AULA 16 - Margaret Mead - Sexo e Temperamento

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    a r ~ i s t a ':_do _oráculo. Trabalhando com novelos tio univer

    saas

    e

    tao

    samples

    como

    esses, o

    hómem

    construiu

    para

    si

    mesmo

    u ~ t ~ a ~ ~

    de

    cultura

    em cujo interior cada vida

    humana

    f?a

    dagmfa

    c

    ada

    pela

    forma

    e pelo significado.

    o

    homem nao

    se tornou simplesmente

    um dos

    animais

    que

    se acasalavam, lutavam

    por

    seu alimento e morriam mas

    um

    ser humano,

    com

    um

    nome,

    uma

    posição e

    um

    dew

    Cada povo constrói essa tessitura

    de

    maneira diferente.

    ~ c o l h e

    alguns novelos e ignora outros, acentua um seto;

    daferente da

    gama

    total das potencialidades humanas. Onde

    u lla cultura emprega,

    por trama

    principal, o ego

    vulne-

    ravel, pronto a sentir·se insultado ou a sucumbir de ver

    gonha,

    outra_

    s c o l ~ e a coragem inflexível e mesmo, de

    forma que nao

    haJa covardes reconhecidos pode como

    os

    C ~ e y e n n e ,

    inventar

    uma

    posição social

    ' e s p e c i ~ l m e n t e

    c o m p h c a ~ a para os supermedrosos. Cada cultura s i m p l e ~

    e

    homogenea pode

    dar

    largas somente a alguns

    dos

    diversos

    d o t ~ s .

    ~ u m a n o s ,

    desaprovando

    ou

    punindo outros demasiado

    a n . l l t - : t • c ~ ou por

    demais desvinculados de seus acentos

    pnnc1paas .

    a r a que encontrem

    lugar entre suas paredes.

    fendo

    ongmalmente. tirado os seus valores

    dos

    valores

    caros a alguns temperamentos humanos e estranhos a

    ~ u t r o s , na c.ultura incorpora esses va:ores cada vez mais

    f t . r m e ~ e n t e a sua

    estrutura, a seus ·sistemas político e reli

    gaoso, a.sua arte e ~ ~ ~ ~ l i t e r a t u r a ; cada geração nova é amol

    dada, f1rme

    e

    deftntllvamente, às tendências dominante.>.

    Nessas

    c i ~ c u n s t ã n c i a s ,

    assim

    como cada cultura cria

    de modo d1stanto a tessitura social em

    que

    0

    espírito

    h u m ~ o pode enredar-se com segurança e compreensão,

    c ~ l ~ J c a n d o ,

    r e c o m p o n d ~ e rejeitando fios na tradição

    b J S t o r ~ c a .

    que

    ele

    o m p ~ r t d h a

    com vários

    p o v o ~

    vizinhos,

    pode mchnat cada 1ndavíduo nascido dentro dela a

    um

    tipo

    de

    c o m p o _ : t a ~ n t o ,

    q ~ não reconhece idade,

    nem

    sexo,

    n ~ m

    t e ~ d ê n c • a s

    especuus como motivos para elaboração

    diferenctal.

    ~ u

    entã'? uma cullura apodera•se dos fatos

    realmente

    ? b ~ • o s

    .de

    d t f ~ r e n ç a

    de idade, sexo, força, beleza,

    ou das vanaçoes musuats, tais

    como

    o pendor nato a visões

    ou sonhos, e converte-os em temas culturais dominantes.

    D ~ s t a r t e , sociedades semelhantes às dos Masai e dos Zulus

    fazem do

    n i , v ~ J a m e n t o

    de todos os indivíduos pela idade

    u ~ ponto b ~ a c o de organização, e os AkiJdyu

    da

    Africa

    ~ n e n t a l c o n s ~ d e r a ~ um drama maior

    a destituição cerimo

    naal ~ a , g ~ r a ç a o

    maas velha pela mais jovem. Os aborígines

    da

    Stbéraa elevaram o indivíduo de instabilidade nervosa

    à

    dignidade

    de xamã,

    cujos pronunciamentos acreditavam

    ser de inspiração sobrenatural

    e constituíam lei para os

    outros membros mais equilibrados da tribo. Parece-nos

    bastante claro

    um

    caso extremo

    como

    esse, onde todo

    um

    2

    povo se curva ante a palavra

    de

    um indivíduo que nós

    classificaríamos

    de in

    s

    ano

    . Os siberianos, fantasiosamente

    e

    ...,..

    ao

    modo

    de

    ver

    da

    nossa sociedade -

    de

    forma

    injustificada, elevaram uma pessoa anormal a

    um

    lugar

    socialmente impor tante . Basearam-se

    num

    desvio humano

    que.

    nós desaprovaríamos,

    ou

    ,

    caso

    se tornasse importuno,

    encerrariamos

    numa

    prisão.

    Quando ouvimos dizer

    que

    , entre os Mundugumor da

    Nova Guiné, as crianças

    que

    nascem com o cordão umbl

    ikai em

    v(). .

    .

     LQ

    O c ~ o são djstingujdas como artistas de .

    (ftreito inato·e indiscutível, sentimo-nos estar diante de uma

    cultura

    9 . . ~ ~ m . 5 . 1 t i i n

    t u u c i o n a l i _ z o • ' i õ i t i P Q : ~ j ~ m p e ~

    fãine:nm

    . { e p , ~ ~ M D Q

    A lQrmªJ w al

    aQ c:aso

    .. o  ~ a m a

    siberiano - como t a m ~ ~ m .uwa

    _ ç _ u ] l ~ . a

    _q_ue associou arbi

    tiiifsim

    eiite, .de

    .:·

     Oima .artificial -e

    fantasiosã: ~ d Q . . S : P ' < n t 9 s

    completamente desvinculados .

    entre

    s•;

    m< d.o

    .

    de

    ~ n t Q

    ~ 1 2 . m a . ª d e de pintar desenho i .

    comp ic

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    espectadores, porém partícipes diretos, nosso distanciamen

    to

    ~ e a p a r e c ~ . e

    sem dúvida

    pura

    imaginação atribuir a

    apttdao

    de

    pmtar

    ao

    nascimento com o

    cordão em

    volta

    do

    pescoço,

    ou

    capacidade de escrever poesias

    ao

    fato

    de

    ter nascido gêmeo. Escolher líderes ou. oráculos dentre

    temperamentos raros

    ou

    extravagantes,

    que nós

    rotularía

    mo

    s

    de

    alienados,

    não é t o t a l m e n t ~

    imaginário;

    ma

    s, pelo

    menos, fundamenta-se

    numa

    premtssa

    muito

    diferente, a

    qual seleciona uma potencialidade natural da raça humana

    que não usamos nem valorizamos.

    No

    entanto

    , a insis

    tência nas mil e uma diferenças inatas entre homens e

    ~ u l h ~ r e s , : muitas

    das

    quais não mostram relação mais

    t m e d t ~ ~ a

    com os. fatores biológicos do sexo do que tem

    a .habthdade de

    pmtar

    com a forma do nascimento, e outras

    ruferenças que apresentam

    uma

    congruência

    com

    o s

    exo

    que não

    é

    nem universal

    nem

    necessária - como no caso

    da

    a s s ~ c i a ç ã ?

    entre. ataque epilético e pendor religio

    so

    -

    essa

    s

    stm,

    nao

    constderamos fruto

    da

    imaginação da mente

    h u ~ a n a , ocupada em

    dar

    signific.ado

    a uma

    existência

    Va·Zla

    . Este estudo não se

    ocupa

    da 4'Xistência

    ou

    não de

    ~ • f e n ç a s

    reais e universa

    is entre

    os

    ~ x o

    sejam qualita·

    lavas ou quantitativas.

    Não trata

    de saber se a mulher

    é

    mais instável

    do

    que o homem,

    como

    se pretendeu

    a n t e ~

    que a doutrina

    da

    evolução

    eullasse

    a variabilidade

    ou

    · menos instável, como se afirmou depois. Não é um

    t r a ~ a d o

    :.

    sobre .direitos da

    ~ u l h e r ,

    nem

    uma

    pesquisa

    das

    bases

    do

    femm1smo.

    1:::

    multo simplesmente, um relato

    de

    como

    . três sociedades primitivas agruparam suas atitudes sociais

    em

    relação ao temperamento

    em

    torno dos fatos realmente

    evidentes das diferenças sexuais. Estudei esse problema

    em sociedades simples, porque nelas temos

    o drama

    da

    civilização redigido

    de

    forma sucinta, um microcosmo

    social semelhante em

    e s p ~ i e , porm

    diferente, em tamanho

    e grandeza, das complexas estrutura sociais de povos

    que,

    como o nosso, dependem

    de

    uma tradição escrita e da

    i n _ t e g ~ a ç ã o de grande numero

    de

    tradições históricas con-

    fhtuats . Estudei essa questão nos plácidos montanheses

    Arapesh, nos ferozes canibais Mundugumor e nos elegant

    es

    caçadores

    de

    cabeças

    de

    Tchambuli. Cada

    uma

    deSJas

    tt:ib05 dispunha, como

    toda

    sociedade humana do

    ponto

    de diferença

    de

    sexo

    para

    empregar como

    t e m ~

    na

    trama

    da vida

    s o c ~ a l

    que

    cada

    um desses três povos desenvolveu

    de forma d1ferente. Comparando o modo como dramati·

    zaram a diferença

    de

    sexo,

    é

    possível perceber melhor que

    elementos são construções sociais, originalmente irrelevan

    tes aos fatos biológicos do gênero de sexo.

    Nossa própria SQCiedade

    usa

    muito

    essa

    trama.

    Atribui

    p a ~ i s diferentes aos dois sexos, cerca-os desde o nasci-

     

    mento com

    uma

    expectativa

    de

    comportamento diferente.

    representa o

    drama

    c o m p ~ e t o do namoro, c s m e n t ~ e

    paternidade conforme

    os

    t1pos.

    de

    comportamento

    ace1

    tos

    como inatos e, portanto,

    apropnados

    a

    um ou

    a

    outro

    se:to.

    Sabemos vagamente que esses papéis

    mudaram

    mesmo

    . dentro

    de

    nossa

    hi

    stória.

    tudos,

    como

    The

    ~ y

    de

    Mrs. Putnam, retratam a mulher como

    uma

    ftgur.a de

    barro infinitamente maJeávet, sobre a qual a humamdade

    dispôs trajes característicos de uma época, constantemente

    variáveis,

    de acordo

    com os quais murchan

    ou ~ t o ~

    dominante, flert

    ava

    ou fugia. Entretanto, t o d ~ . as d J S ~ U s -

    sões acentuaram,

    não

    as personalidades soctaJS relat1vas

    atribuídas aos dois

    ~ x o s ,

    mas, antes, os padrões de

    c o ~ -

    portarnento superficiais consignados

    às

    mulheres, porem

    apenas

    para

    as

    da

    e l a s ~ alta. O reconhecimento afetado

    de que essas mulheres da e l s ~ alta e r ~ m fantoches de uma

    tradição em mudança

    o b s c u r e c e . ~

    mat_s que esclareceu

    a questão.

    Não

    tocou nos papets

    atnbwdos

    aos homens,

    que,

    segundo

    se

    supunha, prosseguiam

    ao

    longo

    um

    caminho masculino especial, moldando as mulheres as suac;

    manias

    e

    caprichos com respeito

    à

    feminilidade. Qualquer

    discussão acêrca da posição

    da

    mulher, do seu

    c a ~ á t e ~

    e

    do

    temperamento,

    da

    s

    ua

    escravização

    .ou em

    anctpaçao,

    obscurece a questão básica; o reconhecunento _de que a

    trama cuJtural

    por

    trás

    das

    relações humal?as e o modo

    como os papéis dos dois são

    n c e b i d o

    e de que

    o m nino

    em

    crescimento e formado

    para

    enfa:e

    local

    e especial tão inexoràvelmente

    como

    o e a

    memna em

    crescimento.

    Os Vaérting abordaram o problema

    em seu

    livro The

    Dominant

    Sex2 

    embora sua imaginação critica

    fosse pre·

    judicada

    pela

    tradição cultural européia. Eles sabiam que,

    em algumas partes do mundo, ~ o u v e e ainda instituições

    matriarcais que dão

    à

    mulher hberdade de açao, d o t m - ~ a

    de

    uma

    independência de escolha que a cultura europeta

    histórica conc

    ede

    tão-somente aos homens. Com um

    simples passe

    de

    mágica, eles i n v e r ~ e r a m a a ç ã o euro

    péia e construíram uma interpretaçao das s o c t ~ a d e s

    tri rc is onde as

    mu

    lheres eram consideradas fnas, altivas

    e dominantes, e os homens, fracos e submissos. Os atributos

    das mulheres na Europa {oram impingidos aos homens das

    comunidades matriarcais - isso foi tudo. Foi um retrato

    simples,

    que na

    realidade

    nada

    acrescentou

    à oossa

    co?l

    preensão do

    prob

    lema, baseado,

    como

    estava,

    no

    c ~ o c

    e t t o

    limitativo

    de

    que, se um sexo tem personalidade dommaote,

    J )

    E.

    J .

    S. ,

    T l t ~

    La

    y.

    SCurlis e

    Wall«

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    .

    o

    ~ u t ~ o , i p s ~ facto,

    tê-la-á submissa. A raiz do erro dos

    Vaerting restde em nossa tradicional insistência em con

    t r a s ~

    entre a personalidade dos dois sexos, em n.õSSã

    capacidade ver apenas uma única variação no tema do

    ~ a c ~ o donunante: a do marido dominado. Entretanto

    u ~ a g m a r a m a possibilidade de um arran;o de

    d o m i n a Ç ã ~

    d1ferente do nosso tradicional, principalmente porque para

    ~

    p ~ n s a r baseado em instituições patriarcais a própria exis

    ~ e n c a a

    _de

    .uma.

    ~ r l l a

    rnatriarcal

    da

    sociedade implica uma

    mversao •rnagmaraa da posição ternpcramental dos dois

    sexos.

    No entanto, estudos recentes de povos primitivos nos

    tornaram mais

    s ~ f i s t i c a d o s J .

    Sabemos que todas as cul

    turas

    . h ~ m a n a s

    nao pertencem a um

    ou

    a outro lado de

    uma fmca escala e que a uma sociedade é possível ignorar

    comr etamente uma saída, que duas outras sociedades

    reso

    e r a m

    de

    . ~ o d o

    contrastante. O fato de um povo

    respe tar o anctao pode significar que considerem pouco

    as craanças, porém pode ocorrer também que um povo a

    exemplo dos Ba ~ o n g a da Africa do Sul, não

    r e s p e i t ~ m

    ~ e m velhos ~ e m cr1anças; ou, como os fndios das Planícies

    o ~ m a craança

    ~ q u e n a

    e o

    ~ v ô ;

    ou ainda, como e n t r ~

    os ~ n u s e em regtões da America moderna considerem

    as cr1an5as o grupo mais importante da

    s o ~ i e d a d e Na

    expectattva de simples inversões - isto é quand ·

    aspecto d ~ . vida social não é especificamente s a g r a d o ~ d::

    ser e s p e c ~ f t c a m e n t e secular; ou, se o homem é forte, a

    mulher ha de ser fraca ignoramos o fato de ue as

    culturas ~ o z a m de uma hcença muito maior do q esta

    na - s e e ~ a ?

    ~ o s possíveis aspectos da vida humana que

    serao mmtmJzados, superacentuados, ou ignorados. E em

    bora ~ ~ ~ a cuJtura tenha

    de

    algum modo institucionalizado

    os papeis dos homens e das mulheres, não foi necessaria

    mente. em termos de contraste entre personalidades

    p r e s c ~ J t ~ s dos dois sexos, nem em termos de dominação ou

    subm•ssao. Com a escassez de material para elaboração

    ne lhuma cultura deixou de apoderar-se dos fatos de s e x ~

    e.

    ~ d ~ d e

    de alguma forma, seja a· convenção de uma tribo

    fdtptna de que o homem não sabe guardar segredo, a crença

    dos

    M a n ~ s

    de que somente os homens gostam de brincar

    com bebes: a.

    p r e ; ~ c r i ç ã o

    dos Toda de que

    q u a ~ e

    todo tra

    b a ~ h ~

    d . o m ~ s t t c o

    e demasiado sagrado para as mulheres, ou

    m s t s t ~ n c t a

    dos Arapesh em que as cabeças das mulheres

    sao mats fortes

    d?.

    que as dos homens. Na divisão do

    trabalho, no vestuano, nas maneiras, na atividade social e

    M i f i i ~ ) ~ .

    especialmente

    R.Utb

    Benedict.

    Pattun

    o/

    C u l t u ~ .

    Hou&lltoD

    24

    reliJiosa - às vezes apenas em alguns destes aspectos,

    outras vezes em todos eles - homens e mulheres são

    IOcialmente diferenciados, e cada sexo. como sexo, é for

    çado a conformar-se ao p a p e ~ que. lhe é a t r i b ~ í ~ o . E_?'

    aiJUmas sociedades. estes

    papé&s

    soctalmente d e f J n t d o ~ sao

    expressos, especialmente, nas roupas

    ou

    na ocupação, sem

    qualquer insistência nas diferenças temperamentais inatas.

    As mulheres usam cabelos compridos e os homens, curtos;

    ou os homens usam cachos e as mulheres raspam suas

    cabeças; as mulheres usam saias e os homens, calças; ou

    as mulheres vestem calças e os homens, saias. As mulheres

    tecem e os homens não; ou os homens tecem e as mulheres

    não. Vinculações simples como estas entre r o u p ~ ou

    ocupação e sexo são facilmente ensinadas a toda cnança

    e

    nio

    suscitam hipóteses a que uma dada criança não se

    adapte com facilidade.

    Não ocorre o mesmo nas sociedades que diferenciam

    rigorosamente o comportamento do homem e

    da

    mulher

    em termos que admitem uma diferença genuína de tempe

    ramento. Entre os Dakota das Planícies sustentava-se fre

    neticamente que a aptidão de enfrentar qualquer grau de

    perigo ou dificuldade era característica masculina. Logo

    que um menino

    c o m p l e t a ~ a

    S ou 6 a n ? ~ de i d a ~ e :

    ~ o d o

    o

    esforço educacional consctente da famtha era dartg1do no

    sentido de torná-lo um homem incontestável. Toda lágrima,

    toda timidez, todo apego a uma mão protetora, ou o desejo

    de con·tinuar brincando com crianças mais jovens ou com

    meninas era obsessivamente interpretado como prova de

    que ele não se estava desenvolvendo como verdadeiro

    homem. Em tal sociedade, não

    é

    surpreendente encontrar

    um

    bel dache,

    o homem que de bom grado desistiu de lutar

    por conformar-se ao p ~ p e l masculino e

    q u ~

    u ~ a . r?upas 1 .. .

    ....

    ,

    femininas e executa serv1ços de mulheres. A mstJtutçao do

    berdache,

    por sua vez, serviu de advertência a todo pai;

    o ~

    Temor de que o filho se convertesse em

    berdache

    fornecta 1 •

    aos esforços paternos um desespero adicional, e a própria

    pressão que ajudava a orientar o menino nessa e ~ c o l h ~

    ra

    redobrada. O

    i n v e r t i d ~ ~ f _ e ~ ; .

    ~ - ~

    base

    fJStca

    v ~ s w e l

    .

    lara a sua. io_v_ersa )_ mtrag )1J_por mutto t e m p ~ _ o . _ _ ~ ~ ~ c l _ a ~ s ~ ~ - ~ - : ' •"·

    o sexo, os q u a i ~ ~ H . a J 1 d t ) _ nã_'?_ enct?_J1tram qualquer a ~ . o n n a :

    Jldade

    glandülãr Õbservável, VQI_ ílm-_se .

    ~ r a

    as teonas de

    condtcaoriãmê.nlo ·.:íntéiiõr ·oú· identificação com o pai do

    ;sexo oaoslo;-·Nn· tteeorrer demt

    t ~ t f t a Ç ã o .

    teremó:;

    o p ó r ~

    /

    tunlda e de examinar a mulher "masculina" e o homem

    ..feminino", como ocorrem nestas diferentes ~ r i b o : s , obser:

    \'ar se é sempre a mulher de natureza domtnante que e

    considerada masculina, ou é o homem dócil, submisso.

    que·

    gosta de crianças

    ou

    bordados, que

    é

    reputado

    feminino.

    · ·

    25

  • 8/17/2019 AULA 16 - Margaret Mead - Sexo e Temperamento

    5/12

    Nos capítulos seguintes, p r e o c u p a r n o s e m a ~

    com

    a

    padronização do comportamento do sexos à luz do tempe

    ramento, com as presunções culturais de que certa atitudes

    temperamentais são "naturalmente" masculinas e outra5

    "naturalmente" femininas. Neste assunto, os povos primi

    tivos parecem ser, superficialmente, mais sofisticados do

    que nós. Assim como sabem que os deuses,

    os

    hábitos

    alimentares e os costumes de casamento da tribo vizinha

    diferem dos seus, e

    não

    afirmam que uma forma é verda

    deira ou natural enquanto a outra é falsa ou inatural,

    também sabem amiúde que as tendências temperamentais

    que consideram naturais nos homens ou nas mulhere l

    diferem dos temperamentos naturais masculinos e femi

    ninos ent re seus vizinhos. Apesar dis lo, dentro de um al

    cance mais limitado e com menos pretensões de validade

    biológica ou divina de suas formas sociais do que às vezes

    antecipamos,

    cada

    tribo tem certas atitudes definidas

    em

    relação ao temperame.nto. uma teoria de como são os

    seres humanos naturalmente, sejam homens, mulheres ou

    ambos, uma norma pela qual julgar e condenar os indi

    víduos que se desviam.

    Duas destas tribos não têm idéia de que os homens e

    mulheres são diferentes em temperamento. Conferem-lhes

    papéis econômicos e religiosos diversos, habilidades dife

    rentes, vulnerabilidades diferentes a malefícios mágicos e

    influências sobrenaturais.

    Os Arapesh acreditam que a

    pintura

    em

    cores é adequada apenas aos homens, e os

    Mundugumor consideram a pesca tarefa essencialmente

    feminina.

    Mas

    inexiste totalmente qualquer idéia de que

    os traços temperamentais da ordem de dominação, coragem,

    agressividade. objetividade, mateabilidade estão indissoluvel

    mente associados a um sexo (enquanto oposto ao outro) .

    Isto pode parecer estranho a uma civilização que, em sua

    sociologia, sua medicina,

    sua

    giria,

    sua

    poesia e sua obsce-

     

    nidadc admite para as diferenças

    ~ o c i l m e n t e

    definidas

    entre os sexos uma base inata no temperamento. e vê em

    qualquer desvio do papel socialmente determinado uma

    anormalidade de origem congênita. ou amadurecimento

    precoce. Jsto me causou surpresa, porque eu estava por

    demais habituada a empregar,

    em

    meu raciocínio, certos

    conceitos, como "tipo misto", a imputar a alguns homens

    temperamentos "femininos". ou a algumas mulheres menta

    lidade "masculina". Impus-me como problema o estudo do

    condicionamento das personalidades sociais dos dois sexos,

    . na esperança de que tal investigação lançasse alguma luz

    sobre as diferenças sexuais Eu compartilhava a crença

    geral da nossa sociedade 'de que havia um temperamento

    ligado ao sexo natural, que no máximo poderia ser destor-

      6

    'do ou afastado da expressão normal. Nem de \eve

    a

    itava que

    5

    temperamentos que r e p u t m o ~ n ~ t u r a s

    Uipt

    pudessem ao invés ser meras vanaçoes do

    a um sexo • · b

    temperamento humano a que os membros de um ou

    am

    os

    ieXOS

    pudessem com maior ou menor sucesso no caso

    : individuas dife;entes, ser aproximados através da edu·

    çaçio.

    7

  • 8/17/2019 AULA 16 - Margaret Mead - Sexo e Temperamento

    6/12

      uarta

    parte

    IMPLIC ÇÃO DESSES RESULT DOS

  • 8/17/2019 AULA 16 - Margaret Mead - Sexo e Temperamento

    7/12

    17. A PADRONIZAÇÃO

    DO TEMPERAMENTO SEXUAL

    Consideramos até agora em pormenor

    s

    personali

    dades aprovadas de cada sexo entre três grupos primitivos.

    ·

    vimos

    que

    os

    Arap

      sh

    homens e mulheres

    exibiam

    uma personalidade que fora de nossas preocupações histo

    ricamente limitadas  chamaríamos maternal

    em

    seus

    s-

    pectos parentais e feminina

    em

    seus aspectos sexuais.

    Encontramos homens assim como mulheres. treinados a

    ser cooperativos não-agressivos suscetíveis à necessidades

    e exigências alheias. Não achamos idéia de que o sexo

    fosse uma poderosa força motriz quer para os homens

    quer para as mulheres. Em acentuado contraste com tais

    atitudes verificamos em meio aos Mundugumor que

    homens e mulheres se desenvolviam como indivíduos impla-

      67

  • 8/17/2019 AULA 16 - Margaret Mead - Sexo e Temperamento

    8/12

    cáveis, agressivos e positivamente sexuados, com um

    m ~ i m o de aspectos carinhosos e maternais em sua

    peno-

    nahdade. Homens e mulheres aproximavam-se bastante

    um tipo de personalidade que, em nossa cultura. s6

    mamos encontrar num homem indisciplinado e extrema

    mente violento. Nem s Arapesh nem os Mundugumor

    tiram proveito

    de um

    contraste entre os sexos· o ideal

    Arapesh

    é .o

    homem dócil e suscetível, casado

    ~ o m uma

    mulher dócil e

    su

    scetível; o ideal

    Mundugumor

    é o homem

    v ~ o l e n t o e agressivo, casado com

    uma

    mulher também

    VIOlenta e agressiva. Na terceira tribo,

    os

    TcbambuJi,

    deparamos verdadeira inversão

    das

    atitudes sexuais de

    nossa própria cultura, sendo a mulher o parceiro dirigente

    dominador e impessoal, e o homem a pessoa menos r e s p o n ~

    sável e emocionalmente dependente. Estas t r ~ s situações

    sugerem, portanto, uma conclusão muito definida. Se

    aquelas atitudes temperamentais que tradicionalmente

    reputamos. f e m . i ~ n a s - tais

    como

    passividade, suscetibili·

    d a ~ e e d t s p o s r ç ~ o

    de

    acalentar crianças - podem tão

    facilmente

    ~ e r

    eng1das como padrão masculino

    numa

    tribo

    e

    na

    outra ser prescritas para a maioria das mulheres

    a s s i ~

    como para a maioria dos homens,

    não

    nos resta ;.,ais a

    menor _base para con9iderar tais aspectos

    de

    comportamento

    como ligados ao sexo. E esta conclusão torna-se ainda mais

    forte q u a ~ d o observamos a verdadeira inversão, entre os

    TcbambuJ1, da posição de dominância dos dois sexos a

    despeito da existência de instituições patrilineares f o r m ~ i s .

    O ma erial sugere a possibiJidade de afirmar que

    muttos, senao todos, traços de personalidade que chamamos

    masculinos'

    ou

    femininos apresentam-se ligeiramente

    vmculados ao sexo quanto às vestimentas, às maneiras e à

    forma do penteado que

    uma

    sociedade, em determinados

    períodos, atribui a um ou a

    outro

    sexo. Quando ponderamos

    o comportamento

    do

    típico homem ou mulher Arapesh

    em contraste com o

    do

    típico

    homem ou

    mulher

    Mundu:

    gumor, .evidência é esmagadoramente a favor da força

    de cond1c1onamento social. De nenhum outro

    modo po·

    demos dar.

    conta

    da uniformidade quase completa com

    q u ~ c n n ç ~ s Arapesh se tramformam em pessoas

    sattsfettas, pass

    1vas,

    seguras, enquanto que as crianças

    ~ u n d u g u m o r se convertem caracteristicamente

    em

    pessoas

    vrolentas, agressivas e inseguras. Só ao impacto

    do

    todo

    da cultura. ín.tegrada sobr.e a criança em crescimento po

    demos

    atnbuu

    a formaçao

    do

    s tipos contrastantes. Não

    há o ~ t r a explicação raça, dieta

    ou

    seleção que possamos

    aduztr para esclarece-la. Somos forçados a concluir

    que

    a natureza humana é quase incnvelmente maleável, res·

    ponàendo acurada e diferentemente a condições culturais

    contrastantes. As diferenças entre indivíduos que são mem-

      68

    bros

    de

    diferentes culturas. a exemplo das diferenças entre

    indivíduos dentro

    da

    mesma cultura, devem ser atribuídas

    quase inteiramente às diferenças

    de

    condicionamento, em

    particular durante a primeira infância, .e a forma deste

    condicionamento é culturalmente determtnada. s padro

    nizadas diferenças de personalidade entre

    os

    sexos são

    desta ordem, criações culturais às quais cada geração,

    masculina e feminina, é treinada a conformar-se. Persiste

    entretanto o problema

    da

    origem dessas diferenças social·

    mente padronizadas.

    Conquanto a importãn_cia básica do c o n ~ i c i o n a m e n ~ o

    social ainda seja imperfeitamente reconhec1da - nao

    apenas

    no

    pensamento leigo, ~ até pelo c i e n ~ i s t a

    _espe

    cificamente preocupado

    com

    t a ~ s assuntos - 1r

    alef

    c

    considerar a possível influência de avariações

    no

    eqUipa

    mento hereditário é empresa arriscada. As páginas se

    guintes

    hão

    de oferecer

    um

    significado muito d i f e r e n ~

    para quem tenha integrado em seu pensar o r e c ~ n ~ e c l

    mento

    do

    admirável mecanismo conjunto

    do

    condiCiona

    mento cultural - quem realmente haja acolhido o fato

    de que seria possível desenvolver a mesma criança como

    pleno participe em qualquer dessas três culturas - e outro

    para quem ainda acredite que as minúcias

    do

    c o ~ p o ~ -

    mento cultural são transportadas no plasma germtnatlvo

    individual. Se se disser, portanto, que, embora tenhamos

    captado a significação total

    da

    maleabilidade do o r ~ n í s m o

    humano e a importância preponderante do condiCIOna

    mento cuJtural, ainda restam outros problemas a solver,

    cumpre lembrar que esses problemas se seguem a tal com

    preensão

    da

    força

    do

    condicionamento;

    não

    podem pre

    c e d ~ J a . · As forças que levam as crianças nascidas entre

    os

    Arapesh a se desenvolverem em personalidades Arapesh

    típicas são inteiramente sociais, e qualquer discussão das

    variações ocorrentes deve ser visualizada contra este subs

    trato social.

    Com esta advertência em mente, podemos formu1ar

    mais uma pergunta. Admitindo-se a maleabilidade da

    natureza humana, por que mo tivo surgem as diferenças

    entre as personalidades padronizadas

    que

    as diferentes

    culturas decretam

    para

    todos

    os

    seus membros,

    ou

    que uma

    cultura decreta para os membros

    de

    um sexo em contraste

    com

    os do

    sexo oposto? Se tais diferenças são cultural

    mente criadas, porquanto_ este m a l e ~ i a l

    p o d e ~ i a

    s u g ~ r i r

    muito fortemente

    que

    o sao, se a cnança

    r e c e m n a s c ~ d a

    é moldável com igual facilidade

    num

    Arapesh não-agress1vo

    ou num

    agressivo Mundugumor, por que

    então

    ocorrem

    em

    gerill esses contrastes impressionantes? Se as chaves

    das diferentes personalidades

    d ~ t e r m i n d ~ para

    os h o ~ e ~ s

    e mulheres, ·entre os Tchambuh

    o restdem

    na

    const1tu1-

      69

  • 8/17/2019 AULA 16 - Margaret Mead - Sexo e Temperamento

    9/12

    ção física dos dois sexos - uma posição que nos incumbe

    rejeitar

    se

    ja no caso dos Tchambuli seja no

    de

    nossa

    pr

    ópria

    soc

    iedade -

    on de

    havemos de acha r as chaves em que os

    Tchambuli, os Arapesh e os Mundugumor se r a m

    As culturas são feitas

    pel

    o homem, são construídas de

    materiais humanos; não estruturas

    di

    versa

    s

    porém compa·

    veis

    dentro das quais os seres humanos podem atingir

    plena estatura humana. Sobre o quê construíram eles as

    suas i v e r ~ i

    Reconhecemos que uma cultura homogênea empe·

    nhada, desde as suas instituições mais graves aos costumes

    mais fr ágeis, em um rumo cooperativo, não-agressivo , pode

    inclinar ca

    da

    criança a essa ênfase, algumas a um

    pe

    rfeito

    cordo com el a, a maioria a uma fácil aceitaçã

    o.

    enquanto

    ó alguns poucos desajustados deixam de receber o carimbo

    ultural. Considerar que certos traços co

    mo

    agressividade

    u passividade estão l

    ig

    ados ao sexo não é possível

    à

    luz

    os fato

    s.

    Terão semelhantes traços - como agressivida

    de

    u passividade. orgulho ou humildade, ohjetividade ou

    preocupação com rel ações pessoais resposta fácil às neces

    idades do jovem e do fraco ou hostilidade em face destes,

    endência a ín

    ióa

    r relações sexuais ou, apenas, a responder

    aos ditames de

    um

    a situação ou iniciativas de out ra pessoa

    terão estes traços al guma base no temperamen to em

    eral? Serão eles p o t e n l i d a d de todos os tem

    erame nt

    os

    humanos, que podem ser desenvolvidos por

    iferentes espécies de condicionamento social e que não

    p

    arecerão na falta do nece

    ss

    ário condicion

    am

    ento?

    Qu

    ando propomos essa pergunta, deslocamo s nossa

    Se indagarmos

    por

    que um homem

    ou

    uma mulher

    Ara

    pesh denotam o tipo de

    pe

    rson alidade que consideramos

    na primeira parte deste livro. a resposta será: Por causa

    j cultura Arapesh, por ca

    us

    a da forma intricada, elabo

    ·ada e infalível pela qual uma cultura é capaz

    de

    moldar

    :ada recém-nascido

    à

    imagem cultural. E se fizermos a

    11

    es

    ma pergunta acerca de um home m ou mulher Mundu

    ~ u m o

    ou a re speito

    de

    um homem Tchambuli comparado

    a uma mulher Tchambuli a réplica erá do mesmo gênero.

    ::

    l

    es

    ostentam as personalidades peculiares às culturas em

    j Ue

    nasceram e foram ed ucados. Nossa atenção se con

    :en trou nas di fe renças entre homens e mulheres Arapesh

    :orno um grupo, e homens e mulheres Mundugumor como

    am grupo. f. como se houvéssemos representado a pcrso

    •alidade Arapesh po um amarelo-cl aro a Mundugumor

    •or um vermelh

    o-

    escuro enqua nto a personalidade fem ini na

    rchambuli fosse laranja-escuro e a do homem Tchambuli

    ·erde-pálido. Mas se inquirirmos de onde proveio a orienta

    :ão original em cad a cultura, de modo que uma se mostre

    agor

    a amarela, outra vermelha, a tercei

    ra

    laranja e verde

    270

    segundo o sexo, cumpre então perscrutá-las mais de perto.

    E debruçando-nos mais próximos do quadro, é como se,

    por trás do brilhante amarelo consistente dos Arapesh e

    do vermelho-escuro outrossim consistente dos

    Mu

    ndugu

    mor atrás do laranja e verde dos Tchambuli, achássemos

    t • •

    em ca

    da

    caso os delic

    ad

    os e apenas d1scermve1S contornos

    de

    todo o espectro, diferentemente revestido

    em

    cada

    c a s ~

    pelo tom uniforme que o Esse espectro é a amph·

    tude de diferenças indivi

    dua

    is que se encontram atrás dos

    acentos culturais mais conspícuos, e é ai que devemos

    procurar a explicação da inspiração cultural,

    da

    fonte

    onde se

    ab

    eberou c

    ada

    cultura .

    Parece haver igual amplitude de variação tempera

    mental bás

    ic

    a entre os Arapesh e os Mundugumor, embora

    o homem violento seja um desajustado

    na

    primeira socie

    dade e um líder na segund.a. Se a natureza humana fosse

    matéria-pfima totalmente   carente de

    ~ ~

    específicos e caracterizada

    por

    diferenças constltU

    CI

    Onats

    irrelevantes entre os indivíduos, então aqueles que apre

    sentam traços

    de

    personali

    da

    de tão

    an

    titéticos à

    pre

    ss

    ão

    social não deveriam reaparecer em sociedades com ênfases

    tão dive rsas.

    Se

    as variações entre ind ivíduos fossem atri·

    buíveis a acidentes no processo genético, os mesmos aci

    dentes não se repetiriam

    com

    freqüência análoga em

    culturas tão ac

    en

    tuadamente diferent

    es

    com métodos de

    educ

    ação

    fortemente c

    on

    trastantes.

    Mas, pelo fato dessa mesma distribuição rela,tiva de

    di

    ferenças i

    nd

    ividuais aparecer em cultura apos cu

    l

    tura, malgra

    do

    a divergência e ~ t r as culturas, .Pa

    rece apropriado ofe recer uma hapótese para exphcar

    sobre que bases as personalidades de homens e

    foram diversamente padronizadas com tanta frequenc1a

    na história

    da

    raça humana. E

    sta

    hipótese é uma extensão

    daq

    uela aventada

    por

    Ruth Benedict em seu attems o

    Culture Suponhamos que existam e n ç ~ t e ~ p e a m _ e n -

    tais definidas entre se res humanos que, se nao sao mtetra

    mente hereditárias, pelo menos são estabelecidas numa

    base hereditária logo

    apó

    s o nascimento. (Mais do que

    isso, não podemos no momento aprofundar o ass unto. )

    Estas diferenças, finalmente inco

    rpo

    radas à estrut

    ura

    de

    caráter dos adultos, constituem, então, as chaves a partir

    das quais a cultura atua, selecionando como desejável um

    temperamento,

    ou

    uma combinação de tipos c o n g r ~ e n t e s

    e relacionados, e incorporando esta escolha a cada f

    1o

    da

    tessitur a · social - ao cuidar das crianças

    pe

    quenas, aos

    jogos que as crianças praticam, às

    sicas que as pessoas

    cantam, à

    es

    tru

    tu

    ra

    da

    organização política, às práticas

    religiosas,

    à

    arte e

    à

    filosofia.

    271

  • 8/17/2019 AULA 16 - Margaret Mead - Sexo e Temperamento

    10/12

    ção física dos dois sexos   uma p o ~ i ç ã o que nos incumbe

    rejeitar seja no caso dos Tchambuli seja no de nossa própria

    sociedade - onde havemos de achar as chaves em que os

    Tchambuli, os Arapesh e os Mundugumor se

    b a ~ e a r a m ?

    As culturas são feita.s pelo homem,

    são

    construídas de

    materiais humanos; não estruturas diversas, porém compa

    ráveis. dentro das quais os seres humanos podem atingir

    plena estatura humana. Sobre o quê construíram eles as

    suas divenidades?

    Reconhecemos que uma cultura homogênea empe

    nhada, desde as suas instituições mais graves aos costumes

    mais frágeis, em um rumo cooperativo, não-agressivo, pode

    inclinar cada criança a essa ênfase, algumas a um perfeito

    acordo com ela, a maioria a uma fácil aceitação, enquanto

    alguns poucos desajustados deixam de receber o carimbo

    cultural. Considerar que certos r a ç o ~ como agressividade

    ou passividade estão ligados ao

    se

    xo não

    é

    .possível à luz

    dos fatos.

    Terão

    semelhantes traços - como agressividade

    ou passividade, orgulho ou humildade, objetividade ou

    preocupação com relações pes::;oais, resposta fácil neces

    sidades do jovem e do fraco ou hostilidade em face destes,

    tendência a iniciar relações sexuais ou, apenas, a r e ~ p o n d e r

    aos ditames de uma situação ou iniciativas de outra pessoa

    - terão estes traços alguma base no temperamento em

    geral? Serão eles potencialidades de todos os tem

    p e r a m e n t o humanos, que podem ser desenvolvidos por

    diferentes espécies de condicionamento social e que não

    aparecerão

    na

    falta

    do

    necessário condicionamento?

    Quando propomos essa pergunta, deslocamos nossa

    êJtfase. Se indagarmos por que um homem ou uma mulher

    Arapcsh denotam o tipo de personalidade que consideramos

    na primeira parte deste livro, a resposta será: Por causa

    da cultura Arapesh, por causa da forma intricada, elabo

    rada e infalível pela qual uma cultura é capaz de moldar

    cada recém-nascido à imagem cultural. E se fizermos a

    mesma pergunta acc.:rca de um homem ou mulher Mundu

    gumor, ou a respeito

    de

    um homem Tchambuli comparado

    a uma mulher Tchambuli, a réplica será do

    m e ~ m o

    gênero.

    Eles

    ostentam

    as

    personalidades peculiares

    às

    culturas em

    que nasceram e foram educados. Nossa atenção se con

    centrou nas diferenças entre homens e mulheres Arapesh

    como um grupo, e homens e mulheres Muodugumor como

    um grupo. t como se houvéssemos representado a perso

    nalidade Arapesh por um amarelo-claro, a Mundugumor

    por um vermelho-esc uro, enquanto a personalidade feminina

    Tchambuli

    fosse

    laranja-escuro e a do homem Tchambulí,

    verde-pálido. Mas se inquirirmos de onde proveio a orienta

    ção original em cada cultura, de modo que uma se mostre

    agora amarela, outra vermelha, a terceira laranja e verde

    27

    segundo o sexo, cumpre então perscrutá-las mais de perto.

    E debruçando-nos mais pr6ximos do quadro, é como se,

    por trás do brilhante amarelo consistente dos Arapesh e

    do vermelho-escuro outrossim consistente dos Mundugu

    mor atrás do laranja e verde dos Tchambuli, achássemos

    em

    caso os delicados e apenas discerníveis contornos

    de

    todo o espectro, diferentemente revestido

    em

    ,cada

    c ~

    pelo

    tom

    uniforme q u ~ ?_bre. Esse espectro e a amph·

    tude de diferenças md1V1duaas que

    se

    encontram atrás dos

    acentos culturais mais conspícuos, e é aí que devemos

    procurar a explicação

    da

    inspiração cultural, da fonte

    onde

    se

    abeberou cada cultura.

    Parece haver igual amplitude de variação tempera

    mental básica entre os Arapesh e os Mundugumor, embora

    o homem violento seja um desajustado na primeira socie

    dade e um líder na segunda. Se a natureza humana fosse

    matéria-pr ima totalmente

    h o m o g ê ~ e a

    carente de

    i m ~ u l s ~

    espeCíficos e caracterizada por diferenças conshtUCIOnals

    irrelevantes entre os indivíduos, então aqueles que apre

    sentam traços de personalidade tão a.ntitéticos à J?ressão

    social não deveriam reaparecer

    em

    soc1edades com e n f a ~ s

    tão diversas. Se as variações entre indivíduos fossem atn

    buíveis a acidentes no processo genético, os mesmos aci

    dentes não

    se

    repetiriam

    com

    freqüência análoga em

    culturas tão acentuadamente diferentes, com métodos de

    educação fortemente contrastantes.

    Mas, pelo fato dessa mesma distribuição relativa de

    diferenças individuais aparecer

    em

    cultura após cul

    tura, malgrado a divergência en.tre as culturas, .Pa

    rece apropriado oferecer uma hipÓtese para explicar

    sobre que bases as personalidades de homens e

    m ~ ~ e ~ s

    foram diversamente padronizadas

    .com

    t ~ t a frequen': a

    na história da raça humana.

    sta

    hlp6tese e uma extensao

    daquela aventada

    por Ruth Benedict

    em

    seu

    Patttrns o

    Culture Suponhamos que existam d i f e r e n ç ~ t e ~ p e ~ a m

    tais definidas entre seres humanos que, se nao sao mtetra

    mente hereditárias, pelo menos são estabelecidas numa

    base hereditária logo após o nascimento. (Mais do que

    isso, não podemos no momento a p r o f u n d ~ r o assunto.)

    Estas diferenças, finalmente incorporadas a estrutura

    caráter dos adultos, constituem, então, as chaves a part1r

    das quais a cultura atua, selecionando como desejável um

    temperamento,

    ou uma

    combinação

    de

    tipos c o n g r ~ e n t e s

    e relacio.nados, e incorporando esta e_scolha a

    cada f o

    da

    tessitura social - ao

    cuidar

    das cnanças pequenas, aos

    jogos que as crianças praticam,

    às

    músicas que as pessoas

    cantam, à estrutura da organização política, às práticas

    religiosas,

    à

    arte e

    à

    fÍlosofia.

    271

  • 8/17/2019 AULA 16 - Margaret Mead - Sexo e Temperamento

    11/12

    Algumas soçiedades primitivas tiveram tempo e robus

    tez para reparar todas as suas instituições, de modo

    a

    ajustá.·

    -las um tipo extremo, e desenvolver técnicas

    educ -

    cionais, as quais hão de assegurar que

    a

    maioria de cada

    geração apresentará uma personalidade congruente com

    esta ênfase extrema. Outras sociedades trilhavam um ca·

    minho menos definido, selecionando seus modelos

    não

    dos

    indivíduos mais extremos, mais altamenle diferenciados.

    porém dos tipos menos acentuados. Em tais sociedades, a

    personalidade aprovada

    é

    menos pronunciada e a cultura

    contém amiúde os tipos de inconsistências que muitos seres

    humanos também exibem; uma instituição pode a j u s t a r ~

    aos usos do orgulho,

    outra

    a uma humildade casual que

    não é congruente nem com o orgulho, nem com o orgulho

    invertido. Tais sociedades, que adotaram

    como

    modelos os

    tipos mais comuns e menos agudamente definidos, muitas

    vezes revelam também uma estrutura social padronilada

    de modo menos definido. A cultura de tais sociedades é

    comparável a uma casa cuja decoração não foi composta

    por um gosto preciso e definido, por uma ênfase exclusiva

    na dignidade ou conforto, na pretensão ou beleza, mas

    onde foi incluído um pouco de cada efeito.

    Alternativamente, uma cultura pade obter suas chaves,

    não de ·um temperamento, porém de vários. Mas, em

    vez de misturar numa mixórdia inconsistente as escolhas

    e ~ e s de diferentes temperamentos,

    ou

    combiná-las num

    todo polido mas não particularmente diferenciado, pode

    isolar cada tipo, convertendo-o na base

    da

    personalidade

    social aprovada para um grupo de idade, de sexo, de casta

    ou de ocupação. Dessa forma, a sociedade torna-se não

    um tom uniforme com algumas manchas discrepantes de

    uma cor intrusa, porém um

    mo

    saico,

    com

    grupos diferentes

    apresentando diferentes traços de personalidade. Especia·

    lizações como estas podem fundamentar-se em qualquer

    faceta dos dotes humanos - diferentes habilidades intelec

    tuais, diferentes capacidades artísticas. traços emocionais

    diversos. Assim, os samoanos determinam que todos os

    jovens devem apresentar como traço de personalidade a

    ausência de agressividade e punem com opróbrio a criança

    agressiva que apresenta traços comiderados apropriados

    somente em homens nobres de meia-idade. Nas sociedades

    baseadas em idéias elaboradas de hierarquia, os membros

    da aristocracia serão autorizados, compelidos mesmo, a

    demonstrar orgulho, sen

    si

    bilidade a insultos, que seriam

    condenados como impróprios em membros das classes

    plebéias. Assim também, em grupos profissionais, ou em

    seitas religiosas, alguns traços tcmperamentais são selecio

    nados e institucionalizados, e ensinados a cada novo mem·

    bro que ingressa

    na

    profiss

    ão ou

    seita.

    a

    mesma forma,

    272

    o médico aprende o modo de tratar que é o comporta·

    mento natural de alguns temperamentos e o comportamento

    -padrão do clinico geral

    na

    profissão médica; o Quacre

    aprende, pelo menos. o comportamento exter

    io

    r e os rudi·

    mentos da meditação, a capacidade que não é, necessaria·

    mente, característica inata de muitos dos membros da

    Society

    of

    Friendsl.

    O mesmo acontece com as personalidades sociais dos

    dois sexos. Os traços que ocorrem em alguns membros

    de cada sexo são especialmente consignados a um sexo e

    denegados a outro. A história da definição

    ~ o c i ~

    das

    diferenças de sexo está cheia de tais arranjos arbttrános no

    campo intelectual e artístico. · mas, em virtude da suposta

    congruência entre sexo fisiológico e dotação e m o c . i o ~ a l .

    temos

    si

    do menos capazes de reconhecer que uma strntlar

    seleção arbitrária é feita também entre os ~ r a ç o s em_ocio

    nais. Admitimos que. por convir a uma mae o deseJO de

    cuidar de sua criança, se trata de um traço com que as

    mulheres foram mais prodigamente dotadas por um cui

    dadoso processo teleológico de evolução. Admitimos que,

    pelo fato de os homens caçarem, uma atividade que requer

    arrojo, bravura e iniciativa, foram dotados com estas

    proveitosas atitudes corno parte de seu temperamento de

    sexo.

    As sociedades fizeram estas suposições quer aberta

    quer imphcitamente. Se

    uma

    sociedade insiste em que

    a

    guerra é a ocupação mais importante para o sexo mascuh·

    no

    estará por conseguinte insistindo em que todos os

    m ~ n i n o s demonstrem bravura e belicosidade. Mesmo que

    a acentuação da bravura diferencial de homens e mulheres

    não venha a articular-se, a diferença em ocupação. torna

    implícito este ponto. Quando, entretanto, soctedade

    vai adiante e define os homens como coraJOSos e as mu·

    lheres como medrosas, quando aqueles são proibidos

    mostrar medo e a estas se perdoa a demonst ação ~ a • s

    flagrante de medo, introduz-se um elemento ma1s

    ~ x p h c 1 t o .

    Coragem, ódio a qualquer fraqueza. ao recuo d1ante da

    dor

    ou

    do

    perigo - esta atitude, que e um componente

    tão forte de alguns temperamentos humanos foi escolhida

    como chave do comportamento masculino. A franca de

    monstração do medo ou do sofrimento, que é congenial a

    um temperamento diferente, foi convertida em chave do

    comportamento feminino.

    Originalmente duas variações do temperamento hu-

    mano, um ódio ao medo ou desejo de exibi-lo, viram-se

    socialmente traduzidas em aspectos inalienáveis das perso-

      I )

    Socicdalk

    de

    Amiaos,

    orlkm

    dos Quacrcs.

    273

  • 8/17/2019 AULA 16 - Margaret Mead - Sexo e Temperamento

    12/12

    nalidades dos dois sexos. E nessa definida personalidade

    do sexo toda criança será educada, se for menino, para

    suprimir o medo, se for menina, para demonstrá-lo.

    Se

    não houver uma seleção social com respeito a este traço,

    o temperamento altivo, que é avesso a qualquer frouxidão

    de sentimentos, manifestar-se-á, independentemente do

    sexo, pela dureza do queixo. Sem uma taxativa proibição

    de tal comportamento, o homem ou a mulher francos e

    expressivos hão de chorar ou comentar o medo e o sofri·

    mento.

    Tai

    s atitudes, fortemente marcadas

    em

    cc los tem

    peramentos, podem por seleção social ser padronizadas ou

    proibidas

    para

    todos, ignoradas pela sociedade, ou conver

    tidas

    no

    comportamento aprovado e exclusivo de um

    único sexo.

    Nem os Arapesh, nem os Mundugumor estabeleceram

    qualquer atiwde específica

    para

    o sexo. Todas as energias

    da culrura foram dirigidas para a criação de um único

    tipo humano, independente de classe, idade

    ou

    sexo. Não

    há divisões entre classes etárias em

    rel

    ação às quais se

    considerem adequados motivos e atitud

    es

    morais diferentes.

    Não há cla

    ss

    e de videntes ou profetas que permaneçam

    à

    parte, bebendo inspiração em fontes psicológicas inacessíveis

    à

    maioria das pessoas. Os Mundugum

    or

    fizeram,

    é

    verdade,

    uma seleção arbitrária. quando reconheceram habilidade

    artística apenas em indivíduos nascidos com o cordão um

    bilical em volta do pescoço, c negaram firmemente o feliz

    exercício

    da

    h

    ab

    ilidade artística aos nascidos de maneira

    menos inco

    mum

    . O menino Arapesh com infecção de sarna

    foi socia lmente selecionado para tornar-se um indivíduo

    descontente e anti-social, e a sociedade fo rça crianças

    alegres e cooperativas, amaldiçoadas com essa doença, a

    se aproximarem por fim do comportamento próprio de

    um pária. Com estas duas exceções, nenhum papel emo

    cíonal

    é

    imposto ao indivíduo em razão de nascimento ou

    de acaso. Assim como não há entre eles idéia de grau que

    declare alguns de posição social elevada e outros baixa,

    tampouco há idéia de diferença sexífera que proclame a

    neces

    si

    dade de um sexo sentir diversamente do outro. Uma

    possível construçã

    o2

    social imaginativa, a atribuição de

    diferentes personalidades a diferentes membros da comuni

    dade class ificados em grupos de casta, sexo e idade, não

    ex

    iste.

    Entretanto, quando nos voltamos para os Tchambuli,

    encontramos uma situação que, conquanto bizarra em um

    aspecto, parece, não obstante, mais compreensível em

    ouno. Os Tchambuli, ao menos, levaram

    em

    consideração

    1)

    No

    sentido de construcr mental.

    74

    as diferenças de sexo : usaram o fato óbvio do sexo como

    um ponto de organização pa ra a formação da personalidade

    rocial, mesmo que nos pareça terem invertido o quadro

    normal. Embora ha ja motivo para acreditar que nem

    toda mulher Tchambuli nasce com um temperamento

    ~ o m i n a d o r organizador e administrativo, ativamente

    se-

    xuada e disposta a tomar a iniciativa nas relações sexuai

    s

    possessiva, determinada, prática e impessoal em suas pers·

    pectivas, ainda assim a maioria das meninas Tchambuli

    cresce

    com

    estes traço

    s.

    E, embora existam provas defini

    tivas a demonstrar que os homens Tchambuli

    não

    são, por

    dotes inatos, os atores delicados e responsáveis de uma

    peça encenada

    em

    benefí

    cio

    das mulheres, ainda assim a

    maioria dos meninos Tchambuli manifesta no mais das

    vezes essa personalidade vaidosa de ator. Visto que a

    formulação Tchambuli de atitudes de sexo contradiz nossas

    premissas comuns, podemos ver claramente que a sua cu - .

    tura atribuiu arbitrariamente certos traços humanos às

    mulheres e imputou outro

    s

    da mesma forma arbitrá ria,

    aos homens.

    Se aceitarmos. então, essa evidência tirada dessas

    sociedades simples que, através

    de

    séculos de isolamento

    da corrente principal da história humana, conseguiram de

    senvolver culturas mais extremas e surpreendentes do que

    é possível sob condições históricas de grande intercomu

    nicação entre povos e a resultante heterogeneidade, quais

    são as implicações desses resultados? Que conclusões

    podemos extrair

    de

    um estudo da· forma pela qual uma

    cultura seleciona alguns traços da extensa gama de dotes

    humanos e especializa esses traços ou para um sexo, ou

    para toda a comunidade? Que importância tem esses

    re

    sultados para o pensamento soc ial? Antes de cons

    ide-

    rarmos esta questão, será

    ne

    cessário discutir mais porme·

    norizadamente a posição do desajustado. o indivíduo cuja

    disposição inata

    é

    tão estranha

    à

    personalidade social

    ex igida por sua cultura para sua idade, sexo, ou casta, que

    jamais conseguirá usar perfeitamente a vestimenta de per

    sonalidade que sua sociedade lhe confeccionou.

    75