Conjuntura Prudente Agosto 2011

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    Conjuntura Prudente 2011  

    Realização:GAsPERR – Grupo de Pesquisa Produção do Espaço e Redefinições Regionais

    Departamento de GeografiaFaculdade de Ciências e Tecnologia – Campus de Presidente Prudente

    UNESP – Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”. 

     Apoio:PROEX – Pró-Reitoria de Extensão

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    COORDENAÇÃO: Arthur Magon WhitackerEveraldo Santos Melazzo

    ORGANIZAÇÃO:

     Arthur Magon WhitackerEveraldo Santos Melazzo

    EQUIPE DE LEVANTAMENTO E ORGANIZAÇÃO DE DADOSDayana Aparecida Marques de OliveiraJuliano Pires de MedeirosMarcelo Garcia AntunesMichelle de SouzaRodrigo Moraes Camargo

    REALIZAÇÃO:GASPERR – Grupo de Pesquisa Produção do Espaço e Redefinições Regionais

    APOIO:UNESP – Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”. PROEX – Pró-Reitoria de Extensão.

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    AGRADECIMENTOS

    Externamos nossos agradecimentos as seguintes pessoas, que nos forneceram dados e informações, bem comodisponibilizaram seu tempo para que esta publicação pudesse ser concluída.

    América Latina Logística – ALL. Carlos Alberto Marmoro.

    Caiuá  – Serviços de Eletricidade. Erick Gustavo Borges Sampaio.

    Caixa Econômica Federal. Alda Carolina Gomes Brondi Coraca, Alenides Silva Leite, Caio César de Amorim Sobreiro, CéliaMarisa Molinari de Mattos e Claudemir Desto.

    Câmara Municipal de Presidente Prudente. Arlindo Munuera Junior, José Caetano da Silva, Edna Oliveira Gonçalves eLuis Carlos.

    CEASA/CEAGESP. Élson Carlos Cavenago.

    Centro de Estudos e de Mapeamento da Exclusão Social para Políticas Públicas - Cemespp  – UNESP. Oséias Martinucci.

    CEREST/PP. Maria Aparecida Rodrigues.

    Companhia Prudentina de  Desenvolvimento  –  PRUDENCO  - Setor de Limpeza e Coleta. Claudia Trindade da Silva,Marcos Rotta, Roberson Alex de Andrade e Valdir Estevan Rotta.

    Conselho das Associações de Moradores de Presidente Prudente - CAMP. Edileusa Alves Palin e Helena Penha.

    Departamento Aeroviário do Estado de São Paulo – DAESP. João Carlos Gomes.

    Diretoria de Ensino de Presidente Prudente.  Helena Carolina Nauhardt e Equipe da Assistência de Planejamento daDiretoria de Ensino de Presidente Prudente.

    Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos – ECT.

    Escola de Artefatos de Couro, Curtimento e Alimentos "Antônio Zacharias". Luiz Adélio Herculiani.

    Escritório de Desenvolvimento Rural – EDR. Celestino Rioiti Kiryn.

    Faculdade de Tecnologia de São Paulo -  FATEC. Anderson Antônio da Silva.

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    Faculdades Integradas "Antônio Eufrásio de Toledo" – FIATEPP. Clarice Yoshioka e Juliana Milene Xavier.

    Intersindical. Antônio Mendes Neto.Partido dos Trabalhadores - PT/ Pres. Prudente. Cícero Leandro da Costa.

    Receita Federal. Suelene Rodrigues Pinheiro.

    SEBRAE/SP. José Carlos Cavalcanti.

    Secretaria do Trabalho. Jeremias F. da Silva.

    Secretaria Municipal de Assuntos Viários - Prefeitura Municipal de Presidente Prudente. José Joaquim Roberto daSilva.

    Secretaria Municipal de Educação - Prefeitura Municipal de Presidente Prudente. Ailton da Silva, Eliane Rodrigues Araújo Toledo e Eustásio de oliveira Ferraz.

    Secretaria Municipal de Planejamento e Desenvolvimento Urbano - Prefeitura Municipal de Presidente Prudente. Alberico Bezerra de Lima, Jaqueline Gomes T. Mendonça, Marcos Galindo e Maria Aparecida de Lima Trujillo.

    Serviço de Proteção ao Consumidor - PROCON. Ana Paula Atayde Setti.

    Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial – SENAC. Eliane R. M. Araújo e Rita de Cássia Holanda.Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial – SENAI. Fernanda Machado e Nádia Isper

    Sindicato dos Bancários. Edmilson Trevisan, Ernesto Hideo Meyake, Júlio Carlos Gargantine Peruque, Zenaide de Oliveira.

    Terminal Rodoviário de Presidente Prudente. Kátia Cilene Gonçalves.

    Universidade Estadual Paulista – UNESP. Adriano Moreira, Evandro Filie Alampi, João Fernando Custódio da Silva e PauloJurado.

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    SUMÁRIO

    APRESENTAÇÃO

    CARACTERIZAÇÃO GERAL Presidente Prudente: crítica da formação histórica.

     Eliseu Savério SpositoPresidente Prudente: que cidade é esta? Maria Encarnação Beltrão Sposito.

    Caracterização dos Solos da Região Administrativa de Presidente Prudente. João Osvaldo Rodrigues Nunes A Geomorfologia de Presidente Prudente –  SP. João Osvaldo Rodrigues Nunes, Rosane Freire e Ynayê Uliane Perez  

    Comportamento da variabilidade da temperatura.Totais mensais de precipitação.

    Eleições Municipais. Dados Gerais. Presidente Prudente. 2004.Prefeitos Municipais. Presidente Prudente. 1923 –  2008.

    Candidatos ao poder executivo. Presidente Prudente. 2008.Eleições Municipais. Eleitos à Câmara Municipal. 2008.Candidatos ao Poder Executivo. Presidente Prudente. 2004.Eleições Municipais. Eleitos à Câmara Municipal. Presidente Prudente. 2004.Eleições Municipais. Poder Legislativo - Partidos e Votos Por Partidos. Presidente Prudente. 2004.Câmara Municipal. Comissões Permanentes. Presidente Prudente. 2007/2008.

    DADOS DEMOGRÁFICOSPopulação Total. Brasil, Estado de São Paulo, Região Administrativa, Regiões de Governo e Municípios. 1940  –  2000.População Total. Brasil, Estado de São Paulo, Região Administrativa, Regiões de Governo e Municípios. 2001  –  2007.População Urbana e Rural. Brasil, Estado de São Paulo, Região Administrativa, Regiões de Governo e Municípios. 2001 –  2003.População Urbana e Rural. Brasil, Estado de São Paulo, Região Administrativa, Regiões de Governo e Municípios. 2004 –  2006.População Urbana e Rural (por década). Brasil, Estado de São Paulo, Região Administrativa, Regiões de Governo e Municípios. 1980 –  2000.População Urbana e Rural (por década). Brasil, Estado de São Paulo, Região Administrativa, Regiões de Governo e Municípios. 1940 –  1970.Taxa de Urbanização. Brasil, Estado de São Paulo, Região Administrativa de Presidente Prudente e Regiões de Governo. 2000-2006.Taxa de Urbanização. Brasil, Estado de São Paulo, Região Administrativa de Presidente Prudente e Regiões de Governo. 1940/1950/1960/1970/1980/1991.Taxa de Natalidade. Estado de São Paulo, Região Administrativa de Presidente Prudente e Regiões de Governo. 1980 - 1992.Taxa de Natalidade. Estado de São Paulo, Região Administrativa de Presidente Prudente e Regiões de Governo. 1993 - 2005.Taxa de Mortalidade Infantil. Estado de São Paulo, Região Administrativa de Presidente Prudente e Regiões de Governo. 1980 - 1992.Taxa de Mortalidade Infantil. Estado de São Paulo, Região Administrativa de Presidente Prudente e Regiões de Governo. 1993 - 2005.

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     bitos por suicídio. Região Administrativa, Regiões de Governo e Municípios. 1991 - 2001. bitos por suicídio. Região Administrativa, Regiões de Governo e Municípios. 2002 - 2005.

    DADOS SOCIAISEducação Infantil. Creches. Matrículas Iniciais. Região Administrativa, Regiões de Governo e Municípios. 2002 - 2006.Educação de Jovens e Adultos. Presencial. Matrículas Iniciais. Região Administrativa, Regiões de Governo e Municípios. 2002 - 2006.Educação de Jovens e Adultos. Semi-Presencial. Matrículas Iniciais. Região Administrativa, Regiões de Governo e Municípios. 2004 - 2006.Educação Especial. Matrículas iniciais. Região Administrativa, Regiões de Governo e Municípios. 2002 - 2006.Ensino Fundamental - Matrículas Iniciais. Região Administrativa, Regiões de Governo e Municípios. 1999 - 2006.Ensino Infantil. Pré-Escola. Matrículas Iniciais (rede estadual e municipal). Região Administrativa, Região de Governo e Municípios. 1999 -2006. Ensino Médio. Matrículas Iniciais (rede estadual e municipal). Região Administrativa de Presidente Prudente, Regiões de Governo e Municípios. 1999 -2006.Ensino Médio. Matrículas Iniciais (rede particular). Região Administrativa de Presidente Prudente, Regiões de Governo e Municípios. 1999 - 2006.Ensino Superior. Graduação. Presidente Prudente. 2007.  Ensino Superior. Pós-Graduação. Presidente Prudente. 2007.Ensino Superior. Graduação. UNESP. Presidente Prudente. 1998 a 2007.Ensino Superior. Graduação. UNESP. Presidente Prudente. 1998 a 2007.Ensino Profissionalizante. Escola de Artefatos, Curtimento de Couro e Alimentos "Antônio Zacharias". Presidente Prudente. 2005 - 2007.

    Unidades Básicas de Saúde. Região Administrativa de Presidente Prudente, Regiões de Governo e Municípios. 2003.Leitos Hospitalares. Região Administrativa de Presidente Prudente, Regiões de Governo e Municípios. 2005.Leitos Hospitalares de UTI. Região Administrativa de Presidente Prudente, Regiões de Governo e Municípios. 2003.Associações de Moradores. Presidente Prudente. 2007.Benefícios federais. Bolsa Família. Região Administrativa de Presidente Prudente. 3° trimestre de 2007.IDHM - ndice de Desenvolvimento Humano Municipal. Região Administrativa de Presidente Prudente, Regiões de Governo e Municípios. 1980 - 2000.ndice de Gini. Região Administrativa de Presidente Prudente, Regiões de Governo e Municípios. 1991 e 2000.

    IPRS - ndice Paulista de Responsabilidade Social. Região Administrativa de Presidente Prudente, Regiões de Governo e Municípios. 1992 - 2004.

    DADOS ECONÔMICOSP.I.B. total, per capta e participação no P.I.B. do Estado de São Paulo. Estado de São Paulo, Região Administrativa de Presidente Prudente e Regiões deGoverno. 1999 - 2004.Variação da área das principais explorações agropecuárias. EDR de Presidente Prudente. 2001 - 2003.

    Agências bancárias. Região de Governo de Presidente Prudente. 2007.Agências bancárias por municípios. Região de Governo de Presidente Prudente. 2007.Principais produtos exportados (em US$ FOB). Presidente Prudente. 2005 - 2006.Principais produtos importados (em US$ FOB). Presidente Prudente. 2005 - 2006.Valores de Exportação (em US$ FOB). Região de Governo de Adamantina. 1997 - 2006.Valores de Importação (em US$ FOB). Região de Governo de Adamantina. 1997 - 2006.Valores de Exportação (em US$ FOB). Região de Governo de Dracena. 1997 - 2006.Valores de Importação (em US$ FOB). Região de Governo de Dracena. 1997 - 2006.

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    Valores de Exportação (em US$ FOB). Região de Governo de Presidente Prudente. 1997 - 2006.Valores de Importação (em US$ FOB). Região de Governo de Presidente Prudente. 1997 - 2006.Balança Comercial. Presidente Prudente. 1997 - 2006.Associados da Diretoria Regional do CIESP. Presidente Prudente. 2007Bovinos Abatidos. EDR - Presidente Prudente. 2002 a 2006.CONSUMO E N MERO DE CONSUMIDORES POR CLASSE DE CONSUMO. REGI O ADMINISTRATIVA, REGI ES DE GOVRNO EMUNICÍPIOS. 1980 a 2002.Empresas de Transporte Rodoviário de Passageiros. Presidente Prudente. Agosto de 2007.Principais Culturas Agrícolas. Presidente Prudente. 2002 - 2006.Pecuária: Rebanho Efetivo Municipal. Região Administrativa, Regiões de Governo e Municípios. 2002  –  2003.Principais Consumidores de Energia. Presidente Prudente. 2006.Pecuária: Rebanho Efetivo Municipal. Região Administrativa, Regiões de Governo e Municípios. 2004.Participação Relativa das Regiões de Governo, no Total de MPE's. 2004Distribuição Setorial das Micro e Pequenas Empresas por Regiões de Governo. São Paulo. 2004.Expansão das Micro e Pequenas Empresas por Regiões de GovernoSão Paulo. Entre 2000 e 2004.Distribuição das Micro e Pequenas Empresas do Comércio por Segmentos de Atividade. Região Administrativa, Regiões de Governo e Municípios. 2000 e2004.Distribuição das Micro e Pequenas Empresas de Serviços por Segmentos de Atividades.Região Administrativa, Regiões de Governo e Municípios. 2000 e2004.

    Distribuição das Micro e Pequenas Empresas da Indústria por Segmentos de Atividades. Região Administrativa, Regiões de Governo e Municípios. 2000 e2004.Sindicatos. Presidente Prudente e Região. 2007Sindicatos filiados a CUT. Subsede - Presidente Prudente. 2007.Tabela: Transporte Aeroviário –  Embarque e Desembarque. Presidente Prudente. 2001 a 2006.Tabela: Transporte Aeroviário. Presidente Prudente. Agosto de 2007.Transporte Ferroviário: Principais Cargas Transportadas. Presidente Prudente. 2007.Transporte Urbano Municipal –  Empresas de ônibus em operação. Região Administrativa, Regiões de Governo e Municípios. 1992 –  2003.Transporte Urbano Municipal. Região Administrativa, Regiões de Governo e Municípios. 1992 –  2003. Número de consultas no PROCON por áreas. Presidente Prudente. 2005 –  2006.Processos com “De Acordo” –  Mês a mês. Presidente Prudente. 1997-2003.Projetos Aprovados. Presidente Prudente. 1997  –  2006.CEASA - Destino dos Produtos. Presidente Prudente. 2007

    CEASA - Origem dos Produtos. Presidente Prudente. 2007rea e Estratificação das Propriedades. EDR de Presidente Prudente. 1995Levantamento das safras. 2002 a 2006. EDR de Presidente Prudente.Total de Vínculo Empregatício. Região Administrativa, Regiões de Governo e Municípios. 1991 a 1999.Total de Vínculo Empregatício. Região Administrativa, Regiões de Governo e Municípios. 2000 a 2005.Vínculos Empregatícios na Agropecuária. Região Administrativa, Regiões de Governo e Municípios. 1991 a 1999Vínculos Empregatícios na Agropecuária. Região Administrativa, Regiões de Governo e Municípios. 2000 a 2005.Vínculos Empregatícios na Indústria. Região Administrativa, Regiões de Governo e Municípios. 1991 a 1999

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    Principais explorações agropecuárias. EDR de Presidente Prudente2001-2003.Limpeza pública. Presidente Prudente. 2007.

    FINANÇAS PÚBLICASICMS - ndice de participação no estado de São Paulo e total arrecadado dos municípios da Região Administrativa de Presidente Prudente. 1985-1991.ICMS - ndice de participação no estado de São Paulo e total arrecadado dos municípios da Região Administrativa de Presidente Prudente. 1992-1998.

    ICMS - ndice de participação no estado de São Paulo e total arrecadado dos municípios da Região Administrativa de Presidente Prudente. 1999-2006.Arrecadação do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU). Região Administrativa, Regiões de Governo e Municípios. 1987 –  1993.Arrecadação do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU). Região Administrativa, Regiões de Governo e Municípios. 1994 –  2000.Arrecadação do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU). Região Administrativa, Regiões de Governo e Municípios. 1980 –  1986.Arrecadação do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU). Região Administrativa, Regiões de Governo e Municípios. 1987 –  1993.Arrecadação do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU). Região Administrativa, Regiões de Governo e Municípios. 2001 –  2003.Arrecadação do Imposto sobre a Transmissão de Bens Imóveis (em reais).Região Administrativa, Regiões de Governo e Municípios.1997 –  2003.Arrecadação Municipal do Imposto Sobre Serviços (ISS). Região Administrativa, Regiões de Governo e Municípios. 1980 –  1986.Arrecadação Municipal do Imposto Sobre Serviços (ISS). Região Administrativa, Regiões de Governo e Municípios. 1987 –  1993.Arrecadação Municipal do Imposto Sobre Serviços (ISS). Região Administrativa, Regiões de Governo e Municípios. 1994 –  2000.Arrecadação Municipal do Imposto Sobre Serviços (ISS). Região Administrativa, Regiões de Governo e Municípios. 2001 –  2003.Arrecadação Total do Imposto de Renda Pessoa Física e Jurídica. 2002  –  2007.Arrecadação do Imposto sobre a Transmissão de Bens Imóveis (em reais). Região Administrativa, Regiões de Governo e Municípios.1989 –  1996.

    Imposto de Pessoa Física e Jurídica. Presidente Prudente. 2005 –  2007.Receita Arrecadada Total (em reais). Região Administrativa, Regiões de Governo e Municípios. 1992/1995 –  1997/1999.Receita Municipal Arrecadada por Transferências da Cota - Parte do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural –  ITR.Região Administrativa, Regiões deGoverno e Municípios. 1980 –  1986.Receita Municipal Arrecadada por Transferências da Cota - Parte do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural –  ITR. Região Administrativa, Regiõesde Governo e Municípios. 1994 –  2000.Receita Municipal Arrecadada por Transferências da Cota - Parte do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural –  ITR. Região Administrativa, Regiõesde Governo e Municípios. 2001 –  2003.Receita Municipal por Transferências da Cota-Parte do IPI - Estados Exportadores (em reais). Região Administrativa, Regiões de Governo e Municípios.2000 –  2003.Receita Municipal por Transferências da Cota-Parte do IPI - Estados Exportadores (em reais). Região Administrativa, Regiões de Governo e Municípios.1989 –  1999.Receita Arrecadada Total (em reais). Região Administrativa de Presidente Prudente. 1992 / 1995 / 1997 / 1999.

    Receita Própria Total (em reais). Região Administrativa de Presidente Prudente. 1992 / 1995 / 1997 / 1999.Receita Transferida não-tributária Estadual (em reais). Região Administrativa de Presidente Prudente. 1992 / 1995 / 1997 / 1999.Receita Transferida não-tributária Federal (em reais). Região Administrativa de Presidente Prudente. 1992 / 1995 / 1997 / 1999.Receita Transferida Total (em reais). Região Administrativa de Presidente Prudente. 1992 / 1995 / 1997 / 1999.Receita Transferida Tributária Estadual (em reais). Região Administrativa de Presidente Prudente. 1992 / 1995 / 1997 / 1999.Receita Transferida Tributária Federal (em reais). Região Administrativa de Presidente Prudente. 1992 / 1995 / 1997 / 1999.

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    APRESENTAÇÃO

    O Grupo Produção do Espaço e Redefinições Regionais  – Gasperr - da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Unesp de

    Presidente Prudente tem o prazer de apresentar mais um número desta publicação que alcança, agora, sua quarta edição.Desde a primeira até agora, o Conjuntura Prudente pretende ser uma ponte que aproxime os resultados dos esforços de

    pesquisa de professores e alunos sobre a realidade local e regional e diferentes grupos da sociedade que necessitam de informaçõesgerais ou específicas para conhecer, para analisar e para tomar decisões. Cumpre-se, assim, o papel fundamental da UniversidadePública: além do ensino e da formação de pessoas, a realização de pesquisas criteriosas e de qualidade que, por diferentes meios, nemtodos claros à primeira vista, alcançam a sociedade em claros processos de extensão.

    O Conjuntura Prudente é um retrato sem retoques. Ele apresenta a vida desta parte do Estado de São Paulo que pode serchamada de 10ª Região Administrativa. Ao oferecer dados e informações qualitativas e quantitativas permite ao interessado interpretaras dinâmicas econômicas, as opções políticas, o mosaico das realidades urbanas e rurais e várias outras dimensões de cada um dosmunicípios. Permite também comparar a situação municipal em relação ao conjunto da região, do Estado e do Brasil.

    Este exercício de ver e compreender, de estabelecer relações e de comparar nada mais é que interpretar e ainterpretação, por sua vez, é uma tomada de posição frente à realidade. Tomar posição sobre os rumos do desenvolvimento regional,tomar posição sobre a qualidade das decisões econômicas e políticas individuais ou coletivas, tomar posição sobre a qualidade denossas cidades, tomar posição sobre o estado em que se encontram a vida social e o meio ambiente entre nós.

    Este é o objetivo maior do Conjuntura Prudente. Colaborar com os debates e os rumos futuros.

    Os agradecimentos são muitos a todas aquelas pessoas, instituições públicas, empresas e entidades não governamentaisque nos receberam e nos auxiliaram cedendo seus dados.

    Os agradecimentos se estendem também aos professores e alunos vinculados a grupos de pesquisa da Unesp que aodisponibilizarem alguns de seus dados demonstram o compromisso coletivo institucional.

    Por fim, os organizadores desta publicação e todos os professores e alunos vinculados ao Gasperr renovam seus

    compromissos em disponibilizar a todos os resultados de seus trabalhos e continuarão trabalhando para que a função social dauniversidade seja uma realidade cotidiana para todos que os estão ou não estão a ela vinculados.

    Presidente Prudente, junho de 2011.

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     Arthur Magon Whitacker

    Everaldo Santos Melazzo

    CARACTERIZAÇÃO GERAL

    Presidente Prudente: crítica da formação histórica1 

    Eliseu Savério SpositoProf. Titular da FCT/UNESP, Campus de Presidente Prudente

    Pesquisador do CNPq

    Na metade do século XIX, a área onde atualmente se localiza Presidente Prudente, situada no espigão entre osrios Paraná, Paranapanema e do Peixe, pode assim ser caracterizada: até então ocupada por caiuás, xavantes e caingangs,

    índios da nação guarani, o território era coberto por matas nas áreas de terra roxa e por campos em outros tipos de solos. Os

    conflitos pela posse da terra, freqüentemente sangrentos, começaram quando os primeiros povoadores, predominantemente

    mineiros, foram atraídos, depois da decadência das minas e, muitos, deslocando-se e fixando-se na área, para a utilização

    das manchas de campos, apropriadas às suas atividades de criação. A corrente migratória de Minas Gerais para São Paulo

    aumentou quando os mineiros passaram a fugir da convocação para as tropas que iriam lutar na Guerra do Paraguai, abrindo

    caminho para que esse movimento continuasse após o término da guerra.Com a apropriação de centenas de alqueires, José Teodoro de Souza, considerado o primeiro desbravador do

    Sertão do Paranapanema, registrou, em 1856, sua posse perante o vigário de Botucatu, de uma gleba que se estendia por

    1 Este texto tem, como base, a formação histórica de Presidente Prudente publicada no Conjuntura Prudente 2002. No entanto, foi feita nova leitura enovas idéias e conclusões foram acrescentadas, mesmo conservando a mesma estrutura e o mesmo estilo do texto anterior.

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    10 léguas entre os rios Paranapanema e do Peixe e 25 léguas do Rio Turvo (às margens do qual fundou São Pedro do Turvo)

    para oeste. Ele passou a vender a dinheiro ou trocar por diferentes mercadorias as suas terras pelas divisões em “aguadas”,

    que correspondiam às terras entre duas linhas de espigões e um curso de água no meio.

    Seguiram-se a ele os “grileiros”, figuras muito presentes no comércio de terras, que não se preocupavam com a

    exploração do solo, mas apenas em negociá-lo com quem estivesse interessado em plantar ou praticar a pecuária. Os

    grileiros, freqüentemente, entravam em conflitos pela terra com os índios e os posseiros que anteriormente haviam chegado e

    exploravam o solo com alguma atividade.

    Os grileiros utilizavam diferentes artifícios para se apossarem da terra. Ora com documentação falsa, que era

    envelhecida artificialmente à luz das lamparinas, à exposição das resinas expelidas pelos grilos em gavetas fechadas, ou sob

    o efeito do suor dos cavalos, quando colocada sob a sela. Enfim, o objetivo principal dos grileiros era comercializar as glebas

    ou lotes de terras de qualquer maneira para acumular dinheiro.

    Isso ocorre porque, com a promulgação da lei de terras, em 1850, qualquer parcela do território passa a ser

    objeto de compra e venda, deixando de ter o caráter de concessão por parte do governo imperial. As áreas passaram a ser

    divididas em grandes glebas que, forçosamente, tinham registro legal para se tornarem propriedade de alguma pessoa.

    O que muda, nesse momento, é fundamental para as dinâmicas posteriores de ocupação do território brasileiro.

     A propriedade privada se instaura como estratégia capitalista para preparar o final da escravidão, cuja mão de obra, cativa,

    tornar-se-á livre, legalmente, a partir de 1888. Assim, qualquer parcela do território brasileiro só poderá, doravante, ser

    transacionada com a intermediação do equivalente geral, o dinheiro, embora essa a prática não aconteça em todos osnegócios de terra. O escambo, a troca e a hereditariedade também são formas de negociação ou de confirmação da posse

    da terra.

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    Já no século XX, a expansão da cultura do café, cuja produção estava voltada principalmente para a

    exportação, valorizou os espigões do Planalto Ocidental de São Paulo a partir dos loteamentos rurais e da criação das

    cidades. O loteamento rural constituiu-se no retalhamento das glebas em pequenas parcelas que eram vendidas a prazo,

    principalmente para pessoas vindas das chamadas “zonas velhas”, que haviam acumulado recursos como colonos nas

    fazendas de café.Como já afirmou Monbeig (1984), “[...] observa-se a sedução das terras novas e a paixão pelo ganho rápido do

    dinheiro. Apelo do Grande Norte ao Canadá, marcha para oeste, ainda não há muito tempo, nos Estados Unidos,

    desbravamento do sertão paulista, não passam de variações de um grande tema continental. Ali o colono se põe a serviço do

    caçador; acolá se converte em herdeiro do pioneiro; em São Paulo é o continuador do bandeirante” (p. 124). 

    Esses colonos são, principalmente, imigrantes ou descendentes de imigrantes italianos e japoneses cuja função

    foi substituir a mão de obra escrava. Os colonos se deslocam para o oeste e conseguem comprar pequenos lotes (sítios) com

    suas parcas economias porque, com a crise econômica de 1929, os grandes produtores de café têm, como uma das saídas

    para fazer dinheiro, retalhar suas fazendas em parcelas menores. Com isso, a ocupação capitalista do oeste de São Paulo se

    viabiliza e se acelera com a movimentação das pessoas, acompanhando as ferrovias e a fundação de vilas ao longo do seu

    percurso.

    Do ponto de vista paisagístico, Leite (1972) afirma que “sua própria constituição geológica lhe confere a

    ondulação suave; paisagem diferente, ampla, para o viajante que procede das serras litorâneas e que vê o horizonte alargar-

    se até onde a vista não mais alcança. Para o habitante destes rincões, no entanto, tal paisagem se torna, aos poucos,

    cansativa, monótona, quebrada apenas pelos vales dos tributários do Rio Paraná, mostrando, às vezes, terras mais

    vermelhas (...)” (p.13). 

     Assim, se originalmente a área estava caracterizada pelo latifúndio, ela pôde, pouco depois, conhecer as

    pequenas propriedades rurais exploradas em regime familiar.

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     Ao mesmo tempo, a ferrovia (Estrada de Ferro Sorocabana) expandiu-se pela região, ao longo do espigão entre

    os rios do Peixe e Paranapanema, ora antes, ora juntamente com a fundação das vilas, constituindo-se em importante

    elemento da infra-estrutura da economia cafeeira, pois significava, para a época, transporte rápido, seguro e barato da

    produção regional para São Paulo e para Santos, quando se tratava de exportações. A ferrovia favoreceu a penetração no

    sertão como apoio aos loteamentos urbanos e rurais e à exploração do solo.Enfim, a busca de solos inexplorados para o café, a especulação com as terras, a valorização pelo

    parcelamento de grandes glebas, a ferrovia, podem ser considerados como os principais elementos básicos para a ocupação

    da área que, tomando emprestado o nome da ferrovia, ficou conhecida como Alta Sorocabana.

     A possibilidade, evidenciada pela propriedade da terra, de apropriação da renda fundiária sob diferentes formas

    de transação (compra e venda de lotes rurais e urbanos, e produção do café, além de outros produtos agrícolas) torna-se

    objetivo e base para a acumulação de capitais na região que fundamentam a expansão para oeste das áreas agrícolas, o

    desenvolvimento do comércio e a fundação de estabelecimentos industriais, principalmente nos ramos de bebidas e

    alimentos, nas áreas urbanas.

    É com este “pano de  fundo” da ocupação do território do oeste paulista que se inserem as iniciativas de

    Francisco de Paula Goulart e José Soares Marcondes, ambos fazendeiros de café e negociantes de terras.

    O coronel Goulart era proprietário, juntamente com seus irmãos de origem paterna, do latifúndio chamado

    Fazenda Pirapó-Santo Anastácio. Em 1917, chegou ao local onde se ergueria a estação ferroviária, a primeira localizada em

    suas terras, e mandou demarcar o território de um loteamento urbano e, ao lado, de uma fazenda que pretendia abrir paraplantar café. Assim, em 14 de setembro de 1917, nasceu a Vila Goulart. Ao mesmo tempo em que abria sua fazenda, Goulart

    ia vendendo terras para os interessados em atividades agrícolas. Além dos lavradores, apareceram outros mais interessados

    em comprar lotes na vila para a exploração do comércio. Com a inauguração do tráfego normal de trens em 19 de janeiro de

    1919, o aumento do número das pessoas que chegavam fez crescer as populações rural e urbana.

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    Diferentemente de Goulart, o coronel Marcondes não era proprietário único, mas possuía uma empresa

    colonizadora que negociava vendendo terras, a Companhia Marcondes de Colonização, Indústria e Comércio. Logo, obteve a

    opção de venda de várias glebas, dentre elas a fazenda Montalvão, latifúndio fronteiriço com a fazenda Pirapó-Santo

     Anastácio, cujos limites eram definidos pela linha férrea.

    Chegando ao local em fins de 1919, Marcondes iniciou a venda de 4.700 alqueires da Montalvão, que foramretalhados em pequenos lotes de 5 a 20 alqueires, após organizar uma campanha publicitária em todo o estado e mesmo no

    exterior, divulgando as qualidades do solo e as oportunidades de riqueza, e conseguindo com a direção da Estrada de Ferro

    Sorocabana, o transporte dos compradores em vagões especiais. Isso facilitou os negócios e, após a venda de todos os lotes

    rurais, traçou, do outro lado da estação ferroviária e defronte a Vila Goulart, a Vila Marcondes a fim de, como no caso da

    outra, servir de abastecimento de gêneros e de instrumental de trabalho, onde se encontrasse escola, médico, farmácia e

    hospital, todos elementos importantes como atrativos para a vinda e para a fixação dos compradores de terras.

    Com o crescimento das duas vilas, formou-se o núcleo urbano que logo receberia o nome da estação férrea, ou

    seja, Presidente Prudente.

    Em resumo, segundo Abreu (1972), a colonização Goulart caracterizou-se por ser individual, pessoal, sem

    planificação, sem capital senão a própria terra, continuando o espírito do pioneirismo de José Teodoro; e a colonização

    Marcondes foi de caráter empresarial com maior suporte financeiro, investindo com estudada propaganda para realizar

    negócios. As diferenças de suas ações de capitalistas opunham os dois coronéis, cuja rivalidade, com a criação do município

    e a instalação do distrito policial, em 1921, manifestou-se nas decisões políticas e nas eleições.

    Pelo recenseamento de 1920, os habitantes do núcleo urbano somavam 846 e o recenseamento escolar

    acusava 251 crianças de cinco a doze anos de idade, o que propiciou a instalação de uma agência postal e de uma escola.

    Esses e outros indicadores propiciaram a exigência para a instalação do município, num desmembramento de Conceição do

    Monte Alegre, muito distante da vila.

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    O distrito de paz e o município foram criados em 28 de novembro de 1921, pela lei número 1798, sendo

    instalados em 27 de agosto de 1923, abrangendo uma área de aproximadamente 20.000 km2 (8% da área total do estado). A

    comarca foi criada em 1922 pela lei número 1887, de 8 de dezembro, desmembrando-se de Assis, sendo instalada em 13 de

    março de 1923.

    O município teve, na década de 1920, a cultura cafeeira como a atividade econômica mais importante, exercidapor proprietários de terras, empreiteiros e colonos. Em 1927, foi estimado, em 10 milhões, o número de pés de café. A

    produção do café, que aumentou na década seguinte, teve um rápido declínio, causado principalmente pela falta de

    conservação dos solos, pelas geadas que esporadicamente dizimavam as lavouras, pela diminuição da exportação em

    virtude da crise do capitalismo, cujo referencial mais conhecido é o  crack  da bolsa de Nova York e, posteriormente, pela

    concorrência exercida pelas produções de outros países da América Latina.

     A cidade consolida, pouco a pouco, seu papel de centralidade regional. Instala-se a paróquia católica e o

    primeiro grupo escolar (Adolpho Arruda Melo) em 1925, em 1926, aparece a primeira agência bancária (Banco Noroeste) e é

    fundado o primeiro jornal da cidade, A Voz do Povo.

     A substituição de grandes áreas de café pelo algodão foi inevitável, favorecida pela expansão da indústria têxti l

    brasileira e pela exportação do produto. Com isso, várias firmas estrangeiras instalaram-se em Presidente Prudente e em

    outras cidades, comercializando e financiando principalmente os pequenos plantadores, determinando os preços nas épocas

    de safras, e constituindo as primeiras manifestações do processo de industrialização da cidade e da região. Esse processo

    teve também, como componentes, a exploração da madeira e a produção de carne.

    Se, em 1931, havia 17 estabelecimentos industriais na cidade, em 1940 esse número passou para 138, com um

    faturamento de Cr$ 23.071.000,00, empregando 655 pessoas. Embora as atividades de transformação estivessem presentes

    na cidade, a pequena expressão industrial pode ser explicada pelo fato de que os estabelecimentos industriais surgiram para

    completar sua economia agrícola: ultrapassada a fase cafeeira, o algodão e o gado exigem o mesmo tipo de indústria que o

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    café tivera, ou seja, estabelecimentos para o beneficiamento da produção (beneficiadoras de algodão, frigoríficos e

    curtumes).

     Assim, na década de 1940, o núcleo urbano de Presidente Prudente, fundado para dar arrimo aos negócios da

    terra e à exploração agrícola, vai se constituindo num centro comercial, de beneficiamento de produtos agrícolas e de

    prestação de serviços para uma ampla área, conhecida como Alta Sorocabana, definindo cada vez mais claramente seupapel nodal na rede urbana regional.

    O crescimento da população urbana, o desmembramento para a criação de outros municípios, a expansão da

    malha urbana e o início da verticalização, vão mudando as dimensões da cidade e do município nas décadas seguintes.

    Principalmente no que se refere ao crescimento e ao papel regional da cidade, o fato urbano torna-se mais emergente,

    colocando as atividades agrícolas em segundo plano, invertendo a situação das décadas anteriores.

     A criação de novos municípios foi motivada pela fundação, ao longo da linha da ferrovia, de novas vilas que

    teriam o mesmo papel já indicado para Presidente Prudente, ou seja, de entreposto de distribuição de mercadorias que

    vinham de São Paulo e do exterior e de recolhimento da produção agrícola das propriedades rurais mais próximas.

    Em 1930, o mapa da região registra dois novos municípios: Santo Anastácio e Presidente Venceslau. Em 1940,

    Presidente Bernardes e Regente Feijó desmembram-se de Santo Anastácio e Presidente Prudente, respectivamente. Em

    1950, os desmembramentos que se seguem fazem surgir os municípios de Presidente Epitácio, Piquerobi, Pirapozinho,

    Indiana e Martinópolis.

    O mapa regional de 1960 mostra os novos municípios criados: Caiuá, Marabá Paulista, Mirante doParanapanema, Anhumas, Taciba e Caiabu. Assim, os desmembramentos não ocorrem apenas ao longo da linha da ferrovia,

    mas com a criação de municípios que se instalam em caminhos que demandam o Paraná e a Alta Paulista.

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     Analisando a expansão territorial e as condicionantes políticas da cidade de Presidente Prudente, Sposito

    (1990), afirma que “até o início dos anos sessenta, a informalidade na organização fundiária do território urbano,

    característica do coronelismo e do populismo típicos do oeste do estado de São Paulo, construiu e transformou a cidade num

    conjunto de loteamentos e de lotes irregulares (do ponto de vista legal), arruamentos com descontinuidade e dimensões tais

    que prejudicavam a circulação e apresentavam ocupação heterogênea (em termos funcionais) por toda a área da cidade”.  Assim, “a cidade se apresenta como unidade de contrários: em nome da uniformidade social, o espaço urbano é

    construído de maneira caótica, camuflando as diferenças sociais (acentuadamente no que concerne à oposição entre

    proprietários e não proprietários do solo) que são visíveis à primeira observação mais atenta” (p. 50).

    O autor ainda demonstra que, nas décadas de 1960 e de 1970, aconteceram mudanças importantes na cidade,

    em virtude do aumento do número de habitantes, de diferenciações no tipo de industrialização (de unidades beneficiadoras

    dos produtos locais para uma diversificação maior nos estabelecimentos industriais, que se desvinculam da produção

    agrícola regional) e do desenvolvimento de atividades terciárias. Essas transformações exigem outros processos de produção

    do espaço urbano, como a legalização de loteamentos, juntamente com as mudanças nos discursos dos candidatos,

    empunhando plataformas que modernizem o discurso populista e organizem setores administrativos municipais e aumentem

    o número de funcionários públicos, “racionalizando” os investimentos para determinadas áreas  da cidade (Sposito, 1990, p.

    52).

    Em resumo, os traços que se delineavam na década de 1960 (aumento da população urbana, mudanças no tipo

    de industrialização e desenvolvimento do terciário), associados à expansão territorial urbana e às mudanças no poder político

    local, foram básicos para a lenta decadência do populismo e a emergência de um poder político de tipo gerencial, que passou

    a enfatizar os aspectos administrativos. Esse caráter empresarial do governo municipal tornou-se a base, no nível local, para

    a concentração da propriedade urbana, revestindo as ligações entre os grupos dominantes e o poder público de um matiz

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    legalista que suprimiria as iniciativas chamadas populares, que tiveram alguma atuação nos primeiros anos da década de

    1980.

     Até a década de 1970, a relação do homem com o meio ambiente e o processo irregular de ocupação de terras

    foram temas tratados e denunciados por vários estudiosos da região, mas ainda não constituíam questões que se tornam

    centrais nas décadas seguintes, como a questão ambiental e os conflitos agrários, principalmente no Pontal doParanapanema, onde não apenas a forma ilícita como a maioria das suas terras foram apropriadas pela grilagem de terras

    devolutas, mas também as práticas predatórias de exploração da natureza que desrespeitaram as áreas de reservas de

    florestas que ainda restavam.

    No que concerne aos aspectos políticos, o revezamento do poder entre diferentes agentes econômicos, ligados

    às mais diversas associações de classes ou de grupos, só vai sofrer mudança em sua base de sustentação com a eleição do

    prefeito em 1996, cuja coligação, personificado em Mauro Bragato, pela primeira vez na história de Presidente Prudente,

    apresenta uma plataforma baseada em estudos da realidade da cidade, cujas formas de atuação levam em conta o papel do

    cidadão.

    No período seguinte, as eleições municipais demonstram retrocesso no plano político porque saiu vitorioso das

    urnas Agripino Lima, principal proprietário de uma rede de empresas (universidade, jornal, televisão, emissoras de rádio,

    comércio, fazenda, transportes, por exemplo), cujas práticas repetem aquelas outrora conhecidas do coronelismo, acrescida

    de características modernizantes porque se apoia na mídia, impressa e televisada, nas coligações com grupos da burguesia

    local e na intimidação para exercer o estilo de mandonismo político.

    Essas práticas suspenderam várias conquistas que haviam mudado o cotidiano da cidade, como o envolvimento

    do poder público com a modernização do serviço público, a legalização da propriedade urbana, com grupos da terceira idade,

    com os ganhos sociais nas áreas da educação, da saúde, dos transportes e do desenvolvimento econômico.

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    Essa dinâmica transformou, como afirmou Dundes (2007), a região do devir, cuja centralidade se afirma em

    Presidente Prudente, próspera em possibilidades e que desenhava seu próprio progresso, “a região pujante do passado”, na

    região do atraso, coberta pela cultura da cana-de-açúcar, pelos inúmeros presídios e marcada pelos conflitos de terras que

    indicam os pontos onde a grilagem foi intensa, principalmente em terras devolutas. Tudo isso leva a uma diminuição no preço

    das terras rurais e à redução da renda fundiária apropriada.No início do século XXI, Presidente Prudente, cidade cuja população ultrapassa os 200 mil habitantes, é um

    centro regional que absorve, economicamente, toda a sua área de influência e se caracteriza por ser importante centro

    universitário, de comércio e de serviços, com parque industrial insignificante, se comparado com outras áreas do Estado de

    São Paulo. Distante 560 quilômetros da capital do estado por rodovia, a cidade carece de investimentos na sua infra-estrutura

    logística, principalmente no que concerne aos transportes, pela ausência de autopistas que liguem a cidade a outras áreas,

    pela precariedade e pelo preço muito alto de passagens aéreas e por ônibus, o que aumenta os custos de deslocamento de

    pessoas e mercadorias.

    Essa situação de fraqueza econômica será modificada, somente se as forças políticas da cidade e da região se

    conscientizarem de que, para que haja melhores condições de desenvolvimento, é preciso que o capital regional, associado

    ao capital de origem externa, sejam investidos em atividades produtivas, desviando-se das práticas especulativas. Além

    disso, é preciso que haja continuidade no planejamento, respeitando-se as normas de produção do espaço urbano, que

    devem ser norteadoras de um plano diretor sério e que contenha as diretrizes estabelecidas pelo estatuto da cidade e não

    apenas o desejo das corporações de proprietários fundiários ou de uma elite que se isola em condomínios fechados, negando

    a cidade aberta e se fragilizando quando se consolida uma cidade de porte médio com caráter fragmentado.

    Bibliografia básica

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     ABREU, Dióres Santos. Formação histórica de uma cidade pioneira Paulista: Presidente Prudente. Presidente Prudente:

    FFCLPP, 1972.

    DUNDES, Ana C. Região do devir e região do atraso. Discurso e representações sobre a região de Presidente Prudente, SP.

    Presidente Prudente: FCT/UNESP, 2007 (Tese de Doutorado).

    MONBEIG, Pierre. Pioneiros e fazendeiros de São Paulo. São Paulo: Hucitec/Polis, 1984.

    SALLUM Jr., Brasílio. Capitalismo e cafeicultura. Oeste Paulista: 1888-1930. São Paulo: Duas Cidades, 1982.

    SPOSITO, Eliseu Savério. Produção e apropriação da renda fundiária em Presidente Prudente. São Paulo: FFLCH/USP,

    1990 (Tese de Doutorado).

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    Presidente Prudente: que cidade é esta? 

    Maria Encarnação Beltrão SpositoProfessora Livre-Docente do Departamento de Geografia

    FCT/UNESP, Campus de Presidente Prudente

    Pesquisadora do CNPq

    Foi exatamente esta a pergunta que me fiz  – que cidade é esta?  – há pouco mais de 40 anos atrás, quando

    minha professora na escola primária, distribuiu entre os alunos da classe as cidades que a cada um corresponderia

    representar num jogo destinado a memorizarmos as mais importantes estações de cada uma das ferrovias paulistas. A mim,

    coube representar Presidente Prudente. Sobre esta experiência, minha memória apenas reteve que era muito longe de São

    Paulo, onde eu morava então.

     Alguns anos depois, tive que começar a enfrentar, de novo modo, a tarefa de responder esta questão, pois

    meus pais decidiram vir morar em Presidente Prudente. Eu tinha 16 anos, grande curiosidade sobre o que seria morar fora da

    metrópole e um pouco de indisposição para viver essa nova experiência. De todo modo, minha vida, desde então, passou a

    se vincular de forma mais forte a essa cidade. Aqui fiz o curso de Geografia, na antiga FAFI, vivi minhas experiências de

    política universitária, casei-me. Aprendi um pouco mais, vivendo essa cidade.

    Depois de trabalhar por dois anos e meio em São Paulo, retornei a morar em Presidente Prudente, quando

    ingressei em 1980, como professora do Departamento de Geografia, da mesma instituição, já Universidade Estadual Paulista

    e essa foi minha terceira aproximação dela. Dediquei-me, como pesquisadora e como professora, ao estudo das cidades.

    Preferi jogar meu foco de atenção sobre cidades médias, com especial destaque para Presidente Prudente. Incluí essa

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    cidade nos objetos de pesquisa de meu Mestrado, meu Doutorado e me minha tese de Livre Docência. Orientei vários

    trabalhos científicos sobre ela. Assim, aprendi a aprender um pouco mais sobre essa cidade, por meio da pesquisa.

    Por que teria algum sentido esse pequeno relato de uma grande parte da minha vida, a partir de minhas

    aproximações de Presidente Prudente?

    Porque, depois de todas essas experiências, estudos e análises, ainda encontro dificuldade para responder à

    mesma pergunta que me acometeu quando tinha oito anos de idade e continuo me indagando: Que cidade é esta?

    Caminhando e procurando me aproximar um pouco mais da resposta, a proposta formulada por Maria Ângela

    D‟Incao de contribuirmos para um livro sobre Presidente Prudente, coloca-me, de forma inexorável, diante da tarefa de, sem

    responder a pergunta, sintetizar um pouco da compreensão, sempre parcial e incompleta, que consegui elaborar sobre

    Presidente Prudente, a partir do desenvolvimento de três pontos.

    I - Mais transformações que permanências

     As cidades, no mundo todo e em diferentes momentos do longo processo de urbanização, caracterizam-se por

    uma combinação, sempre singular a cada uma delas, entre o que se transforma e o que permanece.

    Em grande parte dos casos, as transformações são maiores quanto mais antigas são as cidades, já que os

    tempos longos propiciam-lhes expressar e apoiar as grandes transformações econômicas, políticas, sociais, culturais, éticas,

    estéticas etc.

    Presidente Prudente é uma cidade muito jovem, mesmo considerando que a urbanização crescente da

    sociedade e da economia brasileira é, comparativamente, a outros países, um processo também muito recente.

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     Apesar desse fato  – sua juventude  – essa cidade é mais transformações do que permanências, como se ela

    tivesse vivido em apenas 90 anos, muitos tempos e como se na Presidente Prudente de hoje pudéssemos reconhecer

    múltiplas temporalidades, as que representam as remanescências do passado, tanto quanto as que expressam a convivência

    no presente entre as diferentes temporalidades de seus moradores.

     A prevalência das transformações sobre as permanências pode ser vista sob dois pontos de vista.

    Um deles considero bastante positivo e o destaco como „estrangeira‟. Essa cidade teve importante papel de pólo

    da frente de expansão, quando se originou no bojo da constituição do complexo cafeeiro e esse traço permanece no espírito

    aberto que aqui vigora quando se trata de acolher quem chega. Todos são, em princípio, bem recebidos e podem aqui se

    estabelecer e desenvolver sua vida econômica, política e social. Para constatar esse traço, basta olhar a seqüência dos que

    estiveram no poder político nessa cidade, nesses 90 anos, pois não apenas se tratam de pessoas, famílias, sobrenomes e

    grupos de interesses diferentes, como, em grande parte dos casos, de não prudentinos. Lamentavelmente, essa abertura ao

    que chega não se traduz, ainda, em acesso ao poder político pelos que representam interesses mais coletivos. De todo

    modo, essa abertura em relação a quem chega diferencia Presidente Prudente de outras cidades do interior paulista, nas

    quais o bairrismo ou o regionalismo orientam as visões que se elaboram sobre o novo.

    Sob outro ponto de vista, a velocidade das transformações vis-à-vis às permanências tem conseqüência que

    considero negativa. Refiro-me à rapidez como seu patrimônio histórico está se perdendo, dando destaque aos conjuntos

    urbanísticos e arquitetônicos que poderiam ser base de constituição de uma memória urbana. Não há praticamente

    testemunhos das duas primeiras décadas de vida dessa cidade, pouquíssimos remanescem das décadas seguintes. Não

    temos nada que represente as casas pioneiras, a primeira capela não existe mais, o prédio que, originalmente, abrigou a

    estação ferroviária já foi substituído por outro, que um pouco abandonado corre o perigo de se perder do mesmo modo.

    Inúmeras iniciativas de tombamento de parcelas do espaço urbano, edificações ou elementos do mobiliário urbanos têm sido

    mal sucedidas.

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     A responsabilidade por essa falta de apego ao que representa nosso passado coletivo, vem sendo atribuída à

    falta de sensibilidade ou eficácia do poder público, mas é fato que poucas ações da sociedade civil têm sido feitas no sentido

    de reverter essa postura. Talvez, estejamos tão acostumadas a mudar, que não saibamos reconhecer o que é preciso fazer

    para que o essencial possa permanecer.

    II - Mais desigualdades que diferenças

    O desenvolvimento da Modernidade e a constituição de um Sistema-Mundo, expressão e apoio ao modo

    capitalista de produção, coloca em constante comparação povos, culturas, níveis de desenvolvimento econômico ou social,

    países, regiões e cidades.

     Assim, criamos a tradição de cotejar processos, dinâmicas, fatos e informações, mesmo que sejam, às vezes,

    de natureza ou tradição diversas. Disso decorre, no mundo contemporâneo, a tendência ao estabelecimento de índices queevidenciam nossas desigualdades e, às vezes, acobertam nossas diferenças.

    Fazendo um rápido vôo sobre a história curta de Presidente Prudente, tomando como base meu olhar de

    geógrafa, vejo que evoluímos em termos de expansão e desenvolvimento urbanos das diferenças para as desigualdades.

     A cidade nas suas primeiras décadas era ambiente de muitas diferenças: imigrantes italianos e japonenes

    convivendo com mineiros e nordestinos; o rural se confundindo com o urbano nas relações econômicas, nos valores e nas

    práticas socioespaciais; o novo que caracterizava a expansão cafeeira convivendo com o velho marcado pelas práticas

    coronelistas etc.

    Essas diferenças, em parte, atenuaram-se, ainda que as decorrências delas estejam ainda presentes. A matriz

    cultural que nos conduz, atualmente, é mais a da sociedade de mercado, de um país de economia dependente num mundo

    em globalização, que nossas origens nacionais ou estrangeiras, nossos espaços de trabalho ou residência rurais ou urbanas,

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    nossos interesses econômicos em diferentes setores. Assim, Presidente Prudente é mais parecida com o resto do Brasil e do

    mundo do que era há 50 anos atrás.

    Entretanto, sua evolução refletiu a tendência geral, observada no Brasil, a da acentuação das disparidades, pois

    seu desenvolvimento econômico e liderança política, maiores que o das cidades circunvizinhas que se originaram no mesmo

    período, deram-lhe a condição de capital regional e, ao mesmo tempo, ofereceram as bases para um crescimento territorialgrande.

    Esse crescimento, nos termos em que se realizou, levou a expansão do seu tecido urbano, em níveis maiores

    do que o próprio ritmo de crescimento econômico e demográfico, obsrrvado nos últimos 25 anos. A cidade é, hoje, maior do

    que precisaria ser, como denota o grande número de lotes não edificados que constituem seu tecido urbano. Essa extensão

    em tamanho não significa, entretanto, que todos moram bem ou que haja uma distribuição eqüitativa dos meios necessários à

    vida urbana.

     A realização de pesquisas, com destaque para as coordenadas por dois grupos de pesquisa da UNESP,

    interessados nos estudos urbanos – Grupo de Pesquisa Produção do Espaço e Redefinições Regionais (GAsPERR) e Centro

    de Estudos e de Mapeamento da Exclusão Social para Políticas Públicas (CEMESPP)  –  têm denotado a ampliação das

    desigualdades, expressas sob a forma de constituição de áreas de segregação socioespacial e de setores de grande

    exclusão social.

    Nos setores norte e leste da cidade há áreas residenciais em que seus moradores, além das distâncias e

    dificuldades de acesso em que se encontram em relação à parcela melhor equipada do território urbano, vivem em áreas

    residenciais servidas de modo precário por infra-estruturas, equipamentos e serviços públicos. Ao contrário, no setor sul,

    desde o Parque do Povo até quase o Aeroporto, ampliou-se a implantação de loteamentos fechados e abertos, destinados

    aos padrões de consumo mais altos, bem como os investimentos públicos em áreas de lazer, avenidas e outros meios de

    consumo coletivo. A produção do espaço urbano vem, então, gerando a acentuação no plano espacial, das desigualdades

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    existentes no plano socioeconômico. Nesses termos, somos mais desiguais do que nunca, e isso pode ser um elemento que

    nos conduz, enquanto sociedade à intolerância ou descaso em relação às diferenças.

    III - Mais valorização do privado do que do público

    Tem sido o conjunto de interesses que orientam a produção do espaço urbano, um elemento muito importante

    para explicar Presidente Prudente.

     A cidade teve seu desenvolvimento econômico pouco atrelado ao desenvolvimento industrial, diferenciando-a

    da maior parte das cidades médias paulistas. As atividades comerciais e de serviços tiveram e têm peso fundamental para

    explicar sua condição de capital regional e o crescimento de setores privados nas áreas de saúde e ensino superior é

    característica que lhe é peculiar. A estrutura fundiária rural, bastante concentrada, e o predomínio, nas últimas décadas, de

    atividades agropastoris, apoiadas, sobretudo, na pecuária e, mais recentemente, na ampliação da produção de cana-de-açúcar geram riqueza que, nem sempre, pode ou quer se reproduzi no próprio campo.

     Assim, como se originou, da junção de dois núcleos urbanos implantados para apoiar a venda de terras,

    Presidente Prudente continua a ter grande parte de sua economia fundamentada no mercado fundiário e imobiliário.

    Esses interesses, os quais têm aqui peso maior do que em outras cidades de mesmo porte demográfico e

    importância, combina-se, de modo perverso, com a acentuação das desigualdades socioespaciais, destacadas no item

    anterior e com a incipiência da classe média, em parte decorrente do baixo crescimento de seu setor industrial.

    Essa articulação de fatores e determinantes, que não lhe é singular, mas ganha aqui dimensões maiores, ajuda

    a compreender como e porque, cada vez mais, a cidade se estrutura com valorização da esfera e dos espaços privados, em

    detrimento da esfera e dos espaços públicos.

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    Denotam essa tendência a importância objetiva e subjetiva que têm, na estruturação do espaço urbano de

    Presidente Prudente, a ocorrência e o crescimento de espaços de vida econômica e social que são de convívio coletivo, sem

    serem públicos, como os shopping centers e os loteamentos fechados.

     A eles combina-se o desapego relativo da sociedade local à memória urbana, como já destaquei, ao centro

    histórico e principal como espaço de convivência entre as diferenças, às instituições públicas e privadas que representaminteresses públicos e coletivos. Igualmente, nota-se a pouca freqüência de reuniões e o peso pequeno nas decisões de

    instituições que podem ter papel importante na preservação dos interesses públicos como os conselhos municipais que, nos

    últimos seis anos, pouco têm atuado ou podido atuar.

    Por último, é preciso observar que uma imprensa mais crítica e atuante e uma universidade mais aberta à

    sociedade poderiam ser, também, vozes mais efetivas em defesa dos interesses públicos.

    Foi, também, pensando em como caracterizarei essa cidade daqui a dez anos, quando ela completar um

    centenário, que inclui a universidade, meu ambiente de trabalho, no rol das instituições que podem ter papel nas mudanças e,

    assim, termino este depoimento-ensaio reafirmando meu desejo e meu compromisso com a reversão dos pares dialéticos

    que escolhi para tentar responder: que cidade é essa?

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    Caracterização dos aspectos ambientais da Região Administrativa de Presidente Prudente

    João Osvaldo Rodrigues Nunes

    Professor do Departamento de Geografia

    FCT/UNESP, Campus de Presidente Prudente

    A Geomorfologia

     A primeira subdivisão do relevo do Estado de São Paulo foi apresentada por Rego (1946), delimitando o

    Planalto Ocidental, à Depressão Periférica, os relevos cuestiformes e as áreas cristalinas (IPT, 1981b: 6;7). Posteriormente

    vieram os trabalhos de Deffontaines (1935), Monbeig (1949), Ab‟Saber (1956), Ab‟Saber e Bernardes (1958), e Almeida

    (1964). Este último serviu de base para a elaboração do Mapa Geomorfológico do Estado de São Paulo  –  escala 1:

    1.000.000, feito pelo IPT (1981b).

    De acordo com o Mapa Geomorfológico do Estado de São Paulo (IPT, 1981b), o Estado de São Paulo está

    dividido em cinco províncias geomorfológicas que são: I  –  Planalto Atlântico; II  –  Província Costeira; III  –  Depressão

    Periférica; IV  – Cuestas Basálticas e V  – Planalto Ocidental Paulista. Geomorfologicamente, o Oeste Paulista encontra-se

    localizado no Planalto Ocidental Paulista, que abrange uma área de aproximadamente 50% do Estado de São Paulo, indo

    desde a província das Cuestas Arenítico - Basálticas até ao limite norte (rio Grande), oeste (rio Paraná) e sul (rio

    Paranapanema).

    No trabalho “Os baixos chapadões do oeste paulista”, Ab‟Saber (1969:1) caracteriza o Planalto Ocidental

    Paulista como “...uma vasta extensão de chapadões areníticos de vertentes convexas suaves, constitui uma das áreas de

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    relevos tabuliformes de centro-de-bacia, das mais típicas do país”. Mesmo tendo uma configuração topográfica regional

    parecida “...em vários setores dos “espigões” dos chapadões ocidentais paulistas, mesmo em setores de grande

    rebaixamento topográfico, existem relevos que escaparam aos efeitos homogeneizantes das aplainações neogênicas”

    (AB‟SABER, 1969:4). Podem-se destacar como relevos diferenciados, os planaltos interiores de Marília-Garça-Echaporã,

    Monte Alto e Catanduva (IPT, 1981b: 70).Para Sudo (1980: 2), o Planalto Ocidental Paulista se desenvolve em uma Superfície de Reverso de Cuesta,

    onde suas altitudes decrescem de 900 a 1000 metros nos altos da Cuesta Arenítico-Basáltica , até 250 a 300 metros nas

    barrancas do rio Paraná. A maioria dos principais cursos d‟água do Planalto Ocidental Paulista, que fazem parte da região do

    Pontal do Paranapanema, apresenta-se como rios conseqüentes, com um sistema de drenagem paralelo rumando em

    direção à calha do Rio Paraná. Outros cursos d‟água de menor porte, que deságuam no rio Paranapanema, como os rios

    Pirapozinho, Laranja Doce e Anhumas, apresentam-se como subseqüentes.

    No município de Presidente Prudente, conforme IPT (1981b: 71) as formas de relevo dominante são os

    Morrotes Alongados e Espigões e as Colinas Médias. No caso dos Morrotes Alongados e Espigões, relevo no qual situa-se o

    núcleo urbano da cidade de Presidente Prudente, predominam declividades médias a altas acima de 15%, com amplitudes

    locais inferiores a 100 metros. De modo geral, predominam interflúvios sem orientação preferencial, com topos angulosos e

    achatados e vertentes ravinadas com perfis retilíneos. A drenagem é de média a alta densidade, com padrão dendrítico e

    vales fechados.

    Estruturalmente, estes são os relevos mais acidentados, estando associados à Formação Adamantina, que

    compreende geralmente arenitos com cimentação carbonática. Além disto, de modo geral, predominam nestas áreas os solos

    Podzólicos Vermelho - Amarelo eutróficos e Vermelho - Amarelo abrúpticos (BARRIOS, 1995: 54), atualmente denominados

    de Argissolos Vermelho – Amarelo (OLIVEIRA, 1999).

    Nas Colinas Médias, predominam as baixas declividades até 15% e amplitudes locais inferiores a 100 metros.

    Os interflúvios compreendem áreas em torno de 1 a 4 km2, cujos topos são aplainados. As vertentes têm um perfil convexo a

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    retilíneo, com uma drenagem de média a baixa densidade de padrão sub-retangular. Os vales são abertos a fechados, tendo

    planícies aluviais interiores restritas, com a presença eventual de lagoas perenes ou intermitentes.

    Sudo (1980), ao abordar os aspectos da compartimentação geomorfológica observada na região da Bacia

    Hidrográfica do Alto rio Santo Anastácio, delimitou três unidades principais de relevo: Superfície de Cimeira Regional (acima

    de 500 metros); Interflúvios Escalonados (de 480 metros até 380 metros); Terraços e planícies de inundação.

    O primeiro grande compartimento de relevo compreende o domínio dos chapadões rebaixados pela erosão

    neogênica do extremo Oeste Paulista. De modo geral, os chapadões ou espigões suavemente convexos, cujos topos em boa

    parte são oriundos de formas residuais, são sustentados por camadas areníticas ainda coerentes.

    Conforme Sudo (1980: 71), o conjunto que compreende este domínio geomorfológico forma um “...espigão

    maior que se comporta como divisor principal das águas da bacia do Santo Anastácio, pelo lado oeste, das águas da bacia do

    Ribeirão do Mandaguari, pelo lado norte-nordeste, e das da bacia do Ribeirão da Laranja-Doce, a leste-sudeste”. A cidade de

    Presidente Prudente que esta situada neste espigão maior, “...corresponde a um ramo digitado da superfície cimeira regional

    cuja extensão mais expressiva encontra-se na região de Martinópolis”  (SUDO, 1980: 72).

    O compartimento dos interflúvios colinosos escalonados altimetricamente está localizado nas bordas da

    superfície de cimeira (480 m) até os níveis de terraço (380 m). É o domínio do relevo de colinas côncavo-convexas de topos

    suavemente ondulados, geralmente com colúvios de pouca espessura, resultante de processos morfoclimáticos oriundos de

    clima seco a úmido. O compartimento dos terraços e planícies de inundação se apresenta de modo descontínuo ao longo do

    rio Santo Anastácio.

    o município de Presidente Prudente encontra-se localizado na Bacia Sedimentar do Paraná (morfoestrutura) e

    no Planalto Ocidental Paulista (morfoescultura), mais precisamente no Planalto Centro Ocidental (ROSS e MOROZ, 1996:

    50), cujas formas de relevo predominate são as colinas amplas e baixas com altimetria em torno de 300 a 600 metros,

    declividade variando entre 10 a 20% e predomínio de Latossolos e de Argissolos.

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    A Geologia

    Especialmente para o município de Presidente Prudente, a Formação Adamantina apresenta-se como a mais

    importante e amplamente documentada, pois na maioria das pesquisas geológicas desenvolvidas na região do Pontal do

    Paranapanema apresenta-na como a de maior expressão e representatividade. Conforme é especificado por IPT (1981 a: 48)

    esta unidade é constituída por “...arenitos finos a muito finos, podendo apresentar cimentação e nódulos carbonáticos com

    lentes de siltitos arenosos e argilítos ocorrendo em bancos

    Em estudo realizado por Almeida et al. (1981; In: Relatório Zero da UGRHI do Pontal do Paranapanema, 1999:

    39-40), na região do Pontal do Paranapanema, ao analisar as diversas variações litológicas presentes na Formação

     Adamantina, propõem uma subdivisão em unidades de mapeamento denominadas de KaI, KaIV  e KaV. A unidade KaI  ,

    verificada entre os rios Paranapanema e do Peixe, corresponde a 37% do total aflorante no Pontal do Paranapanema. É

    constituída por arenitos quartzosos finos a muito finos, siltítos arenosos, arenitos finos argilosos e, subordinadamente, de

    arenitos médios, com a presença de bancos de cimentação carbonática.

     A unidade de mapeamento KaIV corresponde a 20,4% da área aflorante do Pontal do Paranapanema. Apresenta

    arenitos finos a muito finos, dispostos em espessos bancos alternados, apresentando intercalações e lentes de argilítos,

    siltitos e, mais restritamente, arenitos com pelotas de argilas. E a unidade Ka V , que corresponde a aproximadamente 4,8%

    da área aflorante, apresenta cimentação carbonática com ocorrência local de nódulos carbonáticos.

    Já em pesquisa realizada por Godoy (1999), denominada de “Estudo hidrogeológico das zonas não saturadas e

    saturadas da Formação Adamantina, em Presidente Prudente, Estado de São Paulo”, i dentifica uma das unidades de

    mapeamento propostas por Almeida et al . (1981), designada como KaV. Nesta unidade, que foi anteriormente identificada no

    interflúvio entre os rios do Peixe e Santo Anastácio, em área de relevo ondulado a fortemente ondulado “. .. é observada a

    existência de uma gama ampla de estruturas sedimentares, assim como uma concentração maior de bancos de arenito

    compacto, ou seja, aquele onde o teor do cimento carbonático é relativamente elevado” (GODOY, 1999: 21). 

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     A cimentação na Formação Adamantina apresenta maiores valores em área que pode ser delimitada, como se

    observa no mapeamento executado por Godoy et al (2006). Uma zona de maior concentração de cimento carbonático

    encontra-se em nivel distinto no conjunto de depósitos sedimentares da Bacia Bauru, sendo caracterizada pela

    predominância de arenitos lamíticos, lamitos e siltitos sobre arenitos com reduzida presença de matriz. Determinações de

    laboratório revelam uma redução significativa da porosidade com a cimentação elevada.

    É importante relacionar a concentração de cimento carbonático em determinadas zonas com a drenagem

    superficial. Em áreas de arenitos e lamitos muito cimentados, dada a nítida diminuição da porosidade pelo preenchimento dos

    interstícios com a matriz argilosiltosa e os carbonatos, o escoamento superficial é relativamente mais abundante, observando-

    se uma densidade de drenagem de valor nitidamente maior do que nas áreas de arenito menos compacto.

    Uma das características que se verificam na Formação Adamantina - período Cretáceo Superior, resultante do

    ambiente de sedimentação flúvio-lacustre, que provavelmente ocorreu em período quente e úmido, é a riqueza fossilífera

    encontrada, representada principalmente por dinossauros, mas também por outros vertebrados, como crocodilianos,

    quelônios e peixes, além de algas, bivalves, gastrópodes, escavações e tubos de vermes. coníferas, etc. (BARRIOS, 1995:

    28).

     A partir da caracterização das formações geológicas presente no Oeste Paulista, mostrou-se que a Formação

     Adamantina é a de maior representatividade na região e no município de Presidente Prudente. Na próxima etapa serão

    apresentadas as características pedológicas.

    Os Solos

    De acordo com o Mapa Pedológico do Estado de São Paulo (OLIVEIRA, 1999), no Oeste Paulista foram

    identificados e mapeados sete tipos de solos: os Argissolos Vermelho  – Amarelos (PVA); os Argissolos Vermelho (PV); os

    Latossolos Vermelhos (LV); os Nitossolos Vermelhos (NV); os Gleissolos Háplicos (GX), os Neossolos Quartzarênicos (RQ) e

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    os Planossolos Háplicos (SX). Os mais representativos para a região de Presidente Prudente são os Argissolos Vermelhos – 

     Amarelos e os Latossolos Vermelhos. Estes solos são os resultados de processos pedogenéticos ocorrido sob rochas

    areníticas do Grupo Bauru (Formação Caiuá, Santo Anastácio, Adamantina e Marília) e basálticas do Grupo São Bento

    (Formação Serra Geral).

    Os ARGISSOLOS são, na sua maioria, solos muito profundos (> 200 cm de profundidade). Na região dePresidente Prudente-SP são originários de rochas areníticas, com cimentação calcária do Grupo Bauru. Estes solos estão

    associados a relevos suavemente ondulados a ondulados.

    Os relevos suavemente ondulados apresentam-se em forma de colinas com rampas de declives longos e topos

    levemente arredondados ou achatados, com a morfologia dos vales em V muito aberto.

    Nos relevos ondulados, apresentam-se em forma de colinas menos declivosas de topos também levemente

    arredondados, com vales mais fechados em V. Não apresentam qualquer impedimento físico à penetração do sistema

    radicular pelo menos até 200 cm de profundidade a menos que apresente o fenômeno da compactação, resultante do usoinadequado do mesmo. Além disso, por apresentarem, no geral, textura média ou arenosa em superfície e baixa atividade da

    fração argila, são facilmente preparados para o plantio (OLIVEIRA, 1999).

    6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

     AB´SABER, A. N. A Geomorfologia do Estado de São Paulo. Aspectos Geográficos da Terra Bandeirante. Rio de Janeiro:IBGE, 1956.

     _______________ Problemas do Mapeamento Geomorfológico no Brasil.  Geomorfologia. Instituto de Geografia, USP. SãoPaulo, 1969.

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     AB´SABER, A.N. e BERNARDES, N. Vale do Paraíba, Serra da Mantiqueira e Arredores de São Paulo. In CONGRESSOINTERNACIONAL DE GEOGRAFIA, Guia de Excursões. Rio de Janeiro. n° 4, 1958.

     ALMEIDA, M. A.; STEIN, D. P.; MELO, M. S.; BISTRICHI, C.A.;PONÇANO. W.L.; HASUI, Y.; ALMEIDA, F.F.M. Geologia doOeste Paulista e áreas fronteiriças dos Estados de Mato Grosso do Sul e Paraná, In: Coletânea de Trabalhos e Debates:Publicação SBG-SP: Publicação Especial, n. 7, p.31-47. / Apresentado a Mesa Redonda A FORMAÇÃO BAURU NOESTADO DE SÃO PAULO E REGIÕES ADJACENTES, São Paulo, 1981.

     ALMEIDA, F.F.M de. Fundamentos Geológicos do Relevo Paulista. Boletim do Instituto Geográfico e Geológico.  SãoPaulo. N° 41, 1964.

    BARRIOS, Neide Aparecida Zamuner. O agrosssistema do extremo Oeste Paulista. São Paulo, 1995. 199p. Tese(Doutorado em Geografia) – Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo.

    DEFFONTAINES, P. Regiões e Paisagem do Estado de São Paulo: primeiro esboço de divisão regional.   Boletim daAssociação dos Geógrafos Brasileiros. São Paulo. Ano 1, n° 2., 1935.

    GODOY, Manoel Carlos Toledo Franco de. Estudo hidrogeológico das zonas não saturada e saturada da formaçãoadamantina, em Presidente Prudente, estado de São Paulo . São Paulo, 1999. p.19-21. Tese (Doutorado em RecursosMinerais e Hidrogeologia) - Instituto de Geociências, Universidade de São Paulo.

    GODOY, M.C.T.F.; ZANARDO, A.; MATIN-COCHER, P.X.; PERUSI, MC.; TSUCHYIA, I.Características do cimento dosdepósitos sedimentares d Bacia Bauru: Região de Presidente Prudente-SP. Geociências. Rio Claro: UNESP. V.24, 2006  – no prelo.

    INSTITUTO DE PESQUISAS TECNOLÓGICAS DO ESTADO DE SÃO PAULO (IPT). Mapa geomorfológico do Estado de

    São Paulo: 1:1.000.000. São Paulo: IPT, vol. II, 1981, p. 6; 7; 21; 70-2; (Publicação IPT 1183).

    INSTITUTO DE PESQUISAS TECNOLÓGICAS DO ESTADO DE SÃO PAULO (IPT). Mapa geológico do Estado de São

    Paulo: 1:500.000. São Paulo: IPT, vol. I, 1981, p. 46-8; 69 (Publicação IPT 1184).

    MONBEIG, P. A Divisão Regional do Estado de São Paulo. Anais da Associação dos Geógrafos Brasileiros. São Paulo. v.I, 1945-46, 1949.

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    OLIVEIRA, J.B.; CAMARGO,M.N.; ROSSI,M.;CALDERANO FILHO,B. Mapa pedológico do Estado de São Paulo (escala1:500.000). Campinas-SP:Instituto Agronômico; Rio de Janeiro-RJ: Centro Nacional de Pesquisa de Solos/EMBRAPA, 1999.108 p.RÊGO, L.F. de M. Notas sôbre a Geomorfologia de São-Paulo e sua Gênesis. Boletim Geográfico. Conselho Nacional deGeografia. Ano IV, n° 37 e 38. Abr/Mai, 1946. 

    ROSS, J. L. S & MOROZ, I. C. Mapa geomorfológico do Estado de São Paulo. Revista do Departamento de Geografia,São Paulo, n.10, p.41-56, 1996.

    SUDO, Hideo. Bacia do alto Santo Anastácio – estudo geomorfológico. São Paulo, 1980. 235p. Tese (Doutorado emGeografia Física com ênfase em Geomorfologia) - Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de SãoPaulo.

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    A Geomorfologia de Presidente Prudente – SP.

    João Osvaldo Rodrigues NunesProfessor do Departamento de Geografia

    Rosane FreireEngenheira Ambiental

    Ynayê Uliane PerezEngenheira Ambiental

    De acordo com o Mapa Geomorfológico do Estado de São Paulo na escala 1:500.000 elaborado por Ross e

    Moroz (1996:50), o município de Presidente Prudente encontra-se localizado na Bacia Sedimentar do Paraná (morfoestrutura)

    e no Planalto Ocidental Paulista (morfoescultura), mais precisamente no Planalto Centro Ocidental.

    Especificamente para o município de Presidente Prudente, predominam como formas de relevo as colinasmédias e baixas, cujas altitudes variam entre 300 a 480 m, e declividades médias entre 5% a 20%.

    Com referência a geomorfologia da cidade de Presidente Prudente-SP (Figura 1), foram identificados três

    compartimentos de relevo, que aproximadamente se associam, topograficamente, com as seguintes formações geológicas e

    pedológicas:

    1. Topo suavemente ondulado das colinas convexizadas (430 a 480metros), com predomínio de formações

    de alteração do tipo manto de intemperismo ou regolito. Em alguns setores, afloram os arenitos da Formação Adamantina,

    com ocorrência dos topos para as médias altas vertentes de Latossolo Vermelho e, em alguns setores, Argissolo Vermelho

     Amarelo;

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    2. Domínio das vertentes convexo-côncavas e retilíneas (420 a 450 metros), com predomínio de depósitos

    coluviais (setor oeste) e afloramento da Formação Adamantina (setor leste) e ocorrência de Argissolo Vermelho Amarelo e

    Neossolos Regolíticos;

    3. Planícies aluviais e alvéolos (380 a 420 metros), com predomínio de Formações Aluviais Quaternárias e

    Planossolos Hidromórficos e Gleissolo.

    De modo geral, apresentam-se como a principal forma de relevo dominante as colinas convexizadas de topos

    suavemente ondulados, cujas declividades variam em média de 2 a 10%. No compartimento do Domínio das vertentes

    côncavo-convexas e retilíneas, apresentam-se declividades que variam de 10 à maior que 20%. Nas Planícies aluviais e

    alvéolos, os valores apresentam-se entre 0 a 5%.

    Numa leitura mais especifica, delimitaram-se os divisores de água associado aos topos das colinas; as

    morfologias das vertentes em côncava, convexa e retilínea e as morfologia dos fundos de vales em berço e em “V”.

    Também delimitou-se as escarpas com ruptura de declive acentuado, as cabeceiras de drenagem em forma de

    anfiteatro, os terraços fluviais em aluviões, os antigos canais fluviais e os canais fluviais encaixado em leito rochoso.

    Em relação aos topos das colinas estes são mantidos estruturalmente pelos arenitos cimentados por carbonato

    de cálcio da Formação Adamantina, onde oferecem maior resistência aos agentes intempéricos.

     A morfologia formada pela seqüência de relevos de colinas côncavo-convexas possui de médios a amplos

    interflúvios, que se interligam com outras colinas através de colos rasos e pouco alongados, formando pequenos espigões

    desgastados pela pediplanação neogênica (AB‟ SABER, 1969:4), cujas altitudes variam de aproximadamente 486 metros(setor sudeste e central) a 380 metros (setor sudoeste) próximo a represa da SABESP.

    O compartimento dos topos, por estes serem planos a suavemente ondulados, historicamente têm sido o

    principal compartimento de relevo a ser ocupado. Esse fato fica claro, quando observa-se que o primeiro setor da cidade a

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    ser ocupado foi o espigão divisor d‟águas entre a bacia do Rio Santo Anastácio e do Rio do Peixe. A ocupação urbana

    anteriormente restrita ao topo suavizado do espigão expandiu-se para as áreas de nascentes e fundos de vales, que levou

    por parte das sucessivas administrações públicas, a necessidade de canalização de alguns córregos, ocasionando

    interferência no fluxo e na qualidade das águas, devido à carga detrítica advindo das ocupações à montante.

    É importante destacar que, foi justamente sobre este espigão divisor de água, que se construiu primeiramente aestrada de Ferro Sorocabana, cujos trilhos chegaram à região de Presidente Prudente em 1917. A estrada de Ferro

    Sorocabana serviu como um dos marcos históricos impulsionadores do crescimento demográfico, urbano e econômico para a

    cidade de Presidente Prudente. Posteriormente, foi construída sobre o mesmo espigão a rodovia Raposo Tavares (SP-270).

    Neste aspecto, os topos apresentam altitudes que variam de 450 a acima de 480 metros, e cuja linha de cumeada, por onde

    passa a estrada de Ferro Sorocabana está no sentido NW-SE.

    Paralelamente à expansão da malha ferroviária, a ocupação histórica do relevo ocorreu inicialmente dos topos

    das colinas e espigões rasos, direcionando-se, posteriormente, para as áreas mais baixas, os fundos de vales e várzeas.

     Associada à morfologia do relevo, a litologia dominante nos topos das colinas e espigões é, na maioria, formada

    por um manto de regolito/intemperismo de espessura variada. Já nas médias vertentes, os colúvios apresenta-se mais

    espesso. Em alguns setores, onde ocorreram retiradas de material de empréstimo, ou nos pontos de predominância de

    erosão linear (ravinamento), afloram os arenitos flúvio-lacustres da Formação Adamantina. Nas várzeas, predominam os

    sedimentos aluvionares.

     As áreas de declividade acentuada (de 10 a

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     Associada à morfologia do relevo, nos topos das colinas e espigões predomina a cobertura inconsolidada,

    formada, na maioria, por um manto de regolito de espessura variada. Já nas médias vertentes, o depósito de colúvios

    apresenta-se mais espesso. Em alguns setores, onde ocorreram retiradas de material de empréstimo, ou nos pontos de

    predominância de erosão linear (ravinamento), afloram os arenitos flúvio-lacustres da Formação Adamantina. Nas várzeas,

    predominam os sedimentos aluvionares.

    Outro aspecto importante refere-se à relação entre a declividade e o comprimento de rampa das vertentes, que

    expressam entre tantos aspectos a sua morfologia. Esta se apresenta de forma heterogênea, ou seja, em algumas vertentes

    tem-se morfologia côncava, convexa e retilínea.

     A formação deste modelado está associada a processos morfogenéticos oriundos de clima úmido, ocasionaram

    a formação de relevos mais arredondados (colinosos) ou semi-mamelonizados, sob as antigas superfícies de cimeira,

    remanescentes nos chapadões do Oeste Paulista (AB‟SABER, 1969) e ou atuais espigões (SUDO, 1980) desgastados pela

    erosão neogênica.

    Em áreas de cabeceiras de drenagem em anfiteatro, de declividades acentuadas de 10 a 20% sem cobertura

    vegetal, o manto de regolito sofre processos de erosão e deposição de material constituinte ao longo das vertentes, com

    intensidade e direção que convergem para o eixo principal da bacia.

    Neste caso, a partir da relação erosão - sedimentação, as vertentes com morfologia convexa recuam menos,

    sendo consideradas as áreas como fonte dos depósitos coluviais encosta abaixo (MOURA e SILVA, 1998: 150). Já as

    vertentes côncavas recuam mais rapidamente e as mistas sofrem um duplo processo ao longo do seu perfil. Neste aspecto, a

    morfologia das vertentes (côncavas, convexas e retilíneas) está intimamente associada às modificações climáticas, à

    litoestratigrafia dominante e ao uso do solo.

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    Conforme pôde ser observado no Mapa Geomorfológico do perímetro urbano de Presidente Prudente-SP, de

    modo geral, as vertentes côncavas apresentam declividades menos acentuadas, com rampas mais longas e manto de

    intemperismo mais profundo. As vertentes convexas estão geralmente associadas às vertentes mais declivosas, rampas

    pouco alongadas e regolitos menos espessos. Em algumas colinas com predomínio de vertentes côncavas, identificaram-se

    da média para a baixa vertente próximo ao contato com a várzea, pontos de surgência do lençol freático, com o surgimento

    de cobertura vegetal típica de área de banhado

    Segundo Nunes (2002), em alguns setores entre o domínio das vertentes e as planícies aluviais, a dinâmica de

    escoamento de subsuperfície, principalmente, em Argissolos Vermelhos com presença de horizontes Bt, tem ocasionado

    erosões internas e também várias rupturas configuradas em forma de sulcos erosivos laminares e lineares. Em setores onde

    se encontram solos rasos, tem-se um controle estrutural que impede o avanço dos processos erosivos, fato esse exercido

    pelo afloramento dos arenitos da Formação Adamantina.

    Isso vem ao encontro do proposto por Moura e Silva (1998: 153-4), em que as áreas côncavas concentramfluxos d‟água subsuperficiais através do aumento do poro-pressão, gerando também fluxos superficiais saturados que, em

    períodos de maior pluviosidade, podem provocar rupturas/erosões por diferentes processos. Estas áreas representam os

    locais onde o aqüífero freático encontra-se quase aflorante. É comum, nos períodos de maior pluviosidade, surgirem as

    chamadas minas dágua ou nascentes. É a água destas nascentes que abastece os diversos córregos temporários e

    permanentes da área.

    Geralmente, estes aqüíferos freáticos são chamados de suspensos, devido à sua pouca profundidade. Este

    processo ocorre porque a água, ao se infiltrar no subsolo, quando encontra camadas impermeáveis de sedimentos síltico-

    argilosos da Formação Adamantina – unidade KaIV, acaba sendo confinada.

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     Alguns setores das áreas de surgência do aqüífero freático, conforme o processo de ruptura ocasionado pela

    dinâmica hídrico-geomorfológica, quando associadas à história de ocupação da paisagem, geraram, na área de pesquisa,

    sérios problemas ambientais, configurados na forma de sulcos erosivos laminares e lineares.

    Um outro detalhe da influência litoestrutural dos arenitos da Formação Adamantina sobre o relevo foi a

    identificação de feições geomorfológicas de terraços fluviais, na porção sudoeste da área cartografada .

    Nesta mesma área, mais precisamente próximo ao Conjunto Residências Ana Jacinta, foram identificados

    patamares estruturais com ruptura de declive acentuada (

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    É nestes locais, caracterizados como superfícies degradadas, que, ao sofrerem a ação de processos

    morfod