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SUMÁRIO RESUMO ................................................................................................. ........................ 5  INTRODUÇÃO .............................................................................................. ................... 6  1 PERSPECTIVA HISRIC  A DO ISL  AMISMO ........................................................... 10  2 PERSPECTIVA DOUTRINÁRIA DO ISL  AMISMO ..................................................... 19  3  AFINID  ADES ENTRE ISL  AMISMO E CRISTIANISMO E  A PERSPECTIVA DE DLOGO INTER-RELIGIOSO ENTRE  AS TR  ADIÇÕES............................................... 29 3.1 Caminhos para o diálogo entre Cristianismo e Islamismo ....................................... 33  4 CONSIDER  AÇÕES FINAIS....................................................................................................40 REFERÊNCIAS BIBLIOGR  ÁFIC  AS................................................................................45

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SUMÁRIO

RESUMO ......................................................................................................................... 5

INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 6

1 PERSPECTIVA HISTÓ RIC A DO ISL AMISMO ........................................................... 10

2 PERSPECTIVA DOUTRINÁRIA DO ISL AMISMO ..................................................... 19

3 AFINID ADES ENTRE ISL AMISMO E CRISTIANISMO E A PERSPECTIVA DE

DIÁLOGO INTER-RELIGIOSO ENTRE AS TR ADIÇÕES...............................................29

3.1 Caminhos para o diálogo entre Cristianismo eIslamismo ....................................... 33

4 CONSIDER AÇÕES FINAIS....................................................................................................40

REFERÊNCIAS BIBLIOGR ÁFIC AS................................................................................45

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RESUMO

A presente pesquisa pretende apontar como possível o diálogo inter-religioso

entre cristãos e mulçumanos a partir de pontos convergentes entre essas tradiçõesreligiosas. Esse diálogo deverá favorecer o reconhecimento do que há de verdadeironas duas religiões, proporcionando a aproximação. Será imprescindível em plenoséculo 21 marcado por grandes transformações, a valorização da relação dialogal entreIslamismo e Cristianismo. Dessa forma haverá a possibilidade de coexistir em ummundo mais fraterno. A pesquisa tem como estrutura destacar a compreensão dopanorama histórico e doutrinário do Islã como fundamental para que cristãoscompreendam as possibilidades de construções de caminhos de respeito mútuo,tolerância, coexistência pacífica e de diálogo inter-religioso.Verdadeiro.

P AL AVR AS-CH AV E: Islamismo, Cristianismo, Diálogo inter-religioso.

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INTRODUÇÃO

A presente pesquisa tratará de uma abordagem de relacionamento entrecristãos e muçulmanos sugerindo uma aproximação entre ambos para um possíveldiálogo inter-religioso. Para que isso aconteça, será necessária a observância dasafinidades existentes entre Islamismo e Cristianismo, pois haverá a possibilidade de seperceber no outro, semelhanças. No momento em que as religiões cristãs e islâmicasbuscarem pontos em comum para tornarem o ambiente em que vivem mais fraternos,então haverá a possibilidade de se construir caminhos que as conduzirão ao diálogo.Por isso, se faz necessário conhecer a história do Islamismo e sua doutrina e

compreender valores existentes nesta religião. Assim como no Cristianismo, o islã tevecomo finalidade levar pessoas a crer na existência de um único Deus através do seulíder religioso, contribuindo assim para a propagação do monoteísmo.

A pesquisa mostrará que em nome da religião, o cristão e o muçulmanonecessitarão focar-se no exemplo de seus líderes, pois como ocorreu no passadoMaomé e Jesus continuam sendo exemplos de pessoas que mantiveram diálogo comseus dessemelhantes apesar de qualquer diferença religiosa e social. Maomé por ter

mantido contato com judeus e cristãos em sua época e Jesus por sempre ter estado adisposição do diálogo e acessível a qualquer pessoa que dele se aproximasse semqualquer discriminação. Ambos tiveram como meta, conduzir pessoas à presença deum único Deus, dedicando-se a Ele. Porém, no início de suas vidas como anunciadoresda mensagem de Deus, não foram compreendidos pelas pessoas de seu convívio,sendo estas, até seus próprios familiares. No entanto, a convicção desses líderesreligiosos em suas crenças, possibilitou o crescimento tanto do Islamismo como doCristianismo. Igualmente tinham em comum a proposta de um caminho de fraternidade,sendo que este, deverá transpor um simples desejo humano de alcançá-lo para a realnecessidade de uma coexistência pacífica ultrapassando barreiras e sobrepondo-seaos conflitos ideológicos existentes no contexto atual. È verídico que as diferençasexistem, não há como ocultá-las. Porém de uma maneira sábia, cristãos e muçulmanos

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deverão se posicionar empenhando-se para que prevaleça o amor ao próximo, poistanto no Cristianismo como no Islamismo há pontos enriquecedores de aproximação.

A atual pesquisa tem como principal fundamento teórico os seguintes autores:

Michael Coogan1, Ali Kamel2, Muhammad Jaafar Khalil e Omar Nasser F ilho3, HansKüng4, Charles Caldwell Ryrie5. E a principal obra a ser abordada para conhecimentode seus textos, O Alcorão6.

O primeiro capítulo apresentará um panorama histórico onde será possívelcompreender o surgimento do Islamismo como religião monoteísta sendo esteacontecimento vinculado ao profeta Maomé. A pesquisa abordará algumas questõesrelacionadas a vida do profeta e sua influência iniciando-se na Arábia, e se expandindoà regiões vizinhas, sendo que a maior contribuição de Maomé foi o ensino religioso.Notar-se-á que essa mudança na crença do povo árabe, que anteriormente erapoliteísta, é iniciada pelo profeta do islã assinalando um crescimento da religiãoislâmica não somente na península arábica, mas transpondo-se à outros continentes.Outro ponto a ser abordado será o surgimento de correntes ideológicas dentro doIslamismo. Não seria essa a pregação de Maomé dentro do islã, pois o mesmo propõea unidade do povo, entretanto é inevitável ocorrência da divisão, sendo que, o enfoquedeste acontecimento se dá por causa da luta pela liderança na representatividade dacomunidade islâmica após a morte do profeta. A pesquisa ainda tratará do assunto queenvolve o histórico 11 de Setembro de 2001 e mostrará que não é pela violência que oIslamismo deseja ser lembrado, pois o Alcorão não aprova a prática do terror, sendoessas atitudes provenientes de líderes radicais religiosos, pessoas que ³em nome deDeus´ e por causa do poder político querem se posicionar diante da sociedade mundialpela força. Não é essa imagem que o islã quer propagar e sim o conceito de umareligião que prega a paz, sendo as atitudes terroristas contrárias a proposta do

Islamismo induzindo pessoas a um julgamento errôneo da religião.1 Religiões. São Paulo: Publifolha, 2007, p.288.2 Sobre o Islã. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2007. p.319.3 Um diálogo sobre o Islã: Curitiba, Criar Edições, 2003. p.167.4 Religiões do Mundo. Em busca dos pontos em Comum. Campinas: Verus Editora, 2004. p.283.5 A Bíblia anotada. São Paulo: Editora Mundo Cristão, 1991 p.1835.6 Tradução do sentido nobre do Alcorão. Al-Madinah Al-Munauarah. Complexo do ReiFahd, s.d. p.1065.

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A pesquisa abordará ainda um assunto que causa certa tensão no que dizrespeito a descendência de Ismael, pois segundo a Bíblia, Deus tinha promessas feitasao filho primogênito de Abraão de torná-lo uma grande nação. A pesquisa apontará a

possibilidade disso ser verdade, sendo que, os muçulmanos crêem serem dadescendência de Ismael, porém este enfoque será restringido a nação árabe.

O segundo capítulo discorrerá sobre a temática doutrinária onde serãoabordados assuntos ligados à crença islâmica. Uma das tais crenças se referirá aadoração a um único Deus pelos muçulmanos. O Islamismo anuncia uma mensagemmonoteísta para que os seus seguidores abandonem a idolatria. A pesquisa mostrará aimportância do Alcorão, o livro sagrado no islã, que rege toda a vida do muçulmanodesde questões religiosas até mesmo morais, éticas, sociais e políticas, sendo este livrorevelado ao profeta Maomé de acordo com os escritos alcorânicos. Este capítuloapontará também os princípios que conduzem o muçulmano a práticas religiosas que oajudarão a tornarem-se submissos a Deus e serem melhores consigo mesmos e norelacionamento para com o próximo. A pesquisa apontará os lugares sagrados eacessíveis aos muçulmanos, sendo que um dos tais passa a ser igualmente de grandesignificância para outras nações. Destacar-se-á também alguns ramos do Islamismodentro das questões doutrinárias que influenciam a fé dos muçulmanos, sendo queapesar destas divisões, todos os fiéis islâmicos compartem do mesmo livro sagrado eos mesmos centros espirituais. A pesquisa falará ainda sobre a temática feminina, ondeserão abordados alguns direitos das mulheres no islã. Serão apresentadas passagensdo Alcorão sobre o que a religião pensa a respeito da mulher. Se estas disposições nãosão observadas por alguns, então contradizem os escritos do Alcorão.

O terceiro capítulo apontará as afinidades existentes entre as religiõesmonoteístas, Cristianismo e Islamismo sendo que, através destas semelhanças, haverá

a possibilidade de aproximação entre as religiões. A pesquisa fará notável algumassimilitudes existentes nas duas religiões, ressaltando os elementos de unidade. Apresentar-se-á também a pessoa de Jesus com atributos especiais tanto no Islamismocomo no Cristianismo. Ambas religiões mantêm respeito e profunda admiração por suapessoa. Apesar da representatividade que Jesus tem, sua conotação para os cristãos é

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diferente da conotação para os muçulmanos. No entanto, ele é tratado de formaespecial pelas duas religiões. A pesquisa tratará ainda de assuntos que dizem respeitoao ato da criação, o pecado da humanidade, dentro do conceito bíblico e o alcorânico.

Partindo da realidade de que a afinidade é algo concreto e que promove aaproximação, a pesquisa sugerirá um diálogo inter-religioso. No entanto, é necessáriohaver condições de coexistência, tolerância e respeito mútuo. A tolerância conduz auma coexistência pacífica. O diálogo entre Cristianismo e Islamismo proporcionará umprocesso de aprendizagem onde um perceberá o mundo do outro e poderá inserir-senele. Para haver diálogo será necessário que cada um venha a despojar-se de posturasexclusivistas. A busca pela paz deverá ser muito maior que as características própriasde cada tradição. A pesquisa mostrará que a liderança eclesiástica de ambas religiõestem dado passo a caminho do diálogo, promovendo encontros onde se estabeleçamposições que satisfaçam a ambos. Tão somente a partir de propostas de uma melhor coexistência será possível viver num mundo harmonioso.

A pesquisa mostrará que em pleno século 21 marcado por expressivastransformações, será necessário valorizar o dessemelhante, pois diante de um mundoglobalizado, a informação só pode ser vista como meio de transpor barreiras comrelação ao próximo respeitando seus valores e compreendendo que por detrás de umareligião, se encontram pessoas. Será necessário se aproximar delas para compreendê-las. Só é possível adentrar o mundo do dessemelhante com uma visão construtiva,através do real conhecimento e não do ponto de vista da mídia que se focaliza em umaminoria dos que se enquadram numa postura extremista.

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1 PERSPECTIVA HISTÓRICA DO ISLAMISMO

O surgimento do Islamismo está vinculado a vida do profeta Maomé, seu

fundador. Segundo K AMEL (2007, p.63), Maomé nasceu no ano 570 d.C, na cidade deMeca, um importante centro comercial que situava-se na encruzilhada das rotas decomércio internacional o qual ligava a África à Ásia e o Golfo Pérsico à Europa, sendoessa região conhecida hoje como Arábia Saudita. Maomé era filho de uma família decomerciantes sendo o pai Abdulah bin Abdu L¶Muttalib e a mãe Aminah. Ficou órfão aos6 anos de idade, sendo adotado por seu tio Abu Talib que era mercador. Aos 12 anos,fez, ao lado do tio, a sua primeira caravana à Síria, onde foi vender e comprar mercadorias. De acordo com ABD ALL A (1998, p.14), através de suas viagens, tevecontato com o Judaísmo e o Cristianismo, religiões essencialmente, monoteístas. Seutio não pôde dar condições melhores ao sobrinho, que teve que cuidar de si bem cedo.Dependia do comércio e viajava em caravanas para as áreas de fronteiras com a Arábia. Conforme KÜNG (2004, p.258), ³mais importante do que o comércio com todasas suas preciosidades passa a ser para ele, com o correr do tempo, a oração e ameditação´. Aos 25 anos, Maomé, por indicação do tio, passou a trabalhar paraKhadija, uma viúva, rica comerciante de Meca.

Khadija se apaixonou por ele e propôs casamento. Deu a Maomé seis filhos e oprestígio dele cresceu muito em Meca. Na concepção de K AMEL (2007, p.71),

Depois da morte de Khadija, Maomé, ao longo de sua vida, casou-se outras dez vezes, umadelas com uma mulher judia, que se converteu ao islã. Tinha também suas concubinas, umacristã e outra judia. Alguns casamentos foram por afinidade pessoal, outros para proteger viúvas de companheiros e alguns em decorrência de alianças políticas.

Segundo o mesmo autor, no Alcorão, o muçulmano pode obter até quatro

mulheres, porém deve ter eqüidade, do ponto de vista afetivo, sexual e financeiro, emrelação as mesmas para não cair em pecado. Assim estabelece o Alcorão:

E, se temeis não ser eqüitativos para com os órfãos, esposai aos que vos aprazam dasmulheres: sejam duas, três ou quatro. E se temeis não ser justos, esposai uma só, ou contentai-vos com as escravas que possuís. Isso é mais adequado, para que não cometais injustiça(Surata 4.3).

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Somente a Maomé era concedido o direito de se casar com mais de quatromulheres, o Alcorão afirma:

Ó Profeta! Por certo, tornamos licitas, para ti, tuas mulheres, às quais concedeste seus prêmios;e as escravas que possuís, entre as que Allah te outorgou... se o Profeta deseja esposá-la,sendo isto privilégio, com exclusão dos demais crentes - com efeito, sabemos o que lhespreceituamos em relação a suas mulheres e às escravas que possuem, para que não hajaconstrangimento sobre ti. E Allah é Perdoador, Misericordiador (Surata 33.50).

Além dessa permissão especial de ter várias mulheres dentro do Islamismo,Maomé também teve o privilégio de ser considerado o profeta mais importante quesurgiu. Conforme SMITH (1991, p.218),

Seguindo a linhagem de Ismael na Arábia, chegamos, na segunda metade do século VI d.C, atéMaomé, o profeta por meio de quem o islamismo alcançou sua forma definitiva, acreditam osmuçulmanos. Houve autênticos profetas antes dele, mas ele foi o apogeu; por isso é chamadode ³O Selo dos Profetas´. Nenhum profeta genuíno surgirá depois dele.

Segundo COOG AN (2007, p.106), Maomé chamou os seus compatriotas paraum novo modo de vida, sendo que no começo o movimento evoluiu lentamente, e maistarde obteve um público maior alcançando toda a Arábia. Maomé dá início aomonoteísmo, encontrando oposição muito forte em Meca até de sua família e tribo

coraixita à qual pertencia. De acordo com o mesmo autor, tão importante quanto aceitar a alegação de Maomé de ser um mensageiro de Deus, seria aceitá-lo também comogovernante de Meca, algo que a oligarquia dos ricos mercadores de Meca não queria. A Caaba, local sagrado dos muçulmanos, localizada na cidade de Meca, era centro deadoração politeísta. De acordo com KÜNG (2004, p.261):

Abraão e seu filho Ismael levantaram a Caaba e purificaram o lugar de culto aos deuses. Épreciso contornar por sete vezes aquele antiqüíssimo santuário de Meca e, enquanto isso,saudar, tocar ou mesmo beijar a Pedra Negra, certamente um meteorito basáltico. A Caaba éconsiderada pelos muçulmanos como um lugar de presença especial de Deus.

Segundo o mesmo autor, ela é o templo primordial erigido por Abraão, osmuçulmanos acreditam ser o local onde Ismael foi levado para ser sacrificado a Deusem obediência. Segundo o islã, este santuário passou a ser lugar de adoração a umúnico Deus, Alá.

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Na compreensão do Islamismo, Maomé começou a pregar o monoteísmo, aos40 anos de idade, apesar de ser um homem iletrado. Isto se encontra no Alcorão:

Os que seguem o Mensageiro, O Profeta iletrado - que eles encontram escrito junto deles, naTora e no Evangelho - o qual lhes ordena o que é conveniente e os que coíbe do reprovável, etorna lícitas, para eles, as cousas benignas e torna ilícitas, para eles, as cousas malignas e oslivra de seus fardos e dos jugos a eles impostos. Então, os que crêem nele e o amparam e osocorrem e seguem a luz, que foi descida, e está com ele, esses são os bem-aventurados(Surata 1 7.157).

Segundo a Tradução do sentido nobre do Alcorão (s.d, p.265), a palavra luz serefere ao Alcorão. Na visão islâmica, os escritos alcorânicos são revelaçõesprovenientes de Deus ao anjo Gabriel que as apresentava a Maomé quando o visitava.

Conforme ABD ALL A (1998, p.8), ³E, este, mesmo sendo iletrado, de forma milagrosa,reteve o ensino transmitido as seus idôneos seguidores, transformando a revelação emlivro´. Esses escritos virão a constituir-se no livro sagrado dos muçulmanos o chamado Alcorão, palavra que significa ³ A Leitura´. As tribos árabes seguiam até então umareligião politeísta. Por causa da pregação de Maomé, de acordo com KÜ NG (2004,p.259), o profeta começou a ser perseguido em Meca e teve que emigrar para a cidadede Medina no ano de 622.

Este acontecimento é conhecido como Hégira e marca o início do calendáriomuçulmano. Em Medina, o profeta foi bem acolhido e reconhecido como líder religioso econseguiu unificar e estabelecer a paz entre as tribos árabes. Milhões de muçulmanosmemorizam o Alcorão completo; assim são educados desde cedo. O profeta do islã eraum homem reflexivo que cultivava o hábito da meditação, vigílias solitárias e jejuns. Deacordo com o Alcorão, Maomé foi o primeiro a se islamizar: ³Dize:Tomarei eu por protetor outro que Allah, O Criador dos céus e da terra, enquanto Ele é quem alimenta enão é alimentado? Por certo, foi-me ordenado ser o primeiro dos que se islamizam! E

não sejas de modo algum, dos idólatras´ (Surata 6.14). Segundo K AMEL (2007, p.75),após a morte do profeta em 632, aos 62 anos, seus seguidores se espalharamrapidamente pelas regiões vizinhas. Abu Bakr foi o primeiro califa ou sucessor doprofeta (K AMEL, 2007, p.74).

1 Equivale a capítulo segundo (K AMEL, 2007,p.74).

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Maomé tinha unido toda península arábica sob o seu domínio, algo jamais feitoantes. Sua gestão estabelecera as bases de um império brilhante cujo desenvolvimentose daria ao longo dos quatro séculos seguintes. De acordo com KÜ NG (2004, p.263), a

primeira expansão árabe ocorre com muitas conquistas. Enormes regiões passam a ser muçulmanas: a Síria, antes cristã, com Damasco e Jerusalém; o reino persasassânidas, com a Mesopotâmia e o Azerbaijão e, por último, o Egito cristão.Nenhumaoutra religião teve tão grande difusão em tão pouco tempo e de forma tão duradouracomo o islã. Mas a maior contribuição de Maomé foi o ensinamento religioso que dá abase para tudo o que vem depois (PE TERS, 2007, p.122). Maomé trouxe uma visão demundo totalmente nova de onde surgiu uma das tradições espirituais mais ricas edinâmicas da história. Para os muçulmanos, profecia é um meio pelo qual Deuscomunicou Sua vontade e orientação à humanidade ao longo das eras e o fez por intermédio de seu profeta. Conforme KH ALIL (2003, p.20), o islã não é apenas arevelação ao derradeiro dos mensageiros, Maomé, mas a todos eles: Adão, Noé, Abraão, Moisés e Jesus. A palavra islã é árabe, originada de um radical que significa³paz, solidez, segurança´ e também é uma expressão religiosa que se refere ao estadoda alma, significando assim uma atitude interna de obediência inequívoca a Deus,rendição, submissão, resignação, (COOG AN, 2007, p.90). Muçulmano é aquele que sesubmete à vontade de Deus. A misericórdia de Deus não se limita a um lugar, a umaépoca, ou a um povo determinado. ³ Ó homens! Por certo, Nós vos criamos de um varãoe de uma varoa, e vos fizemos como nações e tribos, para que vos conheçais uns aosoutros...´ (Surata 49.13).

De acordo com COOG AN (2007, p.99), os séculos XV a XVII viram surgir nomundo islâmico três impérios enérgicos e bem-sucedidos. Governando de Istambul(antes Constantinopla, a capital bizantina), os sultões otomanos, no auge de sua

autoridade, controlaram um domínio que abarcava o norte da África, o Oriente Próximo,a Anatólia e a maior parte do sudeste europeu. A dinastia de xás sefévidas trouxe umatransformação fundamental com a conversão da sociedade iraniana do Islamismosunita para o xiita duodecimano. Na Índia, o império igualmente centralizado da dinastiamongol foi oficialmente um Estado islâmico, mas resultou sua legitimação do apoio da

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cultura hindu. O período entre o século XVIII e o atual, contudo, testemunhou umamutação rápida e freqüentemente árdua no mundo islâmico. Os três, dos otomanos,sefévidas e mongóis, foram perturbados por problemas internos e pela consternação

dos Estados crescentemente imperialistas da Europa, sobretudo Grã-Bretanha, F rançae Rússia. Conforme o mesmo autor, o confronto entre Europa cristã e o mundo islâmicoremonta no mínimo às Cruzadas realizadas pelas forças cristãs latinas, que iniciaramno século XI, um conflito que levou ao fim determinante do domínio muçulmano naEspanha em 1492. Mais recentemente, várias fases de imperialismo europeu induziramà ocupação, na década de 1920, de quase todo o mundo islâmico, do oeste e do norteda África até as Índias Orientais, atual Indonésia. Movimentos de renovação social epolítica ajudaram a assentar as bases de um ressurgimento do islã no século XX.Segundo COOG AN (2007, p.92), ³Em 1923, Kemal Ataturk declara o Estado turcosecular; em 1932 ocorre a criação da Arábia Saudita; em 1947, há a criação do Estadomuçulmano do Paquistão´. Conforme WINTER (2009, p.376), ³ Após a Primeira GuerraMundial, a medida que as novas nações árabes foram alcançando sua independência,cresceu o sentimento nacionalista e a reafirmação dos valores islâmicos´. Após aSegunda Guerra Mundial os paises muçulmanos declararam sua independência eafirmaram sua soberania com: a libertação política dos paises islâmicos da dominaçãocolonial das décadas de 1950 e 1960 e na década de 1970, os êxitos militares eeconômicos alcançados a partir da guerra árabe-israelense, do embargo do petróleo eda vitória do aiatolá Khomeini sobre o xá e sobre os Estados Unidos em 1979 (KÜNG,2004, p.277).

Contando com mais de 900 milhões de fiéis numa população global de seis bilhões, [...] umapessoa em cada cinco ou seis pertence a religião islâmica que direciona o pensamento humanoe a vida prática com uma riqueza de detalhes que não encontra paralelos no mundo. E aproporção de muçulmanos está aumentando, (SM ITH, 1991, p.256).

Segundo GEORGE (1999, p.15), um fator de crescimento do islã é o aumentonatural da população nos paises muçulmanos. O maior número de muçulmanos está nosubcontinente indiano, formado por Índia, Paquistão e Bangladesch. Na concepção deWINTER (2009, p.376), a nação com maior número de muçulmanos é a República da

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Indonésia, onde mais de 100 milhões de pessoas, ou seja, 90% da populaçãoprofessam a fé islâmica. De acordo com KÜNG (2004, p.260), ´Maomé colocou toda apenínsula arábica sob seu controle, fazendo da Arábia o coração do islã´. Atualmente a

maioria da sua população é muçulmana. No século XX a vasta maioria dosmuçulmanos vivia no sul e sudeste Asiático, dentro ou ao leste do Paquistão. Naconcepção de COOG AN (2007, p.91), ³Com mais de um bilhão de pessoas, osmuçulmanos são hoje maioria em 50 países e uma minoria considerável em muitosoutros. Na Europa e nas Américas do Norte e do Sul há vibrantes comunidades emexpansão´. A maioria dos muçulmanos vive em regiões como: norte da África, OrientePróximo e Ásia. Conforme COOG AN (2007, p.120), ³ A comunidade islâmica crescetanto em regiões onde existe há muito tempo, quanto naquelas em que sua presença émais recente, sobretudo, na Europa e na América do Norte´. Na Europa os muçulmanosformam a maior comunidade religiosa depois dos cristãos, (KÜNG, 2004, p.250).

Dentro da expressiva comunidade muçulmana há uma divisão importante entreos que se denominam sunitas e xiitas. Segundo SM ITH (1991, p.248),´Geograficamenteos xiitas se agrupam no Irã e no Iraque, enquanto os sunitas os flanqueiam pelo oeste(Oriente Médio,Turquia, África) e pelo leste (em todo subcontinente indiano, que incluio Paquistão e Bangladesh, passando pela Malásia e chegando até a Indonésia, ondehá mais muçulmanos do que em todo mundo árabe´. Essa divisão surgiu de lutas pelaliderança após a morte de Maomé, alguém que na ausência do profeta, o representarialegitimamente como dirigente na comunidade islâmica. De acordo com K AMEL (2007,p.95), No espaço de 28 anos após a morte de Maomé, ocorre o irremediável: a divisãodo islã. Segundo os sunitas, o profeta jamais indicou quem seria o seu sucessor;segundo os xiitas, Maomé teria deixado seu primo Ali como sucessor. Conforme omesmo autor, com a morte de Ali, essa divisão no islã consolidou-se. Os sunitas, a

maioria naquela época, acreditam que a revelação acabou com a morte de Maomé e oque deveria ser feito era viver o Alcorão seguindo os ditos do profeta. SegundoMCCURRY (1999, p.103), ³ Algumas destas divisões podem ter suas raízes emquestões políticas e lutas pelo poder, outras podem ter raízes étnicas, e algumaspodem ser simplesmente resultado de diferentes maneiras de entender Deus, o Profeta,

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revelação e tradição. Ou podem ser o resultado da combinação de qualquer umdestes´. De acordo com KÜNG ( 2004, p.266), ³Depois de grandes lutas contra o partidoxiita, com graves perdas, termina se impondo a família dos omíadas de Meca,

originalmente contrária a Maomé. Com eles o partido majoritário dos sunitas saivencedor. Os omíadas transferem a residência do califa para Damasco e fazem da Síriaa potência islâmica predominantemente´. Segundo o mesmo autor, o partido xiita de Ali,primo e genro de Maomé constituiu-se a minoria dos muçulmanos. No entanto no Alcorão não há base para nenhuma divisão, mas promove o vínculo uns aos outros etodos a Deus, assim diz:

E agarrai-vos todos à corda de Allah, e não vos separeis. E lembrai-vos da graça de Allah paraconvosco, quando éreis inimigos e Ele vos pôs harmonia entre os corações, e vos tornastesirmãos, por Sua graça. E estáveis a beira do abismo do fogo e Ele, deste, vos salvou. Assim, Allah torna evidentes, para vós Seus sinais, para vos guiardes (Surata 3.103).

Outra passagem diz:

E que seja formada de vós uma comunidade, que convoque ao bem, e ordene o conveniente, ecoíba o reprovável. E esses são os bem-aventurados. E não sejais como os que se separarame discreparam, após lhes haverem chegado as evidências. E esses terão formidável castigo(Surata 3.104, 105).

Na concepção de SM ITH (1991, p.256), Por longo tempo desde que Maoméconvocou o seu povo para a unidade de Deus, os muçulmanos se apartaram do espíritodo Profeta. Seus líderes são os primeiros a admitir que a prática religiosa foirepetidamente substituída por uma mera profissão de fé, e que o fervor diminuiu.

Entre os séculos 10 e 11 d.C, uma tendência para o misticismo surgiu entre osmuçulmanos. Esse movimento místico chamado sufismo cresceu rapidamente dentrodo islã, (COOG AN, 2007, p.103). De acordo com S ADLER (2001, p.294), ³O sufismo seespalhou por toda a Arábia e Pérsia, chegando até a Índia, Indonésia, África ocidentale, mais recentemente, aos Estados Unidos´. Dentro do sufismo existe a prática do dhikr,traduzido por ³lembrança´ ou ³invocação´ de Deus e seus nomes pelos muçulmanos, érealizado através de meditação silenciosa ou cantando serenamente sendo o dhikr ummeio de atingir o êxtase onde o devoto é levado a contemplação de Deus. Isso é

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fundamental para a busca espiritual no sufismo. No Alcorão e nos hadits do profetaMaomé está a origem do dhikr (COOG AN, 2007, p.103). Os sufis buscavam, segundo oislã, a purificação para que seus pensamentos permanecessem somente em Deus,

para isso renunciavam a todos os desejos e apegos físicos. Segundo KÜ NG (2004,p.273), No século XIII os sufis, que geralmente exercem uma profissão e possuem umafamília, progrediram à condição de guias mais respeitados do povo, em lugar dos

juristas das escolas. O sufismo aprofunda-se às necessidades religiosas do povomuçulmano através da poesia, do canto, da música e da festa. O islã está muito vivoatualmente e é uma poderosa força religiosa no mundo.

Conforme K AMEL (2007, p.227), com o impacto causado ao mundo através doataque terrorista às Torres Gêmeas e ao Pentágono, em 11 de Setembro de 2001, nacidade de Nova Iorque nos Estados Unidos da América, cujo mandante foi Osama BinLaden, o Islamismo passou a ser visto, por não islâmicos, como uma religião violenta.Na concepção de K AMEL (2007, p.175), Bin Laden pega trechos isolados do Alcorãounindo o versículo de uma surata a outro versículo de outra surata dando outraconotação ao Alcorão, criando versículos que não existem, aplicando-os a uma massade iletrados, sendo que o efeito dessas informações incita à violência. O Alcorão afirma:³E combatei, no caminho de Allah, os que vos combatem e não cometais agressão. Por certo, Allah não ama os agressores´ (Surata 2.190). De acordo com a Tradução dosentido do nobre Alcorão (s.d., p.51), a expressão combater no caminho de Deus quer dizer lutar pela religião de Deus, para salvar o descrente do julgo da descrença. Não sópara defender o Islã, mas para extinguir a idolatria. Não é pela violência que oIslamismo deseja ser lembrado, pois o Alcorão, não ensina e tampouco aprova a práticado terror a seus seguidores. Segundo C ALIXTO (2006, p.44), ³apesar das batalhasocorridas na história do início do Islamismo na forma de Jihad2 (guerra santa), a

expansão da crença não só partiu para uma pregação debaixo dessa logística bélica´. Alguns líderes radicais religiosos islâmicos têm usado da prática da violência paraimpressionar o mundo. De acordo com C ALIXTO (2006, p.52), ³mais de 90% dosmuçulmanos no mundo não são identificados como extremistas ou terroristas´. Assim2 ³Luta no caminho de Deus, ou seja, trabalhar para atingir uma ordem moral perfeita na sociedade etambém na vida individual´ (COOG AN, 2007, p. 288).

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como muitos outros povos, os muçulmanos igualmente aspiram pela paz, e no Alcorão,buscam diretrizes para viver um caminho pacífico.

De acordo com esta busca pela paz, os muçulmanos também têm como

exemplo para suas vidas, nos escritos de Maomé, personagens que são importantespara a história do islã e que foram obedientes a Deus e submissos a sua vontade,sendo que um dos tais é Ismael filho de Abraão, o qual tanto é citado na Bíblia quantono Alcorão. Alguns estudiosos acreditam serem os árabes, em sua maioriamuçulmanos, descendentes de Ismael. Segundo MCCURRY (1999, p.45), eles sãodescendentes de Ismael. A Bíblia diz: ³a sua mão será contra todos, e a mão de todoscontra ele; e habitará fronteiro a todos os seus irmãos´ (Gênesis 16.12). De acordo comRYRIE (1991, p.27), ³os descendentes de Ismael viveriam a leste dos demaisdescendentes de Abraão, ou ainda que viveriam em constante desafio contra os demaisdescendentes de Abraão. Sendo a hostilidade entre árabes e judeus bem conhecida´.Outra passagem diz: ³E os anos da vida de Ismael foram cento e trinta e sete; e morreu,e foi reunido ao seu povo. Habitaram desde Havilá até Sur, que olha para o Egito comoquem vai para a Assíria. Ele se estabeleceu fronteiro a todos os seus irmãos´ (Gênesis25.17,18). Conforme RYRIE (1991, p.40), ³Havilá estava localizada na Arábia central,ao norte da atual Iêmem, Sur´. A palavra árabe quer dizer gente de terra árida( ABD ALL A, 1998, p.9). Na perspectiva bíblica Deus tinha promessas à Ismael: ³ Quantoa Ismael, eu te ouvirei: abençoa-lo-ei, fa-lo-ei fecundo e o multiplicareiextraordinariamente; gerará doze príncipes, e dele farei uma grande nação´ (Gênesis17.20).

A Bíblia registra que:

[...] Deus ouviu a voz do menino; e o anjo de Deus chamou Agar desde o céu, e lhe disse: Quehá contigo, Agar? Não temas, porque Deus ouviu a voz do menino do lugar onde está. Levanta-te, toma o menino e leva-o pela tua mão, porque farei dele uma grande nação. BÍBL IA A.T. R A Gênesis 21.17,18

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seus ideais religiosos com a questão política, sendo assim, considerado a constituiçãodo Estado. A lei islâmica procura estabelecer a vontade de Alá na vida humana. Paraos muçulmanos o problema fundamental de todas as pessoas é a limitação como

criaturas: o ser humano é ignorante com relação ao modo certo de viver e incapaz decontinuar sua caminhada neste mundo com apenas seus recursos e pela tendência dese afastar dos caminhos divinos.

Na concepção de KÜNG (2004, p.257), ³o que a Torá é para os judeus e oCristo para os cristãos, isso é o Alcorão para os muçulmanos: o caminho, a verdade e avida´. Segundo Hans Küng, essa verdade é a fonte original da experiência de Deus eda piedade e o critério obrigatório da fé, o caminho seria a verdadeira possibilidade devencer o mundo, e a vida é o fundamento permanente do direito islâmico. O Alcorãodiz: ³E, quando ouvem o que foi descido, para o Mensageiro, tu vês seus olhos semarejarem de lágrimas, pelo que reconhecem da Verdade. Dizem: Senhor nosso!Cremos. Então, inscreve-nos entre as testemunhas da verdade (Surata 5.83). Segundo ABD ALL A (1998, p.23), ³os muçulmanos dizem que Deus enviou 104 livros, dos quaisquatro são considerados os mais importantes: O livro da Lei de Moisés (Taurah), osSalmos de Davi (Zalm), o Evangelho de Jesus ( Injil), e o Alcorão de Maomé´. ConformeKÜNG (2004, p.256), os muçulmanos acreditam ser o Alcorão a própria palavra deDeus e resistem a traduzí-lo. Quando ele é traduzido para as línguas do mundomuçulmano, como o persa ou o turco, se imprime o texto árabe junto com a tradução,isso igualmente ocorre com a tradução para a língua portuguesa. O Alcorão, segundo oislã, foi preservado de mudanças, distorções e erros até o último sinal de pontuação. Osmuçulmanos o tratam com extremo zelo, pois para eles todo seu aspecto é sagrado.Nunca o colocam no chão e nunca pode tocar uma substância suja. Consideram-no umlivro celeste que sempre esteve com Deus, sendo Sua fala. ³É não é admissível que

este Alcorão seja forjado por fora de Allah, mas é a confirmação do que havia antesdele e aclaração do Livro, indubitável, do Senhor dos mundos´ (Surata 10.37).

De acordo com COOG AN (2007, p.95), entre Abraão e Maomé, conforme o Alcorão, houve muitos outros profetas, dos quais 28 foram escolhidos para propagar apalavra de Deus; entre os mais importantes estão Noé (Nuh, em árabe), Davi (Dawud),

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Moisés (Musa) e Jesus ( Issa). Por meio dos dois últimos a mensagem divina foi levadaà comunidades de judeus e cristãos, e assim ambas pertencem, como o Islamismo, auma tradição abraâmica comum. Os muçulmanos crêem que com o advento de Maomé,

o ciclo de mensageiros proféticos chegou ao seu ápice e final. Na doutrina islâmica, deacordo com o Alcorão, Maomé foi o último dos profetas.

Por certo, nós te fizemos revelações, Muhammad, como fizemos a Noé e aos profetas, depoisdele. E fizemos revelações a Abraão e a Ismael, e a Isaque e a Jacó, e as tribos e a Jesus, e aJó e a Jonas, e a Aarão e a Salomão; e concedemos os Salmos a Davi (Surata 4.163).

O islã possui preceitos religiosos denominados de Sharia 4 onde se definemsuas práticas de vida, com relação ao comportamento, atitudes e alimentação. Segundo ABD ALL A (1998, p.3), ³Debaixo de Sharia é proibido a Bíblia, considerado um materialcorrompido. Muitos dos muçulmanos convertidos ao Cristianismo são condenados àmorte´. Ela interpreta os ensinos de dois livros islâmicos, o Alcorão e o Hadith ouSuna 5. Na concepção de KÜNG (2004, p.279), embora a Arábia Saudita pertença àsNações Unidas, não concorda com os padrões internacionais para direitos humanos evive através da lei islâmica rígida, negando qualquer estilo de adoração nãomuçulmana. Segundo COOG AN (2007, p.114), a Sharia instrui que todo muçulmano

deve seguir cinco princípios: O primeiro de todos é prestarmos testemunho de que nãoexiste outra divindade além de Deus, e de que Maomé é o seu mensageiro. O Alcorãodiz: ³ Allah testemunha - e, assim também, os anjos e os dotados de ciência, que nãoexiste deus senão Ele, que tudo mantém, com eqüidade. Não existe deus senão Ele, oTodo-Poderoso, o Sábio´ (Surata 3.18). O segundo princípio é a prática das orações, o Alcorão afirma: ³Em nome de Allah, o Misericordioso, o Misericordiador. Com efeito,bem-aventurados os crentes, que são humildes em suas orações, e que dão de ombrosà frivolidade´ (Surata 23.1-3). Outra passagem mostra o rito da purificação: ³Ó vós quecredes! Quando vos levantardes para a oração, lavai as faces e as mãos até oscotovelos, e, com as mãos molhadas, roçai as cabeças e lavai os pés até ostornozelos...´ (Surata 5.6). De acordo com KH ALIL (2003, p.66),

4 Lei que regula a conduta ritual, código moral.5 Palavras e atos do profeta Maomé a serem seguidas pelos fiéis islâmicos.

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A prostração na oração muçulmana é a forma mais bela de render culto ao Criador e Benfeitor.Na prostração reconhecemos nossa absoluta dependência de d¶Ele, nossa absolutanecessidade d¶Ele e Seu absoluto senhorio.

O Alcorão declara: ³Por certo, os que recitam o Livro de Allah e cumprem aoração e despendem, secreta ou manifestamente, do que lhes damos por sustento,esperam por comércio, que não perecerá´ (Surata 35.29). Segundo a Tradução dosentido do nobre Alcorão (s.d, p.713), ³Comércio, aqui, é a troca entre Deus e ohomem. Aquele oferecendo graças, e este praticando o bem. Desta forma, todo crenteverdadeiro almejará esta troca, que é imperecível´. O terceiro princípio é a paga dotributo social, assim diz os escritos alcorânicos: ³Por certo, os que crêem, e fazem boasobras, e cumprem a oração, e concedem az-zakah, terão seu prêmio junto de seuSenhor; e nada haverá que temer por eles, e eles não se entristecerão´ (Surata 2.277).Conforme ABD ALL A (1998, p.74),

Em árabe AZ-Z AK AT , ³significa pagamento, purificação e aumento, uma vez que, mediante opagamento de uma taxa fixa ao estado, para ser usada em prol dos pobres e necessitados, odoador purifica a alma, ao mesmo tempo que fatalmente terá os seus bens aumentados pelasmercês de Deus´.

O quarto princípio é a peregrinação à casa de Deus em Meca uma vez na vida,para aqueles que têm condições físicas e financeiras. ³E noticia aos homens aperegrinação. Eles te virão a pé ou montados em todo magro camelo, vindo de cadadesfiladeiro distante´ (Surata 22.27). De acordo com KH ALIL (2003, p. 67), O Hajj, ouseja, peregrinação, é uma obrigação que o muçulmano tem, se possuir condições paratal, de poder pelo menos uma vez na vida visitar a Caaba que se encontra no centro dosantuário em Meca na Arábia Saudita. Os escritos alcorânicos declaram: ³ Allah fez da

Kaabah, a Casa Sagrada, arrimo para os homens e, assim também, o Mês Sagrado, eos animais em oferenda e as guirlandas. Isso para que saibais que Allah sabe o que hános céus e o que há na terra, e que Allah, de todas as cousas, é Onisciente´ (Surata5.97). Segundo KÜNG (2004, p.261), A ³pequena´ peregrinação consiste em rodear aCaaba, porém a ³grande´ peregrinação ocorre em direção a planície de Arafat, subindo

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até o monte sagrado Rahma, onde se obtem o perdão dos pecados. O quinto princípioé o mês de jejum, o Ramadã, desde o nascer ao pôr do sol.

De acordo com o islã, a prática do Ramadã insta os seus fiéis a um ritual onde

a prece islâmica é feita durante cinco vezes ao dia. Assim diz o Alcorão:

Ramadan é o mês em que foi revelado o Alcorão, como orientação para a humanidade e comoevidências da orientação do critério de julgar. Então quem de vós presenciar este mês, que

jejue; e quem estiver enfermo ou em viagem, que jejue o mesmo número de outros dias. Allahvos deseja a facilidade, e não vos deseja a dificuldade. E fê-lo para que inteireis o númeroprescrito, e para que magnifiqueis a Allah, porque vos guiou, e para serdes agradecidos (Surata2.185).

As orações são feitas tendo seu início antes da aurora, ao meio dia, à tarde, no

crepúsculo e ao cair da noite onde os muçulmanos se voltam na direção de Meca, istoocorre durante o calendário lunar do Oriente Médio. Segundo COOG AN (2007, p.116),

O estado de pureza ritual exigido dos muçulmanos antes das cinco sessões de prece diárias éconhecido como tahara. Os rituais de purificação acompanham a oração, os ritos da principalperegrinação e atividades como segurar e ler o Alcorão, que um muçulmano não deve realizar sem estar puro.

Existem outras práticas de purificação não são exigidas pelo Alcorão, porém

são feitas em algumas culturas no mundo, sendo a circuncisão praticada em meninos eem alguns lugares em meninas. Conforme COOG AN (2007, p.116), para os meninoscostuma ocorrer aos dez anos ou, em algumas sociedades, quando já é evidente a suacapacidade de ler o Alcorão. A contestação em torno da circuncisão feminina continuaaumentando dentro e fora do mundo islâmico. Os eruditos muçulmanos divergemquanto à exigência de circuncisão das mulheres por não ter base no Alcorão ou noshadiths e muitos se contrapõem ao rito afirmando ser uma pratica cultural local. Esseato é proibido em alguns paises muçulmanos. Na concepção de COOG AN (2007,p.105), ³Os hadiths geraram muitos debates no começo da época medieval, pois ficouclaro para os eruditos que eles freqüentemente refletiam opiniões e posições doutrinaisposteriores à morte de Maomé´. De acordo com COOG AN (2007, p.112),

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A unidade de fé e prática das culturas que desde a época medieval compõem a comunidadeislâmica expressa-se na forma do principal local: a mesquita (em árabe masjid, ³lugar deprostração´). Todas elas têm o mesmo projeto básico, mas muitas possuem outros traços querefletem seu contexto cultural.

Segundo KH ALIL (2003, p.35), ³ A própria mesquita é uma instituição ou fazparte de uma instituição. As atividades que normalmente se levam a cabo sãoeducativas, de culto, sociais, de beneficência, desportivas ou de entretenimento´. No Alcorão está escrito: ³E para onde quer que saias, volta a face rumo à MesquitaSagrada; e por certo, esta é a Verdade de teu Senhor. E Allah não está desatento aoque fazeis´ (Surata 2.149). Conforme COOG AN (2007, p.114), ³Embora seja desejávelque todos os muçulmanos se congreguem na mesquita para a prece, isso só é exigido

dos homens, obrigados a participar das orações do meio dia às sextas-feiras´. Mesmosendo este lugar de adoração uma bela arquitetura islâmica, ela não é o único espaçoem que os muçulmanos podem orar, sendo assim, sua oração diária pode ser realizadaem um ambiente que lhes proporcione tranqüilidade, longe de distrações. O líder religioso designado para administração da mesquita é o xeique. Conforme KH ALIL(2003, p.50),

Xeique (sheikh) é uma palavra árabe que significa ³ancião´ e também é empregada com osignificado de chefe ou, no contexto religioso, sacerdote. Ser um xeique religioso constitui emfazer estudos islâmicos em um centro teológico, o que implica em ter um correspondentediploma, que avaliza seus estudos e conduta, que o habilitam, por exemplo, a dirigir umamesquita em suas tarefas de culto, ensinamento e difusão do Islam.

Segundo KÜNG (2004, p.265), diante do conceito de lugar sagrado além deMeca e Medina, os muçulmanos consideram Jerusalém como um santuário do Deus de Abraão, sendo o terceiro lugar mais sagrado do mundo e a protegem como a pupila dosolhos. De acordo Hans Küng, o islã acredita que debaixo da cúpula dourada do Domo

do Rochedo, seja um lugar onde pode ser lembrado o Deus único de Abraão, sendo umrecinto de oração silenciosa. Nele o profeta Maomé teria ascendido ao céu e ondeacontecerá um dia o juízo final. Precisamente debaixo da cúpula se encontra ogigantesco e irregular rochedo nu do monte Moriá. Sobre a cidade de Meca o Alcorãoafirma: ³E lembrai-vos de quando Abraão disse: ³Senhor meu, faze desta uma cidade

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de segurança e dá dos frutos, por sustento, a seus habitantes, àqueles, dentre eles,que crêem em Allah e no Derradeiro Dia ...´ (Surata 2.126). Conforme a Tradução dosentido do nobre Alcorão (s.d, p.33),

Referência à cidade de Makkah, a cidade da Paz, que, desde então, tornou-se a CidadeSagrada, depositária de paz permanente, onde é proibido o derramamento de sangue, a caçaou qualquer violação à vida. É local de prece e veneração.

Na doutrina islâmica é possível destacar duas principais correntes: xiitas esunitas. Segundo KH ALIL (2003, p.103), ³compartem o mesmo livro sagrado, o modeloprofético contido na suna (ou tradição do profeta), os mesmos centros espirituais (Meca,Medina e Jerusalém)´. De acordo com MCCURRY (1999, p.103), os muçulmanos sedistinguem por meio destas correntes doutrinárias com base em sua lealdade a certaconvicção teológica, podendo ter suas raízes em questões teológicas e lutas pelopoder, questões étnicas ou resultados de diferentes maneiras de entender Deus. Ossunitas reconhecem o material escrito, o Alcorão, como autoridade final. Ele vem emprimeiro lugar, depois as coletâneas formais da Suna, caminho bastante trilhado, delaprocede o codinome ³sunitas´. Nela se baseiam coisas que Maomé disse ou fez.Conforme KÜNG (2004, p.266), Mais de 90% dos muçulmanos do mundo são sunitas,

sendo que, a grande maioria dos muçulmanos quer conservar a Suna e os quatrocalifas6 legais. Uma das passagens do Alcorão declara:

E inspiramo-lhe: ³Ó Davi! Por certo,Nós te fizemos califa na terra; então julga, entre os homens,com a justiça, e não sigas a paixão: senão, descaminhar-te-ia do caminho de Allah´. Por certo,os que se descaminham do caminho de Allah terão veemente castigo, por seu esquecimento doDia da Conta (Surata 38.26).

Na sucessão política, o estadista Maomé é substituído na comunidade primitiva

pelo califa, porém do ponto de vista religioso, não há qualquer autoridade doutrinalsuprema. Na ausência do Profeta, segundo o islã, permanece o Alcorão como eternapalavra de Deus sendo o lugar de Maomé ocupado pelo Livro Sagrado dos

6 ³Sucessor político-religioso do profeta no governo da comunidade´ (KÜNG, 2004, p. 263).

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muçulmanos como palavra de Deus e a Suna, ambas autoridade religiosa (KÜ NG,2004, p.263).

Os sunitas mantém uma visão ortodoxa do islã. Não existe desacordo entre

muçulmanos sunitas e xiitas sobre as doutrinas básicas do islã, todos pregam aunidade de Deus e que o Alcorão é um livro celeste. Na concepção de KH ALIL (2003,p. 103), a divisão entre sunitas e xiitas surgiu de lutas pela liderança após a morte deMaomé. Os xiitas, segundo MCCURRY (1999, p.104), se preocupam com a sucessãoapostólica. Para eles, Ali, primo e genro assassinado de Maomé, foi o seu sucessor. A palavra xiita significa ³facção´ ou ³partido´. Segundo KÜNG (2004, p.266), ³constitui aminoria, 10% dos muçulmanos (no Irã, Iraque e Líbano)´. Acreditam que Deus jamaisdeixará o mundo ficar sem um guia espiritual infalível, o imã, podendo manter aexcelência profética, pois entendem que um intérprete e um guia com autoridade sãonecessários para as gerações posteriores. De acordo com a Revista IslâmicaEvidências (2009, p.38), O Iman mantém a preservação das leis e das mensagensDivinas do desvio de mudança, atendendo às necessidades das pessoas em todas asépocas, convocando-as para Deus e para se afeiçoarem à religião. O Alcorão exorta: ³Ó vós que credes! Temei a Allah e permanecei com os verídicos´ (Surata 9.119). Os imãssão guias espirituais para os muçulmanos xiitas e dele procede a orientação àspessoas nas questões espirituais e materiais. Conforme a Revista Islâmica Evidências(2009, p.38), ³Esse alto cargo o Deus Altíssimo concedeu ao Profeta Abraão, após estepercorrer sua jornada profética e missionária, vencendo muitas provas´. Os escritosalcorânicos afirmam: E lembrai-vos de quando Abraão foi posto à prova por seuSenhor, com certas palavras, e ele as cumpriu. O Senhor disse: ³Por certo, farei de tidirigente para os homens...´ (Surata 2.124). Os xiitas acreditam que a linha do imanatopermanece infalível aos da descendência de Maomé. Segundo COOG AN (2007,

p.108), ³O imã precisa ser descendente direto do profeta Maomé´.De acordo com KÜNG (2004, p.273), o sufismo, outro ramo do Islamismo

dentro da doutrina islâmica é um movimento místico, porém sem a presença de califas.No sufismo se busca um ritual de pureza do coração. Neste movimento há um dirigenteespiritual, o xeique. As irmandades sufistas se organizam como ordens religiosas, com

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regras, superiores, hábitos monásticos. O sufismo possui uma teologia, práticas einstituições religiosas próprias. Formam centros com atividades sociocaritativas emissionárias. No século XIII os sufis avançaram à condição de guias respeitados do

povo. Ainda dentro da questão doutrinária, o islã ensina que os fiéis devem alcançar a

recompensa por sua submissão a Deus tanto neste mundo quanto no além. Naconcepção de COOG AN (2007, p.109) o Islamismo, mesmo se concentrando num únicoDeus, tolera a veneração dos santos, onde a crença em indivíduos e linhagensfamiliares tem poderes espirituais especiais. Conforme o mesmo autor, os eruditosreligiosos possuem constrangimento com relação a essas crenças. Porém muitosmuçulmanos chegam a venerar essas figuras como parte de suas crenças.

Diante do conceito de igualdade, a doutrina islâmica ensina que o homemmuçulmano e a mulher muçulmana não deve viver uma relação de dessemelhança, o Alcorão afirma:

Por certo, aos muçulmanos e muçulmanas, e aos crentes e às crentes, e aos devotos e asdevotas, e aos verídicos e as verídicas, e aos perseverantes e as perseverantes, e aoshumildes e às humildes, aos homens e mulheres que fazem caridade, aos homens e mulheresque jejuam, aos homens e mulheres que guardam a castidade, aos homens e mulheres que secomprometem em louvar a Allah, para todos eles Allah preparou o perdão e uma granderecompensa (Surata 33.35).

Na visão do Alcorão o homem não difere da mulher, nem mesmo no ato deadoração a Alá. Conforme KH ALIL (2003, p.81),

não há dúvida de que a mulher, ao longo da história, sofreu todo o tipo de injustiças e abusos,devido a sua menor força física e a sua bondade e inocência, em geral muito pouco valorizadas,compreendidas e aproveitadas.

No entanto o islã, dentro da concepção igualitária entre homem e mulher diantedos escritos do Alcorão, reconhece alguns direitos da mulher, tais como: o direito deestudar, a independência da mulher diante do direito de trabalhar, o direito a herança,pois segundo o mesmo autor, na época em que viveu Maomé, a mulher na Arábia nãotinha nenhum direito. Segundo KH ALIL (2003, p.83),

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a Sharia anulou o casamento que se realiza sem o consentimento da mulher e estipulou que aesposa é a única proprietária do dote que deve outorgar-lhe o marido. Ademais, deu a mulher odireito ao divórcio e a uma novidade muito mais surpreendente, que foi o direito ao voto.

O Alcorão enfatiza o valor da mulher, como diz: ³ A quem faz o bem, seja varãoou varoa, enquanto crente, certamente fá-lo-emos viver vida benigna. E Nósrecompensá-los-emos com prêmio, melhor do que aquilo que faziam´ (Surata 16.97).Se estas disposições não são observadas por alguns, então contradizem o islã.

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3 AFINIDADES ENTRE ISLAMISMO E CRISTIANISMO E A PERSPECTIVA DEDIÁLOGO INTER-RELIGIOSO ENTRE AS TRADIÇÕES

O que caracteriza as duas religiões monoteístas, Cristianismo e Islamismo, é acrença em um único Deus. O Cristianismo assegura: ³E a vida eterna é esta: que teconheçam a ti, o único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste³ (João 17.3).O Alcorão também afirma não haver outro Deus senão Alá, e Maomé ser o seu profeta.³O que quer de bom que te alcance é de Allah, e o que quer de mal que te alcance é deti mesmo. E te enviamos, Muhammad, como Mensageiro para a humanidade. E basta Allah por testemunha´ (Surata 4.79). Maomé é para o Islamismo o último portador damensagem de salvação para quem crer e obedecer.

Nas duas religiões, Cristianismo e Islamismo, Jesus é apresentado como umgrande profeta. Segundo KH ALIL (2003, p.19), o Islamismo é a única religião posterior ao Cristianismo a reverenciar as figuras sagradas de Jesus Cristo e da Virgem Maria.³Lembra-lhes de quando os anjos disseram: ³ Ó Maria! Por certo Allah te alvissará umVerbo, vindo dEle; seu nome é o Messias, Jesus, filho de Maria, sendo honorável navida terrena e na Derradeira Vida, e dos achegados a Allah´ (Surata 3.45). Para oscristãos, os muçulmanos consideram Maria, mãe de Jesus, uma mulher muito especiale tem algumas citações no Alcorão a seu respeito que são similares a citações bíblicas.O Alcorão afirma: ³Ela disse: ³Senhor meu! Como hei de ter um filho, enquanto nenhumhomem me tocou?´ Ele disse: Assim é! Allah cria o que quer. Quando decreta algo,apenas, diz-lhe: µSê¶, então, é´ (Surata 3.47).No islã ela é considerada uma mulher deuma tão grande pureza e exemplo a ser seguido pelas mulheres muçulmanas. Visandoeste aspecto da vida de Maria, seu filho Jesus nasceu de uma virgem por meio de umaintervenção divina sendo assim considerado um milagre de Deus na explicação

islâmica. De acordo com K AMEL (2007, p.61), ³para os muçulmanos, Jesus está acimados profetas que o antecederam´. ³Desses mensageiros, preferimos uns a outros.Dentre eles, há aqueles a quem Allah falou; e a alguns deles Ele elevou em escalões; econcedemos a Jesus, Filho de Maria, as evidências, e amparamo-lo com o EspíritoSagrado...´ (Surata 2.253). Fora Maomé não há outro personagem mais respeitado no

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Alcorão. Jesus é muito especial no islã, por isso, não é aceita de forma alguma a suacrucificação, pois um profeta jamais passaria por este ato. Apesar disto, Jesus émencionado como um ser ressuscitado. Jesus é o único profeta, na crença islâmica, ao

qual se menciona a dádiva da ressurreição. Nos escritos islâmicos diz: ³E que a pazseja sobre mim, no dia em que nasci, e no dia em que morrer e no dia em que for ressuscitado, vivo´ (Surata 19.33). Na visão da Bíblia, o livro sagrado dos cristãos,como F ilho de Deus, Jesus pagou um alto preço na cruz, mas ressuscitou para salvar ahumanidade da condenação eterna. Apesar de ambas as religiões pronunciarem onome de Jesus, tendo isso como uma afinidade, o que as distingue é a importância quea Sua pessoa tem. O Alcorão faz referências a Jesus como: ³o Filho de Maria´ (Surata2.87); ³o Messias´ (Surata 3.45); ³o Verbo de Deus´ (Surata 4.171); ³o Mensageiro deDeus´ (Surata 3.49); ³o Profeta de Deus´ (Surata 19.30); ³o Servo de Deus´ (Surata19.30); ³a Palavra da Verdade´ (Surata 19.34); ³um Espírito de Deus´ (Surata 4.171);³um filho puro´ (Surata 19.19), ³um sinal para os homens´ (Surata 19.21).

Assim como o islã ressalta a pessoa de Jesus, também enfatiza a crença noDeus único, Criador do céu e da terra, origem e retorno da vida, em seus profetas, nosanjos e no dia do juízo final. Alguns desses elementos são comuns as duas religiõesmonoteístas. No Alcorão há referência ao que Deus criou, e em umas das passagensdiz: ³E, com efeito, criamos os céus e a terra e o que há entre ambos, em seis dias, enão nos tocou exaustão´ (Surata 50.38).

No Antigo Testamento, em Gênesis, Deus disse: ³ Façamos o homem à nossaimagem, conforme a nossa semelhança´. ³ Viu Deus tudo quando fizera, e eis que eramuito bom. Houve tarde e manhã, o sexto dia´. (Gênesis 1.26a, 31). Ambas as religiõesconsideram a idéia do Deus criador de todas as coisas. Segundo o Alcorão, a origemdo ser humano se deu dessa forma:

E, com efeito, criamos o ser humano da quintessência de barro, em seguida fizemo-lo gotaseminal, em lugar estável, seguro. Depois, criamos, da gota seminal, uma aderência, embrião; ecriamos, do embrião, ossos; e revestimos os ossos de carne; em seguida, fizemo-lo surgir emcriatura outra. Então, Bendito seja Allah, o Melhor dos criadores! (Surata 23.12-14).

É interessante observar que, assim como a Bíblia, o Alcorão enfatiza a ação deDeus, no entanto a Sua pessoa não está sendo conjugada na primeira pessoa do

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singular e sim na terceira pessoa do plural. Porém, no Islamismo, Alá, em hipótesealguma admitiria a presença de Jesus no ato da criação por não compreendê-lo comodivindade.

Com relação ao pecado, o pensamento islâmico, o conceitua como algoadquirido pelo ser humano quando pratica alguma coisa que não devia. ³Então, Adãorecebeu palavras de seu Senhor, e Ele Se voltou para ele, remindo-o. Por certo, Ele éO Remissório, O Misericordiador´ (Surata 2.37). Segundo os textos da Tradução dosentido do nobre Alcorão (s.d, 11),

Este versículo explicita que Adão foi perdoado. Com isso o Islão demonstra que não reconheceo pecado original, pois vê o pecado como ato individual, exclusivo de quem age incorretamente.O pecado e o arrependimento não podem ser impostos: surgem de dentro do indivíduo. Eninguém deve arcar com os erros dos outros nem se arrepender pelo que o outro fez de mau.

De acordo com o pensamento islâmico, a declaração de que cada um de nósvem a este mundo carregando um pecado cometido por alguém que nos antecedeu énegar os atributos de Deus quanto à justiça e à absolvição. Assim diz os escritosalcorânicos: ³Quem se guia se guiará, apenas, em benefício de si mesmo, e quem sedescaminha se descaminhará, apenas, em prejuízo de si mesmo. E nenhuma almapecadora arca com o pecado de outra...´ (Surata 17.15). Conforme K AMEL (2007,p.28), ³muitos exegetas muçulmanos dizem que, na verdade, a principal culpa pelaexpulsão do Paraíso recai sobre o demônio e não sobre Adão´. Na visão islâmica,Satanás é evidenciado como o culpado por ter instigado o ser humano ao erro. Assimdiz o Alcorão: ³E Satã sussurrou-lhes perfídias, para mostrar a ambos o que lhes foraacobertado de suas partes pudendas, e disse: Vosso Senhor não vos coibiu destaárvore senão para não serdes dois anjos ou serdes dos eternos´ (Surata 7.20).

Segundo o Alcorão, Adão foi proibido de se aproximar da árvore: ³E, ó Adão!

Habita, tu e tua mulher, o paraíso; e comei onde ambos quiserdes, e não vosaproximeis desta árvore; pois, seríeis dos injustos´ (Surata 7.19). As histórias tantoislâmicas como bíblicas se põem um pouco similares diante dos textos relatados,devido aos personagens e os acontecimentos. As escrituras bíblicas relatam que acriação de Deus ficou sujeita ao pecado em decorrência da desobediência. Sendo

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assim ambos, cristãos e muçulmanos crêem na existência do pecado. Na concepção doCristianismo, o homem desobedeceu claramente a ordem de Deus, ocorrendo destemodo, o pecado, e por isso teve que deixar o paraíso, lugar este, tão almejado por

cristãos, muçulmanos.O que vem a assinalar o Cristianismo e o Islamismo como religiões e tornar-se

mais importante para elas é o fato de que; para cristãos, a Bíblia é a palavra de Deus eJesus Cristo é o Messias e Filho de Deus; para o islã o importante é evidenciar o Alcorão como livro e palavra de Deus. Os muçulmanos também crêem na Torá e noEvangelho. O Alcorão diz: ³E ensinar-lhe-á a Escritura, e a sabedoria, e a Torá, e oEvangelho´ (Surata 3.48). Segundo o Islã, os muçulmanos não poderiam ter nenhumpreconceito contra o que é sagrado nas religiões cristã e judaica. ³Ele fez descer sobreti o Livro, com a verdade, para confirmar o que havia antes dele. E fizera descer a Toráe o Evangelho´ (Surata 3.3). Segundo AL- ÁMILY (2007, p.11), ³É possível que omuçulmano possa divergir com alguém de seu convívio, com judeus ou cristãos. Noentanto, este muçulmano não pode, absolutamente, difamar o que é sagrado nasreligiões deles´. O Islamismo também reconhece alguns profetas do Cristianismo, como Abraão, Moisés, Davi e Jesus. É na figura de Abraão que se dá a sustentação doIslamismo, por causa de Ismael. Contudo, na fé cristã, sua figura é muito importante por ser reconhecido como o pai da fé. São duas religiões monoteístas contendo muitosprofetas e um só Deus.

De acordo com MCCURRY (1999, p.268), O Alcorão é a afirmação dasEscrituras antecedentes a ele. ³E, antes dele, houve o Livro de Moisés, como diretrizese misericórdia. E este é um Livro confirmador dos outros, em língua árabe, paraadmoestar os que são injustos; e é alvíssaras para os benfeitores´ (Surata 46.12). O Alcorão aceita plenamente como revelados por Deus alguns ensinamentos, como os de

Moisés. Há semelhanças entre a lei Mosaica e o Alcorão, assim como algumasproibições alimentares presentes em outros livros do Pentateuco, sendo que,muçulmanos não podem comer carne de porco por considerá-la impura. O Alcorãoproíbe este ato, dizendo: ³Ele vos proibiu, apenas, o animal encontrado morto, e osangue, e a carne de porco, e o que é imolado com a inovação de outro nome que

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Allah´ (Surata 16.115). No entanto, no Cristianismo, Jesus ensina que, não é o queentra pela boca que torna o homem impuro, e sim o que sai dela. (Mateus 15.11).

È importante ressaltar que tanto no Cristianismo como o Islamismo há uma

perspectiva de que haverá um fim para todas as coisas. O islã acredita que Jesus irávoltar, e esse retorno precederá o dia do juízo final, quando os mortos ressuscitarão e,como os vivos, serão julgados merecendo a vida eterna ou a condenação eterna. Deacordo com K AMEL (2007, p.62), ³Este é o sinal que trará Jesus de volta. Ele, chegaráà terra por uma das torres da mesquita de Omíada, em Damasco, na Síria. E em seuretorno, derrotará o anticristo´. De igual modo, com relação a volta de Jesus na visão doCristianismo, esse momento é muito almejado por cristãos.

3. 1 Caminhos para o diálogo entre Cristianismo e Islamismo

O episódio de 11 de Setembro de 2001 fez mudar a história da relação entremuçulmanos e cristãos. De acordo com C ALIXTO (2006, p.31), ³o diálogo fechado por tantos anos entre essas religiões tornou-se emergente, pois se descobriu o quão poucose conheciam entre si´. Ambas tiveram que priorizar a ponderação e buscar adiplomacia para que não se instalasse uma guerra desastrosa para a humanidade. De

forma catastrófica, pela queda dos edifícios do WorldT

rade Center, reiniciou-se apossibilidade de aproximação. O Cristianismo e Islamismo podem conviver e cooperar mutuamente se cada um deles se recusar a impor-se ao outro. Uma maneira do cristãose colocar no meio islâmico é buscando os pontos positivos e em comum para que, apartir desse princípio, haja meios de coexistência. O Alcorão registra palavras positivasacerca do Cristianismo, há frases elogiosas sobre Jesus, Maria e os profetas.

Ao longo da história do Islamismo e sua relação com o Cristianismo e assimreciprocamente, houve conflitos. No entanto, é necessário haver condições decoexistência, tolerância e respeito mútuo. De acordo com DEM ANT (2004, p.353), ³ A tolerância e a celebração da diferença já estão embutidas como valores-chave damodernidade multicultural. Contudo, a tolerância conduz a uma coexistência passiva e,portanto, suscetível de erosão no caso de fortes tensões´. Então é preciso que cristãose muçulmanos se conheçam para que saibam quais são os motivos que os aproximam

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e as possíveis divergências que os distanciam. Sendo assim, através do diálogo inter-religioso, se inicia um processo de aprendizagem. Uma ilimitada abertura e disposiçãopara o diálogo em relação ao outro não excluem o profundo envolvimento com a própria

religião, onde é preciso conhecer como o outro pensa, como funciona seu mundo, eassim, buscar os elementos identitários que são compatíveis entre Islamismo eCristianismo. Na concepção de KH ALIL (2003, p.21),

O diálogo, no Islam, significa uma interação entre pessoas, que trocam informações entre si, nabusca do aperfeiçoamento do ser humano. Por intermédio do diálogo, o ser humano podedescobrir a realidade dos outros, especialmente quando eles oferecem idéias fundamentadasem sólidos argumentos e razões.

É importante ressaltar que, quanto mais conhecimento da doutrina islâmica,mais possibilidade de inserir-se ao mundo muçulmano. A grande maioria dosmuçulmanos acredita que o Alcorão é a palavra direta de Deus. Sendo assim, oscristãos podem iniciar um diálogo religioso com muçulmanos através do seuconhecimento do Alcorão. O mundo ocidental tem tido grande possibilidade, através daglobalização, de maior conhecimento do Islamismo, pois há a necessidade derelacionamento político e social. Os meios de comunicação fazem aproximação dosdois mundos tão distintos. Por isso, a busca do diálogo inter-religioso deve favorecer oreconhecimento do que há de verdadeiro nas diferentes tradições religiosas. É chegadoo momento em que dois caminhos se cruzam, sendo preciso admitir e respeitar asdiferenças, mas, ao mesmo tempo, ressaltar os elementos de unidade. Portanto, asreligiões devem sair de si e acolher o outro.

O Cristianismo necessariamente deve ter consciência de que é uma religiãodialogal. Jesus Cristo em todo seu ministério ensinou que seus seguidores deveriam ser como Ele, ir de encontro ao diferente, sendo esta diferença em raça, religião ou cultura.

O Alcorão prega uma cultura de antiviolência e respeito, é contra a guerra, a fim desalvaguardar a vida, arraigada na ética muçulmana. Assim dizem os escritos:

Por causa disso, prescrevemos aos filhos de Israel que quem mata uma pessoa, sem que estahaja matado outra ou semeado corrupção na terra, será como se matasse todos os homens. Equem lhe dá a vida será como se desse a vida a todos os homens. E, com efeito, Nossos

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Mensageiros chegaram-lhes com as evidências; em seguida, por certo, muitos deles, depoisdisso, continuaram entregues a excessos na terra (Surata 5.32).

Diante disso, há que se considerar um ponto importante que aproxima o

Cristianismo do Islamismo: a busca pela paz que deve ser muito maior que ascaracterísticas próprias de cada tradição, por vezes divergentes.

Somente assim haverá a possibilidade de dialogar e lutar por uma éticamundial. De acordo com DEM ANT (2004, p.354), ³há autênticos problemas deconvivências entre o Islã e a modernidade ocidental, mas que existem igualmenterecursos e precedentes de comunicação e coexistência intercivilizacional. Não háincompatibilidade de antemão´. Segundo Peter Demant, o que leva cada vez mais

muçulmanos a posições que tornam inviável a coexistência das civilizações, é que oIslamismo lhes proporciona ser o único caminho ainda não testado. Se ambas religiõesquerem buscar pontos em comum para tornar o mundo um ambiente mais fraterno,devem despojar-se do desejo de poder, de posturas exclusivistas e lutar pelaverdadeira unidade. De acordo com o Islamismo, sua doutrina preza pela construção da

justiça, da solidariedade e da paz, bem como o Cristianismo. Nisso é possívelreconhecer grande semelhança.

Para o Islamismo, é difícil considerar um diálogo doutrinal sem haver choques,sendo que as possíveis trocas com os cristãos são culturais ou éticas. Não há nenhumadúvida de que há as opções incondicionais na fé cristã que não podem ser aceitaspelos mulçumanos, por exemplo, a encarnação de Deus ou a trindade. Cada uma dasreligiões tem preservado suas crenças. Na concepção de DEM ANT (2004, p.355), ³aconversa com o islã só dará oportunidade à despolarização das tensões se evitaremarmadilhas opostas´. Segundo o mesmo autor, uma delas seria principiar o diálogo por meio de uma agenda política que se proponha a converter o interlocutor muçulmano, ou

a convencê-lo de alterar o islã, para tornar esta religião mais palatável ao Ocidente.Seria uma utopia acreditar que os muçulmanos deixariam de crer nos ditos de Maomésem que houvesse uma conversão. Cristãos e muçulmanos não podem mais evitar asdiferenças fundamentais que distinguem suas religiões.

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Sendo assim, a melhor esperança de paz e tolerância genuínas entre oCristianismo e o Islamismo é ter uma discussão teológica adequada sobre a essênciade Deus e a natureza da paz e da justiça. Por meio de um compromisso comum com a

verdade e a sabedoria, cristãos e muçulmanos devem ter discussões sólidas que sejamteologicamente informadas e politicamente francas. Segundo DEM ANT (2004, p.354),³uma política meramente repressiva frente ao fundamentalismo, no melhor dos casos,apenas o empurrará para a clandestinidade sem modificar o ímpeto de seusargumentos´. Em decorrência disso, só seria viável dialogar diante da ocorrência dereformas estruturais, a fim de começar a melhorar o desequilíbrio de forças entre oOcidente poderoso e o mundo muçulmano impotente .

De acordo com C ALIXTO (2006, p.17), ³os islâmicos não são bandos deextremistas e terroristas. A grande maioria dos diversos ramos islâmicos é constituídade pessoas pacíficas, comprometidas com sua fé em Allah´. A importância do diálogoconsiste em contrariar aqueles que incitam as novas gerações ao ódio e ao extremismo.Porém, é necessário que o islã eduque os seus jovens e prepare-os para viver orespeito mútuo para que, desse modo, se dissipem os conflitos. O que a mídia mais temdivulgado é o fato de que jovens muçulmanos têm sido preparados para morrer guerreando em nome do Islamismo. Na concepção de KH ALIL (2003, p.117), ³aspessoas que conhecem o islã, que tiveram uma oportunidade de manter contato com acultura islâmica e com os muçulmanos, não possuem esta imagem negativa quecostuma difundir-se nos grandes meios de comunicação´. O homem é anterior àreligião; respeitar o homem vem antes do respeitar a religião. E isto é um problema parao sistema islâmico, que é um conjunto de política e religião, sem possibilidade deseparação. O islã também está presente em todos os momentos da vida do muçulmanocomo: no rádio, na televisão, na escola, no cinema, nos noticiários, na música, nos

jornais e todas as matérias ensinadas nas escolas fazem referência a ele. Osmuçulmanos não conseguem ver um ser humano sem religião e sem compromisso comela. No entanto, os cristãos entendem que as pessoas têm livre arbítrio para escolher que religião seguir, sem que o estado interfira na opção religiosa de cada um.

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Com tanta informação acessível às pessoas e em uma era de constantetransformação, é imprescindível valorizar a relação dialogal entre a religião cristã eislâmica. Em alguns paises muçulmanos já há abertura para tal. Conforme C ALIXTO

(2006, p.47), os países do Oriente mais abertos para esse momento de diálogo são oLíbano e Jordânia, e o mais fechado é o Irã, no entanto, este tem levantado a voz parao diálogo. No meio cristão, o catolicismo tem promovido fóruns e reuniões para essepropósito. O papa João Paulo II foi promotor de aproximação às outras grandesreligiões monoteístas do mundo, assim como o Islamismo. Este papa foi o primeirorepresentante da Igreja Católica a entrar descalço em uma mesquita. Essa atitude comcerteza assinalou o relacionamento entre as duas religiões pela humildadedemonstrada por intermédio do papa. Derrubou barreiras, onde pouco a pouco os doismundos distintos começaram a se abrir um para o outro. João Paulo II foi a expressãode um bom Cristianismo, vivido e representado por este líder eclesiástico. De acordocom KH ALIL (2003, p.150),

É em nome de Deus que os muçulmanos esperam ansiosos com seus irmãos cristãos, poder construir juntos, com a ajuda do Altíssimo, o Reino de Deus na terra... Graças a Deus existemmuitos cristãos que compartem esta idéia e sentimento. Muçulmanos e cristãos, temos queestar alertas contra as mentes estreitas que podem existir em ambas as fileiras e que não estãoa altura do espírito profético da autêntica religiosidade, nem a altura da urgente demanda dostempos.

Essa agradável atitude do papa João Paulo II demonstrada ao povomuçulmano, foi relatada no Alcorão, como diz os escritos:

Em verdade, encontrarás, - dentre os homens, - que os judeus e os idólatras são os maisviolentos inimigos dos crentes. E, em verdade, encontrarás que os mais próximos aos crentes,em afeição, são os que dizem: µSomos cristãos¶. Isso, porque há dentre eles clérigos e monges,e porque não se ensoberbecem (Surata 5.82).

Segundo KH ALIL (2003, p.149), Saiid Khatami, presidente da república islâmicado Irã e presidente da Organização dos Países Islâmicos, visitou o papa João Paulo II em março de 1999 no Vaticano. Ambos instituíram uma comissão conjunta paraaprofundar o diálogo e a aproximação. Por causa desses acontecimentos, construiu-seuma ponte de ligação entre ambas as religiões. Em 13 de Outubro de 2007, 138

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intelectuais muçulmanos de 43 países se reuniram pela primeira vez desde os temposdo Profeta para declarar o solo comum entre Cristianismo e Islamismo, enviando aopapa Bento XVI uma carta de convite ao diálogo. Entre os signatários do documento

estão representadas as grandes tradições islâmicas, sunitas e xiitas, bem como asoutras menores. Intitulado ³Uma palavra comum entre nós e vocês´, o documentoafirma que os princípios comuns dos muçulmanos e cristãos de amar a um só Deus eamar ao próximo oferecem o tipo de terreno comum entre as duas religiões que énecessário para se ter respeito, tolerância e compreensão mútuas. Os signatáriosadotaram uma corrente central e uma posição tradicional do Islamismo de respeito àsEscrituras cristãs. Uma palavra em Comum entre Nós pode não apenas dar um pontode partida para cooperação e coordenação internacional como ainda o faz no soloteológico mais sólido possível: os ensinamentos do Alcorão e do Profeta e osmandamentos descritos por Jesus Cristo na Bíblia. Por fim, a despeito de suasdiferenças, Islamismo e Cristianismo não apenas partilham a mesma Origem Divina e amesma hereditariedade abraâmica, como também os dois maiores mandamentos 7 O Alcorão afirma: ³E não discutais com os seguidores do Livro senão da melhor maneira -exceto com os que, dentre eles, são injustos - e dizei: Cremos no que foi descido paranós e no que fora descido para vós; e nosso Deus e vosso Deus é Um só. E para elesomos moslimes´ (Surata 29.46). De acordo com a Tradução do sentido nobre do Alcorão (s.d, p.650), o termo, seguidores do Livro, se refere a judeus e cristãos. Doponto de vista teológico, isto omite diferenças elementares entre o Deus cristão e oDeus muçulmano.

No Cristianismo, é visto como um Deus é um ser relacional e encarnado. Nateologia cristã, especificamente no Novo Testamento fala-se em Deus como uma únicadivindade com três pessoas igualmente divinas sendo: Pai, Filho e Espírito Santo.

Segundo C ALIXTO (2006, p.101), para um diálogo produtivo, é fundamental que osmuçulmanos compreendam que cristãos não adoram três deuses. É importante queconheçam seriamente a teologia da Trindade, desenvolvida sob a perspectiva daessência divina presente em Deus, na pessoa do Pai, do F ilho e do Espírito Santo. O7 Disponível em: <http ://www.acommonword.com/index.php?lang=en&page=downloads> acesso em:23/10/ 2009

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Cristianismo em hipótese alguma pregou a existência de três deuses. Os muçulmanosprecisam entender que a Bíblia jamais foi adulterada e que seus escritos são mais doque confiáveis, são sagrados. Para se desenvolver diálogo do ponto de vista teológico

também é importante manter literalmente o foco em Jesus. O Alcorão menciona Seunome cerca de 95 vezes. Os cristãos, portanto, têm uma ponte natural para discutir ocerne de sua fé, a pessoa e o ministério de Jesus.

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Procurou-se demonstrar no primeiro capítulo um panorama histórico onde foipossível compreender o surgimento do Islamismo como religião monoteísta sendo esteacontecimento vinculado ao profeta Maomé. A pesquisa abordou algumas questões

relacionadas a vida do profeta e sua influência sendo iniciada na Arábia, e seexpandindo à regiões vizinhas onde a maior contribuição de Maomé foi o ensinoreligioso. Notou-se que essa mudança na crença do povo árabe, que anteriormente erapoliteísta, foi iniciada pelo profeta do islã assinalando um crescimento da religiãoislâmica não somente na península arábica, mas transpondo-se à outros continentes. A pesquisa tratou também do surgimento de correntes ideológicas dentro do Islamismo.Maomé não pregou divisões no islã, pois o mesmo propôs a unidade do povo,entretanto foi inevitável a ocorrência da divisão, sendo que, o enfoque desteacontecimento se deu por causa da luta pela liderança na representatividade dacomunidade islâmica após a morte do profeta. A pesquisa ainda abordou o assunto queenvolve o histórico 11 de Setembro de 2001 e mostrou que não é pela violência que oIslamismo deseja ser lembrado, pois o Alcorão não aprova a prática do terror, sendoessas atitudes provenientes de líderes radicais religiosos, pessoas que ³em nome deDeus´ e por causa do poder político querem se posicionar diante da sociedade mundialpela força. Não é essa imagem que o islã quer propagar e sim o conceito de umareligião que sempre pregou a paz, sendo as atitudes terroristas contrárias a proposta doIslamismo induzindo pessoas a um julgamento errôneo da religião.

A pesquisa abordou ainda um assunto que causa certa tensão no que dizrespeito a descendência de Ismael, pois segundo a Bíblia, Deus tinha promessas feitasao filho primogênito de Abraão de torná-lo uma grande nação. A mesma apontou apossibilidade disso ser verdade, sendo que, os muçulmanos crêem serem dadescendência de Ismael, porém este enfoque foi restringido a nação árabe.

O segundo capítulo discorreu sobre a temática doutrinária onde foramabordados assuntos ligados à crença islâmica. Uma das tais crenças se referiu aadoração a um único Deus pelos muçulmanos. O Islamismo anunciou uma mensagemmonoteísta para que os seus seguidores abandonassem a idolatria. A pesquisamostrou a importância do Alcorão, o livro sagrado no islã, que rege toda a vida do

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muçulmano desde questões religiosas até mesmo morais, éticas, sociais e políticas,sendo este livro revelado ao profeta Maomé de acordo com os escritos alcorânicos.Este capítulo apontou também os princípios que conduzem o muçulmano a práticas

religiosas ajudando-o a tornarem-se submissos a Deus sendo melhores consigomesmos e no relacionamento para com o próximo. Ainda apontou-se, nesta pesquisa,os lugares sagrados e acessíveis aos muçulmanos, sendo que um dos tais passou aser igualmente de grande significância para outras nações. Destacou-se tambémalguns ramos do Islamismo dentro das questões doutrinárias que influenciaram a fé dosmuçulmanos, sendo que apesar destas divisões, todos os fiéis islâmicoscompartilharam do mesmo livro sagrado e os mesmos centros espirituais. A pesquisaabordou também sobre a temática feminina, onde foram vistos alguns direitos dasmulheres no islã. Foram apresentadas passagens do Alcorão sobre o que a religiãopensa a respeito da mulher. Se estas disposições não são observadas por alguns,então contradizem os escritos do Alcorão.

O terceiro capítulo apontou as afinidades existentes entre as religiõesmonoteístas, Cristianismo e Islamismo sendo que, através destas semelhanças, houvea possibilidade de aproximação entre as religiões. A pesquisa fez notáveis algumassimilitudes existentes nas duas religiões, ressaltando os elementos de unidade. Apresentou-se também a pessoa de Jesus com atributos especiais tanto no Islamismocomo no Cristianismo. Ambas religiões mantiveram respeito e profunda admiração por sua pessoa. Apesar da representatividade que Jesus tem, sua conotação para oscristãos é diferente da conotação para os muçulmanos. No entanto, ele é tratado deforma especial pelas duas religiões. A pesquisa tratou ainda de assuntos que dizemrespeito ao ato da criação, o pecado da humanidade, dentro do conceito bíblico e oalcorânico.

Partindo da realidade de que a afinidade é algo concreto e que promove aaproximação, a pesquisa sugeriu um diálogo inter-religioso. No entanto, é necessáriohaver condições de coexistência, tolerância e respeito mútuo. A tolerância conduz auma coexistência pacífica. O diálogo entre Cristianismo e Islamismo proporciona umprocesso de aprendizagem onde um percebe o mundo do outro e pode inserir-se nele.

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