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    SOBRE PEDRAS E POVOS

    A ARQUEOLOGIA PBLICA E SUA IMPORTNCIA SOCIAL

    Fabricio J. Nazzari VicroskiIntroduo

    A degradao ambiental potencializada nas ltimas dcadas pelo crescimento econmicofrentico observado em diversas naes, tem suscitado questionamentos quanto as possibilidadese limites da ao humana transformadora dos recursos naturais. A elaborao de aesmitigadoras raramente acompanha o ritmo com que as sociedades se desenvolvem e modificam omeio que as circunda.

    Este cenrio propiciou o surgimento de leis e decretos determinando a realizao deestudos scio-econmicos e ambientais com o intuito de avaliar os impactos das atividadeseconmicas e obras de engenharia sobre o patrimnio ambiental e cultural, subsidiando assim atomada de decises quanto a preservao de tais recursos. Esta tarefa naturalmente delegada acomunidade cientfica, encarregada pela realizao dos estudos prvios ligados ao licenciamentoambiental.

    O propsito inicial colocar a cincia a servio da sociedade, visando o estabelecimentode parmetros para o uso sustentvel dos recursos naturais, permitindo, conseqentemente, odesenvolvimento social. No entanto, percebe-se que h um rompimento da comunicao entre os pesquisadores e a sociedade em geral, fazendo com que a cincia de feche em si mesma, e aapropriao do conhecimento produzido ocorra de forma espordica e muitas vezes sem que seexplore sua potencialidade como agente de transformao social.

    Mestrando em Histria no PPGH da Universidade de Passo Fundo. Bolsista CAPES, pesquisador nasreas de Arqueologia e Histria.

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    perodos pouco esclarecidos pelos relatos escritos1" (KACZANOWSKI & KOZOWSKI, 1998, p. 14).

    Em seus primrdios, portanto, os colecionadores tiveram um papel importante, no entanto,neste perodo, no havia qualquer preocupao com uma anlise mais acurada dos objetos, elesapenas eram reunidos com o intuito de compor uma coleo. Desconsiderando o fato de que umaapreciao detalhada dos vestgios no contexto em que foram encontrados poderia resultar nolevantamento de informaes acerca dos povos e culturas que desenvolveram tais objetos.Permitindo assim realizar uma associao com sua origem e compreender, pelo menos parcialmente, a dinmica social destas populaes, e no apenas constituir uma coleo de objetossem qualquer relao com seus artfices.

    Tal preocupao somente manifestou-se de forma expressiva quando lideranas polticas eeconmicas perceberam certa convenincia no estabelecimento de uma relao entre ascivilizaes passadas e contemporneas com o intuito de defender interesses nacionalistas eimperialistas. De acordo com Pedro Paulo Funari (2003) a arqueologia surgiu no bojo doImperialismo do sculo XIX, como um subproduto da expanso das potncias coloniais europiase dos Estados Unidos, que procuravam enriquecer explorando outros territrios.

    O imperialismo encontrava-se extremamente latente no sculo XIX, pases como Alemanha,Frana, Reino Unido, Itlia, Japo e Estados Unidos, desejavam estender seus domniossubjugando o maior nmero possvel de povos e territrios, visando constituir verdadeirosimprios. A efervescncia deste desejo imperialista, tambm chamado de neocolonialismo,acabou levando ecloso da Primeira Guerra Mundial em 1914.

    A questo que no havia territrios suficientes para serem colonizados, alm do mais, cada potncia desejava uma "fatia maior", ento era preciso encontrar uma forma de legitimar a aoimperialista sobre territrios pertencentes a outras naes, assim recorreu-se a arqueologia.

    1 Traduo prpria.

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    Comearam ento a ser desenvolvidas algumas pesquisas com a finalidade de estabelecer um elo de ligao entre os atuais imprios e povos do passado, ou seja, se determinada nao provasse que seus ancestrais ocupavam o territrio de um pas vizinho, por exemplo, e valorizasseseus feitos reconhecendo-se como herdeiros destes antepassados, estes poderiam argumentar que

    tinham o direito primordial sobre determinada poro territorial.

    A Alemanha tentou fazer uso de tal artifcio, apregoando uma origem germnica a vestgiosarqueolgicos de povos eslavos encontrados na Polnia, tentando assim expandir seu territrio supostas reas de domnio dos antigos povos germnicos.

    A Itlia, por exemplo, poderia lanar-se na conquista de territrios outrora dominados peloImprio Romano, este projeto, inclusive foi posto em prtica pelo lder fascista Benito Mussolini,atravs de um regime poltico totalitrio, felizmente, sua iniciativa acabou sendo frustrada.

    Num outro vis, a arqueologia tambm pode fornecer subsdio ideolgico ao fortalecimentode nacionalismos enfraquecidos ou desprovidos de referncias, ou pode ainda permitir o resgatede identidades perdidas ou atrofiadas, colocando-as como elementos de resistncia emcontraposio expanso colonizadora ou demarcaes territoriais de estados nacionais cominteresses incompatveis aos da nao.

    A relao entre arqueologia e poltica muito estreita, freqentemente a primeira utilizada

    para legitimar a segunda, a "Arqueologia sempre poltica, responde a necessidades poltico-ideolgicas dos grupos em conflito nas sociedades contemporneas" (CLIVE GABLE, apudFUNARI, 2003, p. 100).

    A arqueologia propicia um pano de fundo para o desenvolvimento, criao, manipulao eresgate da identidade nacional de um povo. Suas descobertas podem ser utilizadas tanto para justificar uma ao imperialista sobre determinada populao e territrio, como tambm pararepeli-la, atravs da emancipao de um povo que apropria-se de seu passado. O importante

    estarmos ciente da potencialidade do conhecimento produzido pela cincia arqueolgica, e, portanto, de sua responsabilidade social.

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    Arqueologia Pblica

    Pode-se dizer que a arqueologia no Brasil de certa forma recente, pois seuamadurecimento terico e metodolgico ocorre na esteira de tais discusses observadas principalmente na Europa e Estados Unidos. Desta forma muitos pesquisadores ainda buscam um posicionamento neste sentido, ou at mesmo o desenvolvimento e afirmao da arqueologianacional, um campo extremamente fecundo e integrado com o contexto mundial.

    Neste cenrio, onde uma srie de discusses permeia a atividade do arquelogo, inclusive a prpria regulamentao da profisso, determinados aspectos de certa forma menos evidentes masno menos importantes, acabam sendo relegados a um segundo plano, a exemplo das questesrelacionadas importncia social desta cincia.

    Apesar de alguns debates neste sentido estarem sendo observados j h algum tempo nocontexto mundial, no Brasil a introduo desta temtica recente, e reflete a emergncia dequestionamentos quanto a neutralidade da cincia e sua distncia em relao a sociedade, ou seja,a falta de interao com os diversos grupos sociais.

    No Brasil, a expresso Arqueologia Pblica, surgida em mbito anglo-saxo,ainda nova e pode levar a confuso. De fato, pblico, em sua origem inglesa,significa voltada para o pblico, para o povo, e nada tem a ver, stricto sensu,com o sentido vernculo de pblico como sinnimo de estatal. Ao contrrio, oaspecto pblico da Arqueologia refere-se atuao com as pessoas, sejammembros de comunidades indgenas, quilombolas ou locais, sejam estudantes ou professores do ensino fundamental ou mdio. A ao do Estado d-se, demaneira necessria, por meio da legislao de proteo ambiental e cultural queleva empreendedores empresas privadas ou pblicas a custearem estudos deimpacto ambiental e cultural. Nem sempre tais estudos visam ao pblica, nosentido mencionado acima, de interao com as pessoas. Do nosso ponto de vista[...] a cincia no deve alhear-se da sociedade, sob o manto difano doempirismo. A Arqueologia Pblica, entendida como aocom o povo, parausarmos uma expresso de Paulo Freire, permite que tenhamos uma cinciaaplicada em benefcio das comunidades e segmentos sociais (FUNARI &ROBRAHN-GONZLEZ, 2006, p. 3).

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    Uma arqueologia socialmente engajada deve constituir no apenas uma forma deabordagem ou divulgao da pesquisa, mas sim propiciar a articulao dos pesquisadores e dasociedade ao longo do processo de construo do conhecimento, possibilitando sua apreenso e aconseqente valorizao do patrimnio cultural.

    Atualmente, as iniciativas mais palpveis neste sentido, so representadas pelos projetosde educao patrimonial vinculados ao licenciamento arqueolgico e previstos atravs deLegislao Federal(Portaria IPHAN n. 230/02). Nos ltimos anos, as aes educativas voltadas a preservao do patrimnio cultural tm se disseminado ao longo do territrio nacional, asexperincias acumuladas e o intercmbio de informaes so fatores que tm contribudo para adesmistificao da arqueologia e aproximao dos pesquisadores e dos resultados das pesquisascom o pblico em geral.

    O surgimento de publicaes especializadas como a Revista Arqueologia Pblica, lanadaem 2006 e publicada anualmente pelo Ncleo de Estudos Estratgicos da Universidade Estadualde Campinas (NEE/UNICAMP), tem servido no apenas para a divulgao da temtica, mastambm como um veculo de aproximao entre arquelogos e a arqueologia pblica, estimulandoassim novas indagaes e propostas.

    A Responsabilidade Social da Arqueologia

    A preocupao com a utilizao de modelos e a aplicao de teorias culturais generalizadas,muitas vezes faz com que a construo do conhecimento ocorra de forma desarticulada dasociedade. A fim de elucidar a questo, tomemos como exemplo a questo da identidade indgenano Brasil. Segundo a pesquisadora Solange Nunes de Oliveira Schiavetto,a arqueologia temajudado a reforar a idia de que o indgena est em posio marginal na Histria do pas (apud

    FUNARI [et al.], 2005, p. 79), ela destaca ainda a falta de articulao entre o trabalho do

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    arquelogo e do antroplogo na tradio cientfica brasileira e seu distanciamento do objeto deestudos.

    Embora essa tendncia no seja unilateral, ela perceptvel na imensa quantidadede trabalhos publicados em revistas especializadas e dissertaes e tesesdefendidas, sobretudo nas dcadas de 1980 e 1990, nas quais no constam maisdo que descries de etapas de campo, anlise quantitativa do material e,finalmente, enquadramento dos achados em fases e tradies arqueolgicasexistentes. Se tomarmos como verdade o fato de o pensamento cientfico lanar mo de metforas para representar a realidade sua volta (GONZALO, 1997),disso advindo a classificao do que apreendido, tambm verdade que taismodelos, totalmentedistanciados do objeto que se tem como propostaclassificar, no podem servir como base para a elaborao de polticas queenvolvam os povos atualmente alienados de seus direitos (apud FUNARIet al ,2005, p. 79).

    notrio que a a Arqueologia possui im portncia social, principalmente no que dizrespeito preocupao em envolver a comunidade em todas as etapas da pesquisa (LIMAapud FUNARI [et al.], 2009, p.223). De certa forma a pesquisa arqueolgica perde o sentido quando oconhecimento adquirido no retorna comunidade envolvida e no por ela apreendido.

    O arquelogo ao conferir um engajamento social a sua pesquisa, propicia no apenas oresgate do passado, mas sua articulao com o presente, pois refora os vnculos entre associedades atuais e seus predecessores, proporcionando uma nova forma de olhar o passado, econseqentemente estimulando o sentimento de pertencimento, apropriao e preservao do patrimnio cultural.

    Neste longo caminho o arquelogo, trabalhando com a comunidade, tem o papelde estimular o sentido de pertencimento s diversas histrias, aos variados passados, aos diferentes bens culturais, de forma a orientar as pessoas comogestoras de seu prprio futuro, visando no somente o envolvimento das

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    comunidades, mas tambm seu engajamento na busca pela preservao econservao de seu patrimnio(LIMAapud FUNARI [et al.], 2009, p.223).

    Uma arqueologia revestida com comprometimento social deve indispensavelmente buscar uma aproximao com a comunidade, a divulgao da pesquisa de fundamental importncia, noentanto, no deve ser um elemento limitador, pois ela pode e deve ir alm. Os diferentes grupossociais podem ser envolvidos na construo do conhecimento, sobretudo, em se tratando dearqueologia histrica, onde a aproximao com o objeto de estudos certamente mais fcil, acomunidade envolvida pode se reconhecer no objeto pesquisado, ou seja, exclui-se a dicotomians x eles, e evidencia-se a continuidade entre as sociedades presentes e o outro diferente de mimapenas temporalmente, ou seja, busca-se estimular um sentimento de ancestralidade, que

    conseqentemente ir propiciar a preservao deste patrimnio cultural.

    Atravs da aproximao entre arqueologia e sociedade, os grupos sociais envolvidos podem perceber que setrata da histria da sua comunidade representada pelo outro situado numdeterminado espao do tempo, e no a histria do outro no sentido de descontinuidade, semrelao com a sociedade atual, mantendo como nico aspecto em comum a ocupao do mesmoterritrio em pocas diferentes, o que no apenas motivaria o desinteresse como tambmestimularia a prpria suplantao desta memria por uma referncia com a qual a comunidade seidentifica.

    Um exemplo da importncia da aproximao da arqueologia com os grupos sociais o casode determinados stios arqueolgicos histricos cadastrados junto ao Instituto do PatrimnioHistrico e Artstico Nacional (IPHAN) nos ltimos anos, principalmente na regio sul do Brasil.Refiro-me as chamadas taipas, ou seja, mur os de pedras encaixadas utilizados para delimitar divisas entre propriedades, cercar o gado, represar audes, balizar estradas, entre outras utilidades.

    A construo de tais estruturas tornou-se uma prtica relativamente comum a partir dacolonizao europia, sendo que seus mais belos exemplares comumente esto relacionados ao

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    tropeirismo, especialmente nos Campos de Cima da Serra, entre o Rio Grande do Sul e SantaCatarina, o que faz com que sua importncia histrica seja imediatamente reconhecida.

    Todavia, em perodos mais recentes, entre os sculos XIX e XX com o incremento dacolonizao europia, percebe-se um novo impulso na construo destas estruturas, contudo, suafinalidade, tcnicas construtivas e at mesmo a mo-de-obra (antes escrava agora camponesa)reflete um novo contexto histrico

    Pesquisas arqueolgicas realizadas sem qualquer vnculo com os grupos sociais envolvidos podem atribuir valor histrico e representatividade cultural a uma taipa que vista pelacomunidade local apenas como um elemento utilitrio, sem qualquer importncia histrico-cultural. O que pode ser a primeira vista interpretado como falta de conhecimento histrico por

    parte dos descendentes de imigrantes, pode, no entanto, ser o reflexo do desconhecimento por parte do arquelogo, que realizou sua pesquisa sem buscar uma aproximao com o grupo socialenvolvido, atravs da qual poderia ter realizado um resgate da histria oral relacionada aconstruo de tais estruturas, que podem sim ter importncia histrica, e so muitas vezes preservadas pela populao justamente por possuir um vnculo com o outro temporal, emcontrapartida, h tambm determinadas taipas cuja construo foi resultado da remoo das pedras de uma rea de lavoura, qual no atribuda qualquer relao de ancestralidade.

    A insuficincia ou at mesmo ausncia de compromisso social da pesquisa arqueolgica pode resultar em interpretaes errneas por parte do arquelogo e at mesmo do IPHAN, aexemplo de um episdio observado em determinada situao num processo de licenciamentoarqueolgico onde foi exigido do empreendedor, como medida mitigadora, a preservao de umaestrutura, bem como a restaurao dos segmentos degradados (fator extremamente discutvel), emvirtude de sua importncia histrica para o grupo social envolvido, enquanto seus atores sociais jno lhe atribuam nem mesmo valor utilitrio, e ao mesmo tempo planejavam sua remoo para

    expanso das atividades econmicas desenvolvidas em sua propriedade. preciso deixar claroque no se trata de um conflito de interesses, como o observado em situaes onde o proprietrio

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    quer realizar modificaes ou at mesmo a demolio de casas tombadas como patrimniohistrico, mas sim a criao (at mesmo inconsciente) de uma significao histrica por assimdizer. Esta deficincia da pesquisa poderia ser facilmente suprida no contexto da arqueologia pblica.

    Consideraes Finais

    A arqueologia brasileira passa por um momento de redefinio e, creio eu, que este seja omomento adequado para inserirmos novos debates ou reformular os antigos, a fim de fortalecer aatuao profissional do arquelogo.

    Considero como um dos principais mritos da arqueologia pblica a possibilidade deconectar o objeto de estudos com o presente, atribuindo-lhe significncia social s comunidadescontemporneas. preciso fazer a transio das pedras aos povos, ou seja, a partir do estudoda cultura material, das tabelas, grficos, anlises quantitativas e qualitativas, devemos deixar transparecer seus artfices, enfim, a sociedade envolvida, estabelecendo um elo de ligao com asociedade atual.

    Segundo Jos Alberione dos Reis, no nas pontas de projtil nem na pesada

    tecnotipologia de lascamento bifacial que engendramos passados [...] s vezes, estes passadosescapam pelas por tas dos fundos da academia...(REISapud FUNARI, 2007, p. 35), ou seja,devemos nos debruar sobre os mtodos de anlise da cultura material, mas sem esquecer que este apenas um meio de vislumbrar as sociedades por trs dos objetos.

    Certamente a educao constitui um elemento chave para a arqueologia pblica, adivulgao das pesquisas e o envolvimento da comunidade atravs de atividades educativas temresultado em experincias positivas.

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    Atualmente bem aceito que a arqueologia e a educao so indissociveis, eque o passado muitas vezes representado como um espelho dos gruposdominantes em uma determinada sociedade. Tanto educao quanto arqueologia podem lidar com a interpretao do presente e do passado para forjar identidadesteis para as pessoas no poder, destarte, arquelogos e educadores tm sido promotores ativos de abordagens crticas. Assim, a arqueologia capaz de dar

    voz s "maiorias silenciosas" que esto representadas nos registros materiais, luz de seus prprios interesses e perspectivas. A arqueologia e a educaointeragem especialmente nos museus, salas de aula e livros didticos (FUNARI& ROBRAHN-GONZLEZ, 2008, p. 5)

    A propsito, os projetos de pesquisa submetidos licena do IPHAN, sejam eles dearqueologia de contrato ou acadmica, devem prestar esclarecimentos quanto a utilizao futurado material produzido para fins cientficos, culturais e educacionais e quanto aos meios dedivulgao das informaes cientficas obtidas (Portaria IPHAN n 7/88). Trata-se de uminstrumento legal de grande relevncia se considerarmos as possibilidades de aproximao doconhecimento cientfico com a sociedade, resta contudo, um maior afinco do IPHAN no sentidode exigir o cumprimento da legislao vigente.

    Considerando a relevncia do conhecimento cientfico, preciso que os pesquisadoresassumam seu compromisso social e construam o conhecimento de forma crtica, em conjunto comos grupos sociais envolvidos, na medida em que a arqueologia pblica se desenvolve e sefortalece, paralelamente abre possibilidades para que o engajamento social do arquelogo sejatambm exigido pela prpria sociedade, o que certamente forar uma atuao profissional tica eresponsvel, resultando em benefcios a sociedade em geral.

    Bibliografia

    FUNARI, Pedro Paulo. Arqueologia. So Paulo: Contexto, 2003.

    FUNARI, Pedro Paulo; ROBRAHN-GONZLEZ, Erika Marion. Arqueologia Pblica. N 1. SoPaulo: UNICAMP, 2007.

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    FUNARI, Pedro Paulo; ROBRAHN-GONZLEZ, Erika Marion. tica, capitalismo earqueologia pblica no Brasil . Histria.On-line versionISSN 1980-4369. vol.27 no.2 Franca.2008.

    FUNARI, Pedro Paulo;ROBRAHN-GONZLEZ, Erika M. tica, capitalismo e arqueologia pblica no Brasil.Histria, 2008, vol.27, no.2, p.13-30. ISSN 0101-9074.

    FUNARI, Pedro Paulo; ROBRAHN-GONZLEZ, Erika Marion. Arqueologia Pblica. N 2. SoPaulo: UNICAMP, 2007.

    FUNARI, Pedro Paulo, ORSER JR, Charles E.; SCHIAVETTO, Solange Nunes de Oliveira. Identidades, discurso e poder: estudos da arqueologia contempornea. So Paulo: Annablume;FAPESP, 2005.

    KACZANOWSKI, Piotr; KOZLOWSKI, Janusz Krzysztof. Najdawniejsze Dzieje Ziem Polskich.Krakw: Fogra Oficyna Wydawnicza, 1998.

    LIMA, Leilane P. Relatos de uma experincia em Arqueologia Pblica. In: FUNARI, PedroPaulo [et. al.]. Desafios da Arqueologia: Depoimentos. Erechim: Habilis, 2009.

    http://www.scielo.br/cgi-bin/wxis.exe/iah/?IsisScript=iah/iah.xis&base=article%5Edlibrary&format=iso.pft&lang=i&nextAction=lnk&indexSearch=AU&exprSearch=Funari,%20Pedro%20Paulo%20A.http://www.scielo.br/cgi-bin/wxis.exe/iah/?IsisScript=iah/iah.xis&base=article%5Edlibrary&format=iso.pft&lang=i&nextAction=lnk&indexSearch=AU&exprSearch=Funari,%20Pedro%20Paulo%20A.