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CENTRO UNIVERSITÁRIO POSITIVO JAVIER SALVADOR GAMARRA JUNIOR ESTIMATIVA DA CONTAMINAÇÃO AMBIENTAL POR ANTIINFLAMATÓRIOS NÃO-ESTEROIDAIS EM AMBIENTE AQUÁTICO: UM ESTUDO DE CASO NO ESTADO DO PARANÁ CURITIBA 2007

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CENTRO UNIVERSITÁRIO POSITIVO

JAVIER SALVADOR GAMARRA JUNIOR

ESTIMATIVA DA CONTAMINAÇÃO AMBIENTAL POR ANTIINFLAMATÓRIOS

NÃO-ESTEROIDAIS EM AMBIENTE AQUÁTICO:

UM ESTUDO DE CASO NO ESTADO DO PARANÁ

CURITIBA

2007

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JAVIER SALVADOR GAMARRA JUNIOR

ESTIMATIVA DA CONTAMINAÇÃO AMBIENTAL POR ANTIINFLAMATÓRIOS

NÃO-ESTEROIDAIS EM AMBIENTE AQUÁTICO:

UM ESTUDO DE CASO NO ESTADO DO PARANÁ

Dissertação apresentada como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre em Gestão Ambiental, do curso de Mestrado Profissional em Gestão Ambiental, Centro Universitário Positivo (UnicenP) Orientadora: Profª. Dra. Cíntia Mara Ribas Oliveira Co-orientadora: Profª. Dra. Ana Flavia Locateli Godoi

CURITIBA

2007

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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Biblioteca do UnicenP - Curitiba – PR

G186 Gamarra Junior, Javier Salvador.

Estimativa da contaminação ambiental por antiinflamatórios não-esteroidais em ambiente aquático : um estudo de caso no Estado do Paraná / Javier Salvador Gamarra Júnior. > Curitiba : UnicenP, 2007.

--- p.248 : il. Dissertação (mestrado) – Centro de Estudos Superiores

Positivo – UnicenP, 2007. Orientadora : Cíntia Mara Ribas Oliveira. Co-orientador : Ana Flavia Locateli Godoi

1. Agentes antiinflamatórios – Aspectos ambientais.

2. Medicamentos – Aspectos ambientais. 3. Água potável – Contaminação. I. Título. CDU 504.05

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TÍTULO: “ESTIMATIVA DA CONTAMINAÇÃO AMBIENTAL POR

ANTIINFLAMATÓRIOS NÃO-ESTEROIDAIS EM AMBIENTE AQUÁTICO: UM

ESTUDO DE CASO NO ESTADO DO PARANÁ”.

ESTA DISSERTAÇÃO FOI JULGADA ADEQUADA COMO REQUISITO

PARCIAL PARA OBTENÇÃO DO TÍTULO DE MESTRE EM GESTÃO AMBIENTAL

(área de concentração: gestão ambiental) PELO PROGRAMA DE MESTRADO EM

GESTÃO AMBIENTAL DO CENTRO UNIVERSITÁRIO POSITIVO – UNICENP. A

DISSERTAÇÃO FOI APROVADA EM SUA FORMA FINAL EM SESSÃO PÚBLICA

DE DEFESA, NO DIA 24 DE AGOSTO DE 2007, PELA BANCA EXAMINADORA

COMPOSTA PELOS SEGUINTES PROFESSORES:

1) Profª. Cíntia Mara Ribas de Oliveira - UnicenP - (Presidente);

2) Profª. Ana Flávia Locateli Godoi – UnicenP – Co-orientadora;

3) Profª. Sandra Mara Woranovicz Barreira, examinador externo, Universidade

Federal do Paraná, Setor de Ciências da Saúde, Departamento de

Farmácia;

4) Profª. Eliane Carvalho de Vasconcelos, UnicenP;

5) Prof. Dinis Gomes Traghetta, UnicenP.

CURITIBA – PR, BRASIL

PROF. MAURÍCIO DZIEDZIC

COORDENADOR DO PROGRAMA DE MESTRADO EM GESTÃO AMBIENTAL

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DEDICATÓRIA

A Deus, Pai Eterno de Amor e Bondade, que sempre ilumina nossos

caminhos e guia nossos passos.

A meus pais, Javier e Ana, pelo apoio, carinho, força e compreensão em

uma jornada especialmente desafiadora e ao meu filho, Javier Neto, luz e embalo

de minh’alma.

A Estely, querida companheira de viagem, sonhos e ideais, que me indicou

novo rumo e mostrou nova vida, em um caminho de estrelas.

Aos amigos queridos que já partiram, Yoshiake Tahyra, Rosalina Broska e

Dirce Shultz, a vitória também é de vocês.

Aos amigos de perto e de longe, que muito torceram e vibraram.

Aos colegas de mestrado, parceiros de um novo ideal.

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AGRADECIMENTOS

À Profª. Cíntia Mara Ribas de Oliveira e Profª. Ana Flávia Locateli Godoi,

mais que orientadoras, amigas de pulso firme e decisão, que me ofertaram lições

inesquecíveis nas fascinantes sendas da área ambiental e de ser humano na

acepção da palavra, obrigado é mera formalidade, apenas uma palavra: gratidão.

À Profª. Eliane Carvalho de Vasconcelos por uma idéia fascinante e

instigante e suas sugestões durante o curso. Ao Prof. Dinis Gomes Traghetta,

pelas inestimáveis contribuições ao longo da evolução deste trabalho e do curso.

À Profª. Sandra Mara Woranovicz Barreira, pelas palavras de incentivo e

preciosas sugestões que hão de frutificar.

Ao Prof. Kennedy Medeiros Tavares de Souza, cujo auxílio e amizade

foram imprescindíveis na organização das planilhas com os dados que nos

permitiram mensurar o risco ambiental nas cidades amostradas.

Ao Prof. Klaus Dieter Sauter, pelo incentivo ao ingresso no programa.

Aos demais professores do Mestrado Profissional em Gestão Ambiental,

que me ensinaram quão grandiosa é a Vida, por meio do valor e respeito que se

deve dar ao planeta em que vivemos, o único que temos.

Ao Centro Universitário Positivo, pela confiança em ofertar uma bolsa de

estudos, muito obrigado.

A Eunice Silva, da secretaria do mestrado, garantia de apoio e segurança

em minhas dúvidas como aluno.

Ao Centro de Apoio Pedagógico do UnicenP, pelo auxílio e paciência.

À Gerente do Consórcio Intergestores Paraná Saúde, Deise Caputo, pelas

informações inestimáveis.

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À Secretaria Municipal da Saúde de Curitiba, que por meio da

Coordenação de Recursos Materiais, na pessoa de Lídio José Leonardi, seu

coordenador e da Gerência de Assistência Farmacêutica, na pessoa da querida

amiga Agda de Jesus Moreira Silva, prestou valiosa contribuição.

A Paulo André Pimenta e Marta Zanatta, cujos conhecimentos de

informática foram indispensáveis para concretizar este trabalho.

A Gilmar Javorski, da Empresa Paranaense de Saneamento – SANEPAR,

pela colaboração.

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EPÍGRAFE

“...O Homem, com o civilizar-se afastou-se da natureza. Desrespeitou-a, infringiu-lhe as leis. A conseqüência disso foi o enfraquecimento.”

Monteiro Lobato, 1918

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RESUMO

Antiinflamatórios não-esteroidais (AINE) são medicamentos amplamente utilizados na terapêutica humana e veterinária no mundo, principalmente para a dor e processos inflamatórios. Podem ser prescritos ou isentos de prescrição, gerando produção e consumo que podem atingir milhares de toneladas por ano. Diclofenaco e ibuprofeno são dois dos mais importantes AINE e têm despertado a atenção da área ambiental em razão de serem constantemente identificados em pequenas concentrações (de ng.L-1 a µg.L-1), sobretudo em ambiente aquático. No presente trabalho, fez-se a estimativa da concentração prevista destes fármacos no ambiente aquático, os possíveis riscos decorrentes de seu uso e o levantamento de propostas de mitigação do problema dos fármacos como poluentes ambientais. Para tanto, determinou-se a concentração ambiental prevista (CAP) dos AINE diclofenaco e ibuprofeno em ambientes aquáticos de 381 municípios do Estado do Paraná, Brasil, com base em dados obtidos a partir do Consórcio Intergestores Paraná Saúde, referentes à utilização destes fármacos pela rede pública de saúde de 2003 a 2005 e de diclofenaco baseado em dados do Sistema Único de Saúde (SUS) do município de Curitiba de 2005 a 2006. A partir destes dados buscou-se determinar o risco ambiental gerado por tais substâncias em ambiente aquático e avaliar a necessidade de ações para minimização de seu impacto ambiental. Utilizou-se um modelo baseado no da Agência Européia de Medicamentos (EMEA) para a investigação do risco destes fármacos em ambiente aquático, tendo sido calculadas as CAP de Fase I e de Fase II (que considerou dados sobre metabolismo, excreção - CAPexcr e eficiência de remoção dos AINE investigados em estações de tratamento de esgoto (ETE) - CAPfiltro e CAPlodo). Foi calculada, então, a estimativa do risco ambiental com a razão CAP/CAPNE, baseando-se em valores ≥ 1 como indicativos de risco ambiental (RA). A CAP de Fase I e as de Fase II foram estimadas em µg.L-1. Os resultados expressaram um potencial de risco ambiental que não pode ser desconsiderado, em muitos municípios superior aos de estudos feitos principalmente na Europa e Estados Unidos. Para diclofenaco, após refinamento considerando somente metabolismo e excreção (CAPexcr), na amostra de municípios do Consórcio, cinco municípios apresentaram RA em 2004 e oito em 2005. Os resultados para diclofenaco de RA considerando-se eficiência de remoção em ETE para 2004 foram identificados para três municípios em 2004 (Bom Jesus do Sul, Brasilândia do Sul e Diamante D’Oeste) e cinco em 2005. Para ibuprofeno, em 2003 (CAPexcr e CAPfiltro), três municípios.apresentaram risco ambiental (Diamante D’Oeste, Joaquim Távora e Santa Amélia), o que aumentou significativamente em 2004 (RA CAPexcr = 17 municípios, RA CAPfiltro = 10 municípios). Em 2005, RA foi determinado pelos valores de CAPexcr para 48 municípios, de CAPfiltro para 43 municípios e de CAPlodo para 10 municípios. O presente trabalho destaca, portanto, a necessidade de que especialistas, autoridades de saúde e ambiente e, principalmente, a sociedade, apropriem-se deste debate, e que se proponham ferramentas para uma efetiva gestão ambiental no tocante a medicamentos que incluam um marco regulatório e uma aproximação da área farmacêutica em relação aos conceitos de responsabilidade ambiental. Palavras-chave: Medicamentos; AINE; concentração ambiental prevista

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ABSTRACT

Non-steroidal anti-inflammatory drugs (NSAIDs) are worldwide used in human and veterinary medicine, especially in cases of pain and inflammatory processes. They are used in both cases: prescription or non prescription, what generates a consumption that may reach several thousand tons per year. Diclofenac and ibuprofen are two of the most important members of this class of pharmaceutical compounds and became environmentally important because many researches have been detected residues of these compounds in aquatic environment in small concentrations (ng.L-1 to µg.L-1). This study considers the predicted estimative concentration of these drugs in the aquatic environment, the possible risks for using and proposes to minimize the problems of pharmaceuticals as environmental pollutants. Therefore, we determine the predictive environmental concentration (PEC) of the NSAIDs diclofenac and ibuprofen in aquatic environmental of 381 cities in Parana State, Brazil, based on data obtained in the Parana Health Consortium about the use of this drugs in the public health system (SUS) between the years 2003 and 2005 and diclofenac based on data from the public health system in the city of Curitiba in the years 2005 and 2006. With those data, we determine the environmental risk generate by these substances in aquatic environment and to evaluate the need of measures to minimize the environmental impact. The approach was to use the model of environmental risk assessment (ERA) proposed by the European Medicines Agency (EMEA), with adaptations to the available data to investigate the risks of these drugs in aquatic environment . The PEC was calculated in phase one (crude PEC) and in phase two (refined PEC), using data of metabolism and excreption (PECexcr); then with removal in sewage treatment plants (STPs) (PECfilter, PECsludge). The ratio PEC/PNEC (No-predicted effects concentration) was calculated, based on values ≥ 1 which indicates environmental risk (ER). PEC phase 1 and phase 2 was estimated in µg.L-1. The results expressed a potential of environmental risk in several cities, mostly superior to the results obtained in studies carried out in Europe and USA that cannot be ignored. For diclofenac of the consortium, after refinement considering metabolism and excreption (PECexcr), in the cities of the consortium we found ER in five cities in 2004 and eight in 2005. For diclofenac including remotion in STPs (PECfilter), we found ER in three cities in 2004 (Bom Jesus do Sul, Brasilândia do Sul and Diamante D’Oeste) and five in 2005.. For ibuprofen the results was ER in three cities in 2003 (Diamante D’Oeste, Joaquim Távora and Santa Amélia) which increases significantly in 2004 (ER for PECexcr = 17 cities, ER PECfilter = 10 cities). In 2005, ER was determined by values of PECexcr for 48 cities, for PECfilter, 43 cities and 10 cities in ER for PECsludge. The present work wishes to put in relief, hence, the need of experts, health and environment authorities and, specialty, the society to appropriate of this matter and to propose tools for an effective environmental management about pharmaceuticals which includes decisions of policy makers and an approach to the pharmaceutical sector related to the environmental responsibility concepts. Keywords: Drugs; NSAIDs; predictive environmental concentration

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 – Fluxo de fármacos no ambiente aquático. 32

Figura 2 – Fórmula estrutural do diclofenaco de sódio. 34

Figura 3 – Fórmula estrutural do ibuprofeno. 36

Figura 4 – Fluxograma do programa de educação ambiental e

comunitária considerando a coleta de medicamentos para

descarte no câmpus do Centro Universitário Positivo.

77

Figura 5 – Evolução do padrão de aquisição dos AINE

diclofenaco e ibuprofeno pelo Consórcio Intergestores Paraná

Saúde entre 2003 e 2005.

81

Figura 6 – Classificação dos Medicamentos quanto à origem da

produção, indústria ou manipulação.

100

Figura 7 – Medicamentos classificados quanto ao grupo

terapêutico de acordo com a classificação ATC/OMS.

102

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Pesquisas sobre a presença de AINE no ambiente

aquático com autor, ano da investigação, quais analitos e em que

matrizes foram investigados bem como a concentração obtida e o

local onde foi realizado.

38

Tabela 2 – Classificação de substâncias quanto ao grau de

toxicidade para organismos aquáticos considerando a

concentração que produz efeitos em 50% da população da

amostra.

43

Tabela 3 – Abordagem considerando as fases para avaliação de

risco ambiental (RA), seus objetivos, qual a metodologia sugerida e

os testes/dados requeridos, segundo o guia técnico da EMEA,

2003.

53

Tabela 4 – Dados referentes a trabalhos com ARA de fármacos

incluindo resultados dos AINE diclofenaco e ibuprofeno quanto a

CAP de Fase I, CAPNE, razão CAP/CAPNE.

57

Tabela 5 – Resultados da ARA para os AINE diclofenaco e

ibuprofeno na Alemanha conforme EMEA (2006).

61

Tabela 6 – Faixas de concentração definidas para a CAP de Fase I

e Fase II.

72

Tabela 7 – Aquisição de AINE (massa em kg) pelo Consórcio

Intergestores Paraná Saúde entre os anos 2003 e 2005 e número

de municípios adquirentes.

81

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Tabela 8 – Faixa de CAP de Fase I (CAPág.sup.) para diclofenaco

(n=319) identificadas para municípios do Consórcio Intergestores

Paraná Saúde nos anos de 2003 a 2005 considerando o número

de municípios e o percentual correspondente ao total da amostra.

85

Tabela 9 – Faixa de CAP de Fase I (CAPág.sup.) para ibuprofeno

(n=104) identificadas para municípios do Consórcio Intergestores

Paraná Saúde nos anos de 2003 a 2005 considerando o número

de municípios e o percentual correspondente ao total da amostra.

86

Tabela 10 – Valores de fator de penetração (Fpen) e concentração

ambiental prevista de Fase I (CAPág.sup.) para diclofenaco,

calculados a partir dos dados de aquisição do SUS Curitiba nos

anos de 2005 e 2006.

88

Tabela 11 – Refinamento da CAP de Fase II do diclofenaco para os

municípios do Consórcio Intergestores Paraná Saúde

considerando-se exclusivamente dados de excreção do fármaco

em sua forma original (CAPexcr) (n=319).

89

Tabela 12 – Refinamento da CAP de Fase II do ibuprofeno para os

municípios do Consórcio Intergestores Paraná Saúde

considerando-se exclusivamente dados de excreção do fármaco

em sua forma original com as faixas de CAP, número e

porcentagem de municípios (CAPexcr) (n=104).

90

Tabela 13 – Dados para o refinamento da CAP (Fase II) para o

diclofenaco adquirido pelo SUS Curitiba: consumo considerando

excreção, cálculo do Fpen com excreção (Fpen [%] excr), estimativa

da CAP refinada com excreção (CAPexcr), razão CAPexcr/CAPNE e

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estimativa do risco ambiental. 91

Tabela 14 – Refinamento da CAP de Fase II do diclofenaco para os

municípios do Consórcio Intergestores Paraná Saúde

considerando-se a excreção e a eficiência de remoção em ETE que

emprega tecnologia por filtro biológico com as faixas de CAP,

número e porcentagem de municípios – CAPfiltro (n=319).

92

Tabela 15 – Refinamento da CAP de Fase II do ibuprofeno para os

municípios do Consórcio Intergestores Paraná Saúde

considerando-se a excreção e a eficiência de remoção em ETE que

emprega tecnologia por filtro biológico com as faixas de CAP,

número e porcentagem de municípios – CAPfiltro (n=104).

92

Tabela 16 – Refinamento da CAP de Fase II do diclofenaco para os

municípios do Consórcio Intergestores Paraná Saúde

considerando-se a excreção e a eficiência de remoção em ETE

empregando tecnologia por lodo ativado com as faixas de CAP,

número e porcentagem de municípios – CAPlodo (n=319).

93

Tabela 17 – Refinamento da CAP de Fase II do ibuprofeno para os

municípios do Consórcio Intergestores Paraná Saúde

considerando-se a excreção e a eficiência de remoção em ETE

empregando tecnologia por lodo ativado com as faixas de CAP,

número e porcentagem de municípios – CAPlodo (n=104).

94

Tabela 18 – Situação de saneamento (esgotamento sanitário) nos

municípios pertencentes ao Consórcio Intergestores Paraná Saúde,

considerando número de municípios sem coleta, municípios com

coleta menor que 50%, municípios com coleta maior que 50% e

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porcentagem correspondente. 94

Tabela 19 – Resultados para avaliação de risco nos municípios do

Consórcio Intergestores Paraná Saúde considerando CAP baseada

em metabolismo e excreção e em eficiência de remoção por filtro

biológico e lodo ativado, ano a ano, com o número de municípios.

98

Tabela 20: Classificação dos medicamentos quanto a categorias,

com quantidade e porcentagem obtida.

100

Tabela 21 – Situação da Embalagem dos Medicamentos coletados

durante a campanha de educação e conscientização ambiental,

com quantidades e porcentagem obtida.

102

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

af – afluente

AINE – antiinflamatório (s) não-esteroidal (ais)

aprox. – aproximadamente

ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária

ARA – Avaliação de Risco Ambiental

ATC – Anatomical, Therapeutic, Chemical

CEAEQ – Centre d’ expertise en analyse environmentale

CEE – Commission of the European Communities

CEE – Comunidade Econômica Européia

CG-EM – cromatografia a gás acoplada a espectrometria de massa

CG-EM-EM – cromatografia a gás acoplada a espectrometria de massa em tandem

CL/electrospray/EM/EM – cromatografia líquida por electrospray acoplada a

espectrometria de massa em tandem

CMI – concentração mínima inibitória

CMUMs – Centros Municipais de Urgências Médicas

CNOE – concentração em que não se observam efeitos

CONAMA – Conselho Nacional de Meio Ambiente

COX – ciclooxigenase

COX – 1 – ciclooxigenase 1

COX – 2 – ciclooxigenase 2

CRM – Central de Recursos Materiais da Secretaria Municipal da Saúde de

Curitiba

DBO – demanda bioquímica de oxigênio

DDD – dose diária definida

dic K – diclofenaco de potássio

dic Na – diclofenaco de sódio

DMD – dose máxima diária

ef – efluente

EMEA – European Medicines Agency

EPA – United States Environmental Protection Agency

ERA – Environmental Risk Assessment

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ETA – estação de tratamento de água

ETE – estação (ões) de tratamento de esgoto

EUA – Estados Unidos da América do Norte

FA – fator de avaliação

FACS – Foundation for American Communications

FDA – United States Food and Drug Administration

hab. – habitantes

ibu – ibuprofeno

ingl. – inglês

LOEC – concentração mais baixa com observação de efeitos

MIP – medicamentos isentos de prescrição

MS – Ministério da Saúde

MSTFA - N-metil-N-(trimetilsilil) trifluoroacetamida

NEPA – National Environment Policy Act

NRC – National Research Council – Estados Unidos

OECD – Organization for Economic Co-operation and Development

OGM – organismo geneticamente modificado

OMS – Organização Mundial da Saúde

OPPTS – United States Environmental Protection Agency Office of Prevention,

Pesticides and Toxic Substances

RDC – Resolução de Diretoria Colegiada

REMUME – Relação Municipal de Medicamentos

RSS – resíduos de serviços de saúde

SANEPAR – Empresa Paranaense de Saneamento

SCTEE – Scientific Committee on Toxicity, Ecotoxicity and the Environment

SM – Salários Mínimos

SMS – Secretaria Municipal da Saúde de Curitiba

SNC – sistema nervoso central

TGD – Technical Guidance Document

ton – toneladas

UCSUSA – Union of Concerned Scientist

UE – União Européia

UnicenP – Centro Universitário Positivo

URM – Uso Racional de Medicamentos

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US – Unidade de saúde

USGS – United States Geological Service

WHO – World Health Organization

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LISTA DE SÍMBOLOS

CAE – concentração ambiental esperada

CAP – concentração ambiental prevista

CAPág.sup. – concentração ambiental prevista de Fase I, estimada em águas

superficiais

CAPexcr – concentração ambiental prevista de Fase II que considera metabolismo e

excreção

CAPflitro – concentração ambiental prevista de Fase II que considera eficiência de

remoção em ETE usando tecnologia por filtro biológico

CAPlodo – concentração ambiental prevista de Fase II que considera eficiência de

remoção em ETE usando tecnologia por lodo ativado

CAPNE – concentração prevista em que não se observa efeitos

CBOE – concentração mais baixa em que se observam efeitos

CONSUMOág.trat. – consumo de água tratada

DIL - diluição

EC50 – concentração que causa efeitos em 50% da população da amostra

Fpen – fator de penetração de mercado

Fpenexcr – fator de penetração de mercado com dados de metabolismo e excreção

Fpenfiltro – fator de penetração de mercado com dados de metabolismo, excreção e

eficiência de remoção por filtro biológico

Fpenlodo – fator de penetração de mercado com dados de metabolismo, excreção e

eficiência de remoção por lodo ativado

Koc – coeficiente de adsorção

Kow – coeficiente de partição octanol água

LC50 – concentração que produz letalidade em 50% dos animais da amostra

massaexcr – massa obtida com o cálculo da excreção

pH – potencial hidrogeniônico

UV – ultravioleta

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO 24

1.1 OBJETIVOS 26

1.1.1 Objetivo Geral 26

1.1.2 Objetivos Específicos 26

2 REVISÃO DE LITERATURA 27

2.1 MEDICAMENTOS, SOCIEDADE E AMBIENTE 27

2.2 ANTIINFLAMATÓRIOS NÃO-ESTEROIDAIS (AINE) 32

2.2.1 Diclofenaco 34

2.2.2 Ibuprofeno 35

2.3 AINE E MEIO AMBIENTE 37

2.4 AVALIAÇÃO DE RISCO AMBIENTAL E MEDICAMENTOS 47

2.4.1 Princípios Gerais da ARA de fármacos segundo a EMEA 52

2.4.1.1 Fase I – Estimativa da exposição 52

2.4.1.2 Fase II – Destino ambiental e análise dos efeitos 54

2.5 FARMÁCIA AMBIENTAL 64

3 METODOLOGIA 67

3.1 AQUISIÇÃO DE DICLOFENACO E IBUPROFENO PELO CONSÓRCIO

INTERGESTORES PARANÁ SAÚDE 67

3.2 AQUISIÇÃO E DISTRIBUIÇÃO DE DICLOFENACO POTÁSSICO OU SÓDICO

EM CURITIBA 69

3.3 ANÁLISE DE RISCO DOS FÁRMACOS ESTUDADOS 69

3.3.1 Cálculo do fator de penetração (Fpen) 70

3.3.2 Cálculo da Concentração Ambiental Prevista (CAP) Fase I 71

3.3.3. Fase II – Nível A – Refinamento do cálculo da CAP 73

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3.3.4 Fase II – Nível A – Determinação do quociente CAP/CAPNE 75

3.4 PROGRAMA PILOTO DE COLETA ORIENTADA DE MEDICAMENTOS 75

3.4.1 Educação e conscientização ambiental durante o programa 76

3.4.2 Divulgação do programa 78

3.4.3 Campanha de coleta orientada de medicamentos 78

3.4.4 Triagem do material coletado 78

3.4.5 Destino final dos medicamentos 79

4.1 AQUISIÇÃO DOS FÁRMACOS 80

4.1.1 Aquisição de diclofenaco de potássio, diclofenaco de sódio e ibuprofeno pelo

Consórcio Intergestores Paraná Saúde 80

4.1.2 Aquisição de diclofenaco sódico ou potássico injetável pela Secretaria

Municipal da Saúde de Curitiba (SMS) 82

4.2 CONCENTRAÇÃO AMBIENTAL PREVISTA (CAP) DE FASE I (CAPág.sup.) 83

4.2.1 CAP de Fase I obtida a partir dos dados fornecidos pelo Consórcio

Intergestores Paraná Saúde 83

4.2.2 CAP de Fase I obtida a partir dos dados fornecidos pela SMS de Curitiba 87

4.3 CONCENTRAÇÃO AMBIENTAL PREVISTA (CAP) DE FASE II 89

4.3.1 Estimativa do Risco Ambiental 97

4.4 PROGRAMA PILOTO DE COLETA ORIENTADA DE MEDICAMENTOS 100

4.5 RECOMENDAÇÕES EM TERMOS DE GESTÃO AMBIENTAL A RESPEITO

DE FÁRMACOS COMO POLUENTES AMBIENTAIS 103

5 CONCLUSÕES 106

REFERÊNCIAS 108

APÊNDICES 118

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Apêndice A – Tabela dos municípios do Consórcio Intergestores Paraná Saúde

investigados que adquiriram diclofenaco (dic) nos anos de 2003 a 2005, com

população, massa adquirida em mg/ano, consumo de água e porcentagem de

coleta de esgoto. 118

Apêndice B – Tabela dos municípios do Consórcio Intergestores Paraná Saúde

investigados que adquiriram ibuprofeno (ibu) nos anos de 2003 a 2005, com

população, massa adquirida em mg/ano, consumo de água e porcentagem de

coleta de esgoto. 128

Apêndice C – Municípios do Consórcio Intergestores Paraná Saúde com Fator de

Penetração de Mercado (Fpen) e cálculo da CAP de Fase I (CAPág.sup.) do

diclofenaco (dic). 132

Apêndice D – Municípios do Consórcio Intergestores Paraná Saúde com Fator de

Penetração de Mercado (Fpen) e cálculo da CAP de Fase I (CAPág.sup.) do

ibuprofeno (ibu). 139

Apêndice E – Avaliação de risco do diclofenaco (dic) para os municípios do

Consórcio Intergestores Paraná Saúde considerando refinamento da CAP

exclusivamente com dados de metabolismo e excreção, cálculo do Fpenexcr, razão

CAPexcr/CAPNE e indicativo de estimativa de risco em destaque. 142

Apêndice F – Avaliação de risco do ibuprofeno (ibu) para os municípios do

Consórcio Intergestores Paraná Saúde considerando refinamento da CAP

exclusivamente com dados de metabolismo e excreção, cálculo do Fpenexcr, razão

CAPexcr/CAPNE e indicativo de estimativa de risco em destaque. 152

Apêndice G – Avaliação de risco do diclofenaco (dic) para os municípios do

Consórcio Intergestores Paraná Saúde considerando refinamento da CAP com

dados de metabolismo e excreção e eficiência de remoção por filtro biológico,

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cálculo do Fpenfiltro, razão CAPfiltro/CAPNE e indicativo de estimativa de risco em

destaque. 156

Apêndice H – Avaliação de risco do ibuprofeno (ibu) para os municípios do

Consórcio Intergestores Paraná Saúde considerando refinamento da CAP com

dados de metabolismo e excreção e eficiência de remoção por filtro biológico,

cálculo do Fpenfiltro, razão CAPfiltro/CAPNE e indicativo de estimativa de risco em

destaque. 166

Apêndice I – Avaliação de risco do diclofenaco (dic) para os municípios do

Consórcio Intergestores Paraná Saúde considerando refinamento da CAP com

dados de metabolismo e excreção e eficiência de remoção por lodo ativado, cálculo

do Fpenlodo, razão CAPlodo/CAPNE e indicativo de estimativa de risco em destaque.

170

Apêndice J – Avaliação de risco do ibuprofeno para os municípios do Consórcio

Intergestores Paraná Saúde considerando refinamento da CAP com dados de

metabolismo e excreção e eficiência de remoção por lodo ativado, cálculo do

Fpenlodo, razão CAPlodo/CAPNE e indicativo de estimativa de risco em destaque.180

ANEXOS 184

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24

1 INTRODUÇÃO

O medicamento é uma das principais aquisições tecnológicas do homem para

poder preservar e restaurar a saúde. Apesar de seus inegáveis benefícios, passou a

ser investigado por pesquisadores da área ambiental devido a seu extenso uso

produzir impactos ambientais, em função da excreção e descarte. Como a interação

com o ambiente tornou-se relevante, é importante considerar os dados disponíveis

sobre sua produção e consumo.

Encontram-se na literatura algumas referências sobre o consumo. Por

exemplo, Boxall (2004) analisava o caso dos contraceptivos orais nos Estados

Unidos, onde se estimavam mais de 10 milhões de usuárias. O autor sugere que

uma parte considerável dos compostos consumidos acaba chegando ao meio

ambiente.

Apesar da importância para a saúde e ambiente, tem-se que destacar o fato

de não haver dados exatos publicados sobre a totalidade da produção e consumo de

medicamentos humanos e veterinários. Entretanto, têm-se uma estimativa de que,

segundo Bila e Dezotti (2003), toneladas destes são produzidas por ano e, de

acordo com Zuccato et al. (2000), utilizadas para terapêutica e produção

agropecuária.

O organismo não-governamental dos Estados Unidos Union of Concerned

Scientists (UCSUSA) estimou, segundo dados de 2001, que a cada ano, produtores

de animais utilizam nesse país aproximadamente 11.158 toneladas (ton) de

antibióticos em criações (4.672 ton em suínos, 4.762 ton em aves e 1.678 ton em

bovinos) (UNION OF CONCERNED SCIENTISTS, 2001).

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25

As pesquisas que avaliam impacto ambiental e na saúde a respeito de

medicamentos e sobre os antiinflamatórios não-esteroidais (AINE) em particular têm

se destacado, sobretudo na Europa e EUA, onde há maior disponibilidade de

informações sobre prescrições e dispensações dos medicamentos.

Stumpf et al. (1999) destacam a dificuldade de obtenção de dados precisos

sobre o consumo dos medicamentos no Brasil, embora este seja apontado como um

dos mais importantes mercados consumidores de produtos farmacêuticos, junto aos

Estados Unidos, França e Alemanha.

Como há escassez de trabalhos ambientais sobre medicamentos no Brasil,

tem-se um amplo campo para investigações sobre o papel de fármacos como

potenciais poluentes no ambiente, com destaque para o grupo terapêutico dos AINE,

apontado como o mais consumido no mundo.

Ao se considerar o comportamento das substâncias medicamentosas no

ambiente, torna-se relevante a farmacocinética, sobretudo a excreção, pois sabe-se

que uma importante fração dos fármacos é excretada pela urina e fezes, tanto na

forma de metabólitos como em forma inalterada (BILA; DEZOTTI, 2003; DEBSKA et

al., 2004) e vão para o ambiente. Segundo Mulroy (2001), em geral de 50 a 90% dos

fármacos é excretada na forma inalterada e persiste no ambiente. Pode-se entender,

portanto, que estes mantêm suas características farmacológicas (ao menos em parte

preservadas), e desta forma são lançados ao meio ambiente, sobretudo o ambiente

aquático.

É possível determinar a concentração ambiental dos fármacos, a partir do

conhecimento da sua concentração nos medicamentos e da produção (fabricação e

manipulação) e/ou consumo (aquisição, distribuição, uso prescrito e isento de

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26

prescrição), e apoiando-se em modelos de avaliação de risco ambiental, predizer se

a sua presença no ambiente deva ser considerada como risco ambiental.

1.1 OBJETIVOS

1.1.1 Objetivo Geral

O presente trabalho visa realizar um estudo para determinar a concentração

ambiental prevista (CAP) dos antiinflamatórios não-esteroidais (AINE) diclofenaco e

ibuprofeno em ambientes aquáticos, em municípios do Estado do Paraná, a partir de

metodologia de avaliação de risco ambiental da presença de medicamentos.

1.1.2 Objetivos Específicos

- Determinar o risco ambiental dos AINE na área de estudo.

- Avaliar a necessidade de ações para minimização do seu impacto ambiental.

- Propor um programa piloto de conscientização do uso racional e coleta

orientada de medicamentos.

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27

2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 MEDICAMENTOS, SOCIEDADE E AMBIENTE

O medicamento é um produto derivado, na maioria das vezes, de alta

tecnologia para seu desenvolvimento e posterior entrada no mercado de saúde.

Segundo a World Health Organization (WHO) (2004), dois bilhões de pessoas não

têm acesso a medicamentos essenciais. Quanto ao consumo, a entidade informa

que 15% da população consomem 90% dos medicamentos e quanto ao gasto, no

caso dos países subdesenvolvidos e emergentes, os sistemas de saúde utilizam

entre 20 e 40% do recurso total disponível ao passo que em países desenvolvidos

os gastos são em torno de 10% a 20%.

O padrão de consumo de medicamentos indica que uma pequena parcela da

população mundial pertencente a países desenvolvidos ou oriundos de classes

sociais de maior poder aquisitivo nos demais países utiliza a maior parte dos

medicamentos produzidos. Em 2004, foram gastos U$ 550 bilhões com

medicamentos no mundo (ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE - OMS, 2006).

A WHO (2004) apresenta dados de que 50% do uso de medicamentos no

mundo é inadequado, tanto via prescrição quanto dispensação e os sistemas de

abastecimento precisam ser aperfeiçoados.

Segundo dados do Ministério da Saúde (MS) do Brasil, em 2001, o país

representava um dos cinco maiores mercados farmacêuticos do mundo, com

movimentação de U$ 9,6 bilhões, 50.000 farmácias e 5.200 produtos farmacêuticos.

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28

Se for comparado o perfil de gastos com medicamentos usando como

parâmetro a renda em salários, no Brasil, tem-se, de acordo com dados de 2001,

que 15% da população consome 48% dos medicamentos, com um gasto anual

médio de R$ 461,00. A população na faixa salarial entre quatro e dez salários

mínimos, que corresponde a 34% da população, tem um gasto médio de R$ 152,90

e consome 36% dos produtos. Finalmente, a parcela majoritária da população

(51%), que recebe de zero a quatro salários mínimos, consome somente 16% dos

medicamentos e seu gasto médio é de R$ 45,17, ou seja, quase dez vezes menos

que a faixa melhor remunerada (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2001).

Boxall (2004) considera que os medicamentos têm um importante papel no

tratamento e prevenção de doenças tanto em humanos como em animais e que

possuem outros efeitos no meio ambiente e seres vivos, constituindo um problema

potencial que não pode ser menosprezado.

Com estas reflexões, pode-se estabelecer a visão do medicamento não

somente como tecnologia de saúde, mas também como fator gerador de

desequilíbrios no ambiente, com dano potencial comparável aos pesticidas

(KÜMMERER, 2000).

Christensen (1998) destaca que os medicamentos podem ser identificados

como poluentes ambientais em razão de sua atividade biológica, além de possuírem

baixa biodegradabilidade e elevada lipofilicidade. Estas propriedades estão

relacionadas a potencial de bioacumulação e persistência ambiental.

O mesmo autor alerta para o potencial de efeitos ambientais adversos,

especificando as possíveis fontes de fármacos para o ambiente: excreção domiciliar

e hospitalar, descargas industriais e descarte de medicamentos não utilizados.

Christensen (1998) acrescenta que o uso veterinário poderia implicar em ainda maior

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29

acesso de fármacos ao ambiente se comparado ao uso humano, considerando a

aqüicultura e pecuária – destaque para a aplicação de adubo orgânico obtido de

estrume.

Ferrari et al. (2004) complementam que, embora alguns fármacos possam ser

degradados por mecanismos bióticos ou abióticos, esses devem ser mais bem

avaliados quanto a potencial de interação ambiental, por poderem apresentar um

caráter de persistência, em função da entrada contínua no ambiente aquático via

águas residuárias.

Considerando a importância crescente do papel ambiental que os fármacos

podem exercer, passa-se a analisar os fatores que levam a esse crescente aporte

ambiental. E um dos mais destacados, é o padrão de consumo dos medicamentos,

reconhecidamente desequilibrado, com uso excessivo e em boa parte inadequado

(OMS, 2004).

Para responder ao desafio dos problemas relacionados ao consumo

inadequado de medicamentos e suas conseqüências, a OMS iniciou um debate nos

anos 1980, que gerou uma definição para o termo Uso Racional de Medicamentos

(URM).

Dentro dessa premissa, para racionalizar o uso de medicamentos, a OMS,

desde os anos 80, vem conduzindo ações para incentivar os estados nacionais a

implantarem estratégias que visam a diminuir o consumo de medicamentos, por

meio de racionalização das condutas de prescrição, melhoria da orientação

farmacêutica, acesso a informações confiáveis sobre os medicamentos e um

controle mais rigoroso sobre o ciclo do medicamento nas etapas de assistência

farmacêutica, desde a pesquisa de fármacos, produção com qualidade, até a

dispensação adequada (OMS, 1985).

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Este contexto trata do uso do medicamento que seja ótimo à luz do

conhecimento atual, tanto no aspecto clínico quanto econômico, maximizando sua

eficácia e minimizando possíveis reações adversas (OMS, 1989).

Segundo a OMS (2002), o uso racional de medicamentos (URM) seria uma

conduta em que os pacientes recebem a medicação adequada às suas

necessidades clínicas, em doses correspondentes a seus requisitos, durante um

período definido de tempo e ao menor custo possível para si e sua comunidade.

Para Herrera (2004), o URM estipula: necessidade de prescrição do

medicamento adequado, disponibilidade, que seu custo seja acessível, que a

distribuição respeite condições de armazenagem e transporte, que a dose e a

freqüência estejam corretamente indicadas e que o uso seja pelo tempo devido.

Destaca-se a preocupação com o destino final dos medicamentos. Sob a ótica

do gerenciamento dos resíduos de serviços de saúde (RSS), o descarte de

medicamentos é contemplado, uma vez que esses são considerados resíduos

químicos perigosos, de acordo com as legislações sanitária e ambiental que tratam

do tema. No Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), por meio

de sua Resolução de Diretoria Colegiada (RDC) nº. 306, de sete de dezembro de

2004, determina que os RSS sejam classificados em grupos quanto ao risco, entre

os quais os medicamentos, que pertencem ao grupo B, resíduos perigosos (ANVISA,

2004). O Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), por meio de sua

Resolução nº. 358, de 29 de abril de 2005, também classifica os RSS, entre os quais

medicamentos, harmonizando a classificação com a ANVISA (CONAMA, 2005).

Ambos os documentos determinam as regras para disposição final.

Recentemente, a literatura científica tem demonstrado a ocorrência de

concentrações ambientais de medicamentos (TABAK et al., 1981; DAUGHTON;

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31

TERNES, 1999; KÜMMERER, 2001; DAUGHTON, 2003a), indicando que se trata de

preocupação relevante e que requer regulamentação específica considerando o ciclo

completo de vida dos medicamentos (DAUGHTON, 2003a). Isto é em especial

reforçado pelo fato dos medicamentos não serem totalmente removidos nas

estações de tratamento de esgoto (ETE) (TERNES, 1998; STUMPF et al., 1999;

ZUCATTO et al., 2000; TIXIER et al., 2003; KHAN; ONGERTH, 2004).

Metodologias de avaliação de risco permitem a estimativa das conseqüências

potenciais da presença de fármacos no ambiente.

A presença de medicamentos no ambiente resulta da produção e do impacto

da atividade industrial farmacêutica; do lançamento de grandes quantidades de

medicamentos vencidos (ou não) das residências; de águas residuárias e resíduos

sólidos de hospitais; de resíduos e da excreção de fármacos e seus metabólitos por

animais e humanos (DEBSKA et al., 2004).

Depois de descartados ou excretados, esses compostos chegam, portanto, ao

ambiente aquático via águas residuárias domésticas, hospitalares e de centros de

saúde, bem como de lixiviados de aterros sanitários (PASCOE et al., 2003) e lixões.

A Figura 1 resume o fluxo geral de fármacos no ambiente aquático.

Há, portanto, uma associação estreita envolvendo os medicamentos e seu

papel ambiental e sanitário.

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32

Figura 1 – Fluxo de fármacos no ambiente aquático (adaptado de Ternes, 1998; Stumpf et al., 1999; Boxall, 2004; Debska et al., 2004).

2.2 ANTIINFLAMATÓRIOS NÃO-ESTEROIDAIS (AINE)

Considerando os medicamentos como ferramentas para enfrentar os

problemas de saúde, deve-se lembrar que os distúrbios inflamatórios e imunológicos

têm participação importante no rol de manifestações patológicas e muitas, se não a

maioria das doenças, estão relacionadas a tais processos (RANG et al., 2004). Para

estes males, a medicina dispõe de fármacos adequados, que são os

antiinflamatórios e imunossupressores (RANG et al., 2004). Dos fármacos

antiinflamatórios, os não-esteroidais (assim designados porque não derivam do

colesterol) estão entre os agentes terapêuticos mais usados no mundo (RANG et al.,

2004), o que permite identificar a participação deste grupo de medicamentos em

Terapêutica humana

Usos não-terapêuticos - Atividades agropecuárias

- Aditivos alimentares

Terapêutica veterinária

Excreção Descarte

Esgoto Águas superficiais

Águas de abastecimento Águas

subterrâneas ETE

ETA

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prováveis impactos ambientais em razão de seu lançamento ao ambiente poder ser

relevante.

O primeiro antiinflamatório não-esteroidal foi o ácido acetilsalicílico (AAS),

desenvolvido a partir do conhecimento de propriedades medicinais da casca do

salgueiro (gênero Salix) no tratamento da febre. Sua obtenção foi a partir do

princípio ativo (salicilina – isolada em 1829 por Leroux) existente na casca. Sua

introdução na terapêutica foi por meio de Dresser, provavelmente, segundo Alonso

(2004), usando como fonte a Spiraea – Spirea ulmaria L. (família das Rosáceas) de

onde se obtinha o ácido salicílico. Pouco tempo depois, os salicilatos sintéticos

substituíram os naturais, cujo processo de extração era dispendioso (HARDMAN;

LIMBIRD, 2003).

Atualmente, existem mais de 50 antiinflamatórios não-esteroidais (AINE) no

mercado mundial (RANG et al., 2004), estando entre os mais empregados o ácido

acetilsalicílico, o diclofenaco, o ibuprofeno e o naproxeno. Diclofenaco e ibuprofeno

têm sido constantemente selecionados para estudos sobre a presença e as ações

prováveis dos fármacos no meio ambiente, como se verá na seqüência.

Os AINE abrangem uma variedade de agentes que pertencem a diferentes

classes químicas, apresentando três tipos principais de efeitos, antiinflamatório,

analgésico (redução de dores leves a moderadas) e antipirético (controle da febre),

de acordo com Rang et al. (2004), e são extensivamente utilizados na clínica

humana e veterinária.

Segundo Brody et al. (1998), os AINE são usados para tratar dores leves e

temperatura corporal elevada, artrite e outros transtornos inflamatórios, além de gota

e hiperuricemia. Estas desordens podem ser agudas ou crônicas e são encontradas

em grandes segmentos da população. A aspirina, devido a sua habilidade de inibir a

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agregação plaquetária apresenta uma característica extra na profilaxia de infartos de

miocárdio.

2.2.1 Diclofenaco

O diclofenaco é um derivado do ácido fenilacético (Figura 2) e exerce

atividades analgésicas, antipiréticas e antiinflamatórias. É um inibidor da

ciclooxigenase, cuja potência é considerada maior em relação à indometacina, ao

naproxeno ou outros agentes.

Figura 2 – Fórmula estrutural do diclofenaco de sódio.

A absorção é rápida e completa após a administração oral, com as

concentrações plasmáticas máximas atingidas em duas a três horas. A excreção

ocorre via urina (65%) e bile (35%) (HARDMAN; LIMBIRD, 2003). Sua

metabolização é via fígado, por meio de uma isoenzima da subfamília CYP2C do

citocromo P450. O metabólito mais destacado é o 4-hidroxidiclofenaco, além de

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quatro outras formas hidroxiladas. Os metabólitos, após reações de glicuronidação e

sulfuração são devidamente excretados (HARDMAN; LIMBIRD, 2003). Para o

diclofenaco, a dose recomendada – dose diária definida (DDD) é de 150 mg, com

uma meia-vida de 1 a 2 horas (FUCHS; WANNMACHER, 1998).

O quadro de eventos adversos (gastrintestinais principalmente) é induzido em

aproximadamente 20% dos pacientes, incluindo sangramento gastrintestinal e

ulceração ou perfuração da parede intestinal (BRUNTON et al., 2006). Outros

eventos citados incluem exantemas cutâneos, reações alérgicas, retenção hídrica e

edema, depressão da função renal (considerada mais rara) (HARDMAN; LIMBIRD,

1996; BRUNTON et al., 2006).

Segundo Khazaeinia e Jamalli (2003), o diclofenaco é um dos AINE para uso

analgésico e antiinflamatório mais utilizado.

2.2.2 Ibuprofeno

O ibuprofeno (Figura 3) é um derivado do ácido propiônico, considerado um

AINE seguro e eficaz (HARDMAN; LIMBIRD, 2003). É indicado para o tratamento

sintomático da artrite reumatóide, da osteoartrite, da espondilite anquilosante e da

artrite gotosa aguda, além da utilização como analgésico (HARDMAN; LIMBIRD,

2003).

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Figura 3 – Fórmula estrutural do ibuprofeno.

O ibuprofeno foi o primeiro AINE derivado do ácido propiônico a ser aprovado

e sua dispensação não requer prescrição médica nos EUA (HARDMAN e LIMBIRD,

2003). A dose máxima recomendada diariamente é de 3.600 mg (UNITED STATES

PHARMACOPOEIA AND NATIONAL FORMULARY, 2003), com tempo de meia-vida

de duas a duas horas e meia (FUCHS; WANNMACHER, 1998). Em doses inferiores

à dose máxima, o ibuprofeno tem ação analgésica e perde a eficácia antiinflamatória

(KATZUNG, 2001).

Sua excreção é rápida, com mais de 90% da dose ingerida eliminada via

urina sob forma de metabólitos ou conjugados, sendo os principais o hidroxi-

ibuprofeno e o carboxi-ibuprofeno (HARDMAN; LIMBIRD, 2003). Schneider et al.

(1990) indicam que o fármaco apresenta discreta excreção biliar. Os efeitos

adversos mais observados no uso do ibuprofeno incluem eventos gastrintestinais em

5 a 15% dos usuários. Outros eventos descritos são considerados menos

freqüentes, tais como: trombocitopenia, exantemas, cefaléia, tonturas, visão borrada.

Em ainda menor incidência ocorrem ambliopia tóxica, retenção de líquidos e edema.

O uso em gestantes pode ser considerado, mas há preocupação quanto a atrasos

no parto (BRUNTON et al., 2006).

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2.3 AINE E MEIO AMBIENTE

Na Tabela 1, apresenta-se uma série de estudos sobre presença de

diclofenaco e ibuprofeno em ambientes aquáticos, indicando em quais matrizes os

fármacos foram pesquisados, quais as concentrações detectadas e onde foram

realizados os experimentos.

Em seu trabalho sobre ocorrência de fármacos em ETE alemãs, Ternes

(1998) investigou 32 fármacos e cinco metabólitos, inclusive AINE. As amostras

foram obtidas de 49 ETE na Alemanha, que coletam em sua maioria esgoto

doméstico. e possuem três etapas de tratamento: pré-clarificação, clarificação final e

tanque de aeração. As amostras das ETE foram aleatórias.

Além das amostragens para detecção, o autor pesquisou a capacidade das ETE de

remover os fármacos. Para o diclofenaco, Ternes (1998) encontrou eficiência de até

69% e para o ibuprofeno, a eficiência de remoção chegou a 90%, embora o autor

não tenha investigado os efeitos da sorção e da biodegradação dos fármacos. No

estudo, as concentrações médias no efluente (pós-tratamento na ETE) foram da

ordem de 0,81 µg.L-1 (diclofenacco) e 0,37 µg.L-1 (ibuprofeno). Para as

amostras de rios as concentrações médias foram 0,15 µg.L-1 (diclofenaco) e

0,07 µg.L-1 (ibuprofeno) (TERNES, 1998). Destacam-se, portanto, a relativa

estabilidade desses compostos no ambiente aquático e a incapacidade dos

processos tradicionais de tratamento de águas residuárias de remover

completamente os fármacos analisados. O autor ressaltou também que a avaliação

dos compostos incluídos em seu trabalho representava, naquele momento, 1% do

total de 2.900 substâncias aprovadas para uso terapêutico na Alemanha.

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Tabela 1 – Pesquisas sobre a presença de AINE no ambiente aquático com autor, ano da investigação, quais analitos e em que matrizes foram investigados bem como a concentração obtida e o local onde foi realizado.

Autor Ano Analitos Matriz Concentração (µg.L-1) Local de estudo

águas de rios 0,15

0,07 TERNES 1998

diclofenaco

ibuprofeno águas residuárias

0,81

0,37

Alemanha

0,45

STUMPF et al. 1999

diclofenaco

ibuprofeno

águas de rios e de

mar;

águas residuárias aprox. 0,2

Brasil

águas de rios;

águas de lago;

águas residuárias

0,02 – 0,15;

nd – 0,01;

0,10 – 0,7

ÖLLERS et al. 2001 diclofenaco

ibuprofeno águas de rios;

águas de lago;

águas residuárias

nd – 0,08;

0,005 – 0,015;

0,005 – 1,5

Suíça

FERRARI et al. 2003 Diclofenaco efluente de ETE 0,047-0,545 França, Grécia, Itália,

Suécia

af – 0,56

ef – 0,365 KOUTSOUBA et

al. 2003

diclofenaco

ibuprofeno

águas residuárias:

afluente

efluente af – nd

ef – nd

Grécia

TIXIER et al. 2003 diclofenaco

ibuprofeno

efluente de ETE

águas de rios

águas de lago

0,13

0,018 Suíça

nd

nd

0,009 – 0,049 KOSJEK et al. 2005

diclofenaco

ibuprofeno

água de poços;

água de torneiras;

água de rios quantificação do ibuprofeno sofreu

interferências

Eslovênia

af = afluente; ef = efluente; ETE = estação (ões) de tratamento de esgoto; nd = não detectado; aprox. = aproximadamente

Stumpf et al. (1999) realizaram estudos com águas residuárias – afluente e

efluente (origem doméstica) e águas superficiais no Rio de Janeiro, Brasil.

Pesquisaram 11 fármacos e dois metabólitos. Entre os fármacos, investigaram o

diclofenaco e o ibuprofeno. A concentração média dos fármacos no efluente variou

entre 0,1 a 1 µg.L-1. As ETE utilizavam para a purificação do efluente dois

processos: filtro biológico e lodo ativado, com melhor rendimento na taxa de

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39

remoção para o lodo ativado (STUMPF et al., 1999). Os autores concluíram que a

presença de resíduos dos fármacos nas águas superficiais (rio e baía) estavam

predominantemente relacionados à poluição destas por águas residuárias. Além

disto, a ocorrência de resíduos de fármacos e seus metabólitos pode ser projetada

para rios e correntezas, onde quer que haja consumo de fármacos.

Na Suíça, Öllers et al. (2001) investigaram 18 substâncias entre fármacos e

pesticidas, inclusive quatro AINE: diclofenaco, ibuprofeno, ketoprofeno e naproxeno.

As amostras foram obtidas em águas de rios e lagos e ETE. A concentração de

diclofenaco nas três matrizes variou entre 0,01 e 0,7 µg.L-1 e do ibuprofeno entre

0,005 e 1,5 µg.L-1. A concentração maior foi detectada nas águas residuárias, o que

corrobora a afirmação de que o principal destino em ambiente aquático de fármacos

seja esse, embora não possa ser descartada a relevância dos demais

compartimentos aquáticos.

Ferrari et al. (2003) desenvolveram um trabalho em quatro países: França,

Grécia, Itália e Suécia. Investigou-se a presença de três fármacos - carbamazepina,

ácido clofíbrico e diclofenaco - em águas residuárias (doméstica e industrial) em sete

ETE, bem como sua ecotoxicidade. Todos os fármacos estudados foram detectados

na maioria dos efluentes analisados (dados do diclofenaco na Tabela 1) e a

carbamazepina revelou-se o fármaco mais perigoso para o meio ambiente (razão

CAP/CAPNE >1, indicativo de risco ambiental). Como em outros estudos, destacou-

se a recomendação para efetuar avaliações de toxicidade crônica e o potencial de

risco ambiental presente com as concentrações reais que são detectadas em

estudos, como Ternes, que encontrou 1,1 µg.L-1. Ao se fazer a razão com a CAPNE

que Ferrari et al. (2003) obtiveram, 0,42 µg.L-1, a razão de risco excedeu 2.

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Koutsouba et al. (2003) investigaram cinco fármacos em afluente e efluente

de cinco ETE na Grécia: ácido clofíbrico, diclofenaco, ibuprofeno, fenazona e

propifenazona. O diclofenaco foi detectado, variando de 0,012 a 0,56 µg.L-1 para o

afluente e de 0,01 a 0,365 µg.L-1 para o efluente (Tabela 1). Os autores indicaram

que seus resultados são compatíveis com os obtidos em outros estudos europeus e

que as ETE investigadas apresentaram contaminação por diclofenaco, que foi

detectado em todas as estações (presente em 100% da amostras – n = 11) e ainda,

que a presença de diclofenaco indica uso humano e não relacionado a descargas

industriais.

Na Eslovênia, Kosjek et al. (2005) investigaram quatro AINE (diclofenaco,

ibuprofeno, ketoprofeno e naproxeno) em amostras de águas de poço (n=2), águas

de torneiras (n=9) e águas de rios (n=10). Não foram encontrados traços dos

fármacos nas amostras de águas de poço e torneira. Nas águas superficiais, 11 das

16 amostras (algumas amostragens de rios foram feitas em duplicata – junho-julho

de 2004 e setembro do mesmo ano) apresentaram diclofenaco (Tabela 1). Em uma

das amostras, foram detectadas concentrações quatro a cinco vezes superiores às

demais, 0,282 µg.L-1. O fator presente no caso foi a localização de uma indústria

farmacêutica a montante do ponto de amostragem no rio. De acordo com estes

autores, a contaminação do ambiente aquático com determinados fármacos na

Eslovênia segue um padrão para a Europa Central.

Entre as investigações que são realizadas sobre fármacos no ambiente,

podem-se destacar aquelas que analisam a degradação dos compostos.

Na Suíça, Tixier et al. (2003) pesquisaram seis fármacos, entre eles o

diclofenaco e o ibuprofeno, com amostras de dois rios, três ETE e um lago. Além da

preocupação com a quantificação dos fármacos, os autores investigaram a taxa de

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remoção dos fármacos em águas de superfície, sob condições ambientais reais,

empregando medidas de campo e modelagem. Quanto aos resultados, a variação

de concentração dos fármacos detectada nas amostras de rios pode ser, segundo

os autores, devida às variações de lançamento dos mesmos pelas ETE localizadas à

montante e pela variação da correnteza, portanto, a fototransformação foi

identificada como o principal processo de eliminação do diclofenaco nas águas

lacustres durante o estudo.

A partir dos dados revelados nos diversos trabalhos que investigam a

presença de fármacos no ambiente, observa-se que a presença destas substâncias

ocorre em baixas concentrações (µg.L-1 – 10-6 g.L-1 a ng.L-1 – 10-9 g.L-1). Daughton e

Ternes (1999) e Kosjek et al. (2005) comentam que a exposição humana a esses

micropoluentes corresponde a doses três a quatro vezes inferiores em relação às

doses necessárias para se obter efeito farmacológico e, portanto, poder-se-ia

considerar que riscos ante exposições agudas seriam improváveis mas é preciso

determinar os efeitos de exposição crônica (durante longos períodos).

Cleuvers (2004) reforça esta condição , quando afirma que em contraste com

a grande quantidade de dados analíticos, estudos que avaliem os possíveis efeitos

ecotóxicos das substâncias detectadas são escassos, e, em especial, há a

preocupação sobre a necessidade de estudos que considerem a ocorrência de

resíduos de fármacos no ambiente aquático como misturas, não como

contaminantes isolados. Embora muitos fármacos não possuam toxicidade aguda

em organismos aquáticos, podem ter efeito cumulativo significativo no metabolismo

de organismos que não são primariamente seus alvos de atuação e no ecossistema

como um todo (BENDZ et al., 2005).

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Ao se estudar fármacos no ambiente, considera-se a ecotoxicologia e é

necessário entender a avaliação ecotoxicológica e seus critérios.

A avaliação ecotoxicológica é considerada na literatura etapa indispensável

(EMEA, 2006; FDA, 1999) na avaliação de risco ambiental (ARA) de medicamentos.

Considerando que ainda são escassos estudos ecotoxicológicos dessas

substâncias, Hemminger (2005) cita que 1% dos fármacos de uso humano

apresentam dados ecotoxicológicos.

Há dois modelos que são mais utilizados na literatura para ARA de

medicamentos e que incluem análises ecotoxicológicas, o proposto pela United

States Food and Drug Administration (FDA) (1999) e o apresentado pela European

Medicines Agency (EMEA) (EMEA, 2006). Nos últimos anos tem havido bastante

debate a respeito das abordagens feitas por cada agência na metodologia de

avaliação proposta.

Na Europa, há um padrão adotado, que é o da Diretriz da União Européia

(EU) EU – Directive 93/67/EEC (Comissão das Comunidades Européias –

Commission of the European Communities, 1993 apud Cleuvers (2003). Para

identificar o significado dos dados sobre a concentração que causa efeitos tóxicos

em 50% da população da amostra (EC50), segue-se a Tabela 2, definida pela diretriz.

Seguindo o modelo proposto por Ferrari et al. (2003), é preciso entender

como expressar os resultados, que serão expressos como concentrações nominais.

Para os testes crônicos, considera-se a concentração mais baixa com observação

de efeitos (CBOE). Também se considera a concentração em que não se observa

efeitos (CNOE), que seria a baixa concentração mais próxima da CBOE.

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Tendo analisado a avaliação ecotoxicológica, pode-se abordar a relação

fármacos-ambiente, para melhor entendimento dos prováveis impactos ambientais

de fármacos.

É importante levar em consideração que o estudo dos fármacos em suas

Tabela 2 – Classificação de substâncias quanto ao grau de toxicidade para organismos aquáticos considerando a concentração que produz efeitos em 50% da população da amostra. Fonte: EU – Directive 93/67/EEC apud CLEUVERS (2003).

EC50 mg.L-1 Grau de Toxicidade

< 1 muito tóxicoa

1 – 10 tóxicob

10 – 100c nocivod

a Manifestações de toxicidade com concentração muito reduzida bManifestações de toxicidade com morte mediante a concentração intermediária c Substâncias com EC50 > 100 mg.L-1 são praticamente atóxicas d Manifestações de toxicidade sem morte

interações com o ambiente demanda mais dados para compreender os fenômenos

relacionados à toxicidade aguda e crônica. Há um consenso na comunidade

científica sobre não haver resultados que realmente apontem para eventos

relacionados à exposição aguda a fármacos. Por outro lado, a maioria dos autores

concorda em haver escassez de relatos que esclareçam os mecanismos de

intoxicação mediante exposição continuada (toxicidade crônica) e reforçam a

importância de dados para essa exposição de longo prazo. Os trabalhos a seguir

demonstram o nível dessa discussão.

Ayscough et al. (2000) e Webb (2001) apud Ferrari et al. (2003) chamam a

atenção para os dados disponíveis sobre a ação dos medicamentos em organismos

vivos. Há poucas informações procedentes de fontes não confidenciais na literatura

que tragam indícios para alguns dos fármacos de uso humano quanto a sua

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persistência no ambiente, mecanismos ambientais de remoção ou ecotoxicidade.

Essa situação confirma a lacuna importante de informações para que se possa fazer

uma caracterização plena do risco ambiental.

Fent et al. (2006), em uma extensa revisão, procuram estabelecer

mecanismos de ação dos fármacos em humanos e mamíferos e a possível

ocorrência de biomoléculas-alvo em vertebrados inferiores e invertebrados a partir

da influência dos próprios fármacos. Os autores comentam que o mecanismo de

ação dos AINE tem papel decisivo na caracterização do potencial de dano.

Sobre o fígado, Bjorkman (1998) apud Fent et al. (2006) aponta que os danos

aparentemente são ocasionados tanto devido à síntese de metabólitos reativos,

como as acilglucuronidas, quanto à inibição da síntese de prostaglandinas. É

necessário reforçar estes mecanismos para compreender as afirmações dos

autores. Em uma espécie de peixe (Oncorhynchus mykiss) Zou et al. (1999) apud

Fent et al. (2006) revelam que têm sido expressa em macrófagos uma COX-2

induzível homóloga e o produto da transcrição do gene da COX têm sido identificado

com uma elevada homologia para as enzimas humanas COX-2 – 83-84% e COX-1 –

77%.

Sanyal et al. (1994) estudaram o ibuprofeno e identificaram uma elevada

atividade antifúngica deste fármaco, por meio da determinação da concentração

inibitória mínima (CIM). A CIM foi definida como a menor concentração do ativo em

que não se detecta crescimento visível do microrganismo (SANYAL et al., 1993;

MIMME et al., 2005). O ibuprofeno inibiu o crescimento de Trichophyton,

Microsporum, Epidermophyton, Staphylococcus aureus e Candida albicans em

concentrações abaixo de 200 µg.mL-1.

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Elvers e Wright (1995) também investigaram o ibuprofeno, demonstrando sua

capacidade em inibir bactérias Gram-positivas, em concentrações superiores a

150 µg.mL-1 em pH 7.

Em um ensaio de ecotoxicidade empregando o cnidário (organismo aquático

invertebrado), Hydra vulgaris, Pascoe et al. (2003), verificaram a capacidade de

dano de 10 fármacos comumente prescritos no Reino Unido, entre eles o ibuprofeno.

Os ensaios avaliaram a toxicidade aguda e os organismos sobreviventes foram

expostos a testes para avaliar a exposição prolongada (crônica). Nos ensaios

crônicos, não se verificou resultados consistentes que indicassem efeitos adversos.

Os resultados para o ibuprofeno não indicaram toxicidade aguda ou crônica.

Oaks et al. (2004) pesquisaram nos abutres Gyps bengalensis - ameaçados

de extinção no Paquistão, os prováveis fatores associados a essa condição de risco

ambiental. As aves apresentaram um decréscimo da população entre 2000 e 2003

de 34 a 95% e variação da mortalidade de 5 a 86%. Há uso intensivo de diclofenaco

nas criações de animais próximo ao habitat desses abutres e os autores associaram

a presença de diclofenaco nas carcaças desses animais de criação (fonte alimentar

dos abutres) com a falência renal nas aves. Os autores também reportam

possibilidade de relação entre doença renal em mamíferos e a ocorrência de

diclofenaco como contaminante ambiental que alcança a cadeia trófica.

Shultz et al. (2004) analisaram a relação entre o mesmo fármaco e 28 abutres

das espécies Gyps bengalensis e Gyps indicus, concluindo que existe associação

entre o resíduo de diclofenaco detectado e o quadro patológico (falência renal, gota

visceral) que levou os animais a óbito. O resíduo presente nas aves afetadas foi

relacionado ao consumo, por parte das aves, das carcaças de animais de criação de

áreas próximas a seus habitats que são comumente tratados com diclofenaco. Esse

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uso veterinário do AINE foi apontado como fator para desencadear a contaminação

ambiental com o diclofenaco.

Em Ferrari et al. (2003), os estudos de ecotoxicologia envolvendo o

diclofenaco foram feitos em bactérias (Vibrio ficheri), algas (Pseudokirchneriella

subcapitata), cladóceros (Daphnia magna e Ceriodapnhnia dubia), rotíferos

(Bracchionus calyciflorus) e peixes (Danio rerio – Cyprinidae), onde os autores

buscaram estabelecer dados mais claros sobre a sua ecotoxicidade, a partir de

quantificação do mesmo em monitoramentos, como já exposto anteriormente, em

estações de tratamento de esgoto na França, Grécia, Itália e Suécia. Nesse estudo,

Ferrari et al. (2003) consideraram que no geral, não foram observados efeitos

agudos ou crônicos em concentrações inferiores a 25 µg.L-1. A toxicidade aguda

para o diclofenaco foi de 115 mg.L-1 em teste que mensura o efeito sobre o

metabolismo do organismo por parte da substância. A bactéria Vibrio fischeri foi a

espécie mais sensível.

Levando-se em consideração que fármacos naturalmente são contaminantes

ambientais suspeitos (CHRISTENSEN, 1998), em razão de sua atividade biológica,

já comentada, aliado ao caráter geralmente lipofílico e baixa biodegradabilidade

(maioria dos casos), estes micropoluentes têm potencial para bioacumulação e

persistência ambiental.

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47

2.4 AVALIAÇÃO DE RISCO AMBIENTAL E MEDICAMENTOS

Para melhor compreender a importância da avaliação do risco ambiental

(ARA) de AINE, será discutido o conceito de risco e avaliação de risco.

Liu e Lipták (1997) consideram que risco significa que um evento vai ter,

direta ou indiretamente, efeito adverso para a saúde ou bem-estar humano.

Já a avaliação de risco (AR) é a caracterização do efeito adverso em

potencial perante a exposição a ameaças, incluindo estimativas de riscos e de

incertezas em medições e no uso de técnicas analíticas e modelos interpretativos

(NATIONAL RESEARCH COUNCIL, 1983 apud THELLEN; GAUDET, 2002).

Com esse entendimento, passa-se a abordar a Avaliação de Risco Ambiental

(ARA) e medicamentos.

A regulação de produtos medicinais na Europa, por meio da Comunidade

Econômica Européia, começou com a Diretriz 65/65/EEC, em 1965 (STRAUB,

2005), sem contemplar aspectos ambientais.

O interesse no papel dos fármacos considerando meio ambiente só tem

aumentado recentemente, em razão do aumento do número de investigações, como

já exemplificado, seguindo a tendência generalizada de maior preocupação quanto a

potenciais poluentes e seus prováveis danos ambientais. Inicialmente, a atenção

voltou-se a produtos veterinários. Esse quadro também se refletiu na regulação do

mercado farmacêutico por parte das autoridades competentes, que passaram a se

preocupar somente a partir da metade dos anos 1980.

O primeiro requerimento para testes de ecotoxicidade como pré-requisito para

registro de medicamentos foi estabelecido em 1995 de acordo com a Diretriz da EU

92/18 EEC e seu correspondente “Notes for Guidance” (EMEA, 1998 apud FENT et

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al., 2006). Esta diretriz se aplicava a produtos veterinários. A Comissão Européia

(CE) liberou o projeto de um guia técnico (Directive 2001/83/EC) especificando que a

autorização para produtos medicinais de uso humano deveria vir acompanhada de

uma ARA.

No curso de diversas emendas ao documento original, concomitante ao

crescimento da importância do tema meio ambiente, a Diretriz 93/93/EEC tornou-se

marco na regulação de produtos medicinais na Europa, pois formalizou a criação de

uma agência européia para medicamentos, a EMEA e detalhou procedimentos para

registro de medicamentos, incluindo a realização de uma ARA (STRAUB, 2005). O

autor complementa que o primeiro documento técnico, designado Notice for

Applicants (Aviso aos Fabricantes) foi publicado inicialmente em 1986.

Em uma extensa revisão sobre fármacos no ambiente, Kümmerer (2001)

analisa diversos grupos terapêuticos, destacando aqueles que precisariam especial

atenção: agentes citostáticos, antibióticos e desinfetantes, hormônios, clorofenóis,

metais pesados, analgésicos e sedativos. O nível de conhecimento sobre os

fármacos e ambiente quando da publicação de seu artigo recomendaria que os

fármacos poderiam ser avaliados pelos modelos de ARA como pesticidas.

Martel et al. (2002) citam uma definição da ARA pelo Centre d’ expertise en

analyse environmentale (CEAEQ) (1998) do governo da Província de Quebec, no

Canadá como um processo racional que apóia as tomadas de decisão quanto ao

destino ambiental de contaminantes e seus efeitos nos compartimentos ambientais.

Usa como ferramentas a identificação, comparação e análise de dados descritivos

com vistas à formulação de um julgamento que considere todo o contexto.

Halling-Sørensen (1998) considera que a agência americana de regulação de

alimentos e medicamentos, a FDA, instituiu o National Environment Policy Act

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(NEPA) em 1985 e em 1987 preparou um guia técnico para orientar a avaliação

ambiental (Environmental Assessment Technical Handbook for FDA-Required

Environmental Assessment). Em 1995, o autor completa que a FDA publicou seu

guia técnico (Guidance for industry for the submission of an environmental

assessment in human drug applications and supplements) para submeter a uma

avaliação ambiental indústrias de medicamentos de uso humano e seus insumos.

Segundo Halling-Sørensen (1998), a diretriz técnica para produtos medicinais

humanos (EU directive 75/318/EEC) não incluía referências à ecotoxicidade ou

ecotoxicologia, o que preocuparia pela não percepção de haver planos da

Comunidade Econômica Européia (CEE) para alterar a diretriz, o que diferia do

documento normalizador do setor veterinário. O esboço de um guia técnico

detalhado (III/5504/94) publicado em 1994 indicou que a mesma sistemática

aplicável a produtos veterinários poderia ser aplicada para produtos de uso humano.

Até o momento da publicação de Halling-Sørensen, o guia técnico não estava

pronto.

O documento europeu estabelece diferenciações entre substâncias que

contenham ou que consistam de organismos geneticamente modificados (OGM) e

entre aquelas que não contenham ou não consistam de OGM (HALLING-

SØRENSEN, 1998).

Os dois grupos ainda são divididos em produtos medicinais de uso humano e

produtos medicinais veterinários. O autor acrescenta que toda nova política européia

a partir desse período incluiu a questão ambiental, o que representa que qualquer

projeto de lei comunitária, não importa o setor social, será avaliado quanto ao

potencial impacto ambiental. Oficialmente, a CEE publicou uma diretriz – Diretriz

81/852/EEC – conhecida como “diretriz técnica” contemplando produtos veterinários.

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A diretriz alinhava os requerimentos básicos para conduzir uma avaliação de

risco ambiental. Segundo Straub (2005), esses documentos circularam no início dos

anos 1990. Finalmente, um documento de orientação (EMEA/CVMP/055/96-FINAL)

publicado em 1997 detalha as diretrizes técnicas para avaliar o risco de substâncias

veterinárias (HALLING-SØRENSEN, 1998; STRAUB, 2005) não-imunológicas e que

não contenham e não consistam de OGM.

O próximo esboço da EMEA para regulação de produtos medicinais humanos

não-OGM é publicado em 2001 e Straub (2005) comenta que apresenta um

procedimento simplificado, direcionado em etapas, com enfoque no ambiente

aquático. Este documento apresenta um limite para a Concentração Ambiental

Prevista (CAP) de 0,01 µg.L-1. Se o fármaco apresentar concentração superior a esta

em ambiente aquático, deve ser avaliado pelo protocolo da EMEA.

O último documento que atualiza a ARA é submetido a discussão inicial em

2003 para implementação em 2006, (EMEA, 2006). Este será analisado em maiores

detalhes no item a seguir.

Três seriam os fatores mais relevantes a serem considerados para

desencadear um processo de ARA para fármacos (DAUGHTON, 2003a).

- Variabilidade Geográfica quanto ao uso de fármacos: o tipo de fármaco e

dose pode variar de município a município, estado a estado, região a região, país a

país, majoritariamente em função da estrutura etária da população e condutas

prescricionais. Isto significa que para áreas metropolitanas populosas com uso de

um fármaco em particular que ultrapasse o que seria esperado em um padrão

uniforme de distribuição, a CAP ou a Concentração Ambiental Esperada (CAE) –

este é o termo empregado nos EUA - poderia ser mais elevada que o esperado;

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- Fontes não detectadas de fármacos e produtos de cuidados pessoais: Uma

variedade de fontes não detectadas, alternativas (não as vendas legalizadas pelos

meios autorizados) contribui para o montante total de consumo e poderiam não ser

levadas em consideração nos cálculos da CAP/CAE. Outro fator é que o volume de

consumo de medicamentos isentos de prescrição (MIP) e o montante de prescrições

representam uma parcela do uso total. As amostras grátis (medicamentos cuja

venda é proibida, mas que fazem parte da estratégia de promoção do medicamento)

para os médicos, as vendas do mercado negro, programas de assistência social que

incluem fornecimento de medicamentos financiados pelas indústrias farmacêuticas

são outras fontes difíceis de serem avaliadas. Outro caso sério a ser destacado seria

a venda de medicamentos pela internet, que representaria para os EUA ingresso

maciço de medicamentos importados não regulados e que representam fonte de

preocupação para a FDA quanto à saúde pública;

- Interações: a exposição a somente uma única substância tóxica é muito

provavelmente, um evento extraordinariamente raro, especialmente no ambiente

aquático.

Uma vez analisado o significado e os fatores para se desencadear ARA de

fármacos, passa-se ao estudo da ARA segundo o modelo da EMEA, com seu

embasamento teórico e considerações no documento válido atualmente, emitido

pelo Comitê para Produtos Medicinais de Uso Humano (Committee for Medicinal

Products for Human Use,- CHMP/SWP/4447/00) (EMEA, 2006).

O documento publicado pela EMEA, denomina-se Guideline on the

Environmental Risk Assessment of Medicinal Products for Human Use.

Segundo a EMEA (2006), em seu guia técnico, a ARA deve acompanhar o

requerimento para a autorização que libera no mercado. O guia descreve como

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avaliar os riscos potenciais ao ambiente desses produtos medicinais para uso

humano. O guia também inclui considerações sobre medidas de segurança e

precaução que devem ser tomadas bem como o Relatório de Avaliação de Risco

Ambiental.

2.4.1 Princípios Gerais da ARA de fármacos segundo a EMEA

A avaliação de riscos potenciais ao ambiente segundo o modelo estabelecido

pela EMEA (2006) é organizada em duas fases. A Fase I estima a exposição de

fármacos ao ambiente. Na Fase II, informações sobre o destino e os efeitos de

fármacos no ambiente devem ser obtidas e avaliadas. A Fase II divide-se em duas

partes, designadas Etapa A e Etapa B. A Tabela 3 a seguir mostra as fases,

objetivos, metodologia e testes/dados requeridos.

2.4.1.1 Fase I – Estimativa da exposição

Na Fase I, a estimativa deve ser baseada somente no fármaco, não

considerando formas de administração, formas farmacêuticas, metabolismo e

excreção (EMEA, 2006).

Nesta fase, a estimativa é por meio do cálculo da Concentração Ambiental

Prevista (CAP). Pode-se definir a CAP como a concentração de um dado composto

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em um compartimento ambiental obtida por meio da combinação de estimativas do

Tabela 3 – Abordagem considerando as fases para avaliação de risco ambiental (RA), seus objetivos, qual a metodologia sugerida e os testes/dados requeridos, segundo o guia técnico da EMEA, 2003. Fonte: adaptado de EMEA, 2006.

Estágio na

avaliação

regulatória

Estágio na ARA Objetivos Metodologia Testes/dados

requeridos

Fase I Pré-seleção Estimativa da

exposição

Limite de ação Dados de consumo

Fase II

Etapa A

Seleção Previsão inicial

do destino

ambiental

Avaliação de

risco

Base de dados sobre

destino e toxicologia

em ambiente aquático

Fase II

Etapa B

Extendida Refinamento do

estudo do

compartimento

ambiental e da

avaliação de

risco

Avaliação de

risco

Dados ampliaddos

sobre emissão, destino

e efeitos, envolvendo

outros compartimentos

ambientais

montante de consumo, do lançamento e vias de acesso ambiental e propriedades

físico-químicas.

Para o cálculo da CAP de Fase I, consideram-se os parâmetros consumo de

medicamentos, geração de esgoto por habitante, população da área analisada. O

recomendado pela EMEA é que, nos casos em que a CAP da Fase I seja maior ou

igual a 0,01 µg.L-1, a ARA deve prosseguir para a Fase II. Este valor limite, porém,

tem sido questionado, conforme apresentado por Daughton (2003a), pelo fato dos

medicamentos serem substâncias com alvos biológicos definidos, e como tal, seus

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estudos de ARA devem ser conduzidos para Fase II, independente do resultado de

Fase I.

2.4.1.2 Fase II – Destino ambiental e análise dos efeitos

Nesta fase, deve ser feito um refinamento da CAP, considerando-se dados

sobre o metabolismo e excreção, bem como a taxa de remoção dos fármacos em

ETE, obtendo-se assim os valores de CAP de Fase II.

Em seguida a avaliação de risco é feita calculando-se a relação CAP/CAPNE,

onde a CAPNE, correspondente à Concentração Ambiental Prevista em que Não se

Observam Efeitos, é definida como a concentração em águas superficiais em que,

ou abaixo de, não são esperados efeitos adversos no ambiente.

Na etapa A da Fase II, se buscam dados sobre propriedades físico-químicas

(coeficiente de partição octanol – água - Kow, por exemplo) e o destino ambiental da

substância analisada, bem como testes de toxicidade em peixes, dáfnias e algas,

visando determinar a CAPNEágua. A razão de risco é estimada. Quando o resultado

for igual ou superior a 1 para águas superficiais/água ou para águas subterrâneas, o

estudo prossegue para Etapa B. Se a razão for entre CAPáguas

superficiais/CAPNEmicroorganismos e o resultado for igual ou superior a 0,1, também haverá

avanço para Etapa B (EMEA, 2006).

A Etapa B da Fase II consiste em um maior refinamento da avaliação de risco,

com uma CAP refinada e a CAPNE da molécula-mãe bem como de estimativa da

razão para o metabólito excretado considerado relevante (≥ 10% do total). O

refinamento da CAP pode considerar modelagens em ETE que incorporam dados

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de: adsorção em lodo de esgoto e testes de biodegradação rápida. A Etapa B ainda

pode considerar efeitos em organismos do sedimento aquático (CAPsedimento) e

microorganismos em tanque de aeração. A etapa também pode considerar

coeficiente de adsorção (Koc > 10.000 L/kg), quando a substância deve ser analisada

quanto a efeitos no compartimento solo (EMEA, 2006).

2.4.2 Trabalhos de avaliação do risco ambiental de fármacos

Entre as primeiras contribuições para a avaliação do risco ambiental de

fármacos, destaca-se a de Christensen (1998), que fez um levantamento do risco

humano ante a exposição de três fármacos na Dinamarca. As substâncias

analisadas, segundo o autor, reconhecidamente apresentavam risco àqueles que

não são alvo de suas propriedades terapêuticas e seria esperado que teriam

capacidade de causar efeitos em baixos níveis de exposição. Durante a investigação

analisou-se o hormônio 17 α-etinilestradiol (EE2), o antibiótico de uso sistêmico

fenoximetilpenicilina (Pen V) e o antineoplásico ciclofosfamida (CF). Christensen

(1998) estabeleceu que o estudo devesse ser feito levando em conta o consumo

terapêutico dos fármacos e que a via de acesso ambiental dos mesmos seria as

águas residuárias.

O autor assumiu, para seu estudo, em função da dificuldade de se encontrar

dados físico-químicos sobre os metabólitos, que somente o fármaco inalterado foi

emitido para o ambiente. No seu caso, acrescentou que os metabólitos conjugados

poderiam ser hidrolisados por agentes bacterianos dando lugar ao composto

original. Outro pressuposto que o autor estabeleceu foi que a excreção teve como

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destino as águas residuárias. Para o EE2, obteve-se um aporte diário de fármaco da

ordem de 0,044 µg/dia ou 0,085 µg/dia considerando com ou sem biodegradação

respectivamente. Para a Pen V, os aportes diários de fármaco chegaram de 4,2

µg/dia a 86 µg/dia considerando com ou sem biodegradação respectivamente. E

para a CF, o aporte ficou em 0,018 µg/dia (neste caso, o fármaco foi presumido não

biodegradável).

Christensen (1998) realizou a avaliação de risco considerando emissões

difusas e o consumo dos fármacos, concluindo que nesse estudo o risco era

desprezível, mas que isto não poderia recomendar uso indiscriminado dos mesmos

e ele alertou que não se poderia esquecer que outros fármacos poderiam ter um

papel bem mais relevante sob a questão impacto ambiental. Como um dos primeiros

a fazer uma avaliação desta natureza, o autor ofereceu significativa contribuição

para as discussões e experimentos posteriores, sobretudo o fato de se utilizar dados

de consumo dos fármacos e estabelecer um pressuposto de que na AR de fármacos

o destino ambiental estabelecido seria as águas residuárias.

Os trabalhos a seguir contemplam os dois protocolos mais utilizados para

ARA de medicamentos, o da EMEA e o da FDA, que vêm sendo aperfeiçoados

como já discutido (FDA, 1999; EMEA, 2006). Os autores consideram para o cálculo

da CAP alguns pressupostos: Todos os fármacos foram consumidos no ano do

estudo, os fármacos são lançados nas águas residuárias, não são considerados os

dados de metabolismo/degradação, não se consideram eliminação/retenção durante

o tratamento na ETE e se consideram padrões de distribuição e consumo uniformes.

Os valores obtidos para diclofenaco e para ibuprofeno estão na Tabela 4.

Stuer-Lauridsen et al. (2000) fizeram um levantamento dos 25 fármacos mais

empregados na atenção básica de saúde na Dinamarca. A CAP foi calculada

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conforme o modelo da EMEA. O coeficiente de risco foi calculado considerando a

CAP e a concentração ambiental prevista em que não se observam efeitos

(CAPNE).

O AINE ibuprofeno foi investigado e identificado em diversos ambientes

aquáticos, com concentração variando entre 0,006 µg.L-1 (águas de rio) a 3,4 µg.L-1

(efluente de ETE), sendo adotada para o cálculo da CAP a maior concentração.

Tabela 4 – Dados referentes a trabalhos com ARA de fármacos incluindo resultados dos AINE diclofenaco e ibuprofeno quanto a CAP de Fase I, CAPNE, razão CAP/CAPNE.

Autor e ano Fármaco CAP (µg.L-1) CAPNE

(µg.L-1)

Razão

CAP/CAPNE

5,0a 1,0 Stuer-

Lauridsen

et al., 2000

ibuprofeno 8,9

9,1b 1,8

diclofenaco 0,8 139b 0,01 Jones,

Voulvoulis e

Lester,

2002

ibuprofeno 5,0 9,1b 0,6

diclofenaco 0,048 10c 0,005 Carlsson et

al., 2006a ibuprofeno 0,012 7,1c 0,002

dnd = dados não disponíveis a Cálculo da CAPNE considerando ensaio com Trichophyton rubrum b Cálculo da CAPNE considerando ensaio com Daphnia magna c Cálculo da CAPNE considerando ensaio com o crustáceo Ceriodaphnia dubia, espécie mais sensível a estes fármacos (CARLSSON et al., 2006a)

A CAP foi 8,9 µg.L-1, a CAPNE 5 e 9,06 µg.L-1 (variando com a espécie de

organismo submetida ao ensaio ecotoxicológico – Daphnia magna e Trichophyton

rubrum, respectivamente) e a relação CAP/CAPNE foi 1,0 e 1,8.

Os autores destacaram a escassez de dados da toxicologia como o principal

obstáculo para se realizar uma ARA de fármacos, assim como os modelos de

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ecotoxicidade, com diferenças marcantes de resultados considerando o mesmo

fármaco, mas organismos diferentes. Além disso, as CAPs excederam 0,001 µg.L-1,

ou seja, ficaram acima do valor limite válido naquele momento para desencadear

estudos de Fase II da ARA segundo a EMEA, como no caso do ibuprofeno.

Jones et al. (2002) avaliaram os 25 fármacos mais usados na Inglaterra,

considerando dados de prescrição do Departamento de Saúde da Inglaterra em

2000, usando a metodologia da EMEA. Foi feito o cálculo da CAP de cada fármaco e

todos eles apresentaram valor acima de 0,001 µg.L-1. Além dos dados de prescrição,

foram considerados dados de toxicologia. Para o cálculo da CAP adotou-se o

modelo usado por Stuer-Lauridsen (2000) e levou-se em conta a população da

Inglaterra em 2000 (49.997.100 hab.). Para a produção de águas residuárias, o

padrão inglês foi 0,18 m3/hab/dia. O fator de diluição foi 10.

Um pressuposto adicional do trabalho dos autores foi considerar que os

fármacos não seriam adsorvidos para material orgânico ou inorgânico (colóide) ou

para a biomassa da ETE ou águas naturais. Obtiveram-se dados de consumo de

diclofenaco de sódio (26,12 ton) e para o ibuprofeno (162,2 ton) aproximadamente.

A CAP do diclofenaco foi 0,8 µg.L-1 e do ibuprofeno 5,0 µg.L-1. A CAPNE em foi de

139 µg.L-1 para o diclofenaco e 9,1 µg.L-1 para o ibuprofeno. A relação CAP/CAPNE

foi para o diclofenaco 0,01 e para o ibuprofeno pelo ensaio padrão com Daphnia

magna 0,6. Os autores alertaram para a falta de dados sobre toxicidade crônica. Os

dados de CAP requerem estudos de Fase II da ARA, em função do resultado estar

acima do valor limite. Os dados ecotóxicos permitiram cálculo da relação

CAP/CAPNE em 23 dos 25 fármacos analisados. Não foram obtidos dados para

toxicidade aguda dos AINE.

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Como parte do cumprimento de metas ambientais do governo sueco, houve

um pedido para desenvolver um relatório oficial por parte da Agência de Produtos

Medicinais da Suécia avaliando o impacto de fármacos no ambiente. Esse trabalho

foi desenvolvido por Carlsson et al. (2006a) que selecionaram 27 fármacos para

ARA, considerando tempo de meia-vida, biodegradabilidade e ocorrência no

ambiente. Usando o modelo da EMEA (EMEA, 2006). Nove dos fármacos analisados

foram considerados perigosos para o ambiente, inclusive diclofenaco e ibuprofeno e

somente os hormônios sexuais estradiol e etinilestradiol e o paracetamol foram

identificados como relacionados com possíveis riscos em ambiente aquático devido

ao critério CAP/CAPNE >1. Para chegar a esses resultados, calcularam a CAPáguas

superficiais para os fármacos e a CAPNE, gerando um coeficiente de risco,

CAP/CAPNE. Também realizaram testes de ARA de Fase II. Para o diclofenaco a

CAPáguas superficiais foi de 0,6 µg.L-1, a CAPNE foi 10 µg.L-1 e o coeficiente de risco foi

0,005. Para o ibuprofeno, o valor da CAPág.sup. foi

10 µg.L-1, a CAPNE foi 7,1 µg.L-1 e o coeficiente de risco foi 0,002. O critério de risco

para ambos os AINE apresentaram valores inferiores a 1.

Os autores destacaram que ambos os AINE apresentaram, seguindo os

critérios com os pressupostos já comentados no início deste item potencial para

bioacumulação, exemplificados pelos resultados de Oaks et al. (2004) relacionando

o diclofenaco com falência renal em abutres por bioacumulação e o trabalho de

Ferrari et al. (2003) e la Farré et al. (2001) com bactérias Vibrio fischeri. O trabalho

desenvolvido concluiu que não pode ser considerado relevante o risco quanto a

toxicidade aguda, que há lacunas importantes a serem preenchidas sobre a ARA de

fármacos, notadamente, dados ecotoxicológicos sobre exposição crônica. Mesmo

assim, estudos devem ser feitos para avaliar esse impacto. A legislação da UE

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deveria levar em maior consideração a importância do tema ambiental na regulação

do setor farmacêutico.

Huschek et al. (2004), seguindo o protocolo da EMEA, fizeram uma ARA de

111 fármacos de uso humano previamente selecionados a partir da listagem de

2.671 fármacos registrados na Alemanha para venda nas farmácias (prescritos e não

prescritos) e uso nos hospitais, cujos dados foram extraídos da série histórica 1996-

2001. Nesse trabalho, os autores visavam predizer a concentração de fármacos para

os quais não eram esperados efeitos adversos no ambiente. Além disso, efetuaram

testes padrão de toxicidade aguda incluindo peixes, dáfnias e algas de acordo com

padrão europeu emitido pela Organização para Cooperação Econômica e o

Desenvolvimento (OCED – OECD – ingl.) para obtenção da CAPNE. Novamente,

alertam para a baixa disponibilidade de dados ecotóxicos, que relacionam ao grande

número de fármacos e seus metabólitos e os altos custos dos ensaios.

Na primeira fase do trabalho, Huschek et al. (2004) excluíram da pré-seleção

fármacos constituídos por substâncias comuns aos processos

bioquímicos/fisiológicos naturais dos seres vivos (vitaminas, aminoácidos, enzimas,

proteínas) e fármacos originados de plantas medicinais. A seguir, verificaram o

comportamento de mercado dos fármacos e aqueles cujas vendas indicaram

consumo superior a 5.000 kg em 1999, foram selecionados. Consideraram a

classificação dos fármacos conforme grupos terapêuticos da OMS – Index ATC7 e

da Associação Européia de Pesquisa em Marketing Farmacêutico (EPhMRA) ATC3.

Para o cálculo da CAP, os autores levaram em consideração todos os pressupostos

já descritos no início deste item. O fator de diluição adotado foi 10.

O resultado para os 111 fármacos foi acima de 10 ng.L-1 ou 0,01 µg.L-1 para

fármacos com dose diária definida (DDD) > 2 mg, portanto, desencadeando a Fase II

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da ARA, considerando o valor limite atualizado que está sendo adotado neste

trabalho. Os resultados da investigação com AINE estão na Tabela 5. Para o

ibuprofeno, os resultados foram 6,0 µg.L-1 para CAP de Fase I e 4,3, 5,0 e

5,8 µg.L-1 para a CAP de Fase II nos anos 1999, 2000 e 2001, respectivamente.

Para o diclofenaco, os resultados foram 0,5 µg.L-1 para CAP de Fase I e 1,4 µg.L-1

para a CAP de Fase II nos anos 1999, 2000 e 2001. A relação CAP/CAPNE obtida

foi 0,19 para o ibuprofeno e 0,08 para o diclofenaco. Como os valores ficaram abaixo

de 1, para estes AINE, não foram necessárias análises posteriores. Os autores

destacaram as mudanças do cálculo da CAPág.sup. para a ARA considerando o

protocolo da EMEA que começou a ser discutido em 2003 (EMEA, 2006). Quanto ao

cálculo da CAPNE, os autores alertaram mais uma vez para os dados escassos

sobre toxicidade aguda (HUSCHEK et al., 2004).

Schwab et al. (2005) efetuaram uma avaliação de risco à saúde humana de

26 fármacos e/ou seus metabólitos nos EUA, prescritos ou não prescritos, bem como

pertencentes ao grupo terapêutico dos antibióticos de uso humano e veterinário, em

ambiente aquático, com enfoque no modelo de avaliação de risco (AR) da FDA.

Tabela 5 – Resultados da ARA para os AINE diclofenaco e ibuprofeno na Alemanha conforme EMEA (2006). Fonte: Huscheck et al. (2004).

CAP Fase I

(µg.L-1)

CAP Fase II

1999 (µg.L-1)

CAP Fase II

2000 (µg.L-1)

CAP Fase II

2001 (µg.L-1)

CAP/CAPNE

Diclofenaco 0,5 1,4 1,4 1,4 0,08

Ibuprofeno 6,0 4,3 5,0 5,8 0,2

Foram obtidos dados, quando disponíveis, sobre uso terapêutico, menor dose

terapêutica e quantidade vendida nos EUA em 2000. Nesse ano, o Serviço

Geológico dos Estados Unidos (United States Geological Service - USGS) coletou

amostras para uma avaliação da presença de fármacos em todo o país. Também se

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buscaram informações sobre os fármacos na literatura, nos bancos de dados da

FDA, fontes de informação sobre medicamentos – literatura de farmacologia. Esses

dados foram necessários para calcular as doses diárias aceitáveis (DDA) (ingl. ADI –

acceptable daily intakes), CAPNE, consumo em águas de abastecimento e peixes

como fonte alimentar e para o cálculo da CAPág.sup.. Com o valor de DDA pode-se,

conforme os autores, proteger a população, sobretudo a mais sensível, à exposição

ambiental do referido fármaco. Também a partir das DDA, pôde-se calcular as

CAPNE para dois ambientes: águas de abastecimento e peixes como fonte de

alimentação.

Schwab et al. (2005) compararam as CAPNE com as máximas concentrações

ambientais (MCA) e com as CAP obtidas. O cálculo da CAP usando esse modelo

considerou os seguintes pressupostos: baixa correnteza no rio e ausência de

depleção (sem remoção via metabolismo ou tratamento de esgoto e sem remoção

por fluxo de transporte via correnteza). Os coeficientes entre MCA/CAPNE foram

baixos e consistentes com os obtidos na relação CAP/CAPNE, todos os fármacos

inferiores a 1. Para os autores a DDA seria a dose diária que não resultaria em

efeitos adversos por exposição direta nem a grupos sensíveis nem ao restante da

população.

Carlsson et al. (2006b) desenvolveram a ARA de cinco excipientes

farmacêuticos selecionados (clorocresol, docusato de sódio, metilparabeno,

polisorbato 80 e laurilsulfato de sódio), utilizando modelo computacional. Entre as

justificativas que levaram a se pesquisar excipientes, está a atividade biológica dos

conservantes e surfactantes, por exemplo. Os autores compilaram dados ambientais

sobre os referidos excipientes de diversas fontes (USEPA, entidades do setor

produtivo, literatura de toxicologia) para selecionar esses compostos, sem pretender

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indicar os compostos ambientalmente mais relevantes. Procuraram dados sobre o

número diário de doses recomendadas e a composição dos diversos produtos

farmacêuticos (medicamentos) que incluíssem em sua formulação ditos excipientes.

Levantaram dados sobre consumo, associando os excipientes às formulações em

que são incluídos. Foram obtidos dados específicos de cada composto: massa

molar, coeficiente de partição octanol-água (Kow), pressão de vapor, solubilidade em

água, biodegradação e ecotoxicidade. Na Suécia, os excipientes analisados foram

consumidos, no ano de 2002, em um total de 20 ton.

Na Europa, os dados do mesmo período chegaram a 38,5 mil ton, 23.1 mil ton

somente de laurilsulfato de sódio. A ARA destes excipientes incluiu como ambientes

as águas de superfície, sedimento de águas correntes e solos submetidos a

aspersão de lodo de esgoto após tratamento. Calculou-se a CAPág.sup. levando em

conta a equação proposta pela EMEA (EMEA, 2006), considerando produção de

águas residuárias da ordem de 400 L.hab-1.dia-1 ao invés do padrão europeu

indicado pela EMEA – 200 L.hab-1.dia-1, fator de diluição 10 e população da Suécia

próxima a 9 milhões de habitantes (CARLSSON et al., 2006b).

Após, calculou-se a CAPNE considerando a Fase II da ARA e calculou-se o

coeficiente de risco – CAP/CAPNE. Também foram calculadas as CAPNE para

sedimento de águas correntes e solos que receberam lodo de esgoto tratado, bem

como os coeficientes de risco. O docusato de sódio revelou potencial de

bioacumulação com log Kow 6 e potencial ecotoxicológico com EC50 aguda variando

de 5,0 a 35 mg.L-1 e os seguintes valores de CAPNE: CAPNEág.sup. =

0,008 mg.L-1, CAPNEsedimento = 1,8 mg.kg-1 e CAPNEsolos = 1,5 mg.kg-1.

Os cálculos da relação CAP/CAPNE consideraram três cenários: um regional

cujos valores corresponderiam à Suécia, um regional correspondente a Estocolmo

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(capital da Suécia) e um local correspondente a uma ETE hipotética. Os valores

obtidos foram: para CAP/CAPNEáguas regional Suécia = 0,024, regional Estocolmo =

0,27, local ETE = 0,28; CAP/CAPNEsedimento regional Suécia = 0,14, regional

Estocolmo = 0,93, local ETE = 0,080; CAP/CAPNEsolos regional Suécia = 0,43,

regional Estocolmo = 5,0, local ETE = 2,8. Os valores da relação CAP/CAPNEsolos

para dois cenários excederam 1, o que indicaria risco ambiental para espécies nesse

ambiente (CARLSSON et al., 2006b).

Considerando os dados serem preliminares e fragmentados, os autores

concluíram haver necessidade de mais investigação e obtenção de dados mais

precisos para analisar os usos, emissões, destinos e impactos ambientais de

excipientes farmacêuticos.

2.5 FARMÁCIA AMBIENTAL

Analisando que o tema medicamentos e ambiente tornou-se socialmente

importante em outros países, pode-se considerar o caso dos Estados Unidos, onde

Daughton (2003a; 2003b) expôs a preocupação com relação ao papel destas

substâncias emergentes como poluentes, destacando um aumento do nível de

conscientização da população americana, no ínício dos anos 2000, com mobilização

da mídia e da sociedade, inclusive com a inclusão do tema como conteúdo em

currículos escolares (desde o nível fundamental até o superior).

O que pode ser considerado excelente medida de educação ambiental

comunitária. No entendimento do autor, isto se tornou grande oportunidade para

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envolver os especialistas, autoridades, profissionais e consumidores em uma

conscientização para busca de soluções para o problema.

Neste contexto, de maior preocupação ambiental, que surge o termo farmácia

verde (green pharmacy), proposto por Daughton (2003a), como uma maior

percepção da importância ambiental além de sanitária sobre medicamentos,

traduzindo-se em reccomendações para que haja pleno conhecimento do ciclo de

vida dos medicamentos, com medidas enérgicas para racionalizar o consumo,

buscando conscientização e ação em parceria com a cadeia produtiva, pressionando

para obtenção de medidas legais que obriguem a cadeia produtiva a agir de modo

ambientalmente sustentável mas sobretudo, apontando a responsabilidade e

potencial de ação de cada segmento.

Como os fármacos chegam ao ambiente, sobretudo aquático, já abordado,

afetam a qualidade da água e afetam a saúde do ambiente e do homem.

Medicamentos são importantes instrumentos terapêuticos, isto justifica sua massiva

produção, mas os profissionais de saúde precisam ter atuação mais direta, no

entendimento de Daughton (2003a; 2003b). Racionalizando prescrições, orientando

a população a como lidar com os medicamentos (uso correto e descarte adequado) ,

desestimulando consumo não orientado e desenfreado de medicamentos.

O termo green pharmacy”, farmácia verde, proposto pelo autor, origina-se de

outra expressão defendida na busca por modelos sustentáveis em diversas áreas

das atividades humanas, a química verde (green chemistry), que recomenda

minimização do uso de produtos ambientalmente perigosos ou prejudiciais, inclusive

com busca de modelos de produção com sínteses desenhadas para serem menos

agressivas ao ambiente.

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Para Daughton (2003a; 2003b), a indústria farmacêutica possui experiência

em buscar alternativas em processos químicos de produção, aplicando métodos

químicos ambientalmente responsáveis na síntese de fármacos e na industrialização

em massa. Estes princípios, para o autor, seriam aplicáveis não somente ao

desenho de fármacos, mas também ao sistema de distribuição industrial ou em

escala doméstica, às embalagens e rotulagens, à dispensação e ao descarte. Deste

modo, os benefícios seriam extendidos a toda a cadeia, inclusive ao consumidor

final.

Este novo modo de conduzir as atividades do setor farmacêutico visam à

minimização efetiva do lançamento de fármacos ao ambiente, direcionando para a

transição do sistema de saúde, para um modelo verde (green health care system).

Apoiado no que propõe Daughton, é que se defende realmente, uma

concepção, ainda pouco valorizada no Brasil, de uma farmácia ambiental, ou seja, o

setor farmacêutico atuando buscando novas metodologias e tecnologias de modo a

minimizar os risco e impactos ambientais que os medicamentos podem provocar,

buscando, além da produção com qualidade e do uso racional, uma preocupação

com o destino final dos fármacos, mas não somente por parte das farmácias, mas de

toda a cadeia produtiva, de todo o ciclo de vida dos fármacos e medicamentos, como

defende Daughton (2003a; 2003b).

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3 METODOLOGIA

A análise de risco ambiental dos fármacos diclofenaco e ibuprofeno foi

realizada de acordo com o modelo utilizado pela Agência Européia de

Medicamentos (EMEA, 2006), adaptado para as condições locais do Estado do

Paraná, considerando-se diferenças de natureza e disponibilidade dos dados.

Utilizaram-se duas fontes de dados: a primeira a partir da aquisição de

diclofenaco e ibuprofeno, pelo Consórcio Intergestores Paraná Saúde por municípios

do Estado do Paraná devidamente vinculados ao consórcio; a segunda fonte foram

os relatórios de distribuição do diclofenaco cedidos pela Coordenação de Recursos

Materiais e Gerência de Assistência Farmacêutica da Secretaria Municipal da Saúde

de Curitiba, Paraná.

Além do estudo de estimativa de risco ambiental para os fármacos estudados

na região, o trabalho visou a contribuição para o contexto sustentável do uso de

medicamentos com a proposição de um programa piloto de conscientização do uso

racional e coleta orientada de medicamentos.

3.1 AQUISIÇÃO DE DICLOFENACO E IBUPROFENO PELO CONSÓRCIO

INTERGESTORES PARANÁ SAÚDE

O Consórcio Intergestores Paraná Saúde é uma entidade pública que reúne a

maior parte dos municípios de pequeno e médio porte do Estado do Paraná, com

vistas a racionalizar e reduzir os custos de aquisição de medicamentos e outros

insumos de saúde. O Consórcio é responsável por integrar as instituições públicas e

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privadas conveniadas envolvidas com a assistência à saúde no Paraná por meio do

Sistema Único de Saúde - SUS e também por adquirir insumos e medicamentos

para os municípios que participam do consórcio – que são atualmente 384 (de um

total de 399 municípios no estado) (CONSÓRCIO INTERGESTORES PARANÁ

SAÚDE, 2006).

Os relatórios de aquisição dos fármacos nos anos 2003, 2004 e 2005,

disponíveis em meio eletrônico (software Microsoft SQL – Borland-Delphi Sistema

de Controle de Licitações), foram cedidos pelo consórcio no formato de cópia física

(documento impresso – Anexo A) (CONSÓRCIO INTERGESTORES PARANÁ

SAÚDE, 2005).

O número total de municípios analisados para o diclofenaco foi 319 (Apêndice

1) e para o ibuprofeno 104 (Apêndice 2), com os seguintes critérios de seleção:

a) Terem adquirido pelo menos um dos fármacos nos três anos considerados

(2003, 2004, 2005);

b) Disponibilidade de dados sobre o consumo de água tratada.

Os municípios adquiriram diclofenaco em cápsulas de 50 mg e ibuprofeno em

cápsulas de 300 mg. Os relatórios registraram o número de unidades da

apresentação farmacêutica. A concentração do fármaco foi multiplicada pelo número

de unidades da apresentação farmacêutica ano a ano.

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3.2 AQUISIÇÃO E DISTRIBUIÇÃO DE DICLOFENACO POTÁSSICO OU SÓDICO

EM CURITIBA

Foram utilizados os dados de distribuição mensal do diclofenaco em

apresentação farmacêutica injetável (ampolas de 3 mL, 25 mg.mL-1) nos anos de

2005 e 2006 fornecidos pela Coordenação de Recursos Materiais e Gerência de

Assistência Farmacêutica da Secretaria Municipal da Saúde de Curitiba (SMS), via

documento impresso (ofício nº 170/07 – CRM/SMS – Anexo B).

Tais medicamentos são de uso interno privativo, nas unidades de saúde (US),

centros municipais de urgências médicas (CMUMs) e hospitais da rede pública,

usados exclusivamente sob prescrição médica. O município ainda não tem controle

efetivo sobre os dados de consumo dos medicamentos, mas controla os de

distribuição, que é feita por meio do Almoxarifado da SMS.

3.3 ANÁLISE DE RISCO DOS FÁRMACOS ESTUDADOS

Os cálculos para determinação do risco ambiental dos fármacos estudados

foram realizados considerando seu padrão de aquisição e distribuição em

consonância com as fontes de dados disponíveis. Para tanto, foram realizados os

cálculos do fator de penetração (Fpen) e da determinação da concentração

ambiental prevista (CAP) para cada ano das amostras (2003 a 2005 – consórcio;

2005 e 2006 – Curitiba), conforme protocolo da EMEA (EMEA, 2006) detalhado a

seguir.

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70

3.3.1 Cálculo do fator de penetração (Fpen)

O Fator de Penetração de mercado (Fpen) representa a proporção da

população sendo tratada diariamente com um fármaco. O fator é calculado seguindo

a Equação 1, adaptada a partir de modelo da EMEA (EMEA, 2006).

365..

100.(%)

habDDD

consumoFpen = [1]

Onde:

consumo (mg.ano-1) = dados de distribuição dos medicamentos;

DDD (mg.dia-1.hab-1) = dose diária definida - estabelecida pela OMS

hab = habitantes (população da área geográfica considerada – municípios)

365 (dias.ano-1) = número de dias por ano

Neste estudo, utilizou-se a DDD do diclofenaco como correspondente a

150 mg.hab-1.dia-1 e do ibuprofeno 1.200 mg.hab-1.dia-1 (WHO, 2000). Os dados de

população de cada município foram obtidos segundo o Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatística (IBGE) (IBGE, 2007).

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71

3.3.2 Cálculo da Concentração Ambiental Prevista (CAP) Fase I

O cálculo da CAPág.sup. (CAP de Fase I) contemplou os seguintes

pressupostos estabelecidos pela agência européia (EMEA, 2006):

a) Foi usado o fator de penetração de mercado (Fpen);

b) Foi considerado o sistema de esgotamento sanitário como principal

porta de entrada do fármaco nas águas de superfície;

c) A quantidade prevista usada por ano foi considerada como

igualmente distribuída ao longo do ano e da região geográfica em

questão (cada município);

d) Não foram considerados dados de biodegradação ou retenção do

fármaco nas estações de tratamento de esgoto (ETE);

e) O metabolismo do paciente também não foi levado em

consideração.

Para o cálculo da CAPág.sup., foi empregada a Equação 2 (adaptada de EMEA,

2006).

1000..

.

..

..sup.

DILCONSUMO

FpenDMDCAP

habág

habag = [2]

Onde:

CAPág.sup.(µg.L-1) = concentração ambiental prevista em águas superficiais

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72

DMD (mg.hab-1.dia-1) = dose máxima diária por habitante – adotada como

modelo pela EMEA

Fpen = fator de penetração de mercado

CONSUMOág.hab. (L.hab-1.dia-1) = consumo de água tratada

DIL = 2 - fator de diluição correspondente à taxa de diluição efluente/águas

superficiais (1:1) (O´BRIEN e DIETRICH, 2004)

Os dados de DMD foram obtidos em literatura (UNITED STATES

PHARMACOPOEIA AND NATIONAL FORMULARY, 2003) – 225 mg.hab-1.dia-1 para

o diclofenaco e 3.600 mg.hab-1.dia-1 para o ibuprofeno.

Os valores de CAPág.sup. foram agrupados em quatro faixas de concentração

prevista (Tabela 6) para análise dos resultados calculando o percentual de

municípios em cada faixa para os dois AINE. O procedimento foi utilizado também

para os cálculos de CAP de Fase II:

Tabela 6 – Faixas de concentração definidas para a CAP de Fase I e Fase II.

Faixas de concentração da CAP

CAP > 5 µg.L-1

5 µg.L-1 ≤ CAP > 1 µg.L-1

1 µg.L -1 ≥ CAP > 0,1 µg.L-1

CAP ≤ 0,1 µg.L-1

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73

Cabe ressaltar que ao invés de adotar o padrão europeu, cuja cobertura de

coleta e tratamento de esgoto chega a 80% (O’BRIEN e DIETRICH, 2004), recorreu-

se ao consumo de água per capita (em L) (KÜMMERER; HENNINGER, 2003) por

município (MINISTÉRIO DAS CIDADES, 2006), considerando que a produção de

águas residuárias corresponde, aproximadamente, ao consumo de água (VON

SPERLING, 1996), devido à indisponibilidade de dados precisos sobre a produção

de esgoto por habitante no Brasil e à deficiência de cobertura da rede de

esgotamento sanitário (MINISTÉRIO DAS CIDADES, 2006).

3.3.3. Fase II – Nível A – Refinamento do cálculo da CAP

O refinamento dos valores de CAP, para a obtenção do parâmetro “consumo”

no cálculo do Fpen, foi feito considerando-se os dados de metabolismo e excreção

dos fármacos estudados (excreção urinária de diclofenaco como 65% e de

ibuprofeno como 90% [HARDMAN; LIMBIRD, 2003]) (Equações 3 e 4) bem como

seu percentual de remoção nas estações de tratamento de esgoto, analisando-se

dois processos utilizados no Brasil, lodo ativado e filtro biológico (OLIVEIRA;

SPERLING, 2005).

Fpenexcr Dic = massa x 0,65 [3]

Fpenexcr Ibu = massa x 0,9 [4]

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É importante uma breve explicação sobre os dois processos de tratamento de

esgoto considerados. O primeiro usa o princípio de retenção de bactérias em

unidade de decantação, sendo que estas são recirculadas do fundo dessa unidade

para uma unidade de aeração, permitindo rápido aumento da população de

microrganismos (formando flocos) que irão degradar mais rapidamente a matéria

orgânica. O tempo de retenção do líquido é baixo (6-8 horas), mas os sólidos

permanecem por mais tempo. Essa maior permanência de sólidos no sistema é que

permite a elevada eficiência dos lodos ativados segundo Sperling (1996). Já o

segundo processo consiste em biomassa aderida a um suporte (pedras, ripas,

material plástico). Sobre esse filtro é aplicado o esgoto. Após, este percola para

drenos no fundo. A percolação permite crescimento bacteriano na superfície do

suporte, em forma de película fixa. O esgoto entra em contato com essa biocamada.

A operação é mais simples que o modelo já descrito (SPERLING, 1996)

Para o parâmetro percentual de remoção em ETE por lodo ativado, adotou-se

o valor de 75% para diclofenaco e ibuprofeno (Equações 5 e 6); no caso de ETE por

Fpenlodo Dic = massaexcr x 0,25 [5]

Fpenlodo Ibu = massaexcr x 0,25 [6]

Onde:

massaexcr é a massa obtida com o cálculo da excreção nas Equações 3 e 4

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filtro biológico,,o percentual adotado foi 9% para diclofenaco (Equação 7) e 22%

para ibuprofeno (Equação 8), conforme pesquisa realizada por Stumpf et al. (1999)

em ETE brasileiras..A CAP de Fase II (refinada) foi calculada utilizando-se a

Equação 2.

Fpenfiltrobiol Dic = massaexcr x 0,91 [7]

Fpenfiltrobiol Ibu = massaexcr x 0,78 [8]

3.3.4 Fase II – Nível A – Determinação do quociente CAP/CAPNE

Os valores de CAP obtidos anualmente foram utilizados para o cálculo do

quociente CAP/CAPNE de cada município a cada ano. Se o quociente for ≥ 1, há

indicativo de risco ambiental. A CAPNE do diclofenaco e ibuprofeno da Fase II para

os fármacos selecionados foi obtida por meio da literatura científica (CARLSSON et

al., 2006a), correspondendo a 10 µg.L-1 para diclofenaco e 7,1 µg.L-1 para

ibuprofeno.

3.4 PROGRAMA PILOTO DE COLETA ORIENTADA DE MEDICAMENTOS

O programa foi organizado sob a lógica da minimização e que medicamentos

são resíduos perigosos.

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Considerando os benefícios e a viabilidade gerencial e educacional,

estabeleceu-se um programa de coleta orientada de medicamentos, com cunho

educacional ambiental, que incluiu diversas etapas.

As etapas de estruturação do programa de coleta orientada de medicamentos

estão apresentadas na Figura 4. A estruturação abrangeu registro de projeto de

extensão institucional (Anexo C), definição da cota de medicamentos a ser destinada

ao descarte, seleção e treinamento de alunos do projeto, definição do CIM/UnicenP

como ponto de recebimento dos resíduos, desenvolvimento de material de

divulgação, divulgação do programa, recepção e triagem dos medicamentos,

destinação final.

3.4.1 Educação e conscientização ambiental durante o programa

Propôs-se uma atividade de educação ambiental, com vistas à

conscientização da comunidade acadêmica, com participação de alunos de

graduação em Farmácia. O programa foi iniciado em setembro de 2002 e encerrou-

se em julho de 2003.

Durante esse período, foram selecionados nove alunos para treinamento. O

treinamento, realizado parte no Centro de Informação sobre Medicamentos do

Centro Universitário Positivo (CIM/UnicenP) e parte em sala de aula, consistiu de

palestra inicial com duas horas de duração, seguido de capacitação para realização

de mini-palestras em salas de aula e encontros periódicos de estudo.

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Figura 4 – Fluxograma do programa de educação ambiental e comunitária considerando a coleta de medicamentos para descarte no câmpus do Centro Universitário Positivo.

Para a etapa de treinamento e capacitação, utilizou-se literatura científica

(MONTEIRO et al., 2001; MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE/INSTITUTO DE

DEFESA DO CONSUMIDOR, 2002; FARIAS; FONTES, 2003) sobre o tema

“resíduos de serviços de saúde”, com ênfase ao papel dos medicamentos como

resíduos perigosos e seus prováveis impactos ambientais.

Projeto

Definição cota de descarte Gerência de Resíduos

Seleção e Treinamento de agentes

(palestras, manejo)

Estratégias de divulgação/material educativo

Definição Ponto de Coleta:

CIM/UnicenP

- Panfleto - Cartazes

Recepção Triagem Registro

Destino Final Incineração

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3.4.2 Divulgação do programa

A divulgação incluiu folder impresso (anexo D) cujas propostas foram

desenvolvidas pelos alunos do programa e editadas pelo departamento de marketing

da instituição. Realizaram-se mini-palestras de cinco minutos nas salas de aula dos

cursos de graduação do UnicenP.

3.4.3 Campanha de coleta orientada de medicamentos

A campanha de coleta orientada de medicamentos desenvolveu-se com a

recepção dos medicamentos considerados descartáveis (violados, com prazo de

validade ultrapassado) junto à comunidade acadêmica do UnicenP. A recepção e

coleta dos medicamentos foi feita no CIM/UnicenP, instituído como ponto de coleta.

3.4.4 Triagem do material coletado

Os medicamentos coletados foram triados quanto aos seguintes parâmetros:

especialidade farmacêutica, princípios ativos, categoria, forma farmacêutica,

quantidade, integridade, prazo de validade, lote, fabricante, classificação ATC

(Anatomical, Therapeutic, Chemical – WHO, 2000). Após triagem, a catalogação foi

realizada de acordo com o número de fármacos registrados. Os resíduos foram

encaminhados para destino final.

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3.4.5 Destino final dos medicamentos

Os medicamentos coletados foram recolhidos pela equipe de gerenciamento

de resíduos da instituição e encaminhados ao depósito de resíduos. A empresa

terceirizada com licenciamento ambiental contratada pelo UnicenP – Serquipe,

recolheu o material para incineração.

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4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 AQUISIÇÃO DOS FÁRMACOS

4.1.1 Aquisição de diclofenaco de potássio, diclofenaco de sódio e ibuprofeno pelo

Consórcio Intergestores Paraná Saúde

Dos fármacos avaliados, o diclofenaco foi adquirido pelo maior número de

municípios (319), correspondente também à maior quantidade em massa, seguido

do ibuprofeno (104 municípios). A massa de fármacos adquirida pelos municípios

selecionados somou 2.827,1 kg para o diclofenaco e 688 kg para o ibuprofeno, para

os três anos do estudo. A evolução do padrão de aquisição em massa (kg) está

apresentada na Figura 5

Os municípios selecionados foram analisados quanto à evolução da aquisição

e do número de municípios do consórcio entre os anos de 2003 a 2005 (Figura 5) e

na Tabela 7 estão discriminadas a massa total (kg) de aquisição por ano e o número

de municípios que adquiriram.

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81

0

200

400

600

800

1000

1200

1400

2003 2004 2005

ano

mas

sa (kg

)

Diclofenaco

Ibuprofeno

Figura 5 – Evolução do padrão de aquisição dos AINE diclofenaco e ibuprofeno pelo Consórcio Intergestores Paraná Saúde entre 2003 e 2005 (construído a partir de dados do Consórcio Intergestores Paraná Saúde, 2005).

Tabela 7 – Aquisição de AINE (massa em kg) pelo Consórcio Intergetores Paraná Saúde entre os anos 2003 e 2005 e número de municípios adquirentes (construído a partir de dados do Consórcio Intergestores Paraná Saúde, 2005).

diclofenaco

Ibuprofeno

Anos Massa

(kg)

Número de

municípios

Massa

(kg)

Número de

municípios

2003 702,4

319 114

135

2004 867,4 319 244 186

2005 1.257,3 319 764 282

Analisando a Figura 5 e a Tabela 7, observou-se um aumento significativo, de

2005 em relação a 2003, na aquisição dos fármacos selecionados.

Em relação a diclofenaco, a massa adquirida aumentou de

702,4 kg em 2003 para 1.257,3 kg em 2005. Para ibuprofeno, a aquisição

correspondeu a 114 kg no ano de 2003 e 764 kg no ano de 2005, ou seja, um

aumento de aproximadamente sete vezes. As aquisições destes fármacos ano a

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ano, durante o período avaliado, foram tomadas como indicativos indiretos da

demanda correspondente ao consumo pela rede pública de saúde.

Quanto à evolução do número de municípios adquirentes, para diclofenaco

não houve variação, mantendo-se em 319 nos três anos considerados. Ibuprofeno

apresentou variação de 135 municípios no ano de 2003 até 282 municípios no ano

de 2005. A variação de municípios e massa no caso do ibuprofeno e de massa no

caso do diclofenaco indicam crescimento da participação dos municípios no

consórcio e podem refletir também um aumento da demanda das populações locais

pelos medicamentos e conseqüentemente, de forma indireta, aumento do consumo.

Reconhece-se que nem todo medicamento adquirido chega a ser consumido, mas

pode ser descartado, o que também expõe o ambiente. Deve-se considerar que o

medicamento é o insumo de saúde mais importante e aquele mais solicitado pela

população, o que leva o gestor a manter o melhor estoque disponível possível,

porque a demanda existe, ainda mais se tratando de AINE, amplamente prescritos.

Os dados refletem a situação de uso dos AINE diclofenaco e ibuprofeno no

setor público de saúde no Estado do Paraná, não tendo sido incluídos dados de

vendas/consumo do setor privado de saúde, pela não disponibilidade de fontes de

informação. Cabe observar, no entanto, que o setor público de saúde (Sistema Único

de Saúde – SUS) responde por significativa parcela do mercado nacional de

medicamentos (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2005).

4.1.2 Aquisição de diclofenaco sódico ou potássico injetável pela Secretaria

Municipal da Saúde de Curitiba (SMS)

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O diclofenaco sódico ou potássico injetável, adquiridos pela Secretaria

Municipal da Saúde de Curitiba (SMS), foram distribuídos pelo Almoxarifado da

SMS, sendo aproximadamente 14 kg em 2005 e 14,5 kg em 2006.

Por se tratar de medicamento de uso injetável via prescrição, o padrão de uso

pode ser considerado significativamente menor em comparação aos dados da

grande maioria das cidades adquirentes do Consórcio Intergestores Paraná Saúde.

4.2 CONCENTRAÇÃO AMBIENTAL PREVISTA (CAP) DE FASE I (CAPág.sup.)

4.2.1 CAP de Fase I obtida a partir dos dados fornecidos pelo Consórcio

Intergestores Paraná Saúde

Para o cálculo da CAP de Fase I, foram primeiramente obtidos os valores do

fator de penetração (Fpen), depois aplicada a Equação 2, conforme apresentado nos

Apêndices C (diclofenaco) e D (ibuprofeno).

Para diclofenaco, os maiores valores de Fpen (Fase I) foram observados nos

municípios de Adrianópolis no ano 2005 (acima de 2%). Brasilândia do Sul no ano

2004. Lindoeste e Luiziânia no ano 2005, acima de 1%. Os menores

valores de Fpen foram registrados nos municípios de São José das Palmeiras,

Faxinal e Dois Vizinhos no ano de 2003.

Para ibuprofeno, os maiores valores estimados foram nos municípios de

Turvo, Itaguajé, Diamante d’Oeste, Japira e Rondon em 2005. Os menores valores

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foram observados nos municípios de Santo Antônio da Platina, Andirá, Palotina,

Terra Rica no ano de 2003. No ano de 2004, Joaquim Távora, Santo Antônio da

Platina e Moreira Sales. No município de Faxinal foi observado o menor valor em

2005.

Os resultados da CAP de Fase I foram expressos em , seguindo as quatro

faixas de concentração prevista estimadas e estão expostos na Tabela 8 para

diclofenaco e Tabela 9 para ibuprofeno.

Como se pode observar, a maior parte dos municípios avaliados apresentou

valor de CAP de Fase I superior a 0,01 µg.L-1.

A partir da análise dos dados expostos, é possível observar que os valores de

CAP aumentam em consonância com a tendência já demonstrada, de aumento da

aquisição do diclofenaco por parte dos municípios analisados. A maior parte dos

municípios apresenta CAP de fase I na faixa de concentração que vai de valores

superiores a 1 µg.L-1 até 5 µg.L-1 nos anos 2003 e 2004.

Em 2005, a tendência se modifica, a maioria dos municípios passa a ter um

resultado correspondente à maior faixa de concentração estimada, com quase

metade dos municípios da amostra. É possível identificar que municípios que

reduzem aquisição reduzem a CAP e aqueles que aumentam aquisição ampliam seu

valor de concentração prevista. Esse resultado é coerente com o de Huscheck et al.

(2004), estes autores utilizaram dados das vendas de medicamentos na Alemanha

de 1999 a 2001, e a variação da CAP para menos acompanhou a diminuição das

vendas.

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Tabela 8 – Faixa de CAP de Fase I (CAPág.sup.) para diclofenaco (n=319) identificadas para municípios do Consórcio Intergestores Paraná Saúde nos anos de 2003 a 2005, considerando o número de municípios e o percentual correspondente ao total da amostra.

Faixa

(µg.L-1) Nº. de municípios (%) de municípios

anos 2003 2004 2005 2003 2004 2005

CAPág.sup. > 5 55 100 156 17,24 31,35 48,90

5 ≥ CAPág.sup. > 1 239 200 152 74,92 62,70 47,65

1 ≥ CAPág.sup. > 0,1 23 18 11 7,21 5,64 3,45

CAPág.sup. ≤ 0,1 2 1 0 0,63 0,31 0

Para a estimativa utilizando dados da aquisição de diclofenaco em Curitiba

pela SMS, os valores de Fpen obtidos foram ligeiramente superiores ao valor

sugerido pela EMEA (EMEA, 2006), mas coincidindo com valores obtidos

para alguns municípios do consórcio, como o caso de Alto Paraná no ano de 2003.

Considerando que o Fpen é uma proporção estimada que representa a

porcentagem da população com acesso diário ao fármaco analisado (EMEA, 2006),

os maiores valores de Fpen indicam os municípios em que se pode estimar maior

consumo do fármaco, fator que reflete sobre o resultado da CAP.

Os maiores valores de CAP para diclofenaco foram estimados para os

municípios Bom Jesus do Sul no ano 2004, Adrianópolis, Diamante do Sul,

Lindoeste e Luiziânia em 2005. O menor valor foi de São José das Palmeiras, em

2003.

Para ibuprofeno, as 104 cidades da amostra apresentaram valores de CAP no

mínimo de 0,01 µg.L-1. As maiores CAP de Fase I foram estimadas em 2005, nos

municípios de Turvo (a maior CAP de Fase I estimada no trabalho), Itaguajé

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(segunda maior CAP), Itaúna do Sul, Diamante d’Oeste, Cruzeiro do Sul, Ivatuba e

Nova América da Colina.

Tabela 9 – Faixa de CAP de Fase I (CAPág.sup.) para ibuprofeno (n=104) identificadas para municípios do Consórcio Intergestores Paraná Saúde nos anos de 2003 a 2005, considerando o número de municípios e o percentual correspondente ao total da amostra.

Faixa

(µg.L-1) Nº. de municípios (%) de municípios

Anos 2003 2004 2005 2003 2004 2005

CAPág.sup. > 5 9 10 43 8,65 9,6 41,35

5 ≥ CAPág.sup. > 1 54 59 46 51,9 56,75 44,25

1 ≥ CAPág.sup. > 0,1 32 26 13 30,8 25,00 12,5

CAPág.sup. ≤ 0,1 9 9 2 8,65 8,65 1,9

Destaca-se o considerável aumento dos valores de CAP de Fase I dos anos

de 2004 a 2005 na maioria dos municípios, refletindo a maior aquisição do fármaco

por parte dos municípios do consórcio. Analisando a com as faixas de concentração

estimadas, destaca-se o aumento do número de municípios com CAPág.sup. > 5 µg.L-

1, que saltou de nove em 2003 para 43 em 2005, confirmando tendência de aumento

da aquisição.

Isto gera expectativa de maior lançamento de resíduos do fármaco no

ambiente aquático, à medida que este for consumido ou descartado, o que aumenta

o risco de impacto ambiental, uma vez que é agente com potencial ecotoxicológico.

Os resultados de estimativa de Fase I do presente trabalho são, em sua maior

parte, superiores aos apresentados na literatura, em até duas ordens de magnitude.

Stuer-Lauridsen et al. (2000), por exemplo, reportaram CAP de 8,9 µg.L-1 para o

ibuprofeno. Jones et al. (2002) observaram valores de CAP de 0,8 µg.L-1 para

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diclofenaco e de 4,96 µg.L-1 para ibuprofeno (neste estudo, os fármacos foram

selecionados quando o padrão de consumo ultrapassava 10 ton.ano-1).

Já Huscheck et al. (2004), na Alemanha, reportaram valores de CAP de Fase

I de 0,5 µg.L-1 para diclofenaco e de 6,0 µg.L-1 para ibuprofeno, considerando as

vendas anuais na União Européia e a dose diária definida (DDD) (HUSCHEK et al.,

2004). Em outro estudo realizado simultaneamente na Alemanha e na França, a

CAP de Fase I obtida para diclofenaco foi de 1,8 e 0,5 µg.L-1, respectivamente

(FERRARI et al., 2004). No trabalho de Carlsson et al. (2006a) na Suécia, obtiveram-

se valores de CAP Fase I de 0,6 µg.L-1 para diclofenaco e 10 µg.L-1 para ibuprofeno.

Isto reflete que o padrão de consumo/aquisição de fármacos por parte dos

municípios analisados é superior ao europeu e o potencial poluidor do presente

padrão de aquisição deve ser levado em consideração em situações para projeção

de eventuais riscos ambientais.

4.2.2 CAP de Fase I obtida a partir dos dados fornecidos pela SMS de Curitiba

Para o cálculo da CAP de Fase I baseado nos dados da SMS de Curitiba,

foram obtidos os valores do fator de penetração (Fpen), conforme apresentado na

Tabela 10.

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Tabela 10 – Valores de fator de penetração (Fpen) e concentração ambiental prevista de Fase I (CAPág.sup.) para diclofenaco, calculados a partir dos dados de aquisição do SUS Curitiba nos anos de 2005 e 2006.

Diclofenaco – SUS Curitiba

Fpen (%) CAPág.sup. (µg.L-1)

2005 2006 2005 2006

0,014 0,015 0,112 0,117

Para a estimativa utilizando dados da aquisição de diclofenaco em Curitiba

pela SMS, os valores de Fpen obtidos foram ligeiramente superiores ao sugerido

pela EMEA (EMEA, 2006) e aos valores de CAP encontrados em alguns municípios

do consórcio. Foram superiores em mais de uma ordem de magnitude no caso de

São José das Palmeiras, com 0,003%.

Os valores de CAPág.sup. para o diclofenaco adquirido pela SMS Curitiba

também estão apresentados na Tabela 10.

Os resultados da estimativa da exposição ambiental inicial para diclofenaco

adquirido pelo SUS Curitiba indicam valores de CAPág.sup. superiores ao valor limite

da EMEA, 0,01 µg.L-1, indicativo de encaminhamento para CAP de Fase II.

Ao se comparar com a literatura (JONES et al., 2002; FERRARI et al., 2004;

HUSCHEK et al., 2004; CARLSSON et al., 2006a), os valores são inferiores, mas a

diferença não chega a ultrapassar uma ordem de magnitude.

Neste caso, a quantidade distribuída é inferior, na maioria dos casos, à

quantidade adquirida pelos municípios do consórcio, o que resulta em baixo Fpen e

conseqüentemente, em baixo valor de CAP.

A seguir, em razão das moléculas estudadas na presente análise disporem de

alvos biológicos definidos e significativa persistência ambiental, foram realizadas as

estimativas de CAP fase II, independentemente da recomendação da EMEA (EMEA,

2006) sobre concentração limite já comentada.

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4.3 CONCENTRAÇÃO AMBIENTAL PREVISTA (CAP) DE FASE II

A CAP de Fase II foi estimada considerando três situações de refinamento:

dados de metabolismo e excreção dos fármacos estudados de forma exclusiva,

denominada CAPexcr (Tabela 11 para diclofenaco e Tabela 12 para ibuprofeno). Os

dados completos encontram-se nos Apêndices E e F respectivamente. Dados de

metabolismo e excreção acrescidos de remoção em ETE por filtro biológico (CAPfiltro)

(Tabela 14 para diclofenaco e Tabela 15 para ibuprofeno – apêndices G e H) e

dados de metabolismo e excreção acrescidos de remoção em ETE com lodo ativado

(CAPlodo), conforme apresentado na Tabela 16 para diclofenaco e Tabela 17 para

ibuprofeno (Apêndices I e J). Para a estimativa da CAPexcr, o fator Fpenexcr foi

calculado levando em conta a excreção urinária para diclofenaco (65%) e para

ibuprofeno (90%) (HARDMAN; LIMBIRD, 2003).

Tabela 11 – Refinamento da CAP de Fase II do diclofenaco para os municípios do Consórcio Intergestores Paraná Saúde, considerando-se exclusivamente dados de excreção do fármaco em sua forma original com as faixas de CAP, número e porcentagem de municípios (CAPexcr) (n=319).

Faixa

(µg.L-1) Nº. de municípios (%) de municípios

anos 2003 2004 2005 2003 2004 2005

CAPexcr. > 5 14 37 82 4,39 11,60 25,70

5 ≥ CAPexcr > 1 243 240 212 76,18 75,23 66,46

1 ≥ CAPexcr > 0,1 58 40 25 18,18 12,54 7,84

CAPexcr ≤ 0,1 4 2 0 1,25 0,63 0

Para diclofenaco, os maiores valores de CAPexcr foram estimados nos

municípios de Bom Jesus do Sul para o ano 2004 e Adrianópolis, Lindoeste e

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Realeza para o ano 2005. Os menores valores de CAPexcr foram estimados para o

ano 2003 nos municípios São José das Palmeiras (menor valor), Campo Mourão,

Faxinal e Sertanópolis.

Para ibuprofeno, os maiores valores de CAPexcr foram registrados nos

municípios de Turvo, Itaguajé, Itaúna do Sul, Cruzeiro do Sul, Diamante D’Oeste,

Ivatuba, Nova América da Colina, Japira, Candói, Paraíso do Norte, Doutor

Camargo, todos no ano de 2005. Os menores valores foram obtidos nos municípios

de Santo Antônio da Platina (menor valor), Andirá, Palotina, Terra Rica no ano de

2003 e Joaquim Távora, no ano de 2004.

Tabela 12 – Refinamento da CAP de Fase II do ibuprofeno para os municípios do Consórcio Intergestores Paraná Saúde, considerando-se exclusivamente dados de excreção do fármaco em sua forma original com as faixas de CAP, número e porcentagem de municípios (CAPexcr) (n=104).

Faixa

(µg.L-1) Nº. de municípios (%) de municípios

anos 2003 2004 2005 2003 2004 2005

CAPexcr > 5 8 37 61 7,7 35,6 58,65

5 ≥ CAPexcr > 1 52 40 33 50 38,5 31,75

1 ≥ CAPexcr > 0,1 40 25 10 38,5 24,00 9,60

CAPexcr ≤ 0,1 4 2 0 3,80 1,9 0

De todos os participantes do Consórcio, o município de Turvo apresentou o

maior valor de CAPexcr de Fase II para ibuprofeno (> 140 µg.L-1), superior inclusive à

maior CAPexcr observada para diclofenaco, encontrada para o município de Bom

Jesus do Sul no ano 2004. Quanto a Curitiba, os estudos de CAP fase II estão

apresentados na Tabela 13.

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Tanto para os municípios do Consórcio quanto para Curitiba, os parâmetros

correspondentes à Fase II, Fpenexcr e CAPexcr apresentaram valores inferiores aos

obtidos para a Fase I, fato característico da própria metodologia ao considerar dados

de metabolismo das drogas estudadas.

Para estimativa da CAPfiltro considerou-se o rendimento de remoção para o

diclofenaco e o ibuprofeno em ETE com processo por filtro biológico.

Em seguida, para estimativa da CAPlodo, considerou-se o rendimento de

remoção para diclofenaco e ibuprofeno por lodo ativado.

Tabela 13 – Dados para o refinamento da CAP (Fase II) para o diclofenaco adquirido pelo SUS Curitiba: consumo considerando excreção, cálculo do Fpen com excreção (Fpenexcr [%]), estimativa da CAP refinada com excreção (CAPexcr), razão CAPexcr/CAPNE e estimativa do risco ambiental.

Consumo Excreção (-35%)

Fpenexcr (%) CAP Excreção (µµµµg.L-1)

CAPexcr/CAPNE Estimativa Risco

Excreção 2005 2006 2005 2006 2005 2006 2005 2006 2005 2006

9084465 9439511,3 0,0093 0,001 0,007 0,007 0,0073 0,0073 SRAa SRA

aSRA = Sem risco ambiental.

Para diclofenaco (Tabela 14), os maiores valores de CAPfiltro foram em Bom

Jesus do Sul no ano 2004, Adrianópolis, Diamante do Sul, Lindoeste no ano 2005.

Os menores valores foram estimados para os municípios São José das Palmeiras,

Dois Vizinhos e Faxinal no ano 2003.

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Tabela 14 – Refinamento da CAP de Fase II do diclofenaco para os municípios do Consórcio Intergestores Paraná Saúde, considerando-se a excreção e a eficiência de remoção em ETE que emprega tecnologia por filtro biológico com as faixas de CAP, número e porcentagem de municípios – CAPfiltro (n=319).

Faixa (µg.L-1) Nº municípios (%) municípios

2003 2004 2005 2003 2004 2005

CAPfiltro > 5 7 29 62 2,19 9,09 19,44

5 ≥ CAPfiltro > 1 237 241 228 74,30 75,5 71,47

1 ≥ CAPfiltro > 0,1 70 46 29 21,94 14,42 9,09

CAPfiltro ≤ 0,1 5 3 0 1,57 0,94 0

Para ibuprofeno (Tabela 15), obtiveram-se os maiores valores de CAPfiltro para

o município de Turvo (> 50µg.L-1), Itaguajé, Itaúna do Sul, Cruzeiro do Sul, Diamante

D’Oeste, Ivatuba e Nova América da Colina (todos acima de 10 µg.L-1), no ano de

2005. Os menores valores foram para os municípios de Santo Antônio da Platina e

Palotina, no ano 2003.

Tabela 15 – Refinamento da CAP de Fase II do ibuprofeno para os municípios do Consórcio Intergestores Paraná Saúde, considerando-se a excreção e a eficiência de remoção em ETE que emprega tecnologia por filtro biológico com as faixas de CAP, número e porcentagem de municípios – CAPfiltro (n=104).

Faixa (µg.L-1) Nº municípios (%) municípios

2003 2004 2005 2003 2004 2005

CAPfiltro > 5 5 20 53 4,80 19,23 50,97

5 ≥ CAPfiltro > 1 49 53 40 47,12 50,97 38,46

1 ≥ CAP filtro> 0,1 42 28 10 40,38 26,92 9,61

CAPfiltro ≤ 0,1 8 3 1 7,7 2,88 0,96

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Para diclofenaco (Tabela 16), os maiores valores de CAPlodo foram em Bom

Jesus do Sul para o ano 2004 e Adrianópolis para o ano 2005. Os menores valores

foram obtidos em Marechal Cândido Rondon em 2004, Campo Mourão em 2003 e

2004 e Carambeí em 2004.

Para o ibuprofeno (Tabela 17), os maiores valores de CAPlodo foram

estimados para Turvo (>17 µg.L-1), Itaguajé e Itaúna do Sul, no ano 2005. Os

menores valores foram para Santo Antônio da Platina, Andirá e Terra Rica no ano

2003 e Joaquim Távora no ano 2004.

Ainda analisando um contexto ambientalmente adverso, em razão da

influência de agentes com potencial poluidor, como os AINE, deve-se levar em

consideração a situação de saneamento na área de estudo, que apresenta

dificuldades e desafios. É clara a precariedade sanitária, analisando o sistema de

esgotamento sanitário disponível em grande parte dos municípios analisados.

Tabela 16 – Refinamento da CAP de Fase II do diclofenaco para os municípios do Consórcio Intergestores Paraná Saúde, considerando-se a excreção e a eficiência de remoção em ETE empregando tecnologia por lodo ativado com as faixas de CAP, número e porcentagem de municípios – CAPlodo (n=319).

Faixa (µg.L-1) Nº municípios (%) municípios

2003 2004 2005 2003 2004 2005

CAPlodo > 5 0 0 0 0 0 0

5 ≥ CAPlodo > 1 24 66 114 7,53 20,69 35,74

1 ≥ CAPlodo > 0,1 279 240 196 87,46 75,23 61,44

CAPlodo ≤ 0,1 16 13 9 5,01 4,08 2,82

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Tabela 17 – Refinamento da CAP de Fase II do ibuprofeno para os municípios do Consórcio Intergestores Paraná Saúde, considerando-se a excreção e a eficiência de remoção em ETE empregando tecnologia por lodo ativado com as faixas de CAP, número e porcentagem de municípios – CAPlodo (n=104).

Faixa (µg.L-1) Nº municípios (%) municípios

2003 2004 2005 2003 2004 2005

CAPlodo > 5 0 0 11 0 0 10,58

5 ≥ CAPlodo > 1 13 42 60 12,5 40,38 57,7

1 ≥ CAPlodo > 0,1 75 52 31 72,12 50 29,8

CAPlodo ≤ 0,1 16 10 2 15,38 9,62 1,92

Para diclofenaco (Tabela 18), de um total de 319 municípios, 62,4% não

dispõe de rede de esgotamento sanitário (n=199), 30,4% (n=97) dispõe de rede de

esgotamento sanitário para menos de metade da população e 7,2% (n=23) dispõe

de rede para mais da metade da população. A ausência de rede de coleta e ainda

mais sistema de tratamento permitem projetar uma preocupação considerável, com

risco de dano ambiental e à saúde. Pode-se ter ampliação do lançamento de

fármacos ao ambiente, especialmente aquático. Os dados em detalhe estão nos

Apêndices A (diclofenaco) e B (ibuprofeno).

Tabela 18 – Situação de saneamento (esgotamento sanitário) nos municípios pertencentes ao Consórcio Intergestores Paraná Saúde, considerando número de municípios sem coleta, municípios com coleta menor que 50%, municípios com coleta maior que 50% e porcentagem correspondente. Fonte: construído a partir de dados do Ministério das Cidades (2006).

Nº de Municípios do Consórcio

Fármaco Sem coleta Coleta < 50% Coleta > 50%

Diclofenaco 199 97 23

Ibuprofeno 63 31 10

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Para ibuprofeno (Tabela 18), de um total de 104 municípios, 60,6% (n=63)

não dispõe de rede de esgotamento sanitário, 29,8% (n=31) dispõe de rede de

esgotamento sanitário para menos de metade da população e 9,6% (n=10) dispõe

de rede para mais da metade da população.

Neste estudo, considerou-se a coleta, não o percentual de tratamento do

esgoto coletado. Se fosse considerado o tratamento, ao porcentagem de

atendimento seria reduzida, porque considerável parcela dos domicílios que

possuem coleta de esgoto não são atendidos por um sistema de tratamento. O

esgoto é coletado e lançado in natura no ambiente. O impacto ambiental torna-se

evidente.

Os presentes dados indicam que, para avaliações de risco ambiental, neste

estudo de caso, deveriam ser consideradas as estimativas de risco com a razão

CAPexcr/CAPNE, conforme dados apresentados nos Apêndices E e F.

Os números europeus sobre concentração efetiva ou prevista de fármacos

apresentam uma situação social distinta, em que 80% do continente possui coleta de

esgoto, mas o consumo de medicamentos é elevado.

Huschek et al. (2004), para diclofenaco e ibuprofeno, estimaram a CAP de

Fase II (refinada) e registraram os valores a seguir: CAP de Fase II do diclofenaco,

nos anos 1999 a 2001 – 1,37, 1,37 e 1,43 µg.L-1 respectivamente. CAP de Fase II do

ibuprofeno nos anos de 1999 a 2001: 4,34, 5,01 e 5,76 µg.L-1, respectivamente.

Carlsson et al. (2006a) obtiveram valores de CAP refinada do diclofenaco

para águas superficiais e águas residuárias. Os resultados para CAP refinada de

águas residuárias em três ETE foram 1,1, 1,3 e 1,2 µg.L-1. Para o refinamento da

CAP de águas superficiais, os autores obtiveram 0,05 µg.L-1. Os autores também

investigaram o ibuprofeno e obtiveram os seguintes valores: 0,28, 0,33, 0,31 µg.L-1

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para refinamento da CAP de águas residuárias; 0,012 µg.L-1 para CAP refinada de

águas superficiais.

Conforme se identifica nas Tabelas, a maioria dos municípios investigados

nos três anos considerados apresentaram CAP de Fase II superior aos valores

obtidos por Huschek et al. (2004) e Carlsson et al. (2006a).

Os dados obtidos não correspondem à totalidade do consumo/vendas no que

se refere aos AINE em estudo nos municípios avaliados, porém já demonstram um

alerta ambiental para determinados municípios, em razão das características dos

fármacos investigados e a precariedade dos serviços de saneamento, principalmente

esgotamento sanitário.

Muito embora para a maioria dos municípios avaliados não tenha sido

identificado risco ambiental pela presente metodologia, não se deve desconsiderar a

possibilidade de interferência ambiental que estes fármacos possam ocasionar,

principalmente em função de serem moléculas de alta lipofilicidade (altos valores de

coeficiente de partição octanol-água - Kow) e conseqüente persistência ambiental.

Outro ponto a ser considerado nesta perspectiva é o fato de serem substâncias que

atuam sobre alvos biológicos definidos, comuns a uma série de espécies animais. A

presente metodologia considerou dados de CAPNE obtidos a partir de ensaios de

efeito agudo, e estes podem ser insuficientes para se extrapolar questões de risco

ambiental em função de efeitos crônicos.

Em estudos desenvolvidos no exterior (Alemanha, Dinamarca, EUA, França,

Grã-Bretanha, Suécia), as fontes de dados foram baseadas em informações mais

abrangentes sobre consumo/vendas de medicamentos prescritos e isentos de

prescrição, (JONES et al., 2002; FERRARI et al., 2004; HUSCHEK et al., 2004;

SCHWAB et al., 2005), dados de serviços de atenção básica de saúde (STUER-

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LAURIDSEN et al., 2000), informações sobre consumo do setor público e privado,

hospitais e atendimento médico (HUSCHEK et al., 2004; CARLSSON et al., 2006a).

No entanto, os autores fazem referência à dificuldade de se obter dados de consumo

dos medicamentos que representem fielmente o padrão de consumo de fármacos.

As principais dificuldades relacionam-se aos medicamentos isentos de prescrição

(over the counter – OTC) e indisponibilidade de estatísticas de consumo de

medicamentos considerados ilegais (JONES et al., 2002). Schwab et al. (2005), por

exemplo, utilizaram dados da IMS Health, empresa de consultoria em saúde dos

Estados Unidos que monitora 90% das vendas de medicamentos nos EUA e 75%

das vendas em 100 países.

4.3.1 Estimativa do Risco Ambiental

Analisando os dados fornecidos (Tabelas 11 a 17) pela estimativa da CAP

Fase II, considerando metabolismo e excreção e eficiência de remoção dos

fármacos nas ETE (filtro biológico e lodo ativado), deve-se analisar que mesmo com

a redução de valores de CAP, obteve-se situações de municípios que apresentaram

risco ambiental com os fármacos pesquisados e o número foi considerável.

Para diclofenaco (Tabela 19), o refinamento de fase II considerando valores

de excreção, ao se fazer a relação CAPexcr/CAPNE, registrou a maioria dos

municípios com valores inferiores a 1, o que determinaria, segundo a EMEA (EMEA,

2006), sem risco ambiental.

Em oito municípios foi identificado risco ambiental (razão CAP/CAPNE ≥ 1):

Adrianópolis, Conselheiro Mairink, Diamante do Sul, Lindoeste, Luiziânia, Realeza e

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Ventania em 2005. Em 2004, Altamira do Paraná, Bom Jesus do Sul, Diamante

D’Oeste e Três Barras do Paraná.

Tabela 19 – Resultados para avaliação de risco nos municípios do Consórcio Intergestores Paraná Saúde considerando CAP baseada em metabolismo e excreção e em eficiência de remoção por filtro biológico e lodo ativado, ano a ano, com o número de municípios.

Risco Ambiental – diclofenaco

Número de municípios

Risco Ambiental – ibuprofeno

Número de municípios

Anos 2003 2004 2005 2003 2004 2005

CAPexcr 0 5 8 3 17 48

CAPfiltro 0 3 5 3 10 43

CAPlodo 0 0 0 0 0 6

Para ibuprofeno (Tabela 19), a ARA considerando CAPexcr revelou três

municípios com risco ambiental em 2003 evoluindo para 48 em 2005. Para CAPfiltro,

três municípios em 2003 a 43 em 2005. E na avaliação considerando CAPlodo

registrou-se risco ambiental em seis municípios em 2005. Destaca-se o valor de

risco ambiental de Turvo, que ficou próximo de 20.

Para o refinamento da CAP de Fase II considerando remoção em ETE por

filtro biológico, os valores da estimativa para diclofenaco apresentaram os seguintes

resultados: Risco ambiental para Adrianópolis, Bom Jesus do Sul, Conselheiro

Mairinck, Lindoeste e Luiziânia no ano 2005. Em 2004, Bom Jesus do Sul,

Brasilândia do Sul e Diamante D’Oeste. Os demais municípios ficaram abaixo do

valor 1, ressalvado o aspecto de alerta ambiental.

Para ibuprofeno, foi estimado o risco ambiental e o valor ficou acima de 1 nos

seguintes municípios: Candói 2005, Cruzeiro do Sul e Diamante D’Oeste, Doutor

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Camargo, Itaguajé, Itaúna do Sul, Itaúna do Sul, Ivatuba, Japira, Mallet, Nova

América da Colina, Paraíso do Norte, Turvo, este último com o maior valor.

O refinamento considerando remoção por lodo, para diclofenaco, quanto a

estimativa do risco ambiental, encontrou como valor mais elevado 0,48, em Bom

Jesus do Sul em 2004. Nenhum valor ficou próximo a 1. O menor valor foi 0,001 em

Guamiranga em 2003.

Para ibuprofeno, registrou-se risco ambiental em seis municípios, sendo o

município de Turvo com maior valor (>5) em 2005. Os menores valores foram em

Palotina e Santo Antônio da Platina.

Carlsson et al. (2006a) estimaram para diclofenaco razão CAP/CAPNE de

0,0048 e para ibuprofeno 0,0017. Em diversos municípios do estado do Paraná, o

valor supera, portanto, em mais de uma ordem de magnitude o valor dos autores.

No presente estudo, considerou-se que deve ser entendida como situação de

alerta ambiental a razão CAP/CAPNE que ficar próxima a 1 (≥ 0,8) e pode-se

observar nos Apêndices de E a J, que diversos municípios encontram-se nesta

situação. Hernando et al. (2006) afirmam que um critério comum para interpretar os

valores da razão CAP/CAPNE estabelece níveis de risco: “baixo risco” de 0,01 a 0,1;

“médio risco” de 0,1 a 1 e “alto risco” acima de 1.

Os resultados de RA obtidos devem ser interpretados com preocupação, pois

apenas uma pequena parcela modesta dos medicamentos e fármacos são

descartados adequadamente, e considerando-se que a projeção é a

aquisição/consumo de medicamentos permanecer em crescimento, novamente

destaca-se o potencial poluidor desses agentes.

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100

4.4 PROGRAMA PILOTO DE COLETA ORIENTADA DE MEDICAMENTOS

O Centro de Informação sobre Medicamentos do UnicenP recebeu entre

setembro de 2002 e julho de 2003, apresentações farmacêuticas de um total de 121

medicamentos. Os mesmos foram triados, conforme descrito no item 3.8.4, com

registro eletrônico dos dados. Entre os medicamentos coletados (n=121), 73% foram

classificados como industrializados e 27% como manipulados (Figura 11). Quanto à

categoria, 76,8% eram alopáticos, 18,2% homeopáticos e 5% fitoterápicos (Tabela

20).

73%

27%

Medicamentos industrializados

Medicamentos manipulados

Figura 6: Classificação dos Medicamentos coletados quanto à origem da produção, indústria ou manipulação.

Tabela 20 – Classificação dos medicamentos coletados quanto a categorias, com quantidade e porcentagem obtida.

Categoria do

medicamento

Quantidade Porcentagem

(%)

Alopáticos 93 76,8

Fitoterápicos 6 5

Homeopáticos 22 18,2

Total 121 100

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Os dados das categorias de medicamentos chamaram a atenção para dois

aspectos. A contribuição de coleta de medicamentos homeopáticos ter sido superior

a dos fitoterápicos, o que poderia ser justificado em função de região de Curitiba ser

pólo de concentração de farmácias homeopáticas (setenta ou mais em atividade), o

que também é evidenciado em diversas capitais e grandes cidades, juntamente com

suas regiões metropolitanas.

O outro aspecto indica que a maioria dos medicamentos coletados compunha

a categoria dos alopáticos industrializados, em concordância com o fato de estes

serem apontados como os medicamentos mais consumidos no país, em razão de

serem os medicamentos mais adquiridos pelo SUS (maior comprador de

medicamentos no País) e pelo número maciçamente superior de farmácias e

drogarias alopáticas, responsáveis pela dispensação/distribuição.

A classificação dos grupos terapêuticos seguiu a classificação Anatomical,

Chemical, Therapeutical da OMS (WHO, 2000), internacionalmente reconhecida e os

medicamentos alopáticos industrializados coletados correspondiam a 28 grupos

diferentes. Em destaque na Figura 7 a seguir, os mais freqüentes.

Entre os grupos terapêuticos mais importantes na amostra, os medicamentos

para uso no aparelho respiratório – expectorantes e mucolíticos foram os mais

freqüentes, o que pode ser entendido como indicativo do perfil epidemiológico da

região de Curitiba, com ampla ocorrência de afecções do trato respiratório. Já a

relevância da presença de antiinflamatórios pode se relacionar o ser este grupo um

dos mais consumidos no mundo todo (RANG et al., 2004).

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22%

15%

14%8%6%

6%

5%

3%

3%

18%Antiinflamatórios

Expectorantes

Mucolíticos

Anti-alérgicos

Anti-fúngicos

Vitaminas

Descongestionantes nasais

Antibióticos

Corticosteróides

Demais classes

Figura 7 – Medicamentos classificados quanto ao grupo terapêutico de acordo com a classificação ATC/OMS (WHO, 2000).

Os medicamentos foram analisados quanto à sua integridade, como segue na

Tabela 21.

Tabela 21 – Situação da Embalagem dos Medicamentos coletados durante a campanha de educação e conscientização ambiental, com quantidades e porcentagem obtida.

Situação da Embalagem do Medicamento

Quantidade Porcentagem (%)

Embalagem íntegra 30 24,8 Embalagem violada 91 75,2

Total 121 100

Quanto à integridade, a maioria dos medicamentos coletados encontrava-se

violada, porém, praticamente a quarta parte destes foi catalogada como íntegra. Este

dado é precupante do ponto de vista do desperdício dos medicamentos.

Entre os aspectos mais relevantes deste programa piloto, está a constatação

de que o incentivo a programas desta natureza permitiria impedir que chegassem de

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modo inadequado ao ambiente medicamentos descartados, que de outro modo,

tendem a ser lançados no ambiente, via lixões ou descarte em águas residuárias.

Sob o aspecto sanitário, é deplorável o descarte de praticamente a quarta

parte dos medicamentos do programa intactos, o que representa desperdício.

O programa piloto de coleta de medicamentos despertou nos alunos

curiosidade e desejo de colaboração, com cessão de horas para participar de um

projeto extensionista para alertar a comunidade acadêmica sobre o tema. A

experiência sensibilizou-os para o fato de que a responsabilidade dos futuros

profissionais farmacêuticos não se encerra com a dispensação, mas sim se

configura de forma mais holística no que tange ao gerenciamento correto dos

medicamentos como resíduos perigosos.

O programa permitiu o aprendizado sobre o PGRSS e o papel do

farmacêutico como um profissional com potencial de educador e também gestor

ambiental. Este profissional poderá, com tal formação, atuar, assim como sob o

ponto de vista ambiental e sanitário, quando o assunto for a dispensação

responsável e consciente de medicamentos.

4.5 RECOMENDAÇÕES EM TERMOS DE GESTÃO AMBIENTAL A RESPEITO DE

FÁRMACOS COMO POLUENTES AMBIENTAIS

Analisando os resultados e a avaliação de risco expostos, obteve-se um

cenário preliminar, mas suficientemente impactante. Neste contexto, medidas de

gerenciamento de risco ambiental de fármacos, particularmente dos AINE

diclofenaco e ibuprofeno, são recomendáveis, entre as quais pode-se incluir:

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a) A promoção do uso racional de medicamentos, a fim de se alcançar a

redução da aquisição e do consumo destes produtos (DAUGHTON,

2003a);

b) Disposição adequada dos medicamentos quando já considerados resíduos

perigosos (vencidos, não utilizados) (DAUGHTON, 2003a; 2003b);

c) Recomendações para adequada rotulagem dos medicamentos, incluindo

nas bulas e rótulos, alertas sobre o risco de medicamentos lançados no

ambiente e sobre a correta destinação de medicamentos vencidos ou não

mais utilizados. (DAUGHTON, 2003a; 2003b)

d) Políticas públicas que incentivem a racionalização do uso; que envolvam

co-responsabilidades e co-participação ao longo de todo o ciclo de vida

dos medicamentos no gerenciamento de risco como poluentes ambientais

(Daughton, 2003a; 2003b);

e) Ações de Estado, no sentido de determinar ao setor produtivo de

medicamentos e insumos que estabeleça ARA de seus produtos;

f) Ações de Estado para promover educação e conscientização ambiental

aos pacientes, profissionais e sociedade em geral quanto ao tema

fármacos como poluentes ambientais (DAUGHTON, 2003b);

g) Defender a inserção no setor farmacêutico de uma nova mentalidade em

que as atividades farmacêuticas sejam ambientalmente sustentáveis, ou

seja, um conceito e uma prática de farmácia ambiental (apoiado no

contexto de Green Pharmacy (Farmácia Verde), de Daughton (2003a;

2003b);

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h) Que a pesquisa de novos fármacos seja voltada para um design verde de

drogas levando em conta mais estudos sobre drogas com liberação

controlada e que utilizem biodirecionamento (DAUGHTON, 2003b).

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5 CONCLUSÕES

Os fármacos investigados sob o ponto de vista ambiental são

reconhecidamente agentes importantes quanto a impactos ambientais, devido a seu

extenso uso terapêutico em humanos e animais.

A estimativa da concentração ambiental prevista nos municípios do Consórcio

Intergestores Paraná Saúde resultou em CAP de Fase I e de Fase II similares aos

estudos já publicados ou em valores várias vezes superiores. Foram encontrados

valores da razão CAP/CAPNE compatíveis com risco ambiental.

Não se pode descartar a possibilidade de interferência ambiental dos

fármacos estudados. Isto se deve tanto em função do fato de apresentarem

significativo potencial de bioacumulação nos organismos aquáticos, quanto à

escassa disponibilidade de dados ecotoxicológicos, notadamente estudos sobre

exposição crônica.

Também deve ser considerado o potencial de persistência ambiental, que

pode gerar efeito acumulativo ao longo de uma série histórica, como ocorreu em

municípios que tiveram risco ambiental em anos seguidos.

A maioria dos resultados de risco ambiental foram estimados para o

ibuprofeno, com os maiores valores no município de Turvo.

O modelo de ARA proposto pela EMEA mostrou-se adequado para avaliação

de risco ambiental de fármacos para o presente estudo, em que pese a dificuldade

de acesso a dados sobre consumo.

Os resultados de refinamento da CAP em associação com a realidade do

esgotamento sanitário de boa parte dos municípios analisados recomenda que as

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ARA considerem a excreção para as estimativas a serem feitas em regiões com

situação sócio-sanitária ambiental semelhante.

Os resultados para o município de Curitiba foram inferiores aos resultados

médios obtidos para diclofenaco do Consórcio Intergestores Paraná Saúde, em

razão de seu padrão de aquisição ser o mais restrito entre os dados coletados.

Os dados disponíveis expressaram uma parte do padrão de aquisição e que

resultou em estimativas da presença ambiental dos fármacos em situações de alerta

e de risco ambiental.

Os resultados expressam a estimativa do risco ambiental dos fármacos

pesquisados considerando o padrão de aquisição atual. Com alterações no padrão

gerando aumento, e há uma tendência de elevação como foi possível analisar, a

estimativa de risco ambiental pode ter resultados ainda mais preocupantes.

O programa piloto de coleta orientada pode ser uma ferramenta de apoio a

racionalização do uso de medicamentos e a uma maior conscientização ambiental,

atuando como suporte às ações para minimização do impacto ambiental de

fármacos no meio ambiente.

Medicamentos como poluentes ambientais devem entrar definitivamente na

agenda política dos setores saúde e ambiente e com ações concretas.

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APÊNDICES

Apêndice A – Tabela dos municípios do Consórcio Intergestores Paraná Saúde

investigados que adquiriram diclofenaco (dic) nos anos de 2003 a 2005, com

população, massa adquirida em mg/ano, consumo de água e porcentagem de

coleta de esgoto.

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Apêndice B – Tabela dos municípios do Consórcio Intergestores Paraná Saúde

investigados que adquiriram ibuprofeno (ibu) nos anos de 2003 a 2005, com

população, massa adquirida em mg/ano, consumo de água e porcentagem de

coleta de esgoto.

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Apêndice C – Municípios do Consórcio Intergestores Paraná Saúde com Fator

de Penetração de Mercado (Fpen) e cálculo da CAP de Fase I (CAPág.sup.) do

diclofenaco (dic).

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Apêndice D – Municípios do Consórcio Intergestores Paraná Saúde com Fator

de Penetração de Mercado (Fpen) e cálculo da CAP de Fase I (CAPág.sup.) do

ibuprofeno (ibu).

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Apêndice E – Avaliação de risco do diclofenaco (dic) para os municípios do

Consórcio Intergestores Paraná Saúde considerando refinamento da CAP

exclusivamente com dados de metabolismo e excreção, cálculo do Fpenexcr,

razão CAPexcr/CAPNE e indicativo de estimativa de risco em destaque.

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Apêndice F – Avaliação de risco do ibuprofeno (ibu) para os municípios do

Consórcio Intergestores Paraná Saúde considerando refinamento da CAP

exclusivamente com dados de metabolismo e excreção, cálculo do Fpenexcr,

razão CAPexcr/CAPNE e indicativo de estimativa de risco em destaque.

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Apêndice G – Avaliação de risco do diclofenaco (dic) para os municípios do

Consórcio Intergestores Paraná Saúde considerando refinamento da CAP com

dados de metabolismo e excreção e eficiência de remoção por filtro biológico,

cálculo do Fpenfiltro, razão CAPfiltro/CAPNE e indicativo de estimativa de risco

em destaque.

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Apêndice H – Avaliação de risco do ibuprofeno (ibu) para os municípios do

Consórcio Intergestores Paraná Saúde considerando refinamento da CAP com

dados de metabolismo e excreção e eficiência de remoção por filtro biológico,

cálculo do Fpenfiltro, razão CAPfiltro/CAPNE e indicativo de estimativa de risco

em destaque.

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Apêndice I – Avaliação de risco do diclofenaco (dic) para os municípios do

Consórcio Intergestores Paraná Saúde considerando refinamento da CAP com

dados de metabolismo e excreção e eficiência de remoção por lodo ativado,

cálculo do Fpenlodo, razão CAPlodo/CAPNE e indicativo de estimativa de risco

em destaque.

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Apêndice J – Avaliação de risco do ibuprofeno para os municípios do

Consórcio Intergestores Paraná Saúde considerando refinamento da CAP com

dados de metabolismo e excreção e eficiência de remoção por lodo ativado,

cálculo do Fpenlodo, razão CAPlodo/CAPNE e indicativo de estimativa de risco

em destaque.

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ANEXOS

ANEXO A – Relatórios de aquisição do diclofenaco de potássio, diclofenaco de

sódio e ibuprofeno nos anos 2003 a 2005, por municípios vinculados ao

Consórcio Intergestores Paraná Saúde (Fonte: Consórcio Intergestores Paraná

Saúde).

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ANEXO B – Ofício nº 170/07 da Coordenação de Recursos Materiais e da

Gerência de Assistência Farmacêutica com os dados sobre diclofenaco

no SUS Curitiba. (Fonte: Coordenação de Recursos Materiais e Gerência

de Assistência Farmacêutica – Secretaria Municipal da Saúde de

Curitiba).

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ANEXO C – Formulário de oficialização do projeto de extensão de coleta

de medicamentos vencidos no câmpus do Centro Universitário Positivo

– UnicenP vinculado ao programa de coleta orientada de ,medicamentos.

(Fonte: Pró-Reitoria de Extensão do Centro Universitário Positivo –

UnicenP).

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ANEXO D – Modelo de folder utilizado para divulgação na comunidade

acadêmica do UnicenP da campanha de coleta orientada de medicamentos

vencidos em 2002-2003 (Fonte: Departamento de Marketing – UnicenP).

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