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UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALFENAS UNIFAL MG LEONARDO PEDROZO BOUFLEUR A CANA-DE-AÇÚCAR NO ESTADO DE SÃO PAULO: A EXPANSAO ALIADA A ECONOMIA Alfenas/MG 2011

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALFENAS UNIFAL – MG

LEONARDO PEDROZO BOUFLEUR

A CANA-DE-AÇÚCAR NO ESTADO DE SÃO PAULO: A EXPANSAO

ALIADA A ECONOMIA

Alfenas/MG 2011

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LEONARDO PEDROZO BOUFLEUR

A CANA-DE-AÇÚCAR NO ESTADO DE SÃO PAULO: A EXPANSAO ALIADA A ECONOMIA

Trabalho de Conclusão de Curso como parte dos requisitos para a obtenção do título de graduação em Geografia (Bacharelado) da Universidade Federal de Alfenas. Área de concentração: Cartografia Temática. Orientadora: Rúbia Gomes Morato.

Alfenas/MG 2011

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LEONARDO PEDROZO BOUFLEUR

A CANA-DE-AÇÚCAR NO ESTADO DE SÃO PAULO: A EXPANSAO ALIADA A ECONOMIA

A banca examinadora abaixo-assinada aprova o Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como parte dos requisitos para obtenção do título de graduação em Geografia (Bacharelado) da Universidade Federal de Alfenas. Área de concentração: Cartografia Temática.

Aprovado em: Prof. Rúbia Gomes Morato Instituição: ICN/ UNIFAL - MG Assinatura: Prof. Fernando Shinji Kawakubo Instituição: ICN/ UNIFAL - MG Assinatura: Prof. Ericson Hideki Hayakawa Instituição: ICN/ UNIFAL – MG Assinatura:

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A minha avó e meu avo, meus eternos mestres. Com carinho, aonde quer que estejam.

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AGRADECIMENTOS

Minha gratidão aos meus pais, que fizeram de tudo para que o meu curso

fosse concretizado, anulando os seus sonhos muitas vezes para que eu pudesse

hoje alegrar-me com o meu. Ao restante da minha família, que torceu e vislumbrou

sempre os melhores caminhos a serem trilhados com a geografia, fica aqui também

o meu obrigado.

A Universidade, que ajudou no que podia e fez acontecer o que não podia.

Aos trabalhos de campo, salas de aula, laboratórios e tudo mais. Aos professores,

que antes de serem isso, fizeram a função de pais, ajudando não apenas com

conhecimento cientifico, mas auxiliando na minha formação fora do ambiente

acadêmico. Vocês sim merecem todo o meu agradecimento, pois me colocaram de

pé diante de um mundo distante do meu convencional. Gostaria de mencionar a

prof. Rúbia, que me auxiliou na realização deste trabalho e que puxou a minha

orelha em momentos fundamentais e alimento um carinho muito especial por isso.

Hoje eu vejo como isso foi importante. Ao prof. Ronaldo, que alem de mestre, foi

uma grande pessoa, com palavras de incentivo e aspereza sempre visando o nosso

bem. Foi uma honra ter trabalhado com você também, amigo.

Certamente sei que o diploma, o cruzar a linha de chegada, gera momentos

de efetivo bem-estar, mas acredito que este é apenas o começo de uma longa

estrada a ser percorrida, com as nossas especializações, as atividades profissionais,

viagens, projetos pessoais, que nos proporcionarão encontros, desencontros e

reencontros.

Tenho muito para recordar de nosso tempo na faculdade e muitas pessoas

especiais guardadas no coração. Nesse momento, que também é marcado pela

saudade, fica como tesouro as aulas, as viagens, a partilha dos sonhos, os gestos

encorajadores, a torcida, o companheirismo... Obrigado a todos que me ajudaram

nessa longa, difícil e prazerosa caminhada que jamais me esquecerei.

Aos meus amigos, que foram e continuaram a ser o meu refugio de

lembranças das mais variadas possíveis, do céu ao inferno. Uns mais próximos

outros nem tanto. Mas todos com o seu valor diante de tudo que vivemos.

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Mais do que isso, fica toda a recordação e com isso uma motivação para

seguir em frente, sempre me espelhando nos anos indescritíveis que vivi convivendo

com mestres, amigos, colegas e pessoas não tão agradáveis, que sem duvida

agradeço, porque me tornaram mais forte e preparado para seguir em frente.

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Os momentos mais esplendidos da vida não são os chamados dias de êxito, mas

sim, aqueles dias em que, saindo do desanimo e do desespero, sentimos erguer-se

dentro de nos um desafio: a vida e a promessa de futuras realizações.

(FLAUBERT, 1978)

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RESUMO A cartografia sempre esteve presente na vivencia do homem, presente em sua noção de direção e nas grandes conquistas passadas. Hoje em dia a cartografia mais do que ajuda o homem a se guiar, ela auxilia no entendimento do espaço e nos ajuda a estudá-lo com mais precisão o que quisermos. O presente trabalho utiliza a cartografia para entender a expansão de uma das maiores culturas do Brasil: a cana-de-açúcar e a distribuição da monocultura de cana-de-açúcar em São Paulo. O objetivo é mapear a expansão da produção de cana-de-açúcar no norte do estado de São Paulo desde a década de 1990 até o final dos anos 2000. A análise dos problemas decorrentes dessa expansão será realizada, pois com toda a expansão da cana-de-açúcar, é impossível não se querer mensurar os impactos causados no solo, na economia e no clima, afinal, as queimadas ocorrem por causa do plantio desenfreado da cana. O trabalho será realizado na intenção de mostrar a ocupação das áreas produtivas e sua expansão. Analisando todo o estado, vemos que todas possuem um perfil diferente de plantio, mas que todas acabam se voltando para a produção da monocultura. São Paulo é um estado forte na agricultura e a cana-de-açúcar predomina em quase todo território, tendo o seu ponto forte no norte do estado, mais precisamente na região de Ribeirão Preto, apresenta maiores números de expansão da monocultura alem do que a cana-de-açúcar é uma exploração histórica na região de Ribeirão Preto, cujo local é um dos principais para essa cultura no Estado de São Paulo. Um importante incentivo para a produção da cana-de-açúcar é o mercado do álcool, que leva vantagem sobre a gasolina e derivados de petróleo, principalmente por ser renovável, ainda que alguns fatores devam ser levados em consideração: o álcool, assim como a gasolina, emite substâncias tóxicas após sua combustão, tais como: monóxido de carbono, óxidos de nitrogênio, fuligem, óxidos de enxofre, entre outros. Assim, utilizando-nos do software francês Philcarto para o mapeamento da área através de dados do IBGE, da União da Agroindústria Canavieira de São Paulo e alguns dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada. Palavras chave: Monocultura. Cartografia. Expansão.

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ABSTRACT

The cartography was always present in man's experience, manifest in their sense of

direction and major past achievements. Today more than cartography helps man to

steer, it helps in understanding of space and helps us to study it more accurately as

we please. This paper uses the mapping to understand the expansion of a major

crop in Brazil: the sugar cane monoculture and distribution of sugar cane in Sao

Paulo. The goal is to map the expansion of production of cane sugar in the northern

state of São Paulo since the 1990s until the late 2000s. The analysis of the problems

resulting from this expansion will be done, because with every expansion of cane

sugar, it is impossible not to want to measure the impacts on soil, climate and

economy, after all, the fires occur because of the rampant planting of sugarcane.

Work will be performed in order to show the occupation of the production areas and

expansion. Looking across the state, we see that all have a different profile for

planting, but all end up turning to the production of monoculture. Sao Paulo is a

strong state in agriculture and sugar cane prevails in most of the land, and its

strength in the northern state, more precisely in the region of Ribeirao Preto, has

greater numbers of monoculture expansion beyond what the cane sugar-is a

historical exploration in the region of Ribeirao Preto, whose place is a key to this

culture in the State of Sao Paulo. An important incentive for the production of cane

sugar is the alcohol market, which takes advantage over gasoline and oil products,

mainly because it is renewable, as some factors should be considered: alcohol, as

well as gasoline, emits toxic substances after combustion such as carbon monoxide,

nitrogen oxides, soot, sulfur oxides, among others. Thus, using the French Philcarto

software for mapping of the area through to the IBGE, the Union of Sugar Cane from

Sao Paulo and some data from the Center for Advanced Studies on Applied

Economics.

Keywords: Monoculture. Cartography. Expansion.

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LISTA DE QUADROS

FOTO 1 – Plantio da cana-de-açúcar em Ribeirão Preto,

No estado de São Paulo...................................................................................... 19

MAPA 1 – A cana-de-açúcar já apontava como a cultura predominante, mas era

pontual se comparada aos dias atuais................................................................ 28

MAPA 2 – Em 1995, a cana já se expandia do foco no norte do estado rumo ao

oeste, ocupando áreas de plantio de milho........................................................ 28

MAPA 3 – No inicio da década de 2000,

a monocultura já corria na direção leste............................................................. 29

MAPA 4 – O norte do estado se encontra

quase todo tomado pela monocultura................................................................. 30

MAPA 5 – Em 2009, o estado abandona inúmeras culturas

e é ocupado pela cana........................................................................................ 30

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LISTA DE TABELAS

TABELA 1 – Evolução da produtividade de cana-de-açúcar na EDR de Ribeirão

Preto.......................................................................................................................... 20

TABELA 2 – Evolução da participação dos municípios na EDR de Ribeirão Preto na

área de produção de cana........................................................................................ 21

TABELA 3 – Evolução da área colhida de cana-de-açúcar, no Brasil e em São Paulo

entre 1990 e 2009..................................................................................................... 24

TABELA 4 – Índice de preço da cana-de-açúcar pago pela industria e produtividade

agrícola em São Paulo entre os anos de 1989 e 2006............................................. 25

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

CEPEA – Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada

EDR – Escritório de Desenvolvimento Rural

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IEA – Instituto Econômico Agrícola

INPE – Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais

UNICA – União da Agroindústria Canavieira de São Paulo

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ..................................................................................... 14

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ................................................................ 15

3. MATERIAIS E MÉTODO ....................................................................... 16

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................. 18

4.1 Área de estudo ....................................................................................... 18

4.1.1 O estado de São Paulo: mapa ................................................................ 18

4.1.2 O norte do estado de São Paulo ............................................................. 19

4.2 Breve panorama do plantio do estado estudado ............................... 21

4.3 Como a expansão da monocultura influencia a economia ............... 24

4.3.1 Os mapas temáticos da cana-de-açúcar ................................................ 27

5. CONCLUSÕES ........................................................................................ 31

REFERENCIAS ........................................................................................ 32

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1. INTRODUÇÃO

Originária da Ásia, a cana-de-açúcar encontrou no clima tropical brasileiro um

ótimo habitat tornando-se um dos cultivos mais importantes do país. Após

transformar o Nordeste brasileiro na primeira região de plantio e espalhar-se pela

região sudeste, esta gramínea retoma sua importância nos cenários econômicos,

nacional e internacional, em pleno início de século XXI.

Este trabalho tem por objetivo mostrar brevemente a distribuição da

cana-de-açúcar em São Paulo e enfatizar a expansão da mesma no norte do estado.

Além de mostrar a distribuição da plantação da monocultura, é importante ser

observado a expansão do plantio não só no norte, mas em todo o estado, atingindo

níveis alarmantes visando inteiramente o lucro. O Estado de São Paulo, maior

produtor nacional de cana-de-açúcar, por possuir municípios que têm grandes áreas

ocupadas com essa cultura e com usinas instaladas, enfrenta problemas sociais e

ambientais. O primeiro refere-se à precarização das condições de trabalho no

campo, concentração fundiária e má distribuição de renda (GONÇALVES, 2005). Já

em relação aos problemas ambientais, um deles refere-se à queima anual dos

canaviais para facilitar a colheita, com o objetivo de baratear o corte manual e

aumentar a produtividade do trabalho do cortador. Os objetivos são observar a

expansão da cana, porque isso ocorre e ver o quanto se lucra em cima do produto.

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2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

As variabilidades de solo e temperatura são essenciais na configuração

espacial da produção. O desenvolvimento vegetativo da cana-de-açúcar é

prejudicado quando a temperatura fica abaixo de 20ºC, em condições sem irrigação,

ou abaixo de 18ºC, com irrigação (WREGE, 2004). Essa característica diferenciada

faz com que os processos agroindustriais se direcionem para as áreas que

despontam no plantio de cana-de-açúcar. Isso torna a região de Ribeirão Preto

apropriada para o cultivo da cana.

Em oposição a agressiva plantação da cana-de-açúcar, as atividades

agropecuárias mais significativas em relação ao valor da produção da agricultura

paulista (TSUNECHIRO et al., 2007) são: abacate, abacaxi, abóbora, abobrinha,

alface, algodão, amendoim, arroz, banana, batata, batata-doce, beterraba, café,

cana para forragem, caqui, cebola, cenoura, feijão, goiaba, laranja, limão, mandioca,

manga, maracujá, melancia, milho, pêssego para mesa, pimentão, repolho,

seringueira, soja, sorgo granífero, tangerinas (mexerica, murcote, poncã e cravo),

tomate (mesa e indústria), trigo, uva.

Em contrapartida, pesa a favor da cana o fato de que o álcool produzido a

partir da cana-de-açúcar leva vantagem sobre gasolina e derivados de petróleo,

principalmente por ser renovável, ainda que alguns fatores devam ser levados em

consideração: o álcool, assim como a gasolina, emite substâncias tóxicas após sua

combustão, tais como: monóxido de carbono, óxidos de nitrogênio, fuligem, óxidos

de enxofre, entre outros, problema que vem sendo resolvido com as tecnologias de

injeção eletrônica e uso de catalisadores.

A utilização do álcool como combustível e do bagaço na queima no processo

de produção na unidade industrial contribui para que o balanço energético seja

favorável, visto que, para cada unidade de combustível fóssil utilizado para sua

produção, a cana gera em média 8,3 unidades de combustível renovável (MACEDO,

2005).

No início do século XXI, o setor agrícola brasileiro é marcado por um novo

ciclo no plantio da cana-de-açúcar para obtenção de álcool combustível, agora não

mais apenas para a substituição do consumo de petróleo pela elevação dos preços,

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como ocorreu nos anos 1970 quando foi criado o PROÁLCOOL. Na época, o

objetivo era o de economizar divisas e substituir a gasolina por álcool em

decorrência do choque do petróleo em 1973. Na atualidade, incorpora-se mais um

problema que é o da questão das mudanças climáticas, provocando o aumento das

temperaturas em virtude da grande emissão de CO2 pelo uso de combustível fóssil.

No Estado de São Paulo, no período 2001-06, dos 1,45 milhões de hectares

cedidos, 69,79% são referentes à pastagem cultivada, 27,81% estão distribuídos

entre milho, pastagem natural, feijão, café, arroz e laranja. A cultura que mais

incorporou área foi cana-de-açúcar (67,33%), vindo a seguir soja (14,17%),

eucaliptus (11,27%) e pinus (3,36%)

Com toda essa expansão da cana-de-açúcar, é impossível não se querer

mensurar os impactos causados no solo, na economia e no clima, afinal, as famosas

queimadas ocorrem por causa do plantio desenfreado da cana. É importante frisar

que o trabalho será realizado na intenção de mostrar a ocupação das áreas

produtivas e sua expansão.

Assim, utilizando-nos do software para o mapeamento da área através de

dados do IBGE, unidos a essas informações, concluímos que é importante se ter

dados para a observação de imagens do crescimento desordenado da cana-de-

açúcar; a fundamentação deste foi feita através do uso do Philcarto para mapear o

crescimento a partir dos dados do IBGE e de dados sazonais sobre o plantio em São

Paulo.

3. MATERIAIS E MÉTODO

O local escolhido foi o estado de São Paulo, muito forte na produção da

monocultura. Para a confecção de mapas de expansão da cana, foram adquiridos

dados junto ao site e com projetos do INPE (Instituto Nacional de Pesquisas

Espaciais), a UNICA (União da Agroindústria Canavieira de São Paulo) e alguns

dados do CEPEA (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), para

avaliar do uso de imagens de sensoriamento remoto e os avanços metodológicos de

satélite, no mapeamento e na estimativa da área plantada com a cultura da cana em

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todo estado de São Paulo. As informações sobre o plantio da cana no site do IBGE

também serviram como material para o embasamento do trabalho que será

realizado, dando uma idéia dos resultados que poderão ser esperados.

O mapa final procurará conter a distribuição espacial das áreas de cana, para

a região canavieira do norte do Estado, utilizando-se do programa francês Philcarto.

O método utilizado para a demonstração de expansão da monocultura foi o método

de nuvens de pontos ou pontos de contagem. Nos utilizamos de uma base

cartográfica do estado de São Paulo e a inserimos no Philcarto. Feito isso,

combinamos a base cartográfica com o banco de dados, com dados de cada cidade,

da distribuição em hectares da área plantada de cana-de-açúcar. A cor verde foi a

escolhida para demonstrar o crescimento da cana em diversos pontos do mapa e

cada ponto equivale a 80 mil hectares.

A metodologia do trabalho engloba o fato de a colheita da cana em São Paulo

ocorrer predominantemente entre os meses de abril a novembro, enquanto que o

plantio dá-se entre os meses de agosto a outubro para cana de ano e entre os

meses de outubro a abril para cana de ano e meio.

Analisou-se principalmente:

• A expansão da cana-de-açúcar no estado de São Paulo, tendo a

economia como plano de fundo.

• Como no estado de São Paulo praticamente a maioria das áreas livres

e aptas para o plantio, hoje, são ocupadas pela monocultura, procuraremos esboçar

um quadro com a expansão econômica da cana no estado, mostrando sua atual

situação.

• Geração de mapas dos últimos anos: 1990, 1995, 2000, 2005, 2009.

• Análise da expansão e retração da produção da cana-de-açúcar, os

impactos ambientais que podem causar e os benefícios econômicos que o crescente

cultivo trás para o país com o crescimento das políticas do PROÁLCOOL.

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4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 Área de estudo

4.1.1 O estado de São Paulo: mapa

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4.1.2 O norte do estado de São Paulo

Foto 1 – Plantio da cana-de-açúcar em Ribeirão Preto, no estado de São Paulo

O norte de São Paulo é um caso a parte, pois culturalmente possuem por

anos a cultura da cana. Com base em estudos e tabelas feitas pelo IEA, podemos

ver melhor isso e ilustrar melhor a questão econômica seja da cana utilizada pela

industria ou não. A grande demanda impulsionada pelo mercado de álcool, força

motora da expansão canavieira, no Brasil, abre oportunidade para os fornecedores

de cana que ainda mantêm custos de produção competitivos e que, neste contexto,

são interessantes às usinas. A demanda crescente por álcool e açúcar no mercado

internacional implica nos investimentos em expansão de área de produção.

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Entretanto, os aumentos de produtividade passam a ser o fenômeno, numa região

cuja expansão ocorreu em anos anteriores.

Tabela 1 – Evolução da produtividade (t/ha) da cana-de-açúcar na EDR de Ribeirão Preto . Fonte: IEA

É importante observar a evolução da produção canavieira numa região de

destaque como é a de Ribeirão Preto. O Escritório de Desenvolvimento Rural (EDR)

de Ribeirão Preto engloba os municípios de Brodósqui, Cajuru, Cássia do Coqueiros,

Cravinhos, Dumont, Guatapará, Jardinópolis, Luis Antônio, Pontal, Pradópolis,

Ribeirão Preto, Santa Cruz da Esperança, Santa Rita do Passa Quatro, Santa Rosa

de Viterbo, São Simão, Serra Azul, Serrana e Sertãozinho.

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Tabela 2 – Evolução da participação dos municípios na EDR de Ribeirão Preto na área de produção de cana. Fonte: IEA

Para essa região, o grande aumento de área de cana ocorreu na década de

1990, cujo período apresentou taxa de variação total de 24,53% (a variação anual

média foi de 2,61%). O período de 2000 a 2007 apresentou variação menor, uma

vez que houve saturação das áreas de produção na região, com taxa de variação

total de 2,06% (variação anual média 0,58%). A produção teve comportamento

inverso, pois o maior incremento se deu no segundo período analisado. Houve um

ganho de 24,28% na produção de cana em toneladas, na década de 1990 (média

das variações anuais de 2,81%). No período 2000-2007, o crescimento da produção

foi menor, com variação total de 9,08% e média das variações anuais de 0,95%.

4.2 Breve panorama do estado estudado

Para se ter uma idéia da distribuição do plantio em São Paulo e da crescente

expansão da cana, divide-se o estado nas regiões dos Escritórios de

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Desenvolvimento Rural, os EDRs. A região norte, enfatizada no trabalho, não terá

ênfase aqui, já que a ela será dado somente enfoque na produção de cana-de-

açúcar.

• Região Oeste - Dracena, Tupã, São José do Rio Preto, General Salgado,

Andradina, Votuporanga, Araçatuba, Fernandópolis, Presidente Venscelau,

Presidente Prudente e Jales;

• Região Norte - Barretos, Catanduva, Franca, Jaboticabal, Orlândia e Ribeirão

Preto;

• Região Central - Araraquara, Bauru, Botucatu, Campinas, Jaú, Limeira, Lins,

Marilia e Piracicaba;

• Região Leste - Bragança Paulista, Guaratinguetá, Pindamonhangaba, Mogi das

Cruzes, Mogi-Mirim, São João da Boa Vista e São Paulo;

• Região Sudoeste - Sorocaba, Itapetininga, Itapeva, Avaré, Ourinhos e Assis;

• Região Sul - Registro.

A região oeste do estado, tradicional na pecuária de corte, destaca-se,

principalmente pela retração da área plantada com pastagem cultivada. Neste local,

a cana-de-açúcar foi a cultura que mais incorporou área e o milho a que mais perdeu

nos últimos anos.

Na região central claramente a laranja foi a pastagem natural que obteve

maiores ganhos provenientes da pastagem cultivada. As culturas que mais perderam

área foram as pastagens cultivada e natural. Uma das regiões mais tradicionais na

cultura da cana-de-açúcar, Piracicaba, no período em estudo, teve, relativamente,

pequeno aumento

da área plantada (4.338ha), provenientes principalmente da pastagem cultivada.

A região leste tem como característica geral uma maior diversidade das suas

atividades, não sendo influenciada em grande escala pelo avanço dos canaviais.

Pode-se justificar por possuir parcela considerável de seu relevo incompatível para o

corte mecanizado, o que é uma das exigências do protocolo entre o governo

estadual e os produtores de cana-de-açúcar.

Em São Paulo, as culturas florestais foram as que mais perderam área,

incorporadas pelas pastagens que perfazem juntas 72,88%, e pela banana

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(14,42%), provavelmente fortemente influenciada pelo município de Mongaguá onde

a área cultivada dobrou no período estudado. Quanto a cana por não possuir usinas

na região, é praticamente inexistente a sua exploração.

A região sudoeste tem como perfil a produção de grãos, frutas e

reflorestamento, sendo as carnes atividade expressiva em todos os EDRs. O EDR

de Itapeva, é o maior produtor de feijão do Estado de São Paulo, e foi essa cultura

alimentar que mais sofreu impactos na área plantada, cedendo 52,37%, que foram

absorvidos a outras principalmente pela soja (39,45%), pinus (30,84%), trigo

(10,48%) e a pastagem cultivada (9,73%). A incorporação de área pela cana-de-

açúcar é pouco significativa (3,82%), portanto pouco afetando a produção para o

conjunto das atividades selecionadas.

A região sul é composta somente pelo EDR de Registro, e é a maior região

produtora de banana do estado. Essa atividade manteve-se praticamente inalterada

em relação à área plantada (0,84% a.a.). O reflorestamento foi o que mais cedeu

área (83,67%) que foram absorvidos por pastagens cultivada (83,95%) e natural

(36,48%). Quanto à cana-de-açúcar é provável que essa seja uma das regiões que

teve e terá menor impacto da expansão dessa cultura, haja vista seu relevo ser

desfavorável à mecanização e por possuir grandes áreas de proteção ambiental da

mata atlântica.

O norte do estado é uma das regiões mais ricas de todo estado e possui a

monocultura como base para a economia local. Sendo assim, o seu Produto Interno

Bruto (PIB) per capita é um dos mais altos do país e com Índice de Desenvolvimento

Humano (IDH) médio de 0,816, dado também considerado elevado.

O local engloba a mesorregião de Ribeirão Preto e segundo dados do IBGE,

reside ali uma população de 2.354.845 habitantes distribuidos em uma área de

27.532.230 km², resultando numa densidade demográfica de 84,4 habitantes por

km². Esta área foi escolhida, pois apresentava maiores números de expansão da

monocultura alem do que a cana-de-açúcar é uma exploração histórica na região de

Ribeirão Preto, cujo Escritório de Desenvolvimento Rural (EDR) é um dos principais

para essa cultura no Estado de São Paulo. Mesmo sendo essa atividade

considerada consolidada nessa região, ela ainda obteve ganhos de área de outras

culturas, notadamente sobre a pastagem cultivada e amendoim, que cederam

35,54% e 29,31%, respectivamente. Nessa região foram encontrados os maiores

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valores de arrendamento por hectare, chegando a R$914,26 em Jaboticabal. (Fonte:

Instituto Economico Agrícola – IEA). A mesorregião em questão é formada por 66

munícipios, sendo estes agrupados em sete diferentes microrregiões.

4.3 Como a expansão da monocultura influencia a economia

O estado de São Paulo concentra grande parte do excedente produzido no

país, além de ser um estado forte na área de monoculturas para a exportação. Não

se quer aqui dizer que São Paulo é melhor do que esse ou aquele estado da

federação. Isso é apenas um fato. O estado também mantém essa hegemonia na

área da cana-de-açúcar. A produção da monocultura é feita para a exportação na

dita promissora área do etanol, já para o mercado nacional o açúcar é o carro chefe

para a plantação da cana.

A atividade de produção canavieira paulista vem se expandindo a altas taxas,

visto que a área colhida no estado cresceu à taxa média anual de 4,83%, em pouco

mais de seis anos. Apenas no ano agrícola 2005/2006, houve expansão de 9,39%,

isto é, muito superior à taxa média do país.

Tabela 3 – Evolução da área colhida de cana-de-açúcar, no Brasil e em São Paulo entre

1990 e 2009. Fonte: IEA (dados do IBGE para Brasil)

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Quando se observa a qualidade da ocupação de áreas, a produtividade

agrícola da cultura canavieira, em São Paulo, apresentou crescimento de 5,92%

entre 1996 e 2006. A variação anual média nas safras 1997/1998 a 1999/2000 foi de

-1,5%, que se tornou positiva de 1,9% ao ano nas safras de 2001/2002 a 2004/2005.

No ano agrícola 2005/2006, houve acréscimo de 3,3% em relação à safra anterior,

com um recorde de 82,9 toneladas por hectare, superior ao da safra 2003/04,

quando foi registrado o pico histórico de 81,98 t/ha, na média do estado.

Tabela 4 – Índice de preço da cana-de-açúcar pago pela industria e produtividade agrícola em

São Paulo entre os anos de 1989 e 2006. Fonte: Elaborado com dados do IEA e com dados da

Fundação Getúlio Vargas.

(Preços corrigidos pelo IGP-M com base em outubro de 2006).

Para a safra brasileira 2006/2007, observou-se aumento de 5,2% na área

colhida, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)1. De acordo

com a Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB), esperava-se aumento de

6% em SP (6,1% no Centro Sul e 5,3% no Nordeste), ganho de 4,1% de

produtividade (3,3% no Centro Sul e 8,7% no Nordeste) e aumento de 10,3% na

produção de cana (9,6% no Centro Sul e 14,5% no Nordeste). Quanto à safra

paulista, estimou-se área colhida de 3,28 milhões de hectares e produção de 282,9

milhões toneladas, o que resultou em variações de 4,5% e 6,6%, respectivamente,

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em relação à safra anterior e um incremento de 2% na produtividade, segundo a

mesma fonte.

A área nova plantada (821,9 mil hectares) apresenta também uma expansão

de alarmantes 49,45%, em relação à área nova do ano anterior, segundo o

levantamento do Instituto de Economia Agrícola (IEA). Para os próximos cinco anos,

apenas na região Noroeste do Estado espera-se um crescimento de 1,2 milhão de

hectares na área decorrente da implantação de 39 novas destilarias de álcool.

Este contexto de crescimento, em que diversas áreas de menor rentabilidade

são arrendadas para o plantio de cana, mostra-se como oportunidade de renda para

uma parcela da população proprietária de terras. Por outro lado, surgem

descontentamentos da população do interior do Estado de São Paulo e de outros

estados, preocupada com uma série de impactos possíveis e alguns que já vêm

ocorrendo. A demanda é legítima, uma vez que cabe ao poder público buscar

soluções para abrandar as externalidades negativas da atividade econômica e ao

cidadão informar e reivindicar soluções sobre tais efeitos.

Quanto às possibilidades de soluções, há restrições legais e incentivos

econômicos, que merecem análise pormenorizada: a) em primeiro lugar, o

cumprimento dos dispositivos constitucionais é imprescindível ao estado de direito,

quando se busca o desenvolvimento sustentado; b) em segundo lugar, deve-se

considerar que a atividade canavieira pode gerar prejuízos, mas ao mesmo tempo

pode gerar benefícios à sociedade local, como por exemplo a oportunidade de renda

por meio do arrendamento de pequenas propriedades. Muitas vezes pode

representar uma aposentadoria complementar para a população envelhecida do

meio rural.

Portanto, quando se busca identificar impactos sob diversas dimensões, é

preciso consultar todos os estratos envolvidos, em particular a população rural local.

No curto prazo, é difícil resolver essa questão, mas no médio e longo prazos o

Estado regulador, como é o caso do Município, poderá identificar o maior produto

social da sua política para aproveitar estas oportunidades e trabalhar para o seu

desenvolvimento sustentável.

O Estado de São Paulo tem institutos de pesquisa capacitados à realização

de avaliações de impacto e diagnósticos sobre essa questão, auxiliando na

formulação de soluções. As soluções devem vir de uma forma intermediária entre o

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planejamento governamental da ocupação e a alocação do uso da terra via

negociações entre as partes privadas, pois ambas as formas não ocorrem sem

custos de transação.

4.3.1 Os mapas temáticos da cana-de-açúcar

Os mapas realizados do estado de São Paulo foram feitos através do

método de pontos de contagem, visando facilitar a visualização de onde estão

localizados os maiores focos de expansão da cana. Os limites de municípios foram

mantidos mais pelo ponto de vista de tornar melhor a percepção de incidência da

monocultura mais em alguns municípios do que em outros. Os mapas gerados

através do programa francês Philcarto são fundamentalmente de cartografia

temática, onde observamos a quantidade em toneladas de cana plantadas pelo

estado de São Paulo focando na assustadora expansão que a monocultura teve na

região norte do estado. Observamos que no ano de 1990, a cana ainda não era

substancialmente um grande pólo de fonte econômica, se expandindo com o passar

do tempo. Pouquíssimas áreas eram utilizáveis para o plantio da cana-de-açúcar se

comparados com o grande crescimento de 2009.

Cinco anos mais tarde, a cana no estado de São Paulo evoluiu de

maneira significativa, indicando que a tendência para os anos a seguir seria de

expansão. Foi um ano chave na observação da mudança de culturas no estado, já

que foi no final da década de 1990 que o estado de São Paulo significativamente

aumentou o plantio da monocultura.

No início da década de 2000 e até 2005 vemos que a cana-de-açúcar

ganha não apenas a porção norte do estado como também expande fronteiras e

passa a abordar locais antes não utilizáveis para o plantio. Nesse início de década

também foi consolidado o etanol, já que o apelo global para energia sustentável era

crescente. Inúmeras usinas se instalaram na mesorregião de Ribeirão Preto,

transformando as áreas plantáveis da região em áreas de cana-de-açúcar na sua

quase totalidade. Em 2009, no final da década, a cana se consolida como

monocultura economicamente forte no estado, estando presente em mais de 80 por

cento dos solos utilizáveis de São Paulo.

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Mapa 1 – A cana-de-açúcar já apontava como a cultura predominante, mas era pontual se

comparada aos dias atuais.

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Mapa 2 – Em 1995, a cana já se expandia do foco no norte do estado rumo ao oeste,

ocupando áreas de plantio de milho.

Mapa 3 – No inicio da década de 2000, a monocultura já corria na direção leste.

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Mapa 4 – O norte do estado se encontra quase todo tomado pela monocultura.

Mapa 5 – Em 2009, o estado abandona inúmeras culturas e é ocupado pela cana.

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5. CONCLUSÕES

Com base em tudo que foi visto através da análise dos mapas e de um

panorama histórico e econômico, a cana-de-açúcar tende a ser a “cultura do futuro”.

Ela não é biológica e ecologicamente sustentável, além de não colaborar para a

evolução do solo. A cana contribui para as queimadas que extraem o enxofre e o

nitrogênio do solo, minando o território plantado.

A cana não regressará nas suas áreas plantadas, porque é viável em

termos financeiros, contribuindo para a aceleração da economia agrária no estado.

O setor do etanol também tende a lucrar com cada vez mais plantios de cana-de-

açúcar, já que o álcool nos postos de combustível é, muitas vezes, mais rentável e

econômico para os veículos do que a gasolina, vinda do petróleo. Aqui se encontra

outro ponto positivo para a expansão da cana: ela é considerada uma forma de

energia limpa. Isto até pode ser, como de fato é. Mas a monocultura da cana, em

longo prazo, como já foi citado, esgota o solo.

Assim, percebemos que a cana só tem motivos para a sua evolução, já

que contribui para que o cenário econômico também evolua e se aqueça. Através da

confecção das imagens, notamos mais claramente que a monocultura tende a tomar

as áreas que são próximas aos locais já utilizados pelo plantio da cana e que os

locais que são áreas livres de cana tendem a trabalhar com outras culturas, como é

o caso do norte, muito forte no plantio de laranja. Diferente da idéia que se passa, de

que a cana-de-açúcar tende a ser uma cultura que vai estar por todos os locais,

vemos que não é bem assim. A expansão da cana se deve a incentivos fiscais dos

locais interessados no seu plantio.

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REFERÊNCIAS

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