BIOMECÂNICA DOS SISTEMAS DE RETRAÇÃO ANTERIOR

download BIOMECÂNICA DOS SISTEMAS DE RETRAÇÃO ANTERIOR

of 63

Transcript of BIOMECÂNICA DOS SISTEMAS DE RETRAÇÃO ANTERIOR

  • 8/16/2019 BIOMECÂNICA DOS SISTEMAS DE RETRAÇÃO ANTERIOR

    1/63

    UNIVERSIDADES UNIDAS DO NORTE DE MINAS

    INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE FUNORTE/SOEBRÁSUNIDADE INSTITUTO RIO-GRANDENSE DE ORTODONTIA

    CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM ORTODONTIA

    BIOMECÂNICA DOS SISTEMAS DE RETRAÇÃO ANTERIOR:SISTEMA DE FORÇAS E CONTROLE SOBRE A UNIDADE ALFA

    FÁBIO HENRIQUE SCHERER

    Monografia apresentada ao Programa deEspecialização em Ortodontia da Faculdade do Norte de Minas Gerais/ SOEBRÁS - NúcleoCanoas/RS, como parte dos requisitos paraobtenção de título de Especialista.

    Canoas

    2010

  • 8/16/2019 BIOMECÂNICA DOS SISTEMAS DE RETRAÇÃO ANTERIOR

    2/63

    UNIVERSIDADES UNIDAS DO NORTE DE MINAS

    INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE FUNORTE/SOEBRÁSUNIDADE INSTITUTO RIO-GRANDENSE DE ORTODONTIA

    CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM ORTODONTIA

    BIOMECÂNICA DOS SISTEMAS DE RETRAÇÃO ANTERIOR:SISTEMA DE FORÇAS E CONTROLE SOBRE A UNIDADE ALFA

    FÁBIO HENRIQUE SCHERER

    Monografia apresentada ao Programa deEspecialização em Ortodontia da Faculdade do Norte de Minas Gerais/ SOEBRÁS - NúcleoCanoas/RS, como parte dos requisitos paraobtenção de título de Especialista.

    Orientador: Luiz Eduardo Schroeder de Lima

    Canoas2010

  • 8/16/2019 BIOMECÂNICA DOS SISTEMAS DE RETRAÇÃO ANTERIOR

    3/63

    Universidades Unidas do Norte de Minas - Núcleo Canoas/RSÁrea de Concentração: Ortodontia

    Natureza do Trabalho: Revisão de LiteraturaObjetivo: Obtenção do Título de Especialista em Ortodontia

    Título Biomecânica dos Sistemas de Retração Anterior:Sistema de Forças e Controle Sobre a Unidade Alfa

    FOLHA DE APROVAÇÃO

    Fábio Henrique Scherer

    Data da Aprovação: __________________,_____de_______________de____________

    Banca Examinadora:

    Professor:______________________________________________________________(Titulação e Nome Completo)

    Instituição que Representa:_________________________________________________

    Assinatura:_____________________________________________________________

    Professor:______________________________________________________________(Titulação e Nome Completo)

    Instituição que Representa :________________________________________________

    Assinatura:_____________________________________________________________

    Professor:______________________________________________________________(Titulação e Nome Completo)

    Instituição que Representa:_________________________________________________

    Assinatura:_____________________________________________________________

  • 8/16/2019 BIOMECÂNICA DOS SISTEMAS DE RETRAÇÃO ANTERIOR

    4/63

    RESUMO

    Os sistemas de retração ortodôntica têm sido usados há séculos para tratamento demaloclusões. Para tanto se faz necessário conhecimentos mínimos acerca dos sistemas biomecânicos envolvidos neste processo. Neste trabalho são apresentados e discutidosalguns dos sistemas mais usados na retração da unidade anterior nas diversas técnicas detratamento ortodôntico.

    Palavras Chave: Biomecânica, Retração, Alças, Fechamento de Espaços, Sistema deForças Ortodônticas, Unidade Alfa, Unidade Anterior, Centro de Resistência, Centro deRotação.

  • 8/16/2019 BIOMECÂNICA DOS SISTEMAS DE RETRAÇÃO ANTERIOR

    5/63

    ABSTRACT

    The orthodontic retraction systems have been used for centuries for the treatment ofmalocclusion. For this purpose it is necessary minimum knowledge about the biomechanical systems involved in this process. This paper presents and discusses some ofthe most widely used in the retraction of the previous unit in the various techniques oforthodontic treatment.

    Keywords: Biomechanics, Retraction, Springs, Space Closure, Orthodontic Forces System,Alfa Unit, Anterior Unit, Center of Resistance, Center of Rotation.

  • 8/16/2019 BIOMECÂNICA DOS SISTEMAS DE RETRAÇÃO ANTERIOR

    6/63

    SUMÁRIO

    INTRODUÇÃO....................................................................................................................7

    JUSTIFICATIVA.................................................................................................................9

    REVISÃO DE LITERATURA.........................................................................................10

    1. OBJETIVOS .................................................................................................................101.1. GERAIS.......................................................................................................................101.2. ESPECÍFICOS............................................................................................................10

    2. DEFINIÇÃO DE RETRAÇÃO....................................................................................10

    3. MOVIMENTAÇÕES DA UNIDADE ANTERIOR DURANTE A RETRAÇÃO...113.1. CENTRO DE RESISTÊNCIA ..................................................................................113.2. CENTRO DE ROTAÇAO.........................................................................................123.2.1. Forças sobre o centro de resistência........................................................................123.2.2. Forças sobre os bráquetes........................................................................................153.2.2.1. Relação momento/força..........................................................................................163.3. TIPOS DE ANCORAGEM........................................................................................193.4. TIPOS DE RETRAÇÕES..........................................................................................193.5. CONSTANTE "K" E DETERMINAÇÃO DAS FORÇAS DE RETRAÇÃO E

    INTRUSIVA................................................................................................................20

    4. DISPOSITIVOS MAIS USADOS PARA RETRAÇÃO ANTERIOR......................234.1. MAGNITUDE DAS FORÇAS...................................................................................23

    4.2. FRICCIONAIS............................................................................................................254.3. AFRICCIONAIS.........................................................................................................264.3.1. Relação carga/deflexão das alças de retração........................................................284.3.2. Tipos de alças de retração........................................................................................29

    5. RETRAÇÃO ANTERIOR NA TÉCNICA DE EDGEWISE.....................................37

    6. RETRAÇÃO ANTERIOR NA TÉCNICA DE BEGG...............................................37

    7. RETRAÇÃO ANTERIOR NA TÉCNICA DO ARCO SEGMENTADO.................38

  • 8/16/2019 BIOMECÂNICA DOS SISTEMAS DE RETRAÇÃO ANTERIOR

    7/63

    8. RETRAÇÃO ANTERIOR NA TÉCNICA DE RICKETS.........................................38

    9. RETRAÇÃO ANTERIOR NA TÉCNICA DO ARCO CONTÍNUO........................39

    DISCUSSÃO.......................................................................................................................41CONCLUSÃO....................................................................................................................52

    REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.............................................................................54

  • 8/16/2019 BIOMECÂNICA DOS SISTEMAS DE RETRAÇÃO ANTERIOR

    8/63

    INTRODUÇÃO

    Sabe-se que desde 1000 a.C. gregos e Etruscos já buscavam métodos para corrigir dentesapinhados, irregulares e protrusos. Porém, apenas por volta do ano 1850, apareceram as primeiras descrições sobre ortodontia como ciência. Em 1879 Kingsley desenvolveu atração occipital, introduzindo definitivamente a força extra bucal aplicada sobre o arcosuperior. Em 1880, surge o mais importante texto da área Norman Kingsley – "Oral

    Deformities" – Neste, o autor escreve sobre forças extra-orais para corrigir dentes protruídos. Nesta época, dentição intacta era raridade e os detalhes nas relações dentais

    eram considerados sem importância. Pouca atenção era dada à oclusão dentária e extraçõeseram muito comuns para se tratar desalinhamentos e apinhamentos. No final do SéculoXIX, a necessidade de reposição dentária com próteses, trouxe conceitos de oclusão quesão usados até os dias de hoje. Em 1890, Edward H. Angle publicou uma definição simplese clara da oclusão normal na dentição natural. O postulado de Angle baseava-se na relaçãoque os primeiros molares deveriam possuir e foram divididas em 4 classes (oclusãonormal, maloclusão de classe I, II e III). Já no séc. XX, a ortodontia busca além do

    alinhamento dos dentes apinhados, o tratamento da má oclusão com base na oclusãonormal descrita por Angle, considerado "Pai da Ortodontia Moderna". Angle e seusseguidores davam pouca importância às proporções e estética faciais e abandonaram asextrações dentárias e métodos extra-orais, por não acharem necessário para correções dasdiversas más oclusões. Na década de 30, viu-se que, para obter melhores resultados naestética facial e melhor estabilidade das relações oclusais, era necessário reintroduzir asextrações de dentes nos planejamentos ortodônticos. Após a II Guerra Mundial, por voltade 1945, com o desenvolvimento das cefalometrias, foi possível medir as mudanças produzidas pelo crescimento e pelo tratamento, contribuindo assim com várias

  • 8/16/2019 BIOMECÂNICA DOS SISTEMAS DE RETRAÇÃO ANTERIOR

    9/63

    8

    possibilidades de diagnóstico, controle do crescimento e comparações de antes e depois dotratamento. Com isto pode-se verificar com maior precisão os efeitos conseguidos pelosdiversos métodos de retração existentes. Introduziu-se desde então a Biomecânica na

    ortodontia (PROFFIT, 2002)

  • 8/16/2019 BIOMECÂNICA DOS SISTEMAS DE RETRAÇÃO ANTERIOR

    10/63

    9

    JUSTIFICATIVA

    A filosofia não extracionista defendida por Angle no final do sec. XIX teve seudeclínio a partir da filosofia defendida por um de seus mais brilhantes alunos: Charles HTweed no inicio do sec. XX. Na época, objetivava-se obter melhores resultados nascorreções com refinamentos das maloclusões dentarias. No caso de falta de espaço naarcada dentaria para corrigir uma determinada maloclusão, na maioria das vezes, opta-se pela exodontia de primeiros pré molares. Criou-se, então, a necessidade da retração dogrupo de dentes anteriores. As técnicas foram sendo aperfeiçoadas ao longo dos anos e

    cada vez mais eficientes. Alguns profissionais optam pela retração em "duas fases", em que primeiro retrai-se os caninos de ambos os lados da mesma arcada e depois os incisivos, ouoptam pela retração "em massa", ou seja, os caninos e incisivos são retraídos ao mesmotempo. Surgiram, então, novos conceitos e métodos de tração dentária para as unidadesativas. Hoje em dia, já podemos melhor entender os movimentos dentários e melhorcontrolá-los através dos conhecimentos de biomecânica, evitando, assim, a maioria dosmovimentos indesejados durante as retrações dentarias.

  • 8/16/2019 BIOMECÂNICA DOS SISTEMAS DE RETRAÇÃO ANTERIOR

    11/63

    10

    REVISÃO DE LITERATURA

    1. OBJETIVOS

    1.1. Objetivos Gerais

    Existem duas razões principais que justificam a solicitação de extração de dentes permanentes na ortodontia. Primeiramente, obter espaços para alinhar incisivos apinhadossem criar protrusão excessiva e por segundo, permitir a camuflagem das más relaçõesmaxilares de Classe I, II ou III, melhorando assim a estética dental, facial e a estabilidade

    das relações oclusais em longo tempo. (PROFFIT, 2002)Pacientes que possuem classe II dental ou esquelética são um grande desafio à

    ortodontia e podem necessitar de grandes magnitudes de retração anterior.

    1.2. Objetivos Específicos

    O objetivo do presente trabalho é apresentar alguns princípios biomecânicos que

    regem a movimentação dentária proporcionando o fechamento de espaços. Será posto emdiscussão os principais e mais usados tipos de retrações do segmento de dentes anteriores.Ênfase será dada aos sistemas de forças livres de atrito, bem como considerações sobre ocentro de resistência, o centro de rotação, a relação momento/força e a influencia da taxacarga/deflexão sobre a unidade anterior.

    2. Definição

    Segundo o dicionário Aurélio, retração é o ato ou efeito de retrair ou retrair-se;retraimento, contração, encolhimento. Na medicina é o encurtamento apresentado porcertos tecidos ou órgãos.

    Segundo o dicionário Priberan, retração é o ato ou efeito de retrair. Na medicinasignifica contração, encolhimento de uma parte de certos tecidos ou órgãos.

    Segundo dicionário Michaels, retração é o ato ou efeito de retrair ou puxar. Namedicina é o encurtamento de um órgão, de uma parte, de um tecido.

  • 8/16/2019 BIOMECÂNICA DOS SISTEMAS DE RETRAÇÃO ANTERIOR

    12/63

    11

    Na ortodontia utiliza-se o termo retração quando há o objetivo de modificar a posição de um órgão dental ou um grupo deles na direção do eixo horizontal no sentido deanterior para posterior.

    3. MOVIMENTAÇÕES DA UNIDADE ANTERIOR

    3.1. Centro de Resistência

    Burstone, Pryputniewicz (1980) encontraram o centro de resistência do incisivocentral superior entre o primeiro e o segundo terço radicular a partir da crista alveolar a

    trinta e um cem avos (31/100) de distância da crista ósseaSmith, Burstone (1984) verificaram que o centro de resistência do incisivo está

    entre o terço cervical e o terço médio radicular.

    Centro de resistência do incisivo. (Fonte: Nanda, 2007)

    Nos estudos de Bulke et al. (1987), o centro de resistência dos seis dentes anterioreslocaliza-se a mais ou menos 7 mm apicalmente do nível ósseo interproximal. Para o grupodos quatro dentes anteriores, esse centro de resistência vai para mais ou manos 5 mm a

    partir do nível ósseo.Tanne, Koening, Burstone (1988) mostram as medidas apresentadas em um incisivo

    saudável e marcam o centro de resistência para um ponto a vinte quatro cem avos (24/100)de distância da crista alveolar.

    Manhartsberger, Morton, Burstone (1989) mostram o centro de resistência para oincisivo está aproximadamente à 2/5 (dois quintos avos) de distância da crista alveolar emdireção ao ápice

    Cattaneo, Dalstra, Melsen (2008) registraram o centro de resistência do caninocomo sendo a 11 mm do bráquete

  • 8/16/2019 BIOMECÂNICA DOS SISTEMAS DE RETRAÇÃO ANTERIOR

    13/63

    12

    Centro de resistência do grupo dos 4 dentes incisivos e do grupo dos 6 dentes anteriores. (Fonte: Edgard,2005)

    3.2 Centro de Rotação

    3.2.1 Forças sobre o centro de resistência

    Marcotte (2005) mostra que se podem ter movimentações dentárias com a aplicaçãode forças diretamente sobre o centro de resistência de um dente ou de um grupo de dentescomo através de um cantilever. Quando a linha de ação da força resultante passar sobre ocentro de resistência do dente ou do grupo de dentes, haverá um movimento chamadotranslação ou movimento de corpo, como também é chamado. Neste caso, todos os pontos

    da superfície do dente se moverão com a mesma distância.

    Sistema de forças atuantes diretamente sobre o centro de resistência, gerando translação pura. (Fonte:Marcotte, 2003; Gjessing,1994)

    Burstone (2005) mostra como as forças simples sobre o centro de resistência dosdentes, podem gerar vários tipos de movimentações dentárias. O tipo de movimentodepende da distância ao centro de resistência do dente que a linha de ação da força passa.

  • 8/16/2019 BIOMECÂNICA DOS SISTEMAS DE RETRAÇÃO ANTERIOR

    14/63

    13

    Em A, movimento de inclinação descontrolada, em B movimento de inclinação controlada, em C, movimentode translação e em D movimento radicular. (Fonte: Burstone, 2005)

    Variando-se a altura do cantilever, observaram movimentações diferentes para osquatro incisivos e para os seis dentes anteriores durante a retração.

    (Fonte: Internet)

    Outro tipo de movimentação do dente é a rotação, que é produzida por um "bináriode forças". Neste tipo de movimento, para produzir uma rotação pura em torno do centrode resistência do dente, precisamos de duas forças simples. Estas forças deverão estar nomesmo plano (coplanares), não podem ser concorrentes entre si (não colineares), devem ter

  • 8/16/2019 BIOMECÂNICA DOS SISTEMAS DE RETRAÇÃO ANTERIOR

    15/63

    14

    direções opostas e devem possuir igual magnitude. (HOCEVAR, 1981; MARCOTTE,2003; KUHLBERG E NANDA, 2007)

    Smith, Burstone (1984) definiram o centro de resistência como sendo "o ponto por

    meio do qual uma força produzirá apenas movimento de translação". Os autores tambémmostram que, num objeto rígido, não importa onde o sistema de binário das forças estejasendo aplicado, o efeito será o mesmo: rotação em torno do centro de resistência.

    Rotação Pura (Fonte: Marcotte, 2003)

    Burstone, Baldwin, Lawless (1961) afirmam que, teoricamente, é possível produzirmos qualquer tipo de movimento dentário a partir de três forças simples, umaagindo diretamente sobre o dente e as outras duas formando um binário de forças. Ocontrole do movimento dental durante a retração é dado pela relação entre a quantidade demomento gerado no bráquete e da força simples de retração.

    Representação das forças agindo sobre o centro de resistência do dente com maior quantidade de translaçãodo que de rotação. (Fonte: Marcotte, 2005)

  • 8/16/2019 BIOMECÂNICA DOS SISTEMAS DE RETRAÇÃO ANTERIOR

    16/63

    15

    Representação das forças agindo sobre o centro de resistência do dente com maior quantidade de rotação doque de translação. (Fonte: Marcotte, 2005)

    3.2.2 Forças sobre o bráquete

    Segundo Marcotte (2005) podemos obter os mesmos movimentos sobre o centro deresistência, aplicando-se determinados sistemas forças sobre os bráquetes chamados de"sistema de forças equivalentes". Os centros de rotação se comportarão da mesma maneira,tanto se aplicarmos as forças através de cantilevers ou através de sistemas de forçasequivalentes.

    Sistema de forças no bráquete do dente, também chamado sistema de forças equivalentes. (Fonte: Gjessing,1994)

  • 8/16/2019 BIOMECÂNICA DOS SISTEMAS DE RETRAÇÃO ANTERIOR

    17/63

    16

    Sistema de forças equivalentes mostrando que uma força de 350g aplicada diretamente sobre o centro deresistência do dente tem a mesma característica do que uma força de 350g aplicada ao bráquete somada a um

    momento de 3430g/mm. (Fonte: Marcotte, 2005)

    3.2.2.1 Relação momento/força

    Estudando a influência do momento e da força sobre o movimento dentário,Burstone, Koenig (1976), Smith, Burstone (1984) e Melsen et al. (1990) concluíram que,quando apenas uma força era aplicada ao dente, este apresentava um movimento porinclinação descontrolada e o centro de rotação localizava-se levemente apical em relaçãoao centro de resistência.

    Burstone, Pryputniewicz (1980) mostram que em um incisivo como modelo, com ocentro de resistência a aproximadamente 10 mm do bráquete, com uma relação M/F de 7.1,o centro de rotação localizava-se no ápice radicular e o movimento era de inclinaçãocontrolada. Quando esta proporção era de 9.9, o movimento era de translação e, quando de11.4, o centro de rotação localizava-se na cúspide, determinando um movimento radicular.

    Smith, Burstone (1984) relatam que se tivéssemos como aplicar uma forçaexatamente neste ponto da raiz, teríamos uma movimentação de corpo deste dente nomesmo sentido da aplicação da força. Como isto é impossível de ser feito, visto ser um

  • 8/16/2019 BIOMECÂNICA DOS SISTEMAS DE RETRAÇÃO ANTERIOR

    18/63

    17

    ponto de aplicação de força intra-ósseo, utilizamos conceitos de transferência de forças.Somado a uma força simples de tracionamento, o momento gerado pela ação de um bináriono bráquete, desloca o centro de rotação para onde desejamos que o dente girasse. Desta

    forma teremos duas forças sendo aplicadas no bráquete do dente: uma é a força simples detração e a outra, um momento, que é gerado pelas forças de um binário aplicado às aletasdo bráquete. A esta relação entre o momento produzido nas aletas do bráquete e a força detracionamento, dá-se o nome de relação momento/força (M/F). Dependendo do sistema deforças aplicado ao bráquete, o centro de rotação do segmento anterior pode variar desde acoroa até o infinito. Segundo o autor, quando o centro de rotação está próximo ao bráquete,o dente terá um movimento radicular. Quando este centro de rotação está mais próximo ao

    centro de resistência, temos um movimento de inclinação descontrolada. Com o centro derotação estiver próximo ao ápice estará ocorrendo um movimento de inclinação controladae na movimentação por translação, o sistema de forças está com o centro de rotação noinfinito.

    Tanne, Koening, Burstone (1988) apresentam a relação M/F para as movimentaçõesdo incisivo. As medidas apresentadas um incisivo saudável e marcam o centro deresistência para um ponto a vinte quatro cem avos (24/100) de distância da crista alveolar.

    Para movimento de raiz, uma relação M/F de 9.53, para movimento de translação, 8.39 e para movimento de inclinação controlada, 6.52.

    Cattaneo, Dalstra, Melsen (2008) registraram o centro de resistência do caninocomo sendo a 11 mm do bráquete e uma relação M/F para todos os tipos de movimentosconhecidos. Os autores concluíram que a movimentação dentária pode variar entre osindivíduos e entre cada dente de uma mesma pessoa devido também à densidade óssea.Eles observaram que há um consenso na literatura de que se deve dar preferência a forças

    ortodônticas leves para evitar áreas de isquemia e necrose óssea.

  • 8/16/2019 BIOMECÂNICA DOS SISTEMAS DE RETRAÇÃO ANTERIOR

    19/63

    18

    Área escura mostra tensão e área clara mostra compressão em uma relaçao M/F de 11 com uma força deretração de 100g para este dente canino, indicando que está ocorrendo translação. (Fonte: Cattaneo, Dalastra,

    Melsen, 2008)

    Área escura mostra tensão e área clara mostra compressão em uma relaçao M/F de 0 e uma força de retraçãode 100g para este dente canino, indicando que está ocorrendo Inclinaçao descontrolada. (Fonte: Cattaneo,

    Dalastra, Melsen, 2008)

  • 8/16/2019 BIOMECÂNICA DOS SISTEMAS DE RETRAÇÃO ANTERIOR

    20/63

    19

    3.3 Tipos de ancoragem

    Burstone (1982) define como ancoragem do grupo "A" quando desejamos um

    fechamento do espaço da extração apenas por retração anterior, sem mesialização dosegmento posterior. Chamamos de ancoragem do grupo "B" quando desejamos que oespaço seja fechado metade por distalização anterior e metade por mesialização posterior.Já no grupo "C" deseja-se que todo o espaço se feche por mesialização do segmento dedentes posteriores.

    Tipos de ancoragem usados durante a retração anterior. (Fonte: Edgard, 2005)

    3.4 Tipos de retrações

    Burstone (1966) e Marcote (2003) relatam que os tipos de tracionamento daunidade ativa após exodontia dos pré-molares podem ser feitos de duas formas: retração"em massa" ou retração em "duas fases". Na primeira, realiza-se o tracionamento dosincisivos e caninos como se fossem uma única unidade multirradicular. No segundo tipo, érealizada a retração dos dois caninos, primeiramente, e, depois, dos quatro incisivos.

    Segundo os autores, esta última é mais indicada nos casos de apinhamentos anteriores, emque não conseguimos ter um alinhamento dos seis dentes anteriores para constituir umaunidade anterior multirradicular. Segundo os mesmos autores, a retração em uma fase,também chamada de retração "em massa", na qual o grupo dos seis dentes anteriores éretraído ao mesmo tempo, é indicada para qualquer um dos grupos de ancoragem: "A", "B"ou "C". Nas ancoragens do grupo "A", uma alternativa para se evitar grandes perdas deancoragem é o de retrair o grupo anterior por inclinação controlada e, depois, em um

    segundo estágio, corrigí-lo com movimento radicular.

  • 8/16/2019 BIOMECÂNICA DOS SISTEMAS DE RETRAÇÃO ANTERIOR

    21/63

    20

    (Fonte: Burstone,1982)

    (Fonte: Marcotte, 2003)

    Nas outras duas formas de ancoragem, "B" ou "C", devemos buscar movimento detranslação para toda a unidade anterior. Segundo os autores, apenas se realiza a retração

    dos caninos em separado nos casos de apinhamentos anteriores. Na primeira etapa destetipo de retração, os caninos são retraídos por movimento de inclinação controlada até seatingir a posição desejada, em seguida realiza-se a correção radicular.

    3.5 Constante "K" e determinação das forças de retração e intrusiva

    Como não podemos agir diretamente no centro de resistência, aplicamos forçasatravés dos bráquetes colados às coroas dos dentes. Considerando-se que estes bráquetesestão localizados abaixo do centro de resistência, inevitavelmente surgirão forças verticaisde extrusão que deverão ser controladas. Os dentes e seus tecidos de suporte comportam-secomo corpos livres em que o sistema de forças envolvido nestes corpos, tenderá aoequilíbrio estático segundo Marcotte (2003). Esta combinação entre forças simples e binários de forças agindo abaixo do centro de resistência vai gerar o sistema de forças deretração requerido para a unidade anterior.

    Podemos retrair o segmento dos seis dentes anteriores das mais variadas maneiras.Observando-se as forças através do centro de resistência, podemos manter a mesma

  • 8/16/2019 BIOMECÂNICA DOS SISTEMAS DE RETRAÇÃO ANTERIOR

    22/63

    21

    inclinação inicial, retraindo a unidade anterior por translação ou alterá-la, aplicando-secerta quantidade de rotação à unidade. Podemos determinar matematicamente o quanto deforça devemos aplicar ao segmento anterior para obtermos a inclinação final desejada. Para

    isto, basta relacionarmos a inclinação inicial e a desejada com as forças horizontais everticais com suas respectivas distâncias ao centro de resistência.

    A rotação desejada para o incisivo deve ser determinada a partir da constante "K",onde, K=1 para movimentos de translação, ou seja, ausência de rotação. Quando desejamosrotações, devemos determinar o quanto queremos rotar o segmento anterior. Paradeterminarmos os valores de "K", podemos seguir uma sugestão de Liu, Herschleb (1981)em que, para movimentos horários, teremos valores de "K" menores que 1 e para

    movimentos anti-horários, teremos valores de "K" maiores que 1. Ele estabeleceuvariações de 0.1 unidades para cada 10° de variação da inclinação dos dentes anteriores.Assim, para uma variação de até 10° horário entre a posição inicial e final dos dentes quedesejamos movimentar, o valor "K" será de 1.1, para inclinar em 20° no sentido horário,teremos um valor K=1.2, para 30° horário, K=1.3 e assim por diante. No caso denecessitarmos inclinações dos dentes anteriores no sentido horário, para 10°, K=0.9, para20°, K=0.8 e para girar os dentes em 30° anti horário, K=0.7.

    (Fonte: Liu, Herschleb, 1981)

  • 8/16/2019 BIOMECÂNICA DOS SISTEMAS DE RETRAÇÃO ANTERIOR

    23/63

    22

    Segundo Liu, Herschleb (1981) com estas medidas utilizamos a seguinte equação:

    K=Momento intrusivo/Momento retração

    onde:

    Momento intrusivo = força intrusiva x distância entre a linha de ação da força ao centro deresistência do segmento anteriorMomento retração = força de retração x distância entre a linha de ação da força e o centrode resistência do segmento anteriorFy = força intrusivaD1 = distância da linha de ação da força ao centro de resistência do segmento anteriorFx = força de retraçãoD2 = distância entre a linha de ação da força e o centro de resistência do segmento anterior

    K=Fy . D1/ Fx . D2

    (Fonte: Liu, Herschleb, 1981)

    Uma vez estabelecido o quanto devemos retrair a unidade anterior, devemosescolher o melhor dispositivo de retração para promover o movimento desejado. Dentre osdispositivos intrabucais de retração atualmente disponíveis e estudados, temos os

    magnéticos, os elásticos, as molas e as alças. Todos estes podem gerar forças de retração,

  • 8/16/2019 BIOMECÂNICA DOS SISTEMAS DE RETRAÇÃO ANTERIOR

    24/63

    23

    porém estas forças diferem umas das outras quanto à movimentação gerada sobre aunidade anterior.4. DISPOSITIVOS DE RETRAÇÃO ANTERIOR

    Burstone (1989) cita que "sistemas africcionais são superiores aos sistemasfriccionais durante os fechamentos de espaços".

    Forças ortodônticas usadas para o fechamento de espaços podem ser classificadascomo friccionais ou africcionais e podem ser geradas por diferentes dispositivos, dentre os principais estão os magnéticos segundo Daskalogiannakis, McLachlan (1996), os elásticossegundo Gioka et al (2006), as molas segundo Maganzini, Wong, Ahmed (2010) e as alças

    segundo Thiesen et al. (2001).

    4.1 Magnitude das Forças

    Schwarz (1932) conclui que a força ortodôntica não deve ser superior à pressão doscapilares sangüíneos. Isto equivale de 15 a 20g de força por cm de área radicular.

    Reitan (1957) observa em seu estudo que forças a partir de 70g já são capazes de

    provocar áreas de hialinização no lado de compressão do dente movimentado. Forças deinclinação têm maior tendência de causar hialinização do que movimentos de corpo.Stone (1960) observou que forças leves e contínuas são mais bem toleradas pelos tecidos.Para Sleichter (1971) o tratamento mais favorável é aquele que trabalha com forças não

    maiores que a pressão dos vasos capilares. A força considerada ótima para o dente seria de1,5 a 2g/mm . Sendo assim, para os caninos, seria de 150 a 200g, enquanto que forçasmenores que 300g não conseguiram movimentar um molar. Forças muito altas podem

    estrangular o ligamento periodontal e os tecidos. Além disso, quanto maior a magnitude deforça, maior a quantidade de momento necessário para se conseguir a proporção M/F parao tipo de movimento desejado. O autor ainda relata existir uma força ótima capaz de produzir máxima resposta biológica com máxima quantidade de movimento, que seria de 2a 2,5g/mm de área radicular. Sleichter ainda chama atenção ao fato de não haver umconsenso a respeito das forças, pois existem algumas dúvidas quanto à teoria de forçaótima, uma vez que forças três a quatro vezes acima deste valor podem movimentar umdente com sucesso.

  • 8/16/2019 BIOMECÂNICA DOS SISTEMAS DE RETRAÇÃO ANTERIOR

    25/63

    24

    Nikolai (1975) avaliou a influência das magnitudes de forças sobre os dentes e acapacidade dos aparelhos ortodônticos de produzir o movimento desejado. A partir dosresultados ele concluiu que para ocorrer movimento de inclinação são necessários 60g de

    força e para translação era necessário 210g de força.Burstone (1982) adverte que altas magnitudes de força são responsáveis pela perda de

    ancoragem, reabsorções radiculares e sintomatologia dolorosa. Nanda (2007) mostra queforças intrusivas de 10g podem causar reabsorção no ápice dentário de um pré molar.

    Em A, uma raiz normal; em B, uma raiz com reabsorção que foi submetida previamente a uma força intrusiva

    de 10g por duas semanas e em C, uma raiz com severa reabsorção que foi previamente submetida a umaforça intrusiva de 50g por duas semanas. (Fonte: Nanda 2007).

    Mendes et al. (1992) concluíram que parece existir discrepância entre a magnitudeda força produzida por determinadas alças de retração e os valores da força ótima. Segundoos autores, os valores de força ótima recomendados para a retração dos dentes anterioresvariavam de 196g a 338g para os incisivos superiores, de 170g a 296g para os incisivosinferiores, de 326g a 595g para os incisivos e caninos superiores e de 294g a 512g para osincisivos e caninos inferiores.

    Siatkowski (2001) mostra que, em uma pressão sangüínea de 120mmHg, oligamento periodontal suporta o máximo de pressão de 1.56g/mm2 . Além desta pressão,ocorre hialinização do ligamento periodontal.

    No entanto, a magnitude ideal para retração dos dentes caninos, apesar de muitoestudada pelos autores, não é unanimidade na literatura. (HIXON et al., 1969;SLEICHTER, 1971; BOESTER, JOHNSTON, 1974; GJESSING, 1994; MENDES et al.,1992; SHIMIZU, 1995)

  • 8/16/2019 BIOMECÂNICA DOS SISTEMAS DE RETRAÇÃO ANTERIOR

    26/63

    25

    4.2 Forças friccionais

    Segundo Proffit apud Bertl (1986) os elásticos produzem forças simples de tração,contudo o maior problema com os materiais borrachoides é que, em contato com o meio bucal, a borracha ou o látex se deterioram e suas forças decaem rapidamente já a partir das primeiras 12 horas.

    (Fonte: Internet)

    Proffit (1986) cita que "Magnetos podem gerar força necessária para movimentardentes e teriam a vantagem de proporcionar níveis de força previsíveis e sem contato diretoou fricção".

    Bednar, Gruendeman, Sandrik (1991) salientam que mecânicas por deslizenecessitam um fio guia para evitar movimentos indesejados durante a retração, gerandoatrito entre o bráquete e o fio.

    Daskalogiannakis, McLachlan (1996) afirmam que, usando-se dois magnetos, podemos gerar forças simples de tração ou forças repulsão entre os pólos magnéticos, comuma direção e um sentido. A intensidade inicial é baixa, porém aumenta à medida que asextremidades desses pólos se aproximam. Eles ainda concluem que, por não serem forçasconstantes, não são biologicamente ideais à movimentação dentária. Porém, quando se usatrês magnetos, forma-se um campo com intensidade de força quase constante, assim, mais biocompatíveis do que quando usamos apenas dois magnetos.

  • 8/16/2019 BIOMECÂNICA DOS SISTEMAS DE RETRAÇÃO ANTERIOR

    27/63

    26

    Retração sendo feita com três magnetos. (Fonte: Daskalogiannakis e McLachlan 1996)

    Maganzini, Wong, Ahmed (2010) relatam que molas produzem forças simples detração ou repulsão. São, na maioria, compostas por liga de aço ou de Níquel-Titâneo(NiTi). Possuem forças mais constantes do que os magnetos e os elásticos. Porém,conforme preconizam algumas marcas comerciais, não possuem uma real constância naintensidade das forças durante a desativação

    (Fonte: Internet)

    4.3 Forças Africcionais

    Burstone, Baldwin, Lawless (1961) relatam que, uma vez ativadas, as alçasexercem força de compressão ou tensão sobre um ou mais dentes e esses a transmitem parao periodonto, produzindo a movimentação dentária. Um complexo sistema de forças torna-se presente quando se insere as alças nas canaletas dos bráquetes. Esse sistema de forças éconstituído por componentes verticais, horizontais e binários de força. Ao se fixar uma alça

  • 8/16/2019 BIOMECÂNICA DOS SISTEMAS DE RETRAÇÃO ANTERIOR

    28/63

    27

    ativada pelas suas extremidades, uma deformação inicial é aplicada sobre ela. Devido às propriedades elásticas do metal, a alça tenderá a retornar para a sua posição original, provocando, assim, forças e momentos sobre os bráquetes. A forma da alça, a secção

    transversal do fio utilizado, a liga metálica, bem como o uso de forças auxiliares, como ade elásticos intermaxilares, também interferem na intensidade e direção das forçasempregadas pelas alças. Os autores ainda relatam que as alças são os dispositivos deescolha para as retrações dentárias, pois apresentam a capacidade de aplicar forças leves econstantes, possuindo, assim, menor proporção carga/deflexão, uma vez que há pequenavariação na magnitude de força para cada milímetro de desativação.

    Weinstein (1967) definiu as alças como tendo uma força de pequena magnitude

    produzida por uma ativação relativamente grande. Quando ativada, ela é capaz dearmazenar energia e dissipá-la em pequenas quantidades enquanto o dente se movimenta.

    Segundo Boester, Johnston (1974) a utilização de força leve é mais biológica emenos dolorosa para o paciente.

    Bednar, Gruendeman, Sandrik (1991) citam que forças de retração dentária sem ouso do atrito, ou africcionais, necessitam de menores magnitudes de força se comparadasàs mecânicas com atrito.

    Isacson, Lindauer e Davidovitch, (1993) relatam que, dependendo da configuraçãofornecida ao fio, as alças podem produzir forças simples ou pares de forças do tipo binário.

    As alças podem mudar sua força devido ao tamanho do fio, comprimento da pernada alça, configuração e distância interbráquete. (RICKETS, 2000 apud BOOTH, 1971)

  • 8/16/2019 BIOMECÂNICA DOS SISTEMAS DE RETRAÇÃO ANTERIOR

    29/63

    28

    Uma alça vertical pode ter sua força reduzida ou aumentada de acordo com alterações notamanho do fio, variação na altura, configuração e distância interbráquete. (Fonte:

    RICKETS, 2000 apud BOOTH, 1971)4.3.1 Relação carga/deflexão das alças de retração

    A constância de uma força gerada por determinada alça depende basicamente da proporção carga/deflexão (C/D), que deve ser a mais baixa possível. (BURSTONE et al.,

    1961; BURSTONE, 1966; BURSTONE, KOENIG, 1976; NANDA, DIAZ, 1981;BURSTONE, 1982; GJESSING, 1992; SHIMIZU et al., 2002)

    Chaconas et al. (1974) e Shimizu et al. (2002) afirmaram que a secção transversal, aconfiguração da alça, o tipo da liga e as pré-ativações têm efeitos determinantes na proporção C/D das alças.

    Burstone, Koenig (1976), Nanda, Diaz (1981) e Burstone (1982) relatam que hámuitos estudos com a intenção de modificar as características mecânicas das alças para que

    alcancem proporções C/D mais baixas. Uma maneira eficiente é incorporar maiorquantidade de fio na porção apical na forma de helicóides. Em vista disso, quando usamos

  • 8/16/2019 BIOMECÂNICA DOS SISTEMAS DE RETRAÇÃO ANTERIOR

    30/63

    29

    alças, temos um melhor o controle das forças biomecânicas de tracionamento na unidadeativa em 1a, 2a e 3a ordens.

    Burstone (1982) relata que alças com baixa proporção C/D e grande quantidade de

    ativação necessitarão de poucas reativações para o fechamento de espaço. Afirmou aindaque elevada proporção C/D, como apresentada nas alças verticais, geram elevadasmagnitudes de força durante sua ativação. O mesmo não ocorre com a alça "T",confeccionada em liga de Beta-Titânio (TMA), que produz baixa proporção C/D e possibilita grande quantidade de ativação (aproximadamente 6 mm).

    4.3.2 Tipos de alças de retração

    Há na literatura os mais variados tipos de alças empregadas nas movimentações deretração dos dentes anteriores. Elas podem ser adquiridas já prontas para o uso ou produzidas industrialmente nas mais diversas formas, espessuras de fios e tipos de ligametálica.

    Cecilio et al. (2006) apresenta alguns tipos de alças de retração industrializadasdisponíveis no mercado.

    Alça tipo Chave, marcas A-Company e Ortho Organizers;Alça Dupla Chave, marcas Ortho Organizers, GAC e A-Company;

    Alça T, marcas Ortho Organizers e Ormco;

    Verátil, marca GAC;

    Alça Gota, marca Ormco;

    Alça Cogumelo, marca Ortho Organizers;

    Alça T, marca Oscar Inc, Fischers Ind.

  • 8/16/2019 BIOMECÂNICA DOS SISTEMAS DE RETRAÇÃO ANTERIOR

    31/63

    30

    Tipos de alças industrializadas. (Fonte: Cecílio et al., 2006)

    As alças também podem ser confeccionadas pelo ortodontista, como apresentam os

    autores a seguir:

    Burstone (1966): mola de retração de canino, mola de correção radicular de caninose mecanismo de retração anterior.

    (Fonte: Burstone, 1966)

  • 8/16/2019 BIOMECÂNICA DOS SISTEMAS DE RETRAÇÃO ANTERIOR

    32/63

    31

    Burstone (1982), Manhartsberger, Morton, Bursone (1989), Edgar (2005), Viecilli(2006) e Martins et al. (2008): Alça T

    (Fonte: Internet)

    Burstone (1982): Alça Vertical

    (Fonte: Nanda, 2007; Faulkner, 1991)

    Neto, Mucha, Chevitarese (1985): Lágrima

    Medidas da alça Lágrima: a, altura da alça com 6 mm; b,largura com 3mm; c, ativação da alça.(Fonte: Neto,

    Mucha, Chevitarese, 1985)

  • 8/16/2019 BIOMECÂNICA DOS SISTEMAS DE RETRAÇÃO ANTERIOR

    33/63

    32

    Chaconas, Caupto, Miyashita (1989): "duplo delta, "arco de retracao" e "arcoutilidade de retraçao"

    (Fonte: Chaconas, Caupto, Miyashita, 1989)

    Gjessing (1992) e (1994): "Universal Retractor Spring"

    (Fonte: Gjessing, 1994)

  • 8/16/2019 BIOMECÂNICA DOS SISTEMAS DE RETRAÇÃO ANTERIOR

    34/63

    33

    Thiesen et al. (2001): Alça Gota, Gota com helicóide, Bull, Reversa Simples,Reversa com Helicóide, Vertical com helicóide, T e T com helicóides.

    (Fonte: Thiesen et al., 2001)

    Siatkowski (2001): Opus Loop

    (Fonte: Siatkowski, 2001)

    Shimizu et al. (2002): Bull

    (Fonte: Shimizu et al., 2002)

  • 8/16/2019 BIOMECÂNICA DOS SISTEMAS DE RETRAÇÃO ANTERIOR

    35/63

    34

    Almeida et al. (2006): Arco de retraçao Mushroom Loop

    (Fonte: Almeida et al., 2006)

    Burstone (1966) apresenta um sistema de retração anterior chamado de "mola deretração de canino". A alça é confeccionada em fio de aço de 0.010"' x 0.020" e unida ao

    segmento de estabilização posterior, a um fio com diâmetro de 0.021" x 0.025". Paraancoragem do grupo "A" ela produzirá um movimento inicial de inclinação controlada eem seguida um movimento de correção radicular. Caso a ancoragem não seja critica, ouseja, grupos "B" e "C", ela pode proporcionar movimento de translação. A quantidade deforça dissipada e de 25g por milímetro de desativação e depois de três mm deve serreativada. Na maioria dos pacientes a inclinação é finalizada em seis semanas, em adultosdemora 16 semanas. Em média, o autor observou um fechamento total do espaço daextração de um pré molar em 20 semanas. Burstone apresenta, ainda, a alça "mola decorreção radicular do canino". A alça é confeccionada em aço com secção de 0.018"x0.025". Ela utiliza dois helicóides, o mesial com duas voltas e meia, o distal, próximo aomolar, com uma volta e meia. Isto para oferecer mais fio à alça, reduzindo a taxa decarga/deflexão à! da força sem os helicóides. Ainda em 1966, Burstone apresenta o"mecanismo de retração anterior" que consiste de um segmento anterior rígido, duas alçasde retração laterais com seis mm ou oito mm de altura. Esta altura dependerá da profundidade do fundo de sulco disponível no paciente. O segmento posterior éconfeccionado com fio 0.021"x 0.025" e as alças de retração com o fio de 0.010" x 0.020",ambos em aço. No caso de retração dos quatro incisivos, a alça oferece 200g se ativadadistalmente por 12 mm. Para os inferiores deve-se ativar apenas seis mm, oferecendo-seapenas 100g ao sistema. Ela é ativada em cada perna com 45° no lado oclusal mais 45° nolado gengival do helicóide, totalizando 180° de ativação total. Com relação ao movimento,a alça promove apenas inclinação controlada. Para depois de corrigir as raízes, usa-se a"mola de correção radicular do canino" ou mola de correção radicular. Caso seja necessária

    correção por translação, devemos alterar a secção do fio da mola para 0.015"x 0.028", com

  • 8/16/2019 BIOMECÂNICA DOS SISTEMAS DE RETRAÇÃO ANTERIOR

    36/63

    35

    uma altura de mola de oito mm, com 14 mm de ativação. Estes mecanismos além deretracão também podem promover correção da linha media. O autor ainda define que asvantagens de utilizar um sistema de forças determinado são: controle da direção das forças

    ativa e reativa, conhecer exatamente a magnitude e direção das forças envolvidas,determinar as forças resultantes do sistema, ótima resposta biológica, controle da relaçãomomento/força, não haver forças friccionais envolvidas, constância das forças aplicadas e,ainda, reduzir o tempo das visitas do paciente para a manutenção do aparelho. Burstoneainda cita que "A técnica do Arco Segmentado é designada para empregar forças ótimas econstantes aos tecidos e com total controle sobre as unidades ativa e reativa."

    Burstone, Koening (1976) relatam que o desenho da alça influencia não só a relação

    M/F, mas também a relação C/D. Aumentando-se da quantidade de fio, acrescentandohelicóides à alça, é reduzida a taxa C/D, sem afetar significativamente a relação M/F. Um aalça vertical com helicóides terá uma menor taxa de C/D que uma alça vertical sem oshelicóides.

    Burstone (1982) avaliou alças em titânio-molibdênio (TMA) do tipo alça "T" comsecção transversal de 0.017" x 0.025". Essas alças com fios 0,018 - 0,017" x 0,025" foramcapazes de produzir momentos de força necessários para os movimentos desejados de

    inclinação controlada e posterior movimento radicular da unidade anterior. Burstonetambém salienta que devemos deixar a alça desativar três milímetros, para só então promover nova ativação. A alça "T" também permite a retração isolada de caninos, desdeque se incorporando ativações anti-rotação. O autor também adverte que a alça vertical não possui indicação para mecânica de retração anterior, pois, ela atinge apenas 4:1 de relaçãoM/F e possui taxa C/D de aproximadamente 1000g/mm,

    Manhartsberger, Morton, Burstone (1989) concluíram que uma das maiores

    vantagens das alças "T" é possuírem maiores proporções M/F e menores taxas C/D do queas alças verticais. Eles ainda observaram que quando maior se estende a porção horizontalda alça, maiores são relações M/F e menores são taxas C/D.

    Viecilli (2006) analisa as variações da angulação da unidade anterior durante omovimento de inclinação controlada em casos de retração em massa. Essas variações podem chegar a 22° para uma inclinação de sete milímetros na unidade anterior. Nesteexperimento, o autor aumentou o comprimento da porção horizontal da alça "T" de 10 mm para 16 mm. Observou um aumento da relação M/F na unidade anterior e uma diminuiçãoda relação M/F na unidade posterior. Observou também que a força intrusiva na unidade

  • 8/16/2019 BIOMECÂNICA DOS SISTEMAS DE RETRAÇÃO ANTERIOR

    37/63

    36

    alfa, sem as correções de geometrias aumentou de 33.9g para 120,1g, com as correções degeometrias, diminuiu de 33.9g para 15.7g. Com isso, sem a correção das geometrias,observa-se um aumento da força intrusiva à medida que o sistema evolui. Com a correção

    das geometrias, observa-se uma diminuição da força intrusiva durante e retração.Martins et al. (2008) estudam ativação em "V" ou em curvatura na base da alça "T"

    de retração e concluem que há pequena vantagem para a ativação em curvatura, pois possuirelaçao M/F maior em 2.5 mm, taxa C/D menor em 6.4g/mm e força horizontal mais leveem 38.9g na média, durante a desativação.

    Neto, Mucha, Chevitarese (1985) estudaram a força de tração da mola em forma deLágrima, ou Gota, e encontraram uma taxa de C/D igual a 800g/mm.

    Chaconas, Caupto, Miyashita (1989) concluíram que as alças "duplo delta" e o"arco de retracao" retraíram os dentes por inclinação, sem o controle de torque anteriornecessário para translação. Segundo os autores, o único sistema de retração que oferece umrelativo controle de torque anterior é o "arco utilidade de retraçao".

    Gjessing (1985) preconizou a alça“PG” para retração de caninos, construída comfio de aço inoxidável 0.016” x 0.022”. A taxa C/D é de 62,5g/mm. A relação M/F paradesativação de 1.6 mm variou de 4:1 até 10:1 na unidade beta e na unidade alfa variou de

    5:1 até 7:1. Segundo o autor, o sistema de forças gerado pela alça “PG” para a retração docanino possibilita, inicialmente, um movimento de inclinação controlada, seguido por ummovimento de translação e, finalmente, por um movimento radicular. A curvatura nosegmento posterior da alça é responsável pelo momento gerado nos dentes posteriores e pela ancoragem. A extrusão é neutralizada pelas forças dos movimentos mastigatórios. Aforça intrusiva gerada por esta curvatura neutraliza a tendência de extrusão do caninodurante a retração.

    Thiesen et al. (2001) avaliaram as alças construídas com fio 0.019" x 0.025" nosformatos de Gota, Gota com helicóide, Bull, Reversa Simples, Reversa com Helicóide,Vertical com helicóide, T e T com helicóides. Foi usada uma máquina de ensaiosmecânicos de tração. Não foram avaliados os momentos. Os autores concluíram que aúnica alça que apresentava uma quantidade de força indicada à retração dos incisivos é aalça "T" com helicóides quando ativada em 1 mm.

    Siatkowski (2001) realizou um criterioso estudo sobre arcos contínuos com alçaschamadas Opus loop, construídos com liga de titânio-molibdênio (TMA) de secçãotransversal de 0.017” , 0.019" e 0.021"x 0,025” e em aço inox 0,016” x 0,022” e 0,018” x

  • 8/16/2019 BIOMECÂNICA DOS SISTEMAS DE RETRAÇÃO ANTERIOR

    38/63

    37

    0,025”. O autor estabelece parâmetros de ativação definidos de acordo com a ancoragemnecessária, a liga utilizada, bem como a sua espessura. A alça apresenta como vantagem oconforto para o paciente, pouca necessidade de reativações, inclinação controlada dos

    incisivos.Shimizu et al. (2002) relataram que a alça Bull modificada e a maioria das alças

    verticais apresentam a taxa C/D acima do ideal, além de não atingir a proporção M/Fnecessária para o movimento de translação, apresentando apenas inclinação descontrolada.

    5. RETRAÇAO NA TÉCNICA DE EDGEWISE

    Rauch (1959) explica que o torque é provavelmente uma das mais importantes e potentes forças da técnica de edgewise.

    Kesling (1992) observou que as técnicas convencionais de edgewise usam níveismais altos de força, aproximadamente de 6 a 16 onças por quadrante, para mover os dentes por causa da restrição produzida pela força de atrito gerada nos encaixes dos bráquetes.Uma movimentação dentária sem atrito requer apenas 1,5 a 2 onças de força paradesencadear o processo biológico de movimento do dente. O resultado é uma menor

    ancoragem posterior necessária para se processar o mesmo movimento.Shimizu (2002) conclui que as alças Bull possuem altas taxas carga/deflexão,

    levando o sistema a altas magnitudes de forças durante a retração anterior. Observou quetambém geraram baixas relações momento/força, não passando de 3.3, o que vaideterminar movimentos por inclinação descontrolada, bem como conseqüente perda deancoragem durante a retração.

    6. RETRAÇÃO NA TECNICA DE BEGG

    Segundo Thompson (1981), na tradicional técnica de Begg, se utiliza fios de secçãoredonda, dobras de ancoragem, elásticos de classe II, além de bráquetes especiais,chamados "pino e tubo". Estes bráquetes proporcionam apenas um ponto de contato devidoà pequena dimensão e possuem menos atrito do que os bráquetes com haletas duplas,usados na maioria das técnicas. As grandes movimentações feitas por essa técnica nosestágios iniciais do tratamento são bastante rápidas porque são feitas por inclinação. A

  • 8/16/2019 BIOMECÂNICA DOS SISTEMAS DE RETRAÇÃO ANTERIOR

    39/63

    38

    grande dificuldade da técnica está nos seus estágios finais quando necessitamos de pequenas movimentações com controle em, 1a, 2a e 3a ordens.

    Liu, Herschleb (1981) apresenta um estudo sobre o controle dos movimentos de

    retração e intrusão dos dentes anteriores. O autor mostra, matematicamente, o sistema deforças no centro de resistência. Assim, é possível descobrir a força necessária para seraplicada na unidade anterior a fim de obter intrusão e retração desejadas. Porém, os autoresconcluiram que faltam formas de se obter um efetivo controle dos movimentos e daancoragem para atingirmos os objetivos matemáticos apresentados para a unidade anterior.

    7. RETRAÇÃO NA TÉCNICA DO ARCO SEGMENTADO

    Burstone (1982) descreve seis principais objetivos para obtermos um bom métodode fechamento de espaços, utilizando sistemas de forças determinados para retração dosdentes anteriores, como as alças "T".

    Braum, Marcote (1995) em seus estudos sobre os métodos de controle do sistemade forças, mostram as vantagens de se ter um sistema de forças determinado. A mecânicasegmentada possibilita um aumento na distância entre as unidades, o que diminui a taxa

    carga/deflexão, diminui as trocas de direção da movimentação dentária e mantém aativação por longo período, diminuindo, ainda, as visitas do paciente ao consultório.

    Choy et al. (2002) apresenta sistema estatisticamente determinado de retração anteriorutilizando cantilevers.

    8. RETRAÇÃO NA TECNICA DE RICKETTS

    Miksic (2003) apresenta uma revisão sobre a técnica Bioprogressiva de Rickets,que foi desenvolvida a partir dos princípios da técnica de Edgewise. É assim chamada porque inclui progressivamente grupos de dentes no arco de tratamento, primeiramente osincisivos e os molares, seguidos dos caninos e dos pré molares. Rickets utiliza-se de arcoscom alças como a "duplo delta", o "arco de retração" e o "arco utilidade de retração", esteúltimo é usado para, também, abrir a mordida antes de se iniciar a retração dos dentesanteriores. Associa-se o arco utilidade à tração extra bucal nos molares superiores para pacientes em fase de crescimento

  • 8/16/2019 BIOMECÂNICA DOS SISTEMAS DE RETRAÇÃO ANTERIOR

    40/63

    39

    9. RETRAÇÃO NA TECNICA DO ARCO CONTÍNUO

    Com o advento do aparelho programado, ou aparelhos pré-ajustados, evidenciou-se

    a facilidade de realização de uma retração anterior por meio de uma mecânica dedeslizamento. Entretanto, este tipo de mecânica acarreta grande solicitação de ancoragem posterior para vencer as forças de atrito. Basicamente utilizam-se forças friccionais comelásticos ou molas. Alguns profissionais que utilizam o Straight Wire também fazem usode mecânicas africcionais para fechamento de espaços das extrações com o uso de alças deBull ou alças de dupla chave. As forças utilizadas nestas alças geralmente são pesadasdemais, pois as alças são feitas em aço. O início destas forças é muito alto, decrescendo em

    poucos dias, o que não condiz com os princípios de uma movimentação dentária eficiente.Burstone (1976) cita a mecânica de deslize na retração individual do canino até

    encostar ao pré-molar, porém não a indica rotineiramente, pois pode ocorrer oaprofundamento da mordida anterior, juntamente com a perda de ancoragem posterior.Também a retração individual do canino por deslize irá prolongar o tempo da retraçãorelegando-o a dois estágios e ainda gerar espaços antiestéticos na região ântero-superior,que desagradam a alguns pacientes, não sendo, portanto, sua utilização encorajada pelos

    seguidores da técnica do arco continuo.Kazuo et al. (2004) constataram que houve um melhor controle rotacional do

    canino durante sua retração na mecânica de deslize com mola de NiTi em comparação coma mecânica de retraçao com alça maxilar de retração canina de Ricketts. Tambémconstataram que houve maior magnitude de retração do canino com a alça que com a mola, porém esta diferença ficou em apenas 8,35%, ou seja, uma movimentação distal canina de3,62mm com a mecânica de deslize contra 3,95mm de movimentação distal com a

    mecânica com alça.Segundo Interlandi (2006), em entrevista publicada, "normalmente, faço a retraçãoanterior (caninos e incisivos) com os arcos de dupla chave, embora eventualmente possaretrair os caninos, num primeiro momento, por deslizamento. Jason (2009) avaliou forças leves (50g) e pesadas (300g) para retração de caninos pordeslize. Observou que a força retração por deslize dependerá da ancoragem que se pretende. Para casos de ancoragem mínima ou media deve-se usar forças mais pesadas e para ancoragem máxima, forças mais leves. Ao mesmo tempo em que forças mais pesadas podem fechar o espaço da extração mais rapidamente, também podem causar mais efeitos

  • 8/16/2019 BIOMECÂNICA DOS SISTEMAS DE RETRAÇÃO ANTERIOR

    41/63

    40

    colaterais como maior quantidade de perda de ancoragem e maiores reabsorçõesradiculares.

  • 8/16/2019 BIOMECÂNICA DOS SISTEMAS DE RETRAÇÃO ANTERIOR

    42/63

  • 8/16/2019 BIOMECÂNICA DOS SISTEMAS DE RETRAÇÃO ANTERIOR

    43/63

    42

    Hocevar (1981) e Marcotte (2005) mostra como podemos ter movimentação decorpo apenas variando a direção de uma força simples através do centro de resistência. Omovimento de corpo ocorre quando a linha de ação da força passa no centro de resistência.

    Podem-se movimentar os dentes apenas variando a direção da força para produzirmovimento de translação distal ou mesial, com intrusão ou extrusão. Quando não passarmos com a força resultante sobre o centro de resistência, teremos a rotação somada àtranslação. A quantidade de rotação aplicada vai depender da distância que esta força passaem relação ao centro de resistência do dente ou de um grupo de dentes. Quanto maior adistância, maior será a quantidade de rotação durante o deslocamento do dente.

    Forças sobre os bráquetesEm muitos momentos, não poderemos agir diretamente sobre o centro de

    resistência dos dentes. Smith, Burstone (1984), Marcotte (2005), Nanda (2007), mostramque podemos atingir as forças desejadas no centro de resistência dos dentes, agindo nos bráquetes, representamos estas forças com um sistema de forças equivalentes. A forçasimples de retração e o binário de força aplicado sobre os bráquetes é que vão determinar aquantidade de momento necessário para gerar o movimento desejado. De acordo com a

    quantidade de retração desejada na unidade anterior e a quantidade permitida de protraçãoda unidade posterior, produziremos mais ou menos momento entre elas. Movimentações por inclinação controlada, inclinação descontrolada, translação ou movimento radicular,são possíveis a partir do sistema de forças imposto aos dentes. Em cada movimentaçãodentária teremos um sistema de forças específico de acordo com as forças envolvidas, oque vai gerar uma das movimentações citadas. Pode-se obter uma movimentação dessas aolongo da retração dentária se mantivermos as forças constantes ao longo de todo o

    deslocamento dentário. Há um consenso entre os autores estudados que o uso de elásticos,molas, magnetos e alças, não mantêm as forças constantes para gerar apenas um tipoespecífico de movimentação. Então ocorre uma combinação de mais de uma dessasmovimentações ao longo do deslocamento dentário.

    Quando aplicamos binários de forças a um dente, ele sofrerá movimento de rotaçãoem torno do seu centro de resistência. Uma relação entre o a força simples de retraçãoaplicada aos dentes e o binário aplicado ao bráquete, vai determinar a "relaçãomomento/força".

  • 8/16/2019 BIOMECÂNICA DOS SISTEMAS DE RETRAÇÃO ANTERIOR

    44/63

    43

    A partir de vários estudos podemos verificar que as relações M/F variam de acordocom o dente ou grupo de dentes a serem movimentados, bem como para cada tipo de pessoa. Burstone (1966) e (1984), Burstone, Pryputniewicz (1980), Tanne, Koening,

    Burstone (1988), Marcotte (2003) e Nanda(2007) verificaram que, para ocorrer inclinaçãodescontrolada, a relação M/F deve ficar abaixo de 6:1, inclinação controlada, a relação M/Fdeve ser de aproximadamente 7:1, para movimento de corpo a relação M/F fica em tornode 10:1 e para movimento radicular, em torno de 12:1. Para atingir tais forças, o sistema deretração deve apresentar uma alta proporção M/F e uma baixa proporção C/D a fim demanter os níveis de força relativamente constantes durante o fechamento dos espaços.

    Tipos de retraçãoSegundo Burstone (1966) e (1982), Braum (1997) e Marcotte (2003), caninos sendo

    tracionados antes dos incisivos não preservam a ancoragem posterior, ainda geram espaçosantiestéticos na região anterior que geralmente não são bem aceitos pelos pacientes. Alémdo mais, a retração demora mais tempo para ser finalizada. Apenas quando se temapinhamentos anteriores que impossibilitam a formação de um alinhamento da unidadeanterior para que esta seja retraída se indica o tracionamento dos caninos antes dos

    incisivos.A maior vantagem do sistema de retração com momentos diferenciais entre a

    unidade anterior e posterior está no controle da relação momento/força durante a retração.Desta forma o fechamento de espaços ocorre por movimentos diferentes entre a unidadeanterior e posterior. Podemos obter inclinação controlada em uma das unidades enquantona outra está ocorrendo movimento radicular. Enquanto um movimento é mais rápido paraocorrer (inclinação) o outro e mais demorado (radicular), assim, a unidade que sofre

    inclinação migrará mais do que a que sofre movimento radicular.

    DISPOSITIVOS MAIS USADOS PARA RETRAÇÃO ANTERIOR

    Magnitude das forçasSegundo os estudos de Siatkowski (2001) um indivíduo com pressão sangüínea sistólica

    de 120mmHg pode suportar uma força máxima de estresse no ligamento periodontal de1.56g/mm2. Segundo o autor, acima desta força teremos hialinização do ligamento periodontal.

  • 8/16/2019 BIOMECÂNICA DOS SISTEMAS DE RETRAÇÃO ANTERIOR

    45/63

    44

    Segundo estudos de Wheeler (1965), um incisivo central superior possui árearadicular total de 121.33mm2. O incisivo lateral possui área radicular de 86.67mm2. OCanino possui área radicular de 136.00mm2. Assim, os seis dentes anteriores possuem uma

    área radicular total de 688mm2. Considerando-se que, para um movimento de corpo detoda a unidade anterior, apenas metade desta área sofrerá compressão. A outra metade daárea radicular estará sofrendo tensão, portanto não causará diminuição no aporte sangüíneo para o ligamento periodontal. Com uma área radicular total de 688mm2, a área aproximadade compressão no ligamento periodontal será de 344mm2. Multiplicando-se pela forçamáxima de estresse no ligamento periodontal, teremos uma força máxima para retração dosseis dentes anteriores de 536.64g na linha média, ou de 268.32g em cada lado de retração.

    No caso dos quatro dentes anteriores, teremos uma força máxima de compressão tolerada pelo ligamento periodontal de 324.48g na linha média, ou de 162.24g em cada lado deretração.

    FriccionaisAs forças produzidas por magnetos, elásticos ou molas, quando aplicadas

    diretamente sobre os bráquetes e por se tratarem de forças simples, não permitem um

    controle em 1a

    , 2a

    ou 3a

    ordem durante a retração dentária.Como foi visto por Reitan (1957) devem-se aplicar forças leves para iniciar a retração

    dentaria para que haja tempo suficiente à organização celular. Enquanto este tempo inicialé de aproximadamente dois dias nos jovens, em adultos devemos esperar ao menos oitodias para que ocorra o mesmo processo. Isto evita a formação de grandes áreas dehialinização óssea.

    Taylor (1996) estudou o atrito estático e dinâmico. No atrito estático, notou que

    uma maior força é necessária para iniciar o movimento de retração. Forças menores sãonecessárias após o inicio da movimentação, talvez pelo estresse biológico já iniciado.Magnetos como fonte de força ortodôntica já são estudados há anos como uma

    alternativa de tracionamento de dentes. Sua eficiência clinica, bem como implicações biológicas já foram apresentadas por vários autores. Segundo Darendelier (1997) eDaskalogiannakis, McLachlan (1996) a resposta biológica e a eficiência clinica parecemser compatíveis com os princípios biológicos da movimentação dentaria. Há espaço para ouso dos magnetos na ortodontia, porém ainda cabe salientar que, devido ao grande volumedos magnetos apresentados até então e à sua força característica, há necessidade de maiores

  • 8/16/2019 BIOMECÂNICA DOS SISTEMAS DE RETRAÇÃO ANTERIOR

    46/63

    45

    avanços neste campo da mecânica. Os magnetos podem gerar força suficiente para omovimento dentário ortodôntico e podem ser usados para fechar ou abrir espaços nos arcosdentários, simular os efeitos dos elásticos de classe II ou III, tracionar dentes inclusos ou

    mudar a postura mandibular. Algumas considerações ainda devem ser observadas emrelação aos magnetos, pois eles obedecem a lei do "inverso do quadrado" na qual a forçamuda com o quadrado da distancia entre os magnetos. Em outras palavras, conforme osdentes são movimentados para atração ou repulçao, a força vai aumentando (oudiminuindo), caso os magnetos estejam muito próximos, o campo de força gerado pode sertão grande a ponto de não ser bem tolerado pela fisiologia dos tecidos bucais.

    Os elásticos ortodônticos de borracha foram substituídos por elásticos de látex,

    porém, apesar de também deteriorarem-se em fluido bucal a exemplo dos materiais borrachoides, o látex tem um desempenho útil de vida de quatro a seis vezes maiores queos borrachoides (Josell apud Proffit 1986 p.318). Possuem, porém, algumas desvantagensreferentes à degradação em meios bucais (Von Fraunhofer,1992) e perda da ação de forçaao longo horas após sua inserção em boca (Gioka et al, 2006).

    As molas possuem maior taxa C/D disponível até o momento, em vista disso é umadas melhores alternativas de retração quando se trata de forças simples. O fato de não

    deteriorarem em fluidos bucais conferem vantagens às molas em relação aos elásticos. Na mecânica de deslize, uma cadeia elástica, magnetos ou mola estão ligados ao

    bráquete dos dentes que serão tracionados. DeGenova (1985) explica que os bráquetes sãoguiados através de um fio metálico. Após certa angulação do dente, a inclinação distal fazum travamento no arco, ou seja, as haletas do bráquete nas extremidades mesiais e distaisencostam-se ao fio e forçam o dente num binário de forças em torno do bráquete em que aresultante gera um movimento radicular.

    A magnitude do momento de torção depende do tamanho, forma e material do fio eda largura do slot do bráquete. Quanto maior a taxa de carga/deflexão do fio, maior será aforça resultante da sua deformação e maior é o momento produzido.

    Se o dente verticaliza, o momento de binário diminui até que o fio não o produzamais. Em seguida, a coroa desliza ao longo do arco até que a angulação distal promovanovamente o momento de binário. O processo é repetido até que o dente sejacompletamente retraído ou a força seja dissipada. A relação momento/força entre oconjunto de retração está em seu ponto mais baixo durante os primeiros dias após a

  • 8/16/2019 BIOMECÂNICA DOS SISTEMAS DE RETRAÇÃO ANTERIOR

    47/63

    46

    colocação da força, pois a magnitude da força está, em seu mais alto nível e o momentomuito baixo.

    AfriccionaisInúmeras são as alças preconizadas para a retração dos dentes, elas apresentam-se

    com diferentes configurações, ligas metálicas, dimensões, secções transversais e pré-ativações. (CHACONAS et al., 1974; BURSTONE, KOENIG, 1976; BURSTONE, 1982;GJESSING, 1985; CECÍLIO, 2006)

    Características importantes das alças de fechamento de espaços são as boasmagnitudes de força e momento geradas, bem como a baixa taxa carga/deflexão.

    Dentre as alças analisadas neste estudo, verificou-se que a única que produz relaçãomomento/força e taxa carga/deflexão necessários a uma boa movimentação dentária é aalça "T".

    A alça T permite conseguir proporção M/F suficiente para todos os tipos demovimento. Ao associar determinada magnitude de momento à força, o centro de rotaçãose deslocará para o ápice radicular e ocorrerá o movimento de inclinação controlada,inclinando a coroa na mesma direção da força e o ápice permanecendo no mesmo lugar.

    Aumentando a magnitude de momento e, conseqüentemente, a proporção M/F, o centro derotação se deslocará apicalmente para o infinito e provocará o movimento de translação.Aumentando-se ainda mais essa proporção, o centro de rotação se deslocará para incisal, produzindo o movimento radicular. Uma grande qualidade dessa alça está no fato de que,necessitando de maior magnitude de momento, pode-se aumentar a intensidade de pré-ativações sem, no entanto, aumentar significantemente a magnitude da força. Essa possibilidade se deve fundamentalmente ao local da inserção das pré-ativações, pois os

    segmentos verticais são afastados quando a alça é pré-ativada e, portanto, no momento dainserção de suas extremidades alfa e beta nos slots dos bráquetes, não há compressão dossegmentos verticais, logo, não ocorrendo o acúmulo de forças.

    Com relação ao movimento dentário, Burstone (1982) salienta que alça vertical nãoatinge o sistema de forças desejado para retraçao anterior, pois mesmo se fosse possível serextendida a 10 mm de altura, promove uma relação momento/força de 4:1, bem aquém dos10:1 desejados para um movimento de corpo de um incisivo por exemplo. Após o dentemover-se 0,5 mm ainda temos inclinação descontrolada com M/F de 5:1 e apenas depoisde a alça retrair o dente por 0,8mm a relação M/F chegará perto de 7, a partir daí que

  • 8/16/2019 BIOMECÂNICA DOS SISTEMAS DE RETRAÇÃO ANTERIOR

    48/63

    47

    teremos um movimento de inclinação controlada. Nos 0,2mm restantes e que teremos umarápida mudança no tipo de movimento e o dente começa a ser corrigido com o centro derotação indo para o infinito. Porém não esqueçamos que, primeiramente, houve movimento

    por inclinação descontrolada por aproximadamente 0,8mm, o que levou o ápice radicular para mesial e só depois de 80% de desativação é que iniciou a correção radicular, trazendoo ápice para distal. Ainda mais, a desativação vai durar por, aproximadamente, apenas0,2mm. Estas mudanças na relação M/F são muito rápidas o que e biologicamenteindesejável.

    Burstone (1982) utilizando a alça "T" em TMA 0.017” x 0.025” para fechamento

    de espaço, salientou que este mecanismo apresentava um sistema de ancoragem diferencial

    com momentos nas extremidades alfa e beta, que utilizava o princípio das dobras em “V”,

    ou seja, quanto mais deslocada esta dobra para a extremidade alfa, maior o momento paraos dentes anteriores e vice-versa. Para o fechamento de espaço no grupo C, o aumento na proporção momento/força é para a extremidade alfa, aumentando a extrusão dos dentes posteriores e aumentando a ancoragem no momento do segmento anterior.

    É importante um rígido controle do sistema de força pelo ortodontista, pois pequenas alterações na proporção M/F alteram o centro de rotação e podem produzir

    movimentos não desejados. (BURSTONE, KOENIG, 1976; BURSTONE, 1982; SMITH,BURSTONE, 1984; TANNE et al., 1988; MELSEN et al., 1990).

    Relação carga/deflexão das alças de retraçãoBurstone (1982) constata que numa alça vertical feita em aço com secção

    transversal de 0.018" x 0.025", a taxa C/D é de 1000g/mm (este é um valor aproximado edepende da forma exata da alça vertical), deste modo, a cada 0,1 mm de desativação, a alça

    entregaria ao periodonto aproximadamente 100g de força. No caso de necessitarmos deuma ativação com 200g, por exemplo, precisaríamos ativar a alça por 0.2 mm, o que na prática parece quase impossível. Uma alça em TMA com a mesma secção trasversalentrega ao sistema de forças uma taxa de C/D de 33g/mm, ou seja, para uma ativação de 6mm teremos aproximadamente 200g de força entregue ao sistema e a cada 1 mm dedesativação, a alça diminui 33g de força. Desta forma teremos uma menor taxa C/D da alça"T" feita em TMA do que uma alça vertical feita em aço.

  • 8/16/2019 BIOMECÂNICA DOS SISTEMAS DE RETRAÇÃO ANTERIOR

    49/63

    48

    Mesmo considerando-se clinicamente possível 0,2mm de ativação desta alça,durante a desativação de 0,1mm, a diminuição da força de 200g para 100g seria muitorápida, necessitando de reativações em espaços de tempo muito curtos.

    Nota-se, então, que quanto menor a relação carga/deflexão da alça, mais constanteserá a força de retração do dente, ou segmento de dentes, conseqüentemente, menoresserão as visitas do paciente para as reativações do sistema de retração.

    FRICCIONAIS X AFRICCIONAISA maior vantagem das forças friccionais na retração anterior está no controle em 1a

    ordem ser melhor do que nas forças africcionais em retrações unilaterais, como no caso daretração do canino isoladamente. Porém, as forças devem ser bem maiores para compensaro atrito gerado entre o fio e o bráquete, o que exige muito da unidade reativa, principalmente quando se trata de ancoragem do grupo "A". Outra vantagem é a facilidadede uso e ativação, porém o ortodontista fica sem o controle do sistema, uma vez que o paciente deverá realizar as ativações.

    As desvantagens dos sistemas friccionais são os efeitos verticais indesejáveis

    causados nas unidades dentárias próximas ao dente ou grupo de dentes a serem retraídos.Há, também, uma tendência de inicial sobreativação dos elásticos ou molas devido à suarápida perda de força, causando áreas de hialinização e, assim, retardando o movimento ecausando dor ao paciente.

    RETRAÇÃO NA TÉCNICA DE EDGEWISE

    As retrações feitas pela técnica de edgewise são feitas com alça vertical de Bull,que, segundo Shimizu (2001) as relações C/D apenas proporcionam movimentos deinclinação descontrolada. Kesling (1992) encontrou forças de 4 a 6 vezes maiores com asalças de Bull para retração de dentes, comparadas às forças biológicas ideais.

    Mc Laughlin e Bennett (2000) demonstram algumas desvantagens do edgewise emrelação à técnica do arco contínuo. O edgewise necessita de maior tempo para confecçãodas alças, por utilizar arcos retangulares, o atrito é maior que na mecânica por deslize. Anecessidade de troca do arco de retração por limitação do Omega loop quando ele toca notubo molar, o que toma maior tempo do profissional na confecção das dobras.

  • 8/16/2019 BIOMECÂNICA DOS SISTEMAS DE RETRAÇÃO ANTERIOR

    50/63

    49

    RETRAÇÃO NA TÉCNICA DE BEGGSegundo Liu (1981), pela técnica de Begg clássica, de 1956, observa-se que

    ocorrem movimentações dentárias apenas por inclinações descontroladas. Inicialmente, atécnica prometia correções rápidas da mordida profunda e do overject, porém dependentedo uso de arcos extra bucais. Um pobre controle da extrusão dos incisivos também éobservado durante as retrações. A técnica carece de bons refinamentos pelo pobre controleda movimentação dos dentes.

    Begg, (1977) defende uma retração em duas fases, a primeira fase envolve umainclinação distal das coroas com elásticos em cadeia e/ou elásticos interarcos. Como os

    bráquetes de Begg possuem apenas um ponto de contacto entre o bráquete e o arco,nenhum momento é produzido pela interação entre os bráquetes e o fio. Como resultado,há somente inclinação descontrolada dos dentes anteriores durante a primeira fase deretração, ou seja, o centro de rotação fica situado entre o ápice e o centro de resistência. Asegunda etapa envolve torque lingual das raízes anteriores, normalmente por meio de umtorque auxiliar. Uma relaçao momento/força na proporção de cerca de 12:1 é necessária para tal movimento e esse coeficiente elevado é tecnicamente difícil de ser alcançado

    apenas com dobras nos fios. Por este motivo, retraçao em duas etapas que iniciem porinclinaçao descontrolada não é o método de retração mais eficiente.

    A técnica de Begg não é a única que utiliza esse tipo de retração em duas fases. Noentanto, um método mais eficiente seria a de retrair, durante a fase I, por meio deinclinaçao controlada, ou seja, com o centro de rotação no ápice, de modo que menostorque de raiz seja necessário no segundo estágio.

    RETRAÇÃO NA TÉCNICA DO ARCO SEGMENTADOO maior diferencial da técnica do arco segmentado está no estabelecimento de

    unidades dentárias, uma anterior e outra posterior. Deve-se ainda unir por uma barratranspalatina o lado posterior direito ao lado esquerdo, para estabelecer um sistema deancoragem maior possível. O mesmo vale para a unidade anterior, unindo-se os incisivosaos caninos, assim estabelecendo uma unidade multirradicular anterior. Para retraçãoanterior, o método usado com a técnica do arco segmentado visa inclinar o grupo anteriorcom centro de rotação no ápice dentário e depois corrigir as raízes de todo o segmento com

  • 8/16/2019 BIOMECÂNICA DOS SISTEMAS DE RETRAÇÃO ANTERIOR

    51/63

    50

    centro de rotação na coroa. O uso de sistemas de forças determinados mostra aoortodontista exatamente como será a movimentação das unidades multirradiculares atéatingirem a posição final desejada. O uso de momentos diferenciais entre as unidades alfa e

    beta nas retrações é uma das vantagens da técnica segmentada. Os objetivos do tratamentosão previsíveis e determinados pela necessidade planejada pelo ortodontista e não pelo tipode aparelho usado. O número de trocas de arcos dentários é reduzido. Menores efeitoscolaterais são observados. Há eliminação do atrito, com isso melhor controle da unidade deancoragem. Facilidade de controle em correções de casos assimétricos.

    Caninos e incisivos são freqüentemente retraídos separadamente para se preservar aancoragem quando é usada mecânica de deslizamento. A teoria é que, ao requisitar menos

    dentes de retração na unidade ativa, menos estresse é colocado sobre a ancoragem posterior. Porém, desta forma, devemos ter em mente que a ancoragem é solicitada porduas vezes, uma com os caninos na primeira etapa da retração, e outra na retração dosincisivos, ao contrário de apenas uma vez com a retração em massa. O segmento posterior"não sabe" quantos os dentes estão sendo retraídos, ele simplesmente se movimenta deacordo com o sistema de forças envolvido.

    O método de ancoragem com base na utilização de diferentes tipos de

    movimentação dentária nos segmentos anterior e posterior por translação ou inclinaçãocontrolada com movimento radicular, não dependerá do número de dentes em cadasegmento. Pelo contrário, o movimento do dente é conseguido por meio de momentosdiferentes entre o segmento anterior e posterior.

    Independente do método de retração ainda existe algumas indicações para retraçãode caninos e incisivos em separado, como em casos de apinhamento anterior.

    Quando uma alça de retração é utilizada de forma assimétrica, são produzidas duas

    forças verticais e dois momentos. O momento alfa produz movimentação radicular distalnos dentes anteriores, enquanto que o momento beta produz uma movimentação radicularnos dentes posteriores. Variando-se a magnitude desses momentos, o movimentodiferencial dos segmentos anterior e posterior pode ser alcançado. No entanto, se osmomentos alfa e beta forem iguais não surgirão forças verticais no sistema.

    Concomitante com a diminuição em ambos os momentos alfa e beta, há umaumento na proporção momento/força na alça de retração, decorrente da menor forçaaplicada. Uma vez que a relação M/F aumenta durante a desativação da alça, ela não deve

  • 8/16/2019 BIOMECÂNICA DOS SISTEMAS DE RETRAÇÃO ANTERIOR

    52/63

    51

    ser reativada com freqüência. Reativação freqüente não permitirá que a alça consiga atingiruma relação momento/força alto o suficiente para a produção de translação.

    A capacidade das alças "T" em promover um movimento diferencial entre as

    unidades anterior e posterior, com quantidades maiores de ativações que as alças verticaisconferem a elas vantagens ainda não conhecidas em outras alças.

    RETRAÇÃO NA TÉCNICA DE RICKETTSO arco utilidade de retração de Rickets apresenta controles de ativação de retração

    compatíveis com o sistema de forças para retração do segmento anterior. Porém o sistema

    de forças na unidade reativa é prejudicial ao primeiro molar, pois o momento e o efeitoextrusivo posterior acabam sendo muito grandes. Nenhum controle de momento diferencial posterior é referido por Rickets.

    RETRAÇÃO NA TÉCNICA DO ARCO CONTÍNUOAs retrações em arco contínuo são feitas com mecânicas por atrito. Por esse motivo

    acabam gerando efeitos colaterais como giro dos caninos e maior perda de ancoragem porque são usadas altas forças de retração. Também, verificam-se grandes magnitudes deextrusão dentária durante as retrações.

    Para otimizar o uso de mecânica de deslize, deve-se permitir um tempo suficiente para que o movimento distal de raiz ocorra. Um erro comum é alterar a cadeia elásticamuitas vezes, mantendo assim os níveis de força e a relação momento/força sempreelevados o que produz apenas inclinação distal. Além disso, manter os níveis de força

    constantemente elevados, pode causar hialinização excessiva e, assim, inibir a reabsorçãoóssea direta ao redor do dente.

  • 8/16/2019 BIOMECÂNICA DOS SISTEMAS DE RETRAÇÃO ANTERIOR

    53/63

    52

    CONCLUSÃO

    Com certeza o grande tempo investido nas dobras da técnica de edgewise e o atrito

    do arco contínuo devem ser revistos. O arco segmentado vem se destacando como ométodo mais eficiente e prático para solucionar estas duas problemáticas, principalmenteno que diz respeito ás grandes movimentações, como nas retrações de unidades anteriores.Uma associação dos conceitos e técnicas do arco segmentado para solucionar grandesdiscrepâncias de movimentação e o uso de bráquetes pré ajustados para refinamentos finaisda oclusão parece ser uma solução eficiente na ortodontia atual.

    Considerando-se controlar o sistema de ancoragem, estes métodos de ausência de

    atrito são os melhores no ponto de vista biomecânico, pois possibilitam ao ortodontistautilizar menores magnitudes de forças, com menores taxas C/D. Isto implica em menos perda de ancoragem e menores efeitos colaterais como as, muitas vezes indesejadas,extrusões dentárias na unidade ativa durante as retrações. Também a necessidade demínima cooperação do paciente deve ser levada em conta.

    Os conceitos do arco segmentado oferecem um fechamento de espaços rápido eeficiente, por um resultado de mínimos efeitos indesejados.

    O ortodontista de hoje precisa de um conhecimento de ambos os sistemas, com esem atrito. Há indicações para ambos e, portanto, um ortodontista não deve se limitarexclusivamente a um ou outro sistema de retração.

    Preferencialmente, as alças de retração para os dentes caninos devem apresentar baixas proporções carga/deflexão e capacidade de gerar elevadas proporções M/F.

    Baseado em suas propriedades mecânicas, pode-se afirmar que as alças "T"construídas com fio beta-titânio mostraram-se as melhores alternativas atualmente

    disponíveis dentre os sistemas sem atrito para retração dos dentes anteriores.Baixas taxas C/D e altas relações M/F atuantes de forma constante sobre os dentesainda é buscado em qualquer que seja a técnica ortodôntica.

    Cabe salientarmos que as medidas de área radicular apresentadas nos estudos deSiatkowski (2001) foram tiradas de estudos por revolução parabolóide do livro de Wheeler,R.C. em 1965. Isto representa um valor aproximado da superfície radicular. Atualmente,com o advento das tomografias "Cone Bean", espera-se que possamos obter valores desuperfície radicular médios mais precisos ou até mesmo individualizados. Desta forma será

  • 8/16/2019 BIOMECÂNICA DOS SISTEMAS DE RETRAÇÃO ANTERIOR

    54/63

    53

    possível individualizar a força necessária para retrair os dentes de cada paciente, a fim dese chegar o mais próximo da força de retração ideal em cada caso.

    Conceitos matemáticos para determinar a posição ideal para os dentes anteriores já

    são conhecidos a mais de 20 anos, porém um método de retração anterior que busque fácilaplicação, conforto ao paciente e total controle dos movimentos dentários ainda é umdesafio à ortodontia.

  • 8/16/2019 BIOMECÂNICA DOS SISTEMAS DE RETRAÇÃO ANTERIOR

    55/63

    54

    REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

    ALMEIDA, M.R. ET AL. Emprego racional da biomecânica na ortodontia: ArcosInteligentes,R Dental Press Ortodon Ortop Facial, Maringa, v.11, n.1, p.122-156, Jan-Fev, 2006.

    ANDREWS, L. The six keys to normal occlusion, Am J Orthod Dentofac Orthop, California, v.72, p.296-309, Sep, 1972.

    BEDNAR J.R. GRUENDEMAN G.W. SANDRIK J.L. A comparative study of frictionalforces between orthodontic brackets and arch wires.Am J Orthod Dentofac Orthop;v.100, p.513 – 522, 1991.

    BEGG, P.R. KESLING, P.C. Begg Orthodontic Theory and Technique.Saunders WB,Co, Philadelphia, p.203-214, 1977.

    BRAUN, S.; MARCOTTE, M.R. Rationale of the segmented approach to orthodontictreatment,Am J Orthod Dentofac Orthop. Indianapolis, v.95, p.1-8, Jul, 1995.

    ____________________

    * De acordo com ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas). NBR 6023/2002

  • 8/16/2019 BIOMECÂNICA DOS SISTEMAS DE RETRAÇÃO ANTERIOR

    56/63

    55

    BRAUN, S. On the management of the extraction sites,Am J Orthod Dentofac Orthop. Indiana, v.97, p.645-655, Dec, 1997.

    BULCKE, M.M.V. et al. Location of the Centers of Resistance for Anterior Teeth DuringRetraction Using the Laser Reflection Technique.Am J Orthod Dentofac Orthop Farmington, v.87, p.375-384, May. 1987.

    BURSTONE, C.J.; BALDWIN, J.J.; LAWLESS, D.T.Am J Othod, The application of

    continuous forces to orthodontics. Indianápolis, v.31, n.1, p. 1-14, Jan. 1961.

    BURSTONE, C.J. The Mechanics of the Segmented Arch Techniques.Am J Othod,Indianápolis, v.36, n.2, p.99-120, Apr. 1966.

    BURSTONE, C.J.; PRYPUTNIEWICZ, R.J.; Holographic Determination of Centers ofrotationproduced by Orthodontic Forces.Am J Othod, Farminton, v.77, p.396-409, 1980.

    BUSRTONE, C.J. The segmented Arch Aproach to Space Closure.Am J Orthod,Farmington, v.82, p.361-378, 1982.

    BURSTONE, C.J.; STEENBERGEN, E.V.; HANLEY, K.J.A Moderna MecânicaEdgewise e a Técnica do Arco Segmentado. São Paulo: Santos, 2003.

    BULL, H.L. Obtaining facial balance in the tratment of class II division 1. Angle Orthod,Appleton, v.21, n.3, p.139-149, 1951.

  • 8/16/2019 BIOMECÂNICA DOS SISTEMAS DE RETRAÇÃO ANTERIOR

    57/63

    56

    CATTANEO, P.M.; DALSTRA, M.; MELSEN, B. Moment-to-force ratio, center of