Boff, Leonardo - Igreja Carisma e Poder

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LEONARDO

BOFFIGREJA: CARISMA E PODER7nefut OA' documentos, e/a hofmiea com o cf\itteatio

editora tica.

SERIE

RELIGIAO

E CIDADANIA

LEONARDO BOFFTelogo. Professor de tica e Filosofa na Universidade Estadual do Rio de Janeiro UERJ

'I\fumes- cfesta sine:

AMRICA LATINA: DA CONQUISTA A NOVA EVANGELIZACOLeonardo Boff

IGREJA: CARISMA E PODEREnsatas de Eclesiologia Militante

ECOLOGA - MUNDIALIZACO ESPIRITUALIDADELeonardo Boff

SOCIOLOGA DA RELIGIAOFran^ois Houtart

ffncfuiVffini/ice com os tfocumenios i/o Aroces/to t/oufsHtt/'t'o moofojbe/o c l\tticatio coniHi o *sutof

NOVA ERA: A CIVILIZACAO PLANETARIALeonardo Boff

IGREJA: CARISMA E PODERLeonardo Boff

editora iiea

by Leonardo Boff Direitos para a edico brasileira cedidos Editora tica.

Editor: Joo Guizzo Revis&o: Mara Carolina de Araujo, Vera Silvia de Oliveira Roselli e Mirna Gracinda Fernandes Capa e edigao de arte: Homem de Mel & Troia Design

1994 Editora tica S.A. Ra Barao de Iguape, 110 CEP 01507-900 Tel.: PABX 278-9322 Fax: (011) 277-4146 Caixa Postal 8656 End. telegr. "Bomlivro" Sao Paulo Todos os direitos reservados

ISBN 85 08 04653 7

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Dedico este texto aos membros do grupo Justiga e Paz de Petrpolis. Tiveram que andar sozinbos e compreenderam que nao luisla que a Igreja exista, lila precisa ser continuamente construida, nao contra, mas aftesar daqueles que a querem reduzir a antiga sinagoga.

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Em 1984 o autor do livro Igreja: carisma e poder foi submetido, no Vaticano, a um processo doutrinario perante a Congregaco para a Doutrina da F, mais comumente conhecida como ex-Santo Oficio e ex-Santa Inquisico. Teve como conseqncia a imposico ao autor de um tempo de "silencio obsequioso", na verdade um silencio forcado e penitencial, e a proibico de se reeditar o livro incriminado. A censura, inusitada na tradico daquele organismo de controle das doutrinas, nao fala de heresias, nem de doutrinas escandalosas ou ofensivas aos ouvidos piedosos; apenas reza: "as opces do autor sao de tal natureza que pem em perigo a s doutrina da f". Passados 10 anos, reedita-se o livro assim como apareceu em sua primeira edicao, sem correces ou acrscimos. Os fatos eclesiais ocorridos nos ltimos anos s fizeram confirmar o acert das opinioes, crticas e opces sustentadas por Igreja: carisma e poder. No final do livro foram acrescentados um Apndice com os documentos do processo doutrinario bem como as duas respostas do autor. Os leitores dar-se-ao conta de que num debate interno de Igreja nao s de teologia se trata, mas de muitos outros assuntos, nao totalmente alheios a sociedade e a poltica.

L. B.

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SUMARIO

fftrodugao I. Prticas pastorais e m o d e l o s de Igreja 1. A correta articulado: Reino-mundo-Igreja 2. Os grandes modelos herdados do passado a) Igreja como civitas Dei: totalidade ad intra b) Igreja como mater et magistra: o antigo pacto colonial c) Igreja como sacramentum salutis. a modernizaco da Igreja 3. A emergencia de um novo modelo: Igreja a partir dos pobres a) Urna libertaco poltica e religiosa b) Urna Igreja que nasce da f do povo c) Urna Igreja a altura dos desafos histricos d) Um apelo a Igreja universal II. Prticas teolgicas e incidencias pastorais 1. Da nica teologia as muitas tendencias teolgicas a) Alcance e limite de cada tendencia teolgica b) Quais sao os "inimigos" ou concurrentes de cada tendencia teolgica c) Funcionalidade de cada tendencia em referencia a Igreja e a sociedade d) Qual a teologia til e necessria para a nossa Igreja e nossa sociedade 2. Primeira tendencia teolgica: teologia como explicitaco do depositum fidei 3- Segunda tendencia teolgica: teologia como inicia^o a experiencia crista 4. Terceira tendencia teolgica: teologia como reflexo sobre o mysterium salutis 5. Quarta tendencia teolgica: teologia como antropologia transcendental 6. Quinta tendencia teolgica: teologia dos sitiis dos tempos (do poltico, da scculari/acao, da esperanca)

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7. Sexta tendencia teolgica: teologa do cativeiro e da liberta^o 8. Qual a teologa adequada e necessria nossa Igreja no Brasil? HL A Igreja e a luta pela justica e p e l o direito dos pobres 1. A urgencia da luta pela justica social hoje 2. Reaces mais significativas por parte das Igrejas cristas 3- Fundamentaco teolgica para o compromisso com a justica a) Afirmaco fundamental, tese central b) Tres argumentos principis c) Evitar os reducionismos 4. Luta pela Justina e poltica a) Significados de "poltica": Poltica com maisculo e poltica com minsculo b) Poltica e lucidez: a politizaco autntica 5. Distribuicao das competencias dentro da Igreja a) Competencia da Hierarquia b) Competencia dos religiosos c) Competencia dos leigos 6. Dois criterios para o compromisso dos leigos num determinado partido 7. Concluso: compreender, apoiar, participar TV. A questao da violacao dos direitos h u m a n o s dentro da Igreja 1. Colocaco do problema: teora e prtica dos direitos humanos na Igreja 2. Prticas de Igreja em atrito com sua proclamaco dos direitos humanos a) No nivel institucional b) No nivel da formaco da opinio na Igreja c) No nivel da doutrina e da disciplina 3- Tentativa de explicado a) Abordagem histrico-sociolgica b) Abordagem analtica: a idia que a autoridade concebe de si mesma c) Abordagem estrutural

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4. Caminhos de superdito 5. Concluso V. O poder e a instituico na Igreja p o d e m se converter? 1. Esperanzas frustradas, mas nao destruidas em face da Igreja-instituico 2. A Igreja-instituico passou pela prova do poder? 3. O fim das re-formas: urge re-criar 4. Refontalizaco: o sentido evanglico da autoridade a) O projeto fundamental de Jess: libertaco e liberdade b) Crtica a todo poder-dominaco 5. Eclesiognese: da velha nasce a nova Igreja 6. Sara, a estril, concebeu VI. O catolicismo romano: estrutura, sanidade, patologas 1. Etapas na formulaco do problema a) Nos protestantes: de um pre-conceito para a busca de um conceito b) Nos catlicos: de urna patologa para a busca de urna normalidade c) Concluso: Evangelho-catolicismo, identidade e no-identidade 2. Que autoridade possui o catolicismo primitivo sobre o posterior? 3. A identidade do catolicismo 4. Catolicismo romano: afirmaco corajosa da identidade sacramental 5. Patologas do catolicismo romano 6. Catolicismo romano oficial e catolicismo popular 7. Concluso: o catolicismo romano deve ser mais tradicional e menos tradicionalista VII. Em favor d o sincretismo: a producao da catolicidade d o catolicismo 1. O que sincretismo a) Sincretismo como adi^o b) Sincretismo como acomodaco 11

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c) Sincretismo como mistura d) Sincretismo como concordismo e) Sincretismo com traduclo f) Sincretismo como refundico 2. O cristianismo um grandioso sincretismo 3. A legitimaco teolgica do sincretismo religioso a) O oferecimento salvifco universal e suas historizacoes b) A religio como expresso sincrtica da f c) Catolicidade como a mesma identidade da pluralidade 4. Verdadeiros e falsos sincretismos a) Criterios intrnsecos ao prprio fenmeno do sincretismo b) Criterios hauridos da autocompreenso crista 5. Urna pedagoga da condescendencia VIII. Caractersticas da Igreja m i m a sociedade de classes 1. Que significa "caractersticas da Igreja" (notas, propriedades) 2. As caractersticas de urna Igreja articulada com a classe hegemnica a) Campo religioso-eclesistico e modo de producto da sociedade b) A experiencia crista com seu contedo de revelaco c) Caractersticas da Igreja num modo dissimtrico de produco religiosa 3- Caractersticas de urna Igreja articulada com as classes subalternas a) Igreja-Povo-de-Deus b) Igreja de pobres e fracos (reduzidos a sub-homens) c) Igreja dos espoliados (feitos desumanizados) d) Igreja de leigos e) Igreja como koinonia de poder f) Igreja, toda ela ministerial g) Igreja de dispora h) Igreja libertadora i) Igreja que sacramentaliza as libertaces concretas j) Igreja que prolonga a grande Tradi^ao 1) Igreja em comunho com a grande Igreja m) Igreja que constri a unidade a partir da missao libertadora 12

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n) Igreja com nova concrecao de sua catolicidade o) Igreja toda ela apostlica p) Igreja, realizadora de um novo estilo de santidade 4. Concluso: a credibilidade da esperanza crista IX. A comunidade eclesial de base: o mnimo do mnimo 1. As comunidades eclesiais de oprimido e crente 2. As comunidades eclesiais de Palavra de Deus 3. As comunidades eclesiais de ser Igreja 4. As comunidades eclesiais de de libertado 5. As comunidades eclesiais de de vida base: encontr do povo

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base nascem da 277 base: maneira nova de -273 base: sinal e instrumento 214 base: celebracao de f e 216

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X. As eclesiologias subjacentes as comunidades eclesiais de base 1. Eclesiognese: nasce a Igreja da f do povo 2. Problemas especficos de cada tipo de Igreja a) Problemas em torno do tema-reflexo: Igreja-Povo-de-Deus b) Problemas em torno do tema-reflexo: Igreja-comunidade e sinal de liberta^o c) Problemas em torno do tema-reflexo: Igreja proftica e instrumento de libertaco XI. justificada a distincao entre Igreja docente e Igreja discente? Primeira tese: Toda a Igreja (communitas fidelium) constitu a Ecclesia discens Segunda tese: Toda a Igreja (communitas fidelium) constitu a Ecclesia docens Terceira tese: Docens e discens sao duas funches e nao fra^es na Igreja Quarta tese: A distincao entre Ecclesia docens e Ecclesia discens s teolgicamente vlida quando previamente se tiver assumido e ultrapassado a reflexo

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scio-analtica acerca da diviso religiosa do trabalho Quinta tese: A compreensao dicotmica da Ecclesia docens e discens resulta de urna viso patolgica da realidade da Igreja Sexta tese: A inter-acao dialtica como sanidade da distinco entre Ecclesia docens e Ecclesia discens XII. Urna visao alternativa: a Igreja sacramento d o Espirito Santo 1. A e n c a r n a d o , modelo da Igreja? 2. A Igreja fundada por Cristo e pelos Apostlos, movidos pelo Espirito 3- A unidade originaria entre o elemento cristolgico e pneumtico na Igreja a) O Jess carnal j era a presenca do Espirito Santo no mundo b) O Espirito Santo na Igreja j a presenca do Cristo ressuscitado c) Urna Pessoa em duas Pessoas 4. A Igreja, Sacramento do Espirito Santo a) O simbolismo nos milagres de Pentecosts: o Espirito est na Igreja b) A Igreja, corpo do Cristo ressuscitado: sua dimenso csmica c) O Espirito Santo e as estruturas: sinal ou contra-sinal? X m . Urna estruturacao alternativa: o carisma c o m o principio de organizacao 1. Igreja toda, Povo de Deus, sao dados o Espirito e os carismas 2. O que mesmo um carisma? 3. A simultaneidade dos carismas 4. Cada um portador de um ou mais carismas 5. O carisma como estrutura da comunidade 6. Os criterios de verdade nos carismas. Quando sabemos que o carisma carisma? a) Carisma e talentos humanos b) O carisma para a construco da comunidade 7. O carisma da unidade entre os carismas: o coordenador, o presbtero, o bispo e o Papa

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^/(/bendice O p r o c e s s o doutrinrio a Igreja: carisma e poder

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Carta, d o Cardeal J o s e p h Ratzinger 237 238 239 241 242 243 244 245 245 247 248 I. Introducto 1. Que contm o livro Igreja: carisma epoder 2. O contexto vital do livro 3- A acolhida do livro 4. Minha atitude fundamental em face do coloquio em Roma 5. Ressonncias inevitveis do coloquio em Roma II. Observaces sobre a introduco da carta do Sr. Cardeal Ratzinger III. Resposta aos conteudos da carta do Sr. Cardeal Ratzinger 1. Resposta as observaces de carter geral e metodolgico: n. 1 2. Resposta s observaces de carter geral e metodolgico: n. 2 a) Falta de moderaco na linguagem e a tradico proftica b) A "falta de preciso da linguagem" e a inadequaco de todo discurso sobre a verdade divina 3. Resposta s questes de carter geral e metodolgico: n. 3 (ocumento 2 Esclarecimento de Leonardo Boff

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IV. Resposta s questes referentes estrutura da Igreja: n. 1 305 1. Jess e as estruturas concretas da Igreja 307 2. A Igreja de Cristo, a Igreja catlica e as Igrejas cristas 308 3. A questo do protestantismo 310 V Resposta s questes sobre a concepco do dogma e da revelaco: n. 2 1. O dogma e suas formulaces 313 314

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2. A revelaco de Deus e as doutrinas sobre Deus 3- O sentido dinmico do depositum fidei VI. Os eventuais abusos do poder sagrado na Igreja e o Ideal evanglico: n. 3 1. A situaco da Igreja no Brasil e os desafos para a instituicao da Igreja 2. A legitimidade de categoras scio-analticas aplicadas a instituicao da Igreja 3. A perda progressiva do poder de deciso dos leigos na historia da Igreja 4. Os abusos do poder sagrado e a indefectibilidade da Igreja 5- O leigo e a celebraco da Ceia do Senhor VII. Concluso: a Verdade e a Deus a ltima palavra

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ffnttHxcfuco

ocu/rtanto

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Congregacao para a Doutrina da F: Notificacao sobre o livro Igreja: carisma e poder. Ensaios de eclesiologia militante

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ocumento

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Comentario crtico e confutacao de p o n t o s da "Notificacao" da Congregacao para a Doutrina da F 1. Atualidade das questes do carisma e poder na Igreja 2. O pastiche como forma de montar a acusaco 3- Onde encontrar a Igreja de Cristo: urna questo ecumnica 4. Dogma e revelaco no cativeiro da cultura ocidental 5- O faraonismo no exerccio do poder sagrado 6. hybris da hierarquia querer controlar as manifestacoes do Espirito 7. Concluso: o carisma do poder central, magnfico e terrvel

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O subttulo Ensaios de eclesiologia militante define a linha desta coletnea de estudos e perspectivas sobre a realidade histrica e teolgica do carisma e do poder na Igreja. Varios destes trabalhos sao inditos, outros foram publicados em distintas revistas, fruto de conferencias e debates. O autor nao esconde sua posico e seu interesse por certo tipo de renovaco e inovaco na Igreja. Trata-se pois de um posicionamento militante que nao impede, antes d forca de concrecao a busca da verdade da f com a qual est comprometido o telogo. Estamos vivendo tempos privilegiados. H urna efervescencia de vida eclesial que revigora todo o corpo, dos ps a cabeca. Tanto as bases quanto as cpulas se puseram numa caminhada de renovaco. O que da vai resultar certamente um novo rosto da institucionalidade da Igreja. H forcas vivas, particularmente as bases, que nao sao adequadamente recolhidas nos condutos

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tradicionais da organizaco eclesistica. Elas demandam nova reestruturaco e nova diviso eclesistica do trabalho e do poder religioso. Para isto se precisa de urna viso diferente da eclesiologia. Ela nao foi ainda sistematizada, de forma a responder de maneira global as demandas da realidade. Mas se faz urgente em toda a Amrica Latina. O presente texto nao pretende preencher esta lacuna. Assume, isto sim, alguns desafos, ora crticos em face de urna certa tradico, ora construtivos na direco de um novo modelo de Igreja, e os reflete de maneira militante e tambm corajosa. Dentro em pouco, esperamos entregar nossa Igreja no Brasil um trabalho sistemtico em Eclesiologia que faca jus riqueza que o Espirito aqui suscita e que esteja a altura dos desafios aqui vividos e assumidos na parrhesia apostlica. Ele ser escrito em parceria com Frei Clodovis Boff e se intitular De severina Ecclesia. O presente texto ser certamente compreendido por aqueles que amam a Igreja com suas rugas e manchas. Portanto, por aqueles que j superaram urna mentalidade triunfalista. Outros podero estimar que totalmente suprfluo e at inoportuno. Isto nao me magoar de forma nenhuma. Nao me vem a mente outra idia seno esta de Santo Agostinho, repetida pelo grande filsofo Ludwig Wittgenstein: "Et multi ante nos vitam istam agentes, praestruxerunt aerumnosas vias, per quas transir cogebamur multiplicato labore et dolore filiis Adam". Traduzindo: "E muitos antes de nos levando esta vida construram caminhos tormentosos pelos quais ramos obrigados a caminhar com multiplicadas canseiras e sofrimentos impostes aos filhos de Ado".

PRTICAS PASTO RA S E MODELOS DE IGREJA

Sitio Sao Jos, Estrada Santa Veridiana, Santa Cruz, fevereiro de 1981. L. B.

Mais e mais a Igreja da Amrica Latina ocupa as atences dos analistas religiosos, primeiramente devido a sua importancia numrica e depois devido aos ensaios eclesiolgicos em curso, as novas posices do episcopado ante os problemas sociais e a emergencia de urna Igreja que nasce das bases populares. Que tendencias se perfilam no atual momento eclesial e que perspectiva de futuro cada urna projeta?* A verdadeira eclesiologia nao se encontra nos manuais ou nos escritos dos telogos; ela se realiza e vigora as prticas eclesiais e est sepultada dentro das instituices eclesisticas. Em decorrncia disto, se quisermos identificar as principis tendencias eclesiolgicas em nosso continente latinoamericano, devemos analisar as distintas prticas com seus atores e a partir da as prdicas e as elaboraces tericas. o que tentaremos fazer, sucintamente.

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A correta articulacao: Reino-mundo-Igreja Para que nossa anlise tenha um sentido teolgico alm daquele fenomenolgico, importa articular corretamente os polos que entram na compreensao da Igreja. A Igreja nao pode ser entendida nela e por ela mesma, pois est a servido de realidades que a transcendem, o Reino e o mundo. Mundo e Reino sao as pilastras que sustentam todo o edificio da Igreja. Primeiro apresenta-se a realidade do Reino que engloba mundo e Igreja. Reino categora empregada por Jess para expressar sua ipsissima intentio constitu a utopia realizada no mundo (escatologia); o fim bom da totalidade da cria^o em Deus finalmente liberta totalmente de toda imperfei