Espanha aprofunda a via fascista e genocidaEspanha cárcere de povos é um projecto na-cional sem...

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Vozeiro de Primeira Linha www.primeiralinha.org Ano VII • Nº 26 • Segunda jeira • Outubro, Novembro e Dezembro de 2002 Nom à ilegalizaçom das esquerdas independentistas Espanha aprofunda a via fascista e genocida O verao foi aproveitado polo governo do PP para acelerar a ofensiva espanhola contra a es- querda abertzale, no quadro dumha estratégia cujo objectivo final persegue fundamentalmente três grandes objectivos. Em primeiro lugar, der- rotar o MLNB como principal muro de contençom e resistência popular de massas aos planos do capitalismo espanhol; em segundo termo, erradi- car a construçom dos emergentes projectos inde- pendentistas da Catalunha e da Galiza, e em me- nor medida os activos grupos e organizaçons so- ciais anticapitalistas vinculados ao movimento antiglobalizaçom, e a eclosom de identidades pró- prias em determinadas zonas do Estado; para fi- nalmente conseguir disciplinar definitivamente ao desarticulado movimento operário do Estado opressor. Se Espanha, como projecto simbólico- material da burguesia, nom atingir este triple ob- jectivo, está irremediavelmente condenada ao fracasso como Estado-naçom, tal como hoje a co- nhecemos. Se os movimentos de libertaçom na- cional e social de género nom dermos mantido vi- va a resistência nacional dos nossos respectivos povos, senom acumularmos forças na direcçom da independência, o socialismo e a emancipaçom de género, –portanto freamos e derrotamos o projecto expansionista espanhol–, estamos con- denados a desaparecer na maré uniformizadora a que nos conduz o capitalismo. Esta estratégia nom é nova, já foi ensaiada em várias etapas da história contemporánea es- panhola. As primeira décadas do século XX, após a perda das colónias de ultramar e a ditadura pri- moriverista, o levantamento fascista contra a le- galidade republicana, a posterior ditadura fran- quista, o autogolpe de estado de 1981, som al- guns dos mais relevantes episódios da perma- nente involuçom da burguesia espanhola contra as naçons, a classe trabalhadora e as mulheres. O bloco de classes oligárquico, que desde meados do século XIX, –com base numha aliança entre a burguesia industrial e financeira catalá e basca, os latifundiários andaluzes e estremenhos, sectores aristocratas, com a bençom da igreja ca- tólica, e da casta militar–, se dota dum Estado pa- ra garantir e defender os seus privilégios e aper- feiçoar e multiplicar a exploraçom d@s trabalha- dores/as, as naçons e as mulheres, sobre a qual alicerça o seu poder, acha-se numha situaçom de extrema fraqueza. Espanha cárcere de povos é um projecto na- cional sem consolidar. Após mais de cinco séculos de trajectória criminosa e genocida, o capitalismo espanhol ainda nom foi capaz de derrotar, nem de erradicar, as arelas de liberdade dos povos que oprime, e perante a nova situaçom e tendências do capitalismo mundial precisa com urgência de consolidar Espanha, entendida como espaço de acumulaçom e expansom de capital, para poder manter a taxa de ganho ameaçada pola crise es- trutural do modo de produçom, mas também po- las dinámicas internas da Uniom Europeia, espe- cialmente ligadas ao seu imediato alargamento e expansom face o Leste e o Mediterráneo. O modesto, mas ascendente, aumento da conflituosidade operária, plasmada no êxito da greve geral de 20 de Junho, e especialmente, o incremento sustentado das luitas nacionais, som as verdadeiras ameaças contra um Estado que arrasta e acumula impotências estruturais provo- cadas pola debilidade histórica da burguesia e os erros genéticos da sua gestaçom. Espanha acha-se em crise profunda, mas aparenta umha fortaleza virtual, mediante a hábil manipulaçom da realidade que realizam os meios de comunicaçom, e pola absoluta carência dumha esquerda real. As legítimas e verdadeiras razons que sustentam as reivindicaçons nacionais das classes trabalhadoras de Euskal Herria, Catalu- nha e Galiza, som desnaturalizadas pola maqui- naria ideológica do capitalismo espanhol para coesionar a classe operária do seu Estado, e as- sim socializar e interiorizar entre as massas a ideologia racista e xenofoba que conscientemen- te emana para defender a unidade estatal, –ou seja os interesses económicos da burguesia–, e poder justificar as actuais políticas repressivas. A dependência ideológica da esquerda espanhola face o projecto nacional da sua burguesia explica a coincidência discursiva e a unanimidade da in- divisibilidade de Espanha que dia a dia manifes- tam o PP, o PSOE e IU, com os sindicatos esta- tais, e mesmo sectores importantes da denomi- nada esquerda alternativa ou do movimento anti- globalizaçom. * * * O reforçamento e incremento da estratégia repressiva, plasmada na aprovaçom em Maio da Lei de Partidos, na posterior suspensom de Bata- suna em Agosto (umha ilegalizaçom de facto), no estado de excepçom encoberto existente a dia de hoje em Euskal Herria, na utilizaçom massiva de práticas de detençons ilegais e tortura por parte dos corpos coercitivos, na manipulaçom dos meios de comunicaçom, na criminalizaçom de to- da posiçom discrepante com a ofensiva espanho- la, na anunciada reforma do Código Penal e es- pectacular incremento das forças policiais, é a desesperada resposta dum Estado por evitar e adiar um processo histórico: a independência das naçons trabalhadoras da sua periferia. A dia de hoje, os mais inteligentes estrategas de Madrid sabem perfeitamente que tenhem per- dida a batalha estratégica e só pretendem ganhar tempo para poder ressituar-se. Os autos que Gar- zón vem emitindo desde há meses atingírom a máxima expressom do delírio na recente acusa- çom contra a esquerda independentista basca de práticas genocidas e de aplicar umha limpeza ét- nica de baixa intensidade nos últimos trinta anos. A inconsistência desta ridícula acusaçom procura, –aproveitando o clima de fascistizaçom que os governos de Bush e Blair pretende impor em todo o planeta justificado no combate ao terrorismo–, internacionalizar o conflito, e mediante especta- culares brindes ao sol deslegitimar as simpatias que desperta a luita basca contra o imperialismo espanhol entre amplos sectores da esquerda em todo o planeta. Um Estado como o espanhol, alicerçado so- bre as dezenas de milhons de cadáveres provoca- dos polo maior genocidio organizado na história da humanidade durante a conquista, saqueio, co- lonizaçom e exploraçom do continente americano realizado entre 1492 e 1898; um Estado como es- panhol, que desde 1492 vem aplicando sistemati- camente políticas de limpeza étnica contra as mi- norias: judeus, mouriscos, árabes, expulsando centenares de milhares de pessoas das suas ter- ras por motivos ideológicos; um Estado que colo- nizou dezenas de povos, que expandiu o terror e a morte da guerra imperialista pola América, Eu- ropa, África, e Ásia; pioneiro na utilizaçom de ar- mamento químico e bacteriológico no norte de África a inícios do século XX; que ensaiou com centenas de milhares de prisioneir@s antifascis- 3 Acidentes laborais. A face mais preta do terror patronal. André Seoane Antelo 4 Benigno Álvarez. Internacionalista ou protonacionalista? Santiago Prol 5 Treze reflexons sobre o diálogo institucional, o patriotismo constitucional galego e a ofensiva espanhola. Comité Central de Primeira Linha 7 O pensamento político do Che. O dever de todo revolucionári@ é fazer a revoluçom. Carlos Morais 8 Solidariedade com o Alexandre. Sumário Editorial Nom à ilegalizaçom das esquerdas independentistas Espanha aprofunda a via fascista e genocida

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Vozeiro de Primeira Linha www.primeiralinha.org Ano VII • Nº 26 • Segunda jeira • Outubro, Novembro e Dezembro de 2002

Nom à ilegalizaçom das esquerdas independentistas

Espanha aprofunda a via fascista e genocidaO verao foi aproveitado polo governo do PP

para acelerar a ofensiva espanhola contra a es-querda abertzale, no quadro dumha estratégiacujo objectivo final persegue fundamentalmentetrês grandes objectivos. Em primeiro lugar, der-rotar o MLNB como principal muro de contençome resistência popular de massas aos planos docapitalismo espanhol; em segundo termo, erradi-car a construçom dos emergentes projectos inde-pendentistas da Catalunha e da Galiza, e em me-nor medida os activos grupos e organizaçons so-ciais anticapitalistas vinculados ao movimentoantiglobalizaçom, e a eclosom de identidades pró-prias em determinadas zonas do Estado; para fi-nalmente conseguir disciplinar definitivamente aodesarticulado movimento operário do Estadoopressor. Se Espanha, como projecto simbólico-material da burguesia, nom atingir este triple ob-jectivo, está irremediavelmente condenada aofracasso como Estado-naçom, tal como hoje a co-nhecemos. Se os movimentos de libertaçom na-cional e social de género nom dermos mantido vi-va a resistência nacional dos nossos respectivospovos, senom acumularmos forças na direcçomda independência, o socialismo e a emancipaçomde género, –portanto freamos e derrotamos oprojecto expansionista espanhol–, estamos con-denados a desaparecer na maré uniformizadora aque nos conduz o capitalismo.

Esta estratégia nom é nova, já foi ensaiadaem várias etapas da história contemporánea es-panhola. As primeira décadas do século XX, apósa perda das colónias de ultramar e a ditadura pri-moriverista, o levantamento fascista contra a le-galidade republicana, a posterior ditadura fran-quista, o autogolpe de estado de 1981, som al-guns dos mais relevantes episódios da perma-nente involuçom da burguesia espanhola contraas naçons, a classe trabalhadora e as mulheres.

O bloco de classes oligárquico, que desdemeados do século XIX, –com base numha aliançaentre a burguesia industrial e financeira catalá ebasca, os latifundiários andaluzes e estremenhos,sectores aristocratas, com a bençom da igreja ca-tólica, e da casta militar–, se dota dum Estado pa-ra garantir e defender os seus privilégios e aper-feiçoar e multiplicar a exploraçom d@s trabalha-dores/as, as naçons e as mulheres, sobre a qualalicerça o seu poder, acha-se numha situaçom deextrema fraqueza.

Espanha cárcere de povos é um projecto na-cional sem consolidar. Após mais de cinco séculosde trajectória criminosa e genocida, o capitalismoespanhol ainda nom foi capaz de derrotar, nem deerradicar, as arelas de liberdade dos povos queoprime, e perante a nova situaçom e tendênciasdo capitalismo mundial precisa com urgência deconsolidar Espanha, entendida como espaço deacumulaçom e expansom de capital, para podermanter a taxa de ganho ameaçada pola crise es-trutural do modo de produçom, mas também po-las dinámicas internas da Uniom Europeia, espe-cialmente ligadas ao seu imediato alargamento eexpansom face o Leste e o Mediterráneo.

O modesto, mas ascendente, aumento daconflituosidade operária, plasmada no êxito dagreve geral de 20 de Junho, e especialmente, oincremento sustentado das luitas nacionais, somas verdadeiras ameaças contra um Estado quearrasta e acumula impotências estruturais provo-cadas pola debilidade histórica da burguesia e oserros genéticos da sua gestaçom.

Espanha acha-se em crise profunda, mas

aparenta umha fortaleza virtual, mediante a hábilmanipulaçom da realidade que realizam os meiosde comunicaçom, e pola absoluta carência dumhaesquerda real. As legítimas e verdadeiras razonsque sustentam as reivindicaçons nacionais dasclasses trabalhadoras de Euskal Herria, Catalu-nha e Galiza, som desnaturalizadas pola maqui-naria ideológica do capitalismo espanhol paracoesionar a classe operária do seu Estado, e as-sim socializar e interiorizar entre as massas aideologia racista e xenofoba que conscientemen-te emana para defender a unidade estatal, –ouseja os interesses económicos da burguesia–, epoder justificar as actuais políticas repressivas. Adependência ideológica da esquerda espanholaface o projecto nacional da sua burguesia explicaa coincidência discursiva e a unanimidade da in-divisibilidade de Espanha que dia a dia manifes-tam o PP, o PSOE e IU, com os sindicatos esta-tais, e mesmo sectores importantes da denomi-nada esquerda alternativa ou do movimento anti-globalizaçom.

* * *O reforçamento e incremento da estratégia

repressiva, plasmada na aprovaçom em Maio daLei de Partidos, na posterior suspensom de Bata-suna em Agosto (umha ilegalizaçom de facto), noestado de excepçom encoberto existente a dia dehoje em Euskal Herria, na utilizaçom massiva depráticas de detençons ilegais e tortura por partedos corpos coercitivos, na manipulaçom dosmeios de comunicaçom, na criminalizaçom de to-da posiçom discrepante com a ofensiva espanho-la, na anunciada reforma do Código Penal e es-pectacular incremento das forças policiais, é adesesperada resposta dum Estado por evitar eadiar um processo histórico: a independência dasnaçons trabalhadoras da sua periferia.

A dia de hoje, os mais inteligentes estrategasde Madrid sabem perfeitamente que tenhem per-dida a batalha estratégica e só pretendem ganhartempo para poder ressituar-se. Os autos que Gar-zón vem emitindo desde há meses atingírom amáxima expressom do delírio na recente acusa-çom contra a esquerda independentista basca depráticas genocidas e de aplicar umha limpeza ét-nica de baixa intensidade nos últimos trinta anos.A inconsistência desta ridícula acusaçom procura,–aproveitando o clima de fascistizaçom que osgovernos de Bush e Blair pretende impor em todoo planeta justificado no combate ao terrorismo–,internacionalizar o conflito, e mediante especta-culares brindes ao sol deslegitimar as simpatiasque desperta a luita basca contra o imperialismoespanhol entre amplos sectores da esquerda emtodo o planeta.

Um Estado como o espanhol, alicerçado so-bre as dezenas de milhons de cadáveres provoca-dos polo maior genocidio organizado na históriada humanidade durante a conquista, saqueio, co-lonizaçom e exploraçom do continente americanorealizado entre 1492 e 1898; um Estado como es-panhol, que desde 1492 vem aplicando sistemati-camente políticas de limpeza étnica contra as mi-norias: judeus, mouriscos, árabes, expulsandocentenares de milhares de pessoas das suas ter-ras por motivos ideológicos; um Estado que colo-nizou dezenas de povos, que expandiu o terror ea morte da guerra imperialista pola América, Eu-ropa, África, e Ásia; pioneiro na utilizaçom de ar-mamento químico e bacteriológico no norte deÁfrica a inícios do século XX; que ensaiou comcentenas de milhares de prisioneir@s antifascis-

3 Acidentes laborais. A face mais preta do terrorpatronal.

André Seoane Antelo4 Benigno Álvarez. Internacionalista ou

protonacionalista?Santiago Prol

5 Treze reflexons sobre o diálogo institucional, opatriotismo constitucional galego e a ofensiva

espanhola.Comité Central de Primeira Linha

7 O pensamento político do Che. Odever de todo revolucionári@ é fazer a

revoluçom.Carlos Morais

8 Solidariedade com o Alexandre.

Sumário

Editorial

Nom à ilegalizaçom das esquerdas independentistas

Espanha aprofunda a via fascista e genocida

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Nº 26. Outubro, Novembro e Dezembro de 2002EDITORIAL2

tas os campos de concentraçom modernos, poste-riormente aperfeiçoados polos nazis; que encadeou,torturou, violou, assasinou, dezenas de milhares demulheres e homens entre 1936 e 1975; que provocouo êxodo, o exílio de mais de um milhom de pessoasapós a vitória fascista de 1939; que nega a existên-cia do povo galego, basco e catalám; que impede aentrada no seu território d@s pobres que fogem damiséria que contribui a construir, provocando anual-mente milhares de mort@s no estreito de Gibraltar;que viola sistematicamente os direitos humanos; queconculca os direitos individuais e colectivos de cen-tenas de pessoas; que nega o direito de autodeter-minaçom; que destroi línguas e culturas; que aprovaleis contra as liberdades democráticas; que justificaa censura; que fecha jornais, revistas e rádios; queilegaliza organizaçons; nom é nem pode ser demo-crático.

A sua natureza imperialista e racista primigénia,e a sua actual deriva fascista, voltam a confluir, fe-chando um círculo. Hoje o projecto nacional de Aznarrecupera sem ambigüidades o imaginário colectivoda reconquista dos Reis Católicos e do império deFelipe II, susbtituindo a terminologia expansionistada defesa da civilizaçom, da fé cristia, do combateao infiel, pola apropriaçom desnaturalizada de con-ceitos e categorias que até há umha década eramexclusivamente utilizadas pola esquerda. Assim po-demos compreender como a ofensiva fascista e xe-nofoba do espanholismo tilda de fascista e racistaao nacionalismo basco; como os que negam o exer-cício do direito de autodeterminaçom acusam de in-tolerante e imposiçom autoritária a desigual luitaque leva a cabo a esquerda abertzale; as vítimassom transformadas em carrascos, @s agredid@sem agressores; as aspiraçons de liberdade e eman-cipaçom de amplos sectores da classe operária bas-ca som definidos de insolidários por essa pseudoes-querda que pactuou a operaçom cosmética do fas-cismo por esta democracia burguesa cada vez maispróxima do bonapartismo.

* * *A ofensiva espanhola tem servido para constatar

novamente a plena claudicaçom do BNG. A absten-çom na votaçom sobre a ilegalizaçom de Batasuna,realizada em 26 de Agosto no Parlamento espanhol,exprime a cobarde atitude dumha organizaçom querenunciou aos princípios característicos dum projec-to transformador para buscar acomodamento na Es-

e emancipaçom de género. Nem as falsas e engano-sas alternativas “democráticas” de sectores da es-querda espanhola (patriotismo constitucional, fede-ralismo, confederaçom), nem as fórmulas autono-mistas baseadas num Estado plurinacional, som vá-lidas para Galiza e o seu Povo Trabalhador. Sem Es-tado próprio, sem recuperarmos a independêncianacional, nem é possível construir a naçom, nem épossível fazer umha revoluçom socialista. A actualfraqueza das teses independentistas entre os secto-res mais avançados do proletariado e da classe ope-rária galega é fruto dum conjunto de factores entreos que cumpre destacarmos o minimalismo nacionalpequeno burguês do nacionalismo galego contempo-ráneo. A actual claridom dos seus verdadeiros ob-jectivos devem ser aproveitados para lograrmos in-troduzir a necessidade de confluir luita de classescom luita nacional.

* * *As galegas nom somos nem queremos ser espa-

nholas. Os galegos nom somos nem queremos serespanhóis. Estamos orgulhos@s de sermos ga-leg@s, e a defesa da nossa identidade nacional nomsó é um dos mais eficazes ataques ao coraçom do ca-pitalismo espanhol; também é umha das nossas me-lhores achegas internacionalistas em prol da liberta-çom dos povos e d@s trabalhadores/as do resto domundo.

* * *@s comunistas galeg@s organizados em Pri-

meira Linha fazemos parte dos medíocres, –termoutilizado polo líder do BNG para desqualificar e su-bestimar a ilegalizaçom de Batasuna–, preocupadoscom a ofensiva fascista do capitalismo espanhol ecom as medidas legais tendentes a ilegalizar Batasu-na e o conjunto do independentismo basco, com oqual manifestamos mais umha vez o nosso apoio esolidariedade internacionalista.

galega, –a que padece directamente na suas carnesa trágica ausência de soberania–, necessita parapoder emancipar-se da exploraçom de classe, enca-beçar e fazer converger no projecto revolucionárioos objectivos de independência nacional, socialismo

panha do século XXI. OBNG, mais alá de retóricosposicionamentos face asua militáncia e base so-cial, utiliza a técnica daavestruz, agindo como seaqui nom passasse nada.Os sectores maioritáriosdo partido comunista ale-mám no período de entre-guerras também renun-ciárom ao confronto como nazismo e a dia de hojesom bem conhecidos osresultados desta estraté-gia suicida. O autonomis-mo galego, autoderrota-do, sob a hegemonia dapequena burguesia fun-cionarial, aposta por con-solidar o prato de lente-lhas que lhe ofereceu Es-panha renunciando a se-guir construindo o projec-to nacional, numha centrí-peta deriva involucionista.O silêncio perante os acon-tecimentos em curso, a pas-sividade frente às agressons,só pode qualificar-se de colabora-cionismo com o inimigo e cúmplicecobardia. Beiras e Paco Rodríguezestám mais preocupados polas elei-çons municipais, polo acordo institu-cional com Fraga, por manter os es-paços de poder que lhes conce-dem, que por denunciar emobilizar o nosso povo con-tra o fascismo espanhol,suavizando ou subestiman-do os verdadeiros objecti-vos dos heredeiros do Cau-dilho.

* * *Um povo oprimido como o galego, se nom se do-

tar dum Estado próprio, está condenado a desapare-cer. Nom é possível sobreviver entre a dupla pres-som exercida pola potência ocupante espanhola e ado capitalismo internacional. A classe trabalhadora

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3ACTUALIDADENº 26. Outubro, Novembro e Dezembro de 2002

Joám António de Lima, Joaquim Lo-pes, Vitor Ferrreira Moronho, Jesus Vila,som as últimas vítimas do terrorismo em-presarial na Galiza, e quando ainda faltamais de dous meses para acabar o ano jásupera a escalofriante cifra de mais desetenta mort@s.

Umha das manifestaçons mais visí-veis das condiçons de exploraçom a queestá submetida a classe obreira no capi-talismo som os riscos, em muitos casosmortais, sob os que a maioria dos traba-lhadores e trabalhadoras desenvolvem oslabores por que percebem um salário.Mas esta visibilidade é a maioria das ve-zes escamoteada à percepçom da socie-dade, em especial ao sector social quesofre estes riscos, a classe obreira. O dis-curso hegemónico costuma minimizar aexistência da sinistralidade laboral, ne-gando a sua realidade como constanteestrutural nas relaçons de exploraçominerentes à lógica do sistema capitalista;ou quando é impossível minimizá-la, porexemplo quando se produzem acidentesmortais, desviando a atençom recorrendoaos tópicos do operário desleixado e bo-tado-para-diante que nom tomou as pre-cauçons necesárias. De facto, o capitalergueu umha bateria de argumentos parajustificar a existência dos acidentes notrabalho. Argumentos que sempre se ba-seiam sobre dous eixos: na imprudênciad@ assalariad@ ou na existência de ca-sos isolados de empresas criminosas,frente a umha maioria de empresáriospreocupados pola saúde dos seu empre-gados e empregadas.

Mas a realidade dista muito de sercomo no-la pintam os propagandistas do“melhor dos mundos possíveis”, já que osmais de 27.000 acidentes quantificadospolo Conselho Galego de Relaçons Labo-rais (CGRL) no terrritório da ComunidadeAutónoma Galega durante o primeiro se-mestre de 2002 falam-nos dumhas condi-çons laborais em que o acidente nom é aexcepçom, senom a regra. Neste mesmoperído de tempo, de Janeiro a Outubro de2002, morrêom 73 galeg@s no seu postode trabalho.

Advertimos já que estes 27.000 aci-dentes som de certo muitos mais, postoque este órgao dependente do governoautonómico só quantificou aqueles emque o dano físico foi acompanhado da bai-xa laboral, e com certeza, só os que sedérom sob condiçons de contrataçom re-gradas. Assim, ficam fora da estatísticaas lesons em que o trabalhador ou traba-lhadora continuou no seu posto de traba-lho e as que sofrêrom assalariad@s semcontrato legal, actualmente um segmentomuito destacável do PTG.

Umha visom à evoluçom do númerode acidentes no lugar de trabalho duran-te a década de 90 da passada centúria eos dous primeiros anos do século XXI,permitem-nos perceber que a sinistrali-dade laboral na Galiza aumentou dum jei-to preocupante, em especial desde o ano1994. Para compreendermos a descida eo posterior repontar teremos que desviara olhada da coluna de acidentes para a dototal da populaçom assalariada, advertin-do como a descida do número de sinistrosentre 1990 e 1994 é proporcional à quedado número de trabalhadores e trabalha-doras por conta de outrem, mas que des-de a metade da década o número de aci-dentes nom fixo senom aumentar em pro-porçom maior ao incremento do númerode assalariad@s.

O porquê deste repontar, tanto nonúmero de acidentes como na contrata-çom precisamente no ano 1995, tem asua explicaçom na aprovaçom e posta emandamento nesse período das novas for-mas de contrataçom previstas pola refor-ma laboral aprovada polo último dos go-vernos do PSOE no Estado. É com a postaem marcha dumha política de empregobaseada na promoçom dos contratostemporários quando começou a actual es-calada no número de sinistros, bem comoo aumento do número de contraçons; masadvirtamos que a cifra de 686.900 assala-riad@s atingida em 2001 esconde a ar-madilha da contrataçom por meses oudias, pola qual umha pessoa que fosse

contratada por um período de tempo tamridículo como umha só hora em todo oano já é incluida na estatística.

Centremo-nos no ano 2001, o últimopara o que contamos com um número dedados mais amplo, para estabelecer um-ha radiografia o mais completa possívelda sinistralidade laboral no nosso país.Neste período produzírom-se um total de83.173 acidentes, dos quais 50.158 fôromacompanhados da perda de jornadas la-borais. Desse total, à roda de 77% sofrê-rom-no trabalhadores e trabalhadorascom contratos temporários, que consti-tuem 35% do número total deassalariad@s galeg@s. Para continuar-mos com a radiografia, deveríamos saberque nesse mesmo ano 56% dos sinistrosconcentrárom-se em empresas de menosde 50 empregad@s, em que na Galiza tra-balhavam 361.052 pessoas (menos demetade do total de assalariad@s); e queos 53% d@s atingid@s contavam commenos de 34 anos de idade. Estes dadospermitem-nos estabelecer a tipologia bá-sica do trabalhador ou trabalhadora quesofre um acidente laboral no nosso país:jovem, com contrato temporário, e quetrabalha para umha empresa pequena,normalmente umha sub-contrata.

O dado do tamanho da empresa nomcarece de importáncia, já que a pequenae mediana empresa é maioritária na Gali-za. É nestas empresas, em muitos casosfamiliares, onde as condiçons laborais seacham mais degradadas, já que a ausên-cia dum grande número de trabalhadorese trabalhadoras impede na maioria doscasos a existência de representaçom sin-dical, ao que se soma a inestabilidade la-boral provocada pola extensom maciça docontrato precário. Precisamente por estemotivo, do que se deriva o embarateci-mento dos custos de contrataçom, é quegrande parte dos labores productivos de-senvolvidos polas grandes companhiassom sub-contratadas a empresas maispequenas, que oferecem um serviço mui-to mais barato e “flexível” ao nom sofreros “problemas sindicais” tam habituaisnas grandes empresas. Se repararmos norátio de acidentes por cada mil assala-riad@s, atendendo ao ramo produtivo,perceberemos que o ponto mais alto severifica na construçom, com 131 aciden-tes por mil, precisamente o sector emque o modelo de sub-contrataçom está

mais estendido.Porém, haveria que se perguntar que

fai a administraçom pública para pôr freioa esta escalada da sinistralidade laboral.Pois mais bem pouco. Um recente estudoda Fundaçom Galega para a Prevençomde Riscos Laborais advertia que 39.21%das empresas galegas desconhecia aexistência da Lei de Prevençom de RiscosLaborais (em vigor desde 1996), e que46.75% das empresas, conhecendo oudesconhecendo a citada lei, reconhecianom aplicá-la. Mas estes dados tam es-candalosos nom valêrom mais que parafazer declaraçons de intençons por parteda administraçom autonómica, que falapresunçosamente de estender as inspec-

çons laborais às 1.064 empresas commaior sinistralidade. Contodo, a realidademais umha vez volta ser dolosa, dos83.173 acidentes recolhidos nos parteslaborais em 2001, só 1592 supugérom aactuaçom da inspecçom de trabalho; cou-sa que nom é de estranhar por quanto naCAG o número total de inspectores sóchega aos 44 para o conjunto do territó-rio, cobrindo cada inspector a umha mé-dia de 17.000 assalariad@s com contratolegal.

Avaliando o conjunto dos dados queaté o de agora expugemos, ficam total-mente despossuidos de validade os argu-mentos da temeridade do trabalhador/aque sofre o acidente laboral e o da mino-

ria de empresas criminosas, a que tantasvezes se recorre para justificar publica-mente a existência do fenómeno da sinis-tralidade. Mui polo contrário, a explica-çom real para a sinistralidade laboral é oda existência dumha esmagadora maioriade empresas criminosas que agem sob aregra de ouro da produçom capitalista: oembaratecimento de custos de produ-çom. Embaratecimento que se conseguereduzindo os custos em capital variável,quer dizer em força de trabalho, ou o queé o mesmo neste caso em salários. O tra-balhador ou trabalhadora jovem com con-trato temporário, sujeito às relaçons la-borais próprias da pequena empresa, tra-balha mais horas e a menor preço que @operári@ especializad@ dumha grandecompanhia em que a organizaçom sindi-cal tenha a capacidade de fazer valer osseus direitos.

Nom deveria surpreender-nos queneste caso, o da sinistralidade laboral,Galiza esteja situada à cabeça dos índicesdo Estado Espanhol e da UE. Tam só deve-ríamos lembrar outros rankings em que osempresários galegos demonstram a suanatureza depredadora como tem sido re-centemente o descobrimento da fraudedos subsídios do FORCEM, em que, dosquase três milhons de euros demandadospolo Tribunal de Contas, por volta de ummilhom foi roubado pola Confederaçom deEmpresários Galegos. Assim é bastantefácil explicar porque prima dum jeito tamescandoloso a lógica do interesse econó-mico da patronal por diante dos riscos vi-tais que @ empregad@ tem que assumirno desenvolvimento do seu trabalho.

Evidentemente, nom há que deposi-tar excessiva confiança numha reduçomdo número de acidentes laborais num fu-turo próximo de seguir a aprofundar naactual dinámica tendente à precarizaçomabsoluta do mercado laboral. O que sim épossível é que as cifras oficiais sejam re-duzidas mediante a aplicaçom dum novotruque de contabilidade estatística seme-lhante aos que as administraçons públi-cas costumam empregar já na elabora-çom do inquérito de populaçom activa ounos dados sobre o IPC; de facto, como jáadvertíamos antes, nestes dados que tamamavelmente nos cede o inimigo actual-mente já há eivas importantes posto quese eludem todas as referências às condi-çons de exploraçom sofridas polo sectorda classe obreira galega que carece dequalquer tipo de contrato legal, bem co-mo as referentes ao proletariado galegoemigrante.

Apenas há umha via pola qual se po-dem atingir melhoramentos, e esta nom émais que a acçom organizada do conjuntoda classe operária galega pola dignifica-çom das condiçons de trabalho. Repare-mos mais umha vez que já hoje naquelasempresas em que a organizaçom sindicalé forte a incidência da sinistralidade é atéquatro vezes inferior à média. Som essasempresas as que nos ensinam o caminho,incluso com os erros que se cometêromno passado, já que se os sindicatos nomtiveram cedido anteriormente nas nego-ciaçons com o governo e a patronal nassucessivas reformas do mercado laboral,hoje nom estaríamos a falar dumha taxade precariedade de 35%, e em ascenso, eportanto a capacidade de incidir no con-trolo das condiçons de contrataçom seriamuito mais elevada.

Aprendamos pois dos erros e luite-mos para que a intransigência perante ascessons à patronal seja a característicado movimento obreiro galego, como me-lhor e único caminho para reduzir a sinis-tralidade laboral e para atingir todas asdemandas da nossa classe.

Acidentes laborais. A face mais preta do terror patronal An

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Trabalhador da construçom falecido em Julho en Bertamiráns Arquivo Abrente

Comunidade Autónoma Galega

POPULAÇOM ACIDENTES ACIDENTES ASSALARIADA COM BAIXA

1990 552.800 51.511 32.6701991 558.800 51.548 32.1151992 553.500 52.644 30.2411993 527.700 46.957 26.6581994 507.100 51.567 26.6381995 523.000 59.283 29.7481996 538.800 64.288 30.7681997 566.500 66.645 32.8951998 602.600 75.688 36.6121999 636.600 85.135 41.4032000 672.600 86.526 47.1242001 686.900 83.173 50.158

POPULAÇOM ACIDENTES POR ASSALARIADA CADA MIL TRABALHADORES/ASTEMPORÁRIA

1990 146.600 1061991 160.500 1121992 169.000 981993 157.100 861994 167.600 881995 171.600 1011996 186.300 991997 194.800 1041998 201.100 1181999 215.800 1102000 231.000 1112001 234.800 145

Fontes para as tabelas: Conselho Galego de Relaçons Laborais e Instituto Galego de Estatística

Page 4: Espanha aprofunda a via fascista e genocidaEspanha cárcere de povos é um projecto na-cional sem consolidar. Após mais de cinco séculos de trajectória criminosa e genocida, o capitalismo

Nº 26. Outubro, Novembro e Dezembro de 2002TRIBUNA ABERTA4

Retomamos com este significativo título o debateque há seis anos tentamos abrir para que estudiososespecializados lhe dessem continuidade. Foi BenignoÁlvarez –o emergente líder do Partido Comunista emOurense nos anos 30 e o dirigente com mais carismada organizaçom na Galiza de 36– um adiantado na con-vergência do marxismo e do nacionalismo? Esta per-gunta, repetitivamente formulada em círculos naciona-listas e independentistas, colide frontalmente com aopiniom dalguns dos dirigentes mais relevantes do Par-tido Comunista actual. O histórico Manuel Peña Rey de-clarava no jornal La Región (13/III/97), quando articu-lamos a homenagem em Maceda no 60 aniversário doseu passamento, que Benigno Álvarez era comunista eque o comunismo nunca fora nacionalista. Esquecia–intencionadamente?– que hoje existem várias organi-zaçons políticas na Galiza que se definem nos seusprincípios fundacionais e programáticos como marxis-tas e nacionalistas ao mesmo tempo.

Benigno Álvarez mostrou-se desde o primeiro ins-tante como um dirigente político nada convencional epouco ortodoxo; com umha personalidade de marcadocarácter; um dos que mais mexia dentro da rigidez edisciplina da organizaçom a que pertencia: originaria-mente um partido de quadros revolucionário, insurrec-cional e clandestino. A reconfiguraçom táctica e ideoló-gica deste dirigente desde 1932 foi mais do que evi-dente: Jamais renunciou ao marxismo, mais viu comclareza a necessidade dumha convergência com o na-cionalismo dentro dumha mesma organizaçom que sóse faria realidade quatro décadas depois, quando aUPG se definiu nitidamente como marxista-leninista eque se veria reafirmada em 74 com a publicaçom dosEstatutos Provisórios. Nesta linha vai X. L. Méndez Fer-rim, um dos fundadores daquela organizaçom política.Em 14 de Março de 97 escrevia no Faro de Vigo umhacoluna muito clarificadora: “Soto reconhece Benignocomo o precursor do encontro histórico entre o marxis-mo e o nacionalismo, que haveria de coalhar definitiva-mente, há 25 anos, desde Março a Setembro de 72. Me-ses que mudárom a política da Galiza: a palavra pre-monitória de Benigno Álvarez fazendo-se gente... Deci-didamente os franquistas enterrárom semente em1937. Já Castelao tinha avisado”.

O veterinário de Maceda sabia que o pai do bol-chevismo reconhecia o sagrado direito dos povos a dis-por de si próprios. Também que nas teses apresenta-das polo Comité Central da Terceira Internacional ao IICongresso Mundial do Partido Comunista (1920), consi-derava-se o direito de autodeterminaçom. Acrescenta-mos com Afonso Bozzo em Os Partidos Políticos e a Au-tonomía de Galiza. 1931-36 (Akal, 1976) que a questomnacional galega se incorpora aos documentos e à prá-tica do Partido Comunista com um novo eco com a car-ta de Dimitri Manuilski ao Comité Central (31 de Marçode 1931): “O Partido Comunista deve propagar por to-do o Estado o direito da Catalunya, a Bascónia e a Ga-liza a disporem deles próprios até a separaçom. O ob-jectivo do Partido Comunista é criar, sobre as ruinas doimpério espanhol, a livre federaçom ibérica de repúbli-cas operárias e camponesas da Catalunya, a Bascónia,a Galiza, a Espanha e Portugal”. Estava, pois, a reco-lher-se teoricamente, também como autêntica tarefarevolucionária, que este País decidisse por si próprio,algo de que daria boa conta nas suas intervençons pú-blicas ao longo da II República o veterinário de Mace-da e nom como um anelo conjuntural e folclorista, tal ecomo o viam muitos dos seus camaradas galegos.

Benigno já fora um estudante universitário incon-formista (1915-1920) na Escola de Veterinária (actualsede do Parlamento Galego). Participara em revoltasestudantis. Durante o curso 1915-16 quase nom pisouas salas por mor da Burelhada. Embora procedia dum-ha família burguesa de classe média acomodada (seupai fora presidente da cámara municipal de Macedadesde 1913 até 1919), nos anos vinte simpatizou commovimentos de corte socialista. Em 1930 tivo o primei-ro encontrom com o poder. Acusado de agitador, foradetido. Figera umha greve de fame que transcenderapor toda a província de Ourense. A 15 de Abril de 1931–um dia depois de proclamada a II República– BenignoÁlvarez aparecia como alcaide de Maceda (presidenteda nova Junta Administrativa Local). Pouco antes apro-ximara-se do Partido Republicano Radical Socialista(PRRS) que se constituira em 1929. Em Maio de 1931,com o médico Carnicero –amigo desde a infáncia–, LuísSoto, o poeta Gómez del Valle, Galhoso Frias, Juan Nó-voa, Clemente Vidal, Jesusa Prado..., articulou o Parti-do Comunista a nível provincial, do qual foi secretáriopolítico até o fim dos seus dias. Nessa época inseriutrabalhos em vários meios. A maioria non iam assina-dos, pois havia a palavra de ordem de preservar os me-lhores quadros da cadeia. O Partido Comunista estive-ra na clandestinidade praticamente desde o seu nasci-mento a começos dos anos 20; na semilegalidade des-de 31 até 33, e só desfrutou dum muito curto períodode legalidade desde Fevereiro até Julho de 1936 com oexercício da liberdade de expressom muito controlado

desde o poder republicano que os perseguiu implacavel-mente.

Benigno já em 1932 propugera aos do Comité Regionalem Vigo (Garrote e Aráujo), constituir o Partido ComunistaGalego e lograr umha maior implantaçom e identificaçomcom o País (a representaçom dos comunistas cingia-se apequenas células em Vigo, Ourense, Corunha, Ferrol e Pon-te-Vedra; entre todos nom chegavam aos 300 filiados).Aquele projecto nom agradara nada aos de Vigo. Tampou-co gostavam da publicaçom de El Soviet (23 números) queelaboravam os indisciplinados de Ourense e que imprimi-ram em Lalim e no Carvalhinho. O primeiro semanário co-munista bilíngüe fora retirado várias vezes por ordem go-vernativa e nom passava polo filtro do Comité Regionalnem do Comité Central.

No IV Congresso do PCE em Sevilha (17-23 de Marçode 1932), Benigno exigiu falar em galego sobre a revolu-çom agrária. Era um dos quatro delegados que iam repre-sentando Galiza. Assistiam convidados de todos os parti-dos comunistas do mundo. Um camarada português fijo detradutor quando lhe tocou o turno de intervençom. Segui-mos Luís Soto numha entrevista em Teima (nº 26) em 77:“Para começar, dixo que falava representando Galiza e,portanto, somente podia falar em galego. A gente estavaapampanada enquanto escuitava aquilo: Nom podo falarem castelhano porque na minha terra, no meu País, os la-bregos, os marinheiros, os trabalhadores todos só sabemdo galego para falar. Eu, ainda que passei pola universida-de, nom podo falar em castelhano porque, senom, acabamconnosco para sempre, esmagam-nos... Eu poderia ex-pressar-me em castelhano sem nengumha dificuldademas, o certo é que me sinto muito melhor falando em ga-lego e defendendo a dignidade do meu povo. Aquilo era al-go muito sério... Castelao quando se inteirou da notícia po-los jornais, ao dia seguinte, estava no café da Peregrina. Euestava ali e vim como lhe caiam as báguas de emoçom:Verdadeiramente, bem santo é!, que valentia!, dixo Caste-lao. E anedotas dessas na defesa da nossa língua houvomuitas...”.

Num pleno do Comité Central –a que Benigno perten-cia desde aquele Congresso– aprovou-se umha resoluçompara aplicar o princípio de autodeterminaçom para a Gali-za, Euskadi e Catalunya. Foi publicado com o título “A ques-tom nacional e o movimento nacional revolucionário na Es-panha” (1932). As convulsons da efémera etapa republica-na nom permitírom que Benigno consolidasse o seu dis-curso na Galiza. Naquele congresso ascenderam José Díaze Dolores Ibárruri ao máximo órgao de direcçom. A vira-gem da organizaçom comunista devera-se mais às pala-vras de ordem da Internacional Comunista que às destesdous dirigentes, consoante as conclusons da tese doutoralde Rafael Cruz em O Partido Comunista de España na II Re-publica (Alianza Editorial, 1987).

Luís Soto em Teima (nºs 26 e 27) assevera que o Par-tido Comunista tentou conjugar o marxismo-leninismo como nacionalismo galego desde 32 com Benigno Álvarez à ca-beça que, “junto com Antonio Fernández Carnicero, Núñez,Gómez del Valle, Ramón Teijeiro e mais eu, éramos o gru-po nacionalista que havia no interior do Partido Comunistada Espanha na Galiza”. Soto –outro dos artífices da funda-çom da UPG em 64– centra pois na figura de Benigno Álva-rez umha das chaves para o desenvolvimento do naciona-lismo e as suas projecçons sócio-políticas no nosso País:“Benigno foi um dos precursores do processo marxista nocelme da naçom assovalhada e colonizada que pulula polalibertaçom nacional”. Benigno Álvarez toma posiçom ao fa-lar em todos os foros em galego, incluídos os alheios aoPaís, nos congressos, nas assembleias do Partido Comu-nista e da Frente Popular. Na página 223 do seu livro Cas-telao, a UPG e outras memórias (Xerais, 1983) podemosler: “Benigno Álvarez foi com outros amigos, defensor in-transigente das verdadeiras teses que poderiam salvar Ga-liza. O nacionalismo socialista quer integrar a autodetermi-naçom nacional com a construçom do socialismo... Assimxorde umha grande amizade entre Alexandre Bóveda e Be-nigno Álvarez e umha cordial relaçom de Castelao com oscomunistas que defendiam a naçom intransigente”.

Também em Teima (nº 31), o jornalista Xavier Navazacomentava a Santiago Álvarez (o luitador antifascista deSam Miguel de Vila-Martim de Valdeorras e secretário ge-ral do PC na Galiza nos anos 70) que com Benigno inaugu-rava-se umha posiçom galeguista no seio do Partido Co-munista e graças a essa visom política o partido começaraa alargar a sua base na realidade galega. Santiago Álvarezreconhecia que havia muitas cousas que lhe escapavam,pois ele só jogava um pequeno papel a nível comarcal emValdeorras, limitando-se a duvidar da veracidade daquele

critério. Apostilava que o Partido Comunista estava alar-gando-se e que, quiçá ainda nom colhera força suficientepara transformar-se numha organizaçom de carácter na-cional galego. No entanto, ao remate da entrevista di: “Euestou seguro de que, se a Guerra Civil se atrasasse ummês, o Partido Comunista Galego fica constituído”. Logo noseu primeiro livro de Memórias (Ed. do Castro, 1985) e como arquivo do Partido Comunista a nível de Estado ao seuserviço e livre interpretaçom rectificava e contribuía umhaversom mais ortodoxa e conivente com a nomenklatura ofi-cial: “...há gente interessada em apresentar Benigno comoumha espécie de nacionalista galego e, portanto, um tantodiscrepante da linha do PCE. Benigno era, isso sim, um ga-lego de corpo e alma, um galego de corpo inteiro... Existiuou existe um grupo, partido ou umha personalidade políti-ca na Galiza que pugesse na defesa dos interesses do po-vo galego, da Galiza, e da sua autonomia, mais tenacidade,perseverança e paixom que os comunistas? Há pessoa,partido ou grupo que tivesse defendido essa causa commaior desinteresse? Porque nom havia defender Benignoa causa da Galiza desde a sua posiçom de dirigente comu-nista, ou necessitava para isso ser nacionalista?”. O argu-mento quase nom resiste, já que logo chega observar aevoluçom que tivo o partido, muito especialmente no tar-dofranquismo na Galiza (nom havia trégua no confrontocom os inimigos da UPG) e nom falemos desde 77 até aonírica realidade actual. Soto, nos antípodas dessa tese ecom umha relaçom muito mais fluída e directa com o vete-rinário de Maceda, insiste em que Benigno Álvarez sequestionava quotidianamente se a revoluçom marxista ti-nha que conquistar-se necessariamente antes que a auto-determinaçom nacionalista.

Mesmamente, o secretário geral do Partido Comunis-ta na Galiza nos anos 80, Anxo Guerreiro Carreiras, afir-mava no tomo XXIV da Gran Enciclopedia Gallega: “A aspi-raçom de criar o Partido Comunista da Galiza, como parti-do nacional, era umha velha pretensom dos comunistas ga-legos desde a época da República. Em 1936 o Partido Co-munista já tinha umha forte implantaçom na Galiza e umhanotável influência, sobretodo no movimento operário emVigo e Ferrol e no movimento camponês em Ourense. Umdos seus dirigentes mais destacados era Benigno Álvarez,secretário do Comité Provincial de Ourense, um dos ho-mens que já, em aquela época, via nitidamente a necessi-dade dum Partido Comunista Nacional Galego”.

O Estatuto da Catalunya –que Benigno conhecia bem–supujo umha capitulaçom ao autêntico discurso do povo ca-talám. O Partit Comunista de Catalunya (PCC) apostava po-la reivindicaçom do princípio de autodeterminaçom nacio-nal, inclusive até a segregaçom. Depois da Revoluçom deOutubro de 1934, a questom da emancipaçom das naçons

oprimidas passou a um primeiroplano e foi um dos argumentos va-selinizados pola Frente Popular,que apoiava umha forma autode-terminativa de carácter limitativo.Mesmo assim, o Partido Comunis-ta na Galiza, da mao de BenignoÁlvarez e de Gumersindo Montero,demonstrou-se como um dos im-pulsores do plebiscito autonómicoem Junho de 1936. A campanhacomeçara no dia 7 na Corunhacom a apresentaçom, num duploacto conjunto, dos principais líde-res galegos. Benigno nom estavapresente, pois se encontrava emBarcelona, na Conferência Nacio-nal do PCC que aginha se ia refun-dir, juntamente com a esquerdasocialista catalá, os anarquistas eoutras forças afins, numha novaformaçom política, o Partit Socia-lista Unificat de Catalunya (PSUC),que defendia postulados de carác-ter nacional muito ambiciosos (23de Julho de 1936). Aquele modeloera –em parte– extrapolável e oveterinário de Maceda seguia-ocom muito interesse. Naquelasdatas já era o líder indiscutível anível galego.

Especialistas nessa época–muito de passada- detectam cer-ta influência galeguista no interiordo PCE na Galiza (A. Bozzo); comdebates internos sobre o gale-

guismo (B. Máiz); ou quando se fala da criaçom da UPG,que se declara herdeira do pensamento de Castelao e doPartido Comunista dos anos 30 (Beramendi / Seixas). Po-rém, nom fam referência expressa a quem era a prol danossa realidade diferenciada. Só Marcos Valcárcel aproxi-ma o nome: “A figura quase mítica de Benigno Álvarez éreivindicada tanto desde a tradiçom comunista como des-de a fidelidade galeguista a umha pátria ignorada e mal-tratada”. Também o fai o historiador Francisco Carballonum recente livro de Conversas (ANT, 2002) onde afirmaque a UPG nasce em 64 influída por Luís Soto que, por suavez, tinha amizade com Benigno Álvarez.

Num trabalho de opiniom no semanário A Nosa Terra(nº 742) intitulado “Benigno Álvarez na encruzilhada do na-cionalismo” considerávamos que na Galiza de 1936 algo semovia face umha relevante transformaçom da nossa vidapolítica, social e cultural de nom ter triunfado o golpe mili-tar e que levava aparências de consolidar-se em poucotempo. Defendíamos que –no plano político– nos deslocá-vamos face um projecto marxista autenticamente nossoencabeçado por Benigno Álvarez que, juntamente com LuísSoto e o médico Carnicero polo que se deu em chamar acorrente nacionalista dentro do Partido Comunista, se uni-ria ao sector mais à esquerda do Partido Galeguista aban-deirados –como também apontava Carlos Morais no 1º nú-mero de Abrente (Julho, 96)– por Suárez Picalho e algunsjovens das Mocidades Galeguistas como Luís Seoane e Pe-pe Velo, aos que poderíamos acrescentar Celso Emilio Fer-reiro –outro dos fundadores da UPG–, daquela secretáriode organizaçom da FMG e que semelhava afastar-se des-paciosamente do ideário oficial do PG.

Benigno apostara desde 34, depois dos nefastos re-sultados para a esquerda em Novembro do ano anterior eda derrota operária na Revoluçom de Outubro, por umhacoligaçom democrática na Galiza que defendesse aquelaRepública –que nom o entusiasmava por ser de carácterburguês– frente o fascismo emergente e abandeirasse aconsolidaçom daquele Estatuto de Autonomia de direcçomminimalista. Estacionava momentaneamente o programade máximos dos comunistas que aspiravam a um governooperário e camponês.

Em 36 todo acontecia a umha velocidade de vertigem:Benigno fazia parte da candidatura da Frente Popular polacircunscriçom de Ourense com os republicanos de esquer-da, socialistas e galeguistas. O aparelho estatal do PCE im-pugera um candidato estrangeiro em Ponte-Vedra que lo-go saiu deputado em Madrid, mas que desconhecia a rea-lidade galega. Benigno Álvarez deixara clara a sua discre-páncia por aquele facto, que demonstrava que o centralis-mo do Partido Comunista prejudicava seriamente o seuprojecto político na Galiza. Ironizava que Adriano Romero

Sant

iago

Pro

l Benigno Álvarez. Internacionalistaou protonacionalista?

Benigno Álvarez, na fotografía das eleiçoms de 30 de Abril de 1936

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5ACTUALIDADENº 26. Outubro, Novembro e Dezembro de 2002

Cachinero era “o querido companheiro de Jaén que vi-nha colonizar o nosso marxismo de pureza e de lealda-de”. O PCE tinha colocados 21 candidatos em todo o Es-tado dos quais 17 atingiram acta de deputado. Em Ou-rense veu a fraude de Calvo Sotelo e no escrutínio ofi-cial Benigno –o único comunista galego– nom chegouaos 20.000 votos. A 5 de Abril atingiu –logo de váriosintentos desde 32– criar um sindicato labrego (52 so-ciedades com sede no Centro Operário da capital) des-de umha óptica marxista que luitava pola libertaçom docampesinato, contra o sistema foral, a corrupçom e aexploraçom. Cabo Villaverde em O Agrarismo (ANT,1998) assegura que esta Federaçom Camponesa, pre-sidida polo carismático veterinário de Maceda, era mui-to radical com chamados ao boicote a todo trabalhadornom federado e à exigência da confiscaçom e repartodos bens da Igreja Católica em todo o País. Nas elei-çons de 30 de Abril a compromissários que designa-riam o novo presidente da República (Azaña), Benignoobtivo 85.535 votos que chocavam frontalmente com ospequenos resultados de havia dous meses. Na Assem-bleia celebrada nas Cortes do Estado (10 de Maio) –se-guimos Benigno Álvarez– foi o único compromissárioque exprimiu o seu voto em galego. Também na entra-da correspondente da Enciclopedia Galega Universal(Ir Indo. Tomo I) podemos ler: “Tanto no Congresso doPCE em 1932 como neste acto em Madrid, BenignoÁlvarez expressou-se publicamente em galego, sendoeste um dado mantido como prova de que foi um dos di-rigentes que mais pressom fijo para que o PCE acedes-se à formaçom do Partido Comunista da Galiza”. No 1ºde Maio articulou umha exitosa manifestaçom na capi-tal ourensana; um acto popular reivindicativo de carác-ter miliciano como resposta às provocaçons da direitae dos militares, naquela atmosfera larvada de violênciaque logo ia estourar. Benigno estava no alvo dos falan-gistas e de certa oligarquia ourensana desde 1931. Da-quela a militáncia do Partido Comunista em Ourensemedrava consideravelmente (Rafael Cruz contribui3.213 filiados para toda a Galiza em Maio do 36). Be-nigno –com um acertado trabalho de propaganda– fo-ra o artífice do grande número de filiaçons maiormen-te entre os camponeses, algo insólito no conjunto doEstado. Em Junho fijo campanha em prol do plebiscitoestatutário com Alexandre Bóveda com o que já com-partilhara comícios em Fevereiro. Ao concluir um dosactos centrais em Ourense, o veterinário de Maceda re-criminou a Bóveda que era demasiado brando na rei-vindicaçom nacional; que tinha que ser mais exigentepara com a nossa realidade diferenciada desde todosos ámbitos e perspectivas e que o direito de autode-terminaçom era umha questom inseparável da nacio-nalidade.

Em 28 de Junho foi refrendado –após várias ten-tativas– o Estatuto. Entrava no Congresso dos Deputa-dos quando os golpistas decidírom derrubar o governolegalmente constituído da República. Numhas hipotéti-cas eleiçons ao Parlamento Galego a reorganizaçompolítica na Galiza ia deparar-nos algumhas surpresas.Orabém, a realidade aqui foi outra: ser comunista ougaleguista semelhava um cancro para la nación espa-ñola e, segundo o pensamento generalizado entre osmilitares sublevados, ser marxista e nacionalista, era oclímax da negaçom da inteligência naquela cruzada.Por isso a perseguiçom e aniquilaçom de pessoas comoBenigno Álvarez (13 de Março de 1937) foi implacável,sofrendo as conseqüências toda a sua família e a vilaque o vira nascer. A repressom na Galiza foi tam bes-tial e traumática que os esquadrons da morte fascistasfulminárom com teimosia aquela resplandecente gera-çom cheia de talento e fundamente vanguardista; amais magnificente que deu o nosso País no século XX.Internacionalista proletário ou protonacionalista gale-go? Benigno –perfeitamente identificado com o País–tinha-o claro, muitíssimo mais claro que os herdeirosdaquelas siglas que nom soubérom –nem quigérom–evoluir e seguir o seu lúcido vieiro.

Terminamos com Luís Soto que, no último capítulodo seu livro de memórias, lembra com emoçom quatroespelhos onde podem olhar-se todas as pessoas debem da nossa terra e que devem servir de exemplo atodos os nacionalistas: Afonso Rodríguez Castelao, Jo-sé Gómez Galhoso, Alexandre Bóveda e Benigno Álva-rez, a quem lembra como “um comunista cabal, nacio-nalista galego esplêndido, que morre no monte e sina-la vieiros de internacionalismo proletário vinculado ínti-ma e indisoluvelmente ao nacionalismo que supom orespeito à diferenciaçom sócio-política e cultural da na-çom, que tem direito a autodeterminar-se e libertar-sede todas as opressons”.

Santiago Prol é historiador. Tem realizado diversos trabalhos

sobre Benigno Álvarez e fijo parte da comissom organizadora

da homenagem tributada ao dirigente comunista galego em

Maceda em Março de 1997.

O texto original foi adaptado seguindo os critérios reintegracio-

nistas com o consentimento expresso do autor.

Achamo-nos a perto de um ano da encenaçom do diá-logo institucional simbolizado na ceia entre Fraga e Beirasde 5 de Dezembro de 2001, após o aperto de maos no par-lamentinho, que modificou substancialmente, e tem condi-cionado a “actividade política” do país. O giro copernicanorealizado polo BNG, –renunciando explicitamente a exercerde verdadeira oposiçom–, e as mudanças operadas nacentralidade discursiva do PPdG por mandato imperativode Fraga, tenhem provocado diversos efeitos na estruturade classes galega, mas também tenhem desconcertado atradicional caracterizaçom das três principais forças políti-cas operantes na Galiza que realizava a populaçom.

O actual clima institucional de acordo e diálogo entre oPPdG e o BNG, tal como já temos analisado em anterioresAbrente, é conseqüência directa do fracasso eleitoral co-lheitado polo autonomismo social-democrata em Outubrodo ano passado ao nom ter atingido com o PSOE umhamaioria alternativa ao fraguismo. É portanto, desde a fra-queza e condicionado por umha realidade adversa que oBNG opta por claudicar, tirar definitivamente pola borda to-do o seu capital político de força antifranquista, legitiman-do Fraga e o seu governo mediante as habituais práticasde concórdia e respeito institucional características dosmodelos políticos de certas democracias ocidentais.

Fraga e o PPdG estám sendo os mais beneficiados poresta nova conjuntura ao lograr neutralizar o BNG como for-ça opositora, ao integrar e apropriar-se parcialmente dasreivindicaçons autonomistas sobre as que vem alicerçandoo seu discurso, mas basicamente pola legitimidade demo-crática que lhes concede o aval antifascista do autonomis-mo, logrando incorporá-lo com vinte e cinco anos de atra-so na lógica dos pactos da Transiçom, ou seja na aceitaçomda monarquia, da unidade estatal e da economia de mer-cado.

É o PSOE de Tourinho a parte mais prejudicada destenovo cenário por ficar literalmente fora de jogo. Nom inte-ressa aos seguidores de Zapatero na Galiza participar aomesmo nível que o BNG no diálogo institucional porque fi-cariam diluidos entre Fraga e Beiras, mas especialmenteporque aspiram a recuperar o segundo posto no ranquingeleitoral, apostando por exercer de oposiçom, substituindoo BNG, mas tampouco podem rejeitar frontalmente ser co-partícipes do acordo e clima de diálogo institucional. Sódestes parámetros se pode entender as propostas de mo-dificar o Estatuto defendidas por Tourinho ou as reticênciasa pactuar acordos. As eleiçons municipais de Maio de 2003modulam o seu discurso e a actual táctica parlamentar.

A profunda crise de identidade do projecto nacionalespanhol, perante o incremento das luitas nacionais, edas dinámicas da construçom da UE, –às portas do seualargamento face o leste e os países mediterráneos apósa aprovaçom do Tratado de Nice pola Irlanda–, recebecom alívio e satisfaçom a fidelidade do BNG; com a Cons-tituiçom espanhola e o Estatuto de Autonomia, e o seucompromisso obsessivo por nom questioná-lo. Ante assuspicácias e desconfianças de certos poderes estataisancorados na inércia, Dom Manuel age e desfruta de pa-drinho protector da nova trajectória superadora do pas-sado descarriado do seu afilhado, perante os parentesmadrilenos que às vezes nom entendem a fondura daoperaçom.

O capitalismo espanhol é consciente da sua incapaci-dade para cumprir os objectivos imediatos que o bloco declasses oligárquicas vem tracejando desde a chegada doPP à Moncloa: derrotar a esquerda independentista bascae as reivindicaçons soberanistas da Galiza e a Catalunha,como premissa ineludível para aspirar a situar-se como po-tência de primeira ordem no seio da UE, à altura da Ale-manha, França ou a Gram Bretanha. A neutralizaçom, –em-bora mantivesse parámetros cada vez mais mornos–, doquestionamento histórico do BNG sobre o actual modelo deEstado espanhol, e a constataçom da sua renúncia ao exer-cício do direito de autodeterminaçom, além de significarumha evidente vitória da burguesia espanhola, incorporaesta força na colaboraçom, por activa e por passiva, comos dous objectivos assinalados, ao reforçar o bloco consti-tucional e participar da criminalizaçom das teses indepen-dentistas.

A posiçom mantida polo BNG no debate sobre a ilega-lizaçom de Batasuna, ou no conflito imperialista com Mar-rocos sobre a ilha de Leila, ou na revisom do convénio mi-litar cos EEUU, som expressons da nova lógica de Estadocom que actua e em que parecem estar cada vez mais có-modos os seus dirigentes.

A nova linha do BNG nom é fruto dumha decisom uni-lateral do seu porta-voz nacional, como interesseiramente,–numha convencional manobra de confusionismo–, alguns

sectores pretendem fazer-nos ver, embora tenha sido elequem provavelmente deu o primeiro passo sem consultasprévias. Foi ratificada na X Assembleia Nacional realizadaem Abril deste ano, e posteriormente plasmada e teoriza-da em inumeráveis ocasions (Manifesto Bóveda de Junho),ou sem irmos mais longe nos acordos pactuados no Deba-te da Autonomia de Outubro deste ano e plasmados pre-viamente nos cinco pontos, que reproduzimos integramen-te por serem eloqüentes da absoluta normalizaçom e inte-riorizaçom das categorias da política burguesa e espanho-la assumida polo autonomismo.

A extracçom social hegemónica na direcçom do BNG,da maioria dos seus quadros, (pequena burguesia meso-crática, funcionarial), os nada desprezíveis espaços de po-der que gerem, e portanto os imensos interesses criados,explicam a rápida interiorizaçom da nova estratégia e a au-sência de qualquer dissidência organizada, mais alá dasconsubstancias diferenças de matiz ou artificiais questio-namentos, fruto das dinámicas e dialécticas internas entreos partidos integrados na frente, e/ou entre as fracçons in-ternas desses partidos, por ocupar parcelas de poder, me-diatizados em muitas ocasions pola susbtituiçom de Beirasque procuram sectores da UPG. Nom podemos esquecerque esta estratégia foi a resposta do autonomismo à criseprovocada pola queda eleitoral de Outubro. A X AssembleiaNacional convocada pola urgência da renovaçom após ofracasso eleitoral, decidiu orientar o BNG na plena norma-lizaçom política do regime burguês, espanhol e patriarcal,em que @s comunistas galeg@s valorizamos como umhaincorrecta resposta das causas que motivárom a perdadum destacado sector da base social de esquerda e nacio-nalista, concretamente segmentos do proletariado urbano,da mocidade trabalhadora e estudantil, e do independen-tismo sociológico. O aggiornamento empreendido, –emque coincidem todas as fracçons integradas no seu seio–,nom vai servir para recuperar esses sectores sociais de-sencantados e afastados cada vez mais do projecto auto-nomista, mas tampouco vai servir para ocupar o espaçotradicional do PPdG ou do PSOE, tal como constatam os in-quéritos.

Mas, além de oportunidade política, do conjunturalismoinerente a este novo panorama, som basicamente causasestruturais as que forçárom a mover ficha as duas organi-zaçons que aparentavam ser irreconciliáveis, que construí-rom e modelárom sobre o antagonismo intransigente maisdumha década da história recente do país, e sobre a quese mantinha e edificava a lealdade eleitoral e sentimentalde amplos sectores da esquerda social e nacional.

A ofensiva espanhola contra as reivindicaçons sobera-nistas, contra a esquerda independentista, é vivida com ló-gica preocupaçom no seio do BNG, e por alguns dos seus

efeitos colaterais, nom é compartilhada plenamente poloPPdG.

A burguesia espanhola está manipulando e empregan-do as reivindicaçons nacionalistas de Euskal Herria, Galizae Catalunha para legitimar Espanha como espaço de acu-mulaçom e expansom de capital, reforçando com umha ba-teria de medidas simbólico-materiais (bandeira, exército,êxitos desportivos, reinterpretaçom da história, defesa doidioma espanhol, modificaçom integral do modelo educati-vo, etc) a fraca identidade espanhola entre as massas ope-rárias e populares, gerando umha cortina de fumo sobre osverdadeiros problemas que estas padecem por mor da cri-se do modo de produçom. Com esta manobra de distraçom,–em que se criminalizam as aspiraçons nacionais e se cul-pabiliza estas da crise económica–, a oligarquia espanholapretende neutralizar o mal-estar social e a conflituosidadelaboral, e simultanemanete consensuar e justificar social-mente as duras medidas repressivas e a involuçom políticaque está aplicando (Lei de Partidos e ilegalizaçom de Bata-suna, reforma do Código Penal, criaçom de 150 novas pra-zas de juizes e fiscais, alargamento das forças policiais ecoordenaçom da polícia municipal com os corpos estatais,endurecimento da Lei de Estrangeiria, criaçom dum julga-do central de instruçom para delitos de terrorismo) comoantessala dum Estado autoritário de baixa intensidade, quenom descarta aplicar para evitar pola força as decisons de-mocráticas das naçons que oprime e explora.

Mas os objectivos centrípetos do PP, consensuadoscom o PSOE e nom questionados na sua essência pola es-querda espanhola, batem com os interesses de classe decertas fracçons das burguesias periféricas, que ao abeiroda tímida descentralizaçom administrativa fruto do Estadodas Autonomias, gerou e desenvolveu em duas décadasuns interesses próprios, nom sempre coincidentes com osda oligarquia. O esvaziamento parcial das competênciasdas conselharias motivado pola política hipercentralistade Madrid, mas também polas cada vez maiores atribui-çons dos organismos da UE, é vivido com grande preocu-paçom pola burguesia autóctone, e polas dezenas de mi-lhares de funcionários e cargos públicos que dependem daJunta de Galiza, e que configuram o corpo central dasclasses médias que disputam representar ambas organi-zaçons.

Umha empresa galega da construçom, –por utilizarum exemplo ilustrativo–, está mais interessada em que aConselharia de Obras Públicas tenha plenas competênciasnesta matéria sobre a Comunidade Autónoma, que depen-der do Ministério, pois a sua capacidade de pressom emMadrid é imensamente menor, e a sua capacidade de com-

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Treze reflexons sobre o diálogoinstitucional, o patriotismo constitucionalgalego e a ofensiva espanhola

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Igor Lugrís num acto de Nós-UP contra a ofensiva do fascismo espanhol Foto Abrente

Page 6: Espanha aprofunda a via fascista e genocidaEspanha cárcere de povos é um projecto na-cional sem consolidar. Após mais de cinco séculos de trajectória criminosa e genocida, o capitalismo

Nº 26. Outubro, Novembro e Dezembro de 2002ACTUALIDADE6

petência com empresas de todo o Estado vê-se consi-deravelmente mermada.

A esta ameaça para o empresariado galego deve-mos acrescentar a que deriva da ampliaçom da UE aosdez novos sócios do leste e do Mediterráneo (Chipre,Chéquia, Estónia, Eslováquia, Eslovénia, Hungria, Letó-nia, Lituánia, Malta, e Polónia), pois provocará inevita-velmente a reforma dos fundos estruturais. A naturalreduçom destes subsídios terá efeitos negativos para aburguesia galega, habituada a depender de ajudas ins-titucionais. Daí que tanto o PPdG como o BNG mante-nham cada vez um discurso mais semelhante à hora dedefender a necessidade de que a CAG tenha presençadirecta em certos organismos da UE para negociar e de-fender os seus interesses específicos.

É o PPdG quem se desloca para os postulados au-tonomistas ou é o BNG quem se inclina na defesa dosparámetros que combatia quando há agora vinte anosfoi refundado em Riazor? O desenvolvimento maxima-lista da Administraçom Única formulada por Fraga hámais dumha década, e o minimalismo do patriotismoconstitucional galego formulado e defendido por Beirasno discurso do Estado da Autonomia, nem som antagó-nicos, nem colisionam. Mais bem convergem harmoni-camente porque emanam da necessidade de defesa deidênticos interesses de classe: os da burguesia nacio-nal, e no caso do BNG da sua explícita renúncia a de-fender os interesses da classe trabalhadora galega. Aactual legislatura vai ser utilizada como banco de pro-vas para comprovar quem sai ganhando, em termoseleitorais, com a concórdia autonomista, pois os perde-dores som evidentes: o projecto nacional galego e ascamadas populares objectivamente interessadas emromper com a dependência espanhola e construir umhaGaliza ceive, socialista e nom patriarcal.

O debate sobre a necessidade de reclamar maiorescompetências autonómicas constata paradoxalmente acoincidência discursiva dos antigos inimigos e a sur-preendente e esperpêntica posiçom adoptada pola sec-çom galega do PSOE reclamando umha modificaçom doEstatuto. Beiras e Fraga, com diferentes velocidades ecom diversos graus reivindicativos, coincidem na ne-cessidade de nom ser prioritária a modificaçom do Es-tatuto e sim em reclamar o trespasso das competêncaispendentes, frente a um Tourinho, –com dificuldades pa-ra situar-se no panorama político do diálogo institucio-nal–, defendendo a modificaçom do Estatuto de 1981como proposta estrela para converter-se, sem excessi-vo entusiasmo, na verdadeira oposiçom ao PPdG. Oscálculos eleitoralistas determinam as estratégias dastrês forças políticas a medida que a ideologia e os pro-gramas que dela emanam cada vez som meros elemen-tos rituais para exercer na lógica parlamentar e institu-cional.

O BNG descarta qualquer objectivo soberanista con-formando-se com um novo contrato com o Estado espa-nhol consistente em atingir as plenas transferênciascompetenciais, a gestom íntegra dos fundos estruturaiseuropeus, e pequenos reajustamentos na articulaçominstitucional espanhola (reforma do Senado para con-vertê-la numha cámara territorial, modificaçom do sis-

tema de designaçom do Tribunal Constitucional, etc), amaioria dos quais som assumidos polo PPdG.

A claudicaçom nacional e a constante mostra deadesom ao modelo que historicamente combateu é aresposta cobarde da sua direcçom à ofensiva espanho-la. Por muito que Beiras tente camuflar e decorar comterminologia e categorias neo-marxistas (“... confrontosistemático entre posiçons fixas a umha dialéctica decontrovérsia entre contrários que inclui o diálogo insti-tucional para os assuntos que, pola sua gravidade, o re-clamam e que, pola sua natureza, o fam possível”), a ac-tual estratégia do BNG é umha traiçom aos interessesdo povo trabalhador galego e ao seu projecto nacional.

Resulta patético ouvir num dirigente dumha organi-zaçom que se define como nacionalista galega, justificara adesom crítica, mas adesom, ao projecto fascista docapitalismo espanhol, para reclamar umhas dúzias decompetências que nom solucionarám os graves proble-mas que padece o nosso povo e que ameaçam a sobre-

vivência de Galiza como naçom. “Reconhecerám todosvocês que aqui, na Galiza, ninguém poderá argüir queexista nengumha força política centrífuga que ameaçefazer saír o nosso país da órbita solar do Estado espa-nhol”. A submissom do colonizado à metrópole, do bomescravo para receber concessons do seu amo. Aprofun-dar numha tímida descentralizaçom administrativa e navia autonomista, pomposamente definida por Beiras co-mo patriotismo constitucional galego, é a errónea res-posta do BNG à actual ofensiva espanhola.

O PPdG acata disciplinadamente a nova estratégiamarcada polo patrom, mas nem a compreende, nemobviamente a compartilha. Como estrutura de poder ba-seada na figura dum líder indiscutível, umha parte dosbarons e das redes locais e comarcais do PPdG acham-se entre a espada e a parede: acatar submissamente asdecisons de Fraga e a sua equipa, e portanto seguirdesfrutando dos privilégios e das regalias do poder au-tonómico, ou manter fidelidade às posiçons tradicionais

do partido representadas no aparelho madrileno, e por-tanto coincidir com Arenas mas arriscar-se a perder osfavores do capo territorial. Os quadros e agentes elei-torais do PPdG, conformados por centenas de caciquesfranquistas, por ex-falangistas, por oportunistas de to-da índole, assumem em silêncio a nova linha, sempreque nom afecte os seus interesses económicos, maspoliticamente nom a compartilham. Mas a outra partedo partido, a vinculada ao empresariado e ao aparelhoautonómico, é consciente da necessidade de adoptaresta nova estratégia para defender os seus interessese perpetuar-se no poder após o final biológico de Fraga.

Até agora o PPdG deu mostras mais que evidentesde ser umha força muito disciplinada, pois salvo a críti-ca de Cuinha ao BNG por mor da sua abstençom na ile-galizaçom de Batasuna, –imediatamente desautorizadapor Fraga a petiçom de Beiras–, nom há cosntáncia demaiores incumprimentos do guiom, ao igual que no BNGonde nom se tem escuitado nengumha voz discrepanteminimamente qualificada.

O debate institucional e a orientaçom política parla-mentar causa absoluto desinteresse popular, e os ter-mos específicos da sua realizaçom este ano, –após acapitulaçom do BNG–, tenhem contribuído para incre-mentar a desconfiança generalizada das massas face apolítica, pois tal como reflectírom os meios só foi segui-do por pouco mais de 1% d@s habitantes da Comuni-dade Autónoma.

Todo isto tem lugar num quadro da agudizaçom dadependência nacional da Galiza e do incremento da ex-ploraçom de classe e de género que padece o povo tra-balhador, especialmente as mulheres e a mocidade. Apaulatina precarizaçom das condiçons laborais, o incre-mento do desemprego e o espectacular aumento dosacidentes laborais vai acompanhado por dous fenóme-nos interdependentes: o processo de proletarizaçom dapopulaçom activa e o aumento de acumulaçom de capi-tal pola burguesia.

A fraqueza e pouca coesom político-ideológica daesquerda independentista dificulta que o projecto doMLNG poda aproveitar umha conjuntura tam favorávelpara poder ocupar o espaço que leva anos disputandoao autonomismo.

Treze reflexons sobre o diálogo institucional, o patriotismoconstitucional galego e a ofensiva espanhola

Contretemps, nº 1. Le retour de la critiquesociale. Marx et les nouvelles sociologies,Les éditions Textuel, Paris 2001, 157páginas.Estamos diante do primeiro número dumharevista que dirige Daniel Bensaïd, bem co-nhecido polos seus inovadores estudos so-bre Marx (em que tenta resgatá-los das fi-losofias especulativas da história, da racio-nalidade positivista das sociologias “empí-ricas” e da ciência positiva da economia aouso, pois a crítica da economia política

acompanha Marx mais da metade da sua vida e resiste a racionalidadeparcelar e unilateral do trabalho científico). Trata-se dumha nova revista temática ao encontro de correntes de ra-dicalidade crítica que tenta viver ao ar do tempo e pensar a contratem-po, de jeito intempestivo, a contrapelo, diria Benjamin, ou contracor-rente. Este “dossier” preparado por Philippe Corcuff recolhe essen-cialmente umha jornada de estudos realizada em Outubro de 2000 sobo sujeito das relaçons entre o marxismo e as sociologias críticas quepermitiu um diálogo entre filósofos, sociólogos ou cientistas de refe-rência marxista ou marxiana (Mateo Alaluf, Daniel Bensaïd, SamuelJohsua, Pierre Role, Jean- Marie Vincent) e sociólogos, ou historiado-res, que se situam nas novas ciências sociais críticas (Stéphane Béaud,Philippe Corcuff, Bernard Lahire, Gérard Mauger, Dominique Preste,Michel Pialoux). Estes últimos muito influenciados polas obras maioresde Pierre Bourdieu. Interroga-se a respeito dos riscos de relativismotam presentes nos pensamentos após-modernos e da necessidade derepensar um novo universalismo, embora sem o disfarce de opressons(nom se trata de universalizar excluindo). Incorpora umha secçom, “Lud`ailleurs”, em que dá conta de ensaios importantes do estrangeiro,nom traduzidos ao francês e em que também se poderám incorporartraduçons, nos números a seguir, de textos de revistas internacionais. Seguirám números sobre a “Dominaçons imperiais e mundualizaçommercantil”, “Ecologia política e história”), “A política democrática aexame”, “Feminismo, género, identidades e comunidades”, etc. VoltamMarx e o pensamento crítico a estar na moda?. Nom estarám a fracas-sar mais umha vez os seus enterradores?. (Domingos Antom Garcia).

LIVROS WEB

Ediçom de Paulo Porta MartínezA guerra de Arturo Souto.Edicións A Nosa Terra, Vigo 2002, 118páginas.

Numha cuidada ediçom a cargo do investiga-dor Paulo Porta Martínez, Edicións A NosaTerra vem de tirar do prelo, –coincidindo como centenário do seu nascimento–, umha se-lecçom dos desenhos e gravuras antifascis-tas do artista ponte-vedrês Arturo Souto,realizados durante a Guerra Civil de 1936-39.

A compilaçom da impressionante obra gráfica do desenhador galego,–morto no exílio mexicano em 1964–, é umha nova iniciativa que con-tribui para a imprescindível recuperaçom da memória dumha das eta-pas menos conhecidas da nossa história contemporánea, que o fascis-mo espanhol tentou fazer desaparecer sem êxito. Umha considerável parte das imagens recolhidas neste livro-catálogoeram praticamente desconhecidas, e fam parte das ilustraçons publi-cadas em diversas revistas, boletins e jornais republicanos: El Comi-sario, El mono azul, El buque rojo, Ataque, Unidad antifascista, Madrid,Cuadernos de la Casa de la Cultura, Nueva cultura, em diversos livrose albuns de exposiçons pictóricas contra o fascismo, realizadas em Va-lência ao longo de 1937. Arturo Souto, –membro da “Aliança de Intelectuais Antifascistas”–, faiparte com Castelao, Fernández Mazas, ou Seoane, desse impressionan-te grupo de galegos que com um destacado prestígio, –estava à espe-ra de participar na inauguraçom da Exposiçom Nacional em Madrid de-pois de passar por Roma e Paris–, pugérom a disposiçom da liberdadeo seu talento e criatividade artística, e que após a vitória fascista fôromcondenados ao mais absoluto ostracismo.Parabéns a Paulo Porta e a A Nosa Terra por esta nova iniciativa, tamnecessária para o presente, aguardando que no futuro se localize, re-cupere e edite integralmente a obra deste artista galego, comprometi-do com o seu tempo e com a causa da classe trabalhadora. É a melhorhomenagem que se pode fazer aos milhares de homens e mulheresque morrêrom no combate contra o fascismo espanhol, que novamen-te volta a rugir e ameaçar. (Carlos Morais)

Noa Rios BergantinhosA esquerda independentistagalega (1977-1995). AbrenteEditora, Compostela 2002, 250páginas.

O novo volume da colecçomConstruirmos Galiza persegue oobjectivo tracejado pola AbrenteEditora de contribuir para a re-cuperaçom da história do movi-mento de libertaçom nacional e

social de género.Este livro analisa a esquerda independentista no últimoquartel do século passado, mais concretamente no perío-do 1977-1995, em que tem lugar o desenvolvimento daprimeira etapa do independentismo após a Guerra Civilespanhola. Estruturado em quatro capítulos, esta obrarealiza um rigoroso estudo da trajectória dumha etapahistórica muito próxima, convulsa, ocultada ou mistificadapola maioria d@s protagonistas, em funçom das suasparticulares evoluçons políticas e pessoais.Afastada da perseguiçom ingénua dumha virtual objectivi-dade, a autora aprofunda e analisa com rigor e seriedade,utilizando umha profusa documentaçom, –parcialmentepublicada por primeira vez no anexo documental–, e va-riadas fontes historiográficas, a evoluçom, desenvolvi-mento, programas políticos, modelos e expressons orga-nizativas, da história mais recente de um movimento quenecessita conhecer, assumir e reconciliar-se com o lega-do do seu passado mais recente, no horizonte da supera-çom e consolidaçom.Nom é, como a maioria das obras deste selo editorial, um-ha obra convencional; embora a sua redacçom originalparta de umha investigaçom académica, está concebidacomo um instrumento político que contribua para rearmarideologicamente a esquerda independentista galega nosseus objectivos revolucionários. (Abrente Editora)

www.agir-galiza.orgA organizaçom estudantil doMLNG vem de actualizar a suapágina web adaptando-a a no-va situaçom de desenvolvimen-to e expansom territorial quetem experimentado no últimocurso.Estruturada em diversas sec-çons: actividades, documenta-çom, ligaçons, podem ser con-sultadas as diversas mobiliza-çons contra a LOU e a Lei deQualidade, as inumeráveis ini-ciativas desenvolvidas em soli-dariedade com o Alexandre, ascampanhas eleitorais realiza-das em Compostela e Corunha,umha completa documentaçomdos textos assembleares, a re-produçom do Agita!, -vozeironacional-, e alguns dos boletinslocais como o Aula Nacional.A web de AGIR junto co novoselo editorial Agita Ediçons, -que vem de abrir duas colec-çons coa re-ediçom das resolu-çons assembleares e o cadernode poesia em apoio ao Alexan-dre-, som duas boas notíciaspara a imprescindível linha decomunicaçom dum MLNG con-denado ao ostracismo polosmeios de comunicaçons da bur-guesia espanhola.

Beiras o día de ingresso no “Club Iñás, com destacados representantes da burguesia galega Arquivo Abrente

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Os cinco pontos do diálogo institucionalExclusom de qualquer comportamento ou atitude de agressom ou des-qualificaçom entre os interlocutores.Respeito recíproco aos respectivos ideários e projectos políticos, sempreque a acçom política concreta actual dos interlocutores se mantiver noquadro da legalidade constitucional e estatutária vigente.Antepor os interesses da Galiza e da cidadania galega aos específicos dasrespectivas forças políticas no tratamento de temas objecto de interlocu-çom.Abordamos temas e problemas fulcrais para a Galiza e para o exercíciodos seus poderes autonómicos, o que significa: temas que sobardam oámbito da base social e eleitoral peculiar de cada partido; temas e pro-blemas em que os cidadaos reclamam que os partidos se ponham de acor-do –ou seja, temas que poderíamos denominar “de Estado”, por analogiacom os que nas democracias consolidadas entram no ámbito da razons deEstado ou requerem um processo negociador de convergências entre as

posiçons das diversas forças políticas para desembocarem em consensosou acordo sobre denominadores comuns, por serem de interesse geralpara o conjunto da cidadania.Nom convertermos as instituiçons políticas da Galiza num cenário miméticodos confrontos que se operam a nível de Estado; nom convertermos o Par-lamento da Galiza numha cópia a escala reduzida das Cortes do Estado. Po-la contra: revitalizar ao Parlamento de Galiza como lugar ou recinto institu-cional de debate, controvérsia e contrastaçom das alternativas e propostasrespectivas da Junta e dos três grupos parlamentares sobre os problemas,interesses e direitos da cidadania no ámbito competencial estabelecido po-lo Estatuto e na sua articulaçom com as competências do poder central ecom as decisons dos poderes da UE que nos atingem. E a partir de aí, pro-curar a negociaçom e os acordos institucionais precisos para potencializara capacidade das nossas instituiçons de autogoverno para resolverem osproblemas de interesse comum primordial para a cidadania galega.

Page 7: Espanha aprofunda a via fascista e genocidaEspanha cárcere de povos é um projecto na-cional sem consolidar. Após mais de cinco séculos de trajectória criminosa e genocida, o capitalismo

7INTERNACIONALNº 26. Outubro, Novembro e Dezembro de 2002

O trigéssimo quinto aniversário da morte em combatede Ernesto Che Guevara ainda nom foi quem de ocultar omagnetismo cativador da sua figura de revolucionário coe-rente e idealista entre amplos sectores populares do con-junto do planeta. De facto, a foto de Korda continua a serum dos primeiros contactos simbólico-material com o pen-samento emancipador da esquerda e a revoluçom para mi-lhares de jovens, embora para um destacado sector dosmesmos, infelizmente maioritário, nunca chegue a ultrapas-sar a epidérmica concepçom de herói de banda desenhada,aventureiro romántico, exemplo mitificado de sonhos al-truistas da adolescência,...

Mas este artigo nom pretende abordar a utilizaçom co-mercial da sua imagem, a leitura superficial do seu com-promisso militante, nem tampouco difundir a sua desconhe-cida trajectória vital, mais bem pretende adentrar-se nasprincipais chaves do seu pensamento político, em perma-nente evoluçom, e do seu legado teórico, questionando osprincipais dogmas construidos à sua volta.

A sua intransigente coerência fijo dele umha figura in-cómoda para as correntes reformistas nas suas diversasvariantes estalinistas, maoistas ou marxistas-leninistas,que, ao igual que o capitalismo, tendêrom a apropriar-se dasua limpa imagem de poster, promovendo a “adoraçom”inóqua e santoral de justiceiro, convertendo-o em repre-sentante da rebeldia juvenil, mas sempre esvaziando o seuconteúdo subversivo, projectando a sua fasquia digerível,ocultando o seu verdadeiro ser: dirigente comunista involu-crado directamente, até as últimas conseqüências, na luitacontra o imperialismo e pola libertaçom dos povos e dasclasses trabalhadoras. Lenine em O Estado e a Revoluçom,referindo-se à figura de Karl Marx, explica perfeitamenteeste tipo de atitudes, quando alerta como “As classesopressoras, durante a vida dos grandes revolucionários, re-tribuírom-nos com incessantes perseguiçons, acolhiam asua doutrina com a fúria mais selvagem, como o ódio maisferoz, com as mais furibundas campanhas de mentiras e ca-lúnias. Depois da sua morte tenta-se transformá-los em íco-nes inofensivos, canonizá-los, por assim dizer, conceder aoseu nome umha certa glória para “consolar” as classesoprimidas e para as enganar, castrando o conteúdo da dou-trina revolucionária, embotando o seu gume revolucionário,vulgarizando-o”.

Da etapa inicial até o contacto com o marxismoA etapa política da vida do Che, a diferença de outras

muit@s dirigentes revolucionári@s, caracteriza-se polasua brevidade, pouco mais de treze anos, os que medeiamentre a vitória de Arbenz na Guatemala de 1953 e a suamorte em Bolívia em 9 de Outubro de 1967, aos 39 anos deidade.

Para podermos compreender porque um argentino dapequena burguesia acaba convertendo-se num dos máximosdirigentes da revoluçom cubana, teórico da luita de guerri-lhas, animador dum “modernizado” internacionalismo prole-tário, e expoente da corrente mais combativa e anti-autori-tária do marxismo dos anos sessenta, cumpre realizar um-has pequenas notas aclaratórias da sua formaçom primária.Infatigável leitor desde a infáncia, mantivo sempre umha in-saciável sede por conhecer e aprender. Na sua pesada mo-chila da selva boliviana portava a História da RevoluçomRussa de Trotsky, entre outros livros. A formaçom nos ro-mances de aventuras clássicas (Salgari, Dumas, Stevenson,Verne) fomentárom a sua posterior insaciável paixom polaarqueologia, polas culturas indígenas, por viajar, até conver-ter-se num perito conhecedor da realidade social latino-americana em que alicerça a sua singular visom continentale internacionalista da luita revolucionária. Posteriormente,realiza intensas leituras da literatura francesa, de Verlaine aSartre; da espanhola (utiliza fragmentos de Dom Quixote pa-ra a formaçom de recrutas na Sierra Maestra), da latino-americana e conhece os principais romances indigenistas.Os refugiados republicanos exilados na Argentina contribuí-rom para reforçar a sua formaçom antifascista, transmitidainicialmente pola família: os pais pertenciam aos sectoresprogressistas da pequena burguesia argentina.

As viagens realizadas a inícios da década de cinqüentapola América e o contacto directo com a situaçom de opres-som e miséria das massas populares do continente, e espe-cialmente as vivências e experiências de processos detransformaçom social: o realizado na Bolívia de Paz Esten-soro em 1953 e na Guatemala de Jacobo Arbenz (1951-1954)determinárom a sua evoluçom política e o seu compromissocom a luita antiimperialista de parámetros marxistas.

O marxismo do CheAlém dos textos que pudesse ter conhecido na biblio-

teca familiar, o primeiro contacto com o marxismo tem lu-gar em 1952 em Lima, embora o estudo minimamente me-tódico do materialismo dialéctico nom tenha lugar até a eta-pa que abrange o processo de transformaçom social e re-formas democráticas da Guatemala e os preparativos mexi-canos para iniciar a luita guerrilheira em Cuba, ou seja, operíodo 1954-56.

Posteriormente, entre 1963-64, fruto das necessida-des que provoca o profundo debate que tem lugar em Cubasobre a orientaçom da economia e a construçom do socia-lismo, o Che volta a realizar estudos sistemáticos da obra edo pensamento marxista, embora continuassem a ser mui-to parciais, pois desconhecia a maioria da obra de Trotskyou Rosa Luxemburgo.

A sua inicial relaçom com os comunistas do PartidoGuatemalteco do Trabalho modula a sua adesom acrítica aomodelo soviético1, posteriormente reforçado pola influênciaque nos primeiros meses da revoluçom cubana recebe dosquadros do velho PSP, a secçom cubana do estalinismo.

Um maior conhecimento da obra marxista e as viagensque, como embaixador da revoluçom, realiza posteriormen-te polos países do leste, a URSS, China e Jugoslávia, afas-tam-no do dogmatismo reformista dos modelos imperantesnaquelas sociedades, situando-se numha heterodoxa cor-rente de difícil classificaçom, caracterizada polo questiona-mento e a crítica radical daquelas experiências2. As suascontundentes críticas a Moscova e Pequim provocárom quefosse erroneamente tildado de maoista, trotsquista, ou ba-kuninista polas respectivos aparelhos de propraganda des-ses regimes. O Che, desde a vitória de Playa Girón e o pos-

terior desfecho da crise das Caraíbas em Outubro de 1962,-quando os soviéticos imcumprem os acordos e negoceiamdirectamente com Kennedy, humilhando a soberania nacio-nal cubana-, abandona a ingénua visom idílica dumha URSSe uns “países socialistas” dispostos a “entrar em guerrapara defender Cuba”.

Porém, este processo contraditório, -fruto dum desco-nhecimento profundo do marxismo-, provoca que no perío-do 1962 a 1967 podamos continuar observando nos seusescritos e declaraçons certas oscilaçons e incoerências nasua avaliaçom e caracterizaçom dos modelos dos países doleste3. Como em todas as suas facetas vitais, viveu com in-tensidade o profundo debate e contradiçons do denominadomovimento comunista internacional da década de cinqüentae sessenta, mas sempre com umha concepçom criativa, éti-ca e anti-autoritária do poder; assim, em Maio de 1961,numha circular interna do Ministério que dirige proíbe “asindagaçons praticadas pola administraçom sobre a ideolo-gia dos trabalhadores, já que tal prática resulta umha limi-taçom da plena liberdade do homem” ou, também nessemesmo ano, denuncia a impossibilidade d@s cuban@s da“Voz Proletária” de publicar “A Revoluçom permanente”por parte de sectores do aparelho estatal.

As suas evidentes carências teóricas fôrom solventa-das muitas vezes pola grande intuiçom que possuia e polasintensas conviçons éticas do seu compromisso revolucioná-rio. A sua confiança ilimitada na força material e capacida-de de mobilizaçom das massas, e no fomento e superiorida-de dos estímulos morais sobre os materiais, -cujo paradig-ma mais conhecido é o stakhanovismo soviético (difusor doegoísmo, a corrupçom e a consciênca burocrática)-, é o nú-cleo duro da sua concepçom do homem novo4, movido pormotivaçons alheias ao materialismo capitalista, a qualquerresquício de mercantilizaçom na construçom da nova socie-dade socialista. No citado ensaio O Socialismo e o home emCuba5 podemos ler “nos momentos de perigo extremo é fá-cil potenciar os estímulos morais; para manter a sua vigên-cia, é necessário o desenvolvimento dumha consciência emque os valores adquiram categorias novas. A sociedade noseu conjunto deve converter-se numha gigantesca escola”.A consciência revolucionária, a ideologia, a educaçom polí-tica das massas jogou um papel essencial no sua pensa-mento. Mas, a diferença de outros dirigentes e doutros pro-cessos, o Che demonstrou e defendeu com a sua prática acoerência no que acreditava, mais alá de palavras de ordemou retóricas declaraçons de princípios: o trabalho voluntá-rio, o comportamento exemplar, a generosidade, a austeri-dade, a intransigência contra todo o tipo de privilégios e de-sigualdades, o combate a qualquer forma de nepotismo oucorrupçom, como elementos genético-estruturais do mode-lo de construçom dumha sociedade socialista. Ernesto Gue-vara estava plenamente convencido de que “o desenvolvi-mentoo da consciência fai mais polo desenvolvimento daproduçom que o estímulo material”.

O seu assassinato, a 9 de Outubro de 1967, após ter si-do capturado num desigual combate na selva boliviana, é omelhor paradigma da sua profunda e inabalável coerénciavital. Renunciando aos mais altos postos da revoluçom cu-bana, abandona a ilha, e após umha curta, fracassada e in-grata experiência africana no Congo, escolhe o territórioboliviano para continuar a luita armada que iniciou quandoembarcara em 1956 no Granma.

O Che foi muito categórico na denúncia da cumplicida-de do socialismo real no subdesenvolvimento dos países doterceiro mundo por manterem um intercámbio desigual nasrelaçons económicas. Solicitando com claridom que os in-vestimentos sejam libertados do critério de rendibilidade, oua transferência ilimitada de tecnologia; também criticou semambigüidades, nem sutilezas diplomáticas, a ausência de in-ternacionalismo genuíno no virtual apoio às luitas destes po-vos (“As armas, nos nossos mundos, nom podem ser mer-cadorias; tenhem que ser concedidas grátis, nas quantida-des necessárias e possíveis”). A experiência com os soviéti-cos na crise dos mísseis foi suficientemente clarificadora, eo Che, como ministro de indústria, era consciente da gravi-dade estratégica que para a revoluçom cubana supunha ter

susbtituído a dependência económica dos USA pola URSS. A respeito da orientaçom económica da revoluçom

(1959-1964) o Che, desde a sua responsabilidade no MI-NIND, mantivo um forte debate com os quadros estalinis-tas, os tecnocratas e os assessores económicos soviéticos,em aspectos fulcrais do modelo a seguir: o papel jogado po-la consciência e o recurso aos incentivos morais; a necessi-dade de abolir todas as categorias mercantis na sociedadede transiçom: desde a gestom empresarial até a autonomiacontável das empresas; a participaçom operária na auto-gestom e planificaçom industrial e económica; a superaçomda lei do valor. O Che nom aceitava a validez do modelo so-viético e defendia o ensaio dumha via socialista original, de-nunciando a cumplicidade do “socialismo real” no subde-senvolvimento da maioria da humanidade6. Este intenso de-bate teórico que finalmente perdeu, adquiriu dimensom in-ternacional com a particiaçom de destacados economistase marxistas como Mandel ou Bettelheim.

Posteriormente, na Bolívia, voltou a constatar na suaprópria carne o oportunismo e instrumentalizaçom das orga-nizaçons estalinistas, concretamente a traiçom da direcçomdo PCB com o projecto revolucionário que estava desenhando.

Obra política O Diário de Bolívia, sendo a mais conhecida e divulga-

da, nom é, nem muitíssimo menos, a principal obra de Er-nesto Guevara. Sem ser um teórico marxista, pois a suamaior achega foi o exemplo coerente da sua trajectória vi-tal, “Fazer é a melhor forma de dizer” tal como escreveuJosé Martí, o Che tem umha destacada obra política vincu-lada à sua acçom diária, à defesa do seu modelo de revo-luçom socialista e à preocupaçom por solucionar os pro-blemas teóricos da sua intervençom na realidade. De co-mandante guerrilheiro a ministro de Indústria ou presiden-te do Banco Nacional cubano, sempre dedicou esforços aodebate político, ao estudo do presente, à soluçom teóricados problemas inerentes da intervençom política revolucio-nária, especialmente ao período da compromisso coa revo-luçom cubana.

Além dos manuais amplamente difundidos sobre a luitaarmada, -A guerra de guerrilhas (1960) e Pasajes da guerrarevolucionária (1963)-, a obra do Che é bastante volumosa, -embora nom esteja ainda totalmente publicada (Os aponta-mentos filosóficos redigidos em 1966 após a frustrada expe-riência do Congo continuam inéditos)-, entre artigos, cartas,discursos, mensagens, entrevistas, prólogos, conferências.

Modelo organizativo e internacionalismoNo já citado ensaio O Socialismo e o homem em Cuba,

realiza umha exposiçom do seu ideal do partido operário, ti-picamente leninista: organizaçom vanguardista de quadrosbaseada na selecçom de membros, carácter pedagógico eexemplar da militáncia, espírito de abnegaçom e sacrifício,mas em nengum momento temos constáncia dumha verda-deira preocupaçom pola criaçom do partido comunista. Massim por impulsionar organismos supranacionais de coorde-naçom de forças e organizaçons revolucionárias: a OLAS ea Tricontinental. Isto leva-nos a interrogar-nos se conside-rava superada a forma partido nacional substituindo-a pororganismos suprapartidários, ou era a resposta concreta aumha situaçom determinada, -o bloqueio internacional deCuba-, e aos graves erros teórico-práticos do estalinismo,plasmados na inviável e errónea resposta anti-marxista de“construçom do socialismo num só país”, aplicada polaURSS tentou numha situaçom semelhante.

O Che era consciente das enormes dificuldades deconstruir umha sociedade socialista sem a solidariedade dee com outras revoluçons em marcha. A política internacio-nal da URSS ou da China nom se baseava no apoio aos mo-vimentos revolucionários, mais alá dos seus interessesgeoestratégicos. Quando lança a palavra de ordem “Criardous, três Vietnam” nom está mais que explicitando a ne-cessidade de gerar focos de confronto directo com o impe-rialismo para dispersar as suas forças, conseqüentementedebilitá-lo e assim avançar na revoluçom mundial.

Embora na sua lógica internacionalista da luita, -inti-mamente ligada à defesa do direito de autodeterminaçomdos povos-, a dimensom continental americana nom é umhaoriginalidade do seu pensamento, sim desenvolve e aper-feiçoa de parámetros marxistas algumhas concepçons dasrevoluçons liberais decimonónicas contra o colonialismo es-panhol e a visom do indianismo que conhecia desde criança.

Seguem existindo certas incógnitas de envergadura arespeito de porque escolhe Bolívia consciente de que partedas condiçons objectivas nom se cumpriam. O meio cente-nar inicial de combatentes de diversas nacionalidades eraum foco guerilheiro boliviano ou era um estado maior queprocurava um lugar idóneo para o treino militar de futurosfocos em diversos pontos do continente. Nalguns dos cur-sos que se impartia aos combatentes de meia dúzia de na-cionalidades ensinava-se quechua, mas os dialectos deÑancahuazú pertenciam ao guarani.

Métodos de luitaO Che foi um fervente defensor da estratégia de luita

armada como o melhor e único mecanismo para a libertaçomdos povos contra a opressom e a dominaçom. Parte da suaconcepçom teórica tem sido incorrectamente interpretadaao caracterizá-lo como exclusivo promotor da guerrilha rurale dos camponeses como base social das forças rebeldes, ex-trapolando parcialmente a experiência cubana. Mas numhaleitura pormenorizada dos seus textos nesta matéria cons-tatamos que considerava que a base camponesa sempre de-ve estar sob a direcçom da classe operária7. Num artigoapologético dos guajiros de Sierra Maestra indica com clari-

dom alguns das características dos camponeses, nomeada-mente o seu conservadorismo e profundo carácter indivi-dualista: “Este é um novo milagre da Revoluçom: o acérrimoindividualista, que vigia celosamente os limites da sua pro-priedade e do seu direito individual, une-se, -sob o aprémioda guerra-, aos grande esforço comum da luita”8.

Quando na “Guerra de guerrilhas” afirma que “o ter-reno da luita armada deve ser fundamentalmente o campo”refere-se exclusivamente ao que ele define como a “Améri-ca subdesenvolvida”. É consciente, por um intenso conheci-mento da realidade latino-americana da profunda descon-fiança das massas camponesas, caracterizadas por umhamentalidade de pequenos proprietários, para, após alcan-çar o usufruto da terra, aprofundar na via socialista.

A questom camponesa ocupa nas suas reflexons teóri-cas, nos seus escritos, muito menos espaço que a atençomemprestada ao proletariado industrial e fabril.

O Che era consciente que qualquer processo de luitarevolucionária e a etpa de transiçom socialista tem que es-tar alicerçada numha correcta e sólida aliança entre a clas-se operária e camponesa para garantir o seu êxito.

Neste senso, a experiência dos processos da Bolívia,Guatemala e Cuba, assim como estudo da luita de classes,provocou que mantivesse sempre umha sá desconfiança so-bre os propósitos progressistas das burguesias nacionais, eportanto suspeitar sobre a sua participaçom nos processosrevolucionários dirigidos polo povo trabalhador. Frente àsrevoluçons nacionais-democráticas, o Che mantivo semprea necessidade de avançar face a construçom do socialismo,desmascarando as verdadeiras intençons da burguesia na-cional: “As burguesais autóctones perdêrom toda capacida-de de oposiçom ao imperialismo e constituírom unicamenteo seu vagom de cola. Nom há outras mudanças por fazer, ourevoluçom socialista ou umha caricatura de revoluçom”9.

GuevarismoO dogmatismo que sempre combateu10 apropriou-se,

tal como indicamos anteriormente, de parte do seu pensa-mento, fazendo da sua interactiva e original acçom teóricaumha mera caricatura, transformando as suas reflexons deprocessos concretos em universais dogmas mecanicistascondenados ao fracasso. O guevarismo, entendido como es-sa “corrente marxista” que pretendeu aplicar mimetica-mente a experiência cubana a outras latitudes latino-ameri-canas, com certa influência na década de setenta, gorou pordesconhecer e portanto aplicar incorrectamente as leismarxistas da dialéctica.

Mas o mehor dos valores do pensamento guevarianoque tentamos dar conhecer neste artigo devem fazer partedo legado comunista das novas geraçons revolucionárias.Assim o vem fazendo Primeira Linha, sem converter o Chenum santoral laico, mas reivindicando o seu exemplo e asua lúcida caracterizaçom dos modelos burocráticos, cons-ciente das imensas limitaçons do seu pensamento em as-pectos fulcrais da transformaçom revolucionária dumha es-trutura de classes como a emancipaçom da mulher, o ques-tionamento da família patriarcal, ou da sexualidade.

Notas:1 “Jurei perante um retrato do velho e chorado camarada Iósif Staline

que nom descansarei até ver a aniquilaçom destes polvos capitalis-tas. Na Guatemala perfeicionarei-me e consiguirei o que necessitopara ser um autêntico revolucionário”. Carta enviada a sua tia Bea-triz desde Sam José (Guatemala), 10 de Dezembro de 1953.

2 Em O Socialismo e o home em Cuba (Março de 1965) critica sem am-bigüidades “a escolástica que tem freado o desenvolvimento da filo-sofia marxista e tem impedido sistematicamente o estudo deste pe-ríodo”. Em 1966 comentando o Manual de Economia Política da URSS afirmaque o “terrível crime histórico de Estaline” foi “ter desprezado aeducaçom comunista e instaurado o culto ilimitado à autoridade”.

3 Se no artigo “O quadro político, espinha dorsal da Revoluçom” de Se-tembro de 1962, analisa as desviaçons burocráticas de quadros re-volucionári@s cuban@s semelhantes aos do aparelho dos paísessocialistas, meses depois, no famoso prólogo ao manual de Kuusi-nem “O Partido marxista-leninista” editado polo PURSC (anteceden-te do PCC, fundado em 1975) enquadra-se na estrita ortodoxia so-viética ao defender o papel e exemplo do PCUS e dos partidos irmaosm-l.

4 Num discurso pronunciado 22 de Novembro de 1963 na campanha deelectrificaçom da ilha lança a palavra de ordem “Homem lobo nom.Homem novo sim”.

5 Pode consultar-se na Biblioteca Marxista Galega (www.primeirali-nha.org)

6 “... o desenvolvimento dos países que iniciam agora o caminho da li-bertaçom deve ter um custo para os países socialistas... é umha con-viçom profunda. Nom pode existir o socialismo se, nas consciências,nom tem lugar umha mudança que dé passagem a umha nova atitu-de fraterna frente à humanidade. Nós opinamos que este deve ser oespírito com que se fai frente à responsabilidade de ajudar aos paí-ses dependentes, e que nom tenha que falar-se de desenvolver umcomércio de ventagem recíproca baseado nos preços que a lei do va-lor e as relaçons internacionais fundadas num troco desigual, frutoda lei do valor, imponhem aos países atrasados. Como pode ser“vantagem recíproca” vender a preços de mecado mundial as maté-rias primas, que custam suor e sofrimento sem limites aos paísesatrasados, e comprar a preços de mercado mundial maquinaria pro-duzida nas grandes fábricas automatizadas da época actual? Se es-tabelecermos este tipo de relaçom entre dous grupos de naçons, de-vemos admitir que os países socialistas som, em certo sentido, cúm-plices da exploraçom imperialista.Pode-se discutir o facto de que o monto do intercámbio com os paí-ses subdesenvolvidos constitui umha parte insignificante do comér-cio exterior destes países.Os países socalistas tenhem o dever moral de pôr fim à sua tácitacumplicidade com os países exploradores de Ocidente”. Discursopronunciado no Segundo Seminário Económico de SolidariedadeAfroasiática, Argélia, 24 de Fevereiro de 1965.

7 No artigo “A guerra de guerrilhas: um método” em Cuba Socialista(Setembro de 1963) esclarece esta questom no parágrafo intitulado“A necessária direcçom da classe operária”.

8 “Lunes de Revolución”, 16 de Julho de 1959.9 Mensagem à OSPAAL publicada pola revista Tricontinental em Abril

de 1967.10 “Pola noite dei umha pequena charla sobre o significado do 26 de Ju-

lho; umha rebeliom contra as oligarquias e contra os dogmas revo-lucionários”. Diário de Bolívia, 26 de julho de 1967.

O pensamento político do CheO dever de todo revolucionári@ é fazer a revoluçom

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Page 8: Espanha aprofunda a via fascista e genocidaEspanha cárcere de povos é um projecto na-cional sem consolidar. Após mais de cinco séculos de trajectória criminosa e genocida, o capitalismo

Correspondência: Apartado dos Correios 760. Compostela. Galiza. Correios electrónicos: [email protected] / [email protected] Tirage: 3.000 exemplares. Distribuiçom gratuíta.

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A USC reprime o estudantado da esquerda independentista

Solidariedade com o AlexandreA USC reprime o estudantado da esquerda independentista

Solidariedade com o AlexandreAlexandre Fernandes Ramos, estudante da facul-

dade de História da Universidade de Santiago deCompostela (USC) e membro do Conselho Nacionalde AGIR, vem de ser expulso por um período de trêsanos sob a acusaçom de ter agredido umha aluna, -Sílvia de la Fuente,- no local de estudantes da facul-dade de Economia.

Os factos remontam a 17 Abril deste ano quandoo Alexandre, em companhia doutra militante de AGIR,recolhia assinaturas em solidariedade com @s 52estudantes processad@s por terem interrompidoumha sessom do Claustro universitário no quadrodas massivas mobilizaçons contra a LOU desenvolvi-das na Galiza no passado curso. Após ter solicitadoas chaves do local ao bedel para recolher no armárioos impressos de solidariedade, aparece Sílvia de laFuente, destacada membro dumha organizaçomamarela de estudantes (JEMSA) vinculada coa reito-ria e com as empresas que privatizam o ensino públi-co, quem recrimina a presença de militantes de AGIRno local, iniciando-se umha discussom, sem maiortrascendência, entre militantes independentistas eda direita espanhola.

Quando o Alexandre abandona a faculdade é se-guido por vários guardas da empresa de segurançaProsegur que informam à polícia da sua localizaçomaté que esta procede à sua detençom. Na esquadrapolicial sofre um pormenoriazado registo, sendo obri-gado a despir-se e a realizar flexons, para ser postoem liberdade horas depois.

Posteriormente a reitoria acorda abrir expedien-te disciplinar, sendo o instrutor do caso o decano deEconómicas, Javier Rojo Sánchez. Ao longo dos me-ses seguintes tem lugar o desenvolvimento do pro-cesso, seguindo um regulamento de disciplina acadé-mica fascista elaborado em 1954 derrogado poste-riormente pola legislaçom vigente, que cristaliza em31 de Julho coa sançom de expulsom por um períodonom inferior a três anos de todos os centros univer-sitários da Comunidade Autónoma por “ingerência nolocal de estudantes” e “agressom verbal e danos fí-sicos”.

Obviamente as acusaçons realizadas por Sílviade la Fuente carecem de qualquer fundamento, mastenhem sido aproveitadas polo aparelho universitáriopara pôr em andamento umha montagem repressiva

contra AGIR como castigo por ter sido um dos moto-res mais importantes na vertebraçom e desenvolvi-

mento do movimento de massas que no passado anolectivo questionou a reforma do ensino do PP e a le-

gitimidade das instituiçons universitárias. A expul-som do Alexandre pretende ser umha exemplarizan-te medida repressiva contra o estudantando revolu-cionário, umha medida dissuasória para frear a con-solidaçom e desenvolvimento do projecto estudantilda esquerda independentista nas aulas da Galiza.Desde 1975 nengum centro universitário galego temaplicado sançons académicas por actividades políti-cas. A fascistizaçom geral que estamos sofrendo porparte dos aparelhos estatais da Espanha de Aznarestá sendo aproveitada pola reitoria, co apoio explí-cito e implícito da prática totalidade do professorado,inclusive parte do que adere às teses do autonomis-mo, para combater a dissidência que representaAGIR, como estrutura sectorial do MLNG.

Alexandre, como bode expiatório, está sofrendoos ventos autoritários e intolerantes do fascismo es-panhol disfarçado de democracia constitucional.

O processo académico, -também tem abertas di-ligências num julgado-, está pragado de irregularida-des formais e legais, mas semelha que todo vale, quehá licença para matar, se se tratar de extirpar AGIRdas aulas universitárias. Durante as vistas ficou cla-ro que nem houvo agressom física, nem é “delito”que matriculad@s freqüentem locais de estudantesde outros centros para realizar actividades. Mas atéo momento impugérom-se as teses do complot políti-co contra AGIR. Nem é o primeiro caso nem o últimodas sistemáticas tentativas de silenciá-la das salasde aulas, tal como aconteceu em 29 de Outubro emBurela quando a directora do liceu O Perdouro, AnaRobles Fraga, sobrinha do ex-ministro franquista quepreside a Junta da Galiza, tentou ilegalizar a organi-zaçom estudantil independentista como vingançaapós o êxito atingido por AGIR ao ter logrado a totaladesom d@s matriculados à greve contra a Lei deQualidade mobilizando mais de duascentos estudan-tes contra a política educativa do PP.

Desde Agosto, AGIR vem realizando umha gran-de campanha de solidariedade mediante variadas ini-ciativas denunciando a arbitrária e ilegal medida re-pressiva adoptada pola USC, procurando buscar omaior número de apoios entre o conjunto da comuni-dade universitária, especialmente entre o estudanta-do, para exigir a sua readmissom, com grande su-cesso até o momento.

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