 28/10 4/11 11/11 18/11 25/11  5 

Amanita gioiosa  10          10 Amanita muscaria  1  10  7  15  10  43 Hebeloma crustiliniforme        1    1 Inocybe sp.        5    5 Laccaria laccata    16  128  229  95  468 Rhizopogon luteolus        2    2 Russula amoenelens      4      4 Lactarius deliciosus          1  1 

Total  8  11  26  139  252  106  534 

Quadro V ‐ Produção semanal e total do campo de observaçãoSEMANA  TOTAL 

ESPÉCIE 4.11 11.11 18.11 25.11 4

Calocera cornea      8    8 Collybia butyracea        2  2 Laccaria laccata      12  2  14 Lactarius deliciosus      3  2  5 Marasmius androsaceus  80    30    110 Russula olivacea    6  57  30  93 Russula sardonia      21  22  43 Tricholoma portentosum      1    1 

Total  8  80  6  132  58  276 

Page 169: fruticultura viticultura olivicultura culturas arvenses ... · viticultura fruticultura olivicultura horticultura culturas arvenses micologia Ministério da Agricultura, Ordenamento

DRAP Centro ‐ ANUÁRIO DE EXPERIMENTAÇÃO 2010 

168

   

              

  

Obs:  Não  se  observou  produção  de  Lactarius  deliciosus  no  campo  de  avaliação  nem  no  campo  de observação.   3.4 ‐ Pinheiro manso; 17 anos de idade; Compasso 6x6m; Inóculo de Lactarius deliciosus; Monte Fidalgo ‐ Castelo Branco. 

      

    

   

 Obs:  Não  se  observou  produção  de  Lactarius  deliciosus  no  campo  de  avaliação  nem  no  campo  de observação. 

   

Quadro VI ‐ Produção semanal e total do campo de avaliação

SEMANA  TOTAL ESPÉCIE 28.10 4.11 11.11 18.11 25.11 5 

Collybia butyracea      1    1  2 Galerina sp.        4    4 Laccaria laccata  18  11  4      33 Lactarius deliciosus      2  3  2  7 Marasmius androsaceus        23    23 Mycena seynisii    6    30    6 Russula olivacea      46  83  30  159 Russula sardonia    2  7  29  28  66 Suillus bellinii      3      3 Tricholoma equestre      9  7  5  21 

Total  10  18  19  72  149  66  324 

Quadro VII ‐ Produção semanal e total do campo de observação 

SEMANA  TOTAL ESPÉCIE 

14.10 4.11 18.11 25.11 4 Collybia dryophila  1    14  7  22 Laccaria laccata        12  12 Lycoperdon perlatum    1  3  2  6 Pholiota sp.    2  8  2  12 

Total  4  1  3  25  23  52 

Quadro VIII ‐ Produção semanal e total do campo de avaliação 

SEMANA  TOTAL ESPÉCIE 

14.10 4.11 18.11 25.11 4 Collybia butyracea      1  2  3 Collybia dryophila  26  65  13  5  109 Galerina sp.      1  2  3 Hypholoma fasciculare        8  8 Inocybe sp.        1  1 Mycena pura      11    11 Pholiota sp.      28    28 Russula foetens        2  2 Vascelum pratense      2    2 Pulveroboletus hemichrysus  2        2 Fuligo septica  1        1 

Total  11  29  65  56  20  170 

Page 170: fruticultura viticultura olivicultura culturas arvenses ... · viticultura fruticultura olivicultura horticultura culturas arvenses micologia Ministério da Agricultura, Ordenamento

DRAP Centro ‐ ANUÁRIO DE EXPERIMENTAÇÃO 2010 

169

  

3.5 ‐ Sobreiro; 17 anos de idade; Compasso 6x6m; Inóculo de Boletus spp.; Monte Fidalgo ‐ Castelo Branco.  

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

        Obs: Não se observou produção de Boletus spp. no campo de observação. Registou‐se apenas 1 carpóforo de  Boletus  spretus  no  campo  de  avaliação,  mas  esta  espécie  não  integra  as  espécies  comestíveis inoculadas.  

 

4. Considerações finais 

 Os dados anuais serão objecto de análise conjunta após 4 a 5 anos de acompanhamento. No que se refere 

a este ano, não se verificou qualquer  influência adicional na produção de cogumelos comestíveis com a 

prática da inoculação.  

Das espécies  introduzidas apenas se registou a produção de Lactarius deliciosus no campo de avaliação 

em pinheiro bravo, mas tal também se verificou, embora em menor número, no campo não inoculado.  

A  fraca diversidade  fúngica observada neste ano  tem a ver com as características do solo mas  também 

com o ano pouco favorável em termos de pluviosidade, nos meses de Setembro, Outubro e Novembro. 

 

Quadro IX ‐ Produção semanal e total do campo de observação 

SEMANA  TOTAL ESPÉCIE 

11.11 18.11 25.11 3 Collybia dryophila    6    6 Inocybe sp.  6      6 Laccaria laccata    39  21  60 Pisolithus tinctorius    1    1 Psathyrella marcesbilis  8      8 Russula amoenelens    8    8 

Total  6  14  54  21  89 

Quadro X ‐ Produção semanal e total do campo de observação 

SEMANA  TOTAL ESPÉCIE 

4.11 11.11 18.11 25.11 4 Amanita muscaria      1  1  2 Boletus spretus    1      1 Collybia dryophila      5    5 Cortinarius sp.        5  5 Hebeloma crustiliniforme      5    5 Inocybe sp.    14  13  7  34 Laccaria laccata    22  98  52  172 Lactarius sp.        10  10 Panaeolus sp.      12    12 Pisolithus tinctorius    4      4 Psathyrella marcesbilis    14  1    15 Russula amoenelens  4  54  71  37  166 

Total  12  4  109  206  112  431 

Page 171: fruticultura viticultura olivicultura culturas arvenses ... · viticultura fruticultura olivicultura horticultura culturas arvenses micologia Ministério da Agricultura, Ordenamento

DRAP Centro ‐ ANUÁRIO DE EXPERIMENTAÇÃO 2010 

170

 

 

 

 

2. PRODUÇÃO E DIVERSIDADE DE COGUMELOS SILVESTRES       José Luís Gravito Henriques 

 

1. Introdução   Desde há alguns anos que se vêm acompanhando áreas agro‐florestais no sentido de avaliar a capacidade produtiva  de  alguns  cogumelos  comestíveis,  a  diversidade  fúngica  de  determinados  habitats  e  as influências  positivas  que  os  fungos micorrizicos  podem  associar  ao  nível  dos  aspectos  sanitários  e  da produção de algumas espécies arbóreas.   

Os estudos de Outono desenvolvem‐se no que se considera a época normal de produção de cogumelos na nossa  região,  ou  seja  nos  meses  de  Outubro  e  Novembro,  embora  haja  anos  em  que,  por  razões climáticas,  alguma  produção  com  interesse  se  possa  iniciar  ou  prolongar  um  pouco  para  além  destes meses. Mantém‐se este período  fixo de  acompanhamento  semanal, para  futuramente  se  realizar uma análise comparativa ao longo dos anos.  

Aproveitando o  acompanhamento  das  área  em  estudo  tem‐se  também  procedido,  quando possível,  a uma inventariação ao nível do concelho, das espécies de fungos e de mixomicetas observadas.  

Os  dados  aqui  apresentados  referem‐se  aos  dados  registados  em  alguns  campos  de  observação apresentados no contexto da área total e ao  inventário das espécies  identificadas esporadicamente nos locais e itinerários adjacentes.   2. Metodologia  Delimitação a cordel de 2 campos em povoamentos adultos, um sujeito à apanha dos carpóforos (campo de avaliação) e outro não (campo de observação), com uma área total variável com as condições  locais, seccionados em 6 talhões/repetições.   

Acompanhamento semanal das parcelas e registo dos dados observados, durante os meses de Outubro e Novembro.  

Avaliação da produção através da contabilização dos carpóforos.  

 

Page 172: fruticultura viticultura olivicultura culturas arvenses ... · viticultura fruticultura olivicultura horticultura culturas arvenses micologia Ministério da Agricultura, Ordenamento

DRAP Centro ‐ ANUÁRIO DE EXPERIMENTAÇÃO 2010 

171

3. Resultados  3.1 ‐ Castanheiro; Área ‐ 576 m2; Prospeção de Boletus spp.; Martim Rei ‐ Sabugal  

 

 

 

 

 

   

 Obs: Não se observou produção de Boletus spp., no campo de observação. 

 3.2 Carvalho; Área ‐ 200 m2; Prospeção de Boletus spp.; Quinta da Maunça ‐ Guarda  

 

 

 

 

 

 Obs: Não se observou produção de Boletus spp., no campo de observação. 

 

3.3 ‐ Pinheiro bravo; Área ‐ 300 m2; Prospeção de Boletus spp.; Cabeça – Seia 

 

 

 

 

 

 

 

 

Obs: Não se observou produção de Boletus spp. no campo de observação. 

 

 

 

Quadro I ‐ Produção semanal e total do campo de observação 

SEMANA  TOTAL  ESPÉCIE  5.11 12.11 19.11 26.11 4 

Collybia dryophila  12        12 

Hebeloma crustiliniforme  80  89  82  27  278 

Hypholoma fasciculare  15  18      33 

Marasmius quercophilus      90    90 

Mycena sp.      2    2 

Stropharia coronilla      2    2 

Tricholoma acerbum      3    3 

TOTAL  7  107  107  179  27  420 

Quadro II ‐ Produção semanal e total do campo de observação 

SEMANA  TOTAL ESPÉCIE 

12.11 19.11 26.11 3Psathyrella piluliformis    8    8 

Coprinus sp.    4    4 

Macrolepiota procera  1    1  2 

TOTAL  3  1  12  1  14 

Quadro III ‐ Produção semanal e total do campo de observação 

SEMANA  TOTAL ESPÉCIE 

27.10 3.11 10.11 17.11 24.11 5 Amanita rubescens          1  1 

Dacrymyces stillatus      8  3    11 

Hypholoma fasciculare  2  4        6 

Laccaria laccata          2  2 Marasmius androsaceus 

    23      23 

Mycena seynesii      3      3 

TOTAL  6  2  4  34  3  3  46 

Page 173: fruticultura viticultura olivicultura culturas arvenses ... · viticultura fruticultura olivicultura horticultura culturas arvenses micologia Ministério da Agricultura, Ordenamento

DRAP Centro ‐ ANUÁRIO DE EXPERIMENTAÇÃO 2010 

172

3.4  Pinheiro silvestre; Área ‐ 100m2; Prospeção de Hydnum repandum; Folgosinho ‐ Gouveia 

Obs: Não se observou produção de Hydnum repandum no campo de observação.  

3.5 ‐ Bétula; Área ‐ 300m2; Prospeção de Boletus spp.; Folgosinho ‐ Gouveia  

 

Obs: Não se observou produção de Boletus spp. no campo de observação.  3.6 ‐ Pinheiro negro; Área ‐ 150m2; Prospeção de Tricholoma portentosum; Folgosinho ‐ Gouveia 

Obs: Registaram‐se apenas 2 carpóforos de Tricholoma portentosum no campo de observação.  

Quadro IV ‐ Produção semanal e total do campo de observação 

SEMANA  TOTAL ESPÉCIE 

8.10 15.10 20.10 3.11 10.11 17.11 24.11  7 Amanita rubescens          4      4 Clitopilus prunulus          4      4 Collybia butyracea            2    2 Cortinarius sp.        2        2 Flamulina velutipes              5  5 Hygrophoropsis aurantiaca  2  7  1  1        11 Hygrophorus hypothejus          1      1 Hypholoma fasciculare            3    3 Lactarius rufus            5  6  11 Russula badia    2    1        3 Suillus luteus    3    2  4      9 

TOTAL  11  2  12  1  6  13  10  11  55 

Quadro V ‐ Produção semanal e total do campo de observação 

SEMANA  TOTAL ESPÉCIE 

8.10  15.10 20.10 27.10 3.11 10.11 17.11 24.11  8 Amanita muscaria          1        1 Amanita rubescens        1          1 Amanita vaginata    2  1    1  2  1  1  8 Astraeus hygrometricus    1      3  1  1    6 Collybia butyracea              2    2 Hypholoma fasciculare            5  15    20 Lactarius necator        1  1  1  2  1  6 Mycena sp.    1              1 Paxillus involotus          1  2  3  1  7 Russula aeruginea  2  6    6  9        23 

TOTAL  10  2  10  1  8  16  11  24  3  75 

Quadro VI ‐ Produção semanal e total do campo de observação 

SEMANA  TOTAL ESPÉCIE 

8.10  15.10 20.10 27.10 3.11 10.11 17.11  24.11  8Cortinarius sp.                2  2 Hygrophoropsis aurantiaca  2  2  1  1          6 Hypholoma fasciculare      4  8  24  4      40 Lactarius rufus            5    6  11 Lycogala epidendrum      1            1 Pholiota pinicola    2              2 Pseudohydnum gelatinosum                6  6 Tricholoma portentosum                2  2 Xerocomus badius              1    1 

TOTAL  9  2  4  6  9  24  9  1  16  71 

Page 174: fruticultura viticultura olivicultura culturas arvenses ... · viticultura fruticultura olivicultura horticultura culturas arvenses micologia Ministério da Agricultura, Ordenamento

DRAP Centro ‐ ANUÁRIO DE EXPERIMENTAÇÃO 2010 

173

4 ‐ Inventário de Outono 

4.1 ‐ Concelho do Sabugal 

Quadro VII ‐ Espécies identificadas 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

       

SEMANA ESPÉCIE 

7.10  15.10  22.10  29.10  5.11  12.11  19.11  26.11 Agaricus campestris          x       Agaricus sylvaticus            x  x  x Agaricus sylvicola              x   Amanita citrina        x  x  x     Amanita gioiosa  x  x             Amanita muscaria          x    x   Amanita phalloides        x         Amanita rubescens        x    x  x   Armillaria mellea                x Boletus aereus        x  x       Boletus aestivalis  x      x         Boletus edulis        x  x       Boletus erythropus        x    x  x  x Boletus pinophilus        x  x      x Boletus spretus           x       Boletus pseudoregius          x       Boletus radicans      x           Bovista plumbea    x             Chalciporus piperatus              x   Clitocybe gibba          x       Clitocybe vibecina              x   Clitopilus prunulus        x         Collybia butyracea          x       Collybia dryophila          x       Cortinarius sp.            x  x  x Cortinarius traganus        x         Cortinarius trivialis              x   Entoloma sp.                x Entoloma vernum            x     Fistulina hepática        x  x  x     Flamulina velutipes          x       Grifola frondosa              x   Hebeloma crustiliniforme          x  x  x  x Hebeloma mesophaeum          x       Hypholoma fasciculare        x  x  x  x  x Hypholoma sublateritium        x  x       Lactarius deliciosus          x      x Lepiota clypeolaria          x       Lepista nuda          x    x  x Lycogala epidendrum      x           Macrolepiota procera        x         Marasmius quercophilus              x   Mycena pura            x     Mycena rosea          x       Mycena seynesii      x           Mycena sp.              x   Pisolithus tinctorius  x               Pleurotus ostreatus  x            x  x Pluteus cervinus          x       Psathyrella piluliformis          x    x   Ramaria formosa          x       Ramaria stricta              x   Rhizopogon luteolus          x       Stereum hirsutum              x   Stropharia coronilla              x   Suillus bellinii                x Trametes versicolor      x           Tremella folleacea              x   Tremella mesenterica              x   Tricholoma acerbum            x  x  x Tricholoma equestre              x  x Tricholoma portentosum              x  x Tricholoma saponaceum                x Tricholoma sulphureum              x   Tricholoma ustale          x  x  x   Tricholoma ustaloides            x     

Page 175: fruticultura viticultura olivicultura culturas arvenses ... · viticultura fruticultura olivicultura horticultura culturas arvenses micologia Ministério da Agricultura, Ordenamento

DRAP Centro ‐ ANUÁRIO DE EXPERIMENTAÇÃO 2010 

174

 4.2 Concelho da Guarda  

 Quadro VIII ‐ Espécies identificadas 

 

                                                    

SEMANA ESPÉCIE 

7.10  15.10  22.10  29.10  5.11  12.11  19.11  26.11 Agaricus campestris          x       Agaricus sp.        x         Agaricus xanthodermus            x     Amanita citrina              x  x Amanita phalloides              x   Amanita vaginata            x     Armillaria cepistipes            x     Bovista plumbea      x           Clitocybe gibba              x   Clitocybe vibecina              x   Coltricia perennis  x          x  x   Coprinus micaceus            x     Coprinus sp.              x   Cortinarius sp.    x    x         Galerina sp.            x     Hebeloma crustiliniforme        x         Hebeloma mesophaeum            x     Hypholoma fasciculare    x    x    x     Laccaria bicolor            x     Laccaria laccata  x  x  x           Lactarius quietus    x  x  x    x     Lactarius sp.    x  x  x    x     Macrolepiota procera      x  x  x  x    x Meripilus giganteus      x           Mycena seynesii    x             Paxillus involutus    x             Polyporus squamosus      x           Psathyrella piluliformis              x   Psathyrella sp.          x       Rhizopogon luteolus    x             Russula parazurea  x  x             Russula sardonia              x   Russula sp.        x         Scleroderma bovista        x         Scleroderma citrinum  x  x  x           Scleroderma verrucosum  x  x    x         Stropharia coronilla    x             Suillus bellinii            x     Tremella mesenterica            x     Xerocomus chrysenteron  x  x    x         Xerocomus pruinatus            x  x   

Page 176: fruticultura viticultura olivicultura culturas arvenses ... · viticultura fruticultura olivicultura horticultura culturas arvenses micologia Ministério da Agricultura, Ordenamento

DRAP Centro ‐ ANUÁRIO DE EXPERIMENTAÇÃO 2010 

175

4.3 Concelho de Seia   

Quadro IX ‐ Espécies identificadas   

SEMANA ESPÉCIE 

8.10  15.10  20.10  27.10  3.11  10.11  17.11  24.11 Agaricus campestris        x         Amanita citrina        x  x  x  x   Amanita muscaria        x  x  x  x  x Amanita rubescens  x      x    x    x Amanita spissa                x Armillaria mellea              x   Baeospora myosura            x  x  x Boletus erythropus              x  x Boletus pinophilus      x  x      x  x Clitopilus prunulus      x  x      x  x Collybia maculata            x     Coprinus comatus        x         Cortinarius sp.      x          x Dacrymyces stillatus            x  x   Fuligo septica  x               Gomphidius viscidus      x      x  x   Gymnopilus penetrans            x     Hygrophoropsis aurantiaca  x  x    x    x     Hypholoma fasciculare      x  x  x  x     Inermisia fusispora      x  x         Inocybe sp.        x         Inonotus hispidus              x   Laccaria bicolor      x           Laccaria laccata        x      x  x Lactarius necator        x         Lactarius rufus            x  x  x Leccinum scabrum      x           Lepista nuda              x   Macrolepiota procera                x Marasmius androsaceus            x     Mucilago crustacea                x Mycena seynesii  x          x  x  x Paxillus atrotomentosus            x     Paxillus involutus            x    x Psathyrella piluliformis            x     Russula cyanoxanta          x       Russula olivacea            x     Russula sardonia              x   Russula torulosa                x Stereum hirsutum  x  x             Suillus bellinii            x     Tricholomopsis rutilans              x   Xerocomus sp.      x           

                  

Page 177: fruticultura viticultura olivicultura culturas arvenses ... · viticultura fruticultura olivicultura horticultura culturas arvenses micologia Ministério da Agricultura, Ordenamento

DRAP Centro ‐ ANUÁRIO DE EXPERIMENTAÇÃO 2010 

176

  

4.3 Concelho de Gouveia   

Quadro X ‐ Espécies identificadas   

 

 

 

 

 

SEMANA ESPÉCIE 

8.10  15.10 20.10 27.10 3.11 10.11 17.11  24.11 Agaricus campestris    x             Agrocybe erebia      x           Amanita muscaria    x  x  x  x  x  x  x Amanita rubescens    x      x       Amanita vaginata    x  x    x  x  x  x Astraeus hygrometricus    x      x  x  x   Baeospora myosura    x             Boletus edulis    x    x  x       Boletus pinophilus                x Clitocybe sp.                x Clitopilus prunulus          x    x   Collybia butyracea            x  x   Collybia kuehneriana      x      x     Coprinus comatus              x   Coprinus micaceus            x     Coprinus silvaticus      x           Cortinarius mucosus                x Cortinarius sp.        x        x Flamulina velutipes              x   Gymnopilus spectabilis    x  x  x         Hydnum repandum            x  x  x Hygrophoropsis aurantiaca  x  x  x  x    x  x  x Hygrophorus hypothejus          x    x  x Hypholoma fasciculare      x  x  x  x  x   Laccaria laccata            x     Lactarius glyciosmus      x      x     Lactarius necator    x  x  x  x  x  x  x Lactarius rufus        x  x  x  x  x Leccinum scabrum      x           Lentinus tigrinus    x             Lycogala epidendrum      x           Macrolepiota procera              x  x Mycena seynesii      x           Mycena sp.    x             Paxillus involutus  x  x  x  x  x  x  x  x Pholiota pinicola    x    x    x  x   Pisolithus tinctorius              x   Pluteus cervinus            x  x  x Pseudohydnum gelatinosum                x Russula aeruginea  x  x  x  x  x       Russula albonigra    x             Russula badia    x    x         Russula nigricans              x   Russula olivacea          x       Scleroderma polyrhizum              x   Stereum hirsutum      x           Suillus luteus    x    x  x    x  x Tricholoma equestre            x  x  x Tricholoma focale              x  x Tricholoma fulvum      x    x    x   Tricholoma imbricatum                x Tricholoma portentosum              x  x Tricholoma saponaceum                x Tricholoma sejunctum            x     Tricholomopsis rutilans              x   Volvariella gloiocephala              x   Xerocomus badius    x    x  x    x   

Page 178: fruticultura viticultura olivicultura culturas arvenses ... · viticultura fruticultura olivicultura horticultura culturas arvenses micologia Ministério da Agricultura, Ordenamento

DRAP Centro ‐ ANUÁRIO DE EXPERIMENTAÇÃO 2010 

177

5. Considerações finais  

Foi uma má campanha de produção de cogumelos de Outono. O Verão e o mês de Setembro foram muito secos. Ocorreu precipitação com algum significado na primeira semana de Outubro mas depois ficou sem chover durante vinte dias,  tendo vindo só a chover nos últimos  três dias deste mês. Durante o mês de Novembro também ocorreu uma baixa precipitação total, na ordem dos 80 a 100mm, consoante os locais.   

Os solos estavam com um grande défice hídrico pelo que da  irregular e escassa precipitação resultaram uma baixa diversidade, frequência e quantidade de cogumelos.   

A pouca produção concentrou‐se em Novembro. No início, praticamente só perto de passagens de água, em terra com muita matéria orgânica e em troncos degradados, onde foi possível absorver e prolongar a retenção de alguma humidade foram observados alguns carpóforos e sobretudo de espécies sapróbias.   

Nas  áreas  acompanhadas  verificaram‐se,  comparativamente  com  o  ano  anterior  cerca  de metade  das espécies  e,  no  que  se  refere  a  cogumelos  comestíveis,  apenas  alguns  exemplares  em  número insignificante  de  Flamulina  velutipes,  Suillus  luteus,  Xerocomus  badius,  Tricholoma  portentosum  e Macrolepiota procera.  

No que se refere ao inventário das espécies, apesar de se tratar de uma acção pouco sistematizada, sem áreas fixas de observação e dependente da disponibilidade de tempo no dia, a diversidade fúngica que se apresentou reflecte muito as condições climáticas ocorridas, comuns aos vários concelhos da região.  

                                   

Page 179: fruticultura viticultura olivicultura culturas arvenses ... · viticultura fruticultura olivicultura horticultura culturas arvenses micologia Ministério da Agricultura, Ordenamento

DRAP Centro ‐ ANUÁRIO DE EXPERIMENTAÇÃO 2010 

178

   3. PRODUÇÃO DE TORTULHOS (Amanita ponderosa). AVALIAÇÃO DA CAPACIDADE      PRODUTIVA DOS CAMPOS DE CABEÇO DE MOURO (ROSMANINHAL –  IDANHA A NOVA) E BARROCA DO BEIRÃO (MONFORTE ‐ CASTELO BRANCO) 

     José Luís Gravito Henriques  

1. Introdução  

O Amanita ponderosa é uma espécie de Primavera com significativa expressão na parte Sul do distrito de Castelo Branco. Colectado e consumido desde tempos  imemoriais, faz parte, com certa  importância, da dieta alimentar dos naturais da região.  

O  interesse  e  o  valor  que  representa  no  actual  panorama micológico  da  Beira  Interior,  suscitaram  a necessidade da obtenção de alguma informação adicional à descrita e referida na bibliografia disponível, que permita melhor conhecer e dar a conhecer este cogumelo silvestre.  

Tendo  sobretudo  como  propósito  observar  o  comportamento  e  a  capacidade  produtiva  do  fungo  nas condições de alguns ambientes  locais com relevância na produção, delimitaram‐se várias áreas que têm vindo a ser acompanhadas, desde 2006.   

Os  dados  aqui  apresentados,  referentes  ao  ano  de  2010,  foram  obtidos  em  duas  explorações  agro‐florestais referenciadas pela produção desta espécie. 

  

  

2. Metodologia  Acompanhamento  semanal  das  parcelas  delimitadas  e  registo  dos  dados,  no  período  de  finais  de Fevereiro a princípios de Maio.   

Colheita total dos carpóforos na forma do comum colector, contagem e respectiva pesagem.  

Distribuição  da  produção  por  repetição/talhão  e  por  quatro  classes/  categorias,  correspondentes  a diferentes estádios de desenvolvimento: ‐ Classe I: Ovo; ‐ Classe II: Inicio do pé visível por descolagem e rompimento do véu exterior do chapéu até à separação total do anel do pé; ‐ Classe III: Anel separado do pé a chapéu aberto plano; ‐ Classe IV: Chapéu completamente aberto, mas com curvatura para cima.  

Page 180: fruticultura viticultura olivicultura culturas arvenses ... · viticultura fruticultura olivicultura horticultura culturas arvenses micologia Ministério da Agricultura, Ordenamento

DRAP Centro ‐ ANUÁRIO DE EXPERIMENTAÇÃO 2010 

179

3. Resultados  

3.1 Cabeço de Mouro  

 Campo  de  avaliação  num  povoamento  de  azinheiras  com  área  de  720 m2  e  dimensões  de  60x12m, seccionado em 6 talhões/repetições (10x12m). 

 

Quadro I ‐ Produção semanal e total e % em peso, por repetição  

REPETIÇÃO  1  2  3  4  5  6 

SEMANA  Nº.  PESO (g)  Nº.  PESO (g)  Nº.  PESO (g)  Nº.  PESO (g)  Nº.  PESO (g)  Nº.  PESO (g) 

4/3  4  66  0  0  0  0  7  110  0  0  0  0 10/3  0  0  0  0  1  24  2  48  3  41  1  13 16/3  0  0  0  0  0  0  1  8  2  49  2  47 24/3  9  417  0  0  6  224  18  951  16  822  6  176 30/3  13  451  7  250  15  535  17  622  9  347  8  355 6/4  12  392  6  292  13  518  19  757  3  129  7  269 13/4  7  257  2  92  9  296  15  541  1  24  7  198 20/4  10  646  12  720  6  260  10  500  1  47  2  52 28/4  4  190  3  78  6  312  4  128  1  8  3  64 4/5  1  35  0  0  1  38  0  0  0  0  1  6 

TOTAL  60  2.454  30  1.432  57  2.207  93  3.665  36  1.467  37  1.180 (%) Em Peso  19,8  11,5  17,8  29,6  11,8  9,5 

 

Quadro II ‐ Produção semanal e total, %  em peso e peso médio, por classe 

 3.2 Barroca do Beirão  

Campo  de  avaliação  num  povoamento  de  sobreiros  com  área  de  1200m2  e  dimensões  de  60x20m, seccionado em 6 talhões/repetições (10x20m).  

Quadro III ‐ Produção semanal e total e % em peso, por repetição 

 

CLASSE  I  II  III  IV  TOTAL

SEMANA  Nº.  PESO (g)  Nº  PESO (g)  Nº.  PESO (g)  Nº.  PESO (g)  Nº.  PESO (g) 

4/3  10  159  0  0  1  17  0  0  11  176 10/3  5  98  0  0  2  28  0  0  7  126 16/3  5  104  0  0  0  0  0  0  5  104 24/3  50  2.124  5  466  0  0  0  0  55  2.590 30/3  50  1.792  19  768  0  0  0  0  69  2.560 6/4  37  1.100  6  323  17  934  0  0  60  2.357 13/4  19  617  8  300  13  473  1  18  41  1.408 20/4  13  538  4  101  24  1.586  0  0  41  2.225 28/4  0  0  5  246  10  427  6  107  21  780 4/5  0  0  0  0  0  0  3  79  3  79 

TOTAL  189  6.532  47  2.204  67  3.465  10  204  313  12.405 (%) Em Peso  52,7  17,8  27,9  1,6  100,0 

Peso médio (g)  34,6  46,9  51,7  20,4  39,6 

REPETIÇÃO  1  2  3  4  5  6 SEMANA  Nº.  PESO (g)  Nº.  PESO (g)  Nº.  PESO (g)  Nº.  PESO (g)  Nº.  PESO (g)  Nº.  PESO (g) 

24/3  10  1.091  0  0  0  0  0  0  0  0  1  172 30/3  21  1.465  2  160  0  0  0  0  0  0  4  521 6/4  13  1.118  1  50  0  0  0  0  1  138  3  327 13/4  8  405  0  0  0  0  0  0  0  0  5  369 20/4  5  492  1  102  0  0  0  0  0  0  1  143 28/4  5  211  0  0  0  0  0  0  0  0  0  0 TOTAL  62  4.782  4  312  0  0  0  0  1  138  14  1.532 

(%) Em Peso  70,7  4,6  0,0  0,0  2,0  22,7 

Page 181: fruticultura viticultura olivicultura culturas arvenses ... · viticultura fruticultura olivicultura horticultura culturas arvenses micologia Ministério da Agricultura, Ordenamento

DRAP Centro ‐ ANUÁRIO DE EXPERIMENTAÇÃO 2010 

180

Quadro IV ‐ Produção semanal e total, % em peso e peso médio, por classe  

CLASSE  I  II  III  IV  TOTAL 

SEMANA  Nº.  PESO (g)  Nº.  PESO (g)  Nº.  PESO (g)  Nº.  PESO (g)  Nº.  PESO (g) 24/3  4  371  2  306  5  586  0  0  11  1.263 30/3  15  861  8  767  4  518  0  0  27  2.146 6/4  10  770  3  377  5  486  0  0  18  1.633 13/4  2  117  3  230  7  402  1  25  13  774 20/4  1  112  0  0  6  625  0  0  7  737 28/4  0  0  1  80  0  0  4  131  5  211 TOTAL  32  2.231  17  1.760  27  2.617  5  156  81  6.764 

(%) Em Peso  33,0  26,0  38,7  2,3  100,0 Peso médio (g)  69,7  103,5  96,9  31,2  83,5 

 

4. Considerações finais  

Os  dados  anuais  são  objecto  de  análise  após  4  a  5  anos  de  recolha,  no  sentido  de  sedimentar  a informação,  que  nesta matéria  está muito  sujeita  às  condições  climáticas  ocorridas  no  período  que antecede e em que se desenvolve a produção.   

No entanto numa apreciação muito sumária verificamos que:  

 ‐   A época de produção de carpóforos  foi em parte diferente nos dois campos,  tendo‐se  iniciado mais cedo e acabado mais tarde em Cabeço de Mouro. 

 

‐   Durante o ciclo de frutificação a produção semanal foi variável, tanto em número de carpóforos como em peso ao longo das semanas, sendo que os valores máximos da produção ocorreram em ambos os campos nas  semanas de 24 de Março a 6 de Abril o que  se enquadra  com os anos em que ocorre precipitação  regular durante este período  (neste ano choveram 188 mm em Fevereiro, 116 mm em Março e 83mm em Abril). 

 

‐   Apesar  de  se  tratar  de  áreas  totais  pequenas  (720m2  e  1200m),  confirma‐se  aqui  uma  grande heterogeneidade na produção  semanal dos  talhões.  Se por um  lado  em Cabeço de Mouro há uma produção  total  razoavelmente  distribuída  por  repetição,  já  na  Barroca  do  Beirão  há  talhões  sem produção e um talhão a ter 70,7% da produção total.  

 

‐   Nos dois  campos o peso médio é muito díspar  (39,6g em Cabeço de Mouro e 83,5g na Barroca do Beirão) assim como o peso médio das classes, mas está em consonância com o que se tem verificado nos anos anteriores.  

 

‐   A produção reflecte outras condicionantes para além das climáticas, como são a profundidade do solo, a vegetação competidora presente e a distância às árvores micorrizadas. 

 

‐   Num intervalo entre colheitas de uma semana a classe de ovo é predominante em número no início e durante  quase  todo  o  ciclo.  Uma  semana  é  um  período  curto  que,  nas  fases  do  ciclo  em  que  as temperaturas são mais baixas e onde se concentra a maior parte da produção, não proporciona grande evolução, para além da formação do ovo. 

 

‐   A  classe  IV  é  residual. Não  temos  carpóforos  da  classe  IV  no  início  da  época  de  produção  e  estes apenas  apareceram  quando  as  temperaturas  são  mais  elevadas  levando  ao  seu  rápido desenvolvimento, já no final da época. 

 

‐   A  produção média  reportada  ao  hectare  foi  de  56,3Kg/ha  na  Barroca  do  Beirão  e  de  172,2Kg/ha Cabeço de Mouro. Ambos os valores são muito interessantes para que se possam menosprezar como fonte adicional de rendimento das explorações agro‐florestais. 

 

 

Page 182: fruticultura viticultura olivicultura culturas arvenses ... · viticultura fruticultura olivicultura horticultura culturas arvenses micologia Ministério da Agricultura, Ordenamento

DRAP Centro ‐ ANUÁRIO DE EXPERIMENTAÇÃO 2010 

181

 

 

 

 

 

4. PRODUÇÃO DE CRIADILHAS (Terfezia spp.) NA BEIRA INTERIOR. AVALIAÇÃO DA     CAPACIDADE PRODUTIVA DO CAMPO DE MONTE FIDALGO ‐ CASTELO BRANCO 

        José Luís Gravito Henriques, Eng. Agrónomo   

1. Introdução  

A criadilha, designação vulgarmente dada na Beira Interior ao conjunto constituído pela Terfezia arenaria e  Terfezia  leptoderma,  é  um  carpóforo  hipógeo, muito  frequente  na  Beira  Interior  Sul,  colectado  na Primavera  em  incultos  e  pastagens  permanentes  cuja  composição  florística  apresenta  em  abundância uma planta herbácea da família das Cistáceas denominada Xolantha guttata.   

O alto  valor gastronómico e  comercial das  criadilhas,  justificaram o  início de um  trabalho  sobre o  seu comportamento produtivo, nas condições de alguns ambientes locais.  

Os dados aqui apresentados, referentes ao ano de 2010, foram obtidos numa exploração agro‐pecuária referenciada pela produção desta espécie.  2. Metodologia  

Delimitação a cordel, numa superfície aberta de pastagem natural com significativa presença da espécie Xolantha guttata, de um campo de avaliação, com a área 500 m2 e dimensões de 25x20m.   

Acompanhamento semanal da parcela e registo dos dados observados, durante o período de meados de Março a finais de Maio.  

Avaliação  da  produção  através  da  colecta  total  dos  carpóforos,  com  correspondente  calibragem, contagem e pesagem.  

Distribuição  da  produção  de  acordo  com  o  calibre,  em  intervalos  de  5  mm,  para  as  dimensões compreendidas entre <30 mm e >60 mm. 

 

  Fig. 1 ‐ Calibragem                           Fig. 2 ‐ Contagem                            Fig. 3 ‐ Pesagem 

   3. Resultados  No  total  registou‐se  a  apanha de 7  carpóforos  com um peso de 34g,  repartida  respectivamente pelos calibres:  

‐ <30mm com 6 carpóforos e 22g; ‐ 30–35mm com 1 carpóforos e 12g;  

Page 183: fruticultura viticultura olivicultura culturas arvenses ... · viticultura fruticultura olivicultura horticultura culturas arvenses micologia Ministério da Agricultura, Ordenamento

DRAP Centro ‐ ANUÁRIO DE EXPERIMENTAÇÃO 2010 

182

 3. Considerações finais  

Os  dados  anuais  são  objecto  de  análise  após  4  a  5  anos  de  recolha,  no  sentido  de  apresentar  uma 

informação  mais  sedimentada  e  enquadrada  com  as  condições  climáticas  que  influenciam 

determinantemente o desenvolvimento da Xolantha guttata e da criadilha.  

 

Este ano a produção de  criadilhas neste  campo  foi  insignificante e de  calibres muito pequenos, o que 

reflecte o  fraco ou nulo  crescimento do ano anterior da planta a que esta espécie está associada, em 

resultado  da  fraca  pluviosidade  ocorrida  durante  a  Primavera  do  ano  de  2009  (menos  de  100mm  de 

precipitação no período de Março a Junho).