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Nas pegadas dos voduns
Um terreiro de tambor-de-mina em São Paulo
Reginaldo Prandi
Universidade de São Paulo
Publicado na revista Afro-Ásia, Salvador, nº 1!"#, pp$ 1#-1%%, 1&$
'ntrodu(ão
As mais diversas modalidades das religi)es afro-brasileiras, senão todas elas, podem serencontradas na São Paulo de *o+e$ Provenientes das mais diferentes regi)es do rasil,onde se originaram a partir da *eran(a cultural do escravo, essas variantes religiosasconvivem e disputam entre si, e com as demais religi)es da metrpole paulista, adeptos,clientes e recon*ecimento social$ .as a diversidade religiosa afro-brasileira em SãoPaulo / recente, não tendo mais 0ue trinta anos$
A umbanda, de seu nascimento no primeiro 0uartel deste s/culo at/ os anos #, foi agrande e praticamente 2nica religião afro-brasileira em São Paulo$ Seu surgimento e
e3pansão estão *istoricamente associados 4 industriali5a(ão do Sudeste e 4 forma(ãodas grandes cidades brasileiras neste s/culo, en0uanto o candombl/, a partir do 0ual aumbanda constituiu-se em contato com o 6ardecismo, mantin*a-se restrito aos seusterritrios originais, sobretudo a a*ia e outros 7stados em 0ue / con*ecido pordenomina()es locais8 o 3ang9 em Pernambuco e o batu0ue no Rio :rande do Sul, al/mda macumba no Rio de ;aneiro, estreitamente ligada ao candombl/ da a*ia$
cio do s/culo atual como e3pressãocultural de escravos, negros livres e seus descendentes$ A umbanda tamb/m cultua os
ori3=s, mas seu panteão foi muito ampliado com entidades 0ue são esp>ritos
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desencarnados, os c*amados caboclos, pretos vel*os, boiadeiros, baianos, marin*eiros eoutros$
Nos anos #, 0uando a umbanda += se consolidara em São Paulo, o candombl/ tra5ido por migrantes nordestinos foi sendo introdu5ido na cidade e se instalando rapidamente
em seu novo territrio$ .uitas casas de candombl/ importantes de Salvador abriramfiliais em São Paulo? l>deres religiosos de origem baiana anteriormente estabelecidos noRio de ;aneiro mudaram-se ou passaram a permanecer em São Paulo parte do tempo$
Não tardou muito para 0ue a umbanda perdesse sua *egemonia como a religião afro- brasileira da metrpole industrial$ Assim como a umbanda, 0ue += se formou comoreligião universal, o candombl/ no Sudeste dei3ou de ter o car=ter de religião e3clusivade uma popula(ão de afro-descendentes, religião /tnica, para vir a ser uma religiãoaberta a todos, não importando a origem racial@1$
Al/m dos ori3=s, outras divindades foram tra5idas da África pelos escravos$ Bs in0uicesdos povos bantos, praticamente es0uecidos e substitu>dos pelos ori3=s nag9s nos
candombl/s bantos, e os voduns origin=rios de povos euC-fom, de região do antigoDaom/, *o+e rep2blica do enim, designados +e+es no rasil$ B culto aos vodunssobreviveu na a*ia e no .aran*ão$ 7m Salvador e cidades do Rec9ncavo, a religiãodos voduns / denominada candombl/ +e+e-ma*im$ No .aran*ão recebeu o nome detambor-de-mina$ Na a*ia / pe0ueno o n2mero de grupos de culto +e+e em compara(ãocom o n2mero de casas de ori3=$ No .aran*ão os voduns estão presentes em
praticamente todas as casas de culto afro-brasileiro e os ori3=s ali cultuados nas casas devodum são igualmente c*amados de voduns, 4s ve5es com a referCncia de 0ue se tratade um vodum nag9 e não +e+e$
Bs ori3=s tornaram-se bastante populares em São Paulo, como de resto em 0uase todo orasil, e sua popularidade pode ser medida por sua presen(a e3pressiva na cultura
popular brasileira Eincluindo literatura, teatro, cinema, telenovela, m2sica popular,carnaval, culin=riaF@", mas os voduns são praticamente descon*ecidos nessa cidade,onde mesmo os adeptos de religi)es afro-brasileiras pouco sabem desses deuses tãocultuados em São Gu>s$
7m 1&&, um +ovem l>der da religião dos voduns, Hrancelino Iasconcelos Herreira, ouHrancelino de Japanã, como prefere ser c*amado, trou3e para São Paulo o culto dosvoduns tal como se constituiu em São Gu>s do .aran*ão$ Iinte ano depois, a religiãodos voduns conta com a casa += bem consolidada de Pai Hrancelino, a s e outras cidades do .aran*ão, a religião dos voduns recebeu o nome detambor-de-mina@L, alusão 4 presen(a constante dos tambores nos rituais e aos escravosminas, como eram ali designados os negros sudaneses$ Krata-se de religião inici=tica esacrificial, em 0ue os sacerdotes são ritualmente preparados para MreceberM asdivindades em transe$ As entidades manifestadas, 0ue podem ser voduns ou encantadosEesp>ritosF, vCm 4 terra para dan(ar em cerim9nias p2blicas denominadas tambor$ Asentidades são assentadas Efi3adas em artefatos sacrosF e recebem sacrif>cio, com oferta
de animais, comidas, bebidas e outros presentes$ Segundo tradi(ão africana 0ue semanteve no rasil, cada *umano pertence a um vodum, sendo para ele ritualmente
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consagrado em cerim9nias inici=ticas, como ocorre no candombl/ dos ori3=s$ B tambor-de-mina, assim como outras modalidades religiosas afro-brasileiras, apresenta fortesincretismo com o catolicismo e suas festas tCm um calend=rio colado ao da 'gre+as, fundados por africanas em meados do s/culo passado, sobreviveram at/ os dias de *o+e e constituem a matri5 cultural do tambor-de-mina8 a s e outras localidades da região um modelo detambor-de-mina bastante baseado nessa concep(ão religiosa de culto a voduns eencantados, encantados 0ue em muitos terreiros tCm o mesmo status de divindade dosvoduns, com eles se misturando nos ritos em p/ de igualdade$
7ntre outras casas de mina de São Gu>s, igualmente antigas, destacam-se o Kerreiro do7gito e o Kerreiro de .anuel Keu Santo, os 0uais deram origem a cerca de vinteterreiros, multiplicados em muitos outros@O$ Do Kerreiro do 7gito originou-se oKerreiro de 'eman+=, 0ue tem papel destacado na *istria do tambor-de-mina em SãoPaulo, pois seu fundador, Pai ;orge 'tac, / o pai-de-santo de Hrancelino de Japanã,
pelas mãos de 0uem os voduns do .aran*ão vieram para São Paulo$B panteão da
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Do(u EDo(u-Aga+=, .a(on, unt ou ogue(=F - +ovem cavaleiro, boCmio, poeta,compositor e tocador$ Pai dos trCs to0/ns Do(up/, Noc*C Dec/ e Noc*C Acuevi$
Do(up/ - fil*o de Do(u$ Ko0/m$
Noc*C Dec/ - fil*a de Do(u$ Ko0/m$
Noc*C Acuevi - fil*a de Do(u$ Ko0/m$
edig= - tamb/m cavaleiro como o irmão Do(u$ Aceitou a coroa do pai Dadarr9 0ueDo(u tin*a recusado$ Protetor dos governantes, advogados e +u>5es$
Apo+ev - fil*o mais novo de Dadarr9$ Ko0/m$
Noc*C Nanim EAnanimF - fil*a adotiva de Dadarr9, criou Daco Eneto de Dadarr9F eApo+ev Eseu irmão mais novoF$
Ham>lia de Savaluno$ T uma fam>lia de voduns amigos da fam>lia de Davice$ Não são +e+e e são *spedes na lia de Dambir=$ Re2ne os voduns da terra, ligados 4s doen(as e 4s curas$
Acssi Sapat= EAcssi, Acossapat= ou BdanF - curador e cientista, con*ece o rem/dio para todas as doen(as$ Hicou doente tamb/m por tratar os enfermos$ Pai de Gepom,Polibo+i, orutoi, ogono, Alogu/, o(a, o(uc e dos gCmeos Roe+u e Abo+u$
A5ile - irmão de Acssi$ Kamb/m / doente$
A5once EA5on(o, Agon(o ou Dambir=-Agon(oF - irmão de Acssi e A5ile, o 2nico 0uenão / doente$ T vel*o e / nag9$ Pai de 7u=$
7u= - fil*a de A5once, tamb/m / nag9$
Gepom - fil*o mais vel*o de Acssi$ Iodum vel*o$
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Polibo+i - tamb/m vodum vel*o$
orutoi Eorotoe ou AbatotoeF - vodum vel*o$ Usa bengala$
ogono Eogon ou agoloF - di5-se 0ue se transforma em sapo$
Alogu/ - di5-se 0ue / alei+ado$
o(a Eo(alabCF - mocin*a alegre, est= sempre com o irmão o(uc$ Ko0/m$
o(uc - outro dos irmãos mais novos$ Ko0/m$
Roe+u e Abo+u - irmãos gCmeos$ Ambos to0/ns$
Ham>lia de Quevio(9$ T fam>lia de voduns considerados nag9s, embora não se+amori3=s Eentre eles, apenas Nanã / cultuada nos candombl/s de ori3=, tendo sidoincorporada ao panteão iorub= desde a África, assim como seus fil*os Bmulu eB3umarCF$ Quase todos são mudos para evitar 0ue revelem os segredos dos nag9s ao
pessoal da da nas =guasdo mar$ Iodum +ovem e mul*er$ Uma dos poucos do clã 0ue falam$ T to0/m$
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= dois voduns amigos da fam>lia de Quevio(9 0ue tomam conta dos fil*os deDambir=$ São eles8
A+aut de Alad= EAladanuF - amigo da casa$ Pai de Avre+$ T vel*o e usa bengala$A+uda Acssi, 0ue / doente$ .ora com o povo de Quevio(9$ T rei nag9, protetor dosadvogados$
Avre+ - Hil*o de A+aut$ Ko0/m$
Não se pode es0uecer de Avievodum, Deus Supremo, a 0uem os voduns estãosubordinados$ fico$
Gegba ou Gegbara, figura comum nas religi)es afro-brasileiras, con*ecido em outrasMna()esM pelo nome de 73u, / a divindade 0ue assume a fun(ão de tric6ster outrapaceiro$ Não tem culto organi5ado na cio de todo tambor$ Bcupa, entretanto, lugar importanteem outros terreiros influentes de São Gu>s$
= outros voduns do tambor-de-mina 0ue não aparecem nesta classifica(ão por nãoserem referidos na ngua ritual de origem africana, *o+e intradu5>vel, os encantados dan(am ao som dem2sica cantada em portuguCs$
7ntre as muitas fam>lias de encantados destacam-se as seguintes, com os seusencantados principais, embora possa *aver varia(ão de um terreiro a outro@1"$
Ham>lia do Gen(ol$ B nome / uma referCncia 4 Praia do Gen(ol, onde se acredita teriavindo parar o navio do Rei Dom Sebastião, desaparecido na atal*a de Alcace0uibir$ T
uma fam>lia de reis e fidalgos, denominados encantados gentis$ Dona ;arina / a princesaencantada do Gen(ol 0ue d= nome ao terreiro de mina de São Paulo, a
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de Kia ;arina$ Seus principais componentes são aF os reis e rain*as8 Dom Sebastião,Dom Gu>s, Dom .anoel, Dom ;os/ Hloriano, Dom ;oão Rei das .inas, Dom ;oãoSoeira, Dom enri0ue, Dom ncipes e princesas8Pr>ncipe Brias, ;oão Pr>ncipe de Bliveira, ;os/ Pr>ncipe de Bliveira, Pr>ncipe Alterado,Pr>ncipe :elim, Ki e5in*o de .aramadã, o(o Gauro das .ercCs, Kia ;arina,
Princesa Hlora, Princesa Gu5ia, Princesa Rosin*a, .enina do lia da Kur0uia$
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G/gua, Dorin*a o+i u=, Ant9nio de G/gua, Aderaldo o+i u=, 73pedito de G/gua,Gouren(o de G/gua, Alei3o o+i u=, eferina de G/gua, Pe0ueninin*o, .ane5in*ou=, ulmira de G/gua, .earim, Hol*a Seca, .aria Rosa, lia dos .arin*eiros, cu+o emblema / uma Vncora e um tubarão? Ham>lia daslia da .ata, 4 0ual pertencem muitos caboclos cultuados tamb/m na umbanda,como
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1" anos de idade$ Assim os deuses africanos do Daom/ aclimatados em São Gu>s do.aran*ão, partindo de el/m do Par=, vieram a se estabelecer em São Paulo$
B terreiro de Dona ;arina, 0ue se define como casa de culto mina-+e+e, mina-nag9 eencantaria, esteve em v=rios endere(os Ebairros de
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A correspondCncia entre vodum e ori3=, += tra5ida do .aran*ão, mostra-se tamb/m narela(ão sincr/tica com os santos catlicos$ Assim, por e3emplo, *= correspondCnciaentre o vodum Sob9 e o ori3= Bi=-'ansã, ambas sincreti5adas com Santa =rbara$ Bmesmo se d= entre o(o ;ara, Gogun-7d/ e Santo 73pedito? entre AbC, 'eman+= e NossaSen*ora da
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dia " EN$S$ das lia da andeira
dia 11 ESão G=5aroFAcssi e Acssi Sapat=
mar(o
dia 1ESão ;os/FJadantã, e5in*o de .aramadã e Goco
abril
dia "1;otim e ;otam
dia ""Dona ;arina Ea dona da casaF
dia "% ESão ;orgeFBgum
maio
dia "L ESanta RitaF Nanã ioc9
+un*o
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dias 1", 1%, 1Llia da Kur0uia
dia 1% ESanto Ant9nioF
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dia %1 ESão Raimundo NonatoF/ Raimundo ogi u= Sucena Krindade, Ham>lia de lia de :ama
outubro
"º domingo EN$ S$ de Na5ar/FRain*a Dina Elia
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cada vodum? dois mac*os ou duas fCmeas brancas para cada encantado,
de acordo com o se3oF$
1"8## *oras olo da Helicidade$ cios$
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masculino e o outro feminino$ A inicia(ão compreende uma celebra(ão preliminar 4cabe(a, denominada aperC, como o bori do candombl/, com posterior recol*imento emclausura por alguns dias, raspagem da cabe(a e sacrif>cio de animais ao vodum, al/m deoutras oferendas$ B ciclo / completado com a festa de sa>da do novo vod2nsi Einiciado
para o vodum, fil*o-de-santoF, 0uando o novo dan(ante e seu vodum são apresentados 4
comunidade durante um tambor$ $
Antes mesmo da inicia(ão para o vodum, os fil*os podem come(ar a receber osencantados$ 7m geral, um fil*o-de-santo de Pai Hrancelino com o grau de vod2nsi-gon+a> recebe dois voduns, a tobssi e alguns encantados, cu+o n2mero cresce com osanos de inicia(ão$
At/ o presente foram iniciados % fil*os de voduns, dos 0uais 1 ocupam cargosrelacionados 4 organi5a(ão do culto, como os tocadores de tambor, os 0uais não
recebem as entidades atrav/s do transe$ Bs demais LO são dan(antes, isto /, devotos 0ueentram em transe de vodum e encantado$ Destes, 1% += atingiram o grau de senioridade,estando aptos, portanto, a receber as meninas princesas, as tobssis +e+es$ B nome dosiniciados, seus voduns e encantados estão dados nos Quadros %, L e $ Al/m dos fil*osiniciados EfeitosF por Pai Hrancelino, fa5em parte da casa, evidentemente, os 0ue estão
pleiteando sua inicia(ão, tendo +=, em geral, passado pela cerim9nia do aperC desacrif>cio 4 cabe(a, e tamb/m a0ueles iniciados em na()es de candombl/ e 0ue na
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assim como lia$ Iera tem a irmã Ana .aria, mãe de .ic*elle,Mbori5adaM, e ;os/ Roberto ;2nior, 0ue tamb/m dan(a,
Neide, 0ue += passou pelo rito de comida 4 cabe(a, / mãe de Aratan, += confirmadoagbagigã, e de ira, alabC apontado e 0ue toca *= muito$ Aratan est= noivo de Daniele, afil*a de 'racema e sobrin*a de Geonardo e Iicente$
.aria da :lria / mãe de [=tia, casada com S/rgio$ Ant9nio Aram>5io / cun*ado de;os/ Divino e tem outros parentes 0ue += fi5eram o aperC$
As fam>lias interligam-se, os la(os de parentesco multiplicam-se, o terreiro / o lugar dareligião e do encontro, / o lugar do la5er e a pra(a onde todos se apresentam$
Na vida cotidiana de cada iniciado, tudo gira em torno do terreiro e seu calend=rioe3austivo8 como fa5er os preparativos da obriga(ão, como dei3ar em ordem as in2merasroupas rituais, 0uando encontrar um tempo livre para 0ual0uer outra coisa\ .uitos dosfil*os moram longe do terreiro, alguns em outras cidades, a cidade / grande, / grande o
esfor(o de cada um$ São pobres, 4s ve5es de classe m/dia bai3a, e as obriga()es sãofinanceiramente onerosas, de modo 0ue uma obriga(ão de inicia(ão muito dese+ada pode ter 0ue esperar por anos@1$
Bs fil*os sempre parecem cansados, pois as festas p2blicas são precedidas porobriga()es sacrificiais 0ue fre0entemente viram a noite, mas tamb/m sempre parecemcontentes$ 7 0uando os tambores tocam e as entidades c*egam, eles são capa5es dedan(ar por muitas *oras sem descanso$ Quando não *= tambor, num dia de vodum,todos se re2nem na sala do altar catlico para o ritual da avanin*a, re5as de vodunsacompan*adas pelo gã e 3e0uerCs$
As crian(as, muitas, estão sempre presentes no tambor$ 7ntram na roda, tocam tambor,correm de l= para c=, conversam com os encantados$ 7 tCm sua predile()es entre os
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caboclos e voduns$ Iictor, o garotin*o enrabic*ado por Dona .ariana na cabe(a deHrancelino, sempre pedindo colo, sempre 0uerendo sua aten(ão, mal se apro3ima domesmo Hrancelino 0uando virado no
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generali5ado e o grupo praticamente vai se fec*ando sobre si mesmo, como um n2cleoduro 0ue elabora respostas coletivas para a vida individual no cotidiano da sociedadeal/m grupo de culto, para a vida de seus membros fora do terreiro$ A religião / assim,ao mesmo tempo, o espa(o dos deuses, da fam>lia, do la5er, da sociali5a(ão dascrian(as, da constru(ão da identidade psicolgica de cada um$
A organi5a(ão dos voduns e encantados em fam>lias, cada uma com suas caracter>sticase s>mbolos, datas de comemora(ão, obriga()es e preceitos, e3prime a necessidade deordena(ão deste mundo a partir da ordena(ão do mundo sobrenatural$ Nada est= solto,isolado ou so5in*o$ B sentido da religião envolve a possibilidade de e3pressão dem2ltiplos egos, ningu/m / uma coisa s$ A possibilidade de um fil*o-de-santo recebermais de uma de5ena de entidades / emblem=tica$ 7 ao mesmo tempo 0ue a mina
promove essa capacidade de e3pressão individual m2ltipla 0uase ilimitada, ela organi5ae regula as manifesta()es poss>veis atrav/s da estrutura das fam>lias de entidades e docalend=rio das festas, fa5endo da diversidade sin9nimo de ordem e disciplinando,atrav/s da *ierar0ui5a(ão inici=tica, a possibilidade do caos antevista na variedade
0uase sem fim de manifesta()es de deuses, esp>ritos, encantados, numa multidão derepresenta()es sobrenaturais, anulando e redefinindo cada personalidade individual$duos, nessa sociedade o tambor-de-mina vai se e3pandindo como uma das infind=veis religi)es da metrpolecontemporVnea$
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Acssi
+e+eBmulu-BbaluaCSão G=5aro
Alogu/
+e+eBssaim-
A5ile
+e+eBmulu-BbaluaC
São Ro0ue
o(alabC
+e+e7u=Santa Keresa
DangbC
+e+eB3umarCSão artolomeu
7u=
+e+e-nag97u=
N$ S$ do
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nag9-Santa 'nCs
'dar(onag9B3umarCSão artolomeu
Japanãnag9Bmulu-BbaluaCSão Sebastião
Polibogi
+e+eBmulu-BbaluaCSão .anoel
DaviceDo(u
+e+eBgumSantos Reis
NaC +e+e'eman+=-
Sepa5im
+e+e
--
omad9nu
+e+eBmulu-BbaluaCSantos Reis
Do(up/
+e+eBgun+=
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Santo Ant9nio
Arronovissav=
+e+e
B3alufã;esus
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ad/
+e+e-nag9Jang9São Pedro
Giss=
+e+e-nag9B3aguiã;esus
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nag9Jang9São Pedro
Bi=nag9Bi=Santa =rbara
B3umnag9B3um
N$ S$ da :lria
A+Cnag9A+/ Jalug=-
'eman+=nag9'eman+=
N$ S$ das
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B3um&
LB3um"#
Do(u
Do(up/
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11
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Bi=O
Bi=-'ansã1L
ad/
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Avere0uete
Ionderegi
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Gepom
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Polibogi
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AgC
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Bd/L
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Arronovissav=L
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7u=
o(alabC"
17u=%
o(o ;ara"Gogun-7d/"
DangbC
'dar(o1
1B3umarC
" Nanã1
Nanã1
A+C1A+/ Jalug=1
Alogu/
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Giss=Agamavi
L7rnesto
1O"falecido em 1%ad/7u=
Ariovaldo1O"falecidoBi=
Do(up/
.=rcio Adriano1OL
pai-pe0uenoo(o ;araSob9'do+aci
&Sandra Aparecida1OLmãe-pe0uenaJadantã
NaveorualimSindoromim
O;oa0uim
1OLfalecido em 1"Avere0ueteSob9ereboci
.arcos Ant9nio1OLcom casa em São Pauload/
Bruana7lacindC
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1#Ana .aria1O
Giss=AbC
11.anoel1Ofalecido em 1OPolibogi
Nave5uarina
1"Hernando1O& Do(u
Naveorualim
1%Sueli1O& AgCSob9DelobC
1LSolange .aria1O&com casa em el/m
AbCGepomA5ondolabC
1Iitria1O&afastadaSob9Do(u
1
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com casa em Santo Andr/ NaveorualimGiss=Anarodim
"%Alberto ;orge1#com casa em .anausad/Sob9
continua
continua(ãoBrdem de inicia(ão'niciadoAno de inicia-(ão
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"&Gairton1#com casa em Porto Iel*o
Naveorualim
Do(u
"OIera G2cia1#com casa em :uarul*os
Nave5uarinaAgC'ralabC
"
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11com casa em DiademaAgCAbCuessobC
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Avere0ueteSob9
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L%Ant9nio Aram>5io1L Do(u
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LDeusane Regina1
AbCGepom
L&.aria Aparecida1 AbCA5ile
LOAnt9nio ernardino1 Acssi Sapat=AbC
E]F Pai Hrancelino recebe tamb/m Do(u, 0ue comanda a casa o ano inteiro, presidindoas inicia()es$
Quadro L$ 'niciados Dan(antes e seus 7ncantados
'niciado
Ham>lia do Gen(olHam>lia da Kur0uiaHam>lia da aiaHam>lia da andeiraHam>lia de lia da :amaHam>lia de SurrupiraButras fam>lias
Pai Hrancelino;arina e
Ricardino
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.ariana,
:uerreiro de Ale3andria e
.enino de G/ria
;oão da .ata Rei da andeira e
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AriovaldoD$ ;oão Soeira, arão de :uar/ e Princesa ;ulianaKapindar/ Kaguac/
.artim Pescador
.=rcio AdrianoRain*a =r-bara Soeira e
o(o Gauro das .ercCsKaba+ara e
'tacolomiJica aianaKombac/Bscar de G/guao(o do
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erundina
Hrancis0ui-n*o da
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Ham>lia do Gen(olHam>lia da Kur0uiaHam>lia da aiaHam>lia da andeiraHam>lia de lia da :amaHam>lia de SurrupiraButras fam>lias
Hernando
;oão :uerreiro
Sueli .aresia Princesa GindaDorin*a o+i u= e
Ant9nio de G/guaRain*a AnadiC
Solange .ariaPrincesa Hlora e Dom ;oão Soeira
;oão da .ata73pedito de G/gua
Iitria Ubiratã/ .oreno
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;uracema.aria do alaioSen*ora Dantã
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'rac
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7dilsonD$
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.aria do alaio Pedrin*o de G/gua'sadiel
;urema
Ant9nio Aram>5io
Ara2na
;os/ Divinoarão de :uar/Kaba+ara
;oão de G/gua
continua
continua(ão'niciadoHam>lia do Gen(olHam>lia da Kur0uiaHam>lia da aia
Ham>lia da andeiraHam>lia de lia da :amaHam>lia de SurrupiraButras fam>lias
Geonel Iicente
;uracemaSilvino
.ane5in*o de G/gua
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Hol*a da .an*ã e / do arco de Buro
Deusane Regina
Pirinã
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Naveorualim
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L$ Tdison1OO*unt de JapanãGepomSepa5im
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alabCAvere0ueteSob9
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@1 Reginaldo Prandi, Bs candombl/s de São Paulo8 a vel*a magia na metrpole nova,São Paulo, ucitec e 7dusp, 11? idem, erdeiras do a3/8 sociologia das religi)esafro-brasileiras, São Paulo, ucitec, 1, cap>tulo "8 MRa(a e religiãoM$
@" Reginaldo Prandi, MA e3pansão da religião negra na sociedade branca8 m2sica popular brasileira e legitima(ão do candombl/M, trabal*o apresentado no JJ
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@1# S/rgio Higueiredo Herretti, obras citadas$
@11 .undicarmo .aria Roc*a Herretti, Desceu na guma8 o caboclo no tambor-de-minano processo de mudan(a de um terreiro de São Gu>s - a s,Sioge, 1%? idem, Kerra de caboclo, São Gu>s, Secretaria de