Culturas Contemporâneas Locais e...
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Culturas Contemporâneas Locais e Urbanas
número.1 (out. | dez 2017) | edição online
Tudo se inicia e termina com a Natureza. E o
antropomórfico realiza-se. Perdurará?
ANA MARGARIDA FERRAZ*
ISSN 2184-1519 translocal.cm-funchal.pt 1
Culturas Contemporâneas Locais e Urbanas
número.1 (out. | dez 2017) | edição online
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Culturas Contemporâneas Locais e Urbanas
número.1 (out. | dez 2017) | edição online
© Ana Margarida Ferraz
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Culturas Contemporâneas Locais e Urbanas
número.1 (out. | dez 2017) | edição online
Não é fácil transformar imagens em palavras, pelo menos para mim, assim como
não é fácil o ser humano aceitar o poder da natureza. De facto, a Natureza já cá estava
quando chegámos e consegue perfeitamente viver sem nós. O contrário é que é mais
difícil, senão impossível.
O ser humano é um caminhante insatisfeito que muda frequentemente de lugar.
Sendo assim, a deslocação vai no sentido de uma procura de superação da sua condição de
mortal. A Natureza e o ser humano não são estáticos, transformam-se no tempo e
deslocam-se no espaço. Estão em movimento. Por isso, apresento um conjunto de cinco
imagens em sequência (fotografia digital com intervenções gráficas), que pretendem
evocar a vivência das pessoas no espaço natural/artificial. Represento vários locais (solos
diversos, o mar, as rochas e pedaços de céu no horizonte).
Nessas imagens, insisto na minha presença, tanto como fazedora e fruidora da
realidade, como transformadora do real através de registos gráficos ficcionais. Referencio
os lugares por onde transitam as gentes que se querem fixar e modificar quer por um
tempo determinado, quer para uma fixação permanente. Ao acrescentar seres
antropomórficos, estou a procurar estabelecer uma analogia entre a dimensão objetiva da
natureza e a imaginação, um atributo do humano. Deste modo, através da fusão com as
rochas, encontrei semelhanças com seres grandiosos numa disputa de força entre o
espaço natural e a dimensão humana. Procurei mencionar o desejo utópico de ultrapassar
os limites biológicos da sua condição.
Represento os solos por onde caminham as gentes. Não interessa definir
exatamente de onde. Metonimicamente, todas estas imagens representam um lugar, rural
ou citadino, específico ou genérico, que não é importante identificar, pois aludem a todos
os lugares do mundo.
As representações gráficas baseiam-se em troncos de árvores (da Vida) que se
assemelham às estradas de um mapa que assinala a mudança para outros locais. Aparece
um artifício usado pelo indivíduo. O sapato (símbolo da caminhada/procura) deixado,
deliberadamente ou não, na natureza, assinala que alguém por ali passou. É um artifício
que indica percursos diversos. Finalmente, aludo à existência das pessoas de passagem
num local citadino. O ser humano edifica, constrói a sua urbe, desloca-se, mas, um dia,
acaba. A natureza modifica-se, mas permanece no tempo, demonstrando a sua
grandiosidade.
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Tudo se inicia e termina com a natureza. E o antropomórfico realiza-se. Perdurará?
Ana Margarida Ferraz
Nasceu em 1964 em Pemba (Moçambique). Veio para Portugal no ano de 1975. Fixou-se na Madeira
até 1999. Na Ilha, estudou na Escola Secundária Francisco Franco e licenciou-se em Artes
Plásticas/Pintura no ISAD/UMa. Paralelamente dedicou-se ao Ensino. No campo artístico participou
em diversas exposições coletivas de artes plásticas na Madeira, Porto Santo, Lisboa, Porto, Beja e
Macedónia. Fez cinco exposições individuais. Mudou-se para o continente português, continuando a
exercer funções docentes em Lisboa, Cascais, Vila Franca de Xira e Viseu - atualmente é professora
do QA da Escola Secundária do Forte da Casa. Está representada em diversas coleções públicas e
privadas: Museu de Arte Contemporânea na Madeira e na Fundação da Juventude no Porto. Obteve
o prémio Fotografia 92 (Fundação Berardo) e a Menção Honrosa no III Concurso Nacional dos Jovens
nas Artes Plásticas – Francisco Wandschneider (Fundação da Juventude). Vive e trabalha em Lisboa.
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