As esponjas do Lago Tupé

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Diversidade Biológica Capítulo 8 As esponjas do Lago Tupé RESUMO - Lagos de águas negras da Amazônia não haviam recebido um estudo de sua fauna de esponjas. O levantamento da biodiversidade do Lago Tupé, incluiu o da espongofauna, possibilitando assim aquele estudo. A amostragem foi realizada em duas ocasiões distintas, ambas na estação seca. Foram ainda extraídas colunas de sedimentos atuais, na porção central do lago, para detecção da contribuição das espículas das esponjas aos sedimentos. As esponjas foram detectadas incrustando a floresta inundada de igapó, dos níveis de imersão mais baixos aos mais altos. A fauna de esponjas levantada destaca-se pela abundância de espécimes, conspícuos e robustos, particularmente de (Bowerbank, 1864), (Bowerbank, 1867) e Bonetto Ezcurra de Drago, 1968 (Familia Metaniidae). Essas esponjas apresentam esqueletos extremamente duros, indicando um ambiente de águas altas ricas em sílica. Esponjas de esqueletos mais delicados, particularlmente do gênero (Família Spongillidae) são também abundantes e utilizam substratos mais frágeis como folhas, ramos e caules finos, além da casca das árvores das margens inundadas. Também os afloramentos rochosos situados na boca do lago apresentam conspícuas incrustações de esponjas. Uma característica marcante dessa assembléia de esponjas é a extraordinária Metania reticulata Drulia browni Drulia uruguayensis Trochospongilla & Cecilia VOLKMER-RIBEIRO Franciely Benetti de ALMEIDA & e-mail: [email protected] e-mail: [email protected]. Museu de Ciências Naturais, Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul rua Dr. Salvador França, 1427. 90690-000, Porto Alegre, RS. Biotupé: Meio Físico, Diversidade Biológica e Sociocultural do Baixo Rio Negro, Amazônia Central SANTOS-SILVA, APRILE, SCUDELLER, Editora INPA, Manaus, 2005 Edinaldo Nelson Fábio Marques Veridiana Vizoni Sérgio MELO (Orgs.),

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Diversidade BiológicaCapítulo 8

As esponjas do Lago Tupé

RESUMO - Lagos de águas negras daAmazônia não haviam recebido um estudo de sua faunade esponjas. O levantamento da biodiversidade do Lago Tupé, incluiu o da espongofauna,possibilitando assim aquele estudo.Aamostragem foi realizada em duas ocasiões distintas,ambas na estação seca. Foram ainda extraídas colunas de sedimentos atuais, na porçãocentral do lago, para detecção da contribuição das espículas das esponjas aos sedimentos.As esponjas foram detectadas incrustando a floresta inundada de igapó, dos níveis deimersão mais baixos aos mais altos. A fauna de esponjas levantada destaca-se pelaabundância de espécimes, conspícuos e robustos, particularmente de(Bowerbank, 1864), (Bowerbank, 1867) e BonettoEzcurra de Drago, 1968 (Familia Metaniidae). Essas esponjas apresentam esqueletosextremamente duros, indicando um ambiente de águas altas ricas em sílica. Esponjas deesqueletos mais delicados, particularlmente do gênero (FamíliaSpongillidae) são também abundantes e utilizam substratos mais frágeis como folhas,ramos e caules finos, além da casca das árvores das margens inundadas. Também osafloramentos rochosos situados na boca do lago apresentam conspícuas incrustações deesponjas. Uma característica marcante dessa assembléia de esponjas é a extraordinária

Metania reticulata

Drulia browni Drulia uruguayensis

Trochospongilla

&

Cecilia VOLKMER-RIBEIRO

Franciely Benetti de ALMEIDA&

e-mail: [email protected]

e-mail: [email protected].

Museu de Ciências Naturais, Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sulrua Dr. Salvador França, 1427. 90690-000, Porto Alegre, RS.

Biotupé: Meio Físico,Diversidade Biológica e Sociocultural do Baixo Rio Negro, Amazônia Central

SANTOS-SILVA, APRILE, SCUDELLER,

Editora INPA, Manaus, 2005

Edinaldo Nelson Fábio Marques Veridiana VizoniSérgio MELO (Orgs.),

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produção estacional de gêmulas, que, nas esponjas da Familia Spongillidae, sedesenvolvem em detrimento das estruturas esqueletais. Por outro lado, o volume notávelde espécimes de esponjas da Familia Metaniidae representa acréscimos estacionais dereduzida espessura, sobre as estruturas esqueletais residuais de décadas de imersõesanteriores. Os sedimentos do lago detêm abundante conteúdo de espículas das esponjaslevantadas.

PALAVRAS CHAVE: esponjas, igapó, lagos de águas pretas, Amazônia Central, sedimentos.

apesar de haver distinguido uma faunade profundidade (no período de águabaixa) e outra litorânea ( no período deágua alta). Assim sendo os poríferos,que constituem uma fauna conspícua eabundante, justamente na faixa deinundação desse lago, haviam sido,até o presente ignoradas. Chauvel

. (1996), no entanto, em estudorealizado no igapó do Rio TarumãMirim, também contribuinte do rioNegro, próximo a Manaus, reconheceram a contribuição que as esponjasaportam, através de suas espículassilicosas, aos sedimentos desse tipo delago, e à circulação da sílica. No casoem pauta as espículas foramidentificadas como pertencentes aespécie (erroneamentegrafado como ), dadohaverem os autores observadoabundância de espécimes dessaespécie incrustando as árvores doigapó.

Batista . (2003), reportam osresultados de estudos detalhados,tanto da qualidade das águas, quantodas comunidades de esponjas dobentos rochoso e dos lagos de várzeado rio Araguaia, portanto, em ambien-tes de água clara. As esponjas conti-nentais são organismos que tem o

et

al

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Drulia browni

Drullia braunii

et al

Wolkmer Almeida&

Introdução

Os poríferos constituem um componente importantedas comunidades de macro-invertebrados dos ambientesaquáticos daAmazônia (Volkmer-Ribeiro, 1981; Volkmer-Ribeiro Pauls, 2000) com a característica particular depertenceram à fração séssil dessa fauna. As esponjas daRegião Amazônica agrupam-se em assembléias distintasconforme os ambientes aquáticos considerados: ospermanentemente inundados, como fundos de rios e,extensão desses, os lagos de hidrelétricas ou osambientes sujeitos aos pulsos de inundação, como osigapós e lagos de várzea, particularmente da AmazoniaCentral. Nesses últimos à vida das esponjas deve-se a suacapacidade de produzirem gêmulas, corpos dereprodução assexuada, com que as diversas espéciessobrepujam os períodos de exposição aérea nos lagos devárzea e igapós ( Volkmer-Ribeiro, 1981, 1999: Batista

. 2003) Cada gêmula é um dispositivo clonador,constituído de células maternas indiferenciadas eencapsuladas em envoltórios de espongina, comrevestimento de espículas silicosas altamenteespecíficas. Essas células eclodem no período seguintede imersão e diferenciam-se novamente, constituindonovas esponjas sobre o esqueleto silicoso seco daesponja mãe ou sobre qualquer substrato onde as águasaltas ou o fluxo as levem, devido a camada pneumáticade que são geralmente dotadas. Estudos específicos daespongofauna de lagos de águas pretas da Amazôniaainda não haviam sido feitos. No próprio lago Tupé, Reiss(1977), em investigação qualitativa e quantitativa dafauna macrobêntica do lago, não menciona as esponjas,

&

et

al , .

potencial de registrarem informaçõessobre a qualidade das águas e doambiente e, após a morte, remeteremessas informações aos sedimentos,sejam atuais, sub-fósseis ou fósseis,através das espículas, todas silicosas,que ficam aí acumuladas (Harrison,1988; Harrison Warner, 1986; Turcq

. 1998 Sifeddine . 2001).Para efetivação de interpretações decaráter ambiental e paleo-ambiental,propiciadas pelos relictos dessa faunanos sedimentos, é necessário que sedisponham de conhecimentos da faunaatual e se implementem os levantamentos e pesquisas da auto-ecologiadas distintas espécies ou da ecologiade suas assembléias. Água negra naAmazônia é geralmente sinônimo deabundância de determinadas espéciesem detrimento de riquezas específicaselevadas, particularmente quando setrata da Amazônia Central, com seuspulsos de inundação, indutores deseleções marcantes. Por isto as esponjas constituem um item imprescindívelem levantamentos de biocenosesaquáticas nesses ambientes. Por outrolado, poder associar o estudo dessesanimais no lago Tupé, com osparâmetros ambientais que o caracterizam, como oferecido pelos distintoscapítulos deste livro, constitui maisuma ferramenta disponibilizada parainterpretações de paleo-ambientes naAmazônia e, quiçá, na América do Sul.Em razão dessas determinantes foramlevados a efeito dois levantamentosdas esponjas no lago. O primeiro foirealizado pelos participantes daequipe do INPA e, o segundo, pelaautora senior. No primeiro foram

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et al ; et al ,

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-

também colhidas amostras de sedimentos atuais do lago.Os resultados obtidos vem permitir uma primeiracaracteri zação da assembléia de esponjas de um igapó,tanto em termos taxonômicos, quanto espaço/temporais, além de possibilitar um cotejo com levantamentosemelhante, levado a efeito por Batista . (2003),para lagos de várzea do rio Araguaia, portanto de águasclaras.

Foram realizados dois esforços de amostragem deesponjas no Lago Tupé, ambos na estação de águasbaixas, quando os espécimes são facilmentevisualizados, já secos, incrustando a vegetação marginalatingida pela água alta. O primeiro foi levado a efeito noexercício de 2001, pelos participantes da equipe do INPA,atendendo às estações de amostragem estabelecidas ereferenciadas para efeito de estudos e caracterizaçãolimnológica a longo prazo (Aprile ., 2005 nestevolume). Essa amostragem contemplou ainda arecuperação de três colunas de sedimentos na partecentral do lago. As amostras de sedimentos foramtomadas visando a observação microscópico paraconstatação da contribuição das espículas das esponjasaos sedimentos e verificação taxonômica das espéciescontribuintes. O segundo foi realizado no exercício de2004, pela autora senior, visando uma varredura amplados substratos atingidos pelas águas altas em distintospontos das margens do lago.

Foi ainda realizada pela equipe do INPA, através demergulho autônomo, amostragem de esponjas aderidas,abaixo da linha d'água, às pilastras do porto de Manaus,portanto no rio Negro, em ambiente de imersãopermanente.

Todos os materiais, conservados a seco, bem como aspreparações em lâminas, deles resultantes, foramdepositados e catalogados na Coleção de Porífera doMuseu de Ciências Naturais da Fundação Zoobotânica doRio Grande do Sul (MCN-POR). As preparações dedissociação espicular, para fins dos procedimentostaxonômicos identificatórios e que resultaram em

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-

et al

et al

Material e Método

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lâminas permanentes, seguiram Volkmer-Ribeiro (l985).Os mesmos procedimentos foram seguidos com asamostras de sedimentos.

Phylum PoriferaClasse Demospongiae

Gênero Vejdovsky, 1882

T ( Bowerbank, 1863)MCN-POR 6403. Lago Tupé,

margem direita, entrada do igapó. 3º1'58,1"S 60º16'2,5"W. 16.X.2004.; MCN-POR 6538; 6545; 6547, 6568. LagoTupé, margem direita, interior do igapó, 3º1'58,1"S60º16'2,5"W. 16.X.2004; MCN-POR 6554; 6558; 6562,Lago Tupé, 3º2'31,4"S 60º15'17,5"W. 16.X.2004. C.Volkmer Ribeiro Daniel Pimpão leg.

(Bowerbank, 1863)MCN-POR 6405. Lago Tupé,

margem direita, entrada do igapó. 3º1'58,1"S 60º16'2,5"W. 16.X.2004.; MCN-POR 6535; 6542; 6550., 6571. LagoTupé, margem direita, interior do igapó. 3º1'58,1"S60º16'2,5"W. 16.X.2004; MCN-POR 6556; 6561. LagoTupé. 3º2'31,4"S 60º15'17,5"W. 16.X.2004. C. VolkmerRibeiro & Daniel Pimpão leg.; MCN-POR 6136, Coluna 2(0-10cm), 29. IX. 2001. Darwich, Santos Silva Oliveiraleg; MCN-POR 5282. Rio Negro, pilastra no Porto deManaus, esponja coletada abaixo da linha da água(30cm), 11.XII.2001, Darwich, Santos Silva leg.

( Potts, 1882)MCN-POR 6548 Lago Tupé,

margem direita, interior do igapó. 3º1'58,1"S60º16'2,5"W. 16.X.2004; MCN-POR 6555; 6557 Lago Tupé,3º2'31,4"S 60º15'17,5"W. 16.X.2004, C. Volkmer Ribeiro

Resultados

Lista taxonômica

Família Spongillidae

Material examinado:

Material Examinado:

Material examinado:

Trochospongilla

Trochospongilla paulula

Trochospongilla pennsylvanica

rochospongilla gregaria

&

&

&

&

&

&

&

Daniel Pimpão leg.; MCNPOR 6137,Coluna 3 (0-5cm, 5-15cm). 29. IX.2001. Darwich, Santos Silva Oliveiraleg

Gênero Volkmer-Ribeiro, 1970

(Carter,1881)

MCN-POR6402; 6404; 6406. Lago Tupé, margemdireita., entrada do igapó. 3º1'58,1"S60º16'2,5" W. 16.X.2004; MCN-POR6540; 6544; 6549. Lago Tupé, margemdireita., interior do igapó, 3º1'58,1"S60º16'2,5"W.; 16.X.2004. C. VolkmerRibeiro Daniel Pimpão leg.; MCNPOR6135, Coluna 1 (0-10cm, 10-20cm). 29.IX. 2001, Darwich, Santos Silva &Oliveira leg.

(BonettoEzcurra De Drago, 1973)

MCNPOR6136, Lago Tupé, Coluna 2 (0-10cm;10-20cm). 29. IX. 2001, Darwich,Santos Silva Oliveira leg.

( Bonetto &Ezcurra de Drago, 1973)

MCN-POR5375 e 5376: Porto de Manaus( e s p é c i m e a s s o c i a d o a

MCN-POR 5288). MCN-POR 5373 ( espécime associado a

, MCN-POR 5282).

Gênero Gray 1867

(Bowerbank,1863)

.

Familia Potamolepidae

Material examinado:

Material examinado:

Material examinado:

Familia Metaniidae

Oncosclera

Oncosclera spinifera

Oncosclera intermedia

D .

ururugaiensis

T.

paulula

Metania

Metania reticulata

Oncosclera navicella

Wolkmer Almeida&

Material examinado:

-

Material examinado:

-

MCN-POR6397 Lago Tupé, boca. Afloramentorochoso. 3º2'53,6"S 60º15'8,9" W.16.X.2004. MCN-POR 6399-6401. LagoTupé, margem direita., entrada doigapó. 3º1'58,1"S 60º16'2,5" W.16.X.2004. MCN-POR 6541; 6552, 6567,Lago Tupé, margem direita, interior doigapó. 3º1 '58,1"S 60º16 '2,5"W.16.X.2004. MCN-POR 6553; 6559; 6564-66. Lgo Tupé. 3º2'31,4"S 60º15'17,5"W.16.X.2004. C. Volkmer Ribeiro DanielPimpão leg. MCN-POR 5280. Lotecoletado no chão, esponjas caídas nochão seco, ainda não inundado,próximo a Estação Central; MCN-POR5281. Galho à cerca de um metroacima do chão, fora da água. Próximo àEstação Central. MCN-POR 5284. Lotecoletado no chão, esponjas caídas nochão seco, ainda não inundado,próximo a Estação Central. MCN-POR5285. Lote coletado no chão, esponjascaídas no chão seco, ainda nãoinundado, próximo a Estação Central.21. XI. 2001. Darwich, Santos SilvaOliveira leg.

MCN-POR 5286. Igarapé daCachoeira, lote coletado no igapó,cerca de 2m do chão e cerca de 50cmda água; MCN-POR 5287. Lote coletadono igapó, cerca de 2m do chão e cercade 50cm da água. 21. XI. 2001.Scudeller Amaral leg.

Volkmer-Ribeiro,1979

MCN-POR5371, Rio Negro, pilastra no Porto deManaus, esponja coletada abaixo dalinha da água (30 cm), 11.XII. 2001,Darwich, Santos Silva, leg. (associada

&

&

&

Metania subtilis

ao espécime MCN-POR 5282, )

Gênero Gray, 1867(Bowerbank, 1863)

MCN-POR 6536. Lago Tupé,margem direita, interior do igapó. 3º1'58,1"S60º16'2,5"W. 16.X.2004, C. Volkmer Ribeiro DanielPimpão leg. , MCN-POR 5370, 5372, Rio Negro, pilastra noPorto de Manaus, esponja coletada abaixo da linha da

Trochospongilla paulula .

AcalleAcalle recurvataMaterial examinado:

&

Figura 1 Foto de exemplar de “ in situ”incrustanto a vegetação no igapó do Lago Tupé. Foto EdinaldoNelson dos Santos Silva.

. Metania reticulata

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água (30 cm), 11.XII. 2001, Darwich, Santos Silva, leg.(associada ao espécime MCN-POR 5282,

)

Gênero Gray, 1867(Bowerbank, 1863)

MCN-POR 6537;6543 Lago Tupé,margem direita, interior do igapó. 3º1'58,1"S60º16'2,5"W. 16.X.2004. C. Volkmer Ribeiro DanielPimpão leg.MCN-POR 5283. Igarapé da Cachoeira, Lotecoletado no chão, esponjas caídas no chão seco, aindanão inundado, próximo a Estação Central , 21. XI. 2001.Scudeller Amaral leg.

Bonetto Ezcurra de Drago,1969

MCN-POR 6389-96; 6398; 6407.Lago Tupé, boca. Afloramento rochoso. 3º2'53,6"S60º15'8,9" W. 16.X.2004. MCN-POR 6539; 6546; 6551.Lago Tupé, margem direita, interior do igapó. 3º1'58,1"S60º16'2,5"W. 16.X.2004. MCN-POR 6560; 6563,6569,Lago Tupé 3º2'31,4"S 60º15'17,5"W. 16.X.2004 C. VolkmerRibeiro Daniel Pimpão leg.; MCNPOR 5288. Rio Negro,pilastra no Porto de Manaus, esponja coletada abaixo da

Trochospongilla

paulula .

DruliaDrulia browni

Drulia uruguayensis

Material examinado:

Material examinado:

&

&

&

&

linha da água (30 cm); MCN-POR 5370 ,pilastra no Porto de Manaus, esponjacoletada abaixo da linha da água (30cm), (associada a MCN-POR 5282,

), 11.XII. 2001,Darwich, Santos Silva, leg.

O levantamento feito permitiuconstatar que há predominância deocupação do ambiente do igapó poresponjas da Familia Metaniidae(gêneros , e ) e,em segundo lugar, da FamiliaSpongillidae (gênero ).Enquanto as esponjas da primeirafamília incrustam os substratos maisreforçados, existentes da boca do lagoaos níveis mais altos de residência daságuas altas, os da segunda ocupamsubstratos mais delicados, comofolhas, chumaços de raízes aéreaspendentes e cascas das árvores eretasou tombadas no chão. A abundânciade gêmulas é uma constante de todasas espécies presentes e, no caso deSpongillidae é notória a redução daformação do esqueleto em favor daprodução de gêmulas (fig. 3 ) em cadaperíodo de imersão.

As esponjas com espécimes maisconspícuos são certamente as daFamilia Metaniidae, devido aconstituição polispicular de suas fibrasesqueletais, compondo assim exem-plares esféricos ou tuberosos de volu-me apreciável, de duros a extrema-mente duros, (particularmente no casode ) e de peso ele-vado, dada a concentração de sílicamineralizada nos esqueletos. Essepeso ocasiona a ruptura dos galhosmais delgados das árvores em que sefixaram, contribuindo para a disper-

Trochospongilla paulula

Metania Drulia Acalle

Trochospongilla

Metania reticulata

Figura 2 Foto de exemplar de , coligida no LagoTupé, Manaus, AM e registrada no presente trabalho com onúmero de catálogo MCN-POR 5283. Foto Vanessa de SouzaMachado.

. Drulia browni

Wolkmer Almeida&

são de suas gêmulas no chão do igapó.É possível perceber que essas crostasnão advém de um único período deimersão e isto se deve, justamente, àdureza dos seus retículos esqueletais,que mantém as gêmulas retidas nocorpo da esponja mãe. Com o próximoperíodo de imersão essas eclodem,constituindo uma nova camada viva,que passa a produzir um novoesqueleto, sobre aquele do períodoanterior. Dada a cor diferenciada daesponja produzida no período deimersão mais recente, percebe-se quea nova camada não corresponde a todasuperfície do período anterior, masconstitui manchas delgadas sobreaquela.

As esponjas da Familia Potamolepi-dae estão representadas no ambientedo igapó por espécimes com reduzidoesqueleto, quando não apenasgêmulas, pertencentes a três espéciesdo gênero , sendo maisfrequente . Mas, mesmoesta, comparece apenas com asgêmulas, no entanto em númerosmuito grandes, constituindo minúsculos domos de cor escura, firmementecolados aos substratos. Aliás, damaneira como foi detectada e descritapor Carter (1881): como sendo agêmula de uma espécie cujo esqueletoera então desconhecido. Nossubstratos rochosos de fundos de riosde toda América do Sul essa esponjaforma crostas espessas e extensas, decor creme, apresentando as gêmulasacima descritas coladas ao substrato eainda gêmulas menores, em grupos, nointerior do esqueleto (TavaresVolkmer-Ribeiro, 1997).Trata-se

Oncosclera

O. navicella

-

&

claramente de esponjas de fundos rochosos que, noigapó, comparecem com suas formas de resistência,devido a não ser esse seu ambiente ideal. Fatosemelhante foi detectado por Batista . (2003) noslagos de várzea do rio Araguaia, com respeito a esponjasda família Potamolepidae.

Aprospecção, efetuada com barco, permitiu levantarda água substratos ainda mergulhados, como galhostombados de árvores ocorrentes no meio do lago. Essescontinham esponjas vivas indicando que a qualidade daágua baixa não é, no igapó, impeditiva ao crescimento daesponja. No entanto convém considerar a possibilidadeque esses galhos pudessem haver caído recentemente, jácom esponjas formadas em níveis anteriormenteexpostos.Aprofundidade a que esses espécimes estavammergulhados era próxima da superfície.

O estudo dos sedimentos mostrou um contribuiçãosignificativa das espículas das esponjas aos mesmos (Fig.4), além de permitir a conferência da composiçãoespecífica da assembléia levantada. Dada a ocorrêncianos sedimento das espículas das gêmulas, além daquelasdo esqueleto, foi possível identificar as espéciescontribuintes e constatar que o levantamento feito

et al

Figura 3. Foto de folha da palmeiraArecaceae coligida no igapódo Lago Tupé, Manaus, AM (MCN-POR 6571) incrustada com aesponja evidenciando apredominância de formação de gêmulas, em detrimento daconstituição do esqueleto. Foto Vanessa de Souza Machado.

Trochospongilla paulula

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oferece uma figura bastante real da fauna de esponjasque existe no lago. Houve ocorrência de algumasespículas que indicam, contudo, que mais uma ou duasespécies não foram amostradas. Essas espículas, dadosua raridade, não permitiram entretanto a identificaçãodessas espécies.

As esponjas amostradas nas pilastras do porto deManaus, Rio Negro, constituiram exemplares volumosos,com formas hemisféricas e com esqueletos muitofrágeis. Outras características marcantes a distinguiremos espécimes desse local dos do Lago Tupé foi aocorrência generalizada, nos exemplares do porto deManaus, de epizoísmo entre as distintas espécies ( o queexigiu um tempo bem maior para se chegar àsidentificações), além da quase ausência de gêmulas,indicando que aí as esponjas estão investindo naconstituição do esqueleto, por não estarem enfrentandocondições adversas e que, obviamente, a dispersãodeverá estar se efetivando com a emissão de larvas,resultantes de reprodução sexuada.

Discussão e

Conclusões

Três espécies de dois gêneros daFamilia Metaniidae Volkmer,

, , ee uma da Família

Spongillidae, ,dominam e tipificam a espongofaunado Lago Tupé. As duas primeiras e aquarta espécie são características deambientes de florestas de várzeasinundadas estacionalmente, identidade que marca, aliás, em toda faixacircum-tropical (Volkmer-Ribeiro,1986) a maioria das espécies e gênerosda Família Metaniidae. As distinçõesmaiores entre os represen tantes dasduas famílias dizem respeito aestrutura dos esqueletos e, dependentes desses, os substratos elegidos paracolonização pelas esponjas. Enquantoas esponjas da Família Metaniidaemostram estruturas esqueletais extremamente duras e cerradas, com asgêmulas retidas nas malhas dessesesqueletos, as da Família Spongillidaecompõem esqueletos frágeis, com asgêmulas soltas e expostas na redeaberta e rudimentar do esqueleto.Esse fato determina padrões dedistribuição bem distintos dessa faunano igapó, as metaniidae utilizandosubstratos fortes, como ramos e galhosmaiores da vegetação, além desubstratos rochosos da boca do lagoenquanto os espongilideos garantempara sí a folhagem e galhos menoressubmersos ou mesmo as cascas dasárvores. Imbricadas nessa distribuiçãoestão as características das gêmulas:

Metania

reticulata Drulia browni Drulia

uruguayensis

Trochospongilla paulula

-

-

-

-

Figura 4. Foto de lâmina permanente, resultante dapreparação de sedimentos atuais do Lago Tupé, evidenciando aabundância de espículas das esponjas. Foto Franciely BenettideAlmeida.

Wolkmer Almeida&

em metaniidae, presas no corpo daesponja mãe, o que redunda emesponjas silicosas volumosas e duras,resultantes de períodos sucessivos esobrepostos de eclosões gemulares ede formação de esqueletos, sustenta-dos por esses substratos mais firmes.No caso dos espongilídeos, as gêmulasdispersam-se facilmente por flutuaçãoe dispensam substratos firmes, já quea adição de temporadas estacionais deprodução redunda em ocupação denovos substratos. O fato é que a adiçãodas duas estratégias de ocupação levaa um ambiente extensivamente coloni-zado pelas esponjas, como foi vistoser o do Lago Tupé. Essa ocupação,amplamente verificada na AmazôniaCentral (Volkmer-Ribeiro, 1981) distri-bui-se tanto no gradiente vertical, desubstratos próximos ao solo, às copasdas árvores mais altas situadas nocentro do lago, quanto no horizontal,espraiando-se pela vegetação dasmargens, até onde as águas das cheiastem seus períodos maiores deresidência.

Houve uma distinção marcanteentre os materiais coligidos no LagoTupé e os amostrado nas pilastras doPorto de Manaus. Os primeirosconstituiram espécimes isolados, semincidência de epizoismo, indicandopreliminarmente uma fauna comausência de competição por substrato.Entende-se esse fato pela disponibili-dade de substratos propiciada pelafloresta marginal inundada do igapó.No porto de Manaus as esponjasencontraram esse substrato disponibi-lizado, de modo mais escasso, pelaspilastras do porto. A escassez, para

Figura 5 Foto do Lago Tupé na ocasião da amostragemrealizada pela autora senior no fim do período de água baixa(outubro de 2004). As manchas negras indicadas pelas flechascorrespondem aos múltiplos espécimes de ede , cujas gêmulas, retidas no esqueleto quesecou, eclodem no seguinte período de águas altas e formamnovas crostas sobre a antiga. Foto Cecilia Volkmer Ribeiro.

.

Metania reticulataDrulia browni

não dizer ausência de gêmulas, nos espécimes do porto,indica uma incidência maior de reprodução/dispersãopor larvas resultantes de reprodução sexuada. Essas,livre-natantes, cumprem a função de, no reduzidotempo de vida que têm, buscar substratos imersos emáguas que apresentam a qualidade de água compatível

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com a vida da esponja adulta ( Sara Vacelet, 1973). Aságuas do rio Negro, aliadas às pilastras do porto devemcorresponder a essas necessidades para as esponjas aíocorrentes. Essas podem assim investir em constituiçãoesqueletal permanente, enquanto as do Lago Tupé, dadaa drástica retração do meio líquido na estação da seca,tem de investir na produção de gêmulas.

A prospecção de espículas nos sedimentos,comprovou, mais uma vez a utilidade dessa amostragemindireta, há longo tempo prognosticada e utilizada,tanto para detecção de assembléias atuais (Volkmer-Ribeiro, 1985), quanto pleistocênicas, possibilitandopaleo-interpretações (Harrison, 1988; HarrisonWarner, 1986; Harrison . 1979; Turcq . 1998,Sifeddine . 2001). Os resultados aqui aportadosvem confirmar aqueles obtidos por Chauvel .(1996),no pertinente à abundância das espículas nossedimentos, enfatizando a contribuição importantedessa fauna para a constituição física dos sedimentos dosigapós e no processo de bio-mineralização da sílicaretirada da água. Jorgensen (1944) demonstrou queessas esponjas detém ainda o potencial de retirarem asílica existente em outras fontes, que não a dissolvidana água, como a areia, suas espículas e frústulas dediatomáceas incorporadas aos sedimentos. Assim sendoo componente faunístico espongológico desempenhaum papel importante na geoquímica da água e dossedimentos do lago.

O levantamento efetuado aponta, no conjunto dasespécies detectadas, para uma espongofauna de águasnegras, tão exuberante quanto àquela levantada naságuas claras amazônicas (Batista . 2003). Umaprimeira comparação dos padrões de oxigênio dissolvido,pH e condutividade entre os agora obtidos para as águasaltas no Lago Tupé (Darwich , 2005, neste volume) eaqueles observados nas cheias para os lagos de Várzea doAraguaia, permite distinguir diferenças apreciáveis, comáguas bastante mais ácidas e com baixa condutividade noprimeiro caso, confirmando, aliás, observaçõesaportadas em um número infindo de trabalhos realizadosna Amazônia (Junk Furch, 1985). No entanto essasdiferenças não parecem ser as que mais influem sobre aabundância da fauna espongológica, pelo menos no que

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respeita a águas pretas e claras, ajulgar-se pelas comparações agorarealizadas e que apontam parasituações similares entre o Lago Tupé eos lagos de Várzea doAraguaia.

As diferenças marcantes daconcentração de bicarbonatos sãocolocadas como um divisor, naAmazônia, (Junk Furch, 1985) entreas águas brancas de um lado e as clarase negras de outro. A similaridade,agora apontada, entre águas negras eclaras, no que tange a abundância dafauna espongológica, vem indicar queesse seja mais um elemento de caráterbiológico a confirmar essa divisão daspropriedades químicas das águas naAmazônia. Restará a viabilização deum levantamento em ambientes deáguas brancas, semelhante ao operadono Araguaia e agora no Tupé, paraefetivar-se a comparação dos resulta-dos e verificar se as diferenças naconcentração de bicarbonatos influemna distribuição também da faunaespongológica.

Por sua vez a abundância deespículas nos sedimentos recomendacautela no uso dessas águas paraatividades de lazer, principalmente noperíodo de águas baixas. As espículas,por movimentação dos sedimentos,podem passar à resuspensão na colunad´água. O contato direto com a pelepode, ocasionalmente, provocardermatites e conjuntivites, pelapenetração das espículas na pele e naconjuntiva. No caso de consumo daágua para ingestão, seja como bebidaou no cozimento de alimentos, aprecaução é idêntica. É óbvio que esserisco ocorrerá nos locais onde ossedimentos acusarem maiores concen-

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trações das espículas, como aconteceunos locais de recuperação das colunasde sedimento no centro do lago.

Aos Drs. Assad Darwich, EdinaldoNelson dos Santos-Silva, INPA eVeridiana Vizoni Scudeller, CEULM/ULBRA, pelo primeiro esforço deamostragem de esponjas no Lago Tupée no porto do Manaus; ao Dr. EdinaldoNelson dos Santos Silva, pela disponibi-lização de oportunidade e apoio paraque a autora senior levasse a efeito olevantamento abrangente da fauna deesponjas no lago. Ao CNPq., pela bolsade Produtividade em Pesquisa concedi-da à autora senior. À Fundação deAmparo à Pesquisa do Estado do RioGrande do Sul (FAPERGS), pela bolsa deIC concedida à autora junior.

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