Aspectos metodologicos

download Aspectos metodologicos

of 7

description

Aspectos Metodologicos

Transcript of Aspectos metodologicos

  • ARTIGO

    o estudodecaso:aspectospedaggicosemetodolgicosl

    ElisabeteMatalloMachesinidePdua2

    PauloMoacir GodoyPozzebon2

    RESUMO

    Refere-seaoestudodecasosobdoisaspectos.quesearticulam:primeiro.noqueconsemesrelaesensino-aprendizagem.apontandosuaspossibilidadesnasatividadesacadmicasinterdisciplinaresenasrelaesteoria-prtica:segundo.comorecursometodolgicoparacoleta.anlisee interpretaodedadosnoprocessodapesquisacientfica.

    Unitermos:estudodecaso.relaoteoria-prtica.ensino.mtodos.

    INTRODUO

    o estudodecasotemsidolargamenteempregadocomorecursoparaodesenvolvimentodapesquisa,tantonocampodasCinciasHumanaseSociais,quantonocampodasCinciasBiolgicasedaSade.

    J na dcadade quarenta,nos EstadosUnidos,Allport citadopor NOGUEIRN, arrolouos seguintesargumentosaseufavor:

    "I. O conhecimentohumanocomeacomoobjetoconcreto,casoou indivduo;

    2. A formaoslida,emPsicologia,logicamentecomeacomocasoconcretoantesdeselanaraosmateriaisabstratos;

    3.Essetratamentoevitaa tendnciadeextremasimplificaodamotivaohumana;

    4. A causalidade,no que diz respeitopersonalidade,nemsemprepreditapelafreqnciadaocorrnciadoseventosemumgrandenmerodecasos,maspodeserpessoaloupeculiaraumcaso".

    Nessaperspectiva,oestudodecasoseriaoincio,a partirdeumasituaoreal,contextualizado,comascaractersticase aspectosdo"objeto"estudado.CasosclncosfamososnocampodaMedicina,daPsicanlise,nocampodoDireitoedaSociologiacontriburamparadifundir

    (I) TextoelaboradoapartirdeoficinasdesenvolvidaspeloDepartamentode DisciplinasFilosficasAuxiliaresdo Institutode Filosofiajuntoaos docentesdo Curso de TerapiaOcupacionalda PUCCAMP emnovembrode 1995.

    e)ProfessoresAdjuntosdo Institutode Filosofia da PUCCAMP.

    oestudodecasocomorecursometodolgicoparaapesquisa.NaprpriaTerapiaOcupacional,olivroChanceparaumaesquizofrnca,deRuiChamoneJorge,constitui-senumbomexempl07.

    Recentemente,nombitodachamadapesquisaqualitativa,osestudosdecasotm-sereveladocomoumrecursopromissorparaodesenvolvimentodeatividadesinterdisciplinares,tantonoscamposj citadoscomonaEducao.

    A introduodosestudosdecasonassriesfinaisdaGraduao,emestgiossupervisionadosoumonografiasdeconclusodecurso,temsereveladotambmimportantemomentonoprocessoensino-aprendizagem,nosentidodevalorizara ao,a reflexoe a sistematizaodoconhecimentodos alunos; a partir de um casocontextualizadoe daspossibilidadesdeintervenonarealidade,pode-seestimularacriatividade,acuriosidade,a reflexocrtica,o conhecimentointerdisciplinar,imprimindoum significadoinovadorao ensinodegraduaoll.

    Nesteartigo,apssuacaracterizao,pretendemosabordaroestudodecasosobosseguintesaspectosque,evidentemente,searticulam:

    -No queserefereaoensino-aprendizagem,apontandosuaspossibilidadesnasatividadesacadmicas

    interdisciplinaresenasrelaesteoria-prtica;

    - No processodepesquisa,comorecursometodolgicoparacoleta,anliseeinterpretaodedados,naperspectivadoensinocompesquisanaGraduao.

    RevistadeCinciasMdicas-PUCCAMP, Campinas,5(2):76-82,maio/agosto1996

  • --

    o ESTUDO DE (' ASO ASPECTOS 77

    CARACTERIZAO

    o estudodecasopodesercompreendidocomoomtodode investigaoque focaliza um nico caso,procurandoestud-Iode maneiraprofundae sistemtica.Busca captaro objeto, selecionadopor seu interesseparticular,emsuatotalidadeeunidade,oquefreqentementeimplicacaptartambmadinmicadeseudesenvolvimento.

    Geralmente,consideradoumaformadepesquisaqualitativa,dadoquemuitoscaso~soestudadosemsituaonatural,comriquezadedadosdescritivos,ausnciadeesquemasrgidose focalizandoa realidadede formacomplexaecontextualizada8.Entretanto,comfreqnciavem-secasosquedemandamtratamentoquantitativo,nasmaisdiferentesreas,incluindoa readascinciasdaSade.

    LDKE & ANDR8apontamosprincpiosquefreqentementeregemosestudosdecasosqualitativos:elesvisamdescoberta,porqueoconhecimentoconstruocontnua,e o pesquisadordeverpermaneceratentoanovosdadosrelevantesparaapesquisa;osestudosdecasobuscamumaapreensodo objetolevandoemcontaocontextoemquesesitua,paramelhorapreend-Io;utilizandovriasfontesdeinformao,elesbuscamretratararealidadede maneiracompletae profunda,revelandoassimamultiplicidadededimensespresentesnoobjeto(situaoouproblema)focalizadocomoumtodo,abrangendoatmesmoos pontos-de-vistacontlitanteseventualmentepresentesnasituaoestudada.

    Assim,ocasoestudadotratadocomoobjetonicoa serconhecido,masseuinteresseresidetantoemsuaunicidadequantonofatodeseuestudopossuircertocarterexploratrio,permitindolanarbasesparainvestigaessistemticasposteriores.

    POSSIBILIDADES NO PROCESSOENSINO-APRENDIZAGEM

    Partindo-sedo pressupostoqueo estudodecasovisa desenvolvero "conhecimentoem contexto",suas

    possibilidadescomoelementovitalizadoreestimulantenoprocessoensino-aprendizagemnagraduaosoinmeras.Comoo estudodeumcasosemprerevelaamultiplicidadedos fatorespresentesnasuaformao,evidencia-sesuacomplexidade,bemcomoaexignciadesecompreenderasinter-relaesentreseuscomponentes,oriundosdeumamesmareaoudediferentesreasdeconhecimento.

    Nestaperspectiva,possibilitao desenvolvimentodeatividadesdeensinointerdisciplinares.O conceitodeinterdisciplinaridadetemgeradomuitapolmicanosmeiosacadmicos.Cabemaquialgumasobservaes.Entendemospor"interdisciplinaridade"aintegraoentreduasoumais

    disciplinas,nosseusaspectosconceitual,epistemolgico,metodolgico,dos procedimentos,de organizaoecomunicaodeidias/resultados,queserealizanoplanodoensinoedapesquisa.

    Nestesentido,paraqueatividadesinterdisciplinarespossamserdesenvolvidas, necessrioqueasdisciplinastenhamconstruidoumabasedeconhecimentoquepermitaumatransposio,umatroca,umainter-relaoentreosconceitosde diferentesreasou entreos de diferentes

    abordagensnumamesmareadeconhecimento.Levandoistoemconsiderao,desejvel(pormnocondicional)queosestudosdecasosejamtrabalhadosnassriesfinaisdagraduao.

    Respondendo pergunta"o que deveser feitoquandosetratadeformarinterdisciplinarmenteosalunos?",FOLLARF observaque:"Nosepodeentremesc/aroquenoseconhece.Portanto,snosltimosanosdascarreirasuniversitriaspossvelmanejara interdisciplinaridade;osprimeirosanosso unidisciplinaresou, apelandoscincias auxiliares, pluridisciplinares, mas jamaisinterdisciplinares.A pretensodefazer o contrrionopermiteo manejoda prpria disciplinae enfraqueceapreparaocientfica"

    Assim, entendemos que a perspectivainterdisciplinarnose configuraaqui comonegaodadisciplinarnemcomo"sopametodolgica"ou misturadecontedoseconceitosdediferentesdisciplinas,mascomoum outro momento no processo de produo doconhecimento;nestesentidoos estudosde casopodempropiciar a elaboraodo conhecimentoa partir daexperincia, do contexto e tambm a partir dosconhecimentosdebaseanteriormenteadquiridosque,noentanto, guardamsuas caractersticas,diferenas eespecificidades.

    Outro aspectoque mereceser pontuado que,no mbito das relaesensino-aprendizagem,convi-vemoshojecomdiferentesparadigmasdeensinoque,demodoamplo, podemoscaracterizarem I) ensinocomoreproduodoconhecimentoe 2) ensinocomoproduodoconhecimento.

    Quando trabalhamoscom estudosde caso noprocessodeensino,conscientementeouno,nossasaespedaggicassedoapartirdospressupostosqueorientamestasconcepese,conseqentemente,o casoenfocadodemaneirasdiferentespeloprofessor,pelosalunos,pelaequipemultidisciplinar,etc.

    Figura 1 deveser vista como uma tentativadepensarmososestudosdecasoapartirdospressupostosdosmodelosacimareferidos,e nos mostracomo podemosentend-Iosnocontextoeducacional,aomesmotempoemquepodenosoferecepistasparapossveismudanasnaprticapedaggica.

    RevistadeCinciasMdicas- PUCCAMP.Campinas.5(2):76-82.maio/agosto1996

  • 78 E. M. M. de PDUA e P. M. G. POZZEBON

    Ensinocomoreproduodoconhecimento

    Ensino comoproduodoconhecimento

    Compreensodo caso

    Descrio das caractersticasdocaso"livre"decontexto~ cada

    especialidadese transformaemum "segmento fechado" ~fTagmentaodo conhecimento.

    Relaoteoria-prtica

    o caso visto "emseparado"apartirdasespecificidadesde cadaespecialidadeou disciplina,comoexemploquedevecomprovarouseencaixarnateoriaj dada ~

    pontode chegada....

    acentuadicotomiateoria-prtica.

    Ao da equipemultidisciplinar

    Utilizao de regras quedeterminamas aes(protocolos)

    ....

    aes isoladas de cadaprofissional(ou rea)

    ....

    noh responsabilidadepor atospraticados"em conjunto"

    Processode avaliaodosalunos

    Avaliao= desempenho=capacidadede seguir regras~nfase na memorizaode

    contedos....

    reproduodo conhecimento

    Contextualizaodo caso pelosprofissionaisenvolvidos:escolhaconjunta das diferentesperspectivasque podemexplicaro caso ~busca o conhecimento

    de forma interdisciplinar

    o caso visto"como um todo"sem deixar de lado suas

    especificidades;momento de seconfTontar e/ou questionar oaparatoterico j conhecido ~

    pontode partida....

    busca articulaoteoria-prtica

    Competnciapara discernirquaisaes podem dar conta dasituaoespecfica

    ....

    escolhaconjuntade um planodeaoobjetivo

    ....

    h maior responsabilidadedetodososenvolvidosnoprocesso.

    Avaliao = capacidadenatomadade decisesquelevemconcretizaodos objetivos~nfasenacriatividadee na

    inovao....

    produodo conhecimento

    Figura 1. Estudosde casoX paradigmasde ensino.

    o caso,pelamultiplicidadedefatoresqueocompemepelofatodeestarsendomediadornoprocessoensino-aprendizagem,coloca questesde naturezasdiferentes,queporsuavezexigemrespostasdediferentesreasdo conhecimento;por estarexercendoestafunomediadoraemao,ocasopassaaseraomesmotempoopontodepartidaeopontodeconvergnciaentreofazereo pensarda interdisciplinaridadeoComoconseqncia,temos,simultaneamente,uma"exploso"de informaeseuma"exploso"dedvidas,deincertezas,queintroduzemumnovotipoderelacionamentodosalunoscomocontexto,

    porqueosestimulamanlise,desenvolveacapacidadedecomporerecompordados,informaes,aouvirargumentosde diferentesdisciplinas,enfim, valorizar a aointerdisciplinarreflexivae o pensamentodivergente,possibilitando,naprtica,asuperaodomodelodeensinoreprodutivista

  • o FSn :DODECASO ASPECTOS 79

    No entanto,caberegistrarqueexistemaindadificuldadesaseremsuperadasparaqueosestudosdecasovenhama ocuparumespaoprivilegiadonoprocessoensino-aprendizagem.Dentreelas,destacamosaquestodasdisciplinaseoquantoesto"maduras"paraestabelecerrelaesdeensinoepesquisaentresi.comooestudodecasorequer.Comoavaliarconjuntamenteo desempenhodoalunonoprocesso~Asdiferentesdisciplinaspodeme/oudevemmanterseusprpriosparmetrosdeavaliao?Soquestesrelevantesquesurgemdaprticapedaggicaquemerecemdiscussoentreosenvolvidos"nocaso",emfacedasdiferentesconcepesdeavaliaoquepermeiamestaprtica.

    A complexidadedeumcasogeralmentenoslevaaestud-Io em grupos de trabalho ou equipesmultidisciplinares,quandopodemsurgirdificuldadesterico-prticasnacomatraz-Iaadebateeestarabertoparacolocar-seemsintoniacomoutrossaberes,masnopodeextinguirsuaprpriaespecificidade~".

    Um outroaspectoquedeveserconsideradonatemticadoestudodecasoa relaoteoria-prtica.SeadmitirmoscomFREIRE1que"pensaraprticaamelhormaneiradepensarcerto",o estudodecasoseapresentacomoumespaosignificativono processoensino-apren-dizagem,ondepodesedaro resgatedaarticulaoteoria-prtica.Oestudodecasoumespaode"provocao",dedesafioaosalunoseprofessores,umavezquecolocadeimediatoanecessidadedaao;masestanoumaaoqualquer,mecnica,repetitiva, umaaoquerequeraexplicitaodoreferencialtericoedosobjetivosaseremalcanados,ou seja,da finalidadeda prticanumdeterminadocontextodarealidade.

    Assim,o estudodecasopodeconcorrerparaaarticulaoteoria-prticana formaoprofissional,conferindoumoutrosentidoaocurrculoqueestsendodesenvolvido,queodeaproximarateoriadaexperinciaconcretaeorientaraspossibiIidadesdeinterveno/atuao/pesquisanareaespecfica.

    ASPECTOSMETODOLGICOS:ACARACTERIZAODO CASOA SERESTUDADO

    Um caso,tomadocomoobjetodepesquisa,umaunidadesignificativadeumatotalidade,isto,trata-sedeumasituaosocial,ouhistrica,oudeumserhumano,oudeumeventocoletivodotadoderelativaindividualidade,quepodemserisoladosparaestudo.

    A primeiracaractersticado caso, portanto,aindividualidade,a possibilidadede separ-Iode umatotalidadesociale reconhecerneleumatotalidademenor,subordinada,masrelativamenteautnoma.Estasuarelativa

    autonomianodevedeixardeserreferida totalidadesocialquelheconferesuarealsignificao.

    Convm,entretanto,noesquecerqueatotalidadedequalquerobjetoumaconstruointelectualoperadapelopesquisadorsegundocritriosmaisadequadosaosfinsdapesquisa;nohlimitesintrnsecosquepossamdefinirnaturalmenteasfronteirasdeumprocessoouobjeto,mesmoqueo objetosejaumindivduo,mesmoqueapesquisasitue-senocampobiolgico".

    Outroaspectoafrisarqueoestudodeumcasonopodevisarcaptartodososelementosquetornamnicoumobjeto:"oselementosnicosdeumobjetosoprecisamenteaqueleseliminadospelaabstraocientfica".O quesepodebuscarnumestudodecasoodelineamentodeumaunidade construda pelo pesquisador com ascaractersticasmaisrelevantesdo objeto(grifodoautor).SegundoGOODE&HATT","...omtododocasonopodeserconsideradocapazdecaptaro lnico.masumatentativademanterjuntas.comoumaunidade.aquelascaractersticasimportantespara o prohlemacientficoqueestsendoinvestigado".

    Como participantede umatotalidadeque ocontextualiza,umcasopodenestaenquadrar-secomotpico,atpicoou extremo,segundosuassemelhanascomosdemaiscasosencontrveisnatotalidade.O estudode qualquerdestastrspossibilidadesguardavalorheurstico,eestaclassificaoparticularmenteinteressanteparapesquisasnareadaSade.Evidentemente,o usodestaclassificaosupeumconhecimentoanteriordatotalidade,aomenosdecarterexploratrio.

    Umcasotpcoaquelequepodeservistocomorepresentativodoselementosqueconstituemumatotalidadeabrangente.Seuinteresseresidejustamentenestaidentidadecomosdemaisobjetos.Umcaso'atpicoou"anormal"constituiumdesviocujascausasouconseqnciasdevemserexplicadas,seuinteresseresidenestaespecificidade;porcontrastepodeesclarecercaractersticasdscasostpicos.Casosextremos,assimclassificadospor sedistanciaremsignificativamentedoscasostpicosemesmodosatpicos,oferecema possibilidadede conheceroslimitesdentrodosquaisasvariveispodemoscilar'.

    AS ETAPAS DO ESTUDO DE CASO

    Procurou-sedelimitar,demaneiraabrangente,asetapasqueorganizamlogicamentearealizaodoestudodecaso;cabeassinalarqueaspeculiaridadesdocasoaserestudadopodemexigiroutrasformasdeorganizaolgica.

    Delimitaodocaso

    O casoaserestudadodeveserbemdelimitado,opesquisadordeveprocurarterclarososlimitesdefinidores

    RevistadeCinciasMdicas-PUCCAMP,Campinas,5(2):76-82.maio/agosto1996

  • 110 , \1\1de PADlJA eP \1 (i POl.ZEIJON

    do caso: algunsestudospodemalcanaresteobjetivoapenasnodesenvolvimentoadiantadodapesquisa,outrosestudospodempartirde casosnitidamentedelimitados:cumpreentretanto.sempreverificarseocasoaserestudadono apenaspartede umcasomaisamploe talvezmaissignificativo.Exemplo:aobradeumartistaevidentementeconstituiumcasosingular,maspodesermaisinteressanteconsider-Iocomo parte de uma pequenavanguardaartstica.Umcasoclnicoconstituiumaunidade,maspodesermaisinteressantetomaro pacientecomomembrodeumafamliadoente.

    Para evitardificuldadesposterioresadvindasdeuma delimitao deficiente, GIL4.

  • o ESTl'DO DEr -\SO ASPECTOS 8t

    docaso.Aprimeiratomaocasonumdeterminadomomentodesuaevoluoe o analisa"estaticamente".sejasobopontode vistadasdeterminaesinternasdo caso,constitutivase transitrias.ousobo pontodevistadasrelaesdocasocomseucontexto.A segundaformadereconstruotomao casoemsuaevoluoaolongodotempo,procurandoanalisaras transformaessofridasbemcomoasrelaescomosdiferentescontextosemquesesituou.

    indispensvelo momentodainterpretao:umestudode casonodevese limitara umadescriosistemticado caso. necessrioaindapercebersuasmltiplasdimenses.captarsuassignificaes,explicarapeculiaridadeoutipicidadedeseudesenvolvimento.

    Umprocedimentoauxiliarbastantefecundoparaestaetapadotrabalhoaanlisedecontedo.Esta umaformadetratamentoe anlisedecomunicaes(orais,visuaisouescritas)queestejamreduzidasaumtextooudocumento,visandocompreendercriticamenteseusentido,seucontedoe suassignificaes,sejamexplcitasouimplcitas,medianteinvestigaode seucontedosimblico.Dependendodotipodedocumentodisponvel,pode-seprocedera anlisesde palavras,sentenas,pargrafos,oumesmodotextoembloco,tratadasmediantecontroleestatsticodepalavras,anliselgicadefrasesouexpressesouanlisestemticas.Pode-se,ainda,buscarossentidosdeumacomunicaonomomentodaenunciaooumesmonacompreensodasconotaesqueelaassumeemdiferentesmeiossociais.Trata-se,portanto,deumaformabastanteverstilde investigaoquepermiteadaptaosespecificidadesenfrentadasnosestudosdeaso.

    A elaboraodorelatrio

    Umrelatriofinaldeverapresentarosresultadosda pesquisade maneiraclara.objetivae logicamenteorganizada,procurandodistinguirclaramenteo discursodo pesquisadordaseventuaiscitaesdasfalasdo(s)pesquisado(s). altamentedesejvelqueo pesquisadorapresentedetalhadamenteosdadosquedescrevemocaso,paraqueo leitorpossanoapenascompreenderasconclusesexpostas,masacompanharo raciocniodopesquisadore mesmodiscordardesuainterpretaodocasoestudado.

    Oselementosmnimosdeumrelatrioso:

    I. descriodocasoedesuacontextualizao,

    2. interpretaodocasoe

    3.formulaodeconcluses.

    Um relatriopodeaindaserenriquecidocomfotografias,examescInicos,esquemasdedesenvolvimento,

    transcriodealgumdepoimentomuitoimportante,eoutroselementos,emgeralapresentadosnosanexos.

    A documentaodasfontespesquisadaseascitaesbibliogrficasdevemse referenciarnasnormasdaAssociaoBrasileiradeNormasTcnicas(ABNT).

    CONTROVRSIASSOBREAPOSSIBILIDADEDE GENERALIZAODOSRESULTADOS

    O ponto maiscontrovertidodosestudosdecasoapossibilidadede generalizaode suasconcluses.Po-dem-seidentificarnodebatevriassoluesdivergentes:

    GOODE & HATT" sugerema possibilidadedegeneralizaoa partir de um conjunto relativamentenumerosodecasos.Nestesentido.chamamaatenoparaofatodequeapesquisacientficaoperacomgeneralizaes(categorias,conceitos,padres);o estudodeumcasonodeveriabuscartodaaunicidadedoobjeto,poisestaescapascategoriascientficas,masde certaformareduzi-Ioaestasgeneralizaes.

    LDKE E ANDRsentendemqueageneralizaotempoucarelevncia,dadoquenestetipo depesquisaocaso tratadocomo nico, singular,no qual busca-seriquezade dados.Entendem.porm,ser possveluma"generalizaonaturalstica"emqueo leitordoestudodecaso,lanandomodeseusconhecimentosformais.mastambmde conhecimentotcito(impresses.sensaes,intuies),perceberaspectossemelhantesentreo casoestudadoeoutroscasosesituaesporelevivenciadosemontextossemelhantes,a partirdoquepodercriarnovasidias.significadosecompreenses.

    CHIZZOTTI' aceitaapossibilidadedecomparaesaproximativas,generalizaesparasituaessimilaresoumesmoinfernciasem relaoao contextoda situaoanalisada.

    GIV'enfatiza a impossibilidadedegeneralizaodosresuItadosobtidos,operaodesprovidadesustentaolgica,vistoqueo casoestudadopodeseratpicoe induziraconcluseserrneas.Admiteentretanto,queosnumerososestudosdecasobemsucedidosvalidamasuposiodequea anlisede umcasopermitea compreensogeraldoscasos do mesmouniverso. Para contornar algumasdificuldadese expandiro valor do estudo,sugereoenquadramentodocasosegundoascategoriasjdiscutidasdetpico,atpicoe extremo.

    Oexamedestasdiferentesposiespermiteassinalaralgunspontos.A impossibilidadelgicadageneralizao fatoquedeveestarclaroao pesquisador-o raciocnioindutivono asseguraa veracidadedasconcluses.Asconclusesdeumestudodecasosorigorosamentevlidas

    RevstadeCinciasMdicas- PUCCAMP.Campinas.5(2):76-82.maio/agosto1996

  • 82E. M M de PDUA e P M G. POZZEBON

    apenasparaocasoestudado.Noentanto,ssejustificaoesforoeosrecursosgastosnumapesquisasedoestudodeumcasosepuderemextrairbasesparapesquisasmaisamplase sistemticas,sejam metodolgicas,sejamconteudsticas.Nestesentido,o estudode casosextremamentevaliosocomoestudoexploratrio,poisseusresultadospermitemrecolocaodoproblemaaestudar,revisodametodologia,dashipteses,etc.

    Observa-sefinalmenteque,mesmotomandoumcasoparaestudodevidoasuascaractersticassingulares,aintenocientficadopesquisadorvolta-seindiretamenteparaacompreensodageneralidade;porsemelhanaouporcontraste,o casoajudaaelucidaro realamplamenteconsiderado.Deoutraforma,o estudodecasofugiriaaoespritocientfico.

    SUMMARY

    Casestudy:pedagogicalandmethodologicalaspects

    Thisarticlecharacterizesthe "casestudy"undertwoaspectsrelatedtoeachother.Thefirstreferstotherelationsbetweenteachingandlearning,pointingoutitspossibilitiesin theacademicactivitiesandin therelationsbetweentheoryandpractice.Thesecondonepresentsamethodologyto collect.analyzeandinterpretdataonthescientificresearchprocesso

    keywords:casestudy,theory-praxisrelations,teaching,methods.

    REFERNCIAS BIBLIOGlUFICAS

    I. CHIZZOTTI, A. Pesquisaemcinciashumanasesociais. 2.ed. SoPaulo: Cortez,1995.p.95-96.

    2.FOLLARI,R.A,Algumasconsideraesprticassobreinterdisciplinaridade.In: JANTSCH, A. P.,BIANCHETTI,L.(Org.)./nterdisciplinaridade:paraalmdafilosofiadosujeito.RiodeJaneiro:Vozes,1995.p.97-110,138.

    3.FREIRE,P. Consideraesemtomodoatodeestudar.In: . Aoculturalparaa liberdade.RiodeJaneiro:PazeTerra,1976.p.19-22.

    4.GIL, A. C. Comoelaborarprojetosdepesquisa.SoPaulo:Atlas,1988.124p.

    5.GIL,A.C.Mtodosetcnicasdepesquisasocial.4.ed.SoPaulo:Atlas,1994.p.79-80,95-96.

    6.GOODE, W. J., HATT, P. K. Mtodosempesquisasocial.7.ed.SoPaulo:Nacional,1979.p.423-424.

    7.JORGE, R.C.Chanceparaumaesquizofrnica.BeloHorizonte:ImprensaOficialdeMinasGerais,1981.115p.

    8. LDKE, M., ANDR, M. Pesquisaemeducao:abordagensqualitativas.SoPaulo: EPU, 1986.p.18-23.

    9.NOGUEIRA,O.PesquisaSocial.SoPaulo:Nacional,1977.209p.

    10.PDUA, E. M. M. de. Metodologiadapesquisa:fundamentostericosetcnicos.Campinas:InstitutodeFilosofiaPUCCAMP,1991.66p.(Mimeografado)

    I I. .Otrabalhomonogrficocomoiniciaopesquisacientfica.1n:CARVALHO,M.C.M. de(Org.).Construindoosaber:metodologiacientfi-ca:fundamentosetcnicas.4.ed.rev.ampl.Campi-nas:Papirus,1994.p.149-180.

    Trabalhorecebidoparapublicaoem23demaioeaceitoem23dejulhode 1996.

    RevistadeCinciasMdicas-PUCCAMP, Campinas,5(2):76-82,maio/agosto1996

    J