Espiral do Tempo 28
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03Espiral do Tempo 28 Primavera 2008
[ Editorial ]Director• Hubert de Haro • [email protected]
Editor • Paulo Costa Dias • [email protected]
Design gráfico • Paulo Pires • [email protected]
Jornalista • Marta S. Ferreira • [email protected]
Fotografia • Nuno Correia
Editor técnico • Miguel Seabra • [email protected]
Colaboraram nesta edição• Fernando Campos Ferreira• Fernando Correia de Oliveira• Isabel Stilwell• Rui Cardoso Martins
Traduções • Maria Vieira • [email protected]• Letrário
Contabilidade • Elsa Filipe • [email protected]
Coordenação de publicidade e assinaturas • Patrícia Simas • [email protected]
Revisão • Letrário - Serviços de Consultoria e Revisão de Textos [email protected] • www.letrario.com
ParceirosAir France • Ass. Jog. Praia d’El Rey • Belas Clube de Campo
• Beloura Golfe • Casa da Calçada • Casa Velha do Palheiro
• Clube de Golf Pinta/Gramacho • Clube de Golfe Miramar
• Clube VII • Clube de Golfe de Vilamoura • Estalagem Melo
Alvim • Golfe Aroeira • Golfe Paço do Lumiar • Golfe Ponte de
Lima • Golfe Quinta da Barca • Hotel Convento de São Paulo
• Hotel Fortaleza do Guincho • Hotel Golfe Quinta da Marinha
• Hotel Melia – Gaia • Hotel Méridien Lisboa • Hotel Méridien
Porto • Hotel Palácio Estoril • Hotel Quinta das Lágrimas
• Hotéis Tivoli • Lisbon Sports Club • Morgado do Reguengo
Golfe • Museu do Relógio de Serpa • Palácio Belmonte
• Penha Longa Golf Club • Pestana Hotels & Resorts
• Portugália Airlines • Quinta do Brinçal, Clube de Golfe
• TAP Portugal • Tróia Golf • Vidago Palace Hotel, Conference
& Golf Resort • Vila Monte Resort • Vintage House
Ficha técnicaCorrespondência: Espiral do Tempo, Av. Almirante Reis, 391169-039 Lisboa • Fax: 21 811 08 [email protected]: todos os artigos, desenhos e fotografias estão sobre a protecção do código de direitos de autor e não podem ser total ou parcialmente reproduzidos sem a permissão prévia por escrito da empresa editora da revista: Company One, Lda sito na Av. Almirante Reis, 39 – 1169-039 Lisboa. A revista não assume, necessariamente, as opiniões expressas pelos colabo radores.
• Digitalização: ZL - Zonelab • Distribuição: VASP • Impressão: Soctip Periodicidade: trimestral• Tiragem: 52.000 exemplares • Registo pessoa colectiva: 502964332• Registo no ICS: 123890• Depósito legal Nº 167784/01
Fundador: Pedro Torres
O ponto alto da vida relojoeira mundial continua a ser as duas grandes feiras do sector – a Feira de
Basileia (a “Messe” de 3 a 10 de Abril) e o Salon Intenational de Haute Horlogerie (em Genebra de 8 a
15 de Abril). Enquanto a primeira consegue acolher 21.000 marcas (!) para uma superfície de mais de
110.000 metros quadrados e 100.000 visitantes em 2007, a segunda concentra 16 marcas em 24.000
metros quadrados. Tanto pela quantidade como pela qualidade, a apresentação das novidades costu-
ma espantar o mais blasé dos profissionais, tornando-se uma passagem obrigatória e particularmente
revitalizante.
Desde o início desta década, temos a alegria de poder assistir a uma mudança profunda, através da
utilização sistemática de novas ligas metálicas no fabrico de caixas, mostradores e movimentos.
O aço (Ferro e Carbono) e o latão (Cobre e Zinco) sempre constituíram os dois pilares da relojoaria me-
cânica de bolso e de pulso. As propriedades físicas desses dois materiais permitem um atrito mínimo
nos pontos de contactos entre as rodas e os carretos de qualquer mecanismo relojoeiro. Logo, uma
força motriz com menos “desperdício”, e uma média de 40 até 42 horas de reserva de corda. Ainda
hoje, esta fidelidade do sector permite consertar qualquer relógio de bolso e, se for necessário, voltar
a produzir dentes partidos ou carretos danificados.
Hoje, as grandes marcas relojoeiras parecem decididas a deixar o seu cunho no grande livro da história
da relojoaria. Os investimentos multiplicam-se na procura irrequieta de novas ligas, aplicadas tanto
pelas suas qualidades estéticas como pelas suas propriedades físicas. Vimos reaparecer o maillechort
(liga de Cobre, Zinco e Níquel inventada em 1819 pelos franceses Maillet e Chorier) cujo aspecto cinzen-
to prateado seduziu os designers e apareceu nas pontes e platinas de alguns movimentos Audemars
Piguet e Richard Mille. Este último deu um passo grande na utilização de outras ligas – com a preciosa
ajuda de Giulio Papi da Renaut & Papi – como o alusic (Alumínio e Silício). A Patek Philippe e a Ulysse
Nardin foram dos primeiros a ousar trocar o balanço espiral em latão pelo Silício enquanto a Jaeger-
-LeCoultre marcou definitivamente a história relojoeira em 2007, com a apresentação de um protótipo
dotado de 17 materiais diferentes e que não necessitava de lubrificação – o Extreme Lab. Assistimos
ainda à invenção de novas ligas como o zenithium (Titânio, Nióbio e Alumínio) ou o hublonium
(Alumínio e Magnésio).
Enquanto alguns dedicam investimentos para a eliminação dos vários pontos de lubrificação exis-
tentes num relógio, outros aproveitam a estética de algumas ligas para apresentar designs inovadores.
Em ambos os casos, os amantes da bela relojoaria ficam a ganhar com esta vitalidade do sector, nunca
antes vista.
Não é por acaso que a relojoaria suíça representou, em 2007, 75% do valor dos relógios fabricados
no mundo, com uma produção de .... 2%!
Boa leitura e óptima compra!
Hubert de HaroDirector
A relojoaria de qualidade está a viver tempos heróicos.
E com ela, todos os curiosos, apaixonados e viciados nos mais recentes
maquinismos suíços.
Zenithium, hublonium ou markethium?
Onde fomos Edição 28 | Primavera 2008
No início deste ano foram muitas as viagens para cumprirmos a nossa promessa de lhe trazer sempre mais e melhor informação sobre o mundo da
relojoaria! Rumámos aos Estados Unidos, nomeadamente a Miami, para assistir ao lançamento da nova colecção Reverso Squadra Lady,
da Jaeger-LeCoultre. Destino incontornável: a Suíça. Lá assistimos à abertura do Museu 360 TAG Heuer, entrevistámos Giulio Papi, um dos
principais master-minds da relojoaria de hoje, e descobrimos os segredos do fabrico do excepcional Worldtimer, da Porsche Design.
Demos ainda um salto à Alemanha para lhe podermos apresentar o percurso da histórica manufactura A. Lange & Söhne. Cá por terras lusitanas,
encaminhámo-nos para o Sul do país para descobrirmos quais as melhores formas para saborear o tempo em terras algarvias…
Tavira
Saborear o TempoPousada Convento da Graça
96
Vila Nova de Cacela
Saborear o TempoMonte Rei Golf & Country Club
98Vilamoura
Saborear o TempoRestaurante L’Olive
100Paderne
Saborear o TempoRestaurante Veneza
102
Miami
ReportagemJaeger-LeCoultre/Reverso
66
Faro
PerfilPaulo Miranda
90
Sumário
La-Chaux-de-Fonds
Grande entrevistaGiulio Papi
40La-Chaux-de-Fonds
ReportagemMuseu TAG Heuer 360
54
Grenchen
ReportagemPorsche Design - Worldtimer
48
Dresden
ReportagemA. Lange & Söhne
60
Grande Plano 8
Perfil - Tiger Woods 12
Crónica Miguel Esteves Cardoso 18
Crónica Science & Vie 20
Crónica Rui Cardoso Martins 22
Crónica Fernando Correia de Oliveira 24
Correio do leitor 26
Breves 28
Reportagens
Grande Entrevista - Giulio Papi 40
Reportagem - Porsche Design 48
Reportagem - TAG Heuer 54
Reportagem - A. Lange & Söhne 60
Reportagem - Jaeger-LeCoultre 66
Técnica
Em Foco
Audemars PiguetMillenary com Segundos Mortos 76
Franck MullerSplit Second Chronograph 78
GrahamChronofighter Oversize GMT Big Date 80
TAG Heuer Link Calibre S 82
Laboratório TAG Heuer - Monaco Sixty Nine 84
Prazeres
PerfilPaulo Miranda 90
Saborear o Tempo
Pousada Convento da Graça 96
Monte Rei Golf & Country Club 98
Restaurante L’Olive 100
Restaurante Veneza 102
Acontecimentos 104
Internet 112
Assinaturas 113
Crónica Fernando Campos Ferreira 114
7Espiral do Tempo 28 Primavera 2008
9Espiral do Tempo 28 Primavera 2008
Maria SharapovaNova imagem para TAG HeuerA estrela do ténis Maria Sharapova participou
numa sessão fotográfica para a TAG Heuer, na
mira da lente do aclamado fotógrafo Marco Grob e
vestida pela estilista das celebridades Rachel Zoe.
Parte da dream team de embaixadores da marca
relojoeira desde 2005, a vencedora de três Grand
Slam, que acabou de vencer também o Australian
Open e os quartos de finais da Fed Cup, conseguiu
encontrar uma brecha na sua apertada agenda de
treinos para a sessão fotográfica, que decorreu em
Los Angeles. Com um novo look, de franja, e com a
boa disposição a que já habituou os fãs, Sharapova
encantou a câmara envergando modelos da Dol-
ce Gabbana, Lanvin, Christian Louboutin, e Nike,
e provou que não é por acaso que muitos a con-
sideram a mulher mais glamourosa do mundo do
desporto. As fotografias vão ser usadas nos futuros
lançamentos da TAG Heuer de luxuosos relógios e
cronógrafos Maria Sharapova, ao longo de 2008.
11Espiral do Tempo 28 Primavera 2008
Franck Muller ‘Pride of Portugal’A caixa do tesouroA Franck Muller vai lançar em breve uma edição
limitada dedicada a Portugal – ‘Pride of Portugal’.
Para acolher peças tão especiais, era preciso uma
caixa tão preciosa como o seu recheio. Assim, a
Fundação Ricardo Espírito Santo Silva (FRESS) foi
desde logo encarada como a escolha ideal para le-
var a cabo tal tarefa. Sendo a maior especialista em
Portugal no que toca a artes decorativas, adoptan-
do sempre o fabrico artesanal, a FRESS criou uma
caixa sóbria, elegante e requintada, o receptáculo
indicado para os três modelos da edição especial.
O caminho que a caixa percorre até poder receber
os relógios é longo, passando por grande parte das
18 oficinas da Fundação. Cada caixa demora cerca
de 15 dias até estar finalizada. Mas, no método
artesanal, a pressa é inimiga da perfeição. A ma-
deira escolhida foi o ébano – espécie de origem
africana, rara, escura, densa. E, pela primeira vez
na história da Fundação, foi utilizada folha de ouro
rosa para os embutidos.
13Perfil Tiger Woods
Se algum golfista estava destinado à grandeza desde cedo, esse é Tiger Woods. Cres- ceu nos subúrbios de Los Angeles e aprendeu a dar uma tacada imitando o pai, Earl Woods. Fez a sua primeira incursão no driving range com apenas 18 meses de vida. Aos dois anos – ainda nem falava correctamente – venceu um torneio para crianças com idades até 10 anos e apareceu no Mike Douglas Show. Aos 14, já vencia tor- neios juvenis nacionais para jogadores com idades até 17 anos.
As maiores realizações amadoras de Woods aconteceram nos torneios do USGA. Antes dele, nenhum jogador tinha ganho o Torneio Ama-dor Júnior dos EUA mais de uma vez. Woods venceu aos 15 e aos 18 anos. Quando conquistou o Amador dos EUA novamente, aos 19 e aos 20, tornou-se o primeiro jogador a ganhar este tor-neio três vezes seguidas.
Profissional vitoriosoNessa época, Woods tinha completado dois anos na Universidade de Stanford e conquistado uma vitória no Campeonato NCAA, e a especulação no mundo do golfe voltou-se para quando se tor-naria profissional. Woods deu esse passo após a sua terceira vitória no Amador dos EUA, enco-rajado por muitos profissionais vitoriosos que di-ziam que já estava pronto para o Torneio.
Revelou-se um fenómeno no verdadeiro sen-tido da palavra. Mesmo os seus colegas profis-sionais reverenciaram a sua saída do tee, realizada com a eficiência do seu swing em vez da força bruta. E Woods levou multidões de espectadores aos campos, particularmente os jovens que, de outra forma, não se interessariam pelo golfe.
A ‘Tigermania’ continuou até 1999. No final dessa temporada, Woods tinha acumulado oito vitórias, incluindo vitórias nas finais de qua-
tro torneios. Woods entrou em 2000 com a sua quinta vitória consecutiva. Aquela tornou-se a sua melhor temporada até então, com três vitórias consecutivas nos torneios mais importantes, nove eventos totais do Torneio PGA, estabelecendo ou igualando 27 recordes no Torneio.
A sua vitória no Masters no início de 2001 fez dele o detentor dos títulos de todos os qua-tro mais importantes torneios ao mesmo tempo os majors: o U.S. Open, o Campeonato da PGA, o British Open e o Masters. Quando em 2002 renovou o seu primeiro lugar no Masters conse- guiu igualar Nick Faldo e Jack Nicklaus, os úni-cos homens até então a conseguir vencer o Mas-ters consecutivamente.
Ao nível de um comum mortalEm 2003 e 2004, Woods caiu para um nível mais próprio de comum mortal quando modi-
[ Perfil ]
A primeira vez que chamou a atenção, com a sua tacada, na televisão, tinha dois anos. Muitos pensaram «este miúdo
tem futuro». Mas nem os mais audaciosos poderiam imaginar o que se seguiria… Tiger Woods tornou-se a ‘cara’ do
golfe no mundo inteiro. O que é impressionante, se tivermos em conta que tem trinta e poucos anos. E torna-se mais
impressionante ainda se considerarmos o seu sangue afro-americano, num desporto cujo circuito profissional incluía
poucos jogadores negros. Mas desde cedo mostrou que entrou no golfe para ficar, e tem vindo a tornar-se numa
lenda viva. Com o seu estilo inconfundível e a incrível – e assumida – competitividade que o move, Tiger Woods é o
número um do golfe e conseguiu levar multidões a assistir às competições.
texto Marta S. Ferreira | fotos TAG Heuer
14 Espiral do Tempo 28 Primavera 2008
“Quero ser o quesempre desejei ser: Dominador!”
Tiger Woods
Tiger Woods tem uma longa parceria com a TAG Heuer,
tendo sido figura de destaque de uma das mais conheci-
das e aclamadas campanhas publicitárias da marca suíça:
What Are You Made Of?
Tiger Woods surgia então fazendo competir a força do
seu swing com um carro de Fórmula 1 em pleno circuito
urbano do Mónaco.
15Perfil Tiger Woods
ficou o seu swing. Apesar de não ter ganho um grande evento durante esses dois anos, venceu seis torneios enquanto lidou com severas críticas da comunicação social: correram fortes boatos quanto à alegada tensão entre Tiger e o seu trei-nador de swing, Butch Harmon.
Mas já se aproximava outra temporada domi-nante: Woods iniciou o ano de 2005 com uma vitória naquele que foi o seu primeiro grande torneio desde 2002, obtendo o primeiro lugar no Masters. Esta vitória colocou-o, novamente, no topo do ranking oficial do golfe mundial. Se guidamente, conquistou o seu décimo título importante, vencendo o British Open. No final de 2005, tinha ganho seis eventos oficiais com prémios em dinheiro e liderou a lista financeira pela sexta vez na sua carreira.
Um duro golpe e regresso às vitóriasAo mesmo tempo que iniciou a temporada de 2006 no topo do jogo, a sua vida pessoal passou por um revés devastador. O pai, Earl Woods, morreu a 3 de Maio, após uma longa batalha contra um cancro na próstata. Woods despediu- -se dos torneios e ausentou-se por um período de nove meses. Quando regressou, venceu o British Open de 2006 – a emoção falou mais alto quando dedicou a vitória ao seu pai.
Em 2007, somente dez anos após sua pri-meira grande vitória, Tiger Woods permaneceu no topo não apenas do seu jogo, mas do golfe mundial. O início do ano trouxe novidades so-bre o abrangente domínio de Tiger no mundo do golfe: anunciou que organizaria o seu pró- prio torneio no mês de Julho. O torneio basea-
do em Maryland que, na verdade, é organizado pela fundação homónima de Tiger, foi apelidado de AT&T National e substituiu o extinto Inter-nacional anteriormente mantido fora de Denver. Apesar de o AT&T National não ter o nome de Tiger oficialmente ligado a ele, o torneio ganhou fama como o ‘Torneio de Tiger’.
Mudanças pessoais e planos ambiciososO Verão de 2007 foi de grandes acontecimen-tos para Tiger: obteve o segundo lugar no U. S. Open; nasceu a sua filha com a modelo sueca Elin Nordegren, Sam Alexis, e anunciou planos para projectar o seu primeiro campo de golfe nos Es-tados Unidos: o Cliffs, um campo particular lo-calizado nas montanhas. No início da temporada de 2008, comprovou que continua em grande.
Em 1996, quando iniciou a sua carreira profissional, Tiger criou a Fundação Tiger Woods, cujo objectivo é
«inspirar sonhos na juventude americana». Para alcançar esta meta, a fundação disponibiliza programas
de enriquecimento pessoal, bolsas de estudos, subvenções directas, equipas de golfe juniores e o
Centro de Aprendizagem Tiger Woods, criado em Anaheim, Califórnia, em Fevereiro de 2006. O prédio
de 3.150 metros quadrados abriga tecnologia de última geração num ambiente de aprendizagem
destinado a ajudar os jovens a identificar os seus sonhos e a procurar formas de concretizá-los, a
analisar como escolher uma profissão e a relacionar as aulas frequentadas com as futuras carreiras.
O centro oferece cursos de matemática, ciências, tecnologia e comunicação e expressão linguística.
Na inauguração do centro, Woods disse a um público de 600 pessoas: «Isto supera o golfe. Supera
qualquer coisa que fiz nos campos de golfe. Porque poderemos moldar vidas». Tiger e a mãe, Kultida,
inauguraram uma estátua para celebrar o legado de Earl Woods e para honrar o seu grande esforço em
ajudar as crianças. A estátua, uma réplica de Tiger e do pai, está na fundação que, segundo o golfista,
é o sítio ideal para estar uma vez que um pouco do coração de Earl ficou lá.
Fundação Tiger Woods
“O meu pai sempre me ensinoua preocupar-me e a partilhar. A única coisa que posso
fazer é retribuir um pouco.”
Tiger Woods
O swing perfeito daquele que é considerado um dos me-
lhores jogadores de golfe de todos os tempo. Em parceria
com a TAG Heuer, Tiger Woods concebeu o relógio perfeito
para os jogadores de golfe: o Professional Golf Watch. Este
ano lançado na versão cinza antracite.
16 Espiral do Tempo 28 Primavera 2008
“Adoro vencer. É tão simplescomo isto: adoro vencer, adoro ser o melhor; e acho
que a TAG Heuer partilha comigo esta ambição
de ser melhor naquilo que faz.”
Tiger Woods
17Perfil Tiger Woods
Em 17 torneios disputados (11 pelo European Tour e seis pelo PGA Tour), foi o único golfis-ta a ganhar duas vezes – e só jogou duas vezes na temporada! Se continuar a jogar da mesma forma, deve aproximar-se ainda mais, em 2008, do recorde de Jack Nicklaus, que venceu 18 dos maiores torneios da modalidade. Com 13 títulos, essa é a maior obsessão de Tiger Woods no mo-mento. «Não posso negar que igualar ou quebrar o recorde de Nicklaus é um dos meus maiores desejos. Mas não posso colocar muita pressão em cima de mim.»
E esse sonho parece cada vez mais perto: Tiger Woods voltou a vencer o campeonato do mundo de Match Play, depois dos êxitos de 2003 e 2004, o Dubai Desert Classic, do European Tour, e o Arnold Palmer Invitational – então conta agora com 64 triunfos no circuito americano.
Uma máquina de fazer dinheiroTiger Woods é o atleta profissional mais bem pago do mundo. Em 2006, arrecadou cerca de 100 milhões de dólares entre prémios e patro-cínios. Em 2007, totalizou 123 milhões. Ao lon go da sua carreira profissional, já amealhou, no total, 750 milhões, dentro e fora do campo de golfe. A Golf Digest prevê que, em 2010, Woods vai tornar-se o primeiro atleta bilionário do mundo. Logo no ano em que se tornou profis-sional – 1996 – assinou contratos de patrocínio no valor total de 60 milhões de dólares e em ap-enas oito torneiros ganhou 800 mil dólares. Em 1997, foi o jogador que mais dinheiro venceu no PGA Tour, batendo um recorde com os seus prémios de 2.066.833 dólares. O ano de 1998 já foi pior, tendo vencido apenas um torneiro do PGA, acabando em quarto na lista dos vence-dores com 1.841.117 dólares. O ano de 2004 foi o de regresso às grandes vitórias… e aos grandes prémios: logo no início do ano, Tiger tornou-se o primeiro jogador a passar a marca dos 40 mi- lhões de dólares em vitórias profissionais.
A sede de vencerUma coisa que sempre o acompanhou desde a pri meira tacada até aos grandes palcos do golfe mundial foi a sua feroz competitividade, que, segundo ele, está-lhe no sangue. Tiger confessa que adora « jogar contra os melhores do mundo» e admite: «Adoro vencer e odeio perder. Mas
É um jogador de golfe excepcionalmente talentoso e os seus feitos são conhecidos por todos. Porque
escolheu unir-se à TAG Heuer?
Esta é uma grande aventura e uma oportunidade fantástica. Espero dar um grande contributo à TAG Heuer,
uma marca que considero única e excepcional. Os meus gostos mudaram ao longo da minha carreira, da
minha «curta» carreira, e é muito bom conseguir associar-me a uma empresa tão ousada e prestigiante como
a TAG Heuer.
Como é que consegue conciliar a sua carreira de jogador profissional de golfe com o seu papel de
embaixador da TAG Heuer?
A TAG Heuer é sinónimo de excelência na precisão, e a precisão representa um papel importante na minha
carreira profissional. Em primeiro lugar, tenho de ser pontual para poder jogar e, em segundo lugar, a precisão
faz parte do jogo de golfe. Este é um jogo de milímetros. Portanto, para se ter sucesso neste desporto, temos de
ser precisos. Como nós os dois – eu e a TAG Heuer – competimos para sermos os melhores naquilo que fazemos,
desafiamo-nos a nós próprios a todo o momento, desafiamos os nossos próprios limites. Assim, ao partilhar os
mesmos valores e objectivos, torna-se um processo natural conciliar a minha carreira profissional com o meu
papel de embaixador da TAG Heuer.
A história da associação da TAG Heuer com o mundo do desporto data dos anos 20 do século passado. O
que significa para si ser o representante da gama TAG Heuer Link?
Para ser honesto, cresci sem nunca sequer imaginar que alguma vez poderia ter um relógio de luxo. Lembro-
me do primeiro relógio que comprei – era um relógio do Rato Mickey. Como se vê, percorri um longo caminho.
E estou muito entusiasmado por actualmente representar uma grande empresa como a TAG Heuer e colecções
como o Link, que representa a elegância no desporto de hoje em dia, e o Professional Golf Watch, um projecto
excitante em que estive completamente envolvido, desde os primeiros passos até ao produto final.
Encontra semelhanças entre a arte de criar relógios e jogar golfe?
Adoro vencer. É tão simples como isto: adoro vencer, adoro ser o melhor; e acho que a TAG Heuer partilha
comigo esta ambição de ser a melhor naquilo que faz. Também acredito que, para se ter sucesso constante e
durante um longo período de tempo, é necessário trabalhar muito. É necessário desafiarmo-nos a toda a hora
e ter muita força de vontade. Penso que são estas as regras-base, tanto para jogar golfe profissional como para
fazer relógios lindos e prestigiantes, durante um longo período de tempo.
Quais das características da TAG Heuer assume como suas também?
Existem tantos valores que partilhamos, mas menciono apenas a precisão, o desempenho, a força e a paixão.
Tiger Woods e a TAG Heuer
o meu pai também era assim. E a minha mãe é capaz de ser ainda mais competitiva que nós os dois. Foi assim que cresci, num ambiente de competitividade. Sempre fomos competitivos. Nunca desistimos a favor de ninguém. E essa é a parte divertida do desporto de competição.»
Mas, mesmo sendo considerado o número um do golfe a nível mundial, Tiger Woods acre- dita que «podemos sempre melhorar. O golfe é fluido, está sempre a evoluir e a mudar». E como jogador competitivo que é, Tiger continua a desafiar diariamente o seu mais feroz opositor: ele mesmo.
“Se estou a jogarao meu melhor nível sou um
adversário difícil de bater.
Gosto disso!”
Tiger Woods
Fonte: site oficial de Tiger Woods (www.tigerwoods.com).
É pena. As pessoas dizem que o tempo cura tudo, mas não sabem dizer como. Ou não podem.
Porque a ideia delas, mais automática do que
mal pensada, é que o tempo cura através do
esquecimento.
Quando morre alguém que se ama muito, pro-
curam consolar-nos com a cura do tempo. Mas
depois não podem confessar que é no es que ci-
men to que confiam para levantar a dor.
Porque o esquecimento é contrário ao amor:
é um atentado contra ele. É uma ofensa recorrer
a ele como promessa. Seria mais honesto o des-
dém e a brutalidade de grunhir: «Deixa lá, isso
passa-te».
Não podia ser mais incompleta esta noção
do tempo como mera distância. É a tal ‘questão
de tempo’. Parece sábia, mas é estúpida. Tão
es tú pida como dar importância ao espaço físico
e aconselhar, para um luto ou um desgosto de
amor, pôr-se a milhas do lugar onde aconteceu.
Não há grande diferença entre a distância tem-
poral do «Isso passa-te» e a distância geográfica
a que se recorre quando se aconselha um coração
partido a «sair daqui; ir para qualquer lado; mudar
de ares; que vais ver que ajuda».
No entanto, as mesmas pessoas que jamais
sugeririam uma viagem à Índia como maneira de
fugir a um luto profundo sentem-se à vontade para
recomendar os poderes curativos da distância no
tempo.
Fazem-no por bem e por aflição diante a dor.
Umas escolhem a forma «Eu sei o que estás a
sofrer; eu já passei por isso». Parece diferente,
mas é o mesmo.
O que está implícito é que a pessoa que «pas-
sou pelo mesmo» agora está bem; que o pior já
passou; que o tempo se encarregou de distanciá-
-la daquela agonia original.
A verdade é que não há nada que se possa
dizer. Mas não se pode dizer que o tempo fará
es quecer. Ou que o esquecimento fará com que
dei xe de doer tanto.
Isso apenas cria, em quem se procurava con-
solar, uma sensação de revolta e de deter minação
perante o ser amado que se perdeu: «Ai é? Pois eu
não quero que deixe de me doer, nunca!». O que
é o mesmo que dizer «Jamais hei-de esquecer-me
de quem tanto amei e tanto me amou!».
Responde assim, com violência, à ofensa do
«isso passa-te»: sugerindo que isso só acontece
quando o amor é pouco. E assim desconsidera o
luto – que igualmente desconhece – da boa alma
que a quis consolar e identificar-se com ela.
Como povo que vive a saudade como parte do
dia-a-dia e não se coíbe até de se orgulhar disso,
nós os portugueses frequentemente revelamos ter
da saudade a concepção vápida do mais apressa-
do turista, despejado por um autocarro por uma
casa de fados adentro.
Vemos o tempo apenas como distância e a
saudade apenas como um desejo impossível de
regresso ao famoso tempo «que não volta mais».
E, por conseguinte, ouvimos o fado como um
mero lamento que assim seja.
Sabemos muito bem – e se algum povo tem a
obrigação de sabê-lo é o nosso – que a saudade
é muito mais rica e menos linear do que isso.
Não se vá mais longe: no ‘Lisboa Antiga’, em que
se cantam as coisas que «já não voltam mais», a
enumeração delas é, ao mesmo tempo, uma dor
e uma alegria.
À dor de saber que já não voltam mais, é
sempre preciso contrapor a felicidade de não as
ter esquecido e de poder relembrá-las as vezes
que se quiser.
Miguel Esteves Cardoso
para Joaquim António Nabais Pinheiro
18 Espiral do Tempo 28 Primavera 2008
[ Crónica ]
É pena. As pessoas dizem que o tempo cura tudo, mas não sabem dizer como. Ou não
podem. Porque a ideia delas, mais automática do que mal pensada, é que o tempo
cura através do esquecimento.
Aqui já se começa a reconhecer o tempo tal
como ele é; muito mais que mera distância. Mas
pode-se ir mais longe. Embora os ‘pregões’ e as
‘esperas’ do fado já não voltem mais, a Lisboa
antiga continua a ser Lisboa. Não só foi aqui que
elas se passaram como é aqui que, de uma ou de
outra forma, continuam ou poderão continuar.
Há ainda outros prazeres da ‘Lisboa Antiga’
a acrescentar, entre os quais o maior é continuar
a ser cantada e ouvida, em Lisboa, todas as
noi tes. O lamento nostálgico só faz sentido se
o povoarmos de tudo o que o acompanha, a
co meçar pelo quentinho da comemoração. De
lembrar em conjunto. De estar ali com outras pes-
soas a lamentar uma Lisboa que, afinal, nem nós
nem nenhuma delas conheceu.
A força da saudade faz-se sentir só quando
se abandona a noção linear do tempo como um
tos co equivalente cronológico das distâncias qui-
lo métricas entre cidades. Tanto mais que, quando
se ouve as palavras costumeiras da consolação
– «o tempo cura tudo» –, apetece pedir para ver
a tabela.
Qual tabela? A tabela em que de um lado
estão as quantidades de amor e, do outro, as
equi valências em dias. Aquela que parte sempre
da mesma equação básica: quanto maior o amor,
mais tempo demora a dor a passar.
As pessoas que dizem que o tempo cura
tudo sabem que não é assim tão fácil. Sabem
que o tempo não é apenas distância. Sabem que
o tempo, quando se junta a um grande amor,
faz outra coisa: aproxima. E é essa aproximação
que transforma a dor da ausência na companhia
eterna da saudade.
É o tempo que nos volta a trazer a pessoa
ama da que partiu. E trá-la de uma forma que não
sofre nem morre, portátil e interior, renovando-se
dentro da nossa alma com um feliz sossego que
nada nem ninguém – nenhuma doença; nenhuma
distância; nenhuma traição – pode atingir ou in-
quie tar.
O tempo cura porque aproxima o amor do
amor. O tempo purifica a saudade mas, ao mes-
mo tempo, dá-lhe vida. A pessoa que se perdeu
encontra-se e reencontra-se, sempre diferente da
última vez que se esteve com ela; nunca estática;
nunca decadente; tão fluida e vívida e essencial
como o sangue que nos corre nas veias. Foi assim
que voltou o meu pai depois de ter morrido – e
nunca mais se foi embora; nunca mais saiu de
mim. O tempo fez-se pagar; é verdade. Custou
muito. Mas trouxe-o. E, a partir desse momento,
nunca mais cobrou nada senão as taxas e os emo-
lumentos normais de qualquer grande saudade.
Assim há-de voltar o pai amado à filha dele.
Leva muito tempo, mas leva muito menos do que
a vida. E, quando volta, fica para sempre, como
não pode nenhum ser vivo.
É que no dia 23 de Fevereiro deste ano morreu
o pai da Maria João, a minha mulher. Mais amado
por ela – e ela por ele – não podia ser.
Ele chama-se Joaquim e nasceu em Fevereiro
de 1920. O meu pai também se chama Joaquim e
também nasceu em Fevereiro de 1920. Imagino
a paródia que não vai lá por cima desde que
finalmente se conheceram.
Mas ela, coitadinha, ainda não. Falta muito
tem po; falta muito sofrimento; falta tudo. Mas o
tempo já começou a aproximar o que a vida se pa-
rou. Momentaneamente.
M.E.C.
19Espiral do Tempo 28 Crónica
“Porque o esquecimento é contrário ao amor:é um atentado contra ele. É uma ofensa recorrer a ele como promessa.
Seria mais honesto o desdém e a brutalidade de grunhir:
Deixa lá, isso passa-te.”
Eis uma questão engraçada... à qual a Física não consegue responder. Se tivessem perguntado
«qual é a duração do tempo presente segundo
as teorias actuais?», teria, com certeza, sido mais
simples. Isto é, de acordo com estas, o presente
dura exactamente 5,4 x 1044 segundos.
Efectivamente, para um físico, a duração do tempo
presente representa o mais pequeno intervalo de
tempo indivisível e concebível em teoria para le-
var a cabo uma experiência ou para observar um
acontecimento.
Ora, relativamente às nossas teorias, o mais pe-
que no intervalo temporal concebível, identifica-
se com o «tempo de Planck», sendo tPlanck
(5,4 x 1044 s), que representa o «átomo teórico
de tem po»: pois, actualmente, não se consegue
con ceber qualquer experiência ou acontecimento
com uma duração inferior a 5,4 x 1044 s. O que
leva a imaginar uma «linha de tempo» formada
pela justaposição de miríades de tPlanck, à seme-
lhança das peças de um dominó longilíneo. Nesta
metáfora, um segundo compõe-se de cerca de
2 x 1043 s dominós tPlanck seguidos.
É impossível encurtar? Porém, nada impede ima-
ginar, por exemplo, um fotão (partícula de luz)
deslocando-se durante metade do tPlanck. Nume-
ricamente falando, tal conceito, não apresenta
qual quer problema: já que metade do tPlanck
equivale a 2,7 x 1044 s e que a velocidade
de um fotão é de 3 x 108 m/s, uma “uma
regra de três simples” resulta numa deslocação
de 0,8 x 1035 m.
Incompatibilidade entre teorias
O problema é que as equações das teorias físicas
actuais não conseguem ser resolvidas para uma
distância inferior a 1,6 x 1035 metros. Como tal,
as nossas lacunas actuais são coerentes. De
quem é a culpa? Da famosa incompatibilidade
entre a teoria da relatividade geral que analisa a
gravitação e a mecânica quântica que des creve as
leis físicas à escala das partículas.
Com efeito, as fórmulas matemáticas destas duas
teorias revelam-se inconciliáveis, o que impede
de ter acesso simultaneamente ao infinitamente
pequeno e ao imensamente ‘pesado’ (maciço).
Ou seja, o limite de ‘resolução’ espaço-temporal
daquilo a que podemos chamar de ‘relatividade
quântica’ – espécie de híbrido artificial e pouco
estável das duas teorias juntas – é de 1,6 x 1035 e
m por 5,4 x 1044 s.
Para nos aventurarmos mais além, precisaremos
de esperar pela conclusão da teoria das cordas,
que é uma das vias mais avançadas para resolver
a incompatibilidade dos dois grandes pilares da
física moderna, ou pelo aparecimento de uma
teo ria de grande unificação. Só então é que po-
de remos falar do tempo presente...
Revista Science et Vie
Qual é a duração do tempo presente?
... para um físico, a duração do tempo presente representao mais pequeno intervalo de tempo indivisível e concebível em teoria para levar a cabo uma experiência
ou observar um acontecimento.
20 Espiral do Tempo 28 Primavera 2008
[ Crónica ]
Tendo chegado atrasado, como de costume, à cavalariça onde se davam aulas inesperadas, na Uni-
ver sidade Nova de Lisboa, e ouvi exclamar uma frase
que, misteriosamente, não esqueci, em 20 anos: «É pre-
ciso ler Paul Virilio!»
O Professor Emídio Rosa de Oliveira desenhou um seg-
mento de recta – uma linha no quadro – e, entusiasmado,
apagador na mão, começou a comer o segmento do
lado direito e o do esquerdo, encurtando a linha dos
dois lados, até restar apenas um pontinho no quadro. A
passagem da linha ao ponto, seria esse o nosso futuro.
Era o que a velocidade e a tecnologia estavam a fazer
ao mundo: em breve, um avião supersónico transportar-
-nos-ia de Paris a Nova Iorque, em pouco mais de uma
hora. Um aparelho comercial encurtaria para metade o
lendário voo do Concorde. Isto é, a velocidade anulava o
espaço, como previu o filósofo e urbanista francês Paul
Virilio, cujas obras era preciso ler.
Com os anos, a cavalariça das aulas da Nova transformou-
-se numa torre feia e o Concorde desapareceu, e não foi
substituído (o custo financeiro interfere no espaço-tempo,
creio eu; questão a estudar…). Contudo, a Internet e a
omnipresença do directo televisivo (guerras, furacões
etc.) reforçaram as previsões e os medos de Virilio.
Parece que já não é preciso irmos fisicamente a lado
nenhum para nos deslocarmos, ou pensar que o fazemos.
Numa entrevista ao Le Magazine Littéraire (ainda há ci ta-
ções destas, se me permitem usar o papel de uma revis-
ta de 1995, nos ‘googles’ de 2008 só cheguei a partes
mastigadas por outros), Virilio explicava onde foi buscar
a sua obsessão, a ideia da implosão do espaço-tempo e
a criação, por assim dizer, da «Dromologia», a ciência da
velocidade. Foi buscá-la onde, normalmente, todos nós
vamos buscar as obsessões: à infância. «A guerra», diz
ele, «foi a minha universidade».
Foi em 1940, em Nantes, onde a família se tinha refugiado,
enquanto estava a jantar com os pais, que, de repente, a
rádio anuncia que os alemães estavam em Orléans. Pouco
depois, ouve «um ruído bizarro» na rua. Precipita-se para
ver o que se passa, como todos os miúdos, e descobre
que os alemães estão a atravessar a ponte de Nantes.
«Foi para mim a experiência fundamental da velocidade.
A velocidade é, então, isto: a surpresa absoluta, uma
infor mação que não coincide com a realidade, porque a
realidade vai mais depressa do que a informação.» Num
outro dia, saiu para as compras, de manhã, com a mãe,
e, à tarde, essa rua tinha já desaparecido num bom-
bardeamento aéreo, caído «como um cenário».
Onde eu quero chegar é que em Portugal também é
possí vel uma criança ter experiências destas, sem ofensa
para a II Guerra Mundial. Pode-se, também, ver o tempo
veloz a fazer implodir o espaço, se não mesmo a fazer
explodir paredes: basta viver na vasta área de treinos de
uma base aérea militar.
Quando estudava num liceu no Alentejo, tive esta ex pe-
riência: num dia de provas, um palerma telefonou a dizer
que havia uma bomba no Liceu de Portalegre. O Liceu
começou a ser evacuado; a polícia trouxe, inclusivamente,
cães… Estávamos todos a rir do disparate – eram tempos
ingénuos –, quando… BAAAAUMM!!! Um estrondo horrível
que fez os vidros entortarem. Era a bomba.
Numa das salas, houve feridos ligeiros, devido aos tro-
peções e ao pânico e disse-se que uma professora saiu
aos gritos e que uma aluna soluçou: «Eu quero morrer
sem sofrer!»
Foi a primeira reportagem da minha vida num jornal lo-
cal. Ganhei uns poucos admiradores e alguns inimigos,
por escrever ‘falsidades’. Eu próprio apanhei um grande
susto, acreditei na bomba. Mas não: eram os caças da
base de Beja, a passarem a baixa altitude, tão rápidos
como o som, sem aviso.
Em Janeiro deste ano, aconteceu o mesmo em Penamacor.
Também não avisaram ninguém. Uma simulação de bom-
bardeamento rasante com 16 caças, à velocidade de uns
340 metros por segundo, sobre as povoações da Serra
da Malcata, partiu vidros, fez rachas, assustou de morte
os velhotes, pôs a chorar os bebés e matou coelhos.
Em Portugal, onde não há dinheiro para nada, só para os
ricos enriquecerem, chegámos, finalmente, ao cúmulo:
matar dois coelhos, não de uma cajadada só, mas com
a onda sonora de 16 aviões F16. Nem Virilio previu tal
grau de utilização da tecnologia, tamanha distorção da
realidade.
Rui Cardoso Martins
Rui Cardoso Martins
Mais veloz do que o tempo
A velocidade é, então, isto: a surpresa absoluta, uma informação quenão coincide com a realidade, porque a realidade vai mais depressa que a informação.
22 Espiral do Tempo 28 Primavera 2008
[ Crónica ]
Fernando Correia de Oliveira*
Utopia mecânica
Rousseau, d’Alembert, Chamfort, Voltaire e a Relojoaria (final)
24 Espiral do Tempo 28 Primavera 2008
[ Crónica ]
É possível que Voltaire tenha descoberto o seu interesse pela relojoaria durante a sua estadia na corte
de Frederico da Prússia (1750 – 1753), um grande amante
de relógios que tinha uma importante colecção de pên-
dulos franceses. Mas sabe-se também que Voltaire gos -
tava especialmente dos relógios de Julien Leroy, o cé-
le bre relojoeiro parisiense (1686–1751). «Ele terá dito
ao filho, Pierre Leroy, que o seu pai e o marechal de
Saxe tinham vencido a Inglaterra», afirma a historiadora
Isabelle Frank Luxemburg. A Inglaterra era, no séc. XVIII,
um grande centro relojoeiro e o mais feroz concorrente
da França no que dizia respeito ao desenvolvimento de
novas proezas técnicas.
«Voltaire, antes de fundar a sua própria manufactura
de relógios, tinha já comprado nos anos 60 vários reló-
gios, segundo consta do seu livro de contabilidade», faz
notar a historiadora, que estudou a relação entre Voltaire
e o Tempo. «O inventário do seu castelo em Ferney dá-
-nos conta de que ele tinha lá seis relógios de pêndulo,
dois deles no seu quarto».
Ao fundar, em 1770, uma manufactura de relógios,
Voltaire, ‘o rei de Ferney’, como gostava de se descrever,
seguia a moda do seu tempo e encontrava-se em bem
ilustre companhia. Na época, os monarcas europeus Luís
XV, Luís XVI, Frederico II, Catarina II e José II esforçavam-
se por criar manufacturas relojoeiras nos respectivos rei-
nos. Em Portugal, por iniciativa do Marquês de Pombal,
fun dava-se, em 1765, no Bairro das Amoreiras, em Lis -
boa, uma Real Fábrica de Relojoaria, a primeira do seu
género no País, e que teve à sua frente mestres--relo-
joeiros franceses. A criação de uma manufactura relo-
joeira inscrevia-se pa ra lelamente no quadro do pro jec-
to voltairiano de transformar Ferney, na sequência da
revogação do Édito de Nantes (liberdade religiosa), num
burgo florescente e obediente ao lema que o filósofo
decretara para o seu pequeno mundo – ‘Fazer o Bem’.
Depois de se ter dedicado à agricultura, Voltaire fundou,
sucessivamente, na localidade, uma olaria, uma fábrica
de faiança, uma outra de telhas, uma tanoaria e um tear
de seda, antes de fundar a manufactura de relojoaria.
Os relojoeiros que Voltaire empregava eram franceses
huguenotes ou seus descendentes que tinham fugido
para Genebra e que agora regressavam sob o ‘guarda-
-chuva’ do filósofo.
E dá-se, aí, mais uma experiência utópica. Nas cartas
que dirigia às personalidades mais destacadas do seu
tempo, Voltaire insistia na necessidade de protecção
da sua pequena república. A uns, enviava amostras do
trabalho realizado pelos seus ‘súbditos’; a outros, pedia
ajuda na importação de ouro para o fabrico das caixas
dos relógios. A outros, ainda, pedia que intercedam
junto do rei de França, para que encomendasse os seus
relógios, cujos preços eram muito mais baixos do que os
dos relojoeiros de Paris, Londres ou Genebra.
A manufactura de Ferney funcionou até 1778, não
re sis tin do à morte de Voltaire. Durante os nove anos
de la bo ração fez só relógios de bolso, com caixas deco-
ra das a esmalte, à moda da época, alguns sonneries,
espe cialmente para os mercados francês, russo, espanhol
e turco.
Calcula-se que a produção em Ferney tenha sido de
cerca de mil relógios por ano, contrastando com 33 mil
que se produziam em Genebra. Tendo em conta que, em
Ferney, trabalhavam, em média, cem relojoeiros e que,
em Genebra, havia, nessa altura, cinco mil, os números
são razoáveis.
Os mestres-relojoeiros da manufactura de Voltaire
em Ferney assinaram as suas obras ’Dufour & Céret’,
‘Valentin & Dalleizette’, ‘Servant & Boursault’ ou ’Panrier
& Mauzié’. Cerca de uma dezena e meia de relógios
Voltaire (ele nunca assinou nenhum deles, limitando-se
a financiar a operação e a publicitá-la junto dos ricos e
poderosos que conhecia) chegaram até aos nossos dias.
Estão em museus, como o da manufactura Vacheron
Cons tantin, o de Relojoaria, o da casa-museu do filósofo,
em Genebra, ou ainda no Louvre, em Paris.
Terminamos estas andanças pelo tempo dos en ci-
clo pe dis tas citando Claude-Daniel Proellochs, um his tó-
rico da relojoaria suíça, oriundo de uma família com
grande tradição no sector. Aquele que foi Presidente da
Vacheron Constantin de 1988 a 2005 e que hoje está na
deWitt, tem uma explicação para a relação entre os fi-
lósofos e os relojoeiros: «ambos reflectem sobre a mar-
cha do Tempo».
Fernando Correia de Oliveira
* Investigador do Tempo, da Relojoaria e das Mentalidades
26 Espiral do Tempo 28 Primavera 2008
[ Correio do Leitor ]
Precisão e oscilação
Gostaria de mais uma vez levantar uma questão, que como não podia
deixar de ser, sobre relógios. É sabido que um dos grandes inconven-
ientes dos relógios a corda e automáticos prendesse com o facto da
precisão dos mesmos estar interligada como a “quantidade” de corda
armazenada, ou seja muita corda boa precisão, pouca corda menor
precisão. Sei também que algumas manufacturas conseguem solucio-
nar este problema a minha questão é como fazem isso?
JOSÉ ANTóNIO SANCHEZ COELHO SILVA
A precisão dum instrumento de medir o tempo, depende principalmente
da frequência do oscilador. A título de comparação, nos relógios mecâni-
cos a frequência mais utilizada hoje em dia é de 4 Hz (num segundo o
balanço executa 4 oscilações completas) e nos relógios electrónicos, o
quartzo, no mesmo segundo efectua 32768 oscilações. No que toca a
este critério, podemos concluir, que os relógios electrónicos são muito
mais precisos que os relógios mecânicos. Na relojoaria mecânica, um
outro critério muito importante é o da transmissão da força da corda.
Infelizmente esta força nunca é constante (problemas com as engrena-
gens) e tem tendência a diminuir à medida que a corda se vai desen-
rolando dentro do tambor. Se ligarmos este factor ao facto do conjunto
balanço-espiral não ser isócrono, vamos então verificar que cada vez
que o valor da amplitude do balanço variar a marcha do relógio varia
igualmente. Estes problemas são quase tão antigos como a história da
relojoaria. Apesar dos constantes melhoramentos nos elementos que
compõem o relógio mecânico, continuamos a ter uma força que é criada
por uma mola metálica. Por isso as duas maneiras por si citadas, não re-
solvem só por si o problema, mas ajudam a atenuá-lo. Durante o tempo
em que o relógio automático está a ser utilizado a força da corda está
sempre no máximo e a curva de descida da força só se inicia a partir
do momento em que o utilizador retira o relógio do pulso, portanto a
amplitude do balanço é elevada, durante mais tempo. Nos relógios de
corda manual, logo após que esta seja remontada a fundo, inicia-se a
curva de descida da força. Para que essa descida não seja tão pronun-
ciada e leve a que o balanço perda amplitude, e por consequência a
marcha varie, optou-se por aumentar a duração de marcha, para que
a parte da curva de descida da força, correspondente a 24 horas, não
seja tão pronunciada.
Certificação COSCComo apreciador de relógios mecânicos – possuo quatro – noto, no dia-a-dia,
que este tipo de relógio tem um comportamento específico. Comportamento
também evidente no relatório que acompanha um dos meus relógios com certi-
ficação COSC, onde se constata que o relógio tem índices de precisão distintos
em posições diferentes. A questão é: porquê este tipo de comportamento e
como se pode explicar tecnicamente tais diferenças de precisão? A variação
de precisão também é afectada pela variação de temperatura; usando metais
menos susceptíveis de alteração da sua estrutura em face da temperatura não
se resolvia o problema?
JOSÉ ANTóNIO SANCHEZ COELHO SILVA
Um cronómetro (não confundir com cronógrafo) é qualquer medidor de tempo
de alta precisão. Para a lei suíça, um fabricante só pode afixar a designação
‘cronómetro’ a um modelo próprio depois de cada exemplar ter superado uma
série de testes e obtido o certificado do COSC – sigla de Contrôle Officiel Suisse
des Chronomètres, a mais famosa das entidades suíças de controlo de marcha
e precisão. O COSC testa apenas mecanismos, não o relógio completo (como o
faz a Jaeger-LeCoultre, por exemplo). Os movimentos mecânicos são muito sen-
síveis a variações de temperatura e posição, daí o COSC testar cada mecanismo
durante 15 dias consecutivos, submetendo-o a cinco diferentes posições e três
temperaturas (20º, 4º e 36º centígrados). Todas as alterações na precisão são
anotadas e comparadas com uma norma-padrão. Actualmente, quando testados,
os mecanismos devem apresentar os seguintes comportamentos para serem
classificados como cronómetros e receberem o boletim de marcha oficial:
1) a variação diária média em cada posição não pode representar um atraso su-
perior a quatro segundos ou um adiantamento maior do que seis; 2) a média de
todas as variações observadas durante dez dias de testes não deve ser superior
a dois segundos; 3) a maior variação entre as diversas posições testadas não
pode ser superior a cinco segundos; 4) a diferença entre as médias das posições
horizontais e verticais não pode significar um atraso de seis ou um adiantamento
de oito segundos; 5) a diferença entre a maior variação num dia e a variação
diária média não pode ser superior a dez segundos; 6) não pode ocorrer um
atraso ou adiantamento superior a 0,6 segundos por cada grau centígrado de
variação na temperatura dos testes; 7) em cada ciclo de cinco dias de testes, não
pode ocorrer uma variação média superior a cinco segundos de atraso ou adian-
tamento. Os testes do COSC simulam as condições aproximadas a que o relógio
será submetido em uso normal. Alguém que tenha tendência para manter o pulso
em apenas uma posição (quem trabalha ao computador, por exemplo) fará com
que o seu relógio acumule regularmente todos os erros relativos àquela posição.
A precisão do relógio só é alcançada através do fenómeno da ‘compensação
de erros’. Um relógio que, colocado numa única posição durante o dia, adianta
dois segundos, e, no dia seguinte, noutra posição, atrasa dois segundos, não
possuirá variação alguma ao terceiro dia. O mesmo raciocínio pode ser aplicado
às alterações de temperatura, sendo que actualmente se utilizam os materiais
e óleos mais imunes às variações. O certificado de cronómetro atribuído pelo
COSC indica o extremo cuidado da manufactura no ajuste e na construção do
movimento, sendo garantia de excelente precisão – mas nem sempre de absoluta
precisão. De qualquer das formas, um relógio mecânico que tenha uma variação
de dez segundos por dia atinge uma notável precisão de 99,97 por cento!
27Espiral do Tempo 28 Correio do Leitor
Precioso ou funcional?Como apreciador de relógios, não poderia deixar de ser, também,
lei tor da vossa revista, que aproveito para elogiar. A razão de ser
des te meu contacto prende-se com uma questão que me acompanha
há al gum tempo, mas que, por diversas razões, ainda não esclareci.
A minha questão é: por que razão se utilizam rubis nos relógios, se
se depreende que um bom relógio tem de ter obrigatoriamente essas
pedras, que, em número variável, revelarão a qualidade do mecanis-
mo? Serão esses rubis genuínos ou sintéticos?
JOSÉ ANTóNIO SANCHEZ COELHO SILVA
O rubi utilizado em relojoaria é uma pedra sintética dura usada num
mecanismo pelo seu efeito anti-atrito como rolamento de fricção. O
atrito é o inimigo número um do movimento mecânico – é a resistência
que se opõe ao movimento relativo de dois corpos em contacto e os
seus efeitos mais perniciosos são as perdas de energia e o desgaste.
E é entre pivots (extremidades adelgaçadas dos eixos) e chumaceiras
(apoios circulares) que os nefastos efeitos do atrito mais se fazem
sentir. Para reduzir o atrito, utilizaram-se, de início, lubrificantes primi-
tivos de préstimos muito limitados, os quais, em contacto com o latão,
criavam azebre que, ao secar, aumentava a resistência cinética em vez
de a diminuir, originavam verdete e, misturados com as poeiras do ar,
constituíam massas abrasivas que desgastavam tanto furos como pi-
vots. A utilização do rubi como chumaceira para os pivots das peças mais
sensíveis do mecanismo veio dar resposta ao problema. O rubi natural é
uma pedra preciosa que pertence à família dos corindos, minerais que
se distinguem pelo seu elevado grau de dureza. Conhecedor das cara-
cterísticas do rubi e dos problemas do atrito no relógio, o matemático
suíço Nicolas Fatio teve a brilhante ideia de utilizar estas gemas como
chumaceiras, em 1704. A grande revolução da produção de componen-
tes em rubi para o relógio inicia-se em finais do século XIX e, nos anos
20 do século seguinte, fica consumada com a industrialização do rubi
sintético. Possuindo rigorosamente as mesmas características químicas,
físicas e cristalográficas, o rubi sintético substituiu completamente o
rubi natural. A título de curiosidade: um relógio mecânico simples, de
corda manual, tem, normalmente, 17 rubis – cujo preço é quase irrisório
se comparado com o dos componentes metálicos, não constituindo
uma mais-valia a não ser funcional. Mesmo os rubis naturais utilizados
em relógios antigos, depois de furados e manufacturados, são pedras
que, pelas suas dimensões, formas e características, não têm qualquer
outra serventia.
Vidro de safira ou mineralNas descrições dos relógios da vossa revista, tenho notado que a maior
parte deles são dotados de um vidro de safira, mas que também há
relógios com vidro mineral. Qual é a diferença?
JOÃO MADEIRA RUIVO
A diferença é sobretudo qualitativa, quando não tem a ver com tradição.
No último caso está o TAG Heuer Monaco, que reedita o famoso cronógrafo
automático quadrado de 1969 e que respeita o original recorrendo a um
vidro em plexiglas. Mas, normalmente, todos os relógios de qualidade
são equipados de um vidro de safira (sintética, por vezes com trata-
mento anti-reflexo) sobre o mostrador e até no fundo (quando é trans-
parente) – uma vez que se trata de um material anti-risco e com uma
dureza de nove na escala de Mohs. Entre os materiais conhecidos, só o
diamante é mais duro (dez na escala de Mohs), ao passo que a dureza
do vidro mineral é de cinco na escala de Mohs. Os vidros em plexiglas
são aplicados quando a sua forma é de tal modo específica que o vidro
de safira não é possível. Na imagem pode ver-se o Monaco Chronograph
da TAG Heuer, cujo vidro, devido às suas características específicas não
poderia ser feito em safira.
Reserva de marchaO que significa precisamente a expressão ‘reserva de marcha’ tão utilizada
nos vários artigos da vossa revista?
LUÍSA VASQUES
Reserva de marcha ou reserva de corda é a autonomia que um relógio mecâni-
co (de corda automática ou de corda manual) apresenta desde o momento
em que está com a corda toda até ficar sem ela... e parar. Por exemplo: um
relógio automático completamente ‘carregado’ e com uma autonomia de 44
horas é imobilizado em cima de uma mesa sem receber qualquer tipo de
corda; demorará precisamente 44 horas até parar. Já os relógios de quartzo
funcionam até à pilha acabar.
[ Breves ]
28 Espiral do Tempo 28 Primavera 2008
Audemars Piguet Royal OakÍcone eterno em ouro rosa
Nem sempre são as grandes complicações ou as
múl tiplas funções que conferem excelência a uma
peça de alta-relojoaria, como o prova o Royal Oak
Automatic. Apenas com as funções de horas, minu-
tos, segundos e data, é um mito da relojoaria graças
à sua arquitectura singular há mais de 35 anos.
Com a célebre luneta octogonal fixada por parafusos
hexagonais e o habitual padrão quadriculado Grande
Tapisserie no mostrador, o Royal Oak surge também
numa versão em ouro rosa acompanhada de correia
em pele de jacaré com fecho de báscula também em
ouro rosa. Preço: € 19.280
Relojoaria suíça: Recorde de exportaçãoNunca antes a indústria relojoeira suíça ex-
por tou tanto como em 2007. As exportações
aumentaram 16,2% para 16 biliões de fran-
cos – o maior crescimento dos últimos 18
anos. Cerca de 26 milhões de relógios de
pulso saíram das fábricas do país. Os
maiores mercados para esse produto são os
EUA, seguidos por Hong Kong e Japão. Os
países em que mais aumentaram as vendas
de relógios suíços foram a Rússia (+ 57,4%)
a China (43%) e os Emirados Árabes Unidos
(36,6%). Também no ano passado a venda
de relógios de luxo em França disparou, regi-
stando um crescimento de 11%.
Chopard: Investimento de 15 milhões em FleurierA Chopard vai incrementar as suas activi-
dades na região de Val-de-Travers: o grupo
genebrino de relojoaria e joalharia pretende
investir 15 milhões de francos no crescimen-
to das capacidades de produção em Fleurier.
O investimento consiste na compra de um
terreno e de um novo edifício; nos últimos
onze anos, a Chopard passou de três para
130 efectivos na Manufactura L.U.C situada
na principal localidade do Val-de-Travers.
Print’Or 2008Mais de 600 expositores e marcasPara a sua 16ª edição, o Print’Or regressou
à Eurexpo de 3 ao 5 de Fevereiro. Três dias
de negócios, tendências, criações, encontros
e trocas: o cocktail de brilho, eficácia e con-
vivência que faz o sucesso da feira desde a
sua criação! Com mais de 600 expositores e
marcas, o Print’ Or confirma o seu estatuto
de acontecimento profissional mais impor-
tante de França dedicado ao universo relo-
joeiro e joalheiro.
“Incluir a aparênciaexterna e o design na definição de
alta-relojoaria é problemático uma vez
que estes aspectos são uma questão
de gosto pessoal.”
Fraçois-Paul Journe
Acessórios Porsche DesignLinhas puras
Para o homem actual que se preocupa com a sua imagem e o assume, sem constrangimentos, a Porsche De-
sign disponibiliza diversas linhas de acessórios masculinos de luxo. Com linhas puras e design moderno, os
acessórios exclusivos da Porsche Design – que vão desde botões de punho e braceletes a porta-chaves, anéis
e óculos, não são apenas decorativos – são acima de tudo funcionais. Preço: A partir de € 140
Chopard Mille Miglia Grand Turismo XL ChronoA força de um mito
Criada em 1988, fruto da parceria celebrada entre a Chopard e o rali nostálgico que reedita a mítica corrida
transalpina de mil milhas (Brescia–Roma–Brescia), a colecção Mille Miglia não tem parado de crescer. A última
adição: o Mille Miglia Grand Turismo XL Chrono Classic – considerado XL não apenas pelo tamanho da sua
caixa em aço (44 mm) mas também graças ao seu conteúdo mecânico e à dimensão do mito Mille Miglia,
assente na qualidade mecânica e no prestígio. Pormenor a realçar: a gravação do percurso das mil milhas no
verso da caixa. Preço: € 4.240 euros
Cintrée Curvex AutomaticO lado doce da vida
A inigualável caixa que é imediatamente associada ao ‘Mestre das Complica-
ções’ – a Cintrée Curvex – ganha outra vida com o novo mostrador em tons de
chocolate. Seguindo sempre o lema de «fazer relógios excepcionais para pes-
soas excepcionais», o Cintrée Curvex Automatic foi o primeiro relógio de Franck
Muller a adoptar a cor chocolate no mostrador, que mais tarde foi aplicada
também à colecção Conquistador Cortez, para quem aprecia o lado doce da
vida. Este modelo mecânico de corda automática com rotor em platina 950 tem
as funções de horas, minutos, segundos e data. Com caixa em ouro rosa e com
fundo em safira, é estanque a 30 metros. A bracelete em pele de crocodilo.
Preço: € 17.100
Jaeger-LeCoultre Master TourbillonPrecisão incomparável
A história da Jaeger-LeCoultre ficou marcada em 2006
com o lançamento do primeiro clássico Master Control
dotado com um turbilhão. Este relógio extraordinário,
com as linhas clássicas e design simples e elegante surge
dotado de um turbilhão que assegura que o movimento
da peça opera com extrema precisão. O turbilhão em ti-
tâ nio é acompanhado de um movimento de corda auto-
má tica que opera a 28.800 alternâncias/hora e com um
novo balanço de grandes dimensões. Com as funções de
horas, minutos, segundos, data e segundo fuso horário,
surge aqui em ouro rosa, a combinar com uma bracelete
em pele de jacaré. Preço: € 42.500
“Quando lançamos asnossas colecções, o nosso objectivo
é que definam o tom para os doze
meses do ano.”
Jérôme LambertCEO Jaeger-LeCoultre
[ Breves ]
30 Espiral do Tempo 28 Primavera 2008
Lange 31 da A. Lange & SöhneEnergia para um mês inteiro
À primeira vista, o Lange 31 impressiona pela caixa de grandes dimensões (um diâmetro imponente de 46
mm e uma altura total de 15,9 mm) mas, apesar do invólucro de aparência falsamente simples, trata-se de
um relógio com excepcionais atributos técnicos que permitem uma sensacional reserva de corda de 31 dias.
O indicador ocupa uma grande área à direita do mostrador de prata maciça; o último segmento, a vermelho,
lembra o proprietário que, decorrido um mês completo, é finalmente hora de dar corda ao relógio através de
uma chave que se insere na ranhura existente no fundo. Preço sob consulta
Levado ao extremoMaster Compressor Extreme World Chronograph
O Extreme World Chronograph é a evolução natural
da colecção Master Compressor. Cronógrafo mecâni-
co de corda automática JLC 752, tem como funções:
horas, minutos, data, cronógrafo, horas universais e
reserva de corda. A sua caixa de 46,3 mm em aço e
titânio é estanque a 100 metros. Robusto, beneficia
ainda do sistema ‘Chaves de compressão’ que, além
de o tornar uma caixa-forte, permite o accionamento
do cronógrafo sem os habituais “saltos” iniciais. É
fornecido ainda com duas correias: cauchú e pele de
jacaré. Preço: € 10.000
François-Paul JourneChronomètre à Ressonance
Apresentado em 2000, este relógio representa um
dos maiores desafios na área do relógio mecânico:
François-Paul Journe conseguiu a prova relojoeira
que dois movimentos conseguem funcionar em unís-
sono através da ressonância. Este relógio excep cio-
nal apresenta-se em duas versões: com caixa em
pla tina com mostrador em ouro branco ou em ouro
rosa. Ampliou-se a caixa para 40 mm para realçar a
face do relógio que indica as horas, minutos e se-
gun dos através de mostradores pequenos em prata
guilhoché, presos por círculos em aço polido no
verso do relógio em ouro 18 quilates. Desvenda-se o
mecanismo subtil, agora manufacturado em ouro 18
quilates, através do fundo safira, permitindo desco-
brir os dois corações mecânicos batendo em perfeita
sincronia. Preço: € 62.640
“Em última análise temosde estar presentes em cada uma
das capitais mundiais do luxo.”
Georges KernCEO da IWC
[ Breves ]
32 Espiral do Tempo 28 Primavera 2008
TAG Heuer Aquaracer Automatic Day-Date Mergulho no universo aquático
Inspirado na lendária Série 2000 o Aquaracer acumula todos os atributos para conquistar os amantes dos des-
portos aquáticos. Com a caixa de 41 mm de diâmetro em aço, e vidro em safira, é estanque até 300 metros. Os
ponteiros luminescentes permitem uma excelente visibilidade, mesmo nas águas mais profundas. A luneta em aço
tem um anel interior unidireccional em borracha com escala de minutos. Na posição das três horas, a indicação
do dia da semana e da data. Um modelo a ser usado com charme em qualquer ocasião – a bordo de um iate ou
no tapete vermelho de uma noite de óscares. Preço: € 1.500
B-42 Official CosmonautsDesign e funcionalidade acessíveis
Galardoada pela criação de relógios automáticos com
desempenhos extraordinários no espaço, a Fortis lançou
a colecção Cosmonauts – na qual se inclui o B-42 Official
Cosmonauts Day/Date Titanium. Com caixa de 42 mm em
titânio, é estanque a 200 metros e possui indicador de
dia do mês e dia da semana. Com numeração e índices
luminescentes, tem uma visibilidade perfeita. Com um
design desportivo e excelente funcionalidade, este Fortis
representa a inigualável oportunidade para ter uma ex-
traordinária peça de relojoaria a um preço bem razoável.
Preço: € 1.480
Raymond Weil Nabucco ChronoForça imperial
Sendo o maior modelo jamais criado pela Raymond
Weil, o novo cronógrafo da marca assume uma person-
alidade forte e poderosa. É o primeiro modelo da marca
genebrina a surgir com uma imponente caixa de 46mm,
estanque a 200 metros, e com uma estrutura sólida em
aço inoxidável conjugada com os pormenores em fibra
de carbono – um material high-tech. O cronógrafo au-
tomático apresenta um totalizador de 30 minutos às 3
horas, um totalizador com contagem de horas às 6 ho-
ras e segundos contínuos às 9 horas. A data, na posição
das 4h30m, é alterada por um botão independente na
caixa, às 10 horas. Preço: A partir de € 2.870
“Usar o meu TAG Heuer já fazparte do meu visual, estou habituado
a vê-lo no meu pulso. Sem ele sinto
que falta qualquer coisa.”
Lewis HamiltonPiloto de F1 e embaixador TAG Heuer
A Rolex defende que cada agente da
marca tenha o seu serviço após ven-
das (SAV) independente, com relojoei-
ros competentes para o efeito. Muitos
agentes optam por ter o serviço direc-
ta mente na loja. Considera que esta po-
lítica deveria ser seguida por todas as
marcas de alta-relojoaria?
Paulo Torres
Administrador C.S. Torres SA
Penso que cada retalhista deveria ter no
seu serviço de atendimento ao cliente
um relojoeiro permanente para a satis-
fação imediata do mesmo. Acredito que
seja uma política dispendiosa, mas tam-
bém acredito que a longo prazo colha-se
o fruto do investimento. Penso ser uma
estratégia inteligente por parte das mar-
cas para a defesa do serviço do cliente fi-
nal do seu produto, embora nem sempre
rentável no imediato.
A. Lange & Söhne:18 prémios em 2007, um recorde2007 foi um bom ano para a manufac-
tura alemã A. Lange & Söhne, dado que
os seus relógios mecânicos foram pre-
miados 18 vezes e, muito recente men -
te, dois modelos foram eleitos ‘Watch
of the Year 2007’ em Viena de Áustria.
Desde o lançamento da primeira co-
lecção pós II Guerra Mundial, há já 13
anos, a marca do grupo Richemont já
recebeu mais de uma centena de con-
sagrações, entre elas 64 primeiros pré-
mios, fazendo assim prova das palavras
de Walter Lange quando afirmou que
queria voltar a fazer os melhores reló-
gios do mundo.
34 Espiral do Tempo 28 Primavera 2008
[ Breves ]
Swordfish Grillo GMT-AlarmData dramática
A Graham impressionou, desde sempre, pelos seus
modelos de dimensões imponentes e design inova-
dor. E desde que surgiu, em 2005, a linha Sword-
fish tornou-se imediatamente num ícone da marca.
Um dos mais distintos modelos da colecção, o
Swordfish Grillo GMT-Alarm, une duas das funções
mais procuradas: segundo fuso horário e alarme.
Com a possante caixa de 46,5 mm e estanque a 100
metros, distingue-se por um ‘olho’ protuberante que
aumenta o visionamento da data de forma dramáti-
ca. Os ponteiros e a numeração estão revestidos
em superluminova branca, permitindo uma visibilida-
de excelente. Preço: € 6.650
Porsche Design Flat Six‘Prego a fundo’
Denominada Flat Six, a última colecção de relógios
da Porsche Design foi inspirada nos motores de seis
cilindros que contribuíram para a reputação da es-
cuderia alemã em todo o mundo. Para comemorar
os 35 anos da marca, a Porsche Design lançou um
relógio que lembra os primeiros cronógrafos negros
desenhados pelo fundador Ferdinand Alexander Por-
sche: o Edition 1 Flat Six P'6341. Cor emblemática da
marca, o negro que impera é 'salpicado' pelo branco
contrastante. No Flat Six P'6341 Porsche, o titânio
está revestido de negro através do recurso ao PVD.
Preço: € 4.500
“O Grillo era uma das minhasideias para a Graham se afirmar e poder
apresentar aos seus admiradores mais
uma extraordinária união entre o design
arrojado e o melhor da relojoaria suíça.”
Eric LothCEO The British Master
Patek Philippe NautilusRenovação após 30 anos
Quando a Patek Philippe lançou o Nautilus há 30 anos, o original conceito do reló-
gio e a marcante afirmação de elegância casual foram objectos de culto. Agora, a
prestigiada manufactura genebrina apresenta uma nova e subtilmente redesenhada
colecção Nautilus, com frescor renovado para comemorar o aniversário da linha.
Entre os modelos renovados encontra-se o Nautilus 5712, que, além das horas e
minutos, contém pequenos segundos às 4 horas, indicador de reserva de corda en-
tre as 10 e 11 horas e data às 7 com indicador das fases da Lua integrado. Para um
relógio mais desportivo, este é um número excepcional de complicações adicionais
– assentes no famoso calibre automático Patek Philippe 240 PS IRM C LU. Disponível
em ouro rosa e ouro branco de 18 quilates, com correia em pele de jacaré cosida à
mão em castanho (ouro rosa) ou preto-safari (ouro branco). Preço: € 24.610
Audemars Piguet MillenaryTempo oval
A linha Millenary da Audemars Piguet é inconfundível –
graças à conjugação de um formato de caixa original,
ergonómico e inspirado no Coliseu de Roma, com caris-
máticos mostradores, onde o toque de excentricidade é
dado pela combinação de algarismos árabes e romanos
em linhas circulares e ovais. O motor que faz funcionar
esta peça de alta-relojoaria é o calibre AP 3120 de corda
automática e todas as peças são decoradas à mão para
serem apreciadas através do fundo transparente. A caixa,
neste modelo em ouro branco, tem superfícies alternada-
mente polidas e acetinadas. Preço: € 19.870
Rolex GMT Master IIA beleza do essencial
Criado em 1955, o GMT Master foi o primeiro relógio de pulso a indicar a hora em dois fusos horários dife-
rentes. O modelo Oyster Perpetual GMT Master II é equipado com luneta giratória e um ponteiro de 24 horas
com ajuste independente do ponteiro de horas tradicional. A nova luneta foi desenvolvida numa cerâmica
extremamente rígida e bela, para uma superior resistência à corrosão. Um detalhe a realçar: à meia-noite, o
preciso calendário Rolex salta instantaneamente para a data do dia seguinte. A operação é accionada por meio
de energia armazenada. A legibilidade da data é ampliada com a lupa Cyclops. Preço: € 5.440
[ Breves ]
36 Espiral do Tempo 28 Primavera 2008
Relojoaria impulsiona publicidade:Anúncios a relógios registaram o maior crescimentoO mercado da publicidade na Suíça entrou
com pujança no ano 2008. As despesas no
ramo aumentaram 10% em Janeiro em relação
ao mesmo mês do ano passado, fixando-se
nos 279,4 milhões de francos. A publicidade
de relógios/jóias registou o maior cresci-
mento (+75%), segundo dados do instituto
de mercado Media Focus, revelados no seu
relatório mensal. Os produtos alimentares
apresentaram igualmente um forte aumento
(+53,7%), tal como o ramo da electrónica de
divertimento (+57,6%).
“Temos que nos lembrar que lidamos com sonhos: a pior coisa
que pode acontecer a uma marca é ver
que um cliente ficou desiludido.”Master Compressor Diving LadyA visão feminina do mergulho
Desportivo, elegante e aperfeiçoando as exigências básicas dos
re ló gios de mergulho, o Master Compressor Diving da Jaeger-Le-
Coultre simboliza a união entre o mundo aquático e o universo
fe minino. Com luneta giratória unidireccional decorada com 16
diamantes, bem como os instrumentos de compressão da marca
que garantem a estanquicidade que se procura num relógio deste
género, oferece ainda uma inovadora complicação na colecção
feminina Master Compressor: a função de cronógrafo. A caixa, em
aço, é estanque até 300 metros. Preço: a partir € 6.900
Franck Muller Color DreamsOusadia no feminino
Com a audácia que lhe é característica, Franck Muller de-
senhou uma colecção a pensar nas mulheres (e também
nos homens!) que apreciam peças de alta-relojoaria que
primam pela elegância, mas que não têm medo de ousar:
a linha Color Dreams. Com o formato exclusivo do ‘Mestre
das Complicações’ – o Cintrée Curvex –, a colecção mos-
tra o seu carácter arrojado na utilização de algarismos
árabes de design multicolorido que se destacam tanto no
mostrador preto como no azul ou branco. A caixa é em
ouro branco maciço, conjugada com correia em pele de
crocodilo. Preço: € 12.920
Bernard FornasCEO da Cartier
Considera os relógios de maior dimen-
são uma moda efémera?
António Machado
Machado Joalheiros
Não, de todo. Penso que os relógios
grandes vieram para ficar. Hoje, o relógio,
para além do factor muito importante
que é o seu lado técnico e de inovação,
pos sui também um lado estético, de
aces sório, de imagem e personalidade.
Assim, precisa de uma maior dimensão,
para poder transmitir esses valores.
“Os relógios fazem parte do dia-a-dia das pessoas, seja como acessório de moda, seja como um símbolo
de luxo que representa um certo modo de vida, por isso
nunca se irão cansar deles.”
Chopard Happy Sport Edition 2Feminilidade desportiva
Desde que foi lançado, em 1993, o modelo Happy Sport tem sido um vencedor nato – aliando de
maneira especialmente criativa (e divertida) o seu carácter joalheiro a uma vocação particularmente
desportiva. Hoje em dia, o Happy Sport Editon 2 surge numa altura em que as mulheres apreciam cada
vez mais os modelos robustos. A caixa de ouro, de 36 mm de diâmetro, alberga sete diamantes que se
vão movendo alegremente ao longo do mostrador. Alimentado por um mecanismo de quartzo com data,
é a escolha certa para quem deseja um modelo robusto mas feminino no pulso.
Preço: € 6.990
Fusion CollectionManuel dos Santos Jóias
A griffe Manuel dos Santos assina mais uma colecção de jóias
– a Fusion. A nova colecção expressa a elegância, feminilidade
e sobriedade numa composição entre diamantes, ouro amare-
lo, rosa e branco. Num apelo à memória da joalharia clássica,
renova-se o design na manufactura das sublimes escravas em
ouro, anéis e brincos. Um conjunto de jóias para a mulher
sofisticada e clássica que gosta de exibir jóias em qualquer
momento. Preço: a partir de € 840
A ousadia em forma de acessóriosde Grisogono
A mundialmente famosa marca de joalharia de Groisogono lançou agora uma fabulosa
linha de malas. A marca não é estreante em acessórios: no passado, já criou telemóveis,
óculos de sol e mesmo um par de algemas, todos eles decorados com diamantes e
caracterizados por um design arrojado. A nova colecção de malas não foge à regra. Esta
linha em couro e com cores vibrantes, com assinatura de Grisogono gravada à mão,
foi feita a pensar numa mulher confiante, feminina e audaciosa, o tipo de mulher que
Fawaz Gruosi, fundador e criador da marca, tem sempre em mente nos seus projectos.
Preço: Sob consulta
Fawaz GrousiCEO da de Grisogono
37Espiral do Tempo 28 Primavera 2008
[ Breves ]
Recorde em leilão: 1,6 milhões de dólares por um pênduloA Cartier acaba de bater um recorde na casa
lei loeira Sotheby’ s, em Nova Iorque. Um co-
lecc ionador americano desembolsou 1,6 mi-
lhões de dólares por um pêndulo de es cri-
tório. Trata-se de um exemplar único, criado
em 1943 e oferecido por Pierre Cartier como
presente pessoal ao presidente americano
Franklin Delano Roosevelt, que cumpriu qua-
tro mandatos de quatro anos à frente dos Es-
tados Unidos no conturbado período de 1933
e 1945. O novo recorde bate a marca prece-
dente de 1,5 milhões de dólares estabelecida
há cerca de 15 anos.
200 mil relógios contrafeitos confiscados em ItáliaA polícia financeira italiana anunciou uma
apreensão recorde em Roma de 200 mil reló-
gios de marca contrafeitos e 30 mil canetas
de luxo pirateadas, importados da China. Se-
gundo as autoridades italianas, esta foi uma
das mais importantes operações recentes da
luta contra a contrafacção. O valor global da
apreensão ascendeu aos quatro milhões de
euros. Um exame técnico revelou a “excelen-
te qualidade” dos produtos que pa recem
“pra ticamente idênticos aos originais”.
Equilíbrio entre cultura e economiaDar novos impulsos à relação entre a cultu-
ra e a economia é o principal objectivo do
fórum Tiberius, fundado em Dresden há quat-
ro anos, como um fórum internacional de cul-
tura e economia. Os fundadores pretendem
acolher o primeiro World Culture Forum em
Dresden, no início de 2009, que será um con-
gresso com representantes de toda a Europa.
O prelúdio para esta visão ambiciosa – um
simpósio – foi realizado na capital saxónica,
de 23 a 25 de Novembro e teve a manufac-
tura alemã Glashütte Original como parceira.
“Um relógio é o objecto mais altamente manufacturado no mundo
que mede a mais íntima das coisas,
que é pessoal, em oposição
ao tempo universal.”
Alain Silverstein
“Tenho muito apreço pelo meu relógio. Foi o meu avô que mo
vendeu no seu leito de morte.”
Woody Allen
38 Espiral do Tempo 28 Primavera 2008
Sector Chrono RetrogradeSempre a desafiar os limites
A nova colecção de relógios desportivos da Sector não
foge à regra e continua a fazer eco do mote da marca:
«desafie os seus limites». Com um look arrojado e uma
precisão garantida, os novos cronógrafos retrógrados
incluem uma robusta caixa em alumínio, com 44 mm
de diâmetro, vidro em cristal mineral e fundo aparafu-
sado. É estanque até 100 metros e tanto a coroa como
os botões são de rosca. Com funções de cronógrado
1/20 segundos e data. A bracelete é de cauchu. O com-
panheiro ideal para ‘viciados’ em adrenalina.
Preço: € 159
Limited EditionSector aposta nos acessórios
Tendo consciência de que mesmo os homens mais
aventureiros de hoje em dia já não descuram a sua
aparência, a Sector decidiu inovar e criou uma edi-
ção limitada de acessórios masculinos. Da colecção
Limited Editon fazem parte modernas braceletes em
aço e pele, um anel em aço com um diamante negro
e elegantes pendentes, também em aço e pele.
Preço: a partir de € 95
“Este é o nosso mundo e o nosso tempo. É isso que tento
mostrar, acreditando no
meu estilo.”
Roberto Cavalli
39Espiral do Tempo 28 Primavera 2008
Versace EclissiSofisticação contemporânea
A colecção de relógios da Versace foi enriquecida
com um novo modelo: o Eclissi, um exemplo supre-
mo de sofisticação contemporânea. A caixa e brace-
lete de design elegante em plaquè marcado com
pa drão Greca e com oito diamantes de 0,12 Cts, com-
binam com o mostrador prateado guillochè com dois
diamantes e index em plaquè. O Eclissi é a prova
incontestável de que o sucesso e a distinção de um
relógio não dependem do ouro.
Preço: € 1.100,00
A supremacia do douradoRoberto Cavalli e Just Cavalli
Pode ter passado por tempos difíceis no que toca
à decoração, mas na moda, e mais especificamente
nas jóias e nos relógios, o dourado manteve sempre
o seu lugar de rei e senhor. Sempre in, seja em peças
mais clássicas ou nas mais arrojadas, o dourado é
uma aposta ganha. E os grandes criadores sabem
disso: em plaquè, na nova colecção de relógios Cle-
a vage de Roberto Cavalli, e em PDV dourado, na co-
lecção Just Joy da Just Cavalli, que inclui anel, pulsei-
ra, brincos e colar. Preço: a partir de € 45
41Grande Entrevista Giulio Papi
A associação entre a Audemars Piguet e o gabinete Renaud & Papi promoveu uma plataforma tecnológica que estabeleceu um novo conceito na relojoaria; os quilómetros de distân-cia entre a secular manufactura de Le Brassus, no Vallée de Joux, e a sua sucursal, localizada em Le Locle, não afectam o laço umbilical entre as duas entidades – mas se a Renaud & Papi é respon-sável por alguns mecanismos ultracomplicados da Audemars Piguet, também é suficientemente independente para fornecer prodígios da micro- -mecânica a outros clientes de prestígio.
Fundada em 1986 por Dominique Renaud e Giulio Papi, dois jovens mestres relojoeiros for-mados na Audemars Piguet, a empresa é actual-mente dirigida por Giulio Papi e 60 por cento da produção destina-se precisamente a satisfazer as mais complexas necessidades da Audemars Piguet; a colecção Tradition d’Excellence (20 exemplares cada, com preço unitário superior a 250 mil euros) é feita lá, tal como o Royal Oak Concept Watch e os modelos de Richard Mille que abalaram decisivamente os cânones estéticos da alta-relojoaria, graças a um visual técnico, ma-
[ Grande Entrevista ]
Responsável pelo reputado ‘atelier’ Renaud & Papi, Giulio Papi está directamente
associado à concepção de algumas das mais audaciosas complicações relojoeiras da actualidade e à
corrente da nova relojoaria. A entrevista que se impõe, numa altura em que o mestre de origem toscana
não enjeita o lançamento da sua própria marca, num futuro não muito distante.
“Não sou um relojoeiroconservador de museu: sou um relojoeiro
normal mas sempre com o espírito de
vanguarda e o fascínio pela tecnologia
que o relojoeiro deve ter.”
Giulio Papi
texto Miguel Seabra | fotos Nuno Correia | La-Chaux-de-Fonds, Suíça
teriais de ponta e mostradores estruturados. Para além de mecanismos de excepção, a Renaud & Papi concebe também máquinas para a fabricação de peças especiais e tem um departamento de acabamento / decoração de elevada qualidade.Mas tem sido sobretudo graças às últimas cri-ações de elevado pendor high-tech que o mestre relojoeiro de 41 anos e origem toscana granjeou a fama de progenitor da nova relojoaria…
Espiral do Tempo: A Renaud & Papi está na vanguar-
da da indústria relojoeira, não só graças à concepção
de complicações tradicionais para a relojoaria clássica,
mas sobretudo pela capacidade de apresentar meca-
nismos e soluções técnicas de vanguarda que abalaram
os cânones estéticos da alta-relojoaria…
Giulio Papi: A relojoaria não é estática, ultrapassada nem baseada exclusivamente em premissas ances-trais – é uma actividade que tem estado sempre na vanguarda, e os grandes relojoeiros do passado nunca cessaram de melhorar tecnicamente ou in-ventar novas ligas de metais e diferentes tecnolo-gias para aperfeiçoar a cronometria. Não sou um relojoeiro conservador de museu: sou um relo-joeiro normal, mas sempre com o espírito da van-guarda e o fascínio pela tecnologia que um relo-joeiro deve sempre ter. Há muito que desejávamos impor um design diferente – e a ideia não surgiu porque estávamos fartos de ver elegantes mostra-dores tradicionais ou em esmalte. A intenção era
tornarmo-nos mais contemporâneos. E há uma evolução natural na utilização de materiais nos objectos que nos rodeiam – por exemplo, agora uso uma bicicleta com um quadro em carbono ultraleve e carreto de velocidades completamente diferente… mas continua a ser uma bicicleta! O design evoluiu igualmente, desde os utensílios mais banais até às casas desenhadas para con-sumir menos energia. A evolução é natural e na relojoaria também; para além do mecanismo em si, quisemos dar uma tridimensionalidade estética aos mostradores e oferecer uma terceira dimensão introduzindo a noção de profundidade.
ET: A alta-relojoaria sempre teve a fama de ser um meio
excessivamente tradicional. As mentalidades custam a
mudar e o advento do Audemars Piguet Royal Oak Con-
cept e dos modelos Richard Mille parece ter acontecido
no momento certo…
GP: Na verdade, tivemos a ideia do novo visual ainda nos anos 90, há cerca de dez anos. Fizemos a proposta e na altura não fomos bem-sucedidos porque a relojoaria de gama alta é um meio muito conservador. A ideia de mudança através de um produto radical chocou a Audemars Piguet. Até que um dia Richard Mille, responsável pela re-lojoaria da Mauboussin e com quem já havíamos trabalhado, decidiu criar a sua marca e veio ter connosco para nos encomendar um conceito con-temporâneo que nos agradou de imediato. Ele foi visionário, teve a coragem de se lançar totalmente
na sua missão sem que houvesse qualquer sinal de que seria bem aceite ou de que teria sucesso. Nós também fomos visionários… mas nada nos indicava que pudéssemos ter sucesso comercial. Apenas queríamos fazê-lo, era um feeling – en-fim, observamos o que se passa no mundo à nossa volta, o cérebro absorve as mudanças e elabora da-dos utilizando a imaginação… algo nos dizia que devíamos fazê-lo. E o Richard Mille tinha razão; foi ele o primeiro a lançar-se na gama alta com um produto genuinamente contemporâneo.
ET: Mas terá sido a Audemars Piguet – uma respeitada
marca secular – a validar a entrada na nova era da alta-
-relojoaria com o seu Royal Oak Concept…
GP: A situação surgiu praticamente ao mesmo tempo e é verdade que o facto de a Audemars Piguet ter lançado um tal relógio deu legitimi-dade ao novo conceito. Jogou um trunfo impor-tante e foi necessária uma grande coragem devido à sua reputação conservadora – imagine-se a Rolls Royce fazer um carro completamente futurista que não tivesse nada a ver com as suas viaturas! Era difícil de imaginar, mas o exercício foi con-seguido. Foi preciso coragem e a verdade é que, actualmente, a Audemars Piguet é vista como uma marca audaz.
ET: A utilização de novos materiais, uma característica
da Renaud & Papi, também está associada à nova vaga
da tecnorelojoaria…
42 Espiral do Tempo 28 Primavera 2008
“A evolução é natural e na relojoariatambém; para além do mecanismo em si, quisemos dar uma
tridimensionalidade estética aos mostradores e oferecer
uma terceira dimensão com noção de profundidade.”
Giulio Papi
O magnífico Audemars Piguet Mille-
nary com Segundos Mortos. Portento
exercício de técnica relojoeira ao al-
cance de muito poucos. Este modelo
está equipado com o novo escape da
Audemars Piguet.
Giulio Papi não esconde a sua admi-
ração por Richard Mille, a quem re-
conhece um espírito e uma aborda-
gem inovadoras em relação à técnica
e estética da alta-relojoaria actual.
43Grande Entrevista Giulio Papi
O mestre relojoeiro orgulha-se de exi-
bir no seu pulso umas das mais em-
blemáticas complicações relojoeiras:
o calendário perpétuo. Giulio Papi e o
seu Royal Oak Perpetual Calendar da
Audemars Piguet
A paixão de Giulio Papi pela arte da
re lojoaria tornaram-no numa figura
re conhecidamente capaz de ombrear
com qualquer mestre relojoeiro.
44 Espiral do Tempo 28 Primavera 2008
GP: Há duas diferentes abordagens relacionadas com a utilização de novos materiais – uma em que se descobre um novo material, que pode ser uma nova liga metálica nunca utilizada na relo-joaria, e se decide depois o que fazer com ele; a outra abordagem, contrária, é a que utilizamos: começamos por um design técnico e ergonómico, e se esse design requer um material de cor preta, azul ou amarela, vamos à procura de um mate-rial nessas cores com as melhores propriedades mecânicas. Começamos com a estética e a técnica e depois decidimos qual o material que melhor corresponde às premissas. No caso de Richard
45Grande Entrevista Giulio Papi
“Começamos por um design técnicoe ergonómico e se esse design requer um material de cor
preta, azul ou amarela, vamos à procura de um
material nessas cores com as melhores
propriedades mecânicas.”
Giulio Papi
O mecanismo do Royal Oak Concept
deslumbra pela sua complexidade
técnica e pela sua beleza estética.
Ao alcance de muito poucos, o Royal
Oak Concept da Audemars Piguet é
outra das criações de Giulio Papi e
uma referência do seu atelier. Cada
relógio demora quatro meses a ser
mon tado.
Mille, a ideia inicial era ter um look cinzento, an tracite e negro; foi necessário procurar mate-riais condizentes. Começámos por lançar um modelo de materiais convencionais mas com um revestimento muito técnico em PVD negro. Ao mesmo tempo, fomos estudando um carbono só-lido, passível de ser trabalhado e limpo, que não produzisse pó; quando encontrámos a matéria em carbono, substituímos todos os materiais conven-cionais pelo novo carbono.
ET: Tecnicamente, qual é a próxima via a seguir? No
início da década, o objectivo da Renaud & Papi era o de
produzir mecanismos sem óleo e com uma reserva de
corda aumentada. Há outros caminhos revolucionários
a considerar?
GP: Trabalhámos muito no sentido de aumentar a reserva de marcha e depois no de suprimir a lubri-ficação. É no sistema de escape que existem pro- blemas de lubrificação – mais de 90 por cento dos problemas têm a ver com o escape do mecanismo; o escape precisa de equilíbrio e, à medida que tra-balha, o óleo dispersa-se… há outros pontos onde se pode cortar com a lubrificação, mas o escape é o mais sensível e foi logo incidindo sobre o escape que começámos a trabalhar. O que se passa é que o lubrificante funciona bem quando está novo, mas passados cinco anos as coisas já não correm tão bem e é preciso fazer a substituição e limpar o relógio. A ideia era conceber um escape sem lubrificante, mas que consumisse menos energia, o que poderia aumentar a reserva de marcha. E
um escape sem lubrificante é muito mais estável no tempo. Havia duas soluções possíveis: traba- lhar com materiais novos, que não precisassem de óleo, ou então trabalhar com materiais tradi-cionais que fossem utilizados numa técnica de funcionamento diferente. Escolhemos a segunda via, a dos materiais convencionais, porque dentro de um ou dois séculos, quando um relojoeiro for reparar um mecanismo com materiais tradicio- nais, poderá sempre restaurá-lo ou refazê-lo, como sempre se fez na relojoaria. Mas se utilizarmos os novos materiais, como o silício, que até é muito válido, daqui a um século ou dois o relojoeiro vai ter poucas hipóteses de refazer a peça – são peças que se fazem em laboratórios de física e que não têm a ver com a mecânica.
ET: O novo escape da Audemars Piguet tem estado pre-
cisamente em grande destaque nos últimos tempos.
Em que consiste?
GP: A prioridade era utilizar materiais tradicionais e não sintéticos para que, no futuro, pudesse sem-pre ser recuperado; depois, olhámos para o pas-sado e para os relojoeiros ancestrais, de modo a equacionar diversas soluções para o escape – havia um muito interessante, chamado ‘escape Robin’, do relojoeiro Robin. Os registos indicavam que não funcionava bem e achámos bizarro porque a razão da falha não estava descrita; então anali-sámos o assunto e Patrick Augereau percebeu porque funcionava mal: o problema situava-se ao nível do amortecimento: a segurança era tão
O silêncio no atelier de Giulio Papi é
total. Aqui são montados e desenvol-
vidos alguns dos mais complexos re-
ló gios da actualidade.
O modelo do escape da Audemars
Piguet e a sua aplicação no movi-
mento do Millenary com Segundos
Mortos.
A pequenez do escape e do balanço
pode ser apreciada à escala real. De
notar que esta é já uma peça compos-
ta por dezenas de outras peças ainda
mais pequenas.
As ideias surgem no caderno de apon-
tamentos de Giulio Papi, depois são
transpostas para desenhos téc nicos e
simulações computorizadas.
46 Espiral do Tempo 28 Primavera 2008
“Adoptámos uma lógica artesanal– o que queremos atingir é o domínio absoluto da arte
para realizar um objecto e actualmente não há
máquinas que possam chegar a um tal nível.”
Giulio Papi
pequena que bastava um pequeno choque e tudo ficava bloqueado. O nosso técnico encontrou uma solução para o problema, envolvendo o anti-choque, que patenteámos e graças à qual o escape funciona com excelentes resultados. Chamámos--lhe escape AP, porque não se parece muito com o escape Robin… talvez devêssemos baptizá-lo escape Augereau! O novo escape dá-nos grande satisfação e consome claramente menos energia – um escape tradicional suíço de âncora absorve 65 por cento de energia, porque recebe 100 e restitui 35; o novo escape consome apenas 45 por cento de energia, recebendo 100 e restituindo 55. Com o excedente de energia podemos fazer três coisas: ou aumentamos a reserva de marcha, ou aumen-tamos a frequência do balanço (que consome mais energia) ou alargamos o tamanho do balanço – ou fazemos um pouco as três coisas ao mesmo tempo, aumentando a duração da reserva de corda e elevando um pouco a frequência. Os balanços maiores são mais estáveis, menos sensíveis às perturbações e à utilização, logo, à cronometria. Conseguimos também manter a tensão da corda.
ET: A sua companhia pertence à Audemars Piguet em
quase 80 por cento – numa situação maioritária, como
é possível gerir todo um cenário de concorrência com o
fornecimento à Richard Mille e a vários outros clientes
da alta-relojoaria?
GP: A Audemars Piguet tem na realidade 78,4 por cento, o director-geral Fabrice Deschanel tem 1,6 por cento e eu tenho 20 por cento. O objectivo da Renaud & Papi é fazer relógios que façam so- nhar, relógios contemporâneos. Se trabalharmos exclusivamente para a Audemars Piguet, não sa- beremos se somos os melhores – o facto de traba- lharmos para outras companhias diz-nos que elas estimam que fazemos um bom trabalho e o facto de continuarem a vir até nós prova que somos mesmo muito bons. É claro que para a Aude-mars Piguet é um sacrifício deixar que façamos belos relógios para outros, mas é também uma
garantia de que a nossa empresa trabalha sempre bem. E há muitos aspectos positivos: a pesquisa, a aprendizagem perante outras dificuldades, a con-stante melhoria faz com que os produtos Aude-mars Piguet também melhorem. A própria ima-gem da Audemars Piguet torna-se muito positiva: é uma empresa tolerante que não tem medo. E a relojoaria suíça é feita em conjunto, há uma con-corrência sã num país muito pequeno. Por exem-plo, para além da linha Richard Mille, fizemos o Turbograph para a Lange & Söhne, uma peça única com turbilhão para a Panerai, alguns me-ca nismos para a colecção Cartier Paris, já traba- lhámos para a Franck Muller, fizemos mecanis-mos muito especiais para a Mauboussin e existem outros casos sigilosos…
ET: Torna-se então natural que pense em criar a sua
própria marca, seguindo o exemplo de muitos outros
mestres relojoeiros…
GP: Tenho a vontade de criar uma marca… mas não é assim tão simples. É preciso ter um conceito e criar a marca sem perder a confiança dos nos-sos clientes – e isso é delicado, porque os clientes podem ir para outro lado e teria de ser uma marca que não chocasse com a Audemars Piguet ou a Richard Mille. Seguramente a marca aparecerá um dia, mas há um ritmo a respeitar… seria uma evolução natural, existem projectos e vamos tentar chegar lá… mas se não acontecer não será grave!
ET: É quase paradoxal saírem da Renaud & Papi pro-
dutos tão futuristas como os relógios Richard Mille de
construção tubular e mecanismos tradicionais com a
velha escola de decoração da alta-relojoaria!
GP: Queremos fazer o melhor possível no que respeita à qualidade, tanto no plano técnico como estético – e a parte estética tem a ver com acabamento e decoração. Há máquinas que fazem um excelente trabalho de acabamento, mas a mão de artesãos qualificados faz um trabalho bem melhor do que as máquinas. O objectivo nem é
fazer à mão ou à máquina, é oferecermos a me- lhor qualidade possível. No momento, a mão faz um trabalho muito melhor do que a máquina e é essa a resposta – custa muito mais caro, mas só queremos o melhor para o cliente. Adoptámos uma lógica artesanal – o que queremos atingir é o domínio absoluto da arte para realizar um objecto e actualmente não há máquinas que possam che-gar a um tal nível. Talvez no futuro…
ET: Os relógios que têm utilizado o escape AP apresen-
tam uma estética muito peculiar, de mostrador tridi-
mensional… mas com um visual tradicional bem dife-
rente da arquitectura high-tech de Richard Mille…
GP: Trabalhámos com o designer da Audemars Piguet em Le Brassus, o Octávio Garcia. A ideia era apresentar o novo escape e colocá-lo em evi-dência; ele elaborou um primeiro projecto e de-pois, ao fazermos a construção, achámos que era demasiado clássico e pensámos em algo mais ‘sensual’. Houve colaboração e acabámos com um visual rétro-contemporâneo… o Octávio tinha um feeling sobre um designer americano dos anos 30 chamado Raymond Levi, adepto de uma cor-rente chamada streamline, e adaptámos o estilo ao relógio.
ET: A especialidade da Renaud & Papi são as complica-
ções – pessoalmente, qual é a de que mais gosta?
GP: Para mim é a grande sonnerie, uma compli-cação de culto. A grande sonnerie que fazemos para a Audemars Piguet é extremamente com- ple xa e requer um grande trabalho a partir das peças de base em máquinas especiais, muito traba- lho de decoração e grande destreza dos relojoeiros, que demoram quatro meses a montar um exem-plar. É um relógio mágico porque dá as horas de modo sonoro – e tudo o que é acústico representa uma outra dimensão. Para além disso, o relógio com grande sonnerie soa a hora ou os quartos de hora… proporcionando uma excelente compa- nhia ao longo do dia!
47Grande Entrevista Giulio Papi
49Reportagem Porsche Design Worldtimer
O nome Porsche é incontornável no universo do prestígio e do luxo – mas a filosofia técnica e estética inerente à prestigiada escuderia alemã há muito que ultrapassou o âmbito auto-mobilístico para representar um conceito estilís-tico válido para as mais diversas aplicações, desde acessórios de suprema qualidade até caixas de champanhe ou mesmo mobiliário de cozinha!Tudo começou com o Porsche 911, que revolu-cionou a estética automóvel nos anos 60 graças a linhas tão intemporais que basta uma simples actualização pontual para continuarem vigentes. Da autoria do professor Ferdinand Alexander
Porsche, o design da lendária viatura manteve- -se ao longo das décadas para se transformar num clássico intemporal; o próprio Ferdinand Alexan-der Porsche fez questão, já nos anos 70, de alargar o conceito a uma bem-sucedida linha de produtos vanguardistas onde a forma e a função se fun-dem, de maneira ideal, através do atelier Porsche Design. Era o ponto de partida para a primeira linha de acessórios de luxo para Homem. E como uma das suas grandes paixões sempre foi a relo-joaria, foi sem surpresa que a filosofia estética do professor surgiu estampada em vários cronógrafos de características inovadoras…
ManufacturaTrinta anos depois de os primeiros cronógrafos Porsche Design terem estreado o visual escure-cido e a conjugação de titânio com cauchu tão em voga nos dias de hoje, a marca tem sido con-solidada através de uma colecção mais alargada e suportada pela experiência técnica da histórica manufactura Eterna – comprada pela família Por-sche, em 1995.
A tradicional linha de cronógrafos Dashboard foi complementada, há dois anos, com a gama Flat-Six, enquanto era lançada uma especiali-dade que imediatamente se tornou no orgulho
[ Reportagem ]
A Porsche Design lançou mais um modelo emblemático: o Worldtimer
P’6750 junta-se ao Indicator como grande especialidade da marca, complementando
de forma ideal as linhas Dashboard e Flat-Six. Análise a um relógio decididamente
diferente que marca pela estética e que alia, de modo perfeito, a forma à função.
texto Miguel Seabra | fotos Nuno Correia | Grenchen, Suíça
50 Espiral do Tempo 27 Inverno 2007
Virtudes da sincronização
Os três ponteiros centrais (horas, minutos, segundos) indicam o tempo local. Dois
discos que rodam debaixo do mostrador e visíveis através de aberturas na zona das
nove horas (horas) e das três horas (nome da cidade que marca o respectivo fuso)
mostram o tempo no segundo fuso horário que se deseja referenciar; o disco das horas
roda em sincronização com o tempo revelado pelos ponteiros principais.
A mudança do meridiano que se deseja obter para o segundo fuso horário é feita
através da rotação da coroa (depois de desenroscada) localizado às duas horas. Depois,
basta pressionar o botão e o ponteiro principal das horas assume a hora desejada sem
que o ponteiro dos segundos (e o dos minutos) seja afectado, já que o mecanismo
automático continua a trabalhar sem qualquer interferência.
Imagem técnica do sistema que permite
a “transposição” do segundo fuso horário
para os ponteiros principais do Worldtimer.
da colecção e do universo Porsche: o sensacional cronógrafo Indicator, com um preço unitário su-perior ao de um bólide Boxster! Mais recente-mente, um novo modelo surgiu para se posicionar entre o Indicator e a colecção ‘regular’: o World-timer P’6750, um relógio que, mesmo não sendo o habitual cronógrafo conotado com a vertigem automobilística, é tipicamente Porsche Design.
Desenhado no atelier da localidade austríaca de Zell-am-Zee e concebido na manufactura re-lojoeira suíça em Grenchen, o Worldtimer apre-senta uma estrutura original deveras impactante e surge equipado com uma função GMT particu-larmente inteligente – um instrumento do tempo de grandes dimensões vocacionado para os via-jantes modernos que gostam de um estilo depura-do. O estilo vanguardista assenta sobretudo na combinação de formas cilíndricas e lineares, com um grafismo no mostrador que acentua o carácter funcional do relógio; o visual escurecido é carac-terístico da Porsche Design e foi implementado
tanto pela utilização do titânio na caixa quanto da borracha vulcanizada na bracelete. Mas a prin-cipal característica técnica reside na mostragem simultânea de dois fusos horários; uma coroa suplementar com um botão integrado permite a fácil transição para qualquer um dos 24 meridi-anos do planeta.
Ovo de ColomboE como é que o Worldtimer P’6750 prima pela diferença perante as dezenas de modelos dotados de múltiplos fusos horários existentes no merca-do? Pela fiabilidade e facilidade instantânea, não sendo necessário puxar a coroa principal e parar o mecanismo, como sucede em praticamente todos os relógios mecânicos do género. A solução téc-nica encontrada pela equipa chefiada por Patrick Kauri é tão evidente que mais parece um ovo de Colombo…
A base do mecanismo assenta no calibre au-tomático ETA Valgranges A 07 111, que recebeu
uma placa adicional idealizada pela manufactura Eterna para o segundo fuso horário inteligente. Os três ponteiros centrais indicam o tempo de refe- rência, enquanto o módulo suplementar acoplado ao calibre de base faz com que, graças a discos que rodam sob o mostrador, duas aberturas mostrem um meridiano de referência (ex.: Londres para a hora portuguesa) e a correspondente hora desse segundo fuso.
Uma coroa localizada às duas horas permite mudar a cidade de referência do segundo fuso horário; um botão integrado nessa coroa facilita a tarefa de mudar instantaneamente a hora dos ponteiros principais, com a particularidade de não travar o movimento do ponteiro dos segundos – as horas, os minutos e os segundos são ajustados através da coroa principal, às quatro horas, que não precisa de ser mexida quando se manuseia o segundo fuso horário.
O disco das 24 horas / 24 fusos horários está ligado ao mecanismo base através de um eixo cen-
51Reportagem Porsche Design Worldtimer
As duas versões do Porsche Design Worldtimer. Ambas em titânio
para tornar o relógio mais leve, sendo uma delas finalizada com
um tratamento em PVD preto. O Worldtimer vem equipado com
com uma correia em cauchú.
“O Worldtimer pareceum relógio fácil, mas trata-se de um produto
técnico de grande dificudade e complexidade
mecânica desenhado para promover
a facilidade de utilização.”
Patrick Schwarz
Da simulação em computador para o
modelo real foram muitos meses de
ensaios e pesquisa para que o re sul-
tado se tornasse a nova obra-prima
da Porsche Design.
Propriedade da Porsche Design, é na
Eterna que são desenvolvidos os me-
canismos que equipam os relógios da
marca.
52 Espiral do Tempo 27 Inverno 2007
53Reportagem Porsche Design Worldtimer
tral pela roda das horas, o que requereu um tubo de centro novo.
Uma roda em forma de coração despoleta o salto da mudança da hora. Este é um tipo de roda inspirado na solução técnica que o relojoeiro Adolphe Nicole concebeu para os cronógrafos, há mais de século e meio,: uma pequena roda em forma de coração, patenteada em 1844 e que per-mite o retorno ao zero do ponteiro do cronógrafo a partir de qualquer posição.
O engenhoso mecanismo cronográfico in-dependente que conecta com o mecanismo do relógio quando desejado foi desvelado numa exi-bição em Londres, no ano de 1862. A efeméride marcou o nascimento do cronógrafo dos tempos modernos...
O Worldtimer P’6750 é sem dúvida um ins-trumento contemporâneo e, com tantas funções e peças pesadas no mecanismo, foi necessário gerir a dinâmica e o gasto de energia – o accionamento da função do segundo fuso horário produz fortes choques internos e não é fácil fazer com que a roda em forma de coração funcione, mas a equipa do responsável técnico Patrick Kauri resolveu a questão. «O princípio de funcionamento é o mesmo de um cronógrafo rattrapante, porque o disco do segundo fuso horário permite ‘recuperar’ a hora de origem», refere.
Para máxima segurança, tem a primeira coroa de rosca com botão integrado. «Designers, en-genheiros e relojoeiros tiveram de trabalhar em
uníssono para resolver os grandes desafios que o Worldtimer nos proporcionou», diz Kauri. «E conseguimos um produto extremamente preciso e fiável».
Estrutura impactanteA inovadora solução técnica está associada ao depurado design pragmático, que enche a vista. A caixa do Worldtimer P’6750 é estanque a 100 metros e, para além das imponentes dimensões (45 milímetros de diâmetro por 16,8 milímetros de espessura), apresenta asas estilizadas que ter-minam numa barra transversal à qual é acoplada a bracelete de cauchu.
«Trata-se de uma caixa de construção particu-larmente complexa, sobretudo devido à curvatura das asas e à dificuldade de polimento na zona en-tre a caixa e as asas», assinalia Kauri.
Construída em titânio (de acabamento mate cinzento ou com revestimento negro em PVD) e acompanhada de um vidro em safira anti-re-flexo, tem um fundo fixo com seis parafusos onde surgem explanadas as abreviaturas das cidades referentes aos 24 fusos horários que surgem no mostrador. A bracelete em borracha vulcanizada tem um padrão interior de ranhuras que permite melhor aderência ao pulso e surge equipada com um fecho de segurança igualmente em titânio.
Em suma: um sedutor cocktail que mistura design e tecnicismo – ideal para o sofisticado via-jante dos tempos modernos.
São volumosos os dossiers com os es-
tudos e detalhes técnicos do World-
timer. A marca suíça está em plena
produção deste modelo que têm feito
um enorme sucesso entre os aman-
tes da alta-relojoaria.
É com orgulho que a Porsche Design
apresenta este modelo. O sucesso da
linha Flat Six tem um digno sucessor
se bem que numa gama mais alta.
“O Worldtimer estáintimamente identificado com a
filosofia Porsche Design; mesmo que o
Indicator permaneça a obra-prima
da colecção, o Worldtimer é igualmente
uma montra do que somos capazes.”
Patrick Schwarz
O mecanismo do Worldtimer. Seguramente o
mo delo com indicação de segundo fuso horário
mais inovador do mercado.
O perfil da portentosa caixa do Worldtimer. São 45
mi límetros de diâmetro por 18 milímetros de espes-
su ra. O titânio assegura uma leveza extrema.
[ Reportagem ]
54 Espiral do Tempo 28 Primavera 2008
reportagem Fernando Correia de Oliveira, em La Chaux-de-Fonds, Suíça
Só há uma marca de luxo no mundo que tem no seu portfolio relógios que medem até décimos,
centésimos e milésimos de segundo, ou que no seu equipamento de timekeeping dispõe de
meios para medir até ao décimo milésimo de segundo. A TAG Heuer é especialista na corrida
contra o tempo e século e meio desta saga estão agora disponíveis no revolucionário Museu
360 Graus, uma experiência multimédia inolvidável.
O termo ‘cápsula do tempo’ é aqui empregue com propriedade – entra-se numa bolha de imagens e sons e faz-se uma viagem de 150 anos por terra, mar e ar; mas também se pode falar em entrar num relógio de pulso, num mundo liliputiano inesperado – o tecto representa o vidro, o meio o espaço intermédio onde se movimen-tam os ponteiros, o chão é o mostrador, debaixo do qual se esconde o mistério da precisão. Mas também se pode dizer que se está num templo, erigido à criatividade e ao amor pela precisão – as imagens no tecto sucedem-se a um ritmo aluci-nante, tão rápidas quanto os bólides que vão pas-sando nos vários ecrãs um pouco mais abaixo, transformando o todo numa capela sistina do
século XXI, onde o Tempo e a sua medição são os deuses. O Museu 360 Graus da TAG Heuer segue a tradição – inovar, com tecnologia avant-
-garde, desde 1860.Situado em La Chaux-de-Fonds, em pleno
coração relojoeiro helvético, o museu demorou 21 meses a ser construído, ocupando 200 met-ros quadrados. A ideia, como o nome indica, é ‘mergulhar’ na realidade histórica da TAG Heuer, a 360 graus – há um ecrã panorâmico de 7,5 me- tros de diâmetro que cerca todo o tecto, onde 12 projectores de vídeo lançam ininterruptamente imagens para oito ecrãs de LCD de 32 polegadas. Trata-se do primeiro ecrã de cinema cónico do mundo – operado por uma bateria de 12 com-
56 Espiral do Tempo 28 Primavera 2008
Uma vista do novíssimo Museu TAG
Heuer 360, espaço de história mas
tam bém de inovação. Estará aberto
ao público que deseje conhecer um
pouco mais acerca da marca suíça.
Lewis Hamilton e o CEO da TAG Heuer,
Jean-Christophe Babin na entrada do
Museu. O piloto de Fórmula 1, embai-
xador da marca, foi um dos convida-
dos de honra da cerimónia
“O notável design foi inspirado na intriganteinacessibilidade que constitui o espaço entre o mostrador de um relógio
e o vidro que o cobre, e onde os ponteiros são movidos
por uma força inexplicável vinda do interior.”
putadores, que processam mais de um milhão de imagens por hora, o conjunto cria uma represen-tação dinâmica da saga ímpar da TAG Heuer em cerca de século e meio.
O museu foi concebido e realizado por Eric Carlson e pelo seu gabinete de arquitectura pari- siense, Carbondale. O notável design foi inspira-do na «intrigante inacessibilidade» que constitui o espaço entre o mostrador de um relógio e o vidro que o cobre, e onde os ponteiros são movidos «por uma força inexplicável vinda do interior», segun-do as palavras do criador.
O filme projectado no ecrã de 360 graus na parte superior do conjunto (simbolizando o vidro de um relógio) enfatiza as figuras lendárias e em-baixadores que contribuíram para a evolução da marca. Os altifalantes de ultra-som emitem de cima para baixo um feixe direccionado de som, audível apenas para aqueles que estão posiciona-dos directamente em baixo, intensificando a ex-periência sensorial. É nesta parte superior que se desenrola a acção dedicada ao que já é lendário e épico – os homens e as mulheres que fundaram, consolidaram e projectaram a imagem da TAG Heuer. É nesta galeria da fama que vemos Ayrton Senna ou Tiger Woods em acção.
Nesta ‘sandes’ vanguardista, a parte do meio actua como uma linha do tempo. Uma faixa de alumínio, vidro e borracha, com 50 metros de comprimentos, circunscreve o museu a toda a volta. Ali, estão 16 expositores, oito ecrãs de vídeo, onde passam outros tantos filmes históricos, 51 imagens feitas em luz negra e zonas de texto, procurando dar uma sequência lógica à passagem do tempo. Começando da entrada e seguindo o movimento dos ponteiros do relógio, momentos--chave na história da medição de tempos (espe-cialmente desportivos) são realçados com peças
originais de época, fazendo afinal um passeio pela história da TAG Heuer, desde a fundação até à actualidade. Trata-se da parte pedagógica e edu-cativa do Museu – a saga da procura da precisão máxima é ilustrada por cronógrafos, datas-chave, textos, citações, ilustrações, documentos, objectos de colecção.
Cá em baixo, mesas circulares, com tampos de vidro e lentes de aumentar móveis, apresentam 300 peças históricas da TAG Heuer. Esta ‘fatia’ do museu representa o mostrador de um relógio. Em vez de utilizar a maneira clássica de disposição in-dividual de peças por armários e vitrinas espalha-dos pelo espaço, a equipa de Eric Carlson teve uma abordagem arquitectónica inovadora. Um único plano horizontal feito de plástico negro como que ‘deambula’ por todo o espaço, fazendo de chão, e lembrando uma mancha de óleo. Por entre curvas suaves, emergem nove expositores circulares, que actuam como mostradores secundários. As 300 peças em exposição nestas mesas estão agrupadas em nove temas: Grandes Invenções, Do Bolso ao Pulso, Tempos Modernos, O Sonho do Voo, Corridas Lendárias nos Estádios e nas Pistas, Parceiros Famosos, O Apelo do Mar, Tecnologia + Funcionalidade = Design, Relógios Femininos.
Na linha de inovação tecnológica que é, afinal, o ADN da TAG Heuer, as mesas dispõem de sis-temas hidráulicos que, num perfeito silêncio, ele-vam ou baixam as peças em exposição.
Para dar um toque final a este ambiente, 50 lentes de aumentar, de vários tamanhos, e fazendo lembrar gigantescas gotas de água na carroçaria de um carro, foram colocadas aleatoriamente nos tampos de vidro, podendo ser arrastadas para cima da peça que se pretende ver com mais pormenor.
O Museu pode ser visitado mediante pedido prévio à TAG Heuer e Jean-Christophe Babin disse à Espiral do Tempo que a intenção é, dentro de alguns meses, abri-lo pelo menos uma vez por mês ao público em geral.
150 anos a inovar com precisãoCapítulos cruciais da TAG Heuer, como a paten-te de um relógio de bolso sem chave para dar cor da (substituída por uma coroa), registada em 1869 pelo fundador, Edouard Heuer, estão rep-resentados no Museu 360 Graus. Os seus filhos, Charles-Auguste e Jules-Edouard prosseguiram no campo da inovação, patenteando em 1911 o Time of Trip, o primeiro cronógrafo para o tablier de carros e aviões.
Os convidados puderam apreciar em
primeira mão o vasto espólio da TAG
Heuer agora exposto.
Jack Heuer, Lewis Hamilton e Jean-
-Christophe Babin partilham as mes-
mas paixões, carros e relógios.
Lewis Hamilton autografou e ofereceu
o seu capacete ao Museu TAG Heuer
360. Foi a mais recente peça a fazer
parte do espólio museográfico.
57Reportagem Museu TAG Heuer 360
Em 1916, a TAG Heuer patenteou o Mikro-graph, o primeiro cronógrafo mecânico do mun-do a medir centésimos de segundo, quando a concorrência estava ainda no quinto de segundo, fazendo com que a marca fosse naturalmente o fornecedor de instrumentos de medição de tempo para os Jogos Olímpicos de 1920.
A marca está presente, pela primeira vez, na feira de Basileia (a maior do mundo) em 1934, e, em 1949, apresenta o Mareographe, um cronógra-fo de pulso que mede as marés num determinado porto e que tem ainda indicação de contagem de-crescente, para regatas. Na década de 50 do século passado, a TAG Heuer reforça a sua presença nas competições desportivas motorizadas, benefi-ciando de embaixadores como Juan Manuel Fan-gio, que usavam nos seus carros instrumentos de medição de tempos como o famoso Rally Master. O primeiro relógio suíço do espaço era um TAG Heuer – a 20 de Fevereiro de 1962, o astronauta americano John Glenn usava um cro nó metro da marca quando pilotou a nave espacial Mercury- -Atlas 6 Friendship 7, na primeira missão orbital tripulada norte-americana.
Jack Heuer, da terceira geração da família, que desde os anos 70 do século passado dirigia a empresa (e de que hoje é Presidente Honorário), tomou conhecimento em 1964 da Carrera Pana-mericana, uma lendária corrida, iniciada em 1950 no México, e lançou um dos modelos de cronó-grafo mais famosos de sempre, o Carrera.
Em 1969, a TAG Heuer lança um calibre revolucionário, o primeiro cronógrafo automático de sempre, que passa a equipar os seus modelos
Monaco (lançado na mesma altura, o primeiro de caixa quadrada e estanque), Carrera e Autavia. Nesse mesmo ano, o piloto suíço Jo Siffert assi-nou um contrato como embaixador da marca, tor-nando-se no primeiro desportista do seu género a ser patrocinado por uma empresa de relojoaria. Em 1970, Steve McQueen, no filme Le Mans, e fazendo um papel inspirado em Jo Siffert, imor-taliza o modelo Monaco, usando-o. Niki Lauda, Jacky Ickx ou Ayrton Senna são pilotos que, nas décadas seguintes, assinam como embaixadores da TAG Heuer, numa política sustentada que prosseguiu com Michael Schumacher ou, actual-mente, Lewis Hamilton. Maria Sharapova no ténis, Tiger Woods no golfe, ou Uma Thurman no estilo de vida, são outros poderosos persona-gens que dão a sua imagem por uma marca que «não parte sob pressão», acha que «o sucesso é tudo uma questão de cabeça» e interroga quem a usa: “afinal, és feito de quê?”
Sublinhando o seu mote, «swiss avant-garde since 1860», a TAG Heuer surpreendeu o sec-tor em 2004, em plena Feira de Basileia. Numa sessão pública hoje considerada histórica, e onde as centenas de pessoas presentes aplaudiram es-pon taneamente o que tinham acabado de ver num filme passado no exterior do stand da marca, dava-se conhecimento de um protótipo, o Mo-naco V4, um relógio mecânico que virava do avesso os princípios clássicos da relojoaria – os con vencionais rodas dentadas e pinhões eram subs tituídos por correias de transmissão e rola-mentos. O relógio continuou a ser desenvolvido e um modelo pré-série foi apresentado em 2007.
A TAG Heuer garante que o Monaco V4 deverá entrar, muito proximamente, em fase de produção em série. Em 2005, surgia o Calibre 360, o reló-gio mecânico mais preciso alguma vez fabricado, capaz de medir fracções até ao centésimo de se-gundo, graças à frequência excepcionalmente el-evada da sua roda de balanço – 360 mil oscilações por hora, dez vezes mais do que qualquer outro cronógrafo.
No capítulo do quartzo, onde a marca sempre esteve igualmente na vanguarda da tecnologia, desenvolvendo nos anos 70 do século XX mod-elos com a precisão do décimo de segundo em parceria com a Ferrari, a TAG Heuer apresentou recentemente o Microtimer, que marca tempos até ao milésimo de segundo e que guarda em memória o tempo da melhor volta, feito especi-ficamente para o exigente mundo da Fórmula 1. E, em 2007, revolucionou o conceito de calibre de quarto, ao lançar o Calibre S, um híbrido com 230 componentes electro-mecânicos e cinco motores. Este revolucionário movimento equipa agora a linha Aquaracer, num cronógrafo que usa pela primeira vez os ponteiros centrais de horas minu-tos e segundos para medir, simultaneamente, de forma analógica, o tempo e o tempo intermédio.
Agora, e aproveitando a inauguração do Mu-seu 360 Graus, a TAG Heuer lançou os novos modelos da sua linha Carrera. Destaque para o Grand Carrera, cujas linhas se inspiram na colecção nascida em 1964 e que vem equipado com o Calibre RS, um movimento automático que permite dar a função de cronógrafo através de discos, mais uma inovação mundial.
58 Espiral do Tempo 28 Primavera 2008
“Em 1916, a TAG Heuer patenteouo Mikrograph, primeiro cronógrafo mecânico do mundo a medir
centésimos de segundo, quando a concorrência estava
ainda no quinto de segundo...”
Jules-Edouard, filho do fundador da
marca, Edouard Heuer, manteve ace-
sa a paixão pela relojoaria no seio
desta família cujo nome se confunde
com a própria marca e com a históra
da relojoaria.
Desde sempre ligada à cronometra-
gem desportiva a TAG Heuer criou
uma infinidade de modelos específi-
cos para este fim.
Desenho de 1886 mostrando o meca-
nis mo de um relógio de bolso da au-
toria de Edouard Heuer.
Seja na Fórmula 1 ou no espaço os re-
lógios TAG Heuer marcaram um tem-
po e conquistaram o seu próprio lugar
na história da relojoaria e na história
da cronometragem desportiva.
59Reportagem Museu TAG Heuer 360
61Reportagem A. Lange & Söhne
Quando Walter Lange anunciou, em 1994, que queria «voltar a fazer os melhores reló-gios do mundo», foi interpretado com um misto de admiração e incredulidade. Ao seu lado, as ima-gens dos primeiros quatro modelos A. Lange & Söhne da nova geração deixavam entrever algo de verdadeiramente especial – tão especial que, nem mesmo uma década depois, já havia quem admi-tisse que a profecia se havia tornado realidade...
Depois do enorme impacto inicial provocado pela eclosão de uma marca luxuosa dotada de uma proveniência (Alemanha, para mais de leste!) di- ferente e de um ADN (técnico e estético) distinto das principais casas relojoeiras suíças, a A. Lange & Söhne prossegue paulatinamente o seu cami-
nho de afirmação pela excelência. A inauguração de um sexto edifício de produção permitirá um incremento da produção anual de 500 para 1000 relógios instrumentos do tempo com a chancela ‘Made in Germany/Glashütte’.
RedençãoEntre as várias histórias das mais prestigiadas firmas relojoeiras do planeta existem deliciosos por menores de superação humana e piscar de olho do destino, mas nenhuma consegue apre-sentar um grau dramático tão elevado como a da A. Lange & Söhne – os episódios trágicos e os revezes da fortuna foram tantos que têm forçosa-mente de abrilhantar cada relógio saído de um
[ Reportagem ]
texto Miguel Seabra | fotos Nuno Correia | Dresden, Alemanha
A A. Lange & Söhne é uma manufactura à parte no cenário da alta-relojoaria.
Porque é germânica, porque adopta diferentes técnicas de construção e decoração, porque
tem uma história sofrida e de redenção que torna ainda mais glorioso o seu renascimento.
O futuro? Tranquilo e auspicioso.
62 Espiral do Tempo 28 Primavera 2008
O galo do balanço já decorado manu-
al mente é um dos pontos de honra da
casa alemã. Um detalhe que re ve la
todo a atenção e primor pelo detalhe
que caracterizam os relógios saídos da
manufactura de Dresden.
A decoração do galo do balanço é uma
tarefa morosa e cada gravador têm a
sua própria técnica e estilo, como tal,
são peças únicas e irrepetíveis. O uso
de microscópios electónicos é usado
apenas porque seria humanamente
im possível fazê-lo a olho nú.
63Reportagem A. Lange & Söhne
“Imagine-se uma marca de relógios alemã,da antiga RDA, a produzir peças num pequeno vale, a querer até apresentar
grandes complicações como o ‘Pour Le Mérite’. Todos se riram.
Hoje, a posição do fabrico alemão de relógios está firmada.”
Fabian Krone
local que foi destruído há 60 anos. Só que a crise pós-Primeira Guerra Mundial, as feridas dos bombardeamentos da Segunda Guerra Mundial, as cicatrizes da expropriação política na Alema- nha de Leste, a redenção após a queda do Muro de Berlim, o milagre do inverosímil regresso e até as cheias do início da presente década podem dar sentido histórico aos relógios da Lange & Söhne, mas não a alma. Essa nunca foi vendida ao diabo. Nem o coração, que sempre palpitou no peito do herdeiro Walter Lange e do financeiro Günter Blümlein, os artífices da segunda vida de uma firma que tinha praticamente 150 anos por altura da reunificação... e que precisou de mais quatro para renascer como uma fénix nos escombros da antiga RDA, minada pela bancarrota e pelo desemprego.
Walter Lange, bisneto do fundador Ferdi-nand Adolph Lange, recebeu a chave da cidade de Glashütte e a ordem de mérito do estado da Saxónia; actualmente pode descansar com o sen-tido do dever cumprido. A visão estratégica do malogrado Günter Blümlein é recordada por um busto de homenagem nas instalações da marca e na memória colectiva da manufactura. Hoje em dia, a Lange & Söhne é liderada por Fabian Kröne no seio do Grupo Richemont – e se há década e meia os cépticos metaforizavam a aven-tura da marca saxónica como uma corrida entre um Trabant de leste e um Mercedes ocidental, não há dúvida de que a Lange & Söhne mostra uma cilindrada capaz de ombrear com as míticas
Peças ainda por trabalhar. A partir
daqui irão ser sujeitas aos diversos
tipos de decoração que as tornarão
dignas de equipar um “Lange”.
A específicidade de cada tarefa é tal
que certos coleccionadores preferem
que certos acabamentos sejam feitos
por determinados artesãos de quem
apreciam o estilo.
64 Espiral do Tempo 28 Primavera 2008
65Reportagem A. Lange & Söhne
“Uma coisa é o Lange 31 como relógio.Outra é o que está por trás: os nossos relojoeiros controlam, neste
momento, uma reserva de poder de 31 dias. Não foi apenas aberta
uma porta, foi inaugurado um mundo totalmente novo!”
Fabian Krone
Os relógios A. Lange & Söhne têm um
estatuto de exclusividade mas em que
a pro cura supera largamente a capaci-
dade de produção.
www.alange-soehne.com
A A. Lange & Söhne é menos mediáti-
ca que certas manufacturas suíças, no
entanto, é uma das casas relojoeiras
mais premiadas da actualidade.
manufacturas relojoeiras suíças. Afinal de contas, foi considerada a primeira das 30 marcas mais luxuosas da Alemanha... à frente da Mercedes.
Quatro mosqueteirosFilha da glasnost e da perestroika, a A. Lange & Söhne pós-Muro de Berlim surgiu personifi-cada em quatro modelos iniciais. Esses ‘Quatro Mosqueteiros’ – o Lange 1, o Arkade, o Saxónia e o complicado Tourbillon Pour le Mérite – pas-saram com distinção no escrutínio da primeira apresentação aos clientes e à crítica especializada, no dia 24 de Outubro de 1994.
Não bastava que os relógios fossem esteti-camente apelativos ou concebidos exclusivamen-te em metais preciosos. Denotavam pura classe e eram sobretudo diferentes sem destoar da tradição da marca, desde o plano estético e deco-rativo até ao aspecto técnico e à originalidade de concepção. Transpareciam alma e coração, im buí dos numa história com pedigree imperial: mecanismo tradicional em prata alemã com pla-tina a três quartos, decoração única com gravação do galo do balanço e chatôns de ouro; a data so-bredimensionada numa janela dupla inspirada num relógio da Ópera Semper de Dresden repre-sentou uma tremenda originalidade; o mostrador descentrado do emblemático Lange 1 e o princí-pio de transmissão (com fusée à chaîne) utilizado no Tourbillon ‘Pour le Mérite’ deixaram a indús-tria boquiaberta.
Feito um 31A filosofia de produto manteve-se inalterável, insistindo na platina de base dos mecanismos em prata alemã (com níquel, zinco e bronze) que dá um tom único aos calibres Lange mas que é de difícil decoração e não permite margem para erro; oxida facilmente e qualquer descuido anula todo o processo, que é duplo: monta-se cada mecanismo para regulação e testes, desmonta-se para acabamento e decoração, e finalmente mon-ta-se uma segunda vez. A colecção evoluiu natu-ralmente, com os modelos menos complicados a serem devidamente acompanhados por prodigio-sas complicações incluídas em modelos como o Langematik Perpetual, o Datograph, o Double Split com dupla função rattrapante, o Tourbo-graph com fusée à chaîne, o Datograph Perpetual ou o recente Lange 31. O nível dos acabamen-tos é simplesmente excepcional e a inventividade também, com a apresentação em média de dois novos calibres mecânicos por ano.
A transição entre o passado e o futuro parece assegurada da melhor maneira pelo actual chefe de pesquisa e desenvolvimento – o brilhante holandês Anthony de Haas, oriundo da escola vanguardista da manufactura de calibres Renaud & Papi mas que está imbuído da peculiar identi-dade da Lange & Söhne. É ele o homem por trás dos progressos no capítulo da reserva de corda, da criação de uma espiral própria e de novas in-venções que aí virão.
O famoso Lange 31, em que 31 são
os dias de reserva de corda. Pode ob-
servar-se à esquerda e em cima um
pequeno oríficio quadrado através do
qual e mediante uma chave especial
se dá corda ao relógio
Um dos segredos dos 31 dias de reser-
va de corda reside aqui, na novíssima
espiral especialmente desenvol vida
pela A. Lange & Söhne.
56 Espiral do Tempo 28 Primavera 2008
[ Reportagem ]
reportagem Fernando Correia de Oliveira - Miami
A lenda nasceu na Índia, nos tempos do Raj, há 77 anos. Mas o coração do Reverso
bate com rigor e sede de inovação bem helvéticas. A manufactura de alta-relojoaria Jaeger-LeCoultre
passeia os pergaminhos do seu mais perene modelo pelos campos de pólo do mundo. Desta vez, foi ao
sol latino-americano de Palm Beach e Miami.
A CAVALO
67Reportagem Jaeger-LeCoultre
Os Estados Unidos estão à beira de se tornarem num país assumidamente bilingue, e os ‘latinos’ já são maioritários em vastas zonas do território, onde o castelhano ultrapassa o inglês no quotidiano de milhões. A Florida, especialmente Miami, é um desses casos onde a latinidade é omnipresente e atravessa todos os estratos sociais. A relativamente pequena comunidade argentina é poderosa, do ponto de vista económico, e há todo um mundo de sofisticação e exclusividade girando à volta do pólo e dos seus clubes, onde a maioria das estrelas são argentinas e onde a ‘beautiful peo-ple’ anglo-saxónica luta pelo privilégio de entrar.
Qual é o desporto da moda entre os ricos e famosos do mundo? Se o golfe e o ténis desde há muito se massificaram, se a vela segue o mesmo caminho, restará a essa diminuta elite mundial con centrar-se nos clubes de pólo, de Gstaadt, na Suíça, ao Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, passando por Sotogrande, em Espanha.
Mas os centros mais prestigiados deste des-por to estão na América – Argentina –, onde a modalidade é adorada e de onde provêm os jo-gadores mais ta len tosos e os cavalos mais hábeis; e é na área de Miami / Palm Beach, na Flo rida, que os gran des praticantes, os melhores do mundo,
passam metade do ano. Latinos, cavaleiros, ga-lantes, more nos e atléticos, além de ricos, são autênticos ímãs para as mulheres jovens e bonitas das redondezas. Enquanto isso, os pais e maridos fazem os seus negócios nos bares e restaurantes destes clubes, onde a quota anual (que dá apenas o direito de entrada) equivale a 60 mil euros.
Foi neste ambiente de tropicalismo caribenho, pontilhado de pragmático estilo americano e misturado de tradição ‘british’, que a Jaeger- -LeCoultre lançou as suas novidades para este ano em termos de Reverso, o modelo mais perene da Grand Maison, o nome por que é
68 Espiral do Tempo 28 Inverno 2008
Adolfo Cambiaso
O argentino Adolfo Cambiaso Júnior é considerado pela generalidade dos especialistas e adeptos o melhor jogador
de pólo do mundo, sendo um dos poucos com um handicap 10, o máximo na modalidade, que ele atingiu com a
idade-recorde de 17 anos. Dado que tem o mesmo nome do pai, é tratado no meio como Adolfito.
Hoje, com 33 anos, já ganhou um total de 15 títulos do Grand Slam do pólo, incluindo o Open argentino e o norte-
-americano (cinco vezes cada), bem como o Open britânico. Tem no currículo quase 30 títulos na Polo Masters Cup,
incluindo seis Queen’s Cup e seis Prince of Wales Trophy.
A vida de Adolfo Cambiaso reparte-se pela Argentina, pelos Estados Unidos, pelo Reino Unido, pela Suíça e por
Espanha (sobretudo em Sotogrande, um dos clubes mais importantes da Europa).
Adolfo é casado com uma das mais conhecidas modelos sul-americanas, Maria Vazquez, que hoje em dia é também
apresentadora de televisão. O casal tem dois filhos – Mia e Adolfo júnior. Este último nasceu durante o Abierto
Argentino, no meio de uma partida, que o pai abandonou para assistir ao parto do primeiro filho.
69Reportagem Jaeger-LeCoultre
Foi neste ambiente de tropicalismocaribenho, pontilhado de pragmático estilo americano
e misturado de tradição ‘british’ que a Jaeger-LeCoultre
lançou as suas novidades em termos de Reverso.
As regras do pólo
O pólo é um jogo que terá as suas origens na Ásia central, há mais de 2.500 anos. Já era praticado na Índia quando os
ingleses ali chegaram. A potência colonial cria no Raj o primeiro clube de pólo, em 1859. E, em 1873, ocorre o primeiro
jogo de pólo oficial em Inglaterra.
Um campo de pólo tem 275 metros de comprimento por 180 metros de largura, e o objectivo é a marcação do maior
número de golos, acertando numa bola de 8 centímetros de diâmetro, em cima de um cavalo, com um taco com
cerca de 3 metros de comprimento, e fazendo-a entrar numa baliza de 7,3 metros de largura. Cada uma das equipas
tem quatro elementos e cada partida dura cerca de uma hora, dividida por quatro ou seis períodos (chukkas) de sete
minutos e meio cada. Há intervalos de três minutos entre cada período e de cinco, a meio da partida (altura em que o
público é tradicionalmente convidado a entrar em campo para, com os pés, alisar o relvado descomposto pelos cascos
dos cavalos). A cada período, os cavalos são obrigatoriamente trocados e cada animal só pode ser usado duas vezes.
Há dois árbitros em campo, a cavalo, e um terceiro a pé, fora de campo. Cada cavaleiro poderá percorrer, em cada
partida, até 160 quilómetros. Como, por exemplo, no golfe, os praticantes são avaliados e classificados por handicap,
que começa em -2 e acaba em +10.
conhecida a manufactura relojoeira suíça. As pe-ças Reverso apresentadas – o Giroturbilhão, o Squadra em cerâmica e a nova colecção Squadra para senhora – aliaram, mais uma vez, e na pura tradição Jaeger-LeCoultre, a forma carismática e a função complexa, numa base de movimentos de manufactura que continuam a estabelecer no vas fronteiras em termos de desenvolvimento tec-nológico e uso de novos materiais.
Para o grupo de jornalistas da especialidade vindos de todo o mundo, incluindo os da Espiral, o ‘tiro de partida’ foi dado no Palm Beach International Club, um dos mais exclusivos do mundo, e onde o manusear do novo Giroturbilhão (pela primeira vez aplicado a uma caixa de Reverso, adaptada) provou a capacidade técnica
inultrapassável da JLC. Uma partida de pólo, para fins de beneficência, contou com a presença do Adolfo Cambiaso, uma espécie de Maradona do pólo, considerado o melhor jogador da modalida- de no mundo e que há anos vem sendo embaixa- dor da Jaeger-LeCoultre. No pulso do cavaleiro apa recia o novo Reverso Squadra Polo Fields Chronograph, com caixa em cerâmica negra. Nas equipas, mistas, figurou outra das embaixadoras da marca, a marquesa Clare Mountbatten. O objectivo era marcar o máximo número de golos, já que a manufactura se dispôs a dar um tanto por cada um a uma associação local de luta contra o cancro da mama. No final, seriam sete mil dólares, mas o presidente da Jaeger-LeCoultre, Jerôme Lambert, resolveu dobrar a parada e foi passado
um cheque de 14 mil dólares. Um ‘asado’ no The Mallot Grill retemperou as forças da comitiva, que depois visitou os estábulos de Cambiaso, nos arredores do Palm Beach International Club. A família Cambiaso cria cavalos destinados à prática do pólo – tem cerca de mil. Os animais não podem ser muito altos, as éguas aprendem melhor que os machos, o ensino só pode começar a partir dos quatro anos e um cavalo atinge o auge das suas capacidades por volta dos seis, terminando a carreira por volta dos oito.
No dia seguinte, já em Miami, foi a vez de visitar os estábulos de Eduardo Novillo Astrada, Las Monitas. A família Astrada é uma das que tem mais tradição e palmarés no mundo do pólo, e Eduardo é considerado o segundo melhor jo-
Reverso Squadra Chrono GMT
Movimento: Cronógrafo mecânico de corda
automática JLC 754.
Funções: Horas, minutos, data, cronógrafo
e 2º fuso horário.
Reverso Squadra World Chrono
Série Limitada: 1500 exemplares.
Movimento: Cronógrafo mecânico de corda
automática JLC 753.
Funções: Horas, minutos, segundos, data,
cronógrafo e indicação dia/noite.
70 Espiral do Tempo 28 Inverno 2008
A caixa reversível para relógio é umacriação Jaeger-LeCoultre que permaneceu única no mundo, desde 1931.
Um símbolo intemporal do movimento ‘art déco’ (como alguns famosos
edifícios de Miami), o Reverso é o mais clássico de todos os
relógios rectangulares.
Eduardo Astrada
Considerado o segundo melhor jogador do mundo, Eduardo Novillo Astrada é, com o seu handicap 9, uma das mais
fortes personalidades na modalidade, imprimindo a sua marca inconfundível nas equipas de que tem feito parte.
Além disto, Eduardo é, juntamente com Cambiaso, um dos mais conhecidos jogadores argentinos. Com 35 anos,
tem no seu palmarés uma série de vitórias em opens importantes, tendo feito parte de equipas tão famosas como
as argentinas La Cañada, Ellerstina e La Aguada. É nesta última que joga actualmente, com três irmãos, facto raro
numa modalidade onde, no entanto, a tradição familiar tem imenso peso. Nos Estados Unidos, Astrada é o capitão
de Las Monjitas e, tal como Cambiaso, possui estábulos na Argentina e na região de Miami, sendo, com os seus
cerca de mil animais, outro dos grandes criadores mundiais de cavalos para pólo. No Reino Unido, Astrada integra
a equipa Black Bears, que tem ganho nos últimos anos o Open local.
Tal como o resto da elite mundial do pólo profissional, Astrada vive repartido entre a Argentina natal e os Estados
Unidos, com incursões anuais ao Reino Unido, à Suíça e a Espanha (ganhou recentemente em Sotogrande).
gador mundial. Também ele embaixador da Jaeger-LeCoultre, possui, igualmente, cerca de mil cavalos, estando com Cambiaso entre os maiores criadores de cavalos de pólo do Globo. Mais partidas demonstrativas da modalidade serviram para os neófitos tomarem contacto com um desporto rápido, perigoso, exigente e, pela lo-gística que envolve, apenas aberto a quem tem, na realidade, muito dinheiro.
O fim do dia, no Shore Club de Miami, foi uma ladies’ night, momento propício para a apre-sentação, junto à piscina, e com modelos vivos a passearem os relógios por entre mais de mil con vidados locais, da nova colecção Squadra
de senhora. A actriz Diane Kruger, outra em-baixadora da marca, esteve presente. No final, bem ao espírito de Miami, algumas dezenas de convidados foram parar à piscina, vestidos e com telemóveis de última geração no bolso…
A caixa reversível para relógio é uma criação Jaeger-LeCoultre que permaneceu única no mundo, desde 1931. Um símbolo intemporal do movimento art déco (como alguns famosos edifícios de Miami), o Reverso é o mais clássico de todos os relógios rectangulares.
Há três anos, nascia o Reverso Squadra – a mesma filosofia, mas em caixa quadrada. Este mítico modelo nasceu de um desafio lançado por
militares britânicos em serviço na Índia colonial, que queriam ter relógios de pulso capazes de resistirem aos choques inevitáveis a que estão sujeitos em partidas de pólo. De um lado, o Reverso mostra o tempo com precisão, enquan- to do outro, ou esconde o tempo ou o mostra num outro aspecto – segundo fuso horário, com fun do em safira mostrando o movimento, um mo nograma, uma decoração com diamantes ou em esmalte…
As duas faces de um Reverso, que giram so-bre um eixo assente numa base, encerram em si possibilidades infinitas de lidar com as horas e de as ler.
Reverso Squadra Hometime
Movimento: Mecânico de corda automática JLC 754.
Funções: Horas, minutos, segundos, data, indicação
AM/PM e 2º fuso horário.
71Reportagem Jaeger-LeCoultre
Clare Mountbatten
Na última década, Clare Husted Mountbatten, marquesa de Milford Haven, tem praticado
pólo sob as cores da Jaeger-LeCoultre.
Nascida em 2 de Setembro de 1960, é editora convidada da influente revista Tatler, uma
espécie de bíblia do ‘social’ britânico. Casou, pela primeira vez, em 1985 com Nicholas
Philip Wentworth-Stanley, de quem teve três filhos. Voltou a casar-se em 1997 com George
Mountbatten, quarto marquês de Milford Haven.
Membro muito activo do exclusivo Cowdray Park Polo Club, com um handicap 1 (em comum
para homens e mulheres), Clare tem passeado a sua simpatia e classe por Inglaterra, por
Espanha, por Itália, pela África do Sul, pelo México, pela Argentina, pelo Chile ou pela
Índia. Também ela e o marido se dedicam à criação de cavalos nas suas propriedades, na
Grã-Bretanha.
72 Espiral do Tempo 28 Inverno 2008
Reverso Squadra Lady
Dois anos depois do advento do Reverso Squadra
para homem, a Jaeger-LeCoultre apresenta uma
co lecção de di cada à mulher. Com os tradicionais
dois mos tradores, a versão feminina tem um
sis tema de mudança fácil de pulseiras, usa
uma panóplia de materiais, um design clássico
e um toque de dia mantes. Equipados com a
úl tima geração de ca li bres JLC, combinam a
fiabilidade técnica da Ma nufactura com um
grau de refinamento reservado exclusivamente
para pulsos femininos. A colecção, nas palavras
da equipa de designers que a criou, destina-
-se a corresponder às exigências específicas de
mulheres totalmente preparadas para usarem
‘armas de sedução maciça’ bem masculinas.
Assim, os Squadra apresentam-se em caixas
de duas dimensões – a mais pequena para pul-
sos e personalidades mais delicados; a maior
para mulheres que gostam de mostrar peças
desportivas reconhecíveis a um primeiro olhar.
Esteticamente, os mostradores são de grande
variedade em cor e forma. E as caixas, com dia-
mantes, podem ser em ouro branco, amarelo
ou rosa. Os calibres podem ser de quartzo ou
mecânicos automáticos (estes últimos com
fundo em safira) e as funções podem incluir GMT.
O inovador sistema de mudança de pulseiras
per mite uma rápida alteração de aparência, sem
necessidade de recurso a qualquer ferramenta –
do aço ao ouro, passando pelo cabedal e pela
borracha.
73Reportagem Jaeger-LeCoultre
Audemars PiguetMillenary Segundos Mortos [76]
GrahamChronofighter GMT Big Date [80]
Franck MullerSplit Seconds Chronograph [78]
Laboratório - TAG HeuerMonaco Sixty Nine [84]
TAG HeuerLink Calibre S [82]
75Espiral do Tempo 28 Técnica
76 Espiral do Tempo 28 Primavera 2008
A Audemars Piguet oferece mais uma prova da sua enorme competência técnica com o Millenary Segundos Mortos – um excepcional relógio que recebeu o galardão de ‘Melhor Design’ no Grand Prix d’Horlogerie
de 2007 e que dá seguimento ao exclusivo relógio Cabinet n.º5 da colecção ‘Tradition d’Excellence’ de 2006. Esse complicado relógio
de produção limitada era um calendário perpétuo com cronógrafo e indicador de reserva de marcha que estreou um revolucionário
sistema de escape visível através de um mostrador estruturado; o Millenary Segundos Mortos é sensivelmente igual… embora não
possua tantas complicações, mantendo apenas os segundos mortos e o escape AP. O escape tem um papel essencial ao manter e
‘contar’ as oscilações do órgão regulador (balanço e espiral); inspirada por um mecanismo criado por Robert Robin no final do século
XVII, a Audemars Piguet desenvolveu um novo sistema que reduz a energia perdida e dispensa lubrificação. O ponteiro dos segundos,
que tradicionalmente se move de modo contínuo nos relógios mecânicos, fica ‘morto’ durante um segundo, até dar o salto para o
segundo seguinte.
Em Foco Millenary Segundos Mortos Audemars Piguet
George-Henri Meylan
[ CEO Audemars Piguet ]
Coração que pulsa
O órgão regulador centra todas as atenções
às 9 horas, num cenário tecnicista que re-
pre senta uma autêntica lição relojoeira. A
pla taforma do escape foi virada ao contrário
e a platina de base foi ‘esqueletizada’ para
que o mecanismo seja apreciado através
do mostrador. Pode ver-se o enorme balan-
ço Gyromax de inércia variável com os pe-
quenos parafusos em ouro branco que asse-
guram uma regulação fina e duas espirais
sobrepostas a 180 graus.
Peito aberto
Um fabuloso design tridimensional põe em
destaque uma arquitectura contemporânea
que reinventa os códigos estéticos da alta-
-relojoaria. O visual é sublimado pelas pulsa-
ções do órgão regulador, pela cadência dos
segundos mortos e pela rotação dos dois
tambores visíveis, que alternadamente reve-
lam e escondem as inscrições ‘Echappement’
e ‘Audemars Piguet’. Os materiais escolhidos,
o relevo da decoração e os ponteiros azulados
reforçam o fascinante espírito técnico.
Novo sistema de escape
O novo escape da Audemars Piguet é a con-
cretização de um sonho relojoeiro: a sua
geo metria permite que o mecanismo não
necessite de lubrificação. Para mais, o facto
de o impulso ser transmitido directamente
ao balanço também reduz significativamente
o gasto de energia. A forma específica das
várias peças que compõem o delicado sis-
te ma de escape oferece uma superior resis-
tência aos choques.
Decoração apurada
Construído em formato oval condizente com
a caixa e com um total de 233 peças (31
rubis), o calibre 2905 de corda manual bate
a uma frequência de 21.600 alternâncias/
/hora e apresenta uma reserva de marcha de
sete dias (168 horas). Todos os componentes
são decorados à mão seguindo os mais no-
bres princípios da alta-relojoaria: anglage,
rhodiage, perlage e Côtes de Genéve.
O Millenary Segundos Mortos, é um
ex celente veículo para honrarmos o
nosso novo escape. Com design sur-
preendente, associa uma cai xa oval a
uma arquitectura muito con temporânea
no que diz respeito ao mostrador e ao
movimento. Respeitan do as caracterís-
ticas da colecção Mille nary, este mode-
lo adopta uma dis posição descentrada
das funções no mostrador, que permite
revelar o mo vimento na sua totalidade,
seguindo uma estética tridimensional.
Graças ao seu balanço de grandes di-
mensões, to das as pulsações do escape
estão à vista, oferecendo um espectácu-
lo fascinante.
77Em Foco Audemars Piguet
Oval e colossal
Inspirado no Coliseu de Roma, o formato oval da
linha Millenary é ideal para o Seconde Morte – o
alon gamento horizontal permite uma disposição
ideal dos vários elementos descentrados. A colossal
caixa em ouro rosa, de 47 milímetros de diâmetro
e 15,8 de espessura, apresenta um tratamento de
superfície alternadamente polido e escovado. É es-
tan que a 20 metros e tem fundo transparente em
vidro de safira.
Modelo: Millenary Segundos Mortos • Referência: 26091OR.OO.D0803CR.01 • Caixa: Ouro rosa 18 k ; 47 mm de diâmetro;
fundo em safira • Movimento: Calibre 2905 de corda manual com escape Audemars Piguet; largura/comprimento: 32 x 37
mm; 9.15 mm de espessura; 31 rubis; 233 peças; sete dias de reserva de corda; 21.600 alternâncias/hora; todas as peças
decoradas à mão • Funções: Horas, minutos e segundos mortos • Estanquicidade: 20 metros • Bracelete: Pele de jacaré; fecho
de báscula em ouro rosa
Preço: € 151.000www.audemarspiguet.com
Ficha técnica
Millenary Segundos Mortos
Audemars Piguet
Autodenominado ‘Master of Complications’, Franck Muller celebrizou-se pelo domínio de todas as complexidades da relojoaria mecânica – mas houve dois ingredientes particulares que estiveram na base do seu
enorme sucesso: o peculiar formato da caixa ‘Cintrée Curvex’ e o fascínio exercido pelos seus modelos cronográficos. O Split Seconds
Chronograph conjuga esses dois ingredientes num sensacional cronógrafo de grande sofisticação técnica e estética. Se o objectivo
principal de um relógio é indicar as horas e os minutos, o Split Seconds Chronograph dá especial ênfase às funções cronográficas. As
horas e os minutos surgem num submostrador descentrado às 6 horas, libertando o eixo central para os dois ponteiros de medição
dos segundos; os segundos contínuos surgem às 9 horas e o acumulador da contagem dos minutos está situado às 3 horas. A
grande surpresa surge no fundo da caixa, que apresenta um segundo mostrador exclusivamente reservado a funções cronográficas
e que se faz acompanhar de uma escala pulsimétrica, uma escala telemétrica e uma escala taquimétrica dupla!
Em Foco Split Seconds Chronograph Franck Muller
78 Espiral do Tempo 27 Inverno 2007
Pierre-Michel Golay
[ Director de R&D da Franck Muller ]
Qual a importância de inovar em ter-
mos de movimentos?
O desenvolvimento e criação de no-
vos movimentos é muito importan te
para a Franck Muller. Estamos cons-
tantemente a pesquisar e ensaiar no-
vas soluções para que as possamos
aplicar aos novos conceitos e às no-
vas formas estéticas. Franck Muller é
sinónimo de inovação e de audácia. A
marca conquistou o seu lugar na relo-
joaria mundial precisamente por esta
abordagem criativa. O desenvolvimen-
to de novidades é essencial para não
estagnarmos e gostamos de surpren-
der os nossos admiradores.
Tabelas de cálculo
Existe uma escala taquimétrica no mostra-
dor e mais três tabelas de cálculo no verso.
A escala taquimétrica, presente no mostrador
(60 a 900 km/h) e no verso (20 a 30 km/h
e 30 a 60 km/h), avalia a velocidade de
um veículo. A escala telemétrica permite
medir uma distância com base na velocidade
do som (exemplo: inicia-se a cronometragem
quan do se avista um relâmpago e pára-se a
cronometragem quando se ouve o trovão).
A escala pulsimétrica permite calcular a fre-
quên cia cardíaca.
Complexidade cronográfica
Quando se fala em complicações de prestígio no universo da relojoaria mecânica, pensa-se
imediatamente em turbilhões, grandes sonneries ou calendários perpétuos – mas o cronógrafo
é igualmente uma especialização que requer grande mestria técnica, sobretudo os comple-
xos modelos dotados de um segundo ponteiro de recuperação (rattrapante, em francês; split
seconds, em inglês).
Tridimensionalidade
A caixa do Split Seconds Chronograph é um
portento – não só na respectiva concepção
arquitectónica estanque a 30 metros, mas
também na relação entre forma e função.
O emblemático formato ‘Cintrée Curvex’ foi
construído sobre um ponto de referência es-
férico que reúne os três eixos curvos da caixa;
o mostrador, os ponteiros maiores e o vidro
de safira acompanham a curvatura geral da
caixa para um acabamento perfeito.
Base mecânica
O calibre automático FM 7002 RDF é alimen-
tado por um rotor em platina 950 de grande
densidade (para optimizar a circulação) e a
sua sofisticação cronográfica assenta numa
roda de colunas (em vez da roda de cames),
numa placa rattrapante e numa desmultipli-
cação (graças a um pivot no rotor) que per-
mite o funcionamento do ponteiro suplemen-
tar no mostrador do verso.
79Em Foco Franck Muller
Três ponteiros
Se a função cronográfica torna um relógio mais
interactivo, o Split Seconds Chronograph tripli-
ca o prazer de utilização: além do ponteiro cro-
nográfico e do segundo ponteiro rattrapante,
tem um terceiro ponteiro no mostrador do fun-
do da caixa que eleva a complexidade técni ca
do conjunto. Um excepcional instrumento de
precisão entre as inúmeras variantes cronográ-
ficas que têm saído de Watchland!
Modelo: Split Second Chronograph Double Face • Referência: 8883 CC RCDF/ACBRV • Caixa: Cintrée Curvex em aço; vidro e fun-
do em safira • Coroa: Em aço com dispositivo split second • Movimento: Calibre automático FM 7002 RDF, com rotor em platina
950, 42 horas de reserva de corda, 28.800 alternâncias/hora • Funções: Horas, minutos e segundos, segundos do cronógrafo,
contador de minutos e split second; Verso: três escalas diferentes: pulsimétrica, telemétrica e taquimétrica
• Estanquicidade: 20 metros • Bracelete: Pele de jacaré com fivela em aço
Preço: € 28.500
Ficha técnica
Split Seconds Chronograph
Franck Muller
www.franckmuller.com
80 Espiral do Tempo 28 Primavera 2008
Modelo mais emblemático da Graham, o Chronofighter é também um ícone da relojoaria contemporânea. Contudo a sua inconfundível alavanca de accionamento do cronógrafo tem origens no passado: os aviadores
da Segunda Guerra Mundial utilizavam instrumentos de precisão presos à perna que eram accionados, mediante uma alavanca
semelhante para o cálculo do tempo entre o lançamento da bomba e a explosão no solo. O enorme sucesso do Chronofighter
deu origem a uma versão maior e a novas variações dotadas de fins específicos, como o Chronofighter Oversize Diver Deep Seal
de mergulho e o novo Chronofighter Oversize GMT Big Date – que surge equipado com a sempre útil função GMT e uma janela
dupla para a data sobredimensionada. Os apurados detalhes gráficos (índices, algarismos) e a dinâmica conjugação de cores
(preto, laranja, prateado) fazem com que o Chronofighter GMT Big Date seja particularmente desportivo e apresente elevados
índices de legibilidade.
Em Foco Chronofighter Oversize GMT Big Date Graham
Eric Loth
[ CEO The British Masters ]
Como surgiu a ideia de base para a nova
colecção Chronofighter Oversize?
Estavam sempre a dizer-me que o Chro-
no fighter parecia uma granada – eu tei-
mava que não e a certa altura disse que
conseguiria fazer algo que fosse realmen-
te parecido com uma granada e lancei
então o Chronofighter Oversize. Lancei o
de safio aos nossos designers mas depois
de algumas propostas do departamento
criativo eu mesmo o desenhei, porque as
propostas não eram ousadas o suficiente –
eu queria que fosse um relógio ‘infernal’.
Creio que o conseguimos, a versão GMT
Big Date é um cocktail de adrenalina para
“pulsos” arrojados.
Motor de arranque
O Calibre G1733 de corda automática foi conce-
bido para incluir um segundo ponteiro das
horas e uma data panorâmica assente em dois
discos, para além de implementar o accio na-
men to do cronógrafo através da alavanca sobre
a coroa. O ponteiro cronográfico dos se gun dos
surge ao centro, com o submostrador de se gun-
dos contínuos às três horas e um tota lizador de
30 minutos às nove. A reserva de corda é de
42 horas.
Alavanca protuberante
Os modelos Chronofighter Oversize são dota-
dos de uma alavanca do cronógrafo diferente
– maior e mais estilizada – da do Chronofighter
original, mas mantêm o mesmo perfil, qua se
bélico. A superfície da protuberante ala van -
ca é canelada para melhor atrito do pole gar
aquando do accionamento da função crono-
gráfica.
Cores e grafismos
É através da luneta bicolor, numa escala de
24 horas, que se faz a leitura do segundo fuso
horário, graças ao ponteiro esqueletizado
suple mentar. A parte negra reporta-se às ho-
ras nocturnas, enquanto a laranja se refe re
ao período diurno. A alternância entre alga-
rismos alaranjados, prateados e o tratamento
luminescente em Superluminova nos índices
e ponteiros confere um espírito alegre e dinâ-
mico ao relógio.
Pujança desportiva
O Chronofighter Oversize GMT Big Date assenta numa estrutura fenomenal: diâmetro de 47
milímetros para uma espessura de 16,5 e coroa com nove milímetros de diâmetro acom-
panhada da emblemática alavanca; vidro de safira com tratamento anti-reflexo de ambos os
lados; as asas da caixa são ergonómicas para melhor acompanharem a curvatura do pulso.
81Em Foco Graham
Ficha técnica
Espírito de aventura
O Chronofighter Oversize GMT Big Date tem tudo para
satisfazer os viajantes e os aventureiros. Apresenta
gran de robustez perante o choque, é estanque a 50
metros de profundidade, dispõe de um segundo
fuso horário e surge equipado com uma bracelete
de borracha vulcanizada anti-alérgica inalterável
pe rante o calor, a humidade ou a acidez do suor.
Referência: 2OVASGMT.B01A.K10B • Caixa: Aço, 47 mm de diâmetro, 16,5 mm de espessura, vidro em safira
Coroa: 9 mm de diâmetro, localizada à esquerda, com duplo sistema de protecção • Movimento: Cronógrafo mecânico de
corda automática calibre G1733 • Funções: Horas, minutos, segundos, cronógrafo, 2º fuso horário com indicação dia/noite
Estanquicidade: 100 metros • Bracelete: Cauchu ou calfe com fivela em aço
Preço: € 6.990
www.graham-london.com
Chronofighter Oversize GMT Big Date
Graham
82 Espiral do Tempo 28 Primavera 2008
Depois da surpreendente apresentação do futurista Calibre S num modelo Aquaracer particularmente desportivo, a TAG Heuer optou agora por decliná-lo numa versão igualmente despretensiosa mas ainda mais
sofisticada: o Link Calibre S. A pureza do aço surge aliada à pujança arquitectónica da colecção Link num instrumento do tempo
simultaneamente urbano e casual que exalta – através de uma leitura de dados inédita – toda a complexidade do seu mecanismo.
O Calibre S estabelece um corte epistemológico na disposição dos dados cronográficos, combinando princípios mecânicos num
revolucionário mecanismo de quartzo (patenteado) com 230 peças e cinco motores bidireccionais de elevadas prestações. A
sincronização dos ponteiros centrais com os ponteiros retrógrados adicionais requer uma precisão extrema, mas os técnicos da TAG
Heuer há muito que se habituaram a transformar o desejo em realidade. E aí está o Link Calibre S – belo, estilizado e de elegância
suprema em qualquer circunstância!
Em Foco Link Calibre S TAG Heuer
Jean-Christophe Babin
[ CEO TAG Heuer ]
Originalidade vanguardista
Mais um relógio que a TAG Heuer coloca na vanguarda da cronometragem desportiva: basta
pressionar uma vez a coroa para que o Link Calibre S passe da função ‘tempo’ para a função
‘cronógrafo’, com o ponteiro bidireccional da direita a indicar os centésimos de segundo suple-
mentares à indicação central das horas, minutos e segundos passados. A função split seconds
permite medir tempos parciais e intermediários.
Mecanismo perpétuo
O Link Calibre S apresenta um mostrador iné-
dito com ponteiros bidireccionais em tota-
li zadores semicirculares situados às cinco e
às sete horas. Se a função ‘tempo’ está em
uso, esses dois ponteiros indicam a data: o da
esquerda para as dezenas, o da direita para
as unidades. O calendário é perpétuo e não é
necessário acertar a data até… 2099.
Caixa-Forte
O Link Calibre S está disponível numa caixa
de 42 milímetros dotada de um mostrador
negro com apliques de aço contrastantes ou
com mostrador branco com detalhes em azul.
A luneta, em aço polido, tem uma escala
ta quimétrica gravada. O vidro é de safira e
a bracelete tem fecho duplo de segurança.
Estanque até aos 200 metros, passou testes
de resistência e precisão ao longo de 12.000
horas.
Think Link!
O Link tem as suas raízes na emblemática
linha S/el (Sport/elegance) que, em 1987,
es ta beleceu um novo marco na estética re-
lo joeira. Em 1999, as formas S/el foram re-
de senhadas pelo mesmo autor (o designer
Eddy Schopfer) e apresentadas sob o novo
conceito Link, dotado de elos da bracelete
mais poderosos e caixa esculpida num blo co
de aço sólido. As linhas voltaram a ser actua-
lizadas recentemente.
Viemos da tradição do mecânico, fomos
para o quartzo, como o resto da in dústria.
Estamos a trabalhar revolu ções me câni-
cas e de quartzo, ao mesmo tem po, so-
mos inovadores em ambas as tecnolo-
gias. A qualidade não está con finada aos
relógios mecânicos. Que re mos mostrar
que o quartzo não deve ser visto como
sendo menos nobre, tal como uma peça
mecânica não deve ser vista como algo
que é mais do que nobre. Na indústria
automóvel: a Mercedes e a BMW já
provaram que um carro de luxo tam-
bém pode ser a diesel. Procuramos com-
binar as duas tecnologias e retirar o me-
lhor que cada uma oferece.
83Em Foco TAG Heuer
Referência: CJF7110.BA0587 • Caixa: Aço, 42 mm de diâmetro, luneta, em aço polido, escala taquimétrica gravada, vidro em
safira • Movimento: Mecanismo de quartzo (patenteado) com 230 peças e cinco motores bidireccionais • Funções: Horas,
minutos, segundos, cronógrafo, calendário perpétuo, ‘split seconds’ • Estanquicidade: 200 metros • Bracelete: Aço, fecho
duplo de segurança
Preço: € 2.490
Ficha técnica
Link Calibre S
TAG Heuer
Contabilidade Decrescente
O Link Calibre S é o segundo relógio da TAG
Heuer a utilizar o mecanismo híbrido, depois
do Aquaracer Calibre S – modelo de voca-
ção náutica que possibilita a função regatta
count down até ao tiro de partida: os ponteiros
centrais dos segundos e dos minutos iniciam
uma contagem decrescente de dez minutos
até à entrada em funcionamento do cronógr a -
fo normal para a cronometragem da regata.
www.tagheuer.com
84 Espiral do Tempo 28 Primavera 2008
O surpreendente Monaco Sixty Nine é um relógio híbrido que conjuga o passado com o futuro num simples revirar:
a combinação única entre audácia, inovação e tecnicismo faz dele mais um ícone
no historial da TAG Heuer. E fica bem no pulso de José Mourinho!
José Mourinho tornou-se num treinador de futebol revolucionário ao conjugar de modo perfeito a emoção e a razão para potenciar ao máximo as qualidades da sua equipa. E um dos relógios que utiliza regularmente no pulso também consegue aliar de modo perfeito dois princípios aparentemente antagónicos, reunindo o romantismo da relojoaria mecânica e o van-guardismo da tecnologia digital numa original carrosseria basculante. Trata-se do Monaco Sixty Nine, talvez o modelo que melhor personifica a ponte entre passado e futuro que constitui a TAG Heuer.
Foi em 1860 que Edouard Heuer fundou um atelier vocacionado para a construção de instru-mentos de precisão; na década de 80, a histórica casa relojoeira Heuer associou-se à TAG e tor-nou-se TAG Heuer. Se o apelido Heuer repre-senta uma companhia tradicional com múltiplos galardões no âmbito da cronometragem, o que significam as iniciais TAG? Resposta: Techniques d’Avant-Garde. Fiel ao seu nome composto, a fa-mosa marca relojoeira suíça continua a estabele- cer novas fronteiras para a arte de medir o tempo
[ Laboratório ]
85Laboratório TAG Heuer Monaco Sixty Nine
texto Miguel Seabra | fotos Nuno Correia
O Monaco Sixty Nine é o primeiro instrumento do tempo reversível que permite alternar no pulso um mostrador
analógico tradicional e um mostrador digital vanguardista. Pensado para tornar a opera ção o mais simples possível,
o sistema patenteado permite levantar verticalmente a caixa graças a dois braços simetricamente opostos até
ao eixo de rotação; efectuada essa rotação da caixa, bas ta reposicioná-la na sua base com o mostrador dese jado
à mostra.
Sistema basculante
A TAG Heuer encarregou-se de conceberum sistema patenteado que permite alternar os mostradores, podendo
o utilizador tirar o melhor partido de tão feliz simbiose
entre o mecânico e o electrónico.
A desmontagem e os testes efectuados pelos relojoeiros Tiago Teixeira
e Luís Simão nos ateliers da Auto-Quartzo permitiram avaliar mais de
perto a singularidade do Monaco Sixty Nine. Os testes de estanquicidade
permitiram confirmar uma resistência à água até 50 metros – com
pressões de 0,5 (deformação máxima: + 003,3 u) e 2,0 bar (deformação
máxima: + 012,5 u). A análise ao funcionamento confirmou a precisão
absoluta do mecanismo de quartzo multifunções e também revelou a
fiabilidade do mecanismo de corda manual: avaliado em cinco posições
(VB, coroa para baixo; VG, coroa à esquerda; VH, coroa para cima; HB,
horizontal com mostrador para baixo; HH, horizontal com mostrador
para cima), apresentou uma média entre as várias posições de apenas
cinco segundos!
Os testes
86 Espiral do Tempo 28 Primavera 2008
e tem procurado estar sempre na vanguarda com um punhado de excelentes ideias apre sentadas sob a designação «Concept Watch».
A série desses extraordinários modelos con-ceptuais foi estreada pelo Micrograph F1, um futurista cronógrafo de quartzo preciso até ao milésimo de segundo desvelado em 2002 e que recebeu o prémio de design do prestigioso Grand Prix d’Horlogerie de Genève. Em 2003, foi a vez do notável Monaco Sixty Nine, um modelo re-versível que reúne a mecânica tradicional e a elec-trotécnica contemporânea. Em 2004, o Monaco V4 surpreendeu pela troca do habitual sistema de rodagens por um conjunto de correias de trans-missão alimentadas por um rotor rectangular que se move ao longo de uma calha. Em 2005, a vedeta deu pelo nome de Calibre 360 Concept Chronograph, um alucinante protótipo que se tor nou no primeiro cronógrafo mecânico de pul-so a registar centésimos de segundo. E em 2006 surgiu a apresentação do Calibre S, um mecanis-mo cronográfico electromecânico equipado com um revolucionário sistema de totalizadores.
Do conceito à realidadeO Micrograph foi o primeiro protótipo a passar à linha de produção regular, sob o nome Micro-timer. O segundo foi o Monaco Sixty Nine, um instrumento híbrido verdadeiramente fascinante que assenta no formato do lendário Monaco (o carismático cronógrafo quadrado dotado de um dos primeiros mecanismos cronográficos au-tomáticos), mas que está a anos-luz do original de 1969. A diferença traduz-se nas suas três características principais: o cronógrafo mecânico automático de mostrador bi-compax foi trans-formado num elegante relógio de corda manual com horas, minutos e pequenos segundos às seis horas; a caixa em aço apresenta um engenhoso sistema basculante que roda de modo a desvelar outra face no lado oposto; a face digital no lado oposto apresenta as funções de hora, minutos, segundos, calendário perpétuo, alarme, segundo fuso horário, iluminação e cronógrafo F1 até ao milésimo de segundo com diversas contagens de voltas e melhor volta!
Um tão carismático instrumento multifun-cional só podia ser alimentado por tecnologias
87Laboratório TAG Heuer Monaco Sixty Nine
1 | Cronometragem F1 – permite a cronometragem de uma
corrida de automóveis até ao milésimo de segundo (80
voltas no máximo); os tempos das diferentes voltas
ficam guardados em memória e ficam depois disponíveis
no modo ‘Best Lap’.
2 | Cronógrafo 1/1000 (CHR) – função cronográfica tra di-
cional que permite medir, até ao milésimo de se gun-
do, um só tempo, tempos adicionais e tempos inter-
mediários (rattrapante).
3 | Alarme diário – permite assinalar hora do alarme diário.
4 | Calendário perpétuo – a mudança da data no final
do mês faz-se de modo automático, mesmo em anos
bissextos, até 2100.
5 | Segundo fuso horário – função que permite a mostragem
do tempo num segundo fuso horário.
6 | Iluminação – uma pressão sobre o botão backlight ilu-
mina o mostrador durante cerca de seis segundos em
cada uma das funções; retroiluminação de cor branca
que optimiza os contrastes para melhor legibilidade.
7 | Stand-by – permite extinguir por completo o ecrã digital,
preservando a pilha.
2
1
6
4
3
7
5
Multifuncional
contrastantes – o Calibre 2 de corda manual ali-menta o relógio num clássico mostrador analó- gico reminiscente do Monaco de 1969; o Cali-bre HR03 surge debaixo do arrojado mostrador rectangular já presente no Microtimer. A TAG Heuer encarregou-se de conceber um sistema patenteado que permite alternar os mostradores, podendo o utilizador tirar o melhor partido de tão feliz simbiose entre o mecânico e o electróni-co consoante as circunstâncias; como não podia deixar de ser, o Monaco Sixty Nine recebeu o galardão de «Melhor Design» no Grand Prix d’Horlogerie de Genève.
O formato quadrado é claramente parente do Monaco original; no entanto, o Monaco Sixty Nine é ligeiramente maior (cerca de dois mi lí me-tros) e compreensivelmente mais espesso. E se o Monaco clássico e as suas várias reedições (a pri-meira bi-compax, de 1998, as seguintes em forma-to tri-compax, as versões vintage bi-com pax mais recentes) apresentam um vidro em plexi glass, o
Monaco Sixty Nine surge com um vidro de safira anti-risco e faz-se acompanhar de uma correia em pele de crocodilo com fecho de báscula.
A sucessão de modelos high-tech que rom-pem com os dogmas da relojoaria tem cimen-tado a reputação da TAG Heuer – considerada a empresa helvética mais inovadora num recente estudo efectuado por um grupo de consultores e uma revista de economia.
A fama não é de hoje: desde a sua fundação que a marca se tem especializado na medição das mais ínfimas parcelas de tempo; a histórica as-sociação às corridas de automóveis permitiu-lhe desenvolver novas técnicas e já em 1977 apresen-tava o primeiro relógio de pulso a quartzo com dupla visualização analógica e digi tal: o Chrono-split Manhattan GMT. Três décadas depois do Chronosplit e quase quarenta anos após o Mo-naco de Steve McQueen, o Monaco Sixty Nine está aí para as curvas – no pulso de Lewis Hamil-ton, de José Mourinho… ou no seu!
107Espiral do Tempo 24 Primavera 2007
Saborear o TempoPousada de Tavira [96]
PerfilPaulo Miranda Joalheiro [90]
Saborear o TempoRestaurante Veneza [102]
Saborear o TempoRestaurante L’Olive [100]
Saborear o TempoMonte Rei Golf [98]
Acontecimentos [104]
89Espiral do Tempo 28 Prazeres
Figura incontornável da alta-relojoaria e da joalharia no Algarve, Paulo Miranda carrega no apelido muitas décadas
dedicadas ao comércio de relojoaria e ourivesaria. Agora acrescenta os seus 20 anos de experiência
e prepara-se, confiante, para uma bem ponderada expansão. Com uma nova loja a abrir
no coração de Faro, junta mais marcas às anteriormente trabalhadas, acreditando
que é na alta-relojoaria e na joalharia de qualidade que está o seu futuro.
[ Perfil ]
texto Paulo Costa Dias | fotos Nuno Correia
91Perfil Paulo Miranda
O caçadorO negócio de relojoaria e ourivesaria na família Miranda remonta ao início do século passado, quando um bisavô, oriundo da região de Can-tanhede, o fundou. Em meados do século, o avô estabelece-se no Algarve e é já sob a batuta do pai, Manuel de Oliveira Miranda, que a sua rede de lojas se torna na maior referência do sector a nível regional. Paulo Miranda seguiu as pisadas dos seus antepassados e, há dez anos, decide criar a sua própria empresa. Em 2002, abre uma exce-lente loja no Fórum Algarve, que se viria a tornar o motor da firma e uma referência na região e no País. Depois de alargada, a loja proporciona agora uma enorme modernidade e visibilidade para as marcas.É com os olhos experimentados e a agilidade do caçador – a caça é outra das suas paixões – que Paulo Miranda analisa o mercado e os tempos que correm. E correm de feição, ao que parece! Para que isso acontecesse, soube esperar. Apostou
Desde miúdo que Paulo Miranda está ligado ao desporto. Primeiro, jogou basquetebol e mais tarde nasceu
a paixão pelo tiro. Seleccionado, representou muitas vezes Portugal continuando ainda a praticar, «mas
cada vez é mais difícil». São curiosas as semelhanças que se podem encontrar nos produtos. Ambos,
relógios e espingardas, são máquinas que se pretendem precisas e fiáveis, tendo ainda em comum a
faceta mecânica e a elegância que as grandes marcas lhes emprestam através do design e da decoração.
Dois amores
Miranda pretende proporcionar diversidade na oferta, porque julga que o público que compra numa loja de rua nem sempre se desloca ao cen-tro comercial e vice-versa.
A armaA sua Purdey é a mulher, Margarida Miranda, que empresta a confiança e dinâmica necessári-as à expansão. A visão e a argúcia femininas percebem-se em muitos pormenores e sensibi-lidades, como quando afirma, com uma graça e
numa loja de centro comercial quando o comér-cio de rua se degradou, optando pela qualidade e facilidades oferecidas por espaços novos, con-cebidos com qualidade para a actividade comer-cial. Expande-se agora, regressando à rua – no centro histórico de Faro –, quando os preços do imobiliário estão mais realistas; as lojas de luxo começam a florescer; o público-alvo consolida--se; e as perspectivas criadas pelas novas apos-tas turísticas fazem prever novos clientes com um mais forte poder de compra. Assim, Paulo
92 Espiral do Tempo 28 Primavera 2007
Paulo Miranda Joalheiro
FaroFórum Algarve, Loja 35 • 8000-125 Faro
Faro Rua de Santo António, 21 • 8000-282 Faro
T: 289 865 [email protected]
Paulo Miranda
“Temos de manter os funcionários actualizados e essa é uma
grande aposta da nossa parte. Neste momento,
temos uma colaboradora em formação
na Suíça.”
93Perfil Paulo Miranda
um riso cúmplice que não escondem a atenção ao mercado, «o homem contemporâneo preocupa- -se mais com a imagem pessoal que os homens da geração aqui do senhor Paulo Miranda…» Por isso, a perspectiva das lojas é de serem com-plementares, quer em termos de oferta relojoeira, quer de joalharia. Uma das vantagens de ter os dois produtos é poder ter uma oferta relojoeira diversificada para um público eminentemente masculino e o mesmo em relação à joalharia e ao público feminino. Até porque, acrescenta Margarida Miranda prevendo os arrufos da vida, «o homem preocupa-se muito em compensar a mulher das situações que correm menos bem no casal – quando eles vão para a caça ou para o golfe, por exemplo…»
O saberApesar das perspectivas, ou por causa delas, Pau-lo Miranda sabe que não pode estar desatento. Pelo conhecimento que tem do mercado e pela experiência de vida, faz uma leitura panorâmica e compreende os desafios dos novos tempos, vendo neles uma oportunidade de trabalhar com excelência. Sabe, por exemplo, que as vendas de hoje não são feitas apenas na loja. Sabe que tem de comunicar e apresentar-se dentro e fora de portas, sempre com o nível que a alta-relojoaria exige. Não se limita a esperar pelo cliente, por isso trabalha via Internet – «hoje temos o mundo inteiro como clientes» –, faz mailings e publici-dade, organiza eventos e aposta na formação dos colaboradores. «Temos de manter os funcionários actualizados e essa é uma grande aposta da nossa parte. Neste momento, temos uma colaboradora em formação na Suíça. Mas o acompanhamento da formação é também da responsabilidade de quem representa as marcas. Precisamos desse apoio e que sejam desenvolvidas importantes ini-ciativas de formação para os pontos de venda», dispara Paulo Miranda.
O alvoProfundo conhecedor da região e do seu tecido social, o joalheiro e relojoeiro diz que são seus
clientes «os algarvios, mas também quem se desloca do norte e do centro do País em negócios ou férias e os muitos estrangeiros residentes ou de férias. Há vários resorts de qualidade a nas-cerem e que potenciam as taxas de ocupação, tornando-as mais consistentes ao longo do ano e com pessoas com maior capacidade económi-ca. Turismo de qualidade é o que pretendemos no Algarve e é essa a aposta neste momento. E esse é, claramente, um público mais virado para a loja de rua!» Em comum entre o consumidor português e estrangeiro está a noção do que se pretende comprar. «Já ninguém compra alta-re-lojoaria para ostentação ou só para ver as horas. As pessoas já estão muito informadas sobre os movimentos; sobre os argumentos dos diversos modelos; sobre as características, a história e a imagem das marcas. O consumidor português de há 20 anos, por exemplo, era muito diferente do de hoje. Antes vendia-se pelo nome e pelo de-
sign, mas sem um real conhecimento do produto. Hoje, o cliente olha para as características téc-nicas de um relógio e pondera a sua fiabilidade, conhece os movimentos, as evoluções dos mode-los e o posicionamento das marcas.»
A caçaAquilo que todos querem caçar, os troféus que todos querem possuir, é o resultado do que a indústria consegue hoje fazer e apresentar. São «os novos materiais, as evoluções tecnológicas, a decoração e o design que, além de fascinantes, se transformam em importantes argumentos de venda». A dinâmica e inovação que a indústria demonstra são fundamentais e tornam tudo ainda mais aliciante, tanto para quem compra como para quem vende. O reverso da medalha é que, em consequência das altíssimas taxas de crescimento, fruto da aceleração da procura nos mercados emergentes – e não só – dá-se alguma escassez de produto. Coisa que, diga-se, não faz esmorecer Paulo Miranda, que prefere deixar-se arrebatar pelas belas peças que elegantemente se encontram expostas na sua loja.
Com um conceito e uma imagem semelhantes
e destinadas ao mesmo target, pretende-se,
no entanto, que as marcas a expor na Paulo
Miranda Joalheiro não sejam coincidentes nos
dois espaços, salvo uma ou outra excepção.
A joalharia estará mais bem posicionada
na loja da Baixa, enquanto a do Fórum será
mais relojoeira. Não se vão repetir porque há
nuances a considerar «uma está aberta à noite,
a outra não», por exemplo. «No Fórum, teremos
a Porsche Design e a Jaeger-LeCoultre enquanto
na Baixa vamos ter Franck Muller e TAG Heuer.»
Duas ofertas para o mesmo segmento
Tido por ser no sul, a palavra Algarve vem do árabe "al-Gharb al-Ândaluz" e
indica o ocidente do “al-Andaluz”. Foi reino “de jure” até 1910, sendo o seu
soberano o “Rei de Portugal e dos Algarves”. De visões equívocas é fértil a
história e a imagem deste Algarve onde, quixotescamente, uns vêem moinhos,
enquanto outros vêem gigantes...
[ Saborear o tempo ]
“Qualquer obra em Tavirarevela reminiscências do passado.”
Isabel GuerreiroDIRECTORA REGIONAL
96 Espiral do Tempo 28 Primavera 2008
Pousada Convento da Graça
Rua D. Paio Peres Correia • 8800-407 Tavira
www.pousadas.pt
T: +351 281 32 90 40
Num país com mais de 850 anos de
nacionalidade e tanto e tão importante património ar-
quitectónico, tantas vezes negligenciado, é excepcio-
nal e estimulante verificar o resultado da intervenção
a que o Convento da Graça, datado de 1562, foi sujeito.
Praticamente em ruínas, e após múltiplos usos, sofreu
três anos de obras que revelaram, no subsolo, uma
cidade islâmica dos séculos XII e XIII. Esta impediu a
construção de uma vulgar piscina interior, em favor da
exposição de parte dos significativos achados. Dignos
deste esforço, e do Tempo que envolve o espaço, são
o resultado, o serviço que presta e o conforto obtido.
A zelar por esta jóia do Grupo Pestana, numa razoa-
velmente bucólica Tavira, encontrámos Isabel Guer-
reiro, com a camisola bem vestida e as unhas afiadas
para que a sua equipa faça jus à beleza e história do
local. Acompanhou o processo e deixou-se apaixonar
por este «outro Algarve»: «Aqui temos turistas de
outra qualidade, que procuram cultura. Tavira é uma
cidade com muitos interesses históricos e está, toda
ela, assente em vestígios árabes e mesmo fenícios.
E depois, há o enorme potencial por causa dos exce-
lentes empreendimentos de golfe que se desenham
na zona». Sente-se que o esforço é comum às pessoas
envolvidas e também a várias entidades, privadas e
públicas, governamentais e autárquicas… a bem da
Nação! Finalmente.
[ Saborear o tempo ]
Jaeger-LeCoultre
Master Compressor Diving Chronograph Lady • € 7.900
97Saborear o Tempo Pousada de Tavira
98 Espiral do Tempo 28 Primavera 2008
“Não me consigo organizarsem um relógio no pulso”
Francisco DavidGOLF RESERVATIONS MANAGER
«Aqui não se faz uma volta de golfe. O que proporcionamos é uma experiência de golfe, rara,
com as características ímpares que só um campo Jack
Nicklaus Signature, que é a etapa premium, pode propor-
cionar. Na Europa há dois ou três.» Quem o afirma é Fran-
cisco de Lancastre David, eborense, formado profissional-
mente em Espanha e golf reservations manager da mais
brilhante oferta golfista nacional. De facto, Monte Rei é
«um relógio extraordinariamente preciso mas nada com-
plicado», apesar da primeira impressão causada pela im-
ponência do clubhouse. Nascido da persistência olímpica
de investidores apaixonados pelo Algarve, o empreendi-
mento marca a nova forma de olhar para a oferta turís-
tica da região, apostando decisivamente na qualidade,
extrema neste caso. «Portugal já não tem desculpa e não
pode repetir erros. Fomos ao encontro dos bons exemp-
los e aprendemos com os maus. É fundamental termos
algo que nos distinga da imensa oferta que há aqui ao
lado, em Espanha, e é a única maneira de podermos
com petir com mercados emergentes.» As características
que distinguem Monte Rei, onde «o cliente não tem de
se preocupar com nada, além do desafio do campo», são
inúmeras e um misto de qualidade pura e «mordomias».
Não cabem neste espaço, mas impressionam amadores
e profissionais, portugueses ou estrangeiros, e são certa-
mente dignas de um… tigre.
Monte Rei Golf & Country Club
Sítio do Pocinho • 8901-907 Vila Nova de Cacela
www.monte-rei • [email protected]
Tel. + 351 281 950 960
99Saborear o Tempo Monte Rei Golf
Raymond Weil
Nabucco Chronograph • € 2.650
[ Saborear o tempo ]
[ Saborear o tempo ]
Foi por amor que Dominique Lienhard se dedicou à profissão de chefe de cozinha, e foi por
amor à mulher, portuguesa, que descobriu Portugal e os
múltiplos encantos que aparentemente só os estrangei-
ros reconhecem. Natural de França, chefia há dois anos a
equipa que teve «possibilidade de estrela» no Guia
Michelin de 2007. «Não é um objectivo. Há outras coi-
sas na vida. O cliente é que deve estar satisfeito e nós
também.» Viajante gastronómico, diz que os «produtos
fantásticos» que encontra em Portugal ajudam, e permi-
tem, fazer pratos mais elaborados, finos e perto do gos-
to próprio do produto. Mas a facilidade é um conceito
alheio ao gaulês: «Somos uma equipa e funcionamos
como um relógio suíço. Cada um sabe o que tem de
fa zer e se alguma peça falha, como nos relógios, tudo
se atrasa. Por isso, é fundamental a preparação. Durante
o serviço, não há tempo para pensar. Perderíamos o
timing, seria terrível», diz-nos como quem anticipa o apo-
calipse. A associação estabelecida entre cozinha e reló-
gios não se esgota aqui, aliás, pois Dominique considera
que ambos têm duas características comuns, uma prática
e outra mais prazenteira: «Comemos por que temos fome
e a principal função de um relógio é dar as horas. Mas
também se vai a um restaurante pelo prazer dos sabores,
como nos relógios há a componente de bijoux». Fazemos
o voto, Chef, de que o céu não lhe caia em cima!
Restaurante L’Olive
Hotel Vila Sol Spa & Golf Resort
Morgadinhos • 8125-307 Vilamoura
www.vilasol.pt • [email protected]
T: +351 289 320 320
100 Espiral do Tempo 28 Primavera 2008
Jaeger-LeCoultre
Master Compressor Chronograph • € 6.650
101Saborear o Tempo Restaurante L’Olive
“Todas as coisas têm um ladopositivo e outro negativo, mas é melhor olhar
só para o positivo...”
Dominique LienhardCHEFE DO COzINHA DO RESTAURANTE L’OLIVE
Restaurante Veneza
Sítio Mem Moniz • 8200-488 Paderne ABF
T. +251 289 367 129
102 Espiral do Tempo 26 Primavera 2008
Não falta pão mas, sobretudo, não falta vinho sobre a mesa nesta ‘espécie de restaurante’ com
nome herdado de um antigo salão de baile que exis-
tiu no mesmo local. Local esse onde também nasceu o
seu proprietário, Manuel Janeiro, que afirma peremptório
«enquanto houver refeições, vai haver vinho». Numa
zona do País onde esta cultura foi há muito trocada pelo
betão turístico mas onde há actualmente um esforço de
retoma desta tradição secular, existe este restaurante na
beira da estrada que liga Ferreiras a Paderne, considerado
por muitos «único no mundo». Dizem que tem mais de
1000 marcas de vinho e mais de 50.000 garrafas, mas,
acreditem, não são os números que impressionam. O que
marca é a qualidade do produto que lá existe, e a sapiên-
cia e afabilidade do apaixonado que criou semelhante
poiso. O corrupio de conhecedores nacionais e estrangei-
ros não pára ao longo do dia, estendendo-se muito além
dos horários das refeições. Há anos no negócio, Manuel
Janeiro disponibiliza um curso intensivo aos amigos que
tão bem acolhe e com quem «bebe das melhores». É o
verdadeiro prazer do vinho, dos paladares únicos e da sua
compreensão, e uma boa e sã conversa que fazem deste
espaço um local que apetece saborear. Aqui descobrimos
e aprendemos muito, como no meu caso em que, pelas
mãos do maestro Janeiro, fui embalado por um Batuta
duriense que insiste em não me largar.
Audemars Piguet
Royal Oak Chronograph • € 25.730
[ Saborear o tempo ]
103Saborear o Tempo Restaurante Veneza
“As pessoas, às vezes,bebem mais rótulos.”
Manuel JaneiroPROPRIETÁRIO RESTAURANTE VENEzA
[ Acontecimentos ]
O ano de 2008 começou com apostas de expansão por parte das grandes marcas de alta-relojoaria.Numa altura em que completa 175 anos, a Jaeger-LeCoultre vai acrescentar 9.000 metros às suas instalações e tanto a Audemars Piguet como
F. P. Journe e a Versace estão a celebrar a abertura de novas lojas. Este primeiro trimestre fica ainda marcado pela relação entre as marcas e os
seus embaixadores: Kimi Räikkönen fortaleceu a sua ligação à TAG Heuer e a Jaeger-LeCoultre tem uma nova embaixadora: a bela actriz alemã
Diane Kruger. A Torres Distribuição antecipou-se a Basileia e apresentou as novidades em relógios e jóias para este ano.
104 Espiral do Tempo 28 Primavera 2008
Audemars Piguet abre loja em GenebraNo dia 6 de Março, às 16:30, as portas do n.º 12 em Place de la Fusterie, em Genebra, abriram-
-se para a inauguração da nova loja da Audemars Piguet. Situada na capital da alta-relojoaria,
no espaço antigamente ocupado pelo mítico bar Baroque, esta nova boutique assume o papel
de ‘loja-mãe’ da marca de Brassus. Com 300 m2, 250m2 destinados à venda, é a 12ª e a mais
importante das boutiques da Audemars Piguet. A loja é espaçosa, arejada e o espaço é dividido
em diferentes zonas: uma parte onde estão expostas as últimas novidades da marca, os seus
best-sellers e produtos relacionados com uma temática escolhida; uma zona de venda; um
espaço lounge, propício para a leitura e sossego, com uma adega de vinhos e charutos; e,
por último, um serviço pós-venda, onde os clientes podem apreciar o trabalho dos relojoeiros.
Para celebrar a abertura da nova loja, a Audemars Piguet criou o cronógrafo Royal Oak Offshore
“Rhône-Fusterie”, uma edição limitada a 500 exemplares numerados.
F.P. Journe inaugura novo espaço na FloridaA primeira loja F.P. Journe nos Estados Unidos
abriu as portas oficialmente no final de 2007, em
Mizner Park, Boca Raton, na Florida. Esta é a quar-
ta boutique da marca, depois de Tóquio, Hong
Kong e Genebra. François-Paul Journe juntou-se
a Simon Dahan e Greg Osipov da Les Bijoux para
criar uma sala de exposição dos relógios com um
espaço lounge e um bar, onde os coleccionadores
podem partilhar o seu entusiasmo num cenário
de elegância casual. A loja foi inteiramente dese-
nhada pelo próprio François-Paul Journe, que man-
teve o mesmo conceito base utilizado nos três an-
teriores espaços. O novo espaço F.P. Journe situa-
-se em Mizner Park, apenas a alguns quilómetros
de Palm Beach e Miami. A festa de abertura foi um
sucesso: coleccionadores e jornalistas de todos
os Estados Unidos puderam conhecer François-
-Paul Journe pessoalmente e apreciar algumas
peças de edições limitadas reservadas a lojas da
F.P. Journe.
105Acontecimentos
Morreu o conquistador do EveresteSir Edmund Hillary, o primeiro homem a escalar o
Evereste, na companhia do seu amigo, o sherpa
Tensing Norgay, morreu aos 88 anos. Apaga-se, as-
sim, não só uma grande figura do alpinismo mun-
dial, mas também uma parte da história relojoeira
– dado que o explorador neozelandês levava um
Rolex Explorer no pulso aquando dessa escalada
his tórica do cume mais alto do Planeta, em 1953.
Recorde para leilão de um IWCO martelo soou pela última vez: com o lance mais
alto de 57.500 dólares, o relógio da colecção Pilot
Antoine de Saint Exupéry em platina da IWC Schaff-
hausen passa para um novo proprietário em Hong
Kong. Foi em suspense que muitos apreciadores
de relógios aguardaram o final do leilão de bene-
ficência on-line da IWC. Com as receitas do leilão, a
instituição beneficiada – a escola Tuareg École des
Sables Antoine de Saint-Exupéry, no Mali – construi-
rá uma nova escola. A licitação-base era elevada:
quem quisesse entrar na competição pelas duas
raridades seleccionadas tinha de ultrapassar o lance
de 30.000 dólares.
Jewellery ArábiaO Jewellery Arabia 2007, a 16.ª exposição do merca-
do de jóias e relógios de luxo do Médio Oriente, re-
afirmou a sua posição como principal evento deste
segmento do mercado na região. O evento de cinco
dias – que decorreu sob o patronado do primeiro-
-ministro do reino de Bahrain, Shaikh Khalifa bin Sal-
man Al Khalifa – assistiu a um crescimento de 6 %
em relação ao evento de 2006. Ocupando os 16 mil
metros quadrados do espaço disponível no Centro
Internacional de Exposições do Bahrain, acrescido
de duas estruturas temporárias, o Jewellery Arábia
2007 atraiu um total de 43.638 visitantes, o que
significou um aumento de 8 % em relação ao ano
anterior.
Kimi Räikkönen fortalece relação com a TAG HeuerDesde que se juntou à ‘Dream Team’ de embaixadores da TAG Heuer em 2002, Kimi Räikkönen
esteve sempre activamente envolvido na criação e desenvolvimento dos relógios TAG Heuer
Sports e nos óculos TAG Heuer Avant-Garde. Também conhecido como “Ice Man”, Kimi prolongou
recentemente o seu contrato a longo termo com a marca relojoeira suíça, e participou numa ses-
são fotográfica exclusiva com a esposa Jenni para a nova campanha publicitária da TAG Heuer.
Para comemorar a performance extraordinária de Kimi na campeonato de F1 do ano passado, a
TAG Heuer vai lançar na Primavera de 2008 os novos óculos de sol Räikkönen e no Outono irá
lançar a “Edição limitada de relógios desportivos Kimi Räikkönen”.
106 Espiral do Tempo 28 Primavera 2008
[ Acontecimentos ]
Laboratório de ideias da PaneraiA Panerai vai revelar os seus quatro calibres pró-
prios de manufactura numa exposição que mos-
tra a retros pectiva da história dos dez anos desde
o reaparecimento da marca italiana, em 1997.
Durante 60 anos, a Panerai especializou-se no de-
sen volvimento de instrumentos de medição e reló-
gios desenhados para cumprir os rigorosos crité-
rios exigidos para perigosas missões de guerra
– produzindo apenas algumas centenas de modelos
robustos e extremamente precisos, com excelente
legibilidade. No entanto, apenas conhecedores de
relógios militares ou historiadores da marinha ita-
liana tinham conhecimento da marca. Quando a
parceria terminou, a Panerai ficou na linha de água
até 1997, quando ressurgiu após ter sido comprada
pelo grupo Richemont (na altura Vendôme) e reto-
mou o caminho de sucesso, assente no seu carisma
e garantia de fiabilidade. Para celebrar uma década
sobre o seu renascimento e para sublinhar as ori-
gens italianas, a Panerai organizou uma exposição
que engloba os quatro calibres e diversas peças de
luxo com assinatura da marca no Instituto Cultural
Italiano em Tóquio.
Corum é o novo parceiro da Fundação da Alta-Relojoaria«Para criar um valor a longo-termo»: foram estas
as palavras de Antonio Calce, CEO da Corum, para
resumir as razões que levaram a marca relojoeira a
assinar um acordo de parceria com a Fundação da
Alta-Relojoaria.
Diane Kruger é a nova embaixadora Jaeger-LeCoultre
Diane Kruger, a actriz alemã de fama inter-
nacional, é a mais recente embaixadora da
Jaeger-LeCoultre e vai passar a usar mode-
los da marca no pulso nas suas aparições
no tapete vermelho. O Reverso, o 101 e ou-
tras linhas de relógios e jóias concebidos
e realizados nas oficinas da manufactura
suíça vão viajar no pulso da nova embaixa-
dora, de Paris a Nova Iorque, passando por
Berlim, Miami, Cannes e Veneza. Convidada
pelo Berlim Film Festival como membro do
júri, Diane Kruger tem ajudado a revelar o
savoir-faire único da Jaeger-LeCoultre ao
mun do do cinema mundial.
Ebel é Timing Partner do Bayern de MuniqueO FC Bayern Munich estabeleceu uma aliança estratégica com a Ebel. Em Junho de 2007, a
marca relojoeira suíça tinha já anunciado a parceria com o FC Arsenal, outro colosso do futebol
europeu, e agora está claramente a reforçar o seu envolvimento no mundo do futebol. A parceria
com o clube bávaro tem início a 1 de Julho e manter-se-á durante os próximos cinco anos. Na
qualidade de Official Timing Partner do Bayern de Munique, a Ebel assumirá a responsabilidade
de todos os aspectos ligados à cronometragem do tempo durante os jogos realizados em casa
e fornecerá a temporização aos adeptos dentro do estádio Allianz-Arena. A presença da marca
relojoeira proporcionará, igualmente, uma nova sofisticação de cronometragem ao clube, so-
bretudo nas salas VIP, nas salas de negócios e nos bares. A visão estratégica da Ebel é a de se
associar exclusivamente aos clubes pertencentes à elite europeia e representar algo mais que
meras equipas de futebol.
107Acontecimentos
Aos 175 anos a Jaeger-LeCoultre expande-seProtagonista económico essencial do Vale de Joux
por ser a maior entidade empregadora da região,
a Jaeger-LeCoultre anunciou a maior expansão de
sempre da sua história – acrescentando 9.000 me-
tros quadrados, a partir de 2010, aos 16.000 metros
quadrados actualmente existentes. Fiel à sua locali-
zação histórica, situada num excepcional ambiente
natural entre lago e florestas, à saída da aldeia de
Sentier, a Manufactura reteve como quadro do seu
desenvolvimento o berço histórico ao qual a nova
construção vai estar ligada por pontes arquitectu-
rais. Necessário devido ao forte crescimento da
marca, o projecto de expansão inscreve-se num pro-
grama mais vasto que sublinha a integração natural
da Jaeger-LeCoultre no seu ambiente geográfico e
social desde há 175 anos.
Estreia da Feira de Relojoaria de PrestígioO balanço da primeira edição da Feira Internacional
de Relojoaria de Prestígio «Belles Montres», que se
realizou de 7 a 9 de Dezembro em Paris, no Carrou-
sel du Louvre, foi muito positivo. De acordo com os
organizadores, a «primeira edição, muito esperada,
cumpriu os objectivos: 7000 visitantes, profissionais,
jornalistas, aficionados, coleccionadores e amadores
puderam, durante três dias, ver pela primeira vez
reunidos num mesmo lugar em Paris as mais boni-
tas peças de marcas relojoeiras de prestígio».
Art Basel Miami BeachA Cartier e a Fundação Cartier para a Arte Contem-
porânea marcaram presença na Art Basel Miami
Beach, no passado mês de Dezembro. A Cartier
prossegue o seu compromisso em prol dos artistas
contemporâneos e participa, pelo terceiro ano, na
feira de arte contemporânea. A Fundação Cartier
para a Arte Contemporânea esteve presente pela
primeira vez na Art Basel Miami Beach e convidou
o arquitecto Jean Nouvel para criar o desenho do
espaço que ocupou.
Audemars Piguet no pulso da tripulação do LadycatA 1 de Fevereiro, a Audemars Piguet convidou alguns amigos da marca para o prestigioso Grand
Hotel Park, em Gstaad. A manufactura de Le Brassus tinha dois motivos para comemorar: o lança-
mento do cronógrafo Royal Oak Offshore Ladycat e a abertura de uma nova boutique no hotel. A
ligação entre o lançamento de um novo produto e a abertura de uma nova loja pode não ser evi-
dente à primeira vista. No entanto, o denominador comum, neste caso, é Dona Bertarelli Späth, a
velejadora de primeira classe que reuniu todas as mulheres da tripulação Ladycat para competir
nas regatas do Challenge Julius Baer. Já desde 2002 que a Audemars Piguet está no mundo da
vela, sendo patrocinadora desde então da tripulação masculina do Alinghi. Assim, desde logo
se interessou pelo projecto ambicioso de Späth, concordando em apoiar a equipa. A Audemars
Piguet está empenhada em promover a mensagem da velejadora: a vela é um desporto que
exige resistência, agilidade, precisão e coordenação – todas as qualidades demonstradas pelas
mulheres. Com isto em mente, Späth abraçou o objectivo de destacar tanto as competências da
competição feminina em vela quanto tornar o público mais consciente das doenças cardiovascu-
lares nas mulheres. O Grand Hotel Park de Gstaad juntou-se à Audemars Piguet para patrocinar
o magnífico catamarã Décision 35 Ladycat (SUI10) e, com a abertura da nova boutique, os dois
parceiros reforçam ainda mais as sinergias da sua parceria. Em homenagem à equipa do Ladycat,
a Audemars Piguet criou um cronógrafo com as cores dominantes do catamarã – fúchsia e preto
e limitado a 150 exemplares.
[ Acontecimentos ]
108 Espiral do Tempo 28 Primavera 2008
Rolex estabelece parceria com a Orquestra Filamónica de VienaA Rolex perpetua a sua tradição em empenho e ino-
vação ao tornar-se no primeiro parceiro exclusivo
de marketing da Orquestra Filarmónica de Viena
(Wiener Philharmoniker) desde a sua criação, em
1842. A marca relojoeira apostará numa inovadora
plataforma de comunicação, única no mundo da
música clássica, baseada num conceito desenvolvi-
do pela Orquestra Filarmónica de Viena com a ajuda
da sua agência de marketing, T.E.A.M. Marketing
AG. A parceria compreende uma visi bilidade televi-
siva a nível mundial antes e após as divulgações
dos concertos clássi cos emitidos por televisão. «A
excelência, o sucesso e a inovação são valores que
a Rolex e a Orquestra Filarmónica de Viena parti-
lham», anunciou o Dr. Clemens Hellsberg, presi-
dente da Orquestra Filarmónica de Viena. Patrick
Heiniger, presidente da Rolex S. A., acrescentou: «A
associação a uma das mais famosas orquestras do
mundo vem completar a nossa longa tradição de
apoio a indivíduos, acontecimentos e espectáculos
excepcionais».
A. Lange & Söhne vence “Golden Balance 2008”A edição deste ano do “The best watches in the
world – Golden Balance 2008” resultou em dois
prémios para modelos da A. Lange & Sonhe. En-
quanto o Lange 31 venceu na categoria “E – reló-
gios com preço superior a 25 mil euros”, o Saxónia
Automatik foi o vencedor na categoria “D – relógios
com preço até 15 mil euros”. Esta foi a décima vez
que os leitores do jornal de relojoaria Uhre-Maga-
zin e da revista semanal FOCUS e os visitantes da
FOCUS-Online votaram em relógios da A. Lange &
Söhne, atribuindo-lhes posições de destaque na
competição. Os votantes podiam escolher entre 452
produtos de luxo vindos das mais conhecidas manu-
facturas do mundo.
Rambo regressa com Panerai Luminor no pulsoSylvester Stallone vai voltar aos ecrãs dos cine-
mas para a quarta e última aventura do lendário
John J. Rambo. O actor, grande fã dos relógi-
os Panerai e grande impulsionador da marca
florentina entre os seus amigos de Hollywood,
vai aparecer, uma vez mais, com um modelo da
emblemática linha Luminor no pulso.
Jude Law é novo rosto internacional da DunhillA Alfred Dunhill, prestigiada marca britânica de roupa e acessórios para homem, anunciou que tem um
novo rosto internacional: Jude Law, que já representava a marca desde há dois anos na Ásia. Assente na
ideia de um novo género de cavalheiro britânico, a Alfred Dunhill ganhou uma reconhecida reputação ba-
seada nos valores do estilo, da inovação, da qualidade e da sagacidade. O estilo masculino de Jude Law
e o respectivo estatuto inegável de ícone do homem moderno – bem como o facto de ser considerado
um actor talentoso e consagrado – adequam-se na perfeição ao espírito Dunhill. A internacionalização
da relação de sucesso entre o actor britânico e a marca de luxo vai ter início oficial com a campanha
publicitária da colecção Primavera / Verão 2008.
109Acontecimentos
Jaeger-LeCoultre organiza Gala de Inauguração em SingapuraA Jaeger-LeCoultre organizou uma grande gala de
inauguração da nova loja em Singapura, no Raffles
Hotel. O imprescindível corte da fita deu início à
cerimónia, que contou com a presença de celebri-
dades como a actriz tailandesa Kelly Lin, que voou
de Taipei até Singapura para participar no evento.
Também o CEO da marca, Jérôme Lambert, viajou
desde a Suíça para assistir às celebrações. Entre as
personalidades que marcaram presença no evento,
esteve o embaixador suíço em Singapura, Daniel
Woker. Os convidados puderam apreciar uma expo-
sição da joalharia de luxo e da requintada relojoaria
da marca, mas o ponto alto da noite foi mesmo a
apresentação de um dos dois relógios da colecção
La Rose.
Greguet recupera “Maria-Antonieta”Maria Antonieta era uma fiel cliente da casa
Breguet. Em 1782, Abraham-Louis Breguet criou
especialmente para a rainha francesa o relógio Per-
pétuelle N.º 2 10/82, com mecanismo de repetição
e calendário. Em 1783, Breguet recebeu uma en-
comenda surpreendente e misteriosa: um relógio
que incorporasse todas as complicações e os mais
sofisticados mecanismos então existentes; era um
presente para a rainha e nenhum limite de preço ou
prazo de entrega foi especificado pela pessoa que
o encomendou, um membro da Guarda da Rainha.
A monarca, de má sorte, morreu decapitada muito
antes de o fabuloso relógio N.º 160, conhecido para
a posteridade como o «Marie-Antoinette», ficar
ter minado. Roubada em 15 de Abril de 1983, do
museu de arte islâmica L. A. Mayer, em Jerusalém,
a obra-prima mecânica nunca mais foi vista… até
que foi recentemente recuperada pelo museu, após
receber uma pista de um relojoeiro de Tel Aviv, em
Agosto de 2006.
Estrelas de Hollywood rendem-se ao dominóO jogo fenómeno “Hollywood Dominó”, actualmente o hobby favorito das estrelas de Hollywood
e que deve chegar às lojas de todo o mundo no final de 2008, foi apresentado com pompa e
circunstância no dia 21 de Fevereiro, no Beverly Hills Hotel, em Los Angeles. Decorreu também
o torneiro inaugural, patrocinado pela marca de jóias e relógios de luxo de Grisogono. Fawaz
Gruosi, o fundador da marca, foi o anfitrião do evento, cujos lucros reverteram para uma insti-
tuição de caridade. O tema da noite foi “A Night in Havana”, sendo obrigatório o estilo anos 40.
Entre os jogadores estiveram Demi Moore, Penelopé Cruz, Charlize Theron, Salma Hayek, Ashton
Kutcher e Olivier Martinez. Todas estas estrelas da sétima arte receberam uma pulseira “Holly-
wood Domino” criada pela de Grisogono especialmente para este evento. O último ‘confronto’ na
mesa de jogo foi entre Charlize Theron, Olivier Martinez, Ashton Kutcher e Demi Moore, acaban-
do Theron por sair vencedora. O prémio foi um relógio personalizado Instrumento N°Uno’ de
Grisogono e um cheque, que a actriz doou à instituição “The Art of Elysium”.
[ Acontecimentos ]
110 Espiral do Tempo 28 Primavera 2008
Designer japonês cria carro inspirado no Grande CarreraO famoso designer japonês Ken Okuyama vai estar
presente no stand da TAG Heuer durante dois dias
da feira de Basileia. O designer apresentou recente-
mente em Genebra a sua última criação automóvel
– o K.O 7 –, inspirado na colecção TAG Heuer Grand
Carrera. O carro, que vai estar também presente
no stand da marca relojoeira, tem um cronógrafo
Grand Carrera Cal 36 RS Caliper Concept instalado
no tablier. «O interior do K.O. 7 foi inspirado no
Grand Carrera, e instalámos o extraordinário cronó-
grafo Grand Carrera Cal 36 RS Caliper Concept no
seu tablier. Os cronógrafos da TAG Heuer são con-
struídos com materiais leve da melhor qualidade. A
colaboração com a TAG Heuer tornou possível mos-
trar uma coisa que as duas indústrias [automóvel e
relojoaria] têm em comum: a busca incessante pela
qualidade, performance e design invocador através
das novas tecnologias», explica Ken Okuyama.
Raymond Weil relógio oficial dos BRIT AwardsA marca relojoeira genebrina foi relógio oficial de
um dos mais glamorosos certames de música: o
BRIT Awards 2008. Para celebrar tão importante
parceria, a Raymond Weil criou uma edição limitada
da colecção Freelancer que foi oferecida a todos
os artistas que participam no evento, tal como aos
apresentadores dos prémios. A ligação entre a Ray-
mond Weil e o mundo da música é já de longa du-
ração – desde colaborações com Craig David, Jay Kay
(Jamiroquai) e até associações com outros prestig-
iantes eventos musicais.
Versace abre loja em RomaA Versace abriu a sua primeira loja inteiramente
dedicada às jóias e relógios da Maison, na Via
Bocca di Leone, em Roma. Este espaço, a pou-
cos passos das Escadas Espanholas, foi o pri-
meiro dos vários espaços que a marca pretende
inaugurar por todo o mundo. O interior reflecte
a elegância e o requinte característicos da Ver-
sace – o cenário perfeito para as jóias e reló-
gios da marca estarem expostos. As colecções
em exposição são iluminadas e destacadas pela
luz reflectida pelo candelabro de vidro Murano,
cria do especialmente para a nova loja. As pare-
des estão cobertas por uma suave pele branca,
o que confere ao espaço um clima de intimi-
dade. Uma abordagem minimalista caracteriza
a nova “zona de jóias”, onde estão expostas as
peças preciosas da Versace.
Pedro Lamy entre os pilotos TAG Heuer em Le MansMais uma vez a confirmar o seu estatuto de referência de marca relojoeira de luxo no universo das cor-
ridas de automóveis, a TAG Heuer será novamente um importante protagonista nas próximas 24 Horas
de Le Mans, que vão decorrer a 14 e 15 de Junho, bem como nas 12 Horas de Sebring e no campeonato
Le Mans Series de 2008. A TAG Heuer vai ser Timekeeper e Chronograph oficial da equipa Peugeot
Total, da equipa Peugeot Sport Total e dos seus 10 condutores, entre eles o português Pedro Lamy,
Jacques Villeneuve, Marc Gene, Nicolas Minassian, Stephane Sarrazin, Alexander Wurtz, Christian Klien e
Ricardo Zonta. Ao volante dos protótipos avant-garde Peugeot 908 HDI FAP LMP1, os pilotos tentarão
vencer a lendária corrida 38 anos depois do mítico filme “Le Mans”, onde a TAG Heuer já era uma
protagonista com o Monaco Chrono nos pulsos de Steve McQueen e Joe Siffert. A associação entre a
equipa Peugeot Total e TAG Heuer começou em 2007 quando um Peugeot 908 HDI FAP que envergava
as cores da TAG Heuer terminou em segundo lugar nas 24 Horas de Le Mans na sua primeira partici-
pação na competição. No Le Mans 2008, a TAG Heuer estará associada a três Peugeot 908 HDI FAP, os
pilotos usarão no pulso o mítico TAG Heuer Monaco e todos os membros da equipa estarão equipados
cronógrafos da marca.
111AcontecimentosAcontecimentos
15.º Rali Chopard Escuderia Castelo BrancoDecorreu no final do ano passado o 15º Rali Chopard Escuderia Castelo Branco, uma prova a contar para
a categoria FIVA. Trata-se de uma competição de regularidade histórica e é organizada pela Escuderia
Castelo Branco. Esta última edição da prova decorreu na paisagem das Termas de Monfortinho tendo
passado também por Penha Garcia, Idanha-a-Nova e Proença-a-Velha. Num evento onde a competitivi-
dade foi a nota a reter, a Chopard e Torres Joalheiros foram os grandes protagonistas ao patrocinar o
evento e os prémios dos entusiasmados concorrentes.
Torres Distribuição: Seminário Pré-Basileia 2008O Baselworld – o grande evento anual de relojoaria e joalharia que decorre em Basileia – vai
decorrer este ano de 3 a 10 de Abril. As mais recentes novidades em jóias e relógios são todos os
anos apresentadas em Basileia. Mas a Torres Distribuição levantou o véu e revelou antes, em ex-
clusivo para os agentes das marcas, as novidades da TAG Heuer, Porsche Design, Raymond Weil,
Sector, Versace e Roberto Cavalli, que vão ser apresentadas em Basileia. O Seminário Pré-Basileia
2008 decorreu nos dias 13 e 14 de Março, no Grande Real Villa Itália Hotel & Spa, em Cascais,
um evento exclusivo para os agentes oficiais das marcas em Portugal. Enquanto descobriram as
mais recentes novidades em relógios e jóias no decorrer do seminário, os convidados puderam
usufruir das excelentes instalações do hotel e do Spa do Grande Real Villa Itália, considerado um
dos melhores da Europa.
[ Internet ]
www.jaeger-lecoultre.com
www.torresdistrib.com
www.fpjourne.com
www.raymond-weil.com
www.chopard.com
www.porsche-design.com
www.thebritishmasters.com
www.audemarspiguet.com
112 Espiral do Tempo 28 Primavera 2008
www.raymondweil-nabucco.com
Raymond Weil lança site para Nabucco
Depois do site internacional oficial www.raymondweil.com, os sites americano, russo, chinês e o RW Club (www.
raymondweil.com/club), a Raymond Weil lançou um novo site na Internet inteiramente dedicado ao Nabucco, a
última colecção masculina e mecânica da marca.
Seguindo sempre os princípios da inovação e do dinamismo, a Raymond Weil encontrou na Internet um novo canal
de comunicação que lhe permite estar mais próxima dos seus clientes.
Este novo projecto, pensado e tornado realidade por Elie Bernheim, director de marketing da empresa genebrina,
persegue o objectivo da comunicação entre a marca e os seus clientes, e permite à Raymond Weil veicular os seus
valores e dar a conhecer a colecção Nabucco de uma forma lúdica e interactiva.
O novo site transporta os visitantes para o mundo inovador e possante do Nabucco, onde podem descobrir a história
da colecção em quatro actos; obter informações detalhadas sobre o relógio; participar no passatempo «Nabucco
Challenge» para ganhar um relógio Nabucco personalizado; assistir ao filme de lançamento do relógio, que explica
o seu conceito (filme que pode ser carregado no iPod); saber mais sobre a rede de vendas da Raymond Weil e fazer
a tour Nabucco no Second Life.
A Raymond Weil tinha assumido o desejo de reforçar a imagem masculina e ‘mecânica’ da marca, desejo este que
foi concretizado com o lançamento do Nabucco, com caixa em aço de 46 mm. A colecção Nabucco inclui um modelo
de corda automática, um cronógrafo e um modelo que apresenta um duplo fuso horário – o Nabucco GMT. Com vidro
e fundo em safira, é estanque a 200 metros. Disponível com bracelete em aço e fibra de carbono com fecho de
báscula e em cauchu com fecho de báscula.
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Fernando Campos Ferreira
Quotidianos
114 Espiral do Tempo 28 Primavera 2008
[ Crónica ]
Janeiro, 21h 45mOs lábios da Angelina Jolie são naturalmente carnudos,
com bolsas estrategicamente descaídas nas pontas,
ou há ali botox vulgaris injectado? Ficarei eternamente
na dúvida, hélas, e, por isso, dou-lhe o benefício da
mesma. Salvo raras excepções, e a Jolie é uma delas,
na modesta opinião do aqui escrevinhador, a moda da
beiça inchada não é sexy e, nalguns casos, o exagero
foi tal que até parece que foram mordidas nos lábios
por um enxame enraivecido de vespas. Mas se elas
acham que lhes fica bem...
Fevereiro, 22h 40mBem, acho, fica-lhes o novo Jaeger-LeCoultre (que os
Suíços pronunciam ‘gê-gê’, nuance linguística relojoei-
ra cuja inutilidade talvez só seja comparável à da utili-
zação, de rigueur, do feminino quando se fala de uma
qualquer Ferrari...), modelo Master Compressor Diving
Chronograph Lady, nome quase tão extenso quanto o
da estanquicidade até aos 300 metros.
Como a nossa vida é feita de mudança, eis de
volta a moda dos relógios de mergulho. A oferta que
alimenta a procura ou esta que induz aquela...?
Pessoalmente, fico à espera que um dia destes
François Paul-Journe ou Franck Muller decidam lançar
um modelo virado para os desportos náuticos e para
isso conto com as influências do meu Amigo PT junto
dos Mestres.
Fevereiro, 8h 50mUma noite de chuva forte bastou para esventrar o mal
remendado pavimento da generalidade das artérias
de Lisboa, do Chiado a Algés, a cidade a parecer uma
espécie de teatro de guerra submetido a carpet bom-
bing. O problema é que o alfacinha sabe que, com as
finanças camarárias arrefecidas ao nível da indigência,
os buracos estão aí para continuar.
Fevereiro, 14h 20mO cozido à portuguesa das tardes de Domingo no
Restaurante Q.B., na Quinta da Beloura, é uma boa
opção para quem gosta do dito e quer ter uma alter-
nativa aos estafados restaurantes do Guincho, que
mais parecem stands de popós de topo de gama, ma-
trículas ainda a escorrer de fresco e muitos zeros de
cilindrada no capot.
Além da comida, no Q.B. há ainda a boa disposi-
ção do João Braga Gonçalves e a simpatia do pessoal,
e, para os que não gostam de cozido, há sempre ou-
tros pitéus por onde escolher.
Março, 9h 35mNuma travagem de emergência na A5, procurei e não
achei o botão dos quatro piscas, insuspeito que está
no topo do mostrador do conta-quilómetros, na parte
de cima do tablier, descentrado do posto de condu-
ção. Passado o aperto e parado na fila de trânsito,
pensei que os eurocratas bem que já poderiam ter
harmonizado o local da instalação da coisa, mas ago-
ra penso que... é melhor não. Cada um que trate de
ler o livro de instruções antes de se fazer à estrada e
deixemos aqueles senhores entretidos a harmonizar
outras coisas.
Fevereiro, 21h 20mA locutora a noticiar que no «maior outlet da Europa...
Alcochete» – deve ser por isso, digo eu, que o mesmo
foi um flop – estava em exposição o «maior ovo da
Páscoa», candidato a um lugar no Livro Guiness dos
Recordes. A nossa habitual pequenez serôdia a mani-
festar-se em todo o seu triste esplendor, ela sim uma
candidata natural ao Guiness da menoridade…
Março, 21h 40mPara os apreciadores de cronógrafos, sugiro que na-
veguem no site da Torres (www.torresdistrib.com) ao
encontro do Monaco Sixty Nine da TAG Heuer, com as
suas funções mecânica e digital, e do Split Seconds
da Franck Muller, complicação cimeira nos cronógra-
fos ditos rattrapantes. Como dizia Fernando Pessoa,
«Navegar é preciso...».
Pessoalmente, fico à espera que um dia destes François-Paul Journeou Franck Muller decidam lançar um modelo virado para os desportos náuticos e para isso conto com as influências
do meu Amigo PT junto dos Mestres.