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UNIVERSIDADE ANHANGUERA – UNIDERP CURSO DE ADMINISTRAÇÃO DISCIPLINA CIÊNCIAS SOCIAIS TUTORA PRESENCIAL Prof. TUTOR DO EAD: ATPS CIENCIAS SOCIAIS

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UNIVERSIDADE ANHANGUERA – UNIDERP

CURSO DE ADMINISTRAÇÃO

DISCIPLINA CIÊNCIAS SOCIAIS

TUTORA PRESENCIAL Prof.

TUTOR DO EAD:

ATPS CIENCIAS SOCIAIS

CAXIAS/MA,

NOVEMBRO/2013.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO....................................................................................................................... 03

RELATORIO PARCIAL....................................................................................................03

SIGUINIFICADO DE CULTURA ...............................................................................04

A CLASSE OPERARIA VAI AO TRABALHO ...................................................................05

FOTOS DE NOSSA REALIDADE..............................................................................11

REFERÊNCIAS........................................................................................................................14

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INTRODUÇÃO

É o estudo das origens, do desenvolvimento, da organização e do funcionamento das

sociedades e culturas humanas. O cientista social estuda os fenômenos, as estruturas e as

relações que caracterizam as organizações sociais e culturais. Ele analisa os movimentos e os

conflitos populacionais, a construção de identidades e a formação das opiniões. Pesquisa

costumes e hábitos e investiga as relações entre indivíduos, famílias, grupos e instituições.

Desenvolve e utiliza um conjunto variado de técnicas e métodos de pesquisa para o estudo das

coletividades humanas e interpreta os problemas da sociedade, da política e da cultura.

O mercado tem aberto oportunidades para o cientista social, seja ele bacharel, seja

ele licenciado. O bacharel encontra vagas especialmente no setor público, fazendo por

exemplo o diagnóstico do impacto de grandes obras sobre determinada comunidade. Cresce

também a procura por profissionais com domínio de técnicas de pesquisa quantitativa e

qualitativa, que atendem a demandas de institutos de pesquisa. Os licenciados encontram um

bom mercado nas escolas de todo o país.

RELATÓRIO PRACIAL

O INDIVÍDUO, A CULTURA E A SOCIEDADE

  Ralph LintonPor ora é suficiente definir cultura como a maneira de viver de uma

sociedade. Esta maneira de viver compreende inúmeros pormenores referentes ao

comportamento, mas entre eles há sempre fatores em comum. Representam todos a atitude

normal e previsível de qualquer dos membros da sociedade diante de uma dada situação. Em

conseqüência, apesar do número infinito de pequenas variantes que podem ser encontradas na

atitude de alguns indivíduos, ou mesmo nas atitudes de um mesmo indivíduo em momentos

diferentes, verificar-se-á que a maior parte das pessoas, em uma sociedade, reagirá geralmente

da mesma forma a uma situação dada. Por exemplo: na nossa sociedade, quase toda gente se

alimenta três vezes por dia e toma uma dessas refeições aproximadamente ao meio-dia. Além

disso, aqueles que não seguem esta rotina são considerados esquisitos.

Tal consenso sobre a conduta e a opinião constitui um padrão cultural; a cultura,

como um todo, é um conjunto mais ou menos organizado de tais padrões. A cultura, como um

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todo, proporciona aos membros de uma sociedade um guia indispensável em todos os campos

da vida. Sem ela, tanto a sociedade como seus membros estariam impossibilitados de

funcionar eficientemente. O fato de a maioria dos membros da sociedade reagir a uma dada

situação de determinada forma capacita qualquer um a prever o comportamento, com um alto

grau de probabilidade, se bem que jamais com absoluta certeza. Essa previsão é um pré-

requisito em todo tipo de vida social organizada. Se o indivíduo vai trabalhar para outros,

precisa estar seguro de ser recompensado. A existência dos padrões culturais lhe proporciona

essa segurança, com seu fundamento na aprovação social e no poder consequente pressão

social sobre aqueles que não se lhes amoldam. Além disso, através de longa experiência e, em

grande parte, pelo emprego do método de tentativa

O SIGNIFICADO DA CULTURA

Ao falar da significação da cultura, não me reportarei ao conceito dado pelo senso

comum, o qual dirá que "cultura é tudo o que é produzido pelo homem que o difere dos

animais". Este conceito não deixa de ser uma verdade, mas para compreendermos o

significado da cultura precisamos ir além. Para os autores Clifford Geertz e Michel de

Certeau, cultura denota um padrão de significados incorporados aos símbolos e

historicamente transmitidos. Expressões de forma simbólicas por meio dos quais os homens

se comunicam, perpetuam e desenvolvem seus conhecimentos e suas atitudes em relação a

vida. A cultura assim entendida, não diz respeito só aos cultos, costumes e a produção

humana, mas a uma estrutura de significados através das quais os homens dão forma à suas

experiências. O termo significado, em todas as suas variantes, esta intimamente ligada ao

conceito filosófico dominante da época na qual a definição de cultura esta sendo empregado.

O significado torna-se intelectualmente razoável porque demonstra representar um tipo de

vida idealmente adaptado ao estado de coisas atual que a visão de mundo descreve, enquanto

esta visão de mundo torna-se emocionalmente convincente por ser apresentada como imagem

de um estado de coisas verdadeiro, especialmente bem arrumado para acomodar tal tipo de

vida. Para que essa acomodação ocorra de maneira eficaz na sociedade é necessário que seus

agentes introduzam suas próprias representações simbólicas.

Os símbolos assim como a cultura, possuem uma gama de significados, por vezes o

mesmo símbolo representa várias coisas ao mesmo tempo - para alguns ele é usado para

qualquer outra coisa que significa outra coisa alguém -. A concepção assim, é o próprio

significado dos símbolos, que possuem formulações tangíveis de noções, abstrações da

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experiência fixadas em formas perceptíveis, incorporações concretas de idéias, atitudes,

julgamentos, saudades ou crenças. No que concerne ao sistema complexo de símbolos, o traço

marcante é que eles representam fontes extrínsecas de informações e, como tal, eles estão fora

dos limites do organismo do indivíduo e se estabelecem em um mundo intersubjetivo de

compressões comuns, no qual nascem todos os indivíduos modelados por um comportamento

público. Devido a extrema generalidade, disseminação e variedade da capacidade de respostas

inatas do homem, ele se torna incompleto e por si só não se estabelece. Necessita assim, criar

estruturas e padrões culturais que modelem seu comportamento orgânico em sociedade. Dessa

maneira, o homem pode adaptar-se a qualquer coisa que sua imaginação possa enfrentar, só

não pode enfrentar o caos.

A existência da dor, a perplexidade e o paradoxo moral são coisas que causam

sofrimento e impulsionam os homens para a crença em deuses ou demônios, que possam os

tirar desse estado de angustia. Mas essa não é a base onde repousam tais crenças, e sim seu

campo de aplicação mais importante, o campo das manifestações simbólicas, dos significados.

É desse "casamento" que resulta a força da religião - entre a incompletude do homem e os

padrões culturais de um grupo intelectualmente razoáveis para representar um tipo de vida

idealmente adaptado ao estado de coisas -, é na esfera religiosa que o homem encontra a fonte

da ordem, da harmonia, do equilíbrio, sempre tão ausente e sempre tão desejado em sua vida.

A perspectiva religiosa é uma forma particular de olhar a vida, uma maneira particular de

construir o mundo. A proposição desta perspectiva é sempre "aquele que tiver que saber

precisa primeiro acreditar".

A CLASSE OPERARIA VAI AO PARAISO

        O título deste artigo não contém nenhuma alusão à eleição de Lulla para presidente.

Mesmo porque, em tal eleição, a classe operária brasileira não chegou ao poder, não teve

contemplado nenhum item do seu programa histórico de reivindicações e muito menos

chegou ao paraíso. O título do artigo contém talvez um trocadilho infame, por conta de poder

aludir à recente ida deste escriba-proletário ao bairro paulistano do Paraíso, onde o Centro

Cultural São Paulo projetou um ciclo de filmes italianos (a rigor, bancário não é proletário,

mas conceda-se a licença poética). Dentre os filmes deste ciclo estava “A classe operária vai

ao paraíso”, de Elio Petri, realizado em 1971, o qual será objeto do presente comentário.

O personagem principal do filme, assim como Lulla, também é um Luís, o italiano

Ludovico Massa, apelidado de Lulu. Assim como Lulla, um metalúrgico, e como ele, também

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vítima de um acidente de trabalho, no qual perde um dedo. Mas as semelhanças entre os dois

param por aí. Lulu protagoniza apenas e tão somente um pequeno episódio de luta sindical.

Mas esse episódio vem a ser uma preci fonte de ensinamentos sobre o papel da classe operária

na história universal da luta de classes.

A princípio, Lulu parece ser o menos indicado para protagonizar qualquer episódio de

luta sindical. Ele é o operário-padrão, o que se submete voluntariamente a um ritmo

desumano de produção, na tentativa de ganhar um valor extra no salário referente a uma

premiação por peça. O movimento sindical local está justamente em luta contra esse sistema

de produção por peça, que representa um retrocesso em relação à remuneração por tempo de

trabalho. Mas Lulu ignora a luta. Pior que isso, presta-se a servir de parâmetro para calibrar a

produtividade dos colegas, quando os engenheiros de produção passam a exigir que os demais

produzam tanta peça tempo quanto ele.

Com isso, Lulu atrai a hostilidade de todos, não só dos colegas e dos militantes

sindicais, mas também da mulher com quem vive e até de si mesmo, como veremos. Temos

aqui um exame clínico da condição do operário sob o capitalismo. O operário-padrão, sem

consciência de classe, acredita que o trabalho duro pode lhe dar os meios para melhorar de

vida. Por acreditar nisso, persegue caninamente as metas traçadas pelos patrões. Mas o

dinheiro nunca é o bastante para satisfazer a todas as necessidades. O desgaste físico e mental

impede que o trabalhador obtenha alguma fruição até mesmo dos objetos de consumo aos

quais tem acesso.

De nada serve uma casa mobiliada, de nada serve a televisão, que apenas

apascenta o cérebro, sem alimentá-lo com nada útil. Aliás, se tivesse algum interesse em

cultura, Lulu não teria tempo nem forças para dedicar-se à atividade de apreciar qualquer

forma de arte ou literatura. Nem sequer a satisfação sexual ele consegue devido à devastação

física do trabalho. Ou seja, em todos os sentidos, o trabalhador é um ser mutilado, um homem

pela metade, um rebotalho esmagado e triturado diariamente pela rotina massacrante. Lulu

gira em círculos com sua raiva, frustração, desânimo, sem saber como encontrar a solução

para a existência autodestrutiva em que vive. A solução somente será descoberta ao custo de

muita luta e sofrimento. Trata-se de uma solução que vai além da problemática de um único

indivíduo, mas envolve a totalidade dos seres humanos submetidos ao capitalismo.

Didaticamente, somos apresentados ao longo do filme aos quatro momentos da alienação

descritos na análise clássica de Marx:

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  O homem se aliena dos resultados do seu trabalho, dos objetos sob a forma de

mercadoria, da materialidade circundante em geral. O operário Lulu Massa se encontra em

sua casa cercado de objetos sem utilidade e sem valor, que depois de adquiridos não podem

ser consumidos nem sequer revendidos, que dirigem a sua vida e dos quais não pode sequer

usufruir. O status de vida pequeno-burguesa ambicionado por sua companheira sacrifica até a

convivência no ambiente do lar, tornado infernal por brigas constantes. Na civilização

burguesa é mais importante conservar os objetos do que satisfazer os seres humanos. O

homem se auto-aliena no processo de trabalho. O processo de trabalho não é a realização, mas

a negação do homem. Aqui ele se sente objeto e não sujeito. O homem se torna um apêndice

das máquinas. O operário-modelo Lulu escraviza-se ao ritmo repetitivo das máquinas,

esforçando-se para cumprir cotas de produção e superar os demais operários. Ele haure

motivação inserindo conotação sexual aos seus gestos. Trabalha repetindo para si

mentalmente o refrão: “uma peça, um rabo, uma peça, um rabo, uma peça, um rabo”,

desviando para a atividade de trabalho o desejo sexual por uma colega de trabalho. O trabalho

é uma atividade torturante que não tem significado em si, mas é necessário como meio de

sobrevivência. O homem se desumaniza quando trabalha, pois torna-se máquina, animal de

carga. O trabalho é sua tortura e não sua realização. O trabalhador se sente humano quando

está fora do trabalho e não dentro dele. E no entanto, este “sentir-se humano” é um mero

intervalo escapista no qual não são permitidas outras atividades criativas, nem sequer o sexo,

pois o intervalo se destina apenas a repor as forças do animal-trabalhador para a jornada

seguinte.

O homem se aliena em relação à finalidade do seu trabalho. O resultado do dia de

trabalho de um operário é umas porções de objetos que lhe são estranhas, indiferentes. O

operário é considerado louco porque não consegue ver o sentido humano daquilo que faz o

que torna o seu trabalho desumano. O velho Militina, ex-operário internado no manicômio,

explica a Lulu que a sua loucura foi diagnosticada quando inquiriu da direção da fábrica o

destino daquilo que produziu. Por que produziu parafusos durante a vida inteira? Para onde

iam os parafusos? Qual seria o seu uso? Como continuar trabalhando sem saber o uso a ser

dado ao produto do seu trabalho? Além de instigar essas interrogações no espectador, a visita

de Lulu a Militina proporciona uma coleção de frases de efeito, que são um dos momentos

altos do filme.

Sob o capitalismo, o operário deve se contentar em vender a sua força de

trabalho ao capitalista e adquirir em troca a possibilidade do consumo, sem o direito de

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questionar para que trabalhe e porque deve consumir o que lhe é oferecido. Ele tem um papel

na sociedade, o qual lhe cabe cumprir servilmente. Não lhe é dado opinar, decidir, escolher,

propor nada, visto que a administração da sociedade está totalmente fora de seu alcance,

entregue a um mecanismo distante e impessoal. Lulu não sabe nem sequer quem é o

proprietário da fábrica, a pessoa que dirige o empreendimento. Não há mais um capitalista

empreendedor. Há uma sociedade de pessoas que participam em maior ou menor grau da

propriedade capitalista. Uma sociedade de pessoas que se põem em relação ao dinheiro como

meios para o fim da acumulação. Nessa medida, o capitalista é tão alienado quanto o

trabalhador, embora a alienação tenha diferentes efeitos sobre cada um. Nessa última

dimensão do processo, o trabalhador acaba alienado de si mesmo como homem e dos outros

homens. Para o capital, é indiferente a individualidade das pessoas de que se serve. Lulu

encarna essa mentalidade quando não se interessa sequer pelo nome dos operários a quem dá

treinamento. Só interessam ao capital como fonte de força de trabalho. O homem deixa de ser

sujeito e de ter valor enquanto indivíduo, para ser mero repositório quantitativo de força de

trabalho. O homem se torna estranho para outro homem e para si mesmo.

 Essas quatro formas de alienação, naturalmente, se articulam e se sobrepõem

simultaneamente. Para desvendar alguns desses traços de alienação peculiares à figura

histórica do trabalhador assalariado, Lulu será vítima de um acidente de trabalho. No esforço

de cumprir as cotas, sofre um acidente e perde um dedo, ficando incapacitado de trabalhar no

mesmo ritmo. Sem a possibilidade de vender sua força de trabalho, o trabalhador perde aquilo

que define o seu ser. Mas o aspecto humano do problema nunca é levado em consideração.

O homem não interessa senão como máquina. O capital, interessado em restituir o mesmo

nível de produtividade ao operário mutilado, manda-o ao psicólogo, encarregado de

convencê-lo a voltar para a “normalidade”. O incidente com Lulu é o ponto de partida para

conflitos sindicais que culminam na demissão dele. Na condição de desempregado, Lulu

encara a sua posição de indivíduo deformado pelo capital, vendedor de força de trabalho,

consumidor de mercadorias, incapaz de corresponder à expectativa da família, dos

companheiros de trabalho e do capital simultaneamente. Ele conscientiza-se da própria

alienação, e paulatinamente se integra na atuação sindical, que culmina na sua readmissão ao

emprego. Mas ele não é mais o mesmo operário modelo e não tem mais as mesmas ilusões de

realização dentro do consumismo. Ele aprende que é preciso derrubar um “muro”, metáfora

das condições sociais capitalistas, que separam os indivíduos da sua humanidade. É preciso

superar a alienação. Entretanto, isso é mais fácil de dizer do que fazer. Que o digam os

ativistas que militam na porta da fábrica. Diariamente, um grupo de agitadores, de megafone

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em punho, enfrenta a brutal indiferença dos operários que entram na fábrica sem dar a mínima

para o seu discurso, jogando ao chão os panfletos tão logo os apanham, como uma manada de

seres irracionais.

O filme não deixa de ser também o documento de um momento peculiar da luta de

classes na Itália da década de 1970. Naquele momento viveu-se um importante Ascenso das

lutas sociais no país. Greves e mobilizações foram cruciais para elevar o nível de vida da

classe trabalhadora italiana ao nível de seus vizinhos europeus. Mas a construção desse

movimento não foi fácil, tranqüila, linear ou uniforme. O filme toma partido a favor dos

operários, mas não deixa de apontar as limitações e contradições do movimento. Os ativistas

que militam na porta da fábrica estão divididos em dois grupos. De um lado, os sindicalistas

ligados à tradição da esquerda reformista, que desejam lutas parciais sem confrontação aberta

para obter pequenos avanços à custa de um mínimo de mobilização e muita negociação. De

outro, os militantes estudantis ligados à tradição da esquerda revolucionária que querem

transformar a sociedade como um todo e precisam convencer os operários de que esse é o seu

papel. Sobre um dos lados, pesa a suspeita de oportunismo. Sobre o outro, a de apenas fazer

discursos e não pertencer àquela realidade.

Aliás, os estudantes não pertencem à realidade nenhuma. Nem sequer são

propriamente “estudantes”. Moram na universidade, circulam de uma luta a outra,

fomentando greves, foragidos da polícia. Refugiam-se inclusive na casa de Lulu, o que

precipita o fim do relacionamento com sua companheira. Os revolucionários não tomam o

poder, mas revolucionam a vida de Lulu. Respira-se nesse momento um pouco da atmosfera

dos anos 1960. Naquele grande impulso libertário, tentava-se superar todas as formas de

poder que escravizavam a humanidade: capitalismo, stalinismo, farisaísmo, patriarcado,

machismo, autoritarismo, academicismo, etc. Tentava-se mudar tudo ao mesmo tempo, e para

isso, era aceitável buscar qualquer tipo de caminho. Tudo era permitido e nada era proibido.

Era indiferente inclusive ficar desempregado, como o estudante diz a Lulu. A vida pode ser

vivida de qualquer maneira, não tem que ser obrigatoriamente da maneira determinada pela

sociedade tradicional. Claro que isso expressa muito mais debilidade organizativa do que

viabilidade programática da parte do setor revolucionário do movimento. Esse vago aspecto

libertário é marginal em relação ao peso e opacidade dos vícios da esquerda tradicional,

mesmo aquela organizada em grupos revolucionários. Se o apelo dos revolucionários parece

honesto e sedutor, prova-se também ao final precário e materialmente vago. Entretanto, o

sindicalismo reformista, potencialmente oportunista e pelego, não ficam muito atrás em

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incompetência. Na verdade, os operários ignoram os dois grupos o quanto podem. A

alienação é um sofrimento, mas é um sofrimento com o qual podem conviver e preferem se

conformar. Já a luta emancipatória provoca choques e embates, interiores e exteriores exigem

sacrifícios e escolhas, colocando ao indivíduo a tarefa de posicionar-se. E isso ninguém quer.

O acidente com Lulu o obriga a tomar parte das mobilizações. Por meio de seu caso

individual temos um exemplo dos passos e percalços que atravessam o avanço da consciência

de classe. Todo esse episódio faz com que um operário adquira o conhecimento da força de

sua mobilização individual e coletiva. Mas ao final, tudo volta ao normal, com um pequeno

avanço, e o sonho de derrubar o muro da alienação plantado em mais consciências.

Por meio da greve e da mobilização coletiva os operários realizam o seu aprendizado

político. Percebe o poder da ação coletiva, a importância do debate democrático, a sentimento

da lealdade mútua, a necessidade de organização. Tomam o primeiro passo em direção à

descoberta final, a mais radical de todas, que será a da inutilidade social da classe proprietária

e da possibilidade e necessidade dos trabalhadores governarem suas próprias vidas, através da

emancipação de seu trabalho da regra do capital. Se o filme é um documento da situação

particular da luta de classes na Itália de 1971, serve também como documento das

dificuldades da esquerda em geral de fazer avançar seu programa histórico. A esquerda

reformista e a revolucionária vão disputar o espaço na consciência dos trabalhadores e acabam

por fazê-la avançar. Mas isso não será feito sem lutas e sem traumas. Os dois programas

podem em determinado momento parecer passíveis de unificação por projetarem no limite um

mesmo alvo, mas a sua marcha em direção a esse alvo não se dá sem contradições. A divisão

fratricida da esquerda sempre impressiona, mas não mais do que o alheamento dos operários

em relação ao discurso de ambos os grupos. Nem o agrupamento dos radicais nem o dos

moderados conseguem inserção orgânica no seio dos trabalhadores. Permanecem sendo

elementos estranhos, alienígenas.

A tarefa de levar a consciência de classe aos trabalhadores permanece sendo um

dilema das organizações de esquerda, também aqui no nosso mundo real bastante distante do

paraíso. Ao final, o filme parece terminar com uma nota otimista, pois demonstra que a

consciência se produz na luta direta, fomentando a dialética entre os discursos da vanguarda

organizada e os impulsos espontâneos dos trabalhadores. Aos trancos e barrancos, essa

dialética avança. Não há soluções mágicas na construção de uma sociedade emancipada. Há

um lento tatear no escuro, em que se aprende fazendo e se faz aprendendo.

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A desigualdade social é um problema que afetam a maioria dos países na atualidade,

a desigualdade social é um fenômeno que ocorre principalmente em países não desenvolvidos.

O conceito de desigualdade social é um guarda-chuva que compreende diversos tipos de

desigualdades: desigualdade de oportunidade, desigualdade de escolaridade, de renda, de

gênero. De modo geral, a desigualdade econômica ou desigualdade social, dada pela

distribuição desigual de renda. No Brasil, a desigualdade social tem sido um cartão de

visita para o mundo, pois é um dos países mais desiguais. Segundo dados da ONU, em 2005 o

Brasil era a 8º nação mais desigual do mundo, o índice Gini, que mede a desigualdade de

renda, divulgou em 2009 que a do Brasil caiu de 0,58 para 0,52 (quanto mais próximo de 1,

maior a desigualdade), porém ainda é gritante. Alguns dos pesquisadores que estudam a

desigualdade social brasileira atribuem, em parte, a persistente desigualdade brasileira a

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fatores que remontam ao Brasil colônia, pré-1930 – a máquina midiática, em especial a

televisiva, produz e reproduz a idéia da desigualdade, creditando o “pecado original” como

fator primordial desse flagelo social e, assim, por extensão, o senso comum “compra” essa

idéia já formatada , ao afirmar que são três os “pilares coloniais” que apóiam a desigualdade:

a influência ibérica, os padrões de títulos de posse de latifúndios e a escravidão. É evidente

que essas variáveis contribuíram intensamente para que a desigualdade brasileira

permanecesse por séculos em patamares inaceitáveis. Todavia, a desigualdade social no Brasil

tem sido percebida nas últimas décadas, não como herança pré-moderna, mas sim como

decorrência do efetivo processo de modernização que tomou o país a partir do início do século

XIX. Junto com o próprio desenvolvimento econômico, cresceu também a miséria, as

disparidades sociais – educação, renda, saúde, etc. – a flagrante concentração de renda, o

desemprego, a fome que atinge milhões de brasileiros, a desnutrição, a mortalidade infantil, a

baixa escolaridade, a violência. Essas são expressões do grau a que chegaram as

desigualdades sociais no Brasil.

Segundo Rousseau, a desigualdade tende a se acumular. Os que vêm de família

modesta têm, em média, menos probabilidade de obter um nível alto de instrução. Os que

possuem baixo nível de escolaridade têm menos probabilidade de chegar a um status social

elevado, de exercer profissão de prestígio e ser bem remunerado. É verdade que as

desigualdades sociais são em grande parte geradas pelo jogo do mercado e do capital, assim

como é também verdade que o sistema político intervém de diversas maneiras, às vezes mais,

às vezes menos, para regulamentar e corrigir o funcionamento dos mercados em que se

formam as remunerações materiais e simbólicas. Observa-se que o combate à desigualdade

deixou de ser responsabilidade nacional e sofre a regulação de instituições multilaterais, como

o Banco Mundial. Conforme argumenta a socióloga Amélia Cohn, a partir dessa ideia “se

inventou a teoria do capital humano, pela qual se investe nas pessoas para que elas possam

competir no mercado”. De acordo com a socióloga, a saúde perdeu seu status de direito,

tornando-se um investimento na qualificação do indivíduo. Ou, como afirma Hélio Jaguaribe

em seu artigo no limiar do século 21: “Num país com 190 milhões de habitantes, um terço da

população dispõe de condições de educação e vida comparáveis às de um país europeu, outro

terço, entretanto, se situa num nível extremamente modesto, comparáveis aos mais pobres

padrões afro-asiáticos, o terço intermediário se aproxima mais do inferior que do superior”. A

sociedade brasileira deve perceber que sem um efetivo Estado democrático, não há como

combater ou mesmo reduzir significativamente a desigualdade social no Brasil.

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O filme Pajerama possibilita a reflexão sobre o encontro da realidade indígena

com nossa sociedade, leva-nos a pensar sobre a expansão do espaço urbano e o modo como o

crescimento da cidade inflige á memória, história e território. Mostra-nos também os impactos

que os índios sofrem diante das situações do mundo moderno, situações estas ainda

desconhecidas por eles. O meio ambiente tem sido a grande preocupação de todas as

comunidades do nosso planeta nas últimas décadas, seja pelas mudanças provocadas pela ação

do homem na natureza, seja pela resposta que a natureza dá a essas ações. O grande número

de eventos ocorrendo em todo o mundo visa tornar as comunidades mais sensíveis aos

problemas ambientais por meio de seminários, congressos e conferências sobre meio

ambiente e desenvolvimento sustentável. As populações estão se conscientizando de que os

recursos naturais são finitos e que sua não preservação ameaça o futuro das novas gerações.

Nos dias atuais, para uma grande parcela da sociedade mundial, tornou-se evidente a noção de

que uma quantidade enorme de recursos ambientais é necessária para mantermos funcionando

o aparato científico-tecnológico que dá suporte ao estilo de vida da mesma. Esta exige um alto

nível de conforto, que só pode ser oferecido com o comprometimento da qualidade ambiental

do nosso planeta. Assim, tentar manter este ritmo sem tentar conciliar a produção de bens com

a preservação é uma atitude suicida ou no mínimo egoísta para as gerações futuras, que terão

que pagar um alto preço para saldar nossa dívida ambiental e conseguir uma qualidade de vida

aceitável.

A Terra segundo os cientistas especializados em estudos climáticos, as regiões

temperadas irão aquecer, o que provocará a fuga de espécies para outras regiões. Na região

dos trópicos, haveria grande perda da flora vitimada pela falta de chuva e de forte calor. Nos

trópicos, a perda plantas nativas  aliada à proliferação de espécies provenientes de regiões

temperadas, causará uma padronização global do reino vegetal em ambas as regiões. A teoria

da uniformização da flora em escala global é uma tese defendida pelo estudo “Projected

impacts of climate change on regional capacities for global plant species richness”.

Pesquisadores das Universidade Bonn, Göttingen e Yale, pesquisaram e identificaram

diferentes espécies encontradas em várias regiões submetidas às atuais condições climáticas,

após reunir essas informações, determinaram uma previsão de impacto provocado pelas

mudanças climáticas para o ano de 2010. Segundo Jan Henning Sommer, cientista da

Universidade de Bonn: “As mudanças climáticas podem trazer grande confusão para o padrão

existente da diversidade das plantas, com conseqüências que ainda nos são desconhecidas

para os ecossistemas e para a humanidade”. As conclusões da pesquisa ainda não são

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absolutas, merecem mais tempo e estudo mais aprofundado a respeito da tese do

desaparecimento das espécies de flora e sua adaptação em outras regiões. Para Jan Sommer:

“A capacidade de adaptação das espécies e sua interação com o ecossistema ainda são

incertos, assim como o uso da terra pelo homem, que pode exercer grande influência na

distribuição das plantas, esse é um campo que sabemos muito pouco”. Os efeitos negativos do

aquecimento global na flora tropical têm sido observados na Amazônia, onde há uma previsão

de perdas da flora nativa. Por outro lado, o estudo prevê um aumento da flora em países

campeões de poluição como os EUA e Europa. Mas esse aumento da flora em países de

região temperada não significa um novo equilíbrio vegetal, pois não possibilitará a

redistribuição de espécies, pois enquanto que as espécies tropicais desaparecerão, as de

regiões temperadas se espalharão, o que poderá provocar um desequilíbrio no ciclo ecológico.

O aumento de dióxido de carbono na atmosfera oferece condições a mais de alimentação para

a floresta que, em meio a um ambiente mais quente, tende a morrer por inalação. Um planeta

mais quente gerará uma abundância de vegetação, mas com menor diversidade e equilíbrio de

distribuição de espécies.

BIBLIOGRAFIA

BERGER, Pete; LUCKMANN, Thomas. A construção social da realidade: tratado de

sociologia do conhecimento. Petrópolis: Vozes, 2006

A CLASSE operaria vai ao paraíso. Diretor. Elio Petri. Itália, 1971 (filme)

BUMBANDO.Diretor : Coletivo Cinema para todos Rio de Janeiro. 2010

ILHA das flores, Diretor Jorge Furtado. RS, 1989.

PAJERAMA. Diretor: Leonardo Cadaval. São Paulo, 2008

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