ANÁLISE TEÓRICA-EXPERIMENTAL DE SECADOR SOLAR...

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ANÁLISE TEÓRICA-EXPERIMENTAL DE SECADOR SOLAR PARA AGRICULTURA FAMILIAR POR TERMOGRAFIA DE INFRAVERMELHO E TRANSFORMAÇÃO INTEGRAL Ivana Fernandes de Sousa Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-graduação em Engenharia Mecânica, COPPE, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Mestre em Engenharia Mecânica. Orientador: Renato Machado Cotta Rio de Janeiro Abril de 2012

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ANÁLISE TEÓRICA-EXPERIMENTAL DE SECADOR SOLAR PARA

AGRICULTURA FAMILIAR POR TERMOGRAFIA DE INFRAVERMELHO E

TRANSFORMAÇÃO INTEGRAL

Ivana Fernandes de Sousa

Dissertação de Mestrado apresentada ao

Programa de Pós-graduação em Engenharia

Mecânica, COPPE, da Universidade Federal do

Rio de Janeiro, como parte dos requisitos

necessários à obtenção do título de Mestre em

Engenharia Mecânica.

Orientador: Renato Machado Cotta

Rio de Janeiro

Abril de 2012

ANÁLISE TEÓRICA-EXPERIMENTAL DE SECADOR SOLAR PARA

AGRICULTURA FAMILIAR POR TERMOGRAFIA DE INFRAVERMELHO E

TRANSFORMAÇÃO INTEGRAL

Ivana Fernandes de Sousa

DISSERTAÇÃO SUBMETIDA AO CORPO DOCENTE DO INSTITUTO ALBERTO

LUIZ COIMBRA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA DE ENGENHARIA

(COPPE) DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE

DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE MESTRE

EM CIÊNCIAS EM ENGENHARIA MECÂNICA.

Examinada por:

________________________________________________

Prof. Renato Machado Cotta, Ph.D.

________________________________________________

Dr. Henrique Massard da Fonseca, D.Sc.

________________________________________________

Prof. João Nazareno Nonato Quaresma, D.Sc.

________________________________________________

Profa. Renata Antoun Simão, D.Sc.

RIO DE JANEIRO, RJ - BRASIL

ABRIL DE 2012

iii

Sousa, Ivana Fernandes de

Análise Teórica-Experimental de Secador Solar para

Agricultura Familiar por Termografia de Infravermelho e

Transformação Integral/ Ivana Fernandes de Sousa. – Rio

de Janeiro: UFRJ/COPPE, 2012.

IX, 94 p.: il.; 29,7 cm.

Orientador: Renato Machado Cotta

Dissertação (mestrado) – UFRJ/ COPPE/ Programa de

Engenharia Mecânica, 2012.

Referências Bibliográficas: p. 72-74.

1. Coletor Solar. 2. Transformada Integral

Generalizada. 3. Código UNIT. I. Cotta, Renato Machado.

II. Universidade Federal do Rio de Janeiro, COPPE,

Programa de Engenharia Mecânica. III. Título.

iv

A meus Pais e Avós.

v

AGRADECIMENTOS

Agradeço ao IAPAR por ter disponibilizado o manual de construção do coletor

solar. Ao professor Renato Cotta e à professora Carolina Cotta, pela orientação, ensino,

apoio e dedicação durante a elaboração do trabalho.

À família Cotta por ter cedido espaço para execução do experimento.

Aos professores Helcio Orlande e João Nazareno pelo incentivo e ajuda durante

a execução desse estudo.

Aos professores Mohammed Lachi, Mourad Rebay e Jacques Padet, da

Université de Reims, França, pela colaboração e sugestões a esse estudo.

Aos Técnicos Julio, Paulo Veiga e Paulo Cesar, por ajudas diversas.

Aos amigos Ivana Gabriela, Martim, Kleber, Diego, Zotin, Vinicius, Jean,

Andrés, Leonardo e colegas de laboratório pelas infinitas discussões teóricas.

Aos amigos Alex e Sérgio pelos momentos de descontração durante a execução

de todos os trabalhos desde o vestibular.

Aos meus pais, João Guilherme e Decíola pelo incentivo.

vi

Resumo da Dissertação apresentada à COPPE/UFRJ como parte dos requisitos

necessários para a obtenção do grau de Mestre em Ciências (M.Sc.)

ANÁLISE TEÓRICA-EXPERIMENTAL DE SECADOR SOLAR PARA

AGRICULTURA FAMILIAR POR TERMOGRAFIA DE INFRAVERMELHO E

TRANSFORMAÇÃO INTEGRAL

Ivana Fernandes de Sousa

Abril/2012

Orientador: Renato Machado Cotta

Programa: Engenharia Mecânica

Este trabalho trata da análise de transferência de calor conjugada condução-

convecção natural-radiação em cavidade plana inclinada que pode ser empregada como

secador solar em pequena escala na agricultura, segundo modelo construtivo proposto

pelo Instituto Agronômico do Paraná (IAPAR). As análises experimentais são

realizadas utilizando-se termopares, fluxímetro de calor e termografia por câmera de

infravermelho. A equação de condução de calor na placa coletora metálica é

simplificada a partir da aplicação da técnica de parâmetros concentrados na direção

transversal, combinada com correlações para o número de Nusselt local ao longo da

placa inclinada. O modelo unidimensional transiente é então resolvido pela Técnica da

Transformada Integral Generalizada, GITT, empregando um código computacional

aberto na plataforma Mathematica (código UNIT) e criticamente comparado com os

resultados experimentais. O modelo proposto é simples e adequado para a previsão de

transferência de calor na placa coletora, permitindo a avaliação de parâmetros básicos

do secador, como comprimento da placa, espessura e ângulo de inclinação, mas requer

informações experimentais sobre a temperatura na cobertura de vidro e o fluxo de calor

por radiação incidente. Por isso, um segundo modelo é proposto que incorpora a

equação de condução de calor na cobertura de vidro, também aplicando-se parâmetros

concentrados na direção transversal, e então validado com os resultados experimentais.

vii

Abstract of Dissertation presented to COPPE/UFRJ as a partial fulfillment of the

requirements for the degree of Master of Science (M.Sc.)

THEORETICAL-EXPERIMENTAL ANALYSIS OF SOLAR DRYER TO FAMILY

AGRICULTURE VIA INFRARED THERMOGRAPHY AND INTEGRAL

TRANSFORM

Ivana Fernandes de Sousa

April/2012

Advisor: Renato Machado Cotta

Department: Mechanical Engineering

The present work deals with conjugated natural convection-conduction heat

transfer in inclined plane solar collectors as employed in small scale agricultural solar

dryers, according to a construtive model proposed by Instituto Agronômico do Paraná

(IAPAR). The experimental analysis is performed by employing a combination of

thermocouples, fluxmeters and infrared thermography. A classical lumped-differential

model for heat conduction along the plate length is combined with available correlations

for local Nusselt numbers along the natural convection boundary layer over the inclined

plate to simplify the heat conduction equation in the metallic collector plate. The

resulting transient one-dimensional model is solved by Integral Transforms (UNIT

code) and critically compared with the experimental results. The proposed model is

simple enough for predicting the heat transfer phenomena along the plate length,

allowing for the selection of basic parameters such as collector length and thickness and

inclination angle, but requires experimental information on the temperatures of the glass

cover and on the incident radiation heat flux. Therefore a second model is proposed

including the heat conduction equation in the cover glass, also applying concentrated

parameters in the transverse direction then validated by experimental results.

viii

Sumário Lista de Símbolos .......................................................................................................................... 1

CAPÍTULO 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................... 4

1.1 - Motivação e Objetivos ...................................................................................................... 4

1.2 - Organização do Trabalho .................................................................................................. 7

CAPÍTULO 2 REVISÃO DA LITERATURA ............................................................................ 8

2.1 - Secagem Solar ................................................................................................................... 8

2.2 - Transferência de Calor em Cavidades e Placas ................................................................ 9

2.2.1 - Estudos Teóricos ............................................................................................................ 9

2.2.2 - Estudos Experimentais ................................................................................................. 11

2.3 - O Código UNIT e a Técnica da Transformada Integral Generalizada (GITT) ............... 13

CAPÍTULO 3 APARATO E PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL ...................................... 15

3.1 - Secador Solar do IAPAR ................................................................................................ 15

3.2 - Descrição do Aparato Experimental ............................................................................... 16

3.3 - Procedimento Experimental ............................................................................................ 19

3.3.1 - Termografia por Infravermelho ................................................................................... 19

3.4 - Tratamento dos Dados Experimentais ............................................................................ 22

CAPÍTULO 4 FORMULAÇÃO MATEMÁTICA .................................................................... 23

4.1 - Problema de Condução de Calor na Placa Coletora ....................................................... 23

4.2 - Problema Acoplado de Condução de Calor na Placa Coletora e no Vidro ..................... 27

4.3 - Correlações para os Números de Nusselt ........................................................................ 30

CAPÍTULO 5 MÉTODO DE SOLUÇÃO ................................................................................. 33

5.1 - Técnica da Transformada Integral Generalizada (GITT) ................................................ 33

5.2 - Algoritmo do Código UNIT ............................................................................................ 36

CAPÍTULO 6 RESULTADOS E DISCUSSÕES ...................................................................... 38

6.1 - Resultados Experimentais - Termopares ......................................................................... 38

6.2 - Resultados Teóricos ........................................................................................................ 43

6.2.1 - Resultados Teóricos com o Modelo Simplificado - Rotina NDSolve ......................... 48

6.2.2 - Resultados Teóricos com o Modelo Simplificado - Código UNIT .............................. 51

6.3 - Resultados Experimentais - Termografia ........................................................................ 57

6.4 - Resultados Teóricos com o Modelo Acoplado - Rotina NDSolve ................................. 63

CAPÍTULO 7 CONCLUSÕES E SUGESTÕES ....................................................................... 70

REFERÊNCIAS .......................................................................................................................... 72

APÊNDICE ................................................................................................................................. 75

ix

A - Código UNIT Utilizado na Solução do Modelo Teórico Simplificado ............................ 75

1

Lista de Símbolos

A -Área, m².

cp -Calor específico, J/kg ºC.

cpv -Calor específico do vidro, J/kg ºC.

dk -Coeficiente do termo de dissipação linear.

fk -Condições iniciais do problema.

-Transformada da condição inicial.

g -Aceleração gravitacional, m/s2.

-Transformada do termo fonte.

GrL -Número de Grashof para o comprimento L da placa.

-Número de Grashof local modificado.

his -Coeficiente de transferência de calor efetivo no isolante, W/m² ºC.

hc -Coeficiente de transferência de calor por convecção na superfície da

placa, W/m² ºC.

hc,e -Coeficiente de transferência de calor por convecção na superfície

externa do vidro, W/m² ºC.

hc,i -Coeficiente de transferência de calor por convecção na superfície interna

dovidro, W/m² ºC.

hef -Coeficiente de transferência de calor efetivo, W/m² ºC.

i,j -Ordem dos autovalores.

k -Condutividade térmica, W/m ºC.

kis -Condutividade térmica do material do isolamento, W/m ºC.

kv -Condutividade térmica do vidro, W/m ºC.

Kk -Coeficiente do termo difusivo.

L -Comprimento da placa, m.

Lk -Operador da equação de convecção-difusão.

n -Ordem de truncamento do somatório.

n -Vetor normal.

Nki -Norma.

Num -Número de Nusselt médio.

Nux -Número de Nusselt local.

Pr -Número de Prandtl, igual à υ/α.

2

Pk -Termo fonte.

Pki -Termo fonte para vários potenciais.

q -Fluxo de calor na placa de alumínio, W/m².

qp -Fluxo de calor perdido pela placa de alumínio pelo isolamento, W/m².

qinc -Fluxo de calor por radiação que incide na placa de alumínio, W/m².

qsol -Incidência solar média na região, W/m².

qflux -Fluxo de calor medido pelo fluxímetro, W/m².

-Número de Raylegh, igual à

.

T -Temperatura, ºC.

Tp1 -Termopar localizado na posição 12cm na placa.

Tp2 -Termopar localizado na posição 30cm na placa.

Tp3 -Termopar localizado na posição 48cm na placa.

Tp4 -Termopar localizado na posição 66cm na placa.

Tp5 -Termopar localizado na posição 84cm na placa.

Tp6 -Termopar localizado na posição 48cm na placa.

Tp7 -Termopar localizado na entrada de ar do coletor.

Tp8 -Termopar localizado na saída de ar do coletor.

Tp9 -Termopar localizado na parte interna do vidro do coletor.

Tp10 -Termopar localizado na parte externa do vidro do

coletor.

Tp11 -Termopar localizado na face externa do isolamento na parte inferior do

coletor.

Tp12 -Fluxímetro.

Tp13 -Termopar responsável por medidas de temperatura do ambiente externo.

-Temperatura média (parâmetros concentrados),ºC.

Tis -Temperatura do isolamento do experimento, ºC.

T0 -Temperatura da condição inicial do experimento, ºC.

Tv -Temperatura do vidro, ºC.

Tv,i -Temperatura do vidro interno, ºC.

T∞ -Temperatura do ambiente, ºC.

Tk -Potencial.

-Transformada do potencial.

t -Tempo, s.

3

V -Volume total.

wk -Coeficiente do termo transiente.

x -Vetor posição.

x -Coordenada cartesiana.

xflux -Posição do fluxímetro na placa.

y -Coordenada cartesiana.

Símbolos Gregos

α -Difusividade térmica, m²/s

αk -Coeficiente da condição de contorno.

αs -Absortividade solar para o vidro de janela.

β -Coeficiente de dilatação térmica do fluido, 1/ºC.

βk -Coeficiente da condição de contorno.

ε -Espessura da placa de alumínio, m.

εis -Espessura do material isolante, m.

εv -Espessura da placa de vidro, m.

φ -Ângulo de inclinação da placa de alumínio (em relação à horizontal).

ρ -Densidade, kg/m³.

ρv -Densidade do vidro, kg/m³.

υ -Viscosidade cinemática, m²/s.

-Emissividade da superfície.

-Emissividade da superfície de vidro.

τs,v -Transmissividade solar para o vidro de janela.

-Constante de Stefan-Boltzmann, 5,6697 10-8

W/m² ºC.

-Termo não homogêneo da condição de contorno.

μki -Autovalores.

ψki -Autofunção.

-Autofunção Normalizada.

Símbolo Matemático

∑ -Somatório

4

CAPÍTULO 1 INTRODUÇÃO

1.1 - Motivação e Objetivos

A motivação pelo estudo e desenvolvimento de equipamentos e processos para

incrementar a sustentabilidade na geração, distribuição e uso de energia teve um grande

estímulo a partir do conhecido relatório da Comissão Brundtland das Nações Unidas,

entitulado "Our Common Future", de 1987, que definiu desenvolvimento sustentável,

como ilustrado abaixo (Figura 1.1). Dentre as recomendações da Comissão estão a

diminuição do consumo de energia e o desenvolvimento de tecnologias com uso de

fontes energéticas renováveis, bem como preservação da biodiversidade e dos

ecossistemas. Equipamentos e processos para aproveitamento de energias renováveis,

para aumento de eficiência energética, para minimização da geração de resíduos e da

contaminação ambiental, para redução de custo e com motivações no desenvolvimento

social, são em geral alguns dos objetivos dos que se dedicam a inovação tecnológica em

sistemas energéticos, e a combinação desses objetivos leva ao foco no aumento da

sustentabilidade na geração e uso de energia, fazendo interagir as diretrizes econômicas,

sociais e ecológicas.

Figura 1.1 - Esquema representativo da definição de desenvolvimento sustentável.

5

Outro aspecto importante que motiva a presente iniciativa se refere à crescente

importância que o governo federal vem atribuindo às universidades federais no desafio

de reduzir as diferenças sócio econômicas inter regionais e intra regionais, buscando um

desenvolvimento mais equilibrado e sustentável. Neste campo se destacam, entre outros,

dois eixos: o crescimento do setor de pequenas e médias empresas, que se constitui

como o maior gerador de emprego e renda no país; e a utilização de fontes alternativas

de energia de forma a reduzir o consumo e os custos de produção.

Promover o desenvolvimento regional significa, muitas vezes, criar cadeias

produtivas ou arranjos produtivos locais a partir do potencial existente, de forma a

promover a geração de renda e emprego. A produção de equipamentos para o

aproveitamento de fontes alternativas de energia ainda não está consolidado em grandes

cartéis e monopólios, e pode ser um campo de grande potencial para a criação de

pequenas empresas de base tecnológica, que tradicionalmente tem se desenvolvido em

ambientes de inovação. Além da geração de energia, a utilização de outros

equipamentos que utilizem energia elétrica ou energia térmica nas suas mais diferentes

formas, nos quais soluções tradicionais são substituídas por inovações, também é um

campo de grande potencial para a criação de novas cadeias e arranjos produtivos locais,

capazes de estimular a geração de emprego e renda e, desta forma, promover o

desenvolvimento sustentável. Em inúmeras localidades esta talvez seja a única

alternativa de criar novas atividades econômicas.

A secagem solar passiva é uma das técnicas mais antigas empregada em diversos

contextos da agricultura e da produção artesanal visando diferentes objetivos, como a

redução de umidade para armazenamento, redução de peso para transporte, desidratação

para conservação ou consumo, e outras finalidades. Em 1795 foi criada, na França, a

primeira máquina de secar frutas e vegetais por meios não naturais, porém o consumo

desse tipo de alimento só passou a ganhar espaço a partir da Primeira Guerra Mundial,

em razão da necessidade de alimentação para tropas em combate, desde então tem sido

crescente o interesse pela secagem por aqueles que trabalham com agricultura com a

intenção de conservar suas colheitas.

Na área de produção de frutas, o Brasil é um dos três maiores produtores

mundiais com uma produção que ultrapassa 34 milhões de toneladas e gera mais de 4

milhões de empregos diretos (EMPREGO & RENDA, 2011). Mas a produção para a

agroindústria ainda é pequena, pois os produtores estão mais voltados para o mercado in

natura, com exceção da laranja. As frutas desidratadas se destacam dentro dos produtos

6

processados porque são, na maioria das vezes, de fácil obtenção, conservam as

características do produto natural, possuem custo de transporte reduzido e são menos

suscetíveis aos microorganismos do que as frutas naturais. A construção de coletores

solares com circulação natural é uma interessante alternativa para o projeto de secadores

solar de baixo custo e maior eficiência, e têm sido empregados na secagem de frutas,

hortaliças e mesmo de flores decorativas (IAPAR; ESALQ, 2004; FEIDENet al., 2008),

em consonância com o estímulo a propostas agro-industriais com desenvolvimento

sustentável.

O presente estudo teórico-experimental visa entender o comportamento térmico

de um secador solar passivo construído a partir do modelo proposto pelo IAPAR

(Instituto Agronômico do Paraná) (IAPAR; ESALQ, 2004; FEIDENet al., 2008), que se

baseia em um simples coletor solar plano de baixo custo destinado à agricultura

familiar, com inclinação e entradas e saídas para circulação do ar aquecido ao longo da

superfície coletora. A partir de uma versão do secador do IAPAR previamente

construído no LTTC/COPPE/UFRJ, em conjunto com pesquisadores do Laboratoire de

Thermomécanique, da Université de Reims, França, foi realizada uma primeira

campanha experimental para determinar temperaturas em algumas posições ao longo do

comprimento do coletor, além das temperaturas de entrada e saída do ar e do fluxo de

calor líquido no centro da placa. Esse primeiro conjunto de resultados visou a

verificação do procedimento experimental bem como uma comparação com um modelo

matemático preliminar para a transferência de calor ao longo da placa aquecida,

apresentado durante o seminário de mestrado.

Neste trabalho propõe-se um modelo de transferência de calor conjugada

condução-convecção-radiação para representar os campos de temperatura na placa

coletora e no ar em convecção natural sobre ela. Inicialmente estuda-se o problema de

condução de calor apenas ao longo da placa coletora, simplificando-se o tratamento da

convecção natural a partir do uso de correlações para o coeficiente local de transferência

de calor, e utilizando-se medidas para a temperatura da cobertura de vidro e para o fluxo

de calor incidente por radiação. Em seguida, foi também formulado o problema de

condução de calor na cobertura de vidro, que então dispensa a disponibilidade de

medidas experimentais para as temperaturas no vidro e para o fluxo incidente. A partir

dos modelos físico e matemático propostos aqui e validados a partir dos experimentos,

buscar-se-á em nova etapa de trabalho melhorar o funcionamento do secador, a partir da

análise dos principais parâmetros governantes do seu comportamento térmico, como as

7

dimensões da cavidade e as dimensões e posições dos orifícios nas tampas inferior e

superior para circulação natural.

1.2 - Organização do Trabalho

O capítulo 2 apresenta a revisão da literatura onde se busca analisar

contribuições relevantes em secagem solar, trabalhos realizados na área de transferência

de calor em cavidades com o desenvolvimento empírico ou teórico de correlações, e de

trabalhos que utilizaram o recém-construído código "Unified Integral Transforms"

(UNIT) (COTTA et al., 2010) com a aplicação da Técnica da Transformada Integral

Generalizada (GITT) (COTTA, 1990; COTTA, 1993; COTTA, 1994; COTTA &

MIKHAILOV, 1997; COTTA, 1998; COTTA & MIKHAILOV, 2006) na resolução de

problemas de transferência de calor e massa.

O capítulo 3 apresenta o experimento de transferência de calor em cavidade

inclinada, realizado com o secador solar baseado no projeto do IAPAR.

O capítulo 4 apresenta a definição do problema a ser estudado, onde são

expostos os modelos físicos e as formulações matemáticas.

O capítulo 5 apresenta a metodologia de solução dos modelos propostos,

fundamentada na Técnica da Transformada Integral Generalizada (GITT) e no

algoritmo do código UNIT.

O capítulo 6 apresenta resultados e discussões sobre os experimentos que foram

realizados, e sua comparação com resultados teóricos.

O capítulo 7 apresenta as conclusões obtidas nesse estudo e sugestões para

trabalhos futuros.

8

CAPÍTULO 2 REVISÃO DA LITERATURA

Este capítulo apresenta a definição de secagem solar, revisões bibliográficas

referentes ao estudo de transferência de calor em cavidadades e bibliografias sobre o

recém criado código UNIT, que é uma das ferramentas utilizadas nesse trabalho.

2.1 - Secagem Solar

Uma das formas de se aproveitar a energia solar é através da secagem, que é um

processo de transferência simultânea de calor e massa, que se dá através da vaporização

do líquido, sendo um processo que separa fisicamente o líquido do sólido. Essa

separação é possível devido às diferenças de propriedades físicas e químicas de cada

constituinte, pois quanto maior essa diferença mais fácil e mais econômica se torna a

separação (FOUST et al., 1982). De um modo geral a secagem se caracteriza pela

remoção de quantidades de água relativamente pequenas de um determinado material,

diferenciando-se da evaporação que se refere à eliminação de grandes quantidades de

água.

Nos domínios da agricultura e da indústria a secagem se faz necessária pois a

retirada da água evita a proliferação de microorganismos que reduzem o tempo de

consumo do alimento. Os países subdesenvolvidos ou em via de desenvolvimento há

muito tempo utilizam a energia solar para secar varias colheitas, como o café, tabaco,

chá, favas, bananas, mangas, etc., e para conservar alimentos perecíveis como o peixe e

a carne. O método tradicional consiste em expor os produtos ao sol estendendo-os ao ar

livre. Entretanto, as regras de higiene atuais relativas a produtos alimentícios excluem a

secagem solar tradicional, e os países tropicais e subtropicais devem recorrer a outros

métodos, destinados não só a melhorar os padrões de higiene locais, mas também a criar

novos mercados consumidores (PALZ, 1995).

O Brasil por ser um país forte na agroindústria tanto em produção como na

exportação, de modo que alguns dos seus consumidores estão distantes do produtor

rural, há necessidade de empregar processos que estendam a vida do alimento, e por isso

a secagem é uma alternativa que além de agregar valor ao produto final é uma forma de

gerar renda complementar ao agricultor. A secagem solar passiva se insere nesse

contexto, pois está acessível a todos, do pequeno ao grande agricultor, e não agride o

meio ambiente, fazendo uso do que está disponível no mesmo em abundância, a energia

9

solar. Por isso não é surpresa que venha recrescendo o interesse na utilização de

coletores solar com circulação natural para processos de secagem, principalmente de

frutas e hortaliças (IAPAR; ESALQ, 2004; FEIDEN et al., 2008).

2.2 - Transferência de Calor em Cavidades e Placas

Com auxílio de estudos fundamentais sobre convecção natural em cavidades e

placas inclinadas, conjugada com a condução de calor na placa coletora e a radiação

inerente ao processo, é possível analisar a transferência de calor no interior do coletor

solar, como brevemente revisado a seguira partir de contribuições mais recentes.

2.2.1 - Estudos Teóricos

CHEN et al. (1986) realizaram o estudo da convecção natural em regime laminar

em placa nas posições horizontal, inclinada e vertical com temperatura ou fluxo de calor

variando. Esse estudo foi realizado com a utilização de equações da camada limite que

foram resolvidas pelo método de diferenças finitas, com a finalidade de encontrar

correlações para os números de Nusselt local e médio para o ar e para a água. Os

resultados foram validados com trabalhos experimentais disponíveis na literatura.

BALAJI e VENKATESHAN (1994) estudaram a convecção livre em superfície

sujeita a radiação em cavidade quadrada com as paredes verticais a temperaturas

constantes e as horizontais adiabáticas, foram solucionas as equações de Navier-Stokes,

que foram reduzidas à equação da vorticidade para assim trabalhar com apenas duas

equações, juntamente com a eliminação dos termos de pressão. Com base na simulação

foram estabelecidas correlações para os números de Nusselt local e médio, em função

de um parâmetro de interação com a radiação.

YEDDER e BILGEN (1997) fizeram o estudo da convecção natural em regime

laminar em cavidade inclinada com uma parede sujeita a um fluxo de calor constante

com a intenção de simular o estudo de convecção natural em sistema solar passivo, as

equações de massa, momento e energia foram resolvidas usando diferenças finitas. O

problema foi estudado em relação à variação do número de Rayleigh, razão de aspecto,

inclinação da cavidade e dimensão da parede, assim buscando encontrar resultados para

a proposição de correlação para o número de Nusselt. Os resultados obtidos foram

comparados com outros disponíveis na literatura.

10

KAISER et al. (2004) realizaram o estudo em busca de correlações para número

de Nusselt em convecção natural em canais verticais convergentes com paredes a

temperatura uniforme onde o ângulo entre as paredes foi variado. Para esse estudo

foram resolvidas as equações de Navier-Stokes na forma bidimensional em regime

laminar. Os resultados obtidos com a correlação desenvolvida se mostraram coerentes

com resultados já existentes na literatura, e as correlações encontradas são válidas para

Ra ≤ 106 e angulações entre 1º-30º.

AOUNALLAH et al. (2006) estudaram numericamente a convecção natural do

ar em regime turbulento em cavidade quadrada inclinada com duas paredes horizontais

adiabáticas, uma parede com ondulações sendo aquecida e outra resfriada. O objetivo do

trabalho era estudar o efeito do ângulo de inclinação e a amplitude de ondulação, nos

números de Nusselt local e médio ao longo da parede com ondulações. Os resultados do

fluxo de calor na parede quente reproduziram os resultados experimentais obtidos por

outros autores, e notou-se também que em regime turbulento a presença de ondulações

na parede aquecida faz com que ocorra o aumento do número de Nusselt local, assim

como a tendência de transferência de calor na parte ondulada é diferente para cada

amplitude de ondulação.

BILGEN e MUFTUOGLU (2008) realizaram o estudo em regime laminar e

transiente da transferência de calor em cavidade retangular inclinada sujeita a radiação

solar concentrada, em uma das paredes ativas, a parede do lado oposto é mantida a

temperatura constante e as perpendiculares são isoladas. Nesse estudo foram variados

parâmetros como número de Rayleigh, ângulo de inclinação da cavidade e razão de

aspecto e foram avaliados seus efeitos na transferência de calor, a troca de calor por

radiação no interior da cavidade não foi considerada nos cálculos. A transferência de

calor tem comportamento linear com o aumento da razão de aspecto, e com altos

números de Rayleigh, em cavidades rasas a transferência de calor é maior, sofrendo um

fraco aumento em função do aumento do ângulo de inclinação.

BILGEN et al. (2009) estudaram convecção natural, condução e radiação em

cavidade parcialmente aberta, sujeita a um fluxo de calor uniforme que é imposto à

parede de frente à abertura da cavidade. As equações de movimento, balanço de massa e

energia foram resolvidas pelo método de diferenças finitas e os parâmetros relevantes

nesse estudo foram o número de Rayleigh, número de Prandtl, razão de aspecto,

espessura da parede, condutividade térmica e emissividade da superfície e com base

nesses parâmetros foi possível observar que o fluxo de calor é função crescente da

11

emissividade da superfície, assim como os números de Nusselt, convectivo e radiativo,

aumentam em função da emissividade da superfície a partir de uma determinada

condutividade e espessura da parede.

WANGA e PEPPER (2009) simularam a convecção natural em canais verticais,

obstruídos e não, em regime laminar, onde o campo de temperatura foi observado de

acordo com o número de Rayleigh. Foi utilizado um algoritmo adaptativo de elementos

finitos, de onde a partir das equações de balanço de massa, momento e energia foi

possível encontrar uma correlação para o número de Nusselt médio. Pôde ser observado

que a transferência de calor local aumenta com a adição de obstruções devido ao

aumento da área de contato e a aceleração do escoamento na região do contorno da

obstrução. A transferência de calor diminui com a recirculação do ar que fica sobre os

obstáculos, e em geral a transferência de calor bem como o número de Nusselt médio

diminue com a diminuição do número de Rayleigh.

2.2.2 - Estudos Experimentais

PERA e GEBHART (1972) desenvolveram a partir das equações da camada

limite uma correlação teórica para o número de Nusselt local para convecção natural em

regime laminar e realizaram o experimento em uma placa levemente inclinada (0º a 6º)

variando o número de Prandtl de 0,1-10. O experimento foi desenvolvido para

determinar a transferência de calor ao longo da superfície aquecida e chegaram à

correlações empíricas para o número de Nusselt local para temperatura uniforme e fluxo

de calor uniforme na superfície, e por fim os dados experimentais e teóricos foram

comparados entre si e com resultados disponíveis na literatura e houve boa

concordância entre eles.

CALAY et al. (1998) realizaram o estudo experimental sobre as taxas de

transferência de calor convectiva em cavidade retangular para obter dados de convecção

natural e coeficientes de correlação. O objetivo do experimento era desenvolver uma

abordagem mais realista do processo físico de transferência de calor convectiva na

parede de edifícios para assim saber qual das correlaçõesdisponíveis para o número de

Nusselt local é mais próxima da realidade nesse caso. Os resultados experimentais

foram comparados com resultados obtidos com correlações recomendadas pela

ASHRAE, CIBSE e por outros estudos.

12

POLAT e BILGEN (2002) realizaram o estudo da convecção natural em regime

laminar e estado permanente em cavidade parcialmente aberta, rasa e inclinada, sujeita a

um fluxo de calor constante que é imposto à parede de frente à abertura da cavidade e os

lados perpendiculares são isolados. As equações de balanço de massa, momento e

energia foram resolvidas com propriedades constantes para encontrar uma correlação

para o número de Nusselt local. Foram variados o número de Rayleigh, a razão de

aspecto e a inclinação da cavidade.

OZTOP e BILGEN (2004) estudaram a convecção natural em cavidade

quadrada inclinada, parcialmente aberta e em regime permanente. E encontraram uma

correlação para o número de Nusselt local partindo da solução das equações de balanço

de massa, energia e momento bidimensionais. Nesse estudo foram variadas as

dimensões e posições da abertura, inclinações da cavidade, e número de Rayleigh

variando de 103 a 10

6. Os cálculos foram realizados com o número de Prandtl para o ar,

e como resultado foi relatado que o número de Nusselt é uma função não linear em

relação ao ângulo de inclinação, e que quanto menor a abertura menor as perdas de calor

para o caso de aplicação em coletor solar, enquanto que na aplicação para resfriar

dispositivos eletrônicos são indicadas aberturas grandes.

BIANCO et al. (2009) estudaram os efeitos da radiação na convecção natural em

canais verticais convergentes uniformemente aquecidos para analisar os efeitos da

transferência de calor por radiação. Os resultados foram analisados em termos dos perfis

de temperatura na parede como função do ângulo de inclinação entre as paredes, o

espaço entre elas, fluxo de calor prescrito e emissividade da parede (foram utilizados

dois valores). Os resultados foram gerados em função da comparação entre dois valores

de emissividade e mostraram que o efeito da radiação térmica aumenta conforme o

ângulo aumenta. Para uma parede de emissividade igual a 0,90 e para valores de

espaçamento mínimo entre as paredes, a transferência de calor em canais verticais

convergentes é ligeiramente maior do que em um canal paralelo vertical. A visualização

do escoamento foi realizada na parte superior do canal, onde estava a parte convergente,

para ângulos de 5º e 10º. A partir da solução das equações de balanço de massa,

momento e energia foram obtidos resultados em termos de função corrente para o

campo de velocidade e de temperatura, que pode ser acompanhado no decorrer do

experimento com auxílio de uma câmera termográfica. A partir desse estudo foram

obtidas correlações para o número de Nusselt no canal, e os resultados experimentais

foram considerados coerentes quando comparados a resultados teóricos.

13

KIMURA e KITAMURA (2010) realizaram o estudo de problemas de

convecção natural com transição para o regime turbulento em placa horizontal aquecida

com escoamento de ar adjacente, levando em consideração o número de Rayleigh

variando de 103 a 8 10

12 e o ângulo de inclinação de 0º a 90º. O experimento foi

conduzido em uma placa de 1800mm de comprimento, para que fosse alcançado alto

número de Rayleigh e foi sujeita à fluxo de calor constante. As medições utilizadas para

se determinarem os coeficientes de transferência de calor locais foram realizadas nas

regiões de fluxo laminar, transição e turbulento e com essas observações foram

desenvolvidas correlações empíricas para o cálculo do número de Nusselt local em

regimes laminar e turbulento. Os resultados obtidos com as correlações empíricas foram

similares com outros resultados já existentes na literatura.

2.3 - O Código UNIT e a Técnica da Transformada Integral Generalizada (GITT)

O código UNIT (Unified Integral Transfoms) (SPHAIER et al., 2011; COTTA

et al., 2010a), é um código computacional aberto, e foi construído no sistema de

computação mista simbólico-numérica Mathematica v.7.0., para facilitar a solução de

formulações diferenciais parciais lineares e não lineares por meio de solução híbrida

numérica-analítica com o uso da GITT.

A Técnica da Transformada Integral Generalizada (GITT) (COTTA, 1990;

COTTA, 1993; COTTA, 1994; COTTA & MIKHAILOV, 1997; COTTA, 1998;

COTTA & MIKHAILOV, 2006) é um método híbrido numérico-analítico baseado no

método clássico de transformação integral, que permite a solução com precisão

controlada de problemas não-transformáveis e não-lineares em difusão e convecção-

difusão. Suas características de controle automático de precisão permite seu uso na

geração de resultados de referência, enquanto o fato de ser analítico em todas as

variáveis independentes do problema menos uma, resulta em simulações com grande

precisão e baixo custo computacional.

O UNIT foi construído visando prover uma simulação robusta e de precisão

controlada multidimensional não-linear de problemas transientes de convecção-difusão,

capaz de abranger todas as derivações simbólicas que são necessárias na solução pela

GITT, além de cálculos numéricos que são necessários na solução do problema de

autovalor escolhido e do sistema de equações diferenciais ordinárias do problema

transformado. O usuário basicamente precisa especificar a formulação do problema de

14

acordo com as equações generalizadas especificadas e depois escolher a forma de

apresentar os resultados de acordo com as necessidades específicas. No entanto,

aplicações individuais podem exigir a utilização de algumas variantes do algoritmo

disponibilizadas pelo código, além do algoritmo default que é automaticamente

acionado ao se executar o UNIT.

Trabalhos recém publicados com aplicação do código UNIT serviram de base

para a metodologia de solução a ser aqui implementada. A solução da equação de

Burgers já foi implementada em formulações 1D, 2D e 3D e foram obtidos resultados

com excelente concordância com aqueles anteriormente obtidos por implementações

dedicadas do mesmo método. Além disso, os custos computacionais não são

significativamente diferentes para as três formulações (COTTA et al., 2010a). Outras

aplicações recentes do código UNIT incluem a solução da equação de biotransferência

de calor (COTTA et al., 2010b) e solução da equação de condução de calor em meios

heterogêneos (KNUPP et al., 2010).

15

CAPÍTULO 3 APARATO E PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL

Este capítulo apresenta a descrição do aparato experimental, o procedimento e o

tratamento de dados para análise de transferência de calor no secador solar do IAPAR.

3.1 - Secador Solar do IAPAR

Foi com a intenção de possibilitar que a secagem seja acessível a todos que

trabalham com agricultura familiar, para assim agregar valor à produção agrícola, que o

IAPAR (Instituto Agronômico do Paraná) publicou o manual com instruções para a

montagem do secador solar que foi desenvolvido em 1988 por um grupo de

pesquisadores da ESALQ (Escola de Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”) –

USP.

A partir das informações disponíveis no site do IAPAR, o secador solar foi

previamente construído no LTTC, COPPE/UFRJ, em conjunto com pesquisadores da

Université de Reims, França. O secador é formado por uma cavidade quadrada (96cm

de lado interno e 1m de lado externo) com inclinação regulável, com paredes laterais

(15cm de largura) e fundo de madeira (9,88mm de espessura) e a cobertura com uma

moldura de vidro de janela comum (4,36mm de espessura) sujeita à incidência solar.

Vidro de janela é utilizado como cobertura do coletor o que permite a entrada da

radiação solar. A placa coletora é de alumínio com espessura de 1,5mm, isolada por

uma placa de isopor de 28mm antes do contato com a madeira do leito do secador. A

placa do coletor é previamente recoberta com tinta de alta emissividade, com o intuito

de ter uniformidade na pintura, a placa foi preparada com pintura eletrostática na cor

preto fosco. O secador é esquematizado em corte na Figura 3.1.

Para melhor recepção da energia solar o coletor é fixo em um cavalete com

dobradiças e um sistema de apoio que possibilita inclinações ( ) que são recomendadas

pelo manual do IAPAR e devem ser ajustadas de acordo com a estação do ano e região

do país, no presente experimento foi utilizada a inclinação de 25,5º, entre o coletor e o

cavalete.

Para ventilação, as laterais (inferior e superior) da cavidade possuem18 orifícios

em cada extremidade por onde ocorre a entrada e saída de ar, sendo que 9 orifícios são

de aproximadamente 7,5mm de diâmetro e 9 de aproximadamente 11,5mm de diâmetro.

16

Figura 3.1 - Representação em corte do secador solar do IAPAR.

3.2 - Descrição do Aparato Experimental

O aparato em que foi realizado o experimento é apresentado na Figura 3.2, onde

podem ser observados os seguintes componentes: (a) Secador solar (IAPAR), (b)

Sistema de aquisição de dados (Agilent 34970-A), (c) Microcomputador para aquisição

e tratamento de dados.

Figura 3.2- Visão geral do aparato experimental para estudo de transferência de calor

no secador solar do IAPAR.

Foram realizadas campanhas experimentais para determinar temperaturas em

algumas posições ao longo do comprimento da placa coletora, além das temperaturas do

ambiente externo, da superfície externa do isolante, de entrada e saída do ar e do fluxo

de calor líquido no centro da placa. Esse conjunto de resultados visa à verificação do

procedimento experimental bem como uma comparação com modelos matemáticos a

serem propostos para previsão da transferência de calor ao longo da placa aquecida.

(a) (b) (c)

17

Medidas transientes de temperatura foram realizadas com termopares tipo K,

fixados com adesivo termoresistente na placa coletora (Tp1, Tp2, Tp3, Tp4,Tp5 e Tp6),

em furos centrais nas paredes inferior e superior, referentes à entrada e saída do ar (Tp7

e Tp8), nas faces interna e externa da região central da cobertura de vidro (Tp9 e Tp10),

na face externa do isolamento na parte inferior do coletor (Tp11) e no ambiente externo

(Tp13), conforme se observa nas Figuras 3.3 a 3.6, que detalham a instrumentação

empregada. Na Figura 3.3 o símbolo Tp12 é um fluxímetro, onde se aquisita voltagem

para posterior conversão em fluxo de calor. Os termopares Tp1 a Tp5 visam observar a

variação da temperatura ao longo do comprimento da placa coletora, enquanto o

termopar Tp6 visa verificar a simetria ou não, dependendo da incidência solar e do

posicionamento do secador, com o termopar Tp3. Na Figura 3.4 se pode visualizar os

termopares das medidas de temperaturas do isolamento e do ambiente externo. As

posições desses termopares ao longo do comprimento da placa coletora estão detalhadas

na Figura 3.5, e na Figura 3.6 o secador é esquematizado em corte, onde se pode

observar as posições dos termopares de entrada e saída de ar, e da superfície externa do

vidro da cobertura.

Figura 3.3 - Foto da placa coletora de alumínio com termopares e fluxímetro fixados.

Tp1

Tp2

Tp3

Tp4

Tp6

Tp9-10

Tp12

Tp5

18

Figura 3.4 - Foto do fundo do coletor com termopares para medir as temperaturas na

face externa do isolamento e do ambiente externo.

Figura 3.5 - Desenho esquemático da placa de alumínio com as posições longitudinais

dos termopares e do fluxímetro.

Figura 3.6 - Representação em corte do secador, com os termopares de entrada e saída

do ar e da superfície externa do vidro.

12cm

30cm

48cm

66cm

48cm 48cm

Tp11

Tp13

84cm

19

3.3 - Procedimento Experimental

O procedimento experimental é iniciado com a exposição do secador ao sol,

após um período longo suficiente à sombra para atingir o equilíbrio térmico com o

ambiente externo. As primeiras medidas são tomadas com a superfície de vidro coberta

com tecido opaco, para se conhecer a condição inicial da temperatura em toda a

superfície da placa através dessas poucas primeiras medidas. A seguir, a superfície do

secador é exposta aos raios solares, e então as medidas de temperatura obtidas pelos

termopares e a voltagem fornecida pelo fluxímetro são registradas no sistema de

aquisição de dados. Simultaneamente é realizada a termografia da superfície do secador

com a câmera de infravermelho (FLIR SC-660), com o vidro da cobertura ao longo do

transiente, e sem a cobertura ao final do experimento, para verificação das temperaturas

na superfície da placa aquecida do coletor.

Após cerca de 30-40 minutos o aparato é retirado da exposição solar, e novos

experimentos são realizados quando a placa de alumínio retorna a uma temperatura

suficientemente próxima à do ambiente externo. Todas as aquisições são acompanhadas

em tempo real através do microcomputador, sendo possível verificar a temperatura em

qualquer ponto de medida ao longo do procedimento experimental.

3.3.1 - Termografia por Infravermelho

Medidas de temperatura com sensores de contato, como por exemplo,

termopares, são por vezes de difícil execução uma vez que a introdução de um sensor no

meio a ser caracterizado pode causar uma perturbação significativa. Tal perturbação

requer que o sensor seja modelado como parte do sistema, causando dificuldades

adicionais na análise do problema térmico. Portanto, a termografia por infravermelho se

apresenta como uma técnica não-intrusiva, de alta definição, pequena incerteza e vasta

aplicabilidade.

Com a utilização da técnica de termografia por infravermelho é possível adquirir

imagens do campo de temperatura na superfície da placa do coletor e observar aspectos

referentes à distribuição espacial, como uniformidade e simetria. A câmera capta a

radiação infravermelha que emana da superfície em estudo o que depende da

temperatura da superfície e da emissividade da mesma, mas em alguns casos também é

relevante a reflexão da radiação incidente sobre a superfície. Por esse motivo houve

20

cuidado na pintura da placa de alumínio, o que garantiu uma razoável uniformidade na

emissividade da placa e uma reflexão desprezível da radiação incidente, permitindo-se

uma relação direta das imagens aquisitadas com o campo de temperatura na placa

pintada. Já para a cobertura de vidro, a reflexão da radiação incidente é uma parcela

relevante no fluxo radiante que emana da superfície, e assim é mais difícil nesse caso

relacionar as imagens termográficas às distribuições de temperatura na placa de vidro. A

Figura 3.7 mostra a câmera Flir SC-660 que foi utilizada nesse trabalho.

Figura 3.7- Câmera termográfica Flir SC-660.

Na Tabela 3.1 a seguir são apresentados alguns dados técnicos da câmera FLIR

SC-660, conforme descrito no manual do usuário.

Tabela 3.1 – Dados técnicos da câmera FLIR SC-660.

Dados Ópticos

Campo de visão/mínima distância de foco 24°x18°/0.3 m

Resolução espacial 0.65 mrad

Sensibilidade térmica < 30 mK a +30 °C

Frequência de aquisição 30 Hz

Foco Automático ou manual

Zoom 1-8x digital

Resposta Espectral 7.5 – 13.5 μm

Resolução do Infravermelho 640x480 pixels

Medidas de Temperatura

Amplitude de temperatura -40 °C a 1500 °C

Acurácia +/- 1 °C ou +/- 1%

Ferramentas de Análise

Medição pontual 10 pontos simultaneamente

21

Tabela 3.1 – Continuação

Área 5 caixas ou circunferências com análise de

temperatura média/máxima/mínima

Isotermas acima/abaixo/intervalo

Perfil 1 linha horizontal ou vertical

Diferença de temperatura

Diferença entre dois pontos ou entre a

temperatura de um ponto e uma

temperatura de referência definida

Emissividade

Ajuste manual de 0,01 a 1,0 com lista de

emissividades de referência de materiais

comuns.

Correções

Correções automáticas de temperatura

refletida absorção e emissões atmosféricas

e janelas de inspeção.

Alarme Alarme para valores medidos

acima/abaixo de um valor de referência.

Armazenamento de Imagens (cartão de memória)

Imagem JPEG/imagem radiométrica

Imagens periódicas mín: de 10 em 10s, máx: de 24 em 24h

Anotações anexas a imagem radiométrica gravada

Voz até 60 s de gravação

Texto texto pré-definido anexado a imagem

Foto foto pré-definida anexada a imagem

GPS dados da localidade

Vídeos

Vídeos não-radiométricos

Podem ser gravados em memorycard ou

transferidos via USB/Firewire – (MPEG-

4)

Vídeos radiométricos Podem ser transferidos via Firewire ou

gravados no cartão de memória.

Apontador Laser

Modo laser

Pode ser ativado para foco automático no

ponto e/ou medição de temperatura no

ponto.

Interfaces de Comunicação

Interfaces USB-mini, USB-A, Firewire

Energia

Bateria Li Ion, 3h de operação

Carregamento Adaptador AC ou 12V automotivo

Gerenciamento de energia Desligamento automático (configurável)

Dados de Operação

Temperaturas de operação -15 °C a 50 °C

Temperaturas de armazenagem -40 °C a 70 °C

Umidade (operação e armazenagem) 95%

Dados Físicos

Peso (incluindo bateria) 1,8 kg

Dimensões (L x W x H) 299 x 144 x 147 mm

22

3.4 - Tratamento dos Dados Experimentais

As medidas de temperatura e voltagem adquiridas pelo sistema de aquisição

de dados (Agilent 34970-A) são salvas no microcomputador como arquivo de

extensão .xls ou .xlsx, e desse arquivo são retirados apenas os dados numéricos das

medições e são transferidos para um arquivo no formato .txt.

As imagens adquiridas pela termografia são salvas no microcomputador em

sequência e podem ser visualizadas pelo programa ThermaCam Researcher da Flir

como arquivo de extensão .seq que pode ser exportado como arquivo .xls ou .xlsx.

Desse arquivo na plataforma Excel são selecionados pontos próximos aos

termopares, sendo assim possível conhecer as temperaturas obtidas pela câmera na

placa nos pontos desenhados. Os dados numéricos dessas medições também podem

ser transferidos para o formato .txt.

Finalmente, esses arquivos em formato txt têm seus dados importados para o

software Mathematica, a partir do comando ReadList e o tratamento subsequente se

resume à utilização de funções da plataforma Mathematica para interpolação,

análise e representação gráfica dos dados.

23

CAPÍTULO 4 FORMULAÇÃO MATEMÁTICA

Neste capítulo são propostos dois modelos matemáticospara análise do problema

de transferência de calor na placa coletora do secador, visando prever o comportamento

da distribuição de temperaturas na placa, assim como permitir futuramente análises

paramétricas para melhorar o desempenho do secador. O primeiro modelo envolve a

análise de condução de calor apenas ao longo da placa coletora, empregando-se

parcialmente medidas experimentais para a temperatura interna da cobertura de vidro e

para o fluxo de calor incidente na placa. O segundo modelo já incorpora o balanço

térmico também na placa de vidro, permitindo assim a previsão do comportamento do

secador sem requerer input do próprio experimento, e apenas com informação sobre a

insolação média na região.

4.1 - Problema de Condução de Calor na Placa Coletora

A Figura 4.1 é a representação do modelo físico da transferência de calor na

placa coletora do secador. Basicamente a placa responde termicamente à incidência

solar direta que atravessa a cobertura de vidro, à troca de calor por convecção natural

com o ar que escoa ao longo do seu comprimento, as perdas pelo isolamento na face

inferior, e a troca de calor por radiação entre a placa e a cobertura de vidro

(desprezando-se as trocas com as demais paredes da cavidade). O fluxo de calor medido

pelo fluxímetro reflete o efeito desse balanço térmico na placa coletora. Não se pode

também desprezar as perdas pela superfície interna da placa coletora, através do

isolamento de isopor e da estrutura de madeira da cavidade.

A formulação matemática para a equação de energia na placa coletora é baseada

nas seguintes considerações:

-Problema bidimensional (despreza-se variações de temperatura na direção

horizontal).

-Regime transiente e condição inicial de temperatura uniforme.

-Escoamento laminar, em transição e turbulento ao longo da placa, caracterizado

a partir dos coeficientes locais de transferência de calor por convecção natural ao

longo do comprimento da placa.

-Incidência solar uniforme na superfície da placa, mas variável com o tempo.

24

-Gradiente de temperatura através da espessura da parede é suficientemente

pequeno para que se proponha a concentração de parâmetros nessa direção.

-As propriedades termofísicas da placa e do fluido são constantes.

-As perdas de calor da placa de alumínio pelas suas extremidades superior e

inferior são desprezíveis.

-Superfície coletora considerada cinzenta, com emissividade média global igual

à absortividade.

-Fator de forma entre a placa coletora e a cobertura de vidro aproximadamente

igual a um.

Figura 4.1 - Representação do modelo físico para transferência de calor na placa

coletora.

Partindo dessas considerações pode-se escrever a equação que rege o problema

de condução de calor bidimensional transiente, e que possibilita a determinação do

campo de temperatura teórico na placa:

( ( )

( )

) ( )

, em 0 < y < ε, 0 < x < L (4.1.a)

( ) (4.1.b)

( )

|

(4.1.c)

( )

|

(4.1.d)

( )

|

( )( ) (4.1.e)

𝜀

25

( )

|

( )( ) ( ) ( ) (4.1.f)

Da formulação, pode-se observar que as trocas de calor por convecção e

radiação foram consideradas nas condições de contorno e que o coeficiente de

transferência de calor efetivo no lado do isolante, assim como o coeficiente de

transferência de calor por convecção natural do lado aquecido, variam com o

comprimento ao longo da placa. Por simplicidade, o fator de forma entre a placa

aquecedora e a cobertura de vidro é considerado igual a 1 e ambos com emissividade

próxima da unidade na faixa do infravermelho, permitindo-se desconsiderar reflexões

múltiplas e efeitos de variação espacial da radiosidade nas placas. A parcela da

irradiação solar transmitida pela placa de vidro e efetivamente absorvida pela placa

coletora em todas as faixas do espectro solar, ( ) ( ), foi também

considerada uniforme mas dependente do tempo, e para a sua determinação a partir das

medidas do fluxímetro, em x = xflux o fluxo de calor medido no fluxímetro pode ser

escrito como:

( ) ( ) ( )( ( ) )

( ( ) ) (4.2)

ou,

( ) ( ) ( )( ( ) )

+ ( ( ) ) (4.3)

Com o uso da aproximação por parâmetros concentrados, assumindo-se os

números de Biot menores que 0,1 nessa direção. Assim, define-se a temperatura média

na espessura da placa coletora como sendo:

( )

∫ ( )

(4.4)

Integrando-se a equação de energia (4.1.a) na direção y

( )

( )

( )

|

(4.5)

26

e substituindo as condições de contorno na direção y:

( )

( )

( ( ) ( )( ( ) ) ( ( )

) ( )) (4.6)

Empregando-se a aproximação de parâmetros concentrados, fazendo-se

( ) ( ), a equação (4.6) resulta em:

( ( ) ( )( ) (

) ( ))

(4.7.a)

onde qperdas(t) representa as perdas pelo isolamento. As condições inicial e de contorno

são reescritas em termos da temperatura média como sendo:

( ) (4.7.b)

|

(4.7.c)

|

(4.7.d)

Note que este modelo requer o conhecimento da temperatura na superfície

interna do vidro, aqui medida na região central da cobertura e assumida nessa etapa

uniforme ao longo de todo o comprimento, mas variável com o tempo. O fluxo de calor

líquido fornecido pelo fluxímetro também permite estimar o fluxo de calor radiante

incidente sobre a placa coletora. Portanto, este primeiro modelo serviu ao próposito de

verificar a consistência do balanço de energia na placa em relação aos dados

experimentais coletados, não sendo possível utilizá-lo como ferramenta preditiva do

comportamento térmico do secador.

27

4.2 - Problema Acoplado de Condução de Calor na Placa Coletora e no Vidro

Um segundo modelo é então proposto, para que possa permitir a previsão do

comportamento térmico do secador em diferentes configurações de parâmetros

geométricos e físicos. Para tanto é necessário acoplar os balanços de energia na placa

coletora e na cobertura de vidro, como mostrado a seguir. A Figura 4.2 é a

representação do modelo físico da transferência de calor na placa coletora acoplada ao

balanço de energia na cobertura de vidro do secador.

Figura 4.2 - Representação do modelo físico acoplando a placa coletora e cobertura de

vidro.

A formulação matemática do problema acoplado é baseada nas mesmas

considerações do modelo anterior e pode-se escrever os balanços de energia para a

condução de calor ao longo das duas placas, o que possibilita a determinação dos

campos de temperatura teóricos na placa coletora e na cobertura, sem haver necessidade

de alimentar o modelo com os resultados do fluxímetro, fazendo uso somente da

informação de incidência solar para a região em análise. Assim, o problema de

condução de calor na placa coletora é escrito como:

( ( )

( )

)

( )

, em 0 < y < ε, 0 < x < L (4.8.a)

( ) (4.8.b)

( )

|

(4.8.c)

𝜀𝑣

𝜀

28

( )

|

(4.8.d)

( )

|

( )( ) (4.8.e)

( )

|

( )( ( ) ) ( ) ( )

(4.8.f)

onde

( ) ( )

(4.9)

Com o uso da aproximação por parâmetros concentrados, a equação de

condução de calor para a temperatura média na espessura da placa coletora é escrita

como:

( )

( )

( ( ) ( )( ( ) ) (

( )

( )) ( )) (4.10.a)

onde qperdas(t) pode ser representado por:

( ) ( ) (4.11.a)

ou seja

( )

( ) (4.11.b)

E as condições inicial e de contorno são reescritas em termos da temperatura

média como sendo:

( ) (4.12.a)

|

(4.12.b)

|

(4.12.c)

29

Já para o vidro a formulação pode ser inicialmente escrita da seguinte forma:

( ( )

( )

) ( )

, em 0 < y <εv, 0 < x < L (4.13.a)

( ) (4.13.b)

( )

|

(4.13.c)

( )

|

(4.13.d)

( )

|

( )( ) ( ) (4.13.e)

( )

|

( )( ) ( ) (4.13.f)

Da formulação para o vidro, pode-se observar que as trocas de calor por

convecção e radiação foram consideradas nas condições de contorno. Com o uso da

aproximação por parâmetros concentrados. Assim, pode-se definir a temperatura média

na espessura do vidro como sendo:

( )

∫ ( )

(4.14)

A integração do balanço de energia na espessura do vidro resulta em:

( )

( )

|

(4.15)

após a substituição das condições de contorno e emprego da aproximação de parâmetros

concentrados

( )

( )

( ( ) ( )( ) ( )( )

(

( )

( ))) (4.16.a)

e as condições inicial e de contorno são reescritas em termos da temperatura média do

vidro como sendo:

30

( ) (4.16.b)

|

(4.16.c)

|

(4.16.d)

4.3 - Correlações para os Números de Nusselt

Correlações empíricas e teóricas estão disponíveis na literatura para o número de

Nusselt local para convecção natural sobre placas inclinadas, permitindo estimar os

coeficientes locais de transferência de calor por convecção aqui requeridos, hc(x),his(x),

hc,i(x), e hc,e(x), em geral admitindo-se temperaturas ou fluxos de calor uniformes na

superfície da parede.

Durante as primeiras comparações entre os resultados teóricos e experimentais

foi observado que ocorria a transição para o regime turbulento em um dado

comprimento da placa coletora, uma vez que as temperaturas experimentais reduziam

seu crescimento ou até diminuiam ao longo da placa quando a convecção se tornava

mais efetiva. Por isso foi implementado um critério de transição para o regime

turbulento baseado no número de Rayleigh local, ocorrendo a mudança dos coeficientes

da correlação a partir da transição do escoamento.

Foi empregada a correlação recomendada por OZISIK (1990) para placa

inclinada com superfície aquecida voltada para cima, submetida a um fluxo de calor

uniforme, incluindo os regimes laminar e turbulento, dada para o número de Nusselt

médio em todo o comprimento da placa.

( ) ( ) ( ) (4.17)

onde GrC é o número de Grashof de transição, mostrado em (OZISIK, 1990) em função

do ângulo de inclinação da placa. Para o ângulo de 25,5º do presente conjunto de

experimentos, chega-se ao valor de GrC= 7,06 107, e GrL é definido como:

( )

(4.18)

31

As correlações que representaram melhor o experimento em questão foram as

correlações empíricas propostas por KIMURA e KITAMURA (2010) onde é realizado

um experimento de convecção natural com placa aquecida voltada para cima. As

expressões e critérios de transição são:

1- Para regime laminar

Quando (4.19.a)

(4.19.b)

2- Para regime turbulento

Quando (4.20.a)

(4.20.b)

em função do número adimensional de Rayleigh, Ra, que pode ser definido como:

(4.21)

onde Pr é o número de Prandtl e é o número de Grashof local modificado,

admitindo-se que a placa está sujeita a um fluxo de calor uniforme. é dado por:

( ) (4.22)

onde g é a aceleração gravitacional, o coeficiente de dilatação térmica do fluido, k é a

condutividade térmica, viscosidade cinemática e é o ângulo de inclinação da placa.

Nas vizinhanças do número de Rayleigh de transição mostrado acima, é feita

uma interpolação exponencial do número de Nusselt nessa região, apoiada nas

correlações do regime laminar e do regime turbulento.

32

Para estimar o coeficiente de transferência de calor na face externa do vidro,

além das correlações empíricas de KIMURA e KITAMURA (2010) para convecção

natural acima, foi também utilizada uma correlação para convecção forçada em regime

laminar para fluxo de calor prescrito, disponível na literatura (BEJAN, 1993):

(4.23.a)

em função do número adimensional de Reynolds, Rex, que pode ser definido como

(4.23.b)

onde u∞ é a velocidade de corrente livre no ambiente externo.

Já para estimar o coeficiente de transferência de calor na face externa do

isolamento, his, e na face interna da cobertura de vidro, hc,i(x), foi utilizada uma

correlação disponível na literatura (OZISIK, 1990) para placa inclinada com superfície

aquecida voltada para baixo, escrita em termos do número de Nusselt médio:

( ( ))

(4.24.a)

onde para o isolamento

( )

(4.24.b)

e para o vidro

( )

(4.24.c)

33

CAPÍTULO 5 MÉTODO DE SOLUÇÃO

O presente capítulo primeiramente revisa a Técnica da Transformada Integral

Generalizada (GITT), como método híbrido numérico-analítico para a solução robusta e

precisa de problemas lineares e não-lineares em convecção-difusão. A seguir descreve-

se o algoritmo automático que foi empregado no presente trabalho, o código UNIT

(Unified Integral Transfoms), que faz uso da GITT em sua formulação geral e

simplifica bastante tanto o trabalho simbólico quanto o numérico na implementação

desse método de solução de equações diferenciais parciais.

5.1 - Técnica da Transformada Integral Generalizada (GITT)

Como ilustração do procedimento formal de transformação integral, considera-se

um problema de convecção-difusão transiente de n potenciais acoplados (por exemplo

velocidade, temperatura e concentrações). Esses potenciais são definidos na região V

com superfície de contorno S e incluindo efeitos não-lineares nos termos fonte e

convectivos como segue:

),T t,,(),(),().,,(),(

)( xxxxux

x kkkk

k

k PtTLtTTtt

tTw

n1,2,...,=k, 0,> tV, x (5.1.a)

com condições iniciais e de contornos dadas, respectivamente por

V ),()0,( xxx kk fT (5.1.b)

0> t, ),T,,(),()()()( SttTK kkkkk

xxx

nxxx

(5.1.c)

onde o operador da equação é escrito como

)()( xx kkk dKL (5.1.d)

e n representa a normal apontando no sentido de saída da superfície S.

34

Sem os termos convectivos e para termos fonte lineares, isto é, u(x,t, T ) 0, P

P(x,t) e (x,t), esse exemplo se torna um problema linear de difusão de classe I de

acordo com a classificação em MIKHAILOV e OZISIK (1984). Soluções analíticas

exatas foram obtidas nessa situação pela técnica de transformação integral clássica,

senão este problema seria a priori não-transformável e as ideias na técnica da

transformada integral generalizada (COTTA, 1990; COTTA, 1993; COTTA, 1994;

COTTA & MIKHAILOV, 1997; COTTA, 1998; COTTA & MIKHAILOV, 2006)

podem ser utilizadas para desenvolver soluções híbridas numérico-analíticas para essa

classe de problemas. Seguindo soluções previamente estabelecidas para problemas não-

lineares de difusão e convecção-difusão, a solução formal do problema não-linear

proposto requer a consideração de expansões em autofunções para os potenciais

associados. A situação linear acima comentada que admite solução exata pela técnica de

transformação integral clássica, naturalmente leva aos problemas de autovalor a serem

preferidos na análise da situação não-linear também. Estes surgem da aplicação direta

de separação de variáveis à versão linear homogênea e puramente difusiva do problema

acima. Assim, o conjunto de problemas auxiliares recomendados é dado por:

VwL kikkikik xxxx ),()()( 2 (5.2.a)

com condições de contorno

S ,0)()()()(

xx

nxxx kikkk K

(5.2.b)

onde os autovalores, ki , e autofunções relacionadas, )(ki x , são assumidos conhecidos

de expressões analíticas exatas ou da aplicação de métodos computacionais para

problemas do tipo Sturm-Liouville. O problema indicado pelas Eqs. (5.2.a,b) permite,

através da propriedade de ortogonalidade das autofunções, definição dos seguintes pares

de transformação integral:

t)dv,()(~)(w)(v

k, xxx kkiik TtT , transformadas (5.3.a)

35

(t))(~),( ,

1

ikki

i

k TtT xx

, inversas (5.3.b)

onde os núcleos simétricos )(~ xki são dados por

1/2

kiN

)()(~ x

x ki

ki

(5.3.c)

dv)()(w 2

vk xx kikiN (5.3.d)

A transformação integral de (5.1.a) é conseguida através da aplicação do

operador dv)(~v

x ki que fornece, após empregar as condições de contorno, Eqs.(5.1.c)

e (5.2.b)

nTtgtTTtadt

tTdlkikij

j

ik,...,2,1k, 0,> t1,2,...,=i ),,()(),(

)(jk,

1

,

(5.4.a)

As condições iniciais Eq.(5.1.b) são também transformadas através do operador

v k )(~)(w dvki xx para obter

v

k, )()(~)(w)0( dvffT kkikiik xxx (5.4.b)

onde,

ds )(~

),(),(

)(~)(K+)T,,()(~),( kkS

n

xx

n

xxxxx

kik

kiv

kkilki tTtT

dvtPTtg

(5.4.c)

),(),( *2

TtaTta kijkiijkij (5.4.d)

com

{

(5.4.e)

36

v

* )](~).,,()[(~),( dvTtTta kikikij xxux (5.4.f)

As Eqs.(5.4) formam um sistema infinito de equações diferenciais ordinárias

não-lineares acopladas para os potenciais transformados, ikT ,. Para fins computacionais,

o sistema (5.4) é truncado na N-ésima linha e coluna, com N suficientemente grande

para a convergência requerida. Os aspectos formais referentes à análise da convergência

para a solução do sistema infinito com o aumento da ordem de truncamento N foram

investigados anteriormente (COTTA, 1993). O problema de valor inicial não-linear

definido pelas Eqs.(5.4) provavelmente pertence a uma classe de sistemas diferenciais

ordinários rígidos, especialmente para valores crescentes de N. Felizmente, vários

integradores numéricos especiais foram desenvolvidos nas últimas décadas para essa

classe de sistemas. Uma vez que os potenciais transformados tenham sido computados

pela solução numérica do sistema (5.4), a fórmula de inversão, Eq.(5.3.b), é empregada

para reconstruir os potenciais originais ),( tTk x , em forma explícita.

5.2 - Algoritmo do Código UNIT

O modelo teórico simplificado aqui propostos foi resolvido com auxílio do

código UNIT em formulação unidimensional transiente, na plataforma Mathematica,

fazendo-se as alterações requeridas apenas na parte de definição do problema e entrada

de dados.

O código tem como ponto de partida as equações diferenciais parciais escritas na

forma generalizada abaixo:

( ) ( )

= ( ), x0<x<x1, t > 0, k=1,2,...M (5.5.a)

Tk(x,0) = fk(x),x0≤ x≤ x1 (5.5.b)

( ) ( ) ( )

( ), em x0 (5.5.c)

( ) ( ) ( )

( ), em x1 (5.5.d)

onde M é o número de potenciais (equações) a resolver. As coordenadas espaciais são

representadas pelo vetor posição x e seus valores nos contornos pelos vetores x0 e x1. A

37

variável independente t é a única que não será eliminada pelo procedimento de

transformação integral. O termo fonte pode ser interpretado como composto pelo termo

difusivo, pelo termo de dissipação linear e pelo termo fonte propriamente dito:

( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) (5.5.e)

Para dar início ao uso do código, é necessário entrar com o problema que se deseja

resolver na correspondência exata com a formulação geral, além de outras informações

essenciais, como número de dimensões espaciais do problema, número de potenciais, as

soluções filtro (caso não se deseje utilizar o filtro automático proposto pelo código),

números máximos de autovalores a calcular (estimativas de ordens de truncamento para

cada potencial), posições do contorno em cada direção coordenada, assim como os

valores numéricos dos parâmetros nos termos fonte e demais coeficientes da

formulação.

A primeira parte da solução do código envolve a utilização do filtro, automático ou

fornecido pelo usuário, que redefine o problema por computação simbólica, na tentativa

de obter uma versão homogênea, embora isso não seja mandatório no procedimento,

uma vez que os termos não-homogêneos restantes ainda são considerados a partir da

segunda fórmula de Green quando a transformação integral é aplicada. Em seguida

resolve-se simbolicamente o problema de autovalor, obtendo-se expressões analíticas

para a equação transcendental, autofunção, norma, e a autofunção normalizada. Segue-

se a transformação integral das equações que regem o problema filtrado. A partir daí é

calculada a solução numérica do problema de autovalor, fornecendo valores e

expressões numéricas para os autovalores em cada direção e suas respectivas

autofunções e normas, o que permite executar o procedimento de reordenamento de

autovalores, essencial para a solução de problemas multidimensionais. Finalmente é

realizada a transformação integral dos termos fonte e das condições iniciais, em forma

analítica ou numérica, e com auxílio da rotina NDSolve, são determinados

numericamente os potenciais transformados ao longo da variável independente t (tempo,

em geral), que quando substituídos na fórmula da inversa fornecem os potenciais

filtrados. A etapa final do código também oferece um estimador de erros para essa

solução híbrida. O Apêndice A apresenta a listagem do código UNIT como utilizado na

solução do presente modelo teórico.

38

CAPÍTULO 6 RESULTADOS E DISCUSSÕES

Neste capítulo são apresentados resultados dos experimentos realizados com o

secador solar do IAPAR, conforme o procedimento descrito no capítulo 3, e discussões

das comparações com os resultados teóricos obtidos a partir dos modelos apresentados

no capítulo 4.

Foram selecionados para apresentação os resultados experimentais realizados em

fevereiro de 2012 (4 e 5 de fevereiro), em horários próximos, todos em boas condições

climáticas e praticamente com a ausência de nuvens esparsas, o que é retratado na

aquisição de dados praticamente sem flutuações significativas. Em seguida são

apresentados os resultados teóricos obtidos para o modelo simplificado com a utilização

da rotina NDSolve, a verificação dos resultados obtidos com o código UNIT, e os

resultados obtidos com a rotina NDSolve para o problema acoplado da placa coletora e

da cobertura de vidro, assim como a comparação entre os resultados. As medidas

aquisitadas pelos termopares e pela termografia são utilizadas como validação dos

modelos teóricos.

6.1 - Resultados Experimentais - Termopares

O primeiro experimento relatado foi iniciado por volta de 14h do dia 4 de

fevereiro, tendo tido uma duração de cerca de 30 minutos. A Figura 6.1 apresenta as

temperaturas medidas ao longo da placa pelos termopares Tp1 a Tp5, bem como as

temperaturas de entrada e saída do ar, Tp7 e Tp8 respectivamente, medidas nos orifícios

das paredes inferior e superior da cavidade. Observa-se uma significativa variação da

temperatura da placa com o tempo, mas relativamente uniforme ao longo do

comprimento da placa, que alcança em t=1640s, ao final do experimento, os valores de

84,3ºC, 88,5ºC, 91,0ºC, 90,9ºC e 87,6ºC, respectivamente, nos termopares Tp1 a Tp5.

A temperatura de entrada do ar (Tp7) é significativamente menor que a de saída

(Tp8) mas bem próxima à temperatura do ambiente externo (Tp11), como mostrado na

Figura 6.2.

39

Figura 6.1 - Experimento 1: Comportamento das temperaturas experimentais - Curvas

superiores - Termopares Tp1 a Tp5; Curvas inferiores - Termopares Tp7 e Tp8.

Figura 6.2 - Experimento 1: Comportamento das temperaturas experimentais do ar-

Termopares Tp7, Tp8 e Tp11.

No mesmo experimento (Exp.1) foram obtidos os dados para o fluxímetro que

são mostrados na Figura 6.3, onde pode ser notado que nos primeiros momentos do

experimento ocorre um aumento significativo no fluxo de calor, que ocorre devido à

predominância da incidência solar direta na placa, uma vez que as temperaturas da placa

e do fluido ainda estão muito próximas nesses momentos iniciais, não afetando

significativamente o balanço térmico. Esse fluxo de calor líquido passa a diminuir com

o decorrer do tempo, ao passo que as perdas por convecção e radiação vão se tornando

significativas, e entrar em regime quasi-permanente devido à variação natural da

radiação incidente e à variação da temperatura ambiente.

0 500 1000 1500t, sec

40

60

80

100

120

T, ºC

Tp8

Tp7

Tp5

Tp4

Tp3

Tp2

Tp1

0 500 1000 1500t, sec

40

60

80

100

120

T, ºC

Tp11

Tp8

Tp7

40

Figura 6.3 - Experimento 1: Fluxo de calor registrado no fluxímetro.

Na Figura 6.4 podem ser observadas as temperaturas experimentais nos dois

pontos simétricos em relação ao plano médio da placa, Tp3 e Tp6, onde se pode

observar para esse horário e posicionamento do secador relativamente ao sol, a

concordância entre as duas temperaturas, indicando uma condição próxima à simetria

em relação à linha média.

Figura 6.4 - Experimento 1: Comportamento das temperaturas experimentais em

posições simétricas - Curvas Superiores - Termopares Tp3 e Tp6; Curva inferior –

Termporar Tp7, ar na entrada.

Na Figura 6.5 é possível observar a evolução temporal das temperaturas interna

e externa do vidro (Tp9 e Tp10), obtidas na região central da cobertura de vidro. A

0 500 1000 1500t,sec

200

400

600

800

1000

qflux, W m2

0 500 1000 1500t, sec

40

60

80

100

120

T, ºC

Tp7

Tp6

Tp3

41

diferença de temperatura entre as faces interna e externa do vidro já faz perceber o grau

de aproximação imposto pela técnica de parâmetros concentrados, fazendo antever a

necessidade de uma formulação diferencial-concentrada melhorada, como pode ser

obtida pela Técnica das Equações Integrais Acopladas (CIEA) (COTTA &

MIKHAILOV, 1997), que diferencia as temperaturas nas duas superfícies.

Figura 6.5 - Experimento 1: Comportamento das temperaturas experimentais –

Termopares Tp9 e Tp10 nas faces interna e externa da cobertura de vidro.

O segundo experimento começou por volta de 12:30h do dia 5 de fevereiro e

teve duração de cerca de 40 minutos. Os comportamentos das temperaturas ao longo da

placa obtidas nesse experimento não foram muito diferentes do experimento anterior,

como ilustrado na Figura 6.6, e a proximidade entre as curvas é justificada pelo horário

em que foi realizado o experimento, próximo de 12h e no verão, chegando-se ao final de

2250 segundos de operação às temperaturas de 103,9ºC, 105,7ºC, 107,3ºC, 107,2ºC e

103,9ºC, nos termopares ao longo da placa (Tp1 a Tp5).

0 500 1000 1500t, sec

30

40

50

60

70

T, ºC

Tp10

Tp9

42

Figura 6.6 - Experimento 2: Comportamento das temperaturas experimentais - Curvas

superiores - Termopares Tp1 a Tp5; Curvas inferiores - Termopares Tp7 e Tp8.

O terceiro experimento aqui relatado começou às 13:27h, também do dia 5 de

fevereiro, e durou cerca de 30 minutos, novamente com comportamento muito

semelhante aos anteriores, como ilustrado na Figura 6.7.É possível notar que Tp3 e Tp4

continuaram praticamente coincidindo enquanto Tp5 continua sendo menor do que as

duas, como nos dois experimentos anteriores, em função do aumento do coeficiente de

transferência de calor com a transição para o regime turbulento.Vale lembrar que devido

a fatores climáticos e temporais a repetibilidade dos experimentos é impossibilitada.

Chegou-se ao final de 1690 segundos de operação às temperaturas de 106,7ºC, 109,8ºC,

111,3ºC, 111,7ºC e 109,2ºC, nos termopares ao longo da placa (Tp1 a Tp5).

Figura 6.7 - Experimento 3: Comportamento das temperaturas experimentais - Curvas

superiores - Termopares Tp1 a Tp5; Curvas inferiores - Termopares Tp7 e Tp8.

0 500 1000 1500 2000t, sec

40

60

80

100

120

T, ºC

Tp8

Tp7

Tp5

Tp4

Tp3

Tp2

Tp1

0 500 1000 1500t, sec

40

60

80

100

120

T, ºC

Tp8

Tp7

Tp5

Tp4

Tp3

Tp2

Tp1

43

6.2 - Resultados Teóricos

Uma vez de posse dos resultados experimentais foi confirmado que à estimativa

teórica das temperaturas ao longo da placa coletora, a partir do primeiro modelo

simplificado de condução de calor, apresentado no capítulo 4, que faz uso de parâmetros

concentrados pode ser empregado devido os números de Biot serem menores que 0,1 na

direção y. O modelo proposto requer empregar uma correlação para o coeficiente de

transferência de calor local por convecção natural na superfície inclinada. Na Tabela 6.1

podem ser visualizados os números de Biot em função do coeficiente de transferência

de calor médio máximo na superfície da placa no decorrer dos 3 experimentos.

Tabela 6.1 - Números de Biot.

Experimento

(W/m² ºC)

Número de Biot

1 4,61 3,39 10-5

2 4,52 3,33 10-5

3 4,71 3,46 10-5

Inicialmente optou-se por empregar a correlação recomendada por OZISIK

(1990) para placa inclinada com a superfície aquecida voltada para cima, submetida a

um fluxo de calor uniforme, incluindo os regimes laminar e turbulento, dada para o

número de Nusselt médio em todo o comprimento da placa. A Figura 6.8 ilustra a

comparação entre as temperaturas teóricas e experimentais para os Experimentos 1, 2 e

3 respectivamente, as curvas teóricas são mostradas em linhas contínuas em azul.

44

(a) Experimento 1

(b) Experimento 2

0 500 1000 1500t, sec

40

60

80

100

120

T, ºC

0 500 1000 1500 2000t, sec

40

60

80

100

120

T, ºC

45

(c) Experimento 3

Figura 6.8 - Comparação entre as temperaturas teóricas e experimentais na placa de

alumínio cobertura de vidro usando correlação para convecção natural: (a)

Experimento 1; (b) Experimento 2; (c) Experimento 3.

A relação (4.17) não permite encontrar um coeficiente hc(x), mas apenas um

valor constante para toda a placa. A variação transiente foi levada em conta

aproximadamente, considerando-se a variação temporal da temperatura média da parede

para o cálculo do número de Grashof na Eq.(4.17). Assim, o modelo de condução de

calor com o uso da correlação de número de Nusselt médio não consegue chegar a

variações espaciais para a temperatura da placa, mas oferece uma estimativa da variação

temporal da temperatura média na placa. Observa-se que apenas nos momentos iniciais

do transiente as previsões teóricas e as medidas experimentais parecem ter as mesmas

tendências, mas tendem a não prever adequadamente a variações espaciais para a

temperatura na placa, e percebe-se que a temperatura teórica superestima a temperatura

média da placa, mostrando que devem ser utilizadas correlações para o número de

Nusselt local para placas inclinadas.

Optou-se por empregar a correlação recomendada por KIMURA e KITAMURA

(2010), descrita no capítulo 4, incluindo os regimes laminar e turbulento, pois a partir de

um determinado ponto do escoamento deverá ocorrer nessa aplicação, a transição para o

regime turbulento. Nesse caso, a convecção fica mais efetiva e há a necessidade de

implementar um critério de transição baseado no número de Rayleigh local, como

discutido no capítulo 4. As Figuras 6.9 ilustram os números de Nusselt locais que foram

0 500 1000 1500t, sec

40

60

80

100

120

T, ºC

46

empregados na simulação de cada um dos três experimentos. Pode ser observado que os

pontos em que ocorre a transição são próximos da posição 0,25m da placa o que

justifica a queda de temperatura registrada pelos termopares e pelos modelos teóricos a

partir desse ponto.

(a) Experimento 1

(b) Experimento 2

0.2 0.4 0.6 0.8x

20

40

60

80

100

Nux

0.2 0.4 0.6 0.8x

20

40

60

80

100

Nux

47

(c) Experimento 3

Figura 6.9 - Comportamento do número de Nusselt local nos três experimentos: (a)

Experimento 1; (b) Experimento 2; (c) Experimento 3.

É possível também estimar o fluxo que calor por radiação que incide diretamente

na placa e é absorvido, a partir da Eq.(4.3). A Figura 6.10 ilustra o fluxo de calor

incidente estimado com o coeficiente de transferência de calor dado acima e com as

temperaturas medidas na superfície interna da cobertura de vidro. Nos primeiros

momentos do experimento já pode ser observado que o fluxo de radiação tem

crescimento mais gradual e apropriado para a sua variação ao longo do dia. Todos os

experimentos mostrados foram realizados no mês de fevereiro em região para a qual a

incidência solar média, com céu limpo, indicada pelo manual da ASHRAE, é por volta

de 912 W/m². A Figura 6.10 ilustra para o Experimento 2 a reprodução desse valor após

o período inicial do transiente.

0.2 0.4 0.6 0.8x

20

40

60

80

100

Nux

48

Figura 6.10 - Fluxo de calor por radiação que incide diretamente e é absorvido na placa

(Experimento 2).

6.2.1 - Resultados Teóricos com o Modelo Simplificado - Rotina NDSolve

O modelo simplificado de condução de calor com o uso da correlação de número

de Nusselt local resulta em variações espaciais para a temperatura da placa, como

esperado. As Figuras 6.11-16 ilustram as temperaturas teóricas, em linhas contínuas em

azul, obtidas pelo modelo simplificado e a diferença entre as temperaturas teóricas e as

temperaturas experimentais aquisitadas pelos termopares.

Observa-se dos resultados do Experimento 1 que desde os momentos iniciais do

transiente as previsões teóricas e as medidas experimentais de temperatura aparentam

razoável concordância, com exceção do primeiro termopar que mesmo apesar da

diferença entre o valor teórico e experimental, ainda tem comportamento semelhante ao

previsto pelo perfil teórico, como pode ser visto na Figura 6.11 e 6.12. Fica também

claro que o modelo teórico acompanha as flutuações de temperatura que ocorrem

durante o experimento em função das informações fornecidas pelo fluxímetro e pelo

termopar da face interna do vidro. No modelo teórico foi possível notar que o aumento

de temperatura no comprimento da placa ocorre até o termopar Tp3, passando a

diminuir gradativamente a partir do Tp4, onde fica clara a importância da transição para

o regime turbulento na modelagem do campo de temperatura na superfície coletora.

0 500 1000 1500 2000t,sec

200

400

600

800

1000

qinc, W m2

49

Figura 6.11 - Perfil de temperatura teórico ao longo da placa coletora, modelo

simplificado (Exp. 1).

Figura 6.12 - Diferença entre as temperaturas teóricas e experimentais (Exp. 1).

No Experimento 2 nota-se uma melhor aderência entre o modelo teórico

simplificado e os resultados experimentais, o que pode ser visto nas Figuras 6.13 e 6.14.

0 500 1000 1500t, sec

40

60

80

100

120

140

T, ºC

500 1000 1500t, sec

15

10

5

5

10

15

T, ºC

Tp5

Tp4

Tp3

Tp2

Tp1

Tp2, Tp3, Tp4, Tp5

Tp1

50

Figura 6.13 - Perfil de temperatura teórico ao longo da placa coletora, modelo

simplificado (Exp. 2).

Figura 6.14 - Diferença entre as temperaturas teóricas e experimentais (Exp. 2).

Observa-se no Experimento 3 que em boa parte do tempo do experimento a

aderência é excelente, como mostram as Figuras 6.15 e 6.16.

0 500 1000 1500 2000t, sec

40

60

80

100

120

140

T, ºC

500 1000 1500 2000t, sec

15

10

5

5

10

15

T, ºC

Tp5

Tp4

Tp3

Tp2

Tp1

Tp2, Tp3, Tp4,Tp5

Tp1

51

Figura 6.15 - Perfil de temperatura teórico ao longo da placa coletora, modelo

simplificado (Exp. 3).

Figura 6.16 - Diferença entre as temperaturas teóricas e experimentais (Exp. 3).

6.2.2 - Resultados Teóricos com o Modelo Simplificado - Código UNIT

Os resultados obtidos com o código UNIT foram utilizados para verificar os

resultados da rotina NDSolve, permitindo mostrar que a formulação do problema

teórico simplificado está coerente com a física do problema em questão. As

comparações entre os perfis de temperatura para os Experimentos 1, 2 e 3 podem ser

visualizadas nas Figuras 6.17 que mostram a sobreposição gráfica dos resultados

obtidos pelo UNIT e pela NDSolve. As curvas teóricas obtidas com a NDSolve são

mostradas em linhas pontilhadas em azul claro e as obtidas com o UNIT em linhas

contínuas em azul.

0 500 1000 1500t, sec

40

60

80

100

120

140

T, ºC

500 1000 1500t, sec

15

10

5

5

10

15

T, ºC

Tp5

Tp4

Tp3

Tp2

Tp1

Tp2, Tp3, Tp4, Tp5

Tp1

52

(a) Experimento 1

(b) Experimento 2

500 1000 1500t

50

60

70

80

90

T x,t

500 1000 1500 2000t

50

60

70

80

90

100

T x,t

53

(c) Experimento 3

Figura 6.17 - Comparação do comportamento transiente das temperaturas teóricas

obtidas pelo modelo simplificado com a rotina NDSolve (linhas em azul claro

pontilhadas) e o código UNIT (linhas em azul contínuas): (a) Experimento 1; (b)

Experimento 2; (c) Experimento 3.

Logo, ao comparar as temperaturas teóricas obtidas com o UNIT com as

temperaturas experimentais, os resultados foram semelhantes aos obtidos com a rotina

NDSolve.

A análise da convergência da expansão em autofunções foi feita a partir dos

resultados obtidos pelo UNIT, através de gráficos e tabelas. Foram consideradas as

posições dos termopares e valores de tempo do experimento em questão, e selecionadas

ordens de truncamento da expansão, N = 8, 14, 20, 26, 32, 38, 44 e 50.

As Tabelas 6.2, 6.3 e 6.4 mostram a convergência das expansões para os

resultados teóricos dos Experimentos 1, 2 e 3, respectivamente, onde a convergência

pode ser observada no início, no meio e ao final de cada experimento nas posições dos

termopares na placa. A partir de N = 14 não são notadas diferenças significativas entre

os resultados de temperaturas nessas tabelas, praticamente convergidas nas 3 primeiras

casas decimais. Essas tabelas também avaliam a precisão dos resultados com a

NDSolve, com os valores de temperatura mostrados na última coluna, em geral já

distintos do código UNIT no terceiro dígito significativo.

500 1000 1500t

60

80

100

T x,t

54

Tabela 6.2 - Convergência da expansão em autofunções - Experimento 1.

N 8 14 20 26 32 38 44 50 NDSolve

x (cm) t (s)

12 540 83,525 83,528 83,528 83,528 83,528 83,528 83,528 83,528 83,394

12 1090 89,533 89,536 89,536 89,536 89,536 89,536 89,536 89,536 89,386

12 1640 89,967 89,971 89,971 89,971 89,971 89,971 89,971 89,971 89,790

30 540 84,769 84,769 84,769 84,769 84,769 84,769 84,769 84,769 83,191

30 1090 91,040 91,040 91,040 91,040 91,040 91,040 91,040 91,040 91,604

30 1640 91,499 91,500 91,500 91,500 91,500 91,500 91,500 91,500 92,046

48 540 85,187 85,185 85,185 85,185 85,185 85,185 85,185 85,185 85,279

48 1090 91,631 91,629 91,629 91,629 91,629 91,629 91,629 91,629 91,834

48 1640 92,107 92,104 92,104 92,104 92,104 92,104 92,104 92,104 92,298

66 540 85,019 85,019 85,019 85,019 85,019 85,019 85,019 85,019 84,912

66 1090 91,480 91,480 91,480 91,480 91,480 91,480 91,480 91,480 91,409

66 1640 91,972 91,972 91,972 91,972 91,972 91,972 91,972 91,972 91,880

84 540 84,877 84,879 84,879 84,879 84,879 84,879 84,879 84,879 84,829

84 1090 91,323 91,324 91,324 91,324 91,324 91,324 91,324 91,324 91,298

84 1640 91,818 91,820 91,820 91,820 91,820 91,820 91,820 91,820 91,768

Tabela 6.3 - Convergência da expansão em autofunções - Experimento 2.

N 8 14 20 26 32 38 44 50 NDSolve

x (cm) t (s)

12 750 92,928 92,931 92,931 92,931 92,931 92,931 92,931 92,931 92,804

12 1500 102,145 102,149 102,149 102,149 102,149 102,149 102,149 102,149 101,957

12 2250 104,285 104,290 104,289 104,289 104,289 104,289 104,289 104,289 104,118

30 750 94,428 94,429 94,429 94,429 94,429 94,429 94,429 94,429 94,971

30 1500 103,920 103,921 103,921 103,921 103,921 103,921 103,921 103,921 104,551

30 2250 106,112 106,113 106,113 106,113 106,113 106,113 106,113 106,113 106,793

48 750 94,976 94,974 94,974 94,973 94,973 94,973 94,973 94,973 95,152

48 1500 104,587 104,584 104,584 104,584 104,584 104,584 104,584 104,584 104,790

48 2250 106,783 106,779 106,779 106,779 106,779 106,779 106,779 106,779 107,015

66 750 94,798 94,798 94,798 94,798 94,798 94,798 94,798 94,798 94,718

66 1500 104,402 104,402 104,402 104,402 104,402 104,402 104,402 104,402 104,294

66 2250 106,598 106,597 106,598 106,597 106,597 106,597 106,597 106,597 106,514

84 750 94,631 94,633 94,633 94,633 94,633 94,633 94,633 94,633 94,613

55

Tabela 6.3 - Continuação

84 1500 104,221 104,223 104,223 104,223 104,223 104,223 104,223 104,223 104,168

84 2250 106,415 106,418 106,418 106,418 106,418 106,418 106,418 106,418 106,386

Tabela 6.4 - Convergência da expansão em autofunções - Experimento 3.

N 8 14 20 26 32 38 44 50 NDSolve

x (cm) t (s)

12 590 91,815 91,819 91,819 91,819 91,819 91,819 91,819 91,819 91,684

12 1140 105,167 105,172 105,172 105,172 105,172 105,172 105,172 105,172 104,975

12 1690 108,621 108,626 108,626 108,626 108,626 108,626 108,626 108,626 108,435

30 590 93,209 93,209 93,209 93,209 93,209 93,209 93,209 93,209 93,670

30 1140 106,962 106,963 106,963 106,963 106,963 106,963 106,963 106,963 107,592

30 1690 110,516 110,517 110,517 110,517 110,517 110,517 110,517 110,517 111,206

48 590 93,676 93,673 93,673 93,673 93,673 93,673 93,673 93,673 93,775

48 1140 107,605 107,601 107,601 107,601 107,601 107,601 107,601 107,601 107,782

48 1690 111,200 111,196 111,196 111,196 111,196 111,196 111,196 111,196 111,413

66 590 93,482 93,481 93,482 93,481 93,481 93,481 93,481 93,481 93,366

66 1140 107,404 107,403 107,403 107,403 107,403 107,403 107,403 107,403 107,279

66 1690 111,995 110,994 110,994 110,994 110,994 110,994 110,994 110,994 110,886

84 590 95,319 93,321 93,321 93,321 93,321 93,321 93,321 93,321 93,275

84 1140 107,219 107,222 107,222 107,222 107,222 107,222 107,222 107,222 107,155

84 1690 110,801 110,804 110,804 110,804 110,804 110,804 110,804 110,804 110,755

O comportamento físico do campo de temperatura na placa coletora com o

decorrer do tempo é então consolidado nas Figuras 6.18, obtidas a partir do modelo

teórico simplificado para a condução de calor na placa coletora. Observa-se dessa

representação tridimensional a rápida evolução das temperaturas ao longo do coletor e a

relativa uniformidade dos campos de temperatura previstos na placa metálica.

56

(a) Experimento 1

(b) Experimento 2

57

(c) Experimento 3

Figura 6.18 - Comportamento térmico do secador a partir do modelo téorico

simplificado: (a) Experimento 1; (b) Experimento 2; (c) Experimento 3.

6.3 - Resultados Experimentais - Termografia

A partir da análise das temperaturas em diferentes posições da placa coletora,

obtidas com a termografia por infravermelho imediatamente após retirar o vidro da

cobertura, foi possível realizar a comparação direta com as temperaturas obtidas pelos

termopares Tp1, Tp2, Tp3, Tp4 e Tp5 no tempo final do experimento, quando o

processo entra em regime quasi-permanente. Conforme se observa nas Figuras 6.19 foi

realizada também a comparação entre os perfis de temperatura ao longo da placa

obtidos com medidas dos termopares, da termografia, do modelo teórico simplificado

utilizando a rotina NDSolve e o código UNIT, no tempo final do experimento, quando o

regime permanente foi alcançado. Claramente os Experimentos 2 e 3 tem uma

concordância quase perfeita com a simulação, enquanto que o Experimento 1 tem um

suave desvio das temperaturas experimentais, em particular da termografia. A partir de

dados fornecidos pelos fabricantes é possível estimar a incerteza de medição a partir do

erro dos termopares (±1,1ºC) e da câmera (±1,0ºC), como pode ser observado na Figura

6.19, onde o valor da medição é representado por pontos e a faixa de erro da medição

encontrasse no intervalo da barra. A concordância entre os resultados das duas técnicas

de medidas de temperaturas também é notóriamente melhor nos casos 2 e 3.

58

(a) Experimento 1

(b) Experimento 2

Medidas das Termografias

Medidas dos Termopares

UNIT

NDSolve

Medidas das Termografias

Medidas dos Termopares

UNIT

NDSolve

59

(c) Experimento 3

Figura 6.19 - Comparação das temperaturas medidas pelos termopares e pela

termografiacom o modelo teórico simplificado em regime permanente:

(a) Experimento 1; (b) Experimento 2; (c) Experimento 3.

Também foi possível realizar a comparação com as temperaturas médias obtidas

pelos termopares Tp2, Tp3,Tp4 e Tp5 nos 20 últimos intervalos de tempo já no regime

permanente, bem como com as médias espaciais da termografia ao longo da dimensão

horizontal em cada altura correspondente aos termopares. As leituras das temperaturas

locais e médias obtidas com a câmera estão de acordo com as obtidas pelos termopares,

conforme a Tabela 6.5.

Tabela 6.5 - Comparação das temperaturas medidas pelos termopares e pela

termografia.

Termopares Temperaturas

médias dos

Termopares (ºC)

Temperaturas

locais da

Termografia (ºC)

Temperaturas

médias da

Termografia (ºC)

Tp2 105,3 106,4 104,4

Tp3 107,1 107,0 106,1

Tp4 106,7 106,3 106,0

Tp5 103,0 102,5 102,4

A Figura 6.20 ilustra a termografia da placa, como apresentada na tela do

software de aquisição,ThermaCam Researcher, no final do segundo experimento,

imediatamente após se retirar a cobertura de vidro. Pode-se observar o comportamento

Medidas das Termografias

Medidas dos Termopares

UNIT

NDSolve

60

razoavelmente uniforme do campo de temperatura da placa na direção horizontal, a

partir dos gráficos apresentados ao longo de cada linha mostrada na imagem

termográfica. As flutuações de temperatura ao longo de cada linha são resultado da

variação de emissividade, principalmente pela presença dos termopares e do fluxímetro.

61

Figura 6.20 - Termografia da placa conforme obtido da tela do software ThermaCam Researcher.

62

A emissividade da placa é inicialmente estimada de acordo com dados

disponíveis na literatura, OZISIK (1990), para tinta de cor negra fosca (variável na faixa

de 0,89 a 0,97), sendo a mesma avaliada e corrigida no decorrer dos experimentos com

auxílio do programa ThermaCam Researcher da Flir.

Na Tabela 6.6 são mostradas as emissividades encontradas em cada experimento

por comparação com as medidas de termopares, assim como a emissividade média por

experimento e a emissividade média da placa adotada.

Tabela 6.6 - Estimativa da emissividade média da placa coletora.

Posição (cm) Exp. 1 Exp. 2 Exp. 3

30 0,91 0,94 0,96 0,94

48 0,89 0,92 0,95 0,92

66 0,88 0,91 0,94 0,91

84 0,85 0,91 0,95 0,90

da placa 0,92

De acordo com os resultados se pode observar que a emissividade não é a rigor a

mesma em toda a placa, o que se deve a não uniformidade na pintura eletrostática, como

pode ser observado na Figura 6.21 que mostra uma foto com zoom da placa de alumínio

ao término do segundo experimento, com a presença de pigmentações.

Figura 6.21 – Placa de alumínio ao final do segundo experimento.

63

6.4 - Resultados Teóricos com o Modelo Acoplado - Rotina NDSolve

A partir do modelo de condução de calor conjugando placa de alumínio e

cobertura de vidro, se pode prever o comportamento da temperatura na placa de

alumínio com o decorrer do experimento quando não se tem nenhuma medida

experimental, com o conhecimento apenas do fluxo de calor incidente para a região em

análise.

Para o estudo do modelo acoplado foram necessárias correlações para o cálculo

do coeficiente de transferência de calor na parte interna e externa do vidro. Para a parte

interna foi utilizada a correlação de Nusselt médio de FUJII e IMURA (OZISIK, 1990)

para convecção natural em placa aquecida voltada para baixo, Eq.(4.24.a). Já para o

coeficiente de transferência de calor externo foram propostas duas correlações, a

correlação de convecção natural proposta por KIMURA e KITAMURA (2010) para

placa inclinida aquecida voltada para cima, Eqs.(4.19) e (4.20), e a correlação para

convecção forçada laminar para fluxo de calor prescrito disponível em BEJAN (1993).

Como os experimentos foram realizados em dias com vento, a partir dos valores médios

das velocidades da corrente de ar, foi possível verificar a importância da convecção

forçada no resfriamento da cobertura de vidro.

Na Figura 6.22 pode ser analisada a previsão do modelo teórico acoplado da

temperatura média da cobertura, comparada com as temperaturas medidas na parte

interna (Tp9) e externa (Tp10) do vidro e a temperatura teórica na mesma posição dos

termopares (Tp9 e Tp10).

Nota-se que as correlações para convecção natural propostas utilizadas tendem a

não prever adequadamente o comportamente da temperatura do vidro, e percebe-se que

a temperatura teórica superestima a temperatura média do vidro, indicando que o

coeficiente de transferência de calor pode estar subestimado por conta da presença de

convecção forçada. De fato, isto é verificado pela relação entre os números de Grashof e

Reynolds máximos ao longo da placa nos Experimentos 1 e 2 conforme a Tabela 6.7:

64

Tabela 6.7 - Relação entre Grashof e Reynolds nos experimentos.

Posição (m) Experimento 1 Experimento 2

0,12 0,01 0,08

0,30 0,07 0,51

0,48 0,18 1,32

0,66 0,34 2,49

0,84 0,56 4,04

0,96 0,73 5,28

Para predominância da convecção natural a relação deve ser bem maior que um,

enquanto para a convecção mista deve estar no entorno de um. Ao longo do

comprimento da placa a importância da convecção forçada é mais evidente, tendo em

vista a dependência desses dois números adimensionais com a variável espacial x.

(a) Experimento 1

0 500 1000 1500t,sec

40

60

80

100

T, ºC

Tvteórica

Tp9

Tp10

65

(b) Experimento 2

Figura 6.22 - Comparação entre as temperaturas teórica e experimentais na cobertura

de vidro usando correlação para convecção natural: (a) Experimento 1;

(b) Experimento 2;

Foi portanto utilizada a correlação para convecção forçada em regime laminar, e

a partir da Figura 6.23 pode ser observado que o modelo acoplado consegue agora

prever razoavelmente a temperatura média do vidro.

Vale lembrar que as condições ambientais durante os experimentos não eram

exatamente representativas de convecção natural na face externa da cobertura, em

função dos ventos presentes, aqui então levados em consideração com a utilização de

correlação para a convecção forçada, o que explica as temperaturas experimentais mais

baixas na face externa do vidro. Deve ser comentado que o modelo proposto com a

aproximação por parâmetros concentrados não consegue reproduzir as diferenças entre

as temperaturas nas faces interna e externa do vidro, fornecendo apenas uma estimativa

da temperatura média na espessura do vidro. Não obstante, um modelo concentrado-

diferencial melhorado pode ser proposto, baseado nas Técnicas das Equações Integrais

Acopladas (CIEA) (COTTA & MIKHAILOV, 1997), para fornecer previsões

independentes para as temperaturas interna e externa da cobertura.

0 500 1000 1500 2000t,sec

40

60

80

100

T, ºC

Tvteórica

Tp9

Tp10

66

(a) Experimento 1

(b) Experimento 2

Figura 6.23 - Diferença entre as temperaturas teórica e experimentais na cobertura de

vidro usando a correlação para convecção forçada na face externa do vidro:

(a) Experimento 1; (b) Experimento 2.

A boa concordância entre o modelo teórico acoplado e os resultados

experimentais pode ser observada pela comparação entre eles a partir da diferença entre

as temperaturas teóricas e experimentais na placa de alumínio, mostrada na Figura 6.24,

onde as diferenças são mostradas em linhas para os Experimentos 1 e 2.

0 500 1000 1500t,sec

40

60

80

100

T, ºC

0 500 1000 1500 2000t,sec

40

60

80

100

T, ºC

Tp9

Tvteórica

Tp10

Tp9

Tvteórica

Tp10

67

(a) Experimento 1

(b) Experimento 2

Figura 6.24 - Diferença entre os modelos experimental e acoplado para as temperaturas

na placa coletora: (a) Experimento 1; (b) Experimento 2.

Os resultados da termografia da cobertura de vidro são a princípio qualitativos,

uma vez que a reflexão da incidência solar não é desprezível nesse caso, o que não

permite caracterizar a temperatura diretamente a partir do valor da emissividade da

superfície. Entretanto, foi possível ajustar um valor da emissividade efetiva na câmera

para visualização da termografia em regime permanente para a cobertura de vidro,

usando como referência os valores de temperatura indicados pelo termopar colocado na

face externa da placa de vidro. Assim foram obtidos resultados com a termografia no

regime permanente ao longo do vidro em sua face externa, mostrados em pontos na

Figura 6.25, comparados com a previsão teórica pelo modelo acoplado para o vidro, na

500 1000 1500t, sec

15

10

5

5

10

15

T, ºC

Tp5

Tp4

Tp3

Tp2

Tp1

500 1000 1500 2000t, sec

15

10

5

5

10

15

T, ºC

Tp5

Tp4

Tp3

Tp2

Tp1

68

curva em vermelho. Observa-se uma boa concordância entre esses resultados

experimentais e teóricos, confirmando a capacidade do modelo de prever o

comportamento térmico da cobertura de vidro.

(a) Experimento 1

(b) Experimento 2

Figura 6.25 - Comparação entre o modelo teórico e dados da termografia para a

temperatura na face externa da cobertura de vidro: (a) Experimento 1; (b) Experimento

2.

Termografia

Modelo para o vidro

Termografia

Modelo acoplado

69

Com auxílio da termografia, foi possível também realizar a comparação entre o

modelo teórico simplificado e o acoplado para a placa de alumínio ao final do

experimento, conforme a Figura 6.26. Nos Experimentos 1 e 2, a concordância entre os

resultados experimentais e teóricos é evidente, e no Experimento 1 pode ser observado

que os dois modelos superestimam ligeiramente as temperaturas em regime permanente,

em comparação com as medidas tanto dos termopares quanto da termografia.

(a) Experimento 1

(b) Experimento 2

Figura 6.25 – Comparação das temperaturas medidas pelos termopares e pela

termografia e pelos modelos teóricos na placa coletora no final do experimento: (a)

Experimento 1; (b) Experimento 2.

Medidas das Termografias

Medidas dos Termopares

Modelo Simplificado

Modelo Acoplado

Medidas das Termografias

Medidas dos Termopares

Modelo Simplificado

Modelo Acoplado

70

CAPÍTULO 7 CONCLUSÕES E SUGESTÕES

Neste trabalho foi mostrado o estudo teórico-experimental do problema de

transferência de calor na placa coletora de um secador solar proposto pelo IAPAR

(Instituto Agronômico do Paraná), destinado a agricultura familiar, a partir da análise

dos dados experimentais de temperaturas e fluxo de calor aqui obtidos e de modelos

teóricos propostos para fins de validação e previsão do comportamento térmico desse

equipamento.

Foram realizados experimentos com um secador previamente construído,

permitindo comparações das temperaturas medidas ao longo da placa aquecida e de

medidas de termografia por infravermelho com resultados teóricos, inicialmente de um

modelo simplificado de condução de calor ao longo da placa coletora que serviu ao

propósito de verificar o balanço de energia na placa. O modelo baseia-se no uso de

correlações empíricas para os coeficientes locais de transferência de calor na convecção

natural sobre placas planas inclinadas, que permitiu a reprodução de variações espaciais

das temperaturas ao longo da placa. O problema formulado foi resolvido no código

UNIT, com precisão controlada, permitindo verificar a resolução numérica do problema

com auxílio da rotina NDSolve da plataforma Mathematica.

O modelo simplificado entretanto depende da disponibilidade de medidas da

temperatura na face interna da cobertura de vidro e do fluxo de calor incidente e

absorvido pela placa coletora. Por isso, um segundo modelo teórico mais completo, que

acopla as equações de energia da placa coletora e da cobertura de vidro é também

proposto. Os resultados experimentais foram então utilizados na validação desse modelo

acoplado, buscando demonstrar sua capacidade de prever o comportamento do secador

solar apenas com a informação essencial da insolação média diária na região em estudo.

De acordo com as análises efetuadas e temperaturas medidas, pode-seconcluir

que o coletor passivo desenvolvido pelo IAPAR apresenta um bom desempenho sob o

ponto de vista térmico para aplicação na agricultura familiar, tendo atingido

temperaturas superiores a 100ºC durante os experimentos. A partir do modelo teórico

acoplado aqui proposto, será agora possível prever o seu comportamento sob diferentes

condições climáticas, bem como permitindo-se a análise de diferentes configurações

geométricas que busquem a otimização de seu desempenho.

Como proposta de continuação pode ser pretendido um estudo mais avançado,

incluindo a análise do escoamento no interior do secador, e eventualmente uma análise

71

da geometria específica das superfícies de entrada e saída do ar. Vale ressaltar que para

a otimização mais definitiva do secador é também necessário incorporar os balanços de

massa inerentes ao fenômeno simultâneo de transferência de calor e massa que envolve

o processo de secagem, uma vez selecionado o material a ser seco e sua disposição no

secador.

72

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75

APÊNDICE

A - Código UNIT Utilizado na Solução do Modelo Teórico Simplificado

Nas páginas seguintes é apresentada a listagem do código UNIT que foi

utilizado como solução do modelo teórico simplificado para obter os resultados

apresentados no Experimento 2.