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04 - Editorial Octávio Carmo06 - Foto da semana07 - Citações08 - Nacional14 - Internacional20 - A Igreja e os incêndios40 - Semana de... Sónia Neves42 - Dossier Dia Mundial das Missões44 - Entrevista Padre Filipe Resende

74 - Multimédia76 - Estante78 - Agenda80 - Vaticano II82 - Por estes dias84 - Programação Religiosa85 - Minuto Positivo86 - Liturgia88 - Fundação AIS90 - LusoFonias92 - Caminhada pela Vida

Foto de capa: LusaFoto da contracapa: DR

AGÊNCIA ECCLESIA Diretor: Paulo Rocha | Chefe de Redação: Octávio CarmoRedação: Henrique Matos, José Carlos Patrício, Lígia Silveira,Luís Filipe Santos, Sónia NevesGrafismo: Manuel Costa | Secretariado: Ana GomesPropriedade: Secretariado Nacional das Comunicações Sociais Diretor: Padre Américo AguiarPessoa Coletiva nº 500966575, NIB: 0018 0000 10124457001 82.Redação e Administração:Quinta do Bom PastorEstrada da Buraca, 8-121549-025 LISBOATel.: 218855472; Fax: [email protected]; www.agencia.ecclesia.pt;

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Opinião

Com as vítimasdos incêndios[ver+]

Novo santoportuguês[ver+]

Dia Mundial dasMissões[ver+] D. António Moiteiro | D. VirgílioAntunes | D. Ilídio Leandro | D. NunoBrás | Mons. José Rafael EspíritoSanto | António Lopes | Elicídio Bilé |Anabela Sousa | Octávio Carmo |Sónia Neves | Manuel Barbosa |Tony Neves | Paulo Aido

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Nada como dantes

Octávio Carmo Agência ECCLESIA

Não é um propósito, não pode ser umapromessa, é um facto: depois deste domingo,nada fica como dantes. Os habitantes de uminterior cada vez mais esquecido, principalmenteos pobres e idosos, descobriram-se ainda maisisolados e desprotegidos do que se poderiaimaginar, entregues aos seus próprios recursos,diria mesmo insultados. Os que morreram e osque ficaram sem futuro.Recordo-me muitas vezes de uma pequenahistória “autárquica” que pude testemunhar:alguém construiu parte da sua casa usando paraseu benefício alguns metros de um terreno dovizinho, perante a complacência do presidente daCâmara. Motivo: o vizinho não votava ali, mas nacidade.Não sendo propriamente uma grande história,retrata bem aquilo que fui aprendendo como filhode uma pequena freguesia da parte esquecidada Madeira: as câmaras só se preocupam comas freguesias grandes; os partidos só sepreocupam com as câmaras grandes; osgovernos só se preocupam com as cidadesgrandes. Onde estão os eleitores. Tudo o resto éhipocrisia e demagogia que o tempo deencarrega de desmascarar, implacavelmente.Recordo neste momento o “basta” de D. JorgeOrtiga e o apelo de D. Manuel Clemente paraque se previna “realmente”. É tempo de parar dejogar à “roleta russa” com a vida das pessoas e afloresta. Não basta dizer que está tudopreparado para o combate aos incêndios quandose percebe que,

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afinal, estaria tudo pronto desdeque não houvesse fogos. Umdetalhe.A Conferência EpiscopalPortuguesa publicou a 27 abrildeste ano a nota pastoral ‘Cuidar dacasa comum – prevenir e evitar osincêndios’, onde alertavaatempadamente para o “flagelo” dosincêndios e pedia a toda asociedade uma mobilização paracontrariar um fenómeno de

proporções quase incontroláveis.Agora, cairia o “quase”, perante asevidências.Os últimos meses, infelizmente,deixaram novo rasto de destruição emuito trabalho por fazer, no futuro.Se os líderes políticos não sãocapazes de um pacto de regimepara travar esta tragédia, nãopodemos confiar neles para coisaalguma. E, também aí, nada ficarácomo dantes.

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Incêndio Florestal em Vieira de LeiriaFoto: Hélio Madeiras

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«O Santo Padre assegura sufrágios pelo eternodescanso dos falecidos e eleva preces aoSenhor, pedindo que console os atingidos pelatragédia nos seus afetos e nos seus bens» -Papa Francisco sobre os incêndios em Portugal «Morre um modelo de sociedade que o povoportuguês anseia e merece, assente nosprincípios do Bem Comum», presidente da CáritasDiocesana de Portalegre-Castelo Branco, ElicídioBilé «Mais de 100 mortos em menos de quatro meses,além de ser um peso na consciência, são tambémuma interpelação politica», presidente daRepública, Marcelo Rebelo de Sousa «Logo a seguir à tragédia de Pedrógão pedi,insistentemente, que me libertasse das minhasfunções», ministra da Administração Interna,Constança Urbano de Sousa; «Não vou fazer jogos de palavras, se quer ouvir-me pedir desculpas, eu peço desculpas»,primeiro-ministro, António Costa, debatequinzenal. «Estas operações, que pecam por tardias, sãoencaradas com a maior normalidade pela SportLisboa e Benfica SAD», Sport Lisboa e Benficaem comunicado.

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50 anos de Universidade CatólicaPortuguesa com celebração solidária

A reitora da Universidade CatólicaPortuguesa (UCP) anunciou acriação de um fundo ‘PapaFrancisco’ para ajudar alunoscarenciados e refugiados,assinalando o 50.º aniversário dainstituição académica. “Vamosdedicar ao Papa um fundo que temcomo objetivo financiar

estudantes carenciados, naUniversidade Católica, refugiados emigrantes”, disse Isabel Capeloa Gil,em declarações à AgênciaECCLESIA e à Renascença.O Papa Francisco vai receber emaudiência uma delegação daUniversidade Católica Portuguesa,

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a 26 de outubro, no Vaticano, porocasião dos 50 anos da instituiçãoacadémica.Isabel Capeloa Gil apresenta ofundo para estudantes carenciadoscomo “o presente” da UCP ao Papa,que é acompanhado,simbolicamente, por uma cruzpeitoral, obra da portuguesaCarolina Curado. A designer dejoias e bióloga concebeu uma obraque “articular minerais e madeiracom a representação da fauna, daflora e o peixe do Cristianismo”,procurando representar o espíritoda encíclica ‘Laudato si’, adianta aresponsável.O Fundo Papa Francisco deve ter,numa primeira fase, um montante de100 mil euros, e a duração de cincoanos.A reitora da UCP considera que oencontro com o Papa vai ser “omomento alto” das celebraçõesdeste aniversário, que vão durar umano, tendo começado no momentoem que se concluíram ascomemorações do Centenário dasAparições de Fátima. “Queremosque seja uma oportunidade deprojetar o futuro, o Papa Franciscoé um homem que nos interpela acuidar do que temos e a deixá-lopara as gerações futuras”, assinalaIsabel Capeloa Gil.

A sede da Universidade Católica, emLisboa, acolheu o início do ciclo deGrandes Conferências ‘FuturosGlobais’, com a intervenção docardeal-patriarca, D. ManuelClemente, sobre o tema ‘50 anos deciência para um futuro global’.O magno chanceler da UCP partiuda encíclica ‘Laudato si’, do PapaFrancisco, sublinhando a ligaçãoentre o ambiente humano e oambiente natural.“Na tragédia atual dos incêndios,que têm destruído grandes áreas etantas vidas, podemos verificartristemente a veracidade destetrecho da encíclica: terrasabandonadas, florestasdescuidadas, vidas atingidas – tudodefinha e sofre na natureza, naspessoas e na sociedade em geral. Etudo deverá prevenir-se com outraatenção global, às pessoas e àscoisas”, declarou.“O clima não tem fronteiras políticase a resposta só pode ser universal.Assim como a pobreza que afetapopulações inteiras e que só podeser combatida num quadro deverdadeira e justa solidariedadeinternacional”, acrescentou.

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Papa associou-se às celebraçõesdos 500 anos da Sé do FunchalO Papa Francisco associou-se estaquarta-feira às celebrações dos 500anos da Sé do Funchal, numamensagem enviada ao bispo dadiocese, pedindo missionários“convictos” de Jesus Cristo, semmedo das “turbulências do mundo”.O Papa saúda “afetuosamente” todaa comunidade do arquipélago erecorda os “obreiros daevangelização e animação pastoralque, ao longo destes 500 anos, seempenharam por levar a Catedral àsua máxima expressão de paláciode Cristo-Rei, aula de Cristo-Mestre,templo de Cristo-Sacerdote”.A mensagem, enviada através dosecretário de Estado do Vaticano,cardeal Pietro Parolin, apresenta acatedral como símbolo do desígniode uma Igreja Católica “semfronteiras, onde todos possam terum lugar válido e honrado”. “UmaIgreja una e unida na qual, se algotem de ser sacrificado, pois quesejam os particularismos, asrivalidades, as discórdias, osresíduos de egoísmo — e são aindatantos, mesmo no Reino dacaridade que é a Igreja de Jesus”,acrescenta o Papa.Na homilia da Missa a que presidiu

esta quarta-feira, D. AntónioCarrilho, bispo do Funchal, evocouos sacrifícios das primeirascomunidades cristãs na Madeirapara a construção da Sé, “casa deDeus e do seu povo”, apelando à“unidade” e “comunhão”, hoje.As comemorações deste aniversárioforam acompanhadas pelo núncioapostólico em Portugal, D. RinoPassigato, que visitou o Santuáriode Nossa Senhora do Monte onde,junto à imagem da Padroeira dacidade e Diocese do Funchal, rezoupelas vítimas do acidente no Largoda Fonte no passado dia 15 deagosto e pelas vítimas dos incêndiosque nos últimos dias atingiram oterritório português.O representante diplomático daSanta Sé presidiu, na terça-feira, àinauguração da Exposição ‘500Anos da Dedicação da Sé doFunchal. Fé, Arte e Património’.

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Rádios Cristãs da Europareuniram-se em MaltaO Grupo Renascença Multimédiaparticipou no encontro daConferência Europeia de RádiosCristãs (CERC), em Malta, este anodedicado ao tema geral ‘Os jovens eas rádios, na dinâmica do Sínododos Jovens em 2018’. Emdeclarações à Agência ECCLESIA,Isabel Figueiredo sublinhou que,neste campo, o Grupo Renascençae a emissora espanhola COPEestão “numa situação muitoparecida” porque têm “rádiosdirigidas a um público mais jovem”,respetivamente a Mega Hits e aMegaStar, “essencialmentemusicais, sem palavra”.A coordenadora de conteúdosexplicou que o Sínodo 2018, nosdois lados da fronteira, vai sertratado “como acontecimentonoticioso” nas rádios informativas,ou seja, no canal Renascença e naCOPE.Sobre o acompanhamento edivulgação do sínodo dos bispos2018, a responsável deu aindacomo exemplo uma rádio do Lesteda Europa que vai “à procura dosjovens para emissões em direto” apartir dos seus locais, ou a emissorafrancesa que “vai trabalhar” com aComunidade Ecuménica de Taizé.Para além de Portugal estão a

participar no 24.º encontro da CERCem Malta mais nove países - Áustria,República Checa, França, Hungria,Itália, Eslováquia, Eslovénia eEspanha - representados pordiretores das estações,responsáveis por conteúdosreligiosos e chefes de redação.Isabel Figueiredo contextualiza quea Renascença é uma das quatrofundadoras da CERC, comemissoras de Espanha, França eItália. A emissora católicaportuguesa e a sua congénereespanhola COPE têm uma“realidade diferente” face às outrasrádios, de pequena dimensão eâmbito diocesano.O Grupo Renascença Multimédiaque também está representado no24.º encontro da CERC pelopresidente do Conselho deGerência, o padre Américo Aguiar,vai receber o encontro dasemissoras cristãs no próximo ano.

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A Agência ECCLESIA escolhe sete acontecimentos que marcaram aatualidade eclesial portuguesa nos últimos dias, sempre atualizadosem www.agencia.ecclesia.pt

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Igreja Católica promove semana nacional da Educação Cristã

IV Encontro Nacional de Leigos

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Portugal tem um novo santo

O Papa Francisco proclamou comosanto o sacerdote portuguêsAmbrósio Francisco Ferro, morto noBrasil a 3 de outubro de 1645durante perseguições anticatólicas,por tropas holandesas. A fórmula decanonização foi proclamada, emlatim, no início da Missa do últimodomingo, celebrada na Praça deSão Pedro, perante milhares depessoas.

O novo santo faz parte do grupo doschamados “protomártires do Brasil”,que foram mortos no atual territórioda Arquidiocese de Natal, então sobjurisdição portuguesa."Precisamos de nos revestir cadadia do seu amor, de renovar cadadia a opção de Deus. Os Santoscanonizados hoje, sobretudo osnumerosos mártires, indicam-nosesta estrada.

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Eles não disseram «sim» ao amorcom palavras e por um certo tempo,mas com a vida e até ao fim", disseo Papa na homilia da celebração.O padre Ambrósio Francisco Ferroera vigário do Rio Grande; sabe-seque outro dos mártires, AntónioVilela Cid, natural de Castela, eracasado com uma irmã do futurosanto, Inês Duarte, açoriana.A 16 de julho de 1645, o padreAndré de Soveral e outros fiéisforam mortos por 200 soldadosholandeses e índios potiguares,quando celebravam a Missadominical. A 3 de outubro de 1645,houve o "massacre de Uruaçu" noqual o padre Ambrósio FranciscoFerro foi torturado e assassinado.“Feitos prisioneiros, juntamente como seu pároco, o padre AmbrósioFrancisco Ferro, e levados paraperto de Uruaçu, onde osesperavam soldados holandeses ecerca de duzentos índios, cheios deaversão contra os católicos. Os fiéise o seu pároco foram horrivelmentetorturados e deixados morrer entrebárbaras mutilações”, informa anota biográfica oficial divulgada peloVaticano.O texto sublinha que, “do numerosogrupo de fiéis assassinados”,apenas

se conseguiram identificar “comcerteza” 30 pessoas.Estes fiéis católicos forambeatificados por João Paulo II, noVaticano, a 5 de março de 2000,que os apresentou como “asprimícias do trabalho missionário, osprotomártires do Brasil”.No local do massacre foi erguido o‘Monumento dos Mártires’, cuja festalitúrgica se celebra a 3 de outubro.A Santa Sé recorda que aevangelização no Rio Grande doNorte (Brasil) foi iniciada em 1597por missionários jesuítas esacerdotes diocesanos, origináriosde Portugal. Nas décadas seguintes,a chegada dos holandeses, dereligião calvinista, provocou “arestrição da liberdade de culto paraos católicos”, contexto em que severifica o martírio dos futurossantos.

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Mundo unido contra a fomeO Papa visitou esta segunda-feira asede da Organização das NaçõesUnidas para a Alimentação e aAgricultura (FAO), em Roma, ondealertou para os efeitos dasalterações climáticas no drama dafome, criticando quem abandona oAcordo de Paris. “Vemos asconsequências das mudançasclimáticas todos os dias. Graças aosconhecimentos científicos, sabemoscomo se devem enfrentar osproblemas e a comunidadeinternacional tem elaborado tambémos instrumentos jurídicosnecessários, como, por exemplo, oAcordo de Paris, do qual,infelizmente, alguns se estão aafastar”, disse, na celebração doDia Mundial da Alimentação.Francisco não se referiu a qualquerpaís em particular; o caso maismediático de abandono do Acordode Paris foi o dos EUA, por decisãodo presidente Donald Trump.Firmado em 2015, durante aConferência do Clima em Paris,França, o ‘Acordo de Paris’estabeleceu a importância daadoção de modelos económicos quereduzam as emissões de dióxido decarbono e gases com efeito deestufa, responsáveis peloaquecimento global e pelasalterações climáticas.

Por ocasião do Dia Mundial daAlimentação, que este ano sepropõe refletir sobre o tema ‘Mudaro futuro da migração’, Franciscoinaugurou uma estátua que evoca opequeno Aylan, a criança síriaencontrada sem vida à beira-mar,numa praia da Turquia, cuja imagemcorreu o mundo. “As mortes porcausa da fome ou do abandono dasua própria terra são uma notíciahabitual, com o risco de provocarindiferença”, advertiu o Papa.O encontro na sede da FAO contoucom a presença dos ministros daAgricultura dos países do G7.O Papa apelou a uma maiorresponsabilidade “a todos os níveis”para garantir o direito àalimentação, evitando que aspessoas tenham de deixar a suaterra. “Diante de um objetivo de talenvergadura, está em jogo acredibilidade de todo o sistemainternacional”, declarou.

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Sínodo especial para a AmazóniaO Papa Francisco anunciou aconvocação de uma assembleiaespecial do Sínodo dos Bispos paraa região pan-amazónica, emoutubro de 2019, no Vaticano. “Oprincipal objetivo desta convocaçãoé identificar caminhos para aevangelização dessa porção doPovo de Deus, especial dosindígenas, muitas vezes esquecidose sem a perspetiva de um futurosereno”, disse, no final da Missa emque canonizou 35 fiéis, incluindo osacerdote português AmbrósioFrancisco Ferro.Francisco alertou para a atual criseda “floresta amazónica”, queapresentou como “pulmão de capitalimportância” para o planeta.“Acolhendo o desejo de váriasconferências episcopais da AméricaLatina, bem como a voz de váriospastores e fiéis de outras partes domundo, decidi convocar umaassembleia especial do Sínodo dosBispos para a região pan-amazónica”, explicou.O Papa Francisco já tinha aprovadoa criação de uma Rede EclesialPan-Amazónica, REPAM, que incluirepresentantes de comunidadescatólicas de 9 países.“Que os novos intercedam por esteacontecimento eclesial, para que

no respeito pela beleza da criação,todos os povos da terra louvem aDeus, Senhor do Universo, eiluminados por Ele percorramcaminhos de justiça e de paz”,desejou.Em setembro, na sua viagem àColômbia, o Papa convidou arespeitar a sabedoria dos povosindígenas da Amazónia, que passarpelo respeito da “sacralidade davida” e da natureza.Na sua encíclica ‘Laudato si’, o Papadeixou sobre a desflorestação daAmazónia, sustentando que aexploração dos recursos naturaisnão deve apostar no benefícioimediato.O Sínodo dos Bispos pode serdefinido, em termos gerais, comouma assembleia consultiva derepresentantes dos episcopadoscatólicos de todo o mundo, a que sejuntam peritos e outros convidados,com a tarefa ajudar o Papa nogoverno da Igreja.

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Audiência a delegação de atletas dos «Special Olympics»

Papa na FAO

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INCÊNDIOS

Uma tragédia evitável e a evitar

O cardeal-patriarca de Lisboalamentou a tragédia dos incêndiosque nos últimos dias vitimoudezenas de portugueses,considerando que teria sidopossível evitar um novo drama,quatro meses depois do acontecidoem Pedrógão Grande “Era possível,certamente, era possível eprevisível. Os relatórios estão aí, osperitos já se pronunciaram, asautoridades do Estado – a começarpelo presidente da República –também e as coisas são o quesão, o que infelizmente

foram”, disse à Agência ECCLESIA eRenascença, na sede daUniversidade Católica, em Lisboa.O responsável diz que teria sidodesejável uma ação “maisatempada” da Proteção Civil e ummaior investimento na limpeza dasmatas e nos espaços circundantesdas habitações. “Já estamos achorar sobre o leite derramado, oque é preciso é evitar que ele sederrame”, adverte.O cardeal-patriarca adianta que aIgreja Católica vai continuar a“insistir”, até pela sua proximidadeem relação às populações, para que“se previna

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realmente” e não se reaja “àpressa” quando as coisasacontecem.D. Manuel Clemente quis deixar umamensagem de solidariedade,recordando todos os que morrerame dirigindo uma palavra de “apoio”aos que sofreram com este drama,esperando que haja união deesforços para “a reconstrução dassuas vidas”. “Como cidadãos ecidadãs, [tem de haver] umavontade acrescida de prevenir istotudo de outra maneira”,acrescentou.O secretário da ConferênciaEpiscopal Portuguesa apelou, porsua vez, à “mudança dementalidade” na prevenção dosincêndios e afirmou que é delamentar a “calamidade” dosincêndios que continuam ativos,manifestando solidariedade àsvítimas. “É apelar a que hajamudança de mentalidade, estaprevenção, e

também apelar a que as entidadeshajam de acordo em relação aos responsáveis e o próprio Governo jádisse que há mão criminosa nistotudo”, disse o padre ManuelBarbosa à Agência ECCLESIA.A primeira reação veio de Braga,onde D. Jorge Ortiga considerou“imperioso” agir perante osincêndios. “Portugal está a arder!Basta de discursos e boasintenções! É imperioso apurarresponsabilidades e agir”, escreveuo arcebispo de Braga, na sua contada rede social Twitter.As centenas de incêndios quedeflagraram no domingo, o pior diade fogos do ano segundo asautoridades, provocaram até aomomento 44 mortos e cerca de 70feridos, mais de uma dezena dosquais graves.Esta é a segunda situação maisgrave de incêndios com mortos esteano, depois de Pedrógão Grande,em junho, em que um fogo alastroua outros municípios e provocou,segundo a contabilização oficial, 64vítimas mortais e mais de 250feridos. Registou-se ainda a mortede uma mulher que foi atropeladaquando fugia deste fogo.

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INCÊNDIOS

Mensagem de pesar do Papa

EMMO Cardeal Dom ManuelClementePresidente da ConferênciaEpiscopal PortuguesaProfundamente consternado pelasdramáticas consequências dosincêndios destes dias no centro-norte de Portugal, Santo Padreassegura sufrágios pelo eternodescanso dos falecidos e elevapreces ao Senhor pedindo queconsole os atingidos pela tragédianos seus afetos e nos seus bens einspire em todos sentimentos deesperança e solidariedade parasuperar a adversidade, ao mesmo

tempo que anima instituições epessoas de boa vontade aprestarem nestes momentos difíceisuma ajuda eficaz com espíritogeneroso e fraterno, sua santidadePapa Francisco pede aos pastoresdas várias dioceses envolvidas natragédia que transmitam seussentidos pêsames aos familiares dosdefuntos e expressem aos feridos edesalojados sua solicitude eunidade espiritual em penhor do quelhes concede uma consoladoraBênção Apostólica.

Cardeal Pietro ParolinSecretário do Estado de Sua

Santidade

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O Santuário de Fátima anunciou vai disponibilizar 50 mil euros de ajuda deemergência às populações atingidas pelos incêndios deste domingo,montante que vai ser entregue à Cáritas Portuguesa. “O Santuário deFátima não poderia ficar indiferente diante da catástrofe que afetouparticularmente a Diocese de Leiria-Fátima”, disse o bispo diocesano à Salade Imprensa do santuário mariano.Na informação enviada à Agência ECCLESIA, pelo Santuário de Fátima, D.António Marto observou que “felizmente não houve vítimas mortais” nadiocese mas “80% do Pinhal de Leiria ardeu, bem como algumas casas equintais, com elevados danos materiais”.O bispo de Leiria-Fátima realça que “é urgente” passar-se à ação concreta erenovou o apelo ao presidente da Republica, Marcelo Rebelo de Sousa, queassuma a “causa nacional”. “Faça convergir a ação de todos pela defesa dobem comum, reunindo todas as instâncias necessárias para a prevenção e ocombate aos incêndios”, concluiu.

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INCÊNDIOS

Dar as mãos para sermos muitos

Que fazer? Vamos resignar-nos auma chaga com tais dimensões,como se de uma fatalidadeimpossível de contrariar setratasse? De modo algum. Estamosconvencidos de que as causas doflagelo dependem direta ouindiretamente da vontade humana.E, como tal, só pode prevenir-se oucombater-se com eficácia, se todosnós, desde o cidadão mais simplesao mais responsável, em vez de vãslamentações, mudarmos realmentede mentalidade e de hábitos sociais.Quais?

Sim. Que fazer perante a tragédiaque assolou tanta população donosso país e, concretamente, dadiocese de Aveiro, não podendo aIgreja ficar indiferente ao drama detantos concidadãos? Vimos, pois,reafirmar a nossa comunhão ecaridade cristã para com todos osafetados, lembrando as palavrasdos nossos bispos portugueses nasua Nota pastoral sobre osincêndios do passado mês de abril.Os que faleceram entregamo-los àmisericórdia de Deus, na certeza deque na fé em Cristo ressuscitado seenxugarão todas as lágrimas; aosque perderam os seus bensqueremos, juntamente com todoseles, ajudar a reerguer as suasvidas na esperança de que um novorenascer é possível.Não podemos ficar de braços

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cruzados. Para isso apresentamosalguns caminhos possíveis de ajudaàs nossas populações:1º A nossa caridade cristã, noimediato, passa pelo levantamentodas necessidades mais urgentesdas nossas famílias e para issovamos realizar um encontro emVagos com os párocos e algunsleigos das zonas mais atingidas,depois de amanhã, sexta-feira.2º A coordenação de toda estaajuda está entregue à CaritasDiocesana de Aveiro.3º Os fundos a recolher sãodepositados na conta em nome doFundo Diocesano de Emergência Social, da responsabilidade daCaritas Diocesana de Aveiro e cujonº é: PT50 0010 0000 4955 38801011 6.

4º Não queremos deixar de realçarque a nossa colaboração com asentidades civis envolvidas noterreno é de total disponibilidade.Nos casos mais urgentes é bomcontactar as respetivas paróquias.Acreditamos que dando as mãospoderemos aliviar o sofrimento detantos irmãos nossos e, por isso,apelo às nossas comunidadescristãs e a todos os homens emulheres de boa vontade para quesejamos generosos e os párocosdeem a conhecer esta Nota Pastoralem todas as Eucaristias do próximofim-de-semana.O meu fraterno afeto. Aveiro, 18 de outubro de 2017

+ António Manuel Moiteiro Ramos,Bispo de Aveiro

Social, da responsabilidade da Caritas Diocesana de Aveiro e cujo nº é:25

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Social, da responsabilidade da Caritas Diocesana de Aveiro e cujo nº é:PT50 0010 0000 4955 3880 1011 6.

INCÊNDIOS

Mensagem do Bispo de Coimbra aosatingidos pelos incêndios

Caríssimos Diocesanos e irmãos,Diante da calamidade que seabateu de novo sobre a nossaDiocese de Coimbra e sobrePortugal, sinto-me muito próximo detodos quantos estão a sofrer na suaprópria carne a perda dos seusbens e, mais ainda, dos seusfamiliares, irmãos e amigos,conhecidos ou desconhecidos.A aflição destes dias causou grandedor, que perdura no coração, namemória e no tempo, mas não nosdeixará abatidos e sem esperança.Felizmente temos motivaçõesimensas para ultrapassar tudo oque agora

sentimos: a grandeza da profundahumanidade, o sentido dafraternidade, a iluminação da fé e oestímulo da caridade cristã.Não tenho capacidade para resolveras situações difíceis que muitosestão a viver, mas posso apelar atodos para que estejamos próximosuns dos outros com a consolação doamor, da oração e da solidariedade.Peço a todos, públicos ou privados,comunidades e pessoas, que façamtudo o que estiver ao seu alcancepara que a ninguém falte onecessário dos bens materiais eespirituais a que

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têm direito enquanto membros dopovo português e da Igreja de Deus.Deixo uma palavra de gratidão aosbombeiros e aos que,generosamente e por sentido dodever, têm ajudado as populaçõesem dificuldade.Rezo pelo eterno descanso dos queperderam a vida e pela consolaçãodos que sofrem.Deixo um grande abraço, nacomunhão de Deus, que nunca nosdeixa sós. Coimbra, 16 de outubro de 2017 D. Virgílio Antunes,bispo de Coimbra

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INCÊNDIOS

Sejamos dignos da Criação!O que se tem passado, em Portugal,apresenta-nos como um Povoincapaz de se governar e depreservar a sua história e as suasricas tradições. Somos um Povoenvelhecido, sem capacidade derenovação e somos um Povo que seautodestrói, deixando queimar anatureza e destruir os bens dacriação. Parece que seinteriorizaram, em todos nós, ossentimentos da ‘inevitabilidade dadesgraça’, da ‘pouca sorte’ e do‘azar’: há a época dos fogos, aépoca dos acidentes nas estradas,a época das cheias, a época dassecas, etc. etc.

Agora, parece que aceitamos comoinevitável que, com as florestas,ardam as aldeias, as casas… E atéparece inevitável e natural a mortede dezenas e dezenas de pessoas…Importa acordar e recuperar ascapacidades de superação doslimites que as sereias, mal-intencionadas, nos querem imporaos nossos sonhos de esperança ede libertação para a construção deum futuro melhor!Precisamos de receber, com alegriae gratidão, de usar, com parcimóniae respeito e de transmitir,melhorando e enriquecendo, osbens que

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recebemos dos nossos Maiores esão dons da Natureza e nos sãoentregues e confiados pelo SeuCriador e Senhor.Por isso, cantando o Hino que,tantas vezes, nos une e empolga,precisamos de lutar ‘contra todos oscanhões’ e, na esperança,confiante, solidária e ativa, ‘marchar,marchar’…Solidarizo-me com todas as famíliase pessoas que sofrem, nestemomento, as consequências dosterríveis acidentes provocados pelofogo. De uma forma especial, estouunido, em oração e em saudade, atodas as pessoas que faleceram.Para todas elas, peço ao Senhorda Misericórdia

o bom acolhimento na Sua Casapaterna.Também, para todas as famílias epessoas que sofrem quaisquerperdas, a minha unidade próxima,na confiança ativa e na esperançareconciliadora, convidando a quetodos sejamos solidários, generosose ativos nas necessárias e urgentessoluções.A todos aqueles que sãoresponsáveis – ativos ou passivos –por todas estas calamidades e suasconsequências, os desejos denecessária, justa e proporcionalcompensação. + Ilídio Leandro, Bispo de Viseu

VentosaO pároco de Ventosa, na Diocese de Viseu, onde morreram quatropessoas na sequência do incêndio florestal deste domingo, falou num“choque muito forte”, depois de uma noite no terreno, ajudando quemcombatia o fogo. Em declarações à Agência ECCLESIA, o padre AntónioSousa Fernandes disse que vai pedir aos familiares dos mortos que“ganhem coragem”.“É um choque muito forte, porque são pessoas com quem convivíamos ede um momento para o outro deixam-nos”, acrescentou, emocionado.“Apanhado desprevino e em choque”, o sacerdote que vai fazer 80 anos,em janeiro do próximo ano, esteve ao lado da população a tentar apagaros fogos. “Não podia haver bombeiros aqui. Eram baldes de água, irentusiasmando as pessoas para se ajudarem uns aos outros, ardeu tudo”,relata.

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INCÊNDIOS

Quo vadis?

Ainda não refeitos dasconsequências dos incêndios doverão, é com pesar queconstatamos que o outono trouxe,mais uma vez, o drama dosincêndios, com mais devastação,mais mortes, mais dor e gritos deangústia.Já 60% dos meios aéreos decombate aos fogos tinham sidodispensados, quando as vagas decalor se mantinham. A meteorologiaaconselhava vigilância e prudência,mas quem deveria estar atento,andava distraído. Todos estávamosavisados da passagem do furacãoOphelia, com o efeito dearrastamento de massas de arquente e seco vindas do Norte deÁfrica sobre a Península Ibérica,mas alguém continuou distraído.Agora, aí estão as consequênciasdessa distração crónica a que nos

habituamos, apesar dos relatórios,das evidências, das promessas dealteração do “status quo” do«Depois disto, nada ficará namesma…».O custo de vidas humanas ceifadas,é muito superior ao dos incêndiosocorridos nos anos de 2003 e 2005.Será que podemos confiar naspromessas repetidamente feitas?Porque morrem hoje mais pessoasvitimadas pelos incêndios do que nopassado?Com estas mortes, mais do que amorte das vítimas, morre um poucoda esperança de quem vive nointerior do país, triste, envelhecido,desertificado, que as imagensfotográficas e auditivas nos revelam.Morre também um modelo desociedade que o povo portuguêsanseia e merece,

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assente nos princípios do BemComum, do Destino Universal dosBens, da solidariedade eda subsidiariedade e dos valoresfundamentais da vida social: aVerdade, a Liberdade e a Justiça.Esperamos que, ainda a tempo, oEstado Português, concretamente oGoverno do País, possa alterar oOrçamento Geral do Estado,apresentado na Assembleia daRepública, mas ainda não discutidoe votado, por forma a contemplar areparação dos prejuízos ocorridos,pela distracção a que se sujeitoue pela incúria no acautelar daquiloque era previsível. A Economia queficou

ainda mais debilitada, o patrimónioque ardeu, a fauna e a floradesaparecida e, acima de tudo, osbens das pessoas que viramconsumidas pelas chamas oresultado de uma vida de trabalho eo teto onde se abrigavam, para alémdas vidas ceifadas fruto da incúriade quem os devia proteger.É preciso que cada um faça a suaparte para nos reabilitarmos comoPovo e como Nação.Portalegre, 17/10/2017

Elicídio BiléPresidente da Cáritas Diocesana de

Portalegre – Castelo Branco

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Diocese de Setúbal disponibilizaajuda monetária para as populaçõesfustigadas pelos incêndiosPerante a tragédia dos incêndiosque nos últimos dias assolaram azona centro e norte de PortugalContinental, todos nos sentimosdesolados e, ao mesmo tempo,próximos daqueles que perderam osseus entes queridos e ficaramprivados dos bens essenciais para avida.D. José Ornelas, o nosso Bispo, temacompanhado com amizade esolidariedade todos estes dramas,pedindo igualmente a oração dasnossas comunidades por aquelesque partiram e pelos seus familiarese promovendo, na medida dasnossas possibilidades, o apoioconcreto aos que sofrem tãograndes perdas.Sem prejuízo das iniciativassolidárias das diversascomunidades e instituições cristãs, aDiocese de Setúbal mobiliza-se,mais uma vez, para ir ao encontrodesta situação.A Cáritas Diocesana de Setúbalporá à disposição uma verba de €25.000,00 (vinte e cinco mil euros),a enviar para a Cáritas Portuguesa,que fará chegar às Cáritas dasDioceses mais afetadas. A Diocesede Setúbal contribuirá também, dosseus fundos,

com € 10.000,00 (dez mil euros)para a mesma finalidade.As paróquias e organizaçõesdiocesanas que desejaremcontribuir para esta ajuda, podemfazê-lo enviando os seus contributospara a Diocese, que os fará chegara quem precisa pelos mesmoscanais.Esta ajuda vem juntar-se aosesforços feitos nos últimos tempospara assistir as vítimas dosincêndios, como a seguir seespecifica: No passado dia 17 dejunho de 2017, a zona centro dePortugal Continental foi devastadapelos incêndios.Na consequência dos danospessoais e materiais ocorridos, aCáritas Portuguesa tomou ainiciativa de abrir uma conta deangariação de fundos para apoio àsvítimas. De imediato, a CáritasDiocesana de Setúbal disponibilizou€ 50.000,00 (cinquenta mil euros).A 21 de junho de 2017, aConferência Episcopal Portuguesadeliberou que a oração, sufrágio eofertório do primeiro domingo dejulho fosse dedicado às vítimas dosincêndios.Na Diocese de Setúbal, a recolhaefetuada a 02 de julho em todas

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as Paróquias resultou num total de€ 35.259,44 (trinta e cinco milduzentos e cinquenta e nove eurose quarenta e quatro cêntimos).O donativo monetário para socorroàs vítimas dos incêndios dePedrógão, entregue pela Diocesede Setúbal à Cáritas Portuguesa,resultou, assim, num total de €85.259,44 (oitenta e cinco milduzentos e cinquenta e nove eurose quarenta e quatro cêntimos).

Também no ano de 2016, face aosincêndios ocorridos na Madeira, aDiocese de Setúbal disponibilizou ovalor de € 13.428,05 (treze milquatrocentos e vinte e oito euros ecinco cêntimos) que foi entregue àDiocese do Funchal.

Anabela Sousa,Diretora de Comunicação

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Após a calamidade deste fim desemana

Desde o passado domingo dia 15todos seguimos com dor eperplexidade o rasto de destruiçãoque os incêndios deixaram em todoo país.Agradeço a Deus a chuva destanoite

que tanto precisávamos para o durocombate contra as chamas. A chuvaveio misturar-se às muitas lágrimasdos que choram os que eram seus eagora partiram.Na calma de hoje é maior o

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espanto pelo que aconteceu, é maisnítido o sofrimento, e é maior oesforço por tentar não desanimar,manter a confiança e recomeçar denovo.O desastre deste verão mostracomo foi e se mantém válido o alertados bispos portugueses na sua notapastoral “Cuidar da casa comum –prevenir e evitar os incêndios” dopassado dia 27 de abril.Dirijo a todos os afetados pelo luto,pela destruição, e a todos osenvolvidos na ajuda e no socorro,um pensamento de proximidade econsolo. Tudo e todos estãopresentes nas minhas orações.Permitam-me falar agora emespecial para os fiéis e para oscooperadores do Opus Dei. Sei quealguns de vós viveram momentos degrande aflição, nalgum caso comperdas grandes. Rezo por cada umae cada um, e peço ao nosso bomDeus que vos faça sentir que estáperto, de modo especial emisterioso quando permite osofrimento, que não vos abandonae vos dá paz. Ele saberárecompensar com abundância, dealguma maneira, tudo quantoparece tirar: Deus dos males tirabens, dos grandes males grandesbens. Não nos esqueçamos disto,quando só vemos o mal permitido.Deixem-me lembrar-vos as palavrasdo Prelado do Opus Dei, daquele aquem tratamos familiarmente porPadre,

ditas na sua vinda a Portugal emjulho, a propósito do então recenteincêndio de Pedrógão Grande: “Éum mistério que não poderemosentender completamente, mas apartir da cruz de Jesus Cristosempre podemos procurar algumconsolo. Na cruz, é Deus quem querpassar pelo sofrimento, e desdeentão, de algum modo, o sofrimentopode transformar-se em salvação,pelo amor”.Quase todos nós temos familiaresou pessoas próximas afetadas pelacalamidade. Dou o meu alento paraajudarmos, cada um conformepossa, individualmente ou juntando-se às iniciativas, civis ou da Igreja,que estão a fazer um trabalhoprecioso de solidariedade e degrandeza.Como é sabido de todos a CáritasPortuguesa abriu, para apoio detodas as vítimas, a conta 'Cáritascom Portugal abraça vítimas dosincêndios', com o IBAN PT50 00350001 00200000 730 54, na CaixaGeral de Depósitos.Informo que no próximo domingo, 22de outubro, as missas celebradasno Oratório de S. Josemaria, emLisboa, terão por intenção asvítimas e familiares dos incêndios. 17 de outubro de 2017

Mons. José Rafael Espírito SantoVigário Regional do Opus Dei em

Portugal

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Deixem-me lembrar-vos as palavras do Prelado do Opus Dei, daquele a quem tratamosfamiliarmente por Padre, ditas na sua vinda a Portugal em julho, a propósito do entãorecente incêndio de Pedrógão Grande: “É um mistério que não poderemos entendercompletamente, mas a partir da cruz de Jesus Cristo sempre podemos procurar algumconsolo. Na cruz, é Deus quem quer passar pelo sofrimento, e desde então, de algummodo, o sofrimento pode transformar-se em salvação, pelo amor”.Quase todos nós temos familiares ou pessoas próximas afetadas pela calamidade. Douo meu alento para ajudarmos, cada um conforme possa, individualmente ou juntando-seàs iniciativas, civis ou da Igreja, que estão a fazer um trabalho precioso de solidariedadee de grandeza.Como é sabido de todos a Cáritas Portuguesa abriu, para apoio de todas as vítimas, aconta 'Cáritas com Portugal abraça vítimas dos incêndios', com o IBAN PT50 0035 000100200000 730 54, na Caixa Geral de Depósitos.Informo que no próximo domingo, 22 de outubro, as missas celebradas no Oratório de S.Josemaria, em Lisboa, terão por intenção as vítimas e familiares dos incêndios.17 de outubro de 2017Mons. José Rafael Espírito SantoVigário Regional do Opus Dei em Portugal

INCENDIOS

Cáritas oferece apoio num gestosolidário com vítimas dos incêndios

A Cáritas Portuguesa vemmanifestar a sua plenasolidariedade com todas as vítimasdos terríveis incêndios que, desde apassada sexta-feira, estão ativos emtodo o país, de forma particular aosfamiliares daqueles que já perderama vida nesta tragédia que, mais umavez, nos coloca a todos numasituação de profunda consternação.

A Cáritas Portuguesa disponibiliza,agora, dos seus próprios meiosfinanceiros, a verba de 150 mileuros. Esta importância ficará,desde já, à disposição das Cáritasdiocesanas para as necessidadesmais urgentes das pessoas efamílias afetadas. Deixa tambémuma palavra de solidariedade paracom os bombeiros e todos os outrosoperacionais no terreno

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que, mais uma vez, de forma tãoheroica são chamados a intervirpara defender vidas e bens daspopulações.“Desejamos, profundamente, quecesse este tão grande flagelonacional que já deixou um terrívelrasto de morte e destruição comgravíssimas repercussões noimediato e para as geraçõesfuturas. Esperamos também que seunam esforços para que seencontrem caminhos mais seguros

em ordem à prevenção eficaz dosfogos florestais, repensando, o maisdepressa possível, a estratégianacional para o efeito e, tendo comoúnica motivação o bem comum.” dizEugénio Fonseca, Presidente daCáritas Portuguesa, concluindo que“a Cáritas Portuguesa manifesta asua disponibilidade para ser parteintegrante na implementação dessaestratégia”.

O Corpo Nacional deEscutas (CNE)associa-se “à dor eao luto” de todos os“atingidos pelavoracidade” dosincêndios de 15 deoutubro e afirma quea instituição juvenilfaz “parte daprevenção e daeducação”. “Osescuteiros católicosportugueses juntamàs suas orações omais profundo pesar e a maior solidariedade possível para com asvítimas e as suas famílias”, assinala um comunicado enviado à AgênciaECCLESIA.

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Jovens ligados aos jesuítasvão reconstruir áreas ardidasJovens ligados aos jesuítas vãodedicar dois fins de semana pormês ao apoio e reconstrução dasáreas consumidas pelo fogo dePedrógão Grande. A Missão Aqui eAgora arranca já no primeiro fim desemana de novembro paraCastanheira de Pera, onde irácolaborar com a organizaçãoMédicos do Mundo, a quem foiconfiada a ajuda humanitária àspopulações deste concelho, um dosmais atingidos pelo fogo de junho.Este não é, contudo, um projetototalmente novo, pois assegura acontinuidade de um trabalho quecomeçou no verão. A Missão Aqui eAgora nasceu em julho, da vontadede um grupo de jovens ligados aoCentro Universitário Padre AntónioVieira (CUPAV), jesuítas em Lisboa,que não conseguiu ficar indiferenteao sofrimento das populações eresolveu ir para o terreno ajudar.Durante duas semanas, dezenas dejovens de todo o país,acompanhados por jesuítas,integraram a equipa dos Médicos doMundo, ajudando na organização edistribuição de roupas e alimentosdoados, na limpeza de escombros ena replantação de áreas ardidas. Asua presença, fortemente marcadapor

uma vivência espiritual, foi tambémvalorizada pela população local peloânimo e esperança que trouxe nomeio de tamanha tragédia.Francisca Onofre foi uma dasimpulsionadoras desta missão epassou parte das férias emCastanheira de Pera, assumindoagora a liderança do projeto duranteo ano. "Ao terminar a Missão noverão ficou o desejo, em muitosvoluntários, de voltar (e muitos jávoltaram!) e em mim a certeza deque não podíamos deixaresquecidas estas pessoas eabandonar um trabalho que levatempo a ser realizado", explica.Sobre o desafio exigente que agoraé lançado, Francisca acrescenta:"Há o desejo de deixar crescer emcada voluntário a consciência deque viver em missão não é algotemporário e passageiro, mas ummodo de vida, que implica algumesforço para poder disponibilizar umfim-de-semana por mês para servir,para levar Cristo aos maisnecessitados e para seguir cada vezmais Aquele que é o centro de todaesta Missão".Tal como no verão, a Missão Aqui eAgora colaborará diretamente comos Médicos do Mundo. No primeiro

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e quarto fim de semana de cadamês, de novembro a junho, osjovens estarão em Castanheira dePera (cada jovem estará um fim desemana por mês) para apoiar ostrabalhos de reconstrução.

A missão destina-sepreferencialmente a jovens emidade universitária ou início de vidaadulta (entre os 18 e os 30 anos). Gabinete de Comunicação dos Jesuítas em Portugal

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Bem haja!

Sónia Neves Agência ECCLESIA

“As pessoas só se lembram de nós quandoprecisam.”“Às vezes somos maltratados por não chegarmosa tempo.”“Vida por vida é um lema muito forte mas paramim é tudo”. Testemunhos. Desabafos. Não vou maisesquecer os rostos, os olhos tristes de quemcomigo partilhava a amargura de não serreconhecido, a ingratidão que lhes chegava.Fardados. Disponíveis e fieis. Abnegados. Nocoração com o lema “vida por vida”. É assim queos recordo numa reportagem feita há dois anosonde procurei mostrar o outro lado dosbombeiros, o lado da disponibilidade, serviço ecuidado ao próximo. Percorri três corporações,três quartéis e conheci muitos homens emulheres talhados para acudirem a quemprecisa, na emergência médica, nos incêndios,salvamento aquático ou proteção da floresta.Nesta semana que manchou Portugal, em que opaís se vestiu de negro por mais de 40 vítimasdo fogo podia aqui escrever muitas linhas detristeza e revolta. Porque tive a sensação deestarem a acontecer fogos desmedidos como emPedrogão há uns meses?O país atingiu valores como mais de 500 fogosativos, milhares de hectares ardidos, 80% dopinhal de Leiria ardeu, 44 vítimas mortais emuitos feridos; fábricas destruídas, animaismortos e hortas devastadas.Culpados? Acredito que os haja. Condiçõesclimatéricas adversas? Sim, este calor emoutubro não acho normal. Interesses? Creio quedeve

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haver interesses económicos. Masnão é isso que quero sublinhar!Aqui é uma palavra de apreço quequero deixar a estes heróis, aquelesque combateram as chamas edefenderam Portugal. Colocaram avida em risco para ir em prol dooutro. Muitos voluntários, compoucos meios e escassos recursos.Será que têm de continuar adepender de donativos paradefender o país? Até quando iremosver peditórios para ajudar ascorporações de bombeirosque, afinal protegem vidas, asnossas vidas? Que a foto destecartaz feito por

crianças de cinco anos, que viafixado na parede de uma escola,sirva para a sensibilização: dos maispequenos que um dia saibam darvalor a esta defesa da vida e dopaís. Aos mais velhos e que guiameste país que fossem tocados esensíveis ao valor dado aosbombeiros e à forma como sãotratados.Um voto de pesar às famílias dasvítimas e uma palavra de esperançaa todos os lesados pelo fogo. “Demãos dadas” podemos ultrapassaresta fase.Para vocês “camaradas bombeiros”,Bem Haja!

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Histórias de Missão. O Semanário ECCLESIA associa-se à celebraçãodo Dia Mundial das Missões trazendo relatos na primeira pessoa dequem dá vida à dinâmica missionária da Igreja Católica, em Portugal eno mundo. Sim, porque também há missionários que chegam aonosso país.O dossier retoma ainda a mensagem do Papa para esta celebração,na qual o Papa Francisco afirma que o Evangelho ajuda a superar osconflitos, o racismo, o tribalismo, promovendo por todo o lado areconciliação, a fraternidade e a partilha.Tal como o Papa, não se esquece a próxima Assembleia GeralOrdinária do Sínodo dos Bispos, que terá lugar em 2018 sobre o tema‘Os jovens, a fé e o discernimento vocacional’, considerada “umaocasião providencial para envolver os jovens na responsabilidademissionária comum, que precisa da sua rica imaginação ecriatividade”.

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Aprender a ser missionário noQuénia Há muitas ideias sobre o que é ou deve ser a realidade missionária, mas aexperiência no terreno costuma mudar tudo para quem deixa o seu país eparte a caminho de outros continentes, para partilhar a mensagem doEvangelho. Foi assim com o padre Filipe Resende, missionário Combonianoque trabalha no Quénia há já 9 anos.

Entrevista conduzida por Henrique Matos

Agência ECCLESIA (AE) - Quando éque sentiu o chamamento a umamissão que se faz longe, nadistância, no contacto com outrospovos?Filipe Resende (FR) - Em miúdo,aos 10 anos, recordo-me de umpadre me ter dito um dia: “Nãoqueres ser como eu?”. Algo mexeu,ali dentro, e nem sequer era umpadre missionário. Aquele bichinhoficou. Entretanto, prossegui os meusestudos até que, quando estava nosecundário, os missionáriosCombonianos vieram à minhaparóquia, fazer uma atividade.Conto sempre este episódioengraçado: no final da Eucaristia, opadre Fernando Domingues,comboniano, chamou-nos todos àsacristia e perguntou: “Então, quemde vós já pensou em sermissionário?”. E eu, no meio de 40,50, não sei, com a emoção da

juventude, disse “eu”, pus o dedo noar. Ficou toda a gente a olhar paramim.Depois começou o diálogo, fui avários encontros ao seminário,aprofundando a vocaçãomissionária, tudo isso. Claro que amissão é comum a todo o cristão,mas tem de haver sempre aquelesque recebem uma vocação diferentedos outros para partir, rumo a esteslugares onde nós evangelizamos. AE - Como foi a experiência inicialno Quénia?FR - Quando cheguei ao Quénia, há9 anos - já lá tinha estado antes, afazer a Teologia -, estive em lugaresonde os primeiros missionáriostinham chegado há cerca de 40anos. Ou seja, a missão, aevangelização está mesmo nocomeço.

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AE - No interior do Quénia?FR - No interior do Quénia. De 2008a 2013, estive lá, em missão,perdido lá no meio do mato. Quandolá cheguei, nem sequer haviaeletricidade, tudo isso… AE - Isso fê-lo pensar, questionou asua vocação?FR - Não, porque tive a graça de terfeito a Teologia já no Quénia, de1997 a 2002, conhecia estarealidade. Foi sempre o meu sonho,desde miúdo, estar numa missãoassim longe, onde

as pessoas nunca ouviram falar deJesus, do Evangelho.Claro que a gente, quando vai, vaicom este entusiasmo, vai com estanovidade, e nem olha sequer àsdificuldades - partir, deixar os pais,deixar a família. É difícil, somoshumanos, mas há aqueleentusiasmo que é particular davocação e que dá a força extra depassar por cima disso. FR - Quando cheguei ao Quénia,várias vezes me deparei com essesonho

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que tinha, quando era mais jovem, irpara um lugar onde não há cristãos,onde o Evangelho não tinhahistória. Foi conseguir realizar osonho, uma vocação. Não é tudosucesso, também temos momentosde dúvida, de pensar que se deviamter feito as coisas de outra forma. AE - Existe a tendência de chegar equerer mudar o mundo. É muitodifícil aculturar-se, aprender comquem está?FR - Essa é a grande lição quetodos os missionários aprendem eque não pode ser ensinada antes,tem de ser vivida no local. Sabemos,em teoria, que vamos paraaprender, que é preciso estarabertos, com o desejo de ajudar, deir fazer a diferença.Quando chegamos ao local, aprópria experiência vai-nos fazendoentender essa necessidade deaprender. Em 1997, 1998, aprimeira vez que estive no Quénia,fazia apostolado ao fim de semana,dado que estava na Universidade,uma atividade pastoral no bairro delata de que agora sou pároco(risos), nos subúrbios de Nairobi. Aminha educação foi que, aosdomingos, vamos à Missa, temos devestir a melhor roupa, os melhoressapatos; quando cheguei aoQuénia, nesta realidade, era aocontrário, porque ao sábado e aodomingo ia

para um bairro de lata onde háesgotos a céu aberto, lama, tudo oque se possa imaginar.Na minha mente, isto fez umaconfusão enorme. É aquelanecessidade de nos readaptarmos,conforme a situação que estamos aviver. Obviamente, isto é uma coisade nada, não tem grande filosofia,mas revela o confronto que temosde fazer connosco próprios. AE - Esse confronto, passa para oque está escrito nos livros, a formacomo se apresenta Deus nesseslugares, nesses povos?FR - É um exercício que não é nadafácil. Mais do que a Liturgia, que já émuito adaptada, temos váriosmomentos da Eucaristia que estãoadaptados à alegria, à dança, vejomais questões do ponto de vistamoral. Há consideração que temosde fazer a nível de vida sacramental.É muito raro no Quénia, porexemplo, mesmo agora em Nairobi,numa zona urbana, que um casal,jovem, decida casar-se e só ir viverjuntos depois de estarem casados.Normalmente, os casamentos quenós temos, 90% dos casos, são defamílias que já têm 5, 10, 15 anosde vida conjunta, com filhos. Ora, aabordagem ao Sacramento doMatrimónio, a formação que temosde fazer, é completamente diferente

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nestes casos. São mais estassituações que representam umdesafio até mesmo à própriareflexão teológica.Nós, missionários, ajudamos,porque temos a bagagem de umavida cristã diferente, distante daEuropa já cristianizada, mas nãopodemos ser só nós. Às vezes omedo de arriscar, de fazer diferente,bloqueia-nos, mas é bonito haveruma interajuda, trazendo o que énosso e deixar que a Igreja local,autóctone, com bispos, padres,leigos teólogos, percebam o quedevem fazer. FR - Um exemplo muito concreto,que nós fazemos na nossa Vigarariade Nairobi: o Batismo de criançasbebés de pais que não estãocasados pela Igreja. É costumeaceitar o primeiro filho, comooportunidade, até, para se fazer umcaminho com os pais; o segundo,sim e não, mas o terceiro não podeser, porque “começa a ser umabuso”, dizem alguns.Fizemos uma reflexão com o clerolocal, sobre a nossa abordagempastoral, e tivemos de fazer o trajetodiferente do que é a tradiçãonoutros locais: abrir, aproveitar estemomento para poder fazer umcaminho mais sério de formação,com os pais, para que elescelebrem o Matrimónio. Isto é umaaprendizagem para nós.

AE - Na periferia de Nairobi, umazona urbana, há muitas outraspropostasFR - É muito mais fácil trabalhar comoutras denominações não-cristãs,como o Islamismo, do quepropriamente até as denominaçõesevangélicas, pentecostais. O Quéniatem um proselitismo muito grande deigrejas-cogumelos, crescem igrejasde tudo e mais alguma coisa…Às vezes dizemos que, paracomeçar uma Igreja no Quénia,basta ter a Bíblia, um microfone, umamplificador e alguém que diga“ámen”. Muitas destas que nós aquichamamos seitas começaram a serum negócio, porque têm uma formade falar ao sentimento da pessoa,para qualquer ganho, sem tercritérios teológicos ou orientaçõeslitúrgicas. É um apelo muito fácil aocoração e ao sentimento. E aspessoas que vivem nas periferias dacidade têm uma vida muito difícil,sofrem: a delinquência, ainsegurança. É muito fácil umapessoa ser atropelada e ficar por ali,não se sabe… Morre-se muitofacilmente, por questões de saúde,sofre-se muito.Estas igrejas exploram isto, apelama um consumo muito fácil, jogamcom a questão de o povo africanoser muito religioso.Mesmo no mato, a relação que a cultura tem com a vida das pessoase

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com Deus é muito próxima. Emtodos os acontecimentos da vidasocial, há sempre a dimensãoreligiosa, sempre. A Igreja Católicatem tentado adaptar-se a isto, comuma abertura muito grande àreconciliação, às situações difíceis,estando ao lado das pessoas. AE - Há também questões ligadasao extremismo, com diversosatentados. Como é que isso temmarcado a vida

dos missionários, das comunidadescristãs?FR - Antes de mais, a questão doterrorismo abrandou bastante noúltimo ano e meio, dois. Houve umaaltura em que havia muitos ataquescontra igrejas, não só católicas,qualquer aglomerado de pessoas,sobretudo aos fins desemanas. Isso provocou naspessoas um medo de ir à igreja,porque não sabiam o que iaacontecer.

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Da nossa parte, isso exigiu que secriassem condições de segurança,temos de recorrer a empresas desegurança para estar todos os diasa fazer o controlo de entradas, comdetetor de metais e tudo isso.Quando havia um atentado numaigreja, notávamos logo: no domingoa seguir e no outro domingo, onúmero de pessoas na Eucaristiadiminuía. Depois, pouco a pouco, ascoisas retomavam a normalidade.Eu, cada domingo que passava,respirava de alívio. AE - Como é que as autoridades secomportam em relação à Igreja?FR - Em momentos como estes, deinstabilidade política - não sabemosse as eleições se vão realizar - aIgreja tenta sempre apelar à paz. Hámanifestações na rua, hábrutalidade policial, houve 35mortes - 17 na minha paróquia -,nos dias que se seguiram àseleições que foram anuladas [OSupremo Tribunal do Quénia anulouas eleições presidenciais de 8 deagosto, em que foi reeleito opresidente Uhuru Kenyatta].A Igreja Católica procura a via dodiálogo, da paz, mas devido àpolarização que existe neste

momento, quem é paz apoia oGoverno, quem é pela justiça apoiaa oposição. Isto torna muito difícil onosso trabalho: se nos calarmos,estamos a consentir os abusos dapolícia, não denunciamos; sefalarmos, automaticamente somoscolocados do lado dos que estão acontestar as eleições. Portanto, estaé uma questão muito delicada.Em condições normais, a IgrejaCatólica é muito respeitada, não sópelo que diz, mas pelo que faz,sobretudo. O trabalho social decatólicos e também dos anglicanos -que algumas vezes é substituir otrabalho do próprio Governo - criauma boa relação com asautoridades locais. Há umcompromisso pela erradicação dapobreza, de estar ao lado de quemnecessita. AE - Sente-se realizado?FR - Muito realizado. Tambémporque há desafios, os problemas,por causa da consolação interior, darealização pessoal, que é maior doque esses momentos.Se posso, deixo um apelo: querezem por esta situação no Quénia.As eleições estão marcadas paradia 26, eu regresso já na próximaterça-feira (23 de outubro), a tensãoestá muito, muito forte.

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AE - A atividade missionária é cadavez mais alargada, os missionáriostrabalham com uma retaguarda decolaboradores… É um trabalho deIgreja mais partilhado?FR - Exatamente. Às vezes, somosarrastados: se calhar, por sermosmenos religiosos, missionários quepartem, somos puxados a ter dealargar o nosso horizonte. Issotambém foi acompanhado por umareflexão que começou há bastantesanos, para que se entenda que amissão é de todos: dos missionáriosheróis, que vão lá para tão longe epassam as dificuldades que nóssabemos, mas também dos cristãosempenhados nas paróquias, comodiz o Papa na sua mensagem paraeste ano. A missão, este sair ao encontro dooutro, onde quer que se esteja,

é uma obrigação do cristão. Sair emdireção ao outro que está emnecessidade, que precisa da minhaajuda, do meu carinho, da minhapalavra, da minha presença. Amissão tem de estar no coração dafé, entender a nossa vocação cristãde um modo missionário.

(CAIXA)AE - A atividade missionária é cada vez mais alargada, os missionários trabalham com

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AE - A atividade missionária é cada vez mais alargada, os missionários trabalham comuma retaguarda de colaboradores… É um trabalho de Igreja mais partilhado?FR - Exatamente. Às vezes, somos arrastados: se calhar, por sermos menos religiosos,missionários que partem, somos puxados a ter de alargar o nosso horizonte. Issotambém foi acompanhado por uma reflexão que começou há bastantes anos, para quese entenda que a missão é de todos: dos missionários heróis, que vão lá para tão longee passam as dificuldades que nós sabemos, mas também dos cristãos empenhados nasparóquias, como diz o Papa na sua mensagem para este ano.A missão, este sair ao encontro do outro, onde quer que se esteja, é uma obrigação docristão. Sair em direção ao outro que está em necessidade, que precisa da minha ajuda,do meu carinho, da minha palavra, da minha presença. A missão tem de estar nocoração da fé, entender a nossa vocação cristã de um modo missionário.

A missão no coração da fé cristã

Queridos irmãos e irmãs!O Dia Mundial das Missõesconcentra-nos, também este ano,na pessoa de Jesus, «o primeiro emaior evangelizador» (Paulo VI,Exort. ap. Evangelii nuntiandi, 7),que incessantemente nos envia aanunciar o Evangelho do amor deDeus Pai, com a força do EspíritoSanto. Este Dia convida-nos arefletir novamente

sobre a missão no coração da fécristã. De facto a Igreja é, por suanatureza, missionária; se assim nãofor, deixa de ser a Igreja de Cristo,não passando duma associaçãoentre muitas outras, querapidamente veria exaurir-se a suafinalidade e desapareceria. Por isso,somos convidados a interrogar-nossobre algumas questões que tocama própria identidade cristã e as

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nossas responsabilidades decrentes, num mundo baralhado comtantas quimeras, ferido por grandesfrustrações e dilacerado pornumerosas guerras fratricidas, queinjustamente atingem sobretudo osinocentes. Qual é o fundamento damissão? Qual é o coração damissão? Quais são as atitudes vitaisda missão? A missão e o podertransformador doEvangelho de Cristo,Caminho, Verdade e Vida1. A missão da Igreja, destinada atodos os homens de boa vontade,funda-se sobre o podertransformador do Evangelho. Este éuma Boa Nova portadora dumaalegria contagiante, porque contéme oferece uma vida nova: a vida deCristo ressuscitado, o qual,comunicando o seu Espíritovivificador, torna-Se para nósCaminho, Verdade e Vida (cf. Jo 14,6). É Caminho que nos convida asegui-Lo com confiança e coragem.E, seguindo Jesus como nossoCaminho, fazemos experiência dasua Verdade e recebemos a suaVida, que é plena comunhão comDeus Pai na força do Espírito Santo,liberta-nos de toda

a forma de egoísmo e torna-se fontede criatividade no amor. 2. Deus Pai quer esta transformaçãoexistencial dos seus filhos e filhas;uma transformação que se expressacomo culto em espírito e verdade(cf. Jo 4, 23-24), ou seja, numa vidaanimada pelo Espírito Santo àimitação do Filho Jesus para glóriade Deus Pai. «A glória de Deus é ohomem vivo» (Ireneu, Adversushaereses IV, 20, 7). Assim, oanúncio do Evangelho torna-sepalavra viva e eficaz que realiza oque proclama (cf. Is 55, 10-11), istoé, Jesus Cristo, queincessantemente Se faz carne emcada situação humana (cf. Jo 1, 14).

A missão da Igreja,destinada a todos os

homens de boa vontade,funda-se sobre o poder

transformador doEvangelho.

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A missão e o kairós deCristo3. Por conseguinte, a missão daIgreja não é a propagação dumaideologia religiosa, nem mesmo aproposta duma ética sublime. Nomundo, há muitos movimentoscapazes de apresentar ideaiselevados ou expressões éticasnotáveis. Diversamente, através damissão da Igreja, é Jesus Cristo quecontinua a evangelizar e agir; e, porisso, aquela representa o kairós, otempo propício da salvação nahistória. Por meio da proclamaçãodo Evangelho, Jesus torna-Se semcessar nosso contemporâneo,consentindo à pessoa que O acolhecom fé e amor experimentar a forçatransformadora do seu Espírito deRessuscitado que fecunda o serhumano e a criação, como faz achuva com a terra. «A suaressurreição não é algo dopassado; contém uma força de vidaque penetrou o mundo. Ondeparecia que tudo morreu, voltam aaparecer por todo o lado osrebentos da ressurreição. É umaforça sem igual» (Exort. ap.Evangelii gaudium, 276). 4. Lembremo-nos sempre de que,«ao início do ser cristão, não háuma decisão ética ou uma grandeideia,

mas o encontro com umacontecimento, com uma Pessoaque dá à vida um novo horizonte e,desta forma, o rumo decisivo»(Bento XVI, Carta. enc. Deus caritasest, 1). O Evangelho é uma Pessoa,que continuamente Se oferece e, aquem A acolhe com fé humilde eoperosa, continuamente convida apartilhar a sua vida através dumaparticipação efetiva no seu mistériopascal de morte e ressurreição.Assim, por meio do Batismo, oEvangelho torna-se fonte de vidanova, liberta do domínio do pecado,iluminada e transformada peloEspírito Santo; através daConfirmação, torna-se unçãofortalecedora que, graças ao mesmoEspírito, indica caminhos eestratégias novas de testemunho eproximidade; e, mediante aEucaristia, torna-se alimento dohomem novo, «remédio deimortalidade» (Inácio de Antioquia,Epistula ad Ephesios, 20, 2). 5. O mundo tem uma necessidadeessencial do Evangelho de JesusCristo. Ele, através da Igreja,continua a sua missão de BomSamaritano, curando as feridassanguinolentas da humanidade, e asua missão de Bom Pastor,buscando sem descanso quem seextraviou por veredas enviesadas

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e sem saída. E, graças a Deus, nãofaltam experiências significativasque testemunham a forçatransformadora do Evangelho.Penso no gesto daquele estudante«dinka» que, à custa da própriavida, protege um estudante da tribo«nuer» que ia ser assassinado.Penso naquela CelebraçãoEucarística em Kitgum, no norte doUganda – então ensanguentadopelas atrocidades dum grupo derebeldes –, quando um missionáriolevou as pessoas a repetirem aspalavras de Jesus na cruz: «MeuDeus, meu

Deus, porque Me abandonaste?»(Mc 15, 34), expressando o gritodesesperado dos irmãos e irmãs doSenhor crucificado. AquelaCelebração foi fonte de grandeconsolação e de muita coragempara as pessoas. E podemos pensarem tantos testemunhos –testemunhos sem conta – de como oEvangelho ajuda a superar osfechamentos, os conflitos, oracismo, o tribalismo, promovendopor todo o lado a reconciliação, afraternidade e a partilha entre todos.

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A missão inspira umaespiritualidade de êxodo,peregrinação e exílio contínuos6. A missão da Igreja é animada poruma espiritualidade de êxodocontínuo. Trata-se de «sair daprópria comodidade e ter a coragemde alcançar todas as periferias queprecisam da luz do Evangelho»(Francisco, Exort. ap. Evangeliigaudium, 20). A missão da Igrejaencoraja a uma atitude deperegrinação contínua através dosvários desertos da vida, através dasvárias experiências de fome e sedede verdade e justiça. A missão daIgreja inspira uma experiência deexílio contínuo, para fazer sentir aohomem sedento de infinito a suacondição de exilado a caminho dapátria definitiva, pendente entre o«já» e o «ainda não» do Reino dosCéus. 7. A missão adverte a Igreja de quenão é fim em si mesma, masinstrumento e mediação do Reino.Uma Igreja autorreferencial, que secompraza dos sucessos terrenos,não é a Igreja de Cristo, seu corpocrucificado e glorioso. Por isso

mesmo, é preferível «uma Igrejaacidentada, ferida e enlameada porter saído pelas estradas, a umaIgreja enferma pelo fechamento e acomodidade de se agarrar àspróprias seguranças» (Ibid., 49). Os jovens, esperança da missão8. Os jovens são a esperança damissão. A pessoa de Jesus e a BoaNova proclamada por Ele continuama fascinar muitos jovens. Estesbuscam percursos onde possamconcretizar a coragem e os ímpetosdo coração ao serviço dahumanidade. «São muitos os jovensque se solidarizam contra os malesdo mundo, aderindo a várias formasde militância e voluntariado. (...)Como é bom que os jovens sejam“caminheiros da fé”, felizes porlevarem Jesus Cristo a cadaesquina, a cada praça, a cada cantoda terra!» (Ibid., 106). A próximaAssembleia Geral Ordinária doSínodo dos Bispos, que terá lugarem 2018 sobre o tema «Os jovens,a fé e o discernimento vocacional»,revela-se uma ocasião providencialpara envolver os jovens naresponsabilidade missionáriacomum, que precisa da sua ricaimaginação e criatividade.

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O serviço das ObrasMissionárias Pontifícias9. As Obras Missionárias Pontifíciassão um instrumento precioso parasuscitar em cada comunidade cristão desejo de sair das própriasfronteiras e das própriasseguranças, fazendo-se ao largo afim de anunciar o Evangelho atodos. Através duma espiritualidademissionária profunda vivida dia-a-dia e dum esforço constante deformação e animação missionária,envolvem-se adolescentes, jovens,adultos, famílias, sacerdotes,religiosos e religiosas, bispos paraque, em cada um, cresça umcoração missionário. Promovidopela Obra da Propagação da Fé, oDia Mundial das Missões é aocasião propícia para o coraçãomissionário das comunidades cristãsparticipar, com a oração, com otestemunho da vida e com acomunhão dos bens, na resposta àsgraves e vastas necessidades daevangelização. Fazer missão com Maria,Mãe da evangelização10. Queridos irmãos e irmãs,façamos missão inspirando-nos emMaria, Mãe da evangelização.Movida pelo Espírito, Ela acolheu oVerbo da vida na profundidade dasua fé humilde. Que a Virgem nosajude a dizer

o nosso «sim» à urgência de fazerressoar a Boa Nova de Jesus nonosso tempo; nos obtenha um novoardor de ressuscitados para levar, atodos, o Evangelho da vida quevence a morte; interceda por nós, afim de podermos ter uma santaousadia de procurar novoscaminhos para que chegue a todoso dom da salvação.Vaticano, 4 de junho – Solenidadede Pentecostes – de 2017

FRANCISCUS

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Histórias de missãoonde o Evangelho é mais precisoEm Portugal ou em países em viasde desenvolvimento, a missão daIgreja Católica continua a mostrar-se viva e a estar onde o Evangelhoé mais preciso, com o contributo desacerdotes, religiosos e leigos,membros de congregações emovimentos, organizações não-governamentais, jovens, adultos,menos jovens.Este domingo, através do Programa70x7 na RTP2, mostramos-lhealguns dos protagonistas desteesforço, numa reportagem inseridano mês de outubro particularmentededicado às missões.Esta é a história de João Antunes,de 70 anos, que foi enviado para aregião de Sumbe, em Angola,integrado no grupo missionárioOndjoyetu, da Diocese de Leiria-Fátima. “Toda aquela vidamissionária entusiasma-me e voutentar corresponder a esseentusiasmo que é meu, pondo-o emprática. Vou fazer o que é preciso, oque for possível e se eu não puderfazer Deus pode. Ele está lá e vaiajudar”, salienta.

Junto das comunidades angolanaslocais, o trabalho assenta sobretudona procura de soluções eferramentas que possam ajudar aspessoas a caminhar por si própriase a criarem o seu futuro. “Eles têmque ser parte integrante do seudesenvolvimento. Eu não vou fazernada. Porque eles se não quiseremque se faça a gente não consegue”,aponta João Antunes.Entre os vários projetos que osmissionários desenvolvem noSumbe está por exemplo a criaçãode centros de moagem, no campoda agricultura e da alimentação,também de poços ou cisternas paraa conservação da água potável, e asensibilização para a preservaçãodas florestas.Há também um trabalho importanteno que diz respeito à habitação, oprojeto ‘BTC’, que significa blocosde terra comprimida. Que tem comoobjetivo ajudar os habitantes aconstruírem casas mais resistentese que durem mais tempo, já quemuitas das casas não resistem àschuvas ou às condiçõesmeteorológicas duras quecaraterizam aquela região.

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João Antunes partiu para a Diocesede Sumbe, em Angola, juntamentecom mais dois colegas de missão,dois jovens, Andreia Pereira, de 24anos, e Nuno Vale, de 29 anos.Esta é também a história do padreManuel Fidelino Jardim, umsacerdote comboniano natural daMadeira,

que passou 25 na RepúblicaDemocrática do Congo, antigo Zaire.Naquela nação africana, viveu asconvulsões da guerra e da luta pelopoder que envolveu figuras como ospresidentes Mobutu Sese Seko,Laurent Kabila ou maisrecentemente o filho deste, JosephKabila. “Foi a

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primeira vez que vi de perto umametralhadora a disparar”,confidencia o padre Fidelino, quecontou como foi lutar paraconservar a vida – no meio daperseguição feita aos missionários –e ao mesmo tempo concretizar osobjetivos da missão, que erammuitos.Desde logo, a proteção daspopulações locais da fúria dossoldados e rebeldes. E depois, aluta pela dignificação de um povovítima de fenómenos como adiscriminação social, a pobreza eexclusão.Um dos pontos mais relevantesdesse trabalho teve como sujeito opovo pigmeu, que o sacerdotemadeirense

acompanhou por duas vezes. “Éuma tribo que nós não podemosimaginar. Penso que a nível daHistória seria o Homem na Idade daPedra. Vivem com o essencial, como mínimo possível, desde o vestir àalimentação e habitação. Um povomuito simples, muito bom, mas porisso é fácil explorá-lo”, conta opadre Manuel Fidelino Jardim.Paulatinamente, os missionários vãoprocurando ajudar os pigmeus atomarem consciência da sua própriadignidade, a preservarem a suaindependência mesmo que para issotenham de alterar um pouco o seu

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modo de vida. “Agora a caça é maisrara, é difícil, a pesca também, eentão eles têm que se readaptar aomodo de vida. É muito difícil masaos poucos estamos a introduzir aagricultura, para que faça parte doprograma deles”, salienta omissionário comboniano.Depois de 25 anos no Congo, opadre Fidelino está agora emPortugal, em missão nas paróquiasde Camarate e da Apelação, emLisboa.É também na zona da capital, umpouco mais ao lado, na Damaia, queconhecemos o Centro Social 6 demaio, uma instituição coordenadapelas Irmãs Dominicanas do Rosárioque serve o bairro com o mesmonome.Um aglomerado que cresceu desdemeados dos anos 70 do século XXI,com a vinda de milhares demigrantes provenientes de paíseslusófonos como Angola, Cabo Verdee Guiné-Bissau. Pessoas, muitasdelas, a viverem com grandesdificuldades, ao nível económico esocial, de formação e educação,necessidades que as irmãs têmprocurado atender.“Na creche temos 20 meninos mastemos uma lista de espera de centoe tal, porque não podemos recebermais de momento. E temos 75crianças

no pré-escolar e uma lista deespera não tão numerosa mastemos. Temos o gabinete de serviçosocial aberto todos os dias, comduas técnicas, e tem uma procuraimensa”, exemplifica a irmã DeolindaRodrigues.O crime, a marginalidade, o tráficode droga, a prostituição, tambémsão realidades que marcam o bairro.Sem a intervenção do centro, e dassuas valências, o futuro de muitascrianças e jovens poderia já estartraçado à partida.A partir de 2015 a autarquia localcomeçou a implementar um plano dedemolição do bairro, acompanhadopor um programa especial derealojamento das pessoas.No entanto, há alguns meses queeste processo está parado,agravando um cenário já de sicomplicado. “Há muita degradação,muita, casas semidemolidas. Cadadia o bairro é mais preenchido pormais traficantes e consumidores,onde reina a prostituição, há filmesa mostrar essa realidade que nos dáuma tristeza imensa. Porque o bairronão foi isto, e as pessoas que aindavivem o bairro não são isto”, frisa airmã Deolinda.A ajudar as irmãs no seu trabalhotêm estado, desde há algum tempo,vários estudantes universitáriosligados

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ao Movimento de Schoenstatt.Jovens que durante um semestre,em regime de rotatividade, vivem nobairro 6 de maio e colocam o seutempo e conhecimento ao serviçodos habitantes.A missão dos estudantes vai desdea dinamização da missa dominical àformação de crianças, jovens eadultos, com a realização deexplicações e apoio ao estudo,aulas de música, a iniciativas mais

recreativas como jogos de futebol erugby. “Isso é mesmo importante.Sobretudo situações de miúdos quenão têm família, que a família delestem sido estes jovens, e as famíliasdestes jovens”, aponta a irmãDeolinda, que espera que esteprojeto possa continuar a ter pernaspara andar, apesar do contextoatual de indefinição que rodeia obairro.Tomás Cortes é um dos jovens queesteve integrado no projeto ‘Maria

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Apoia 6 de maio’, do Movimento deSchoenstatt, e destaca a mudançaque esta missão produziu também anível pessoal. “Não fazia ideia doque era o bairro 6 de maio, nemsabia que existia. Começaram-me adizer que é um bairro de lata, umasideias pré-concebidas, tens de tercuidado porque isso apareceu nasnotícias, porque a polícia cercouaquilo. São tudo dimensões que emmaior ou menor grau também estãopresentes, mas fui surpreendidopela outra dimensão, decomunidade, de família, que secalhar por não ser tão mediáticanão passa”, refere o jovem.A prioridade agora é garantir quetodas as famílias do bairro tenhamacesso a um teto, uma vez que nemtodas as pessoas conseguiramreunir condições – em termos de documentação – para seinscreverem

no plano especial de reabilitação.O nosso percurso pelos rostos quefazem a missão inclui também ahistória de Pedro Nascimento, umadvogado de 28 anos que esteverecentemente em Moçambique, naregião de Carapira. Depois de terestado naquele território há cercade dois anos, numa etapa deformação missionária, regressouagora na companhia de um grupode sete outros jovens voluntários.“Nós na Europa e no mundoocidental temos como riqueza odinheiro, o poder, a ânsia, oconsumismo. Em África aprendemosque a riqueza é a pessoa, que ariqueza é o estar, que a riqueza é odar-se”, recorda Pedro Nascimento,numa reportagem incluída noPrograma 70x7, que poderáacompanhar no próximo domingo,na RTP2, a partir das 13h00.

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«Num Sa Zuntû», um bloguemissionário

Aos 23 anos Joana Carvalho járealizou o sonho de partir emmissão por duas vezes através doProjeto Casa Claret, da ‘Procura’ -Missões Claretianas,

para São Tomé e Príncipe.“Numa época onde as redes sociaisinvadem as vidas dos jovens, utilizoo meu blogue pessoal para alertar

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outros jovens e outras pessoas paraa necessidade da missão e da fé”,explica em nota enviada à AgênciaECCLESIA.Joana Carvalho no seu diário(público) dos tempos modernos, oblogue ‘Num Sa Zuntû’, partilha assuas “experiências de vida e de fé”para que outros jovens “percebamque é possível” ser jovem e feliz naIgreja.Aos de 23 anos já esteve duasvezes em missão ad gentes. Rumoupar São Tomé e Príncipe através doProjeto Casa Claret, da Procura -Missões Claretianas.“Toda a minha vida é coloridaatravés

do amor de Deus. A enfermagem, ovoluntariado, a música, a minhamaneira de ser e estar na vida”,explica a enfermeira e animadora naJuventude Claretiana.Joana Carvalho é “alegre,sonhadora, lutadora, apaixonada” erevela que o “amor” pela caridade,solidariedade, voluntariado, “pelavida e por Deus” está presente nasua vida “desde pequena”.“Lembro-me de ser pequenina e dedizer aos meus amigos que um diairia a África ajudar os que maisprecisam”, afirma no blogue ‘Num SaZuntû’.

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Padres Missionários em PortugalO padre Jan Pietrus trocou háalguns anos o polaco peloportuguês. Está há um ano naparóquia de Carcavelos, noPatriarcado de Lisboa, depois de 13anos no Brasil, seis à frente deOdivelas e dois anos a estudar emItália. Hoje diz, sente-se estrangeiroem Varsóvia, a sua terra de origem,local de onde saiu um ano depoisda sua ordenação, em 1991enquanto padre palotino. Assume ocarisma da animação apostólica dosleigos e é esta a sua missãoindependentemente da geografiaonde se encontra.A reportagem da Ecclesia foi aoencontro do padre João Pedro,como em Carcavelos é conhecido.

A primeira vez que o padre SamuelPulickal ouviu falar de Portugal foinos livros de história. Natural deCochim, na Índia, local até ondenavegou Vasco da Gama há 5séculos atrás. Fechado o livro dasepopeias, o então seminarista foidesafiado a estudar em Portugal,dando cumprimento a um

desejo do anterior cardeal-patriarcade Lisboa, D. José Policarpo e doseu bispo, em Cochim.

Está em Portugal há 20 anos, localonde já se sente em casa. Foi entrenós que o padre Miguel Hernandezse descobriu enquanto sacerdoteporque um mês depois da suaordenação já estava por Lisboa.Integra a comunidade dosAgostinhos que no Patriarcadoestão responsáveis por duasparóquias: Santa Iria da Azoia e SãoDomingos de Rana, local onde aEcclesia encontra o sacerdote de 45anos, Miguel Hernandez.

O padre Raimundo Mangens estádesde 2009 em Portugal, ao serviçoda Igreja respondendo a umcompromisso missionário entre asduas igrejas locais. Passou por

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diferentes paróquias no Patriarcadode Lisboa e hoje é vigário paroquialna unidade pastoral de Nova Oeirase São Julião da Barra.Depois de ultrapassar a diferençade temperaturas, o padre RaimundoMangens lida com as diferentesformas do agir pastoral: a aberturade um povo quente e que durantehoras celebra a eucaristia, parauma organização ao minuto masque se abre às dificuldades sociaisde povos desfavorecidos.

Das montanhas irlandesas para osmorros no Brasil e daí para o bairroda Cova da Moura, na periferia deLisboa, o padre Christopher JamesHogg está há um ano na paróquiada Buraca, local onde se sente emcasa entre portugueses.No seu percurso guarda o som dasbombas a cada sexta-feira à tardena sua terra natal, em Belfast, mastambém o sol quente do nordestebrasileiro onde viveu durante 16anos. Para este missionárioredentorista o importante na vida ésubir o bairro da Cova da Moura,sentar em casa

da dona Maria e beber o seu caféou provar a cachupa da donaIolanda. Assim se faz presença,assim se leva o Evangelho a todos.

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Voluntariado Teresa de Saldanha,a missão com raízes portuguesas

Os membros do VoluntariadoTeresa de Saldanha (VTS) estão emfesta pelos 15 anos de existênciaque estão a celebrar este ano comperspetivas de novas missões emnovas realidades geográficas ondeas irmãs da Congregação da OrdemDominicana de Santa Catarina deSena não estão presentes.Em declarações à AgênciaECCLESIA, o coordenador nacionaldo VTS explica que das diretrizespara o futuro, saídas do encontronacional 2017, pode

vir a ser criada uma novacomunidade num país lusófono emÁfrica.“A ideia é formar comunidade. Emprincípio iremos no final do ano parasaber quais as características dolocal, da zona, ver o acolhimento, oapoio, estruturas. Conhecer arealidade para dar o passo ealcançar esse objetivo”, adiantaAndré Silva.A concretizar esta vai ser umarealidade nova onde os leigos vãoprimeiro do que as religiosas, isto é,sem o seu apoio no terreno.

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As experiências missionárias adgentes do VTS até hoje foramrealizadas em países onde estão asirmãs da Congregação da OrdemDominicana de Santa Catarina deSena - Albânia, Angola, Brasil,Moçambique, Paraguai,Portugal e Timor - ao contrário doque pode acontecer.Definido nos seus estatutos, oencontro nacional da associaçãomissionária de ação social “temsempre um caracter muitoimportante” porque é onde os seuselementos fazem os “compromissospúblicos”, que começam por ser deum ano, na Eucaristia deencerramento.“Somos de zonas diferentes e é umaforma de estarmos em comunidade.Um leigo é mais difícil ter acaracterística de vida emcomunidade que as congregaçõespodem ter”, realçou também ocoordenador, acrescentando que éonde planeiam as atividades.Para além da nova missão adgentes, “em princípio”, vão tertambém três voluntários a participarna formação da FEC - Fundação Fée Cooperação “para que possam irem missão no estrangeiro”.Entre os dias 6 e 8 de outubro, emFátima, foram comemoradostambém os 15 anos de existência doVoluntariado Teresa de Saldanha

e uma das atividades foi uma açãode rua onde distribuíram sobre afundadora da Congregação dasIrmãs Dominicanas de SantaCatarina de Sena“A nossa missão é continuar a serdivulgar a mensagem de TeresaSaldanha”, destaca o jurista de 37anos, observando que essaapresentação da religiosaportuguesa “é sempre um orgulho ealegria”.O coordenador do VTS comentaque a “muitas vezes é umasurpresa” essa apresentaçãoporque “as pessoas não conhecem”a primeira mulher a fundar umacongregação em Portugal, após aextinção das ordens religiosas noséculo XIX.“Se calhar conhecem melhor TeresaSaldanha no estrangeiro, em outrospaíses onde estão as irmãs. Hádesconhecimento de quem foi, oque fez e a importância na históriadas ordens religiosas em Portugal”,desenvolve.Neste contexto, diferencia ainda asreações das pessoas com maisidade porque “emocionam-se mais”uma vez que “recordam melhor oque aconteceu, mesmo comhistórias de família”, e é umacolhimento mais direto. Já osjovens acabam por se identificarcom o carisma Dominicano que “émais alegre, dinâmico,

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uma ordem mais aberta, expansiva”.“É muito apelativo e quandolevamos a mensagem procuramosmostrar isso. Teresa Saldanha erauma pessoa com posses mas queabdicou disso tudo para fazer o bempelos outros”, recorda oentrevistado, realçando que esse éo lema dos voluntários e tambémdas religiosas: ‘Fazer o bem sempree onde seja necessário’.De recordar que no dia 15 dedezembro de 2015, o PapaFrancisco aprovou a publicação dodecreto que reconhece as ‘virtudesheroicas’ da madre Teresa deSaldanha (1837-1916), que recebeassim o título de

‘venerável’. À data da sua morte areligiosa portuguesa já tinhafundado 27 casas: 17 em Portugal;seis no Brasil; uma na Bélgica; duasnos EUA; e uma em Espanha.Coordenador nacional doVoluntariado Teresa de Saldanha hátrês anos e membro há cinco, AndréSilva contextualiza que surgiram em2002 com a necessidade de algunsjovens partirem em missão e, nessaaltura, pediram às irmãs daCongregação da Ordem Dominicanade Santa Catarina de Sena quefosse criado o grupo.“A missão tem muito a ver com ospilares da Ordem Dominicana –

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o estudo, reuniões mensais comoração, a pregação”, explica.No terreno a ação depende do tipode comunidade e da realidade e,atualmente, estão na têmcomunidades em Aveiro maisligados à pastoral universitária com“atividades especificas para essesjovens, adolescentes euniversitários” e uma loja social. NaGuarda a presença faz-se mais comjovens de São Tomé e Príncipe queestão a estudar na zona da beirainterior norte onde, por exemplo,“fazem a animação litúrgica deEucaristias, e uma vez por mês é naSé”.Em Lisboa têm o “grupo maisantigo”, ao qual pertence também ocoordenador nacional, e a missão é“ajudar meninas carenciadas” que estão em lares das Dominicanas deSanta Catarina de Sena,nomeadamente, em São Domingosde Benfica e no Convento dosCardaes, na zona do Bairro Alto.Existem ainda voluntários de Teresade Saldanha em Pinheiro daBemposta e em Leiria associada aocolégio das irmãs. A irmã Flávia Lourenço destaca queos VTS estão onde as religiosasnão chegam, “permite chegar aosjovens” através dos universitários e

estudantes que acompanham e têmcolaborado muito em dar a conhecera fundadora.“Costumamos estar presentes nasreuniões, orações e atividades, etodo o outro apoio individual aosmembros a nível espiritual”, explicaa religiosa que acompanha o grupode Pinheiro da Bemposta e deAveiro.André Silva disse ainda que estão a“promover a alteração”dos estatutos do VTS, “amodernizar”, no âmbito dos seus 15anos, e também a atualizar ologotipo para torna-lo “maismoderno”.Os voluntários missionários têmum blogue com a informação dasdiversas atividades e também estãonas redes sociais.

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«Os Jovens, esperança da missão»

“Os jovens esperança da missão”. Éassim que o Papa Francisco, no nº8 da mensagem para o dia Mundialdas Missões de 2017 com o titulo “Amissão no coração da fé cristã”, falaaos jovens, tendo como horizonte oSínodo dos Bispos, que terá lugarem 2018 sobre o tema “Os jovens, afé e o discernimento vocacional”.

Uma missão que envolve, que age eatua numa sociedade que tem assuas próprias convicções e que nemsempre está de acordo com o nosso“credo”.Uma missão que não pede paramudar toda a sociedade mas queimpulsiona a “comunicar qualquercoisa” da nossa própria identidadede evangelizados eevangelizadores, vivendo o mistério

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da esperança que nos faz sentirIgreja onde o Espírito trabalha nocoração das pessoas.Missão que, para além dasaparências, leva a ultrapassarpreconceitos e a procurar o que demais importante os jovens podemser e dar. Em cada jovem existe umabeleza interior que espera serdescoberta. Não era assim queJesus fazia? Basta lembrar algunsepisódios como o da Samaritana,Zaqueu, Mateus e tantos outrosnecessitados desse olhar de Jesuspara se tornarem mensageiros devida.Quanto empenho dos jovens emprojetos de voluntariado missionárioad intra e ad extra, quer a nívelsocial, cultural, desportivo ereligiosos, nas paróquias, nasescolas, nas universidades, emmovimentos, nas comunidades, nasdioceses onde, fascinados pelapessoa de Jesus e a Boa Nova,procuram concretizar, com coragem,os ímpetos do coração ao serviçoda humanidade. A missão precisa desse ímpetojovem, da sua rica imaginação ecriatividade. Os jovens estão cheiosde ideias. Têm ao seu alcance osmeios de comunicação, redessociais, técnicas audiovisuais,artísticas, culturais… que os fazemmensageiros de

novas visões que podem e devemabrir caminhos novos àmissionação.“Jovens, vós sois o presente daIgreja. Despertai!” pediu o papaFrancisco aos jovens na Coreia doSul.Vós sois o presente! Presente quesignifica uma Igreja em movimento,em diálogo e escuta reciproca. Uma“Igreja que tem tanta coisa paradizer aos jovens e os jovens quetêm tanta coisa para dizer caminho? Em cada jovem existe uma Igreja”.Presente que significa caminho.Qual caminho? Vós bem o sabeis.Para vencer tudo o que nas vossasvidas e na vossa cultura ameaça aesperança, a virtude e o amor éJesus Cristo. É ele quem transformao vosso otimismo natural emesperança cristã, a vossa energiaem virtude moral e a vossa boavontade em autentico amordesinteressado. “Como é bom que os jovens sejam“caminheiros da fé” felizes porlevarem Jesus Cristo a cadaesquina, a cada praça, a cada cantoda terra” (EG 106).

Padre António Lopes.Diretor Obras Missionárias

Pontifícias para o DepartamentoNacional da Pastoral Juvenil

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Obras Missionárias Pontifícias

http://www.opf.pt/ No próximo domingo a Igrejacomemora o dia Mundial dasMissões, este ano sob o lema “ComMaria, missão de paz”. Sabemostambém que Outubro é por naturezaum mês dedicado, pela IgrejaCatólica, ao mundo missionário. Aideia presente nestes trinta e umdias é a de que se desenvolvam nascomunidades locais, uma série deatividades destinadas a promover aMissão como «urgência eprioridade».Assim sendo, esta semanaapresentamos o sítio das ObrasMissionárias Pontifícias (OMP),dado que são estas que procuram“promover na Igreja e na sociedadeem geral, a participação ativa emações e campanhas, que visem a

dignidade de todas as pessoas, asolidariedade para com os maispobres, excluídos e injustiçados e aproposta de causas a favor dajustiça e da paz entre pessoas,grupos e nações”.Neste espaço virtual somospresenteados com um conjunto deinformações, de iniciativas deevangelização e da realidademissionária em tudo o mundo, deuma forma clara e direta.Se pretendermos descobrir o quesão as OMP, quantas são, quais osseus objetivos e como nasceram,basta acedermos a “4 obras”.No item “infância missionária”, éapresentada uma proposta de ajudapara os educadores, no sentido dedespertarem progressivamente nascrianças, uma consciência

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missionária universal e levá-las apartilhar a fé e os meios materiaiscom as crianças de regiões e Igrejasmais pobres.Em “jornadas missionárias”,podemos aceder às conferênciaspronunciadas em todos osencontros, que se realizam desdeSetembro de 2004.Na opção “Igreja e Missão”, sãoapresentados alguns recursos detrabalho colocados à disposição dasdioceses, paróquias, InstitutosMissionários e de todos os amigosda Missão. Podemos apreciaralguns

conteúdos multimédia e textos,diretamente relacionados com a temática missionária, que vão sendopublicados com algumaregularidade.Fica aqui a sugestão para quevisitem este sítio e sintam que "omandato missionário continua a seruma prioridade absoluta para todosos batizados, chamados a ser«servos e apóstolos de Cristo»neste início de milénio” e assimpodermos viver a missão,transmitindo a fé.

Fernando Cassola [email protected]

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Senhor Bispo, o pároco fugiu

Um romance sobre um padre emcrise existencial. O padre BenjamimBucquoy sonhava ser um biblistareconhecido e professor deEscritura no seminário diocesano eacaba pároco nos arredores deParis, angustiado por guerras entreparoquianos, reuniões intermináveisque não servem para nada. Sente-se frustrado e afastado do seusonho

de salvar almas. Um sucesso devendas em França. Mais de 100 milexemplares vendidos. Um romancemordaz que interpela a Igreja.A apresentação do livro está aocuidado do padre GonçaloPortocarrero de Almada e de JoãoMiguel Tavares e acontece naLivraria Ferin, no dia 26 de outubro,pelas 18h30.

«Não posso mais. Prefiro desaparecer.»É a nota deixada pelo padre Benjamim no dia do seudesaparecimento. Fugiu? E com quem? Há uma mulherenvolvida? Negócios ilícitos?Suicidou-se? Porquê? «O mistério adensa-se.» Este éum romance que poderia ser um momento na vida demuitos padres.

Paulus Editora

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outubro 201721 de outubro. Porto - Casa da Torre da Marca -Conferência sobre «Padre AméricoMonteiro de Aguiar: Um "teólogo daação"» por Luis Leal e promovidapelo Centro de Cultura Católica doPorto . Fátima - Capela da Ressurreiçãode Jesus - Santuário de Fátima expõe relíquia do Papa São João PauloII. . Santarém - Encontro deresponsáveis dos grupos cáritas daDiocese de Santarém . Lisboa - Auditório do Colégio deSão José (Restelo) - Concertosolidário «Da Música à vida» nos 25anos da banda «Retalhos» . Lisboa - Centro Ismaili - CongressoPortuguês do Voluntariado refletesobre «um mundo desafiante» . Porto - O Centro de CulturaCatólica do Porto (CCC) vai realizara sessão solene de início do anoletivo, presidida por D. AntónioAugusto Azevedo.

22 de outubro. Fátima - Seminário dos Claretianos- Retiro sobre «Vida Fraterna parafraternizar o mundo» promovidopelos Missionários Claretianos eorientado pelo padre Abílio PinaRibeiro . Celebração do Dia Mundial dasMissões . Funchal - Calheta - Encontro dosJovens Cristãos da Madeira com otema «Com Cristo e com Maria naAlegria» . Itália - Roma- A OrganizaçãoMundial de Antigos Alunos do EnsinoCatólico (OMAEC) que está acelebrar os seus 50 anos vai realizaro seu congresso, de 22 a 25 deoutubro, na cidade italiana de Romacom o tema “Pessoas e valores paratransformar a sociedade”. 23 de outubro. Lisboa - A Diocese das ForçasArmadas e das Forças deSegurança prepara-se paraassinalar 50 anos de assistênciareligiosa organizada no meio militarem Portugal, sendo que os primeiroscapelães militares concluíram ocurso em 1967.

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. Porto - Paço de Sousa - Exposiçãosobre o 130º aniversário donascimento do padre Américo. . Porto - UCP, 21h00 - A obra «Asmaravilhas de Deus na vida e noapostolado de Sílvia Cardoso(1882-1950)» da autoria de ÂngeloAlves vai ser lançada, dia 23 destemês, no Auditório Carvalho Guerra,na Faculdade de Teologia – Porto. 24 de outubro.Braga - Auditório Vita, 09h30 -Jornada de formação sobre «Areceção da Amoris Laetitia» para ospadres da Arquidiocese de Bragacom orientação de José-RománFlecha . Braga - Centro PastoralUniversitário, 18h00 - A PastoralUniversitária de Braga vaiapresentar, dia 24 deste mês, oprojeto «Encontro de Culturas» quevisa acolher os estudantesuniversitários de países deexpressão portuguesa que iniciarameste ano o seu percurso académiconuma das universidadesbracarenses. . Lisboa - Paróquia de São Tomásde Aquino, 21h00 - Tertúlia sobre«A palavra alegria ou a alegria dapalavra» com Alice Vieira.

25 de outubro. Coimbra - Sé nova, 21h15 -Bênção do caloiro promovida peloSecretariado Diocesano da PastoralUniversitária. . Aveiro - Teatro Aveirense, 21h30 -Conferência sobre «500 anos daReforma Protestante» com D.Manuel Felício (bispo da Guarda) eEva Michel (pastora presbiteriana). 26 de outubro. Setúbal - Almada (Convento dosCapuchos) - A Associação deImprensa de Inspiração Cristã (AIC)vai analisar, de 26 a 28 deste mês,em Almada (Diocese de Setúbal)que modelos editoriais eempresariais devem ser assumidospela imprensa regional. . Cidade do Vaticano - O PapaFrancisco vai receber em audiênciauma delegação da UniversidadeCatólica Portuguesa (UCP), noVaticano, por ocasião dos 50 anosda instituição académica. . Coimbra - A Cáritas Diocesana deCoimbra vai reunir os seniores dosseus equipamentos de apoio aidosos, no encontro anualintercentros dos Idosos destainstituição católica.

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II Concílio do Vaticano: Redentoristaportuguês acompanhou o fervilhar dosdebates

Depois de terminar o percurso no seminário e recebera ordenação presbiteral em 1960, o padre Américo M.Veiga, missionário redentorista, foi enviado paraRoma dois anos depois. Chegou à capital italiana doismeses antes do início do II Concílio do Vaticano.Ao dar o seu testemunho na XXVII Semana de Estudosde Vida Consagrada, o padre Américo Veiga recordouque a “grande maioria ou a totalidade dosprofessores” da Academia de Moral dosRedentoristas, a funcionar na casa onde residiaquando esteve em Roma, “eram consultores ouperitos do Concílio”.Em Roma, o fervilhar de debates, conferências,colóquios e testemunhos era constante. Paraentender isto, basta recordar que a capital italianaacolheu cerca de 2500 bispos, “um significativonúmero de peritos do Concílio e ainda numerososconselheiros ou consultores de cada bispo ou degrupos de bispos”, disse o padre redentorista eacrescenta: “Todos eles sentiam necessidade dedesabafar e dizer qualquer coisa”.Na casa onde residia este missionário português,estavam hospedados uns “25 bispos redentoristas detodo o mundo”.Quando os estudantes redentoristas que ali viviamsaiam para as diferentes universidades, os bisposconciliares diziam “com alguma graça: «Ide, que nóstambém vamos para a nossa [referiam-se aoConcílio]»”. Segundo o testemunho deste missionário,esta assembleia magna “foi um autêntico, amplo eprofundo curso de reciclagem”.

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Na sua comunicação aosparticipantes na Semana deEstudos de Vida Consagrada, opadre Américo Veiga recorda que “agrande maioria dos bisposconciliares estava à margem dosgrandes debates que ali serealizavam e dos grandes voosteológicos que supunham”. A Igreja“teve a sorte e a graça” de possuirnaquela época um número deteólogos “extraordinários” e umgrupo de bispos, “reduzido é certo,mas muito bem preparadoteologicamente, de grande aberturae experiência pastoral”.Para o padre Américo Veiga, o IIConcílio do Vaticano foi “umaexplosão de alegria” e oacontecimento mais marcante” dasua vida. E adianta: “Sempreinquieto e interrogativo, muito doque me tinham ensinado eaprendido não me convenciatotalmente, nem me deixavatranquilo”.Passados 50 anos do início (11 deoutubro de 1962) desta assembleia

magna convocada pelo Papa JoãoXXIII, o missionário portuguêsconfessa: “Não me imagino sem oconcílio nem quero imaginar o queseriam as relações da Igreja com omundo sem o concílio”. Esteacontecimento “foi a luz tãodesejada e ardentementeprocurada, a luz cheia de vida aofundo do túnel para muitasinterrogações que me dominavam”.Quando morre o Papa João XXIII (03de junho de 1963) coloca-se oproblema da sucessão e dacontinuação do concílio. O padreAmérico Veiga recorda umaconversa entre o cardeal Cerejeira eo redentorista Bernhard Haring(especialista na área da Moral).Nesse diálogo, o cardeal portuguêspergunta ao moralista quem eram oscardeais mais «papáveis». Na suaresposta, Bernhard Haring diz: “Oscardeais Lercaro, arcebispo deBolonha, e Montini, arcebispo deMilão”. As previsões de BernhardHaring estavam certas…

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- Esta segunda-feira, dia 23 de outubro, a Diocese dasForças Armadas e das Forças de Segurança assinalao cinquentenário do primeiro curso de capelãesmilitares em Portugal, evento que marcou também oinício do serviço de assistência religiosa organizada nomeio militar no nosso país. - A Paróquia de S. Tomás de Aquino, em Lisboa, vaiacolher no dia 24 de outubro às 21h00 a primeiratertúlia de um ciclo dedicado ao tema ‘Da Palavra àspalavras’, promovido pelo Patriarcado de Lisboa e coma participação da escritora Alice Vieira e do professorcatedrático Viriato Soromenho-Marques, entre outrosoradores. - Uma reflexão sobre o diálogo ecuménico e quecaminho para as Igrejas cristãs, é o que propõe ainiciativa ‘Diálogos na Cidade’, que vai ter lugar no dia25 de outubro em Aveiro, no salão nobre do TeatroAveirense. O bispo da Guarda, D. Manuel Felício, ou ateóloga Eva Michel, pastora presbiteriana, são doisdos participantes, a partir das 21h30. - Representantes da Universidade CatólicaPortuguesa vão estar no dia 26 de outubro em Roma,para uma audiência com o Papa Francisco, porocasião dos 50 anos da UCP. - Um dia depois, nos Açores, mais concretamente nasLajes do Pico, decorrem as jornadas diocesanas decomunicação social com o tema ‘A construção daverdade num mundo global’.

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Programação religiosa nos media

Antena 1, 8h00RTP1, 10h30Transmissão damissa dominical

11h00 -Transmissão missa

Domingo:10h00 - Porta Aberta;11h00 - Eucaristia; Segunda-feira:12h00 - Informaçãoreligiosa Diariamente18h30 - Terço

RTP2, 13h00Domingo, 22 de outubro -Outubro Missionário Segunda-feira, dia23 outubro, 15h00 - Terça-feira, dia 24 deoutubro, 15h00 - Informação e entrevista Quarta-feira, dia 25 de outubro, 15h00 - Informçãoe entrevista Quinta-feira, dia 26 de outubro, 15h00 - Informaçãoe entrevista Sexta-feira, dia 27 de outubro, 15h00 - Entrevista.Comentário à liturgia do domingo com o padre ArmindoVaz e frei José Nunes. Antena 1Domingo, 22 de outubro, 06h00 - Dia Mundial dasMissões - entrevista ao missionário comboniano, padreFilipe Resende Segunda a sexta, 23 a 27 de outubro, 22h45 - Sermissionário - padre João Paulo, Rita Rito, padreBelmiro, Lúcia Pedrosa e irmã Glória Lopes

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Ano A – 29.º Domingo do TempoComum Olhar Deus,colaborar nobem comum

O Evangelho deste 29.º Domingo do Tempo Comumtermina com esta afirmação: «Então, dai a César oque é de César e a Deus o que é de Deus».Confrontado com a questão do pagamento do tributo,Jesus convidou os seus interlocutores a mostrar amoeda do imposto e a reconhecerem a imagemgravada na moeda, a imagem de César. Depois, Jesusconcluiu com essa afirmação.Provavelmente, Jesus quis sugerir que o homem nãopode nem deve alhear-se das suas obrigações paracom a comunidade em que está integrado. Emqualquer circunstância, ele deve ser um cidadãoexemplar e contribuir para o bem comum. A isso,chama-se “dar a César o que é de César”.No entanto, o que é mais importante é que o homemreconheça a Deus como o seu único senhor. Asmoedas romanas têm a imagem de César: que sejamdadas a César. Mas o homem não tem inscrita em sipróprio a imagem de César, mas sim a imagem deDeus. Deus criou o ser humano à sua imagem.Portanto, o homem pertence somente a Deus, deveentregar-se a Deus e reconhecê-l’O como o seu únicosenhor.Jesus vai muito além da questão que Lhe puseram.Recusa-Se a entrar num debate de carácter político ecoloca a questão a um nível mais profundo e maisexigente. Na abordagem de Jesus, a questão deixa deser uma simples discussão acerca do pagamento oudo não pagamento de um imposto, para se tornar umapelo a que o homem reconheça Deus como o seusenhor e realize a sua vocação essencial de entrega aDeus.Jesus não está preocupado sequer em afirmar que ohomem deve repartir equitativamente as suasobrigações entre o poder político e o poder religioso;mas está

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sobretudo preocupado em deixarclaro que o homem só pertence aDeus e deve entregar toda a suaexistência nas suas mãos. Tudo oresto deve ser relativizado, inclusivea submissão ao poder político.Portanto, para o cristão, dizer queDeus é a referência fundamental eestá sempre em primeiro lugar nãosignifica que ele viva à margem domundo e se demita das suasresponsabilidades na construção domundo. O cristão deve ser umcidadão exemplar, que cumpre assuas responsabilidades e quecolabora ativamente na construçãoda sociedade humana. Deverespeitar as leis e cumprirpontualmente as suas

obrigações tributárias, comcoerência e lealdade. Não deve fugiraos impostos, nem aceitaresquemas de corrupção, neminfringir as regras legalmentedefinidas.Viver de olhos postos em Deus écolaborar no bem comum, é lutarpor um mundo melhor e por umasociedade mais justa e maisfraterna. Sabemos bem quanto issoé urgente na situação em quevivemos. Que isso conste da nossaoração e ação, neste Dia Mundialdas Missões, em que o PapaFrancisco nos convida a centrar amissão no coração da fé.

Manuel Barbosa, scjwww.dehonianos.org

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Sacerdote salesiano conta a história do seu cativeiro

As orações do Padre TomForam 18 meses de incerteza. OPadre Tom foi raptado a 4 deMarço de 2016, quando umcomando jihadista atacou a casaonde vivia, em Áden, na capitaldo Iémen. Agora recorda esses554 dias em que celebroumissaem silêncio, todos os dias.Apesar de ter estado sempreamarrado de mãos e pés. “Não sabia o que fazer a não serrezar.” Hoje, após 18 meses decativeiro, o Padre Tom Uzhunnalilnão tem dúvidas em afirmar queforam as suas orações, as missasque rezou mentalmente, que lhepermitiram sobreviver aos diasdecativeiro. “O Senhor fez-me umgrande milagre e deu-me outravida”, afirmou após a sua libertação,no passado dia 12 de Setembro.Para trás ficaram 554 dias deangústia, sem saber onde seencontrava, quem eram os raptorese o que lhe iria acontecer. Hoje, olhapara o tempo de cativeiro como“uma longa espera”. Uma longaespera que começou tragicamenteno dia 4 de Março de 2016 com oataque de um comando jihadista àcasa de saúde das Irmãs daCaridade em Áden, a capital doIémen, onde o Padre Tom estava

em missão. O que se passou ali,nesse dia, uma sexta-feira,dificilmente será apagado da suamemória. Faltavam vinte minutospara as nove da manhã quando seescutou o primeiro tiro. Sem saber oque se estava a passar, o PadreTom foi logo agarrado por um dosjihadistas que o amarrou a umacadeira. Enquanto isso, quatro dascinco Missionárias da Caridade quetomavam conta do lar foramassassinadas a sangue-frio. Duasdelas foram mortas mesmo ao ladodo Padre Tom. “Eu só rezei a Deuspara ser misericordioso para com asirmãs e ter piedade dosperseguidores. Não chorei, nem tivemedo da morte.”O Padre TomUzhunnalil foi então enfiado nabagageira do carro da missão, queestava estacionado à porta, elevado dali. Era o primeiro dia decativeiro. O Padre Tom não sabiaonde estava e mal conseguiacomunicar com os seus raptores,que falavam árabe entre si e uminglês muito precário com ele. “Eraprisioneiro e estava o dia todosentado no chão sobre umaalmofada de espuma, com as mãose pernas amarradas, e quando mesentia cansado, dormia um poucoou, então, deitava-me e os meusdias passaram-se assim.”

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Missa em silêncioApesar de estar preso, apesar deestar amarrado, o Padre Tom afirmaque os raptores nunca o torturaram,nunca o maltrataram. Mas imagina-se o medo, a angústia, a incertezasobre o que iria acontecer. Sozinho,rezava. E foram essas orações quelhe deram a vitamina necessária, aenergia para sobreviver àquelaprovação. “Não tinha nem hóstianem vinho, nem um missal ouleccionário, mas celebrava a Missaespiritualmente todos os dias.” Foiassim, em segredo, sempre emoração, que o Padre Tom se tornoumais forte do que os seus captores,que estavam armados commetralhadoras e podiam executá-loali, a qualquer momento. Naverdade, eles queriam um resgate.Para isso, obrigaram o Padre Tom afazer vídeos em que apelava à sualibertação, dando a ideia de queestaria a ser

maltratado. Chegou mesmo a correra notícia de que os jihadistasplaneavam crucificar o sacerdotesalesiano na Sexta-Feira Santa. Asua libertação, no passado dia 12de Setembro, foi o resultado doempenho pessoal do PapaFrancisco e da intervenção doSultanato de Omã. No dia seguinte àsua libertação, o Padre Tom foirecebido pelo Santo Padre. Outromomento que, seguramente, nuncaserá apagado da sua memória. OPadre Tom diz que a sua libertaçãofoi como um renascimento, foi comose tivesse ganho uma vida nova.Para trás ficaram 554 dias em queesteve sequestrado às mãos de umcomando jihadista. No entanto,graças às suas orações, nunca tevemedo e, por isso, sempre foi umapessoa livre. Apesar de ter estadoamarrado sempre de mãos e pés.

Paulo Aido | www.fundacao-ais.pt

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Mais barriga ou mais jantar?

Tony Neves Espiritano

Conta-se que um Nobel da economia dividia omundo em duas partes: os que têm mais jantardo que barriga e os que têm mais barriga do quejantar! É uma forma bem humorada de chamar aatenção para as desigualdades gritantes quemarcam o mundo em que vivemos. O PapaFrancisco, com a sabedoria que todos lheatribuímos, repete com insistência o facto de queo mundo produz alimentação suficiente paratodos, mas há muita fome. Concluiu-se facilmente(e o Papa o diz no documento ecológico ‘LaudatoSi’) que o problema não está na produção: estána injusta distribuição das enormes colheitas debens alimentares no nosso mundo. Não há umaquestão agrícola, mas de fraternidade. Não fazsentido deitar comida fora às toneladas paraequilibrar economias e, com esta atitude quesalva contas, condenam-se à fome milhões depessoas por esse mundo além.Nos últimos anos, em Portugal como no resto domundo, a tragédia da fome abala a consciência eobriga a agir. Nem sempre se consegue ir à basedos problemas para – como diz o nosso povo –cortar o mal pela raiz! Mas há iniciativas queajudam a dar pão a quem tem fome, cumprindoesta primeira obra de misericórdia, como nosensinam o Evangelho e os Catecismos. Assim,nunca é demais referir a importância do BancoAlimentar contra a Fome que, em Portugal,alimenta milhares de pessoas. Tentam-serecuperar bens alimentares, por doações deprodutores,

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distribuidores, lojas comerciais, mastambém por ofertas individuais,recolhidas em supermercados. Aideia que a publicidade tentarintroduzir na cabeça e no coraçãodas pessoas, é simples: não podesfazer o milagre da multiplicação dospães, faz então o milagre da suadivisão!Nos últimos tempos, tenta-se, umpouco por todo o mundo, combatero desperdício alimentar dosrestaurantes. Os números sãoarrasadores: há toneladas etoneladas de comida que foramconfeccionadas nas estruturas derestauração que, no fim do dia,ninguém comprou e, segundo asleis da segurança

alimentar, têm de ser deitadas aolixo! Isto é um atentado contra osmilhões de pessoas que passamfome ou estão mal nutridos. Comoreação, surgiu a onda do ’Refood’:pessoas que vão aos restaurantes ebares recuperar esta comida quesobra para, depois, distribuir porquem precisa. O aproveitamentoalimentar deste desperdício de luxojá vai em toneladas que saciam afome a muitos milhares de pessoas.Haja criatividade, criem-se leis quegerem justiça e, sobretudo,construamos um mundo maishumano em que os irmãos partilhemo pão de cada dia.

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Vale a pena caminhar pela vida

D. Nuno BrásBispo Auxiliar de Lisboa

No Próximo dia 4 de novembro terá lugar emLisboa e noutras cidades do país a “Caminhadapela vida”. Em Lisboa a caminhada terá início às15:00 na Pr. Luís de Camões.A vida humana, qualquer que ela seja, rica oupobre, forte ou frágil, jovem ou em estadoterminal é sempre um bem precioso a defender.Sobre esse bem primeiro não apenas se ergue anossa civilização ocidental mas também toda equalquer civilização, todo o viver social, dequalquer cultura, em qualquer tempo.Por isso, colocar em causa a vida humana (nosseus momentos iniciais ou nos seus instantesfinais) é sempre colocar em causa a própriahumanidade. A vida é aquela riquezaincomensurável que é colocada à nossadisposição e que nada nem ninguém tem odireito de retirar.A vida é a realidade que nos torna humanos eiguais. Colocá-la em questão é colocar, pormomentos que seja, a insana hipótese de queexistem seres humanos que nascem ou quemorrem mais iguais que outros.A vida humana é bem mais preciosa –infinitamente mais preciosa! – que qualquer outrarealidade. Ela é bem mais preciosa que apreservação de qualquer espécie animal,qualquer planta ou qualquer outra realidadeecológica.Sem o respeito pela vida humana, salvaguardadae defendida sempre e sem quaisquer reticências,é o próprio existir humano que é colocado emcausa.Pode parecer inútil, de tão evidente que

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é, mostrar publicamente a nossaintenção de, como cidadãos de umpaís, defendermos a vida. O facto éque, de há vários anos a esta parte,a insensatez parece ter-seapoderado de não poucasinstâncias nacionais. E nós nãopodemos deixar de alertar e

de lutar pela defesa desse bemsupremo (para nós e para os outros– até para os vindouros) que é avida humana.Vale a pena caminhar pela vida.Vale a pena lutar pela vida. Por todae qualquer vida humana.

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