4 Intera¸c˜ao entre uma Onda de Detona¸c˜ao Obl´ıqua e um ......de choque obl´ıqua se...

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4 Intera¸c˜ ao entre uma Onda de Detona¸c˜ ao Obl´ ıqua e um Leque de Expans˜ ao Neste cap´ ıtulo s˜ ao estudados os parˆ ametros do escoamento n˜ ao per- turbado que levem a obter ondas de detona¸ c˜aoobl´ ıquas do tipo Chapman- Jouget (ODO CJ). Primeiramente, uma breve descri¸ c˜ao da estrutura das ondas de detona¸ c˜ao fortes suportadas por rampas ´ e apresentada. O pro- cesso de intera¸ c˜ao entre uma onda de detona¸ c˜aoobl´ ıqua forte e a expans˜ ao gerada por diedros de comprimento finito ´ e descrito, assim como os re- sultados poss´ ıveis desta intera¸ c˜ao. Em seguida ´ e apresentada uma an´ alise quase uni-dimensional do processo de combust˜ ao baseada nos diagramas das polares de detona¸ c˜ao e nos diagramas do tempo de indu¸ c˜aodacin´ etica qu´ ımica. Finalmente, s˜ ao discutidos os resultados das simula¸ c˜oesnum´ ericas bi-dimensionais da intera¸ c˜ao entre a onda de detona¸ c˜aoobl´ ıqua e um leque de expans˜ ao. 4.1 Estrutura da onda de detona¸c˜ ao estabilizada por um diedro A estabiliza¸ c˜ao de ondas de detona¸ c˜aoobl´ ıquas suportadas por diedros tem sido estudada em configura¸ c˜oes como a mostrada na fig. 4.1 [12, 13, 14, 17, 21]. Nesta configura¸ c˜ao, a onda de choque obl´ ıqua (OCO) formada no bordo de ataque do diedro ocasiona a compress˜ ao da mis- tura reativa, levando assim ao aumento da temperatura e da press˜ ao. Este aumento pode ser respons´ avel pela igni¸ c˜ao da mistura. Caso isto ocorra, ap´ os um certo comprimento, conhecido como distˆ ancia de indu¸ c˜ao,area¸ c˜ao qu´ ımica exot´ ermica se acelera liberando energia. Como resultado desta li- bera¸ c˜ao de energia, ondas de press˜ ao s˜ ao geradas na vizinhan¸ ca da superf´ ıcie do diedro. Estas ondas de press˜ ao se propagam em dire¸ c˜ao` a onda de choque obl´ ıqua, interagindo com esta e acelerando o processo de combust˜ ao. Simul- taneamente, ocorre um aumento do ˆ angulo da onda de choque, acarretando um aumento ainda maior da temperatura e da press˜ ao na zona de rea¸ c˜ao.

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  • 4Interação entre uma Onda de Detonação Obĺıqua e umLeque de Expansão

    Neste caṕıtulo são estudados os parâmetros do escoamento não per-

    turbado que levem a obter ondas de detonação obĺıquas do tipo Chapman-

    Jouget (ODO CJ). Primeiramente, uma breve descrição da estrutura das

    ondas de detonação fortes suportadas por rampas é apresentada. O pro-

    cesso de interação entre uma onda de detonação obĺıqua forte e a expansão

    gerada por diedros de comprimento finito é descrito, assim como os re-

    sultados posśıveis desta interação. Em seguida é apresentada uma análise

    quase uni-dimensional do processo de combustão baseada nos diagramas

    das polares de detonação e nos diagramas do tempo de indução da cinética

    qúımica. Finalmente, são discutidos os resultados das simulações numéricas

    bi-dimensionais da interação entre a onda de detonação obĺıqua e um leque

    de expansão.

    4.1Estrutura da onda de detonação estabilizada por um diedro

    A estabilização de ondas de detonação obĺıquas suportadas por

    diedros tem sido estudada em configurações como a mostrada na fig. 4.1

    [12, 13, 14, 17, 21]. Nesta configuração, a onda de choque obĺıqua (OCO)

    formada no bordo de ataque do diedro ocasiona a compressão da mis-

    tura reativa, levando assim ao aumento da temperatura e da pressão. Este

    aumento pode ser responsável pela ignição da mistura. Caso isto ocorra,

    após um certo comprimento, conhecido como distância de indução, a reação

    qúımica exotérmica se acelera liberando energia. Como resultado desta li-

    beração de energia, ondas de pressão são geradas na vizinhança da superf́ıcie

    do diedro. Estas ondas de pressão se propagam em direção à onda de choque

    obĺıqua, interagindo com esta e acelerando o processo de combustão. Simul-

    taneamente, ocorre um aumento do ângulo da onda de choque, acarretando

    um aumento ainda maior da temperatura e da pressão na zona de reação.

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    Esta interação resulta na diminução do comprimento da zona de indução a

    jusante da onda de choque, levando à formação de uma onda de detonação

    obĺıqua (ODO) forte. Nesta onda de detonação, a onda de choque e a frente

    de reação qúımica encontram-se fortemente acopladas. A jusante desta zona

    de transição a estrutura da detonação obĺıqua pode ser descrita, em uma

    primeira aproximação, pelo modelo clássico da onda de detonação de Zel-

    dovich Von Neumann-Doring ZND [1]. Cabe mencionar que a jusante da

    ODO o número de Mach baseado na componente normal da velocidade à

    ODO é subsônico, embora o número de Mach global do escoamento seja

    superior a um.

    No modelo de Zeldovich, Von Neumann e Doring ZND [1] da estrutura

    de uma onda de detonação, a ODO é composta por uma onda de choque

    obĺıqua (OCO precursora), a qual comprime o gás aumentando a pressão,

    a temperatura e a densidade desde os valores p∞, T∞ e ρ∞ até os valores

    ps, Ts e ρs, e a partir destes valores é que a combustão ocorre na forma de

    uma onda de deflagração fortemente acoplada à OCO precursora.

    Figura 4.1: Esquema representativo da transição OCO/ODO.

    Estudos anaĺıticos unidimesionais, baseados nas relações Rankine-

    Hugoniot [39, 40], permitem determinar as curvas polares de choque e

    detonação em função do número de Mach, da pressão e da temperatura do

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    δ

    θ

    0 10 20 30 40 50

    20

    40

    60

    80

    δ cj δmax

    Polar de detonação

    Polar de choque

    θcj

    θmax

    Figura 4.2: Polares de choque e detonação para M∞=8, T∞=300 K ep∞=0,75 atm.

    escoamento livre (M∞, p∞, T∞); e do ângulo do diedro δ. Uma representação

    habitual destas polares é dada na fig. 4.2, onde são mostradas as variações

    dos ângulos das ondas de choque e de detonação expressos em função do

    ângulo de deflexão do escoamento para um dado valor de M∞, p∞, T∞ para

    uma mistura estequeométrica de hidrogênio e de ar. Para ângulos do diedro

    δ compreendidos entre (δcj, δmax), detonações estáveis podem ser obtidas,

    enquanto que ângulos superiores a δmax correspondem a situações em que

    são observadas ondas detonação destacadas. Segundo Pratt [40], no caso de

    ângulos do diedro menores que δcj, uma vez que a presença do diedro não

    pode ser transmitida à onda de detonação, detonações estáveis não podem

    ser estabelecidas, assim detonações incompletas, deflagrações ou inclusive

    extinção poderiam ser obtidas para estes valores de ângulos do diedro, sem

    que, no entanto, tais situações tenham sido observadas experimentalmente

    ou em resultados de cálculo. No decorrer deste estudo, cálculos realizados em

    condições em que o ângulo do diedro é ligeiramente superior a δcj levaram

    ao que parece ser uma ODO fraca. Não sendo parte dos objetivos deste

    trabalho o estudo desta situação, os resultados são dados no apêndice B,

    apenas a t́ıtulo indicativo.

    Diversos estudos numéricos, considerando-se escoamentos planos e bi-

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    dimensionais, sobre a estabilização de ondas de detonação podem ser en-

    contrados na literatura. Li et al. [17] estudaram a estrutura do escoamento

    resultante da interação OCO/ODO, a qual é formada, como descrito acima,

    de uma onda de choque obĺıqua, uma região de indução, ondas de com-

    pressão e uma onda de detonação obĺıqua. Neste trabalho foi utilizado um

    mecanismo global para a descrição do processo de combustão de misturas de

    hidrogênio e de ar. Figueira da Silva & Deshaies [21], usando um mecanismo

    de cinética qúımica detalhada para misturas hidrogênio-ar, estudaram nu-

    mericamente os tipos de transições entre a onda de choque obĺıqua e a onda

    de detonação obĺıqua. Dois tipos de transições foram identificados, abrupta

    e suave, a fronteira entre estas parece ser controlada pelo quociente entre o

    tempo de indução e o tempo de reação ti/tr, caracteŕısticos do processo de

    transformação qúımica.

    Em seu estudo experimental Morris et al. [12, 13], utilizaram técnicas

    de visualização OH PLIF (fluorescência do radical OH induzida por plano

    laser) e schlieren, para obter imagens da estrutura das ondas de detonação

    obĺıquas sobre diedros planos em misturas de hidrogênio e oxigênio. Viguier

    et al. [14] estudaram experimentalmente a estrutura da onda de detonação

    suportada por um diedro gasoso, técnicas OH PLIF e schlieren foram

    empregadas.

    4.2Interação onda de detonação - expansão

    Neste trabalho o estudo de ondas de detonação obĺıqua estabilizadas

    por diedros de comprimento finito é realizado sobre a configuração mostrada

    na fig. 4.3, que consiste de uma rampa seguida por uma deflexão. Nesta con-

    figuração, a parede do diedro se torna paralela à direção do escoamento não

    perturbado de maneira abrupta. O ponto de deflexão limita o comprimento

    da rampa de compressão. Desta deflexão emana um leque de expansão.

    Uma estrutura poss

    A zona de interação de interesse neste estudo é aquela onde a onda

    de expansão da mistura reativa ocasionada pela deflexão da geometria

    interage com a onda de detonação obĺıqua forte. Esta interação causa um

    descréscimo gradual do ângulo desta onda de detonação obĺıqua, desde o

    valor θODO no ińıcio desta região até θR, ao final da mesma. Assim, a onda

    de detonação obĺıqua é enfraquecida gradualmente, ao mesmo tempo que

    aumenta progressivamente o número de Mach do escoamento a jusante da

    ODO. O enfraquecimento progressivo da onda de detonação obĺıqua também

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    resulta no descréscimo gradual da temperatura e da pressão na região de

    indução do processo qúımico entre a OCO precursora da ODO e a frente

    de reação. Isto acarreta um aumento do tempo de indução do processo

    qúımico ti. Tanto o acréscimo do tempo de indução ti quanto o aumento

    do número de Mach acarretam um aumento do comprimento da região de

    indução situada após a OCO precursora da ODO.

    O resultado desta interação é a priori desconhecido. Se o tempo de

    indução aumenta o suficiente, um desacoplamento entre a frente de reação

    e a onda de choque pode ocorrer. Neste caso, uma deflagração poderia ser

    obtida, mais a jusante o processo de combustão poderia ser extinto, e a onda

    de choque obĺıqua se transformaria em uma onda do tipo Prandtl-Meyer.

    Por fim, outro resultado posśıvel desta interação é aquele em que a ODO

    poderia tornar-se uma detonação obĺıqua do tipo Chapman-Jouguet. Neste

    caso, o componente normal do número de Mach a jusante da ODO atinge

    o valor sônico e expansões subseqüentes não a afetam.

    Figura 4.3: Esquema representativo da interação ODO-expansão.

    Estudos experimentais prévios sobre a interação ODO-expansão ape-

    nas podem ser encontrados sobre configurações axissimétricas. Em seu es-

    tudo experimental clássico utilizando modelos cônico-ciĺındricos Lehr [10]

    obteve sistemas compostos de choques não reativos seguidos de deflagrações

    em misturas de hidrogênio-ar. As imagens Schileren reproduzidas na fig.4.4

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    mostram claramente que a deflagração inicia-se próxima ao bordo de ataque

    do cone e se estende sobre a superf́ıcie cônica. Kasahara et al. [41] estudaram

    experimentalmente condições para as quais detonações do tipo Chapman-

    Jouguet podem ser obtidas em misturas hidrogênio-oxigênio sobre modelos

    cônico-ciĺındricos. Neste trabalho mostrou-se que quando uma ODO estável

    interage com a expansão gerada na parte ciĺındrica do modelo, a detonação

    resultante é uma onda de detonação obĺıqua do tipo Chapman Jouguet. Um

    resultado t́ıpico é mostrado na fig. 4.5.

    Figura 4.4: Imagem schlieren da estabilização da combustão sobre umprojétil cônico (Lehr [10]).

    Figura 4.5: Imagem schlieren da iniciação de uma ODO CJ (Kasahara [41]).

    Alguns resultados de simulações numéricas da interação ODO-

    expansão em misturas de hidrogênio-ar são encontradas nos trabalhos de

    Papalexandris [42] e Pimentel et al. [43]. Enquanto o primeiro autor usou

    um mecanismo global na descrição do processo de combustão, o segundo

    usou um mecanismo detalhado de cinética qúımica. Em ambos artigos os

    parâmetros do escoamento não perturbado e os ângulos do diedro conside-

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    rados permitiram a obtenção de detonações obĺıquas CJ como resultado da

    interação.

    4.3Análise do Tempo de Indução e das Polares de Detonação

    A fig. 4.6 mostra as iso-linhas do tempo de indução ti da explosão

    térmica adiabática para uma mistura estequiométrica de hidrogênio-ar,

    como função da pressão e da temperatura. O tempo de indução do pro-

    cesso é definido como sendo a duração correspondente a um aumento de

    temperatura de 10% da variação total da temperatura, calculado para a ex-

    plosão térmica adiabática a pressão constante (explosão de Semenov [44]).

    Esta definição é a mesma adotada por Figueira da Silva & Deshaies [21] e

    Pimentel et al. [43]. Nesta figura é possivel verificar que o tempo de indução

    decresce fortemente quando a temperatura inicial da mistura aumenta. A

    pressão exerçe um efeito não monotônico sobre o tempo de indução. Para um

    dado valor de temperatura, e partindo-se de valores baixos de pressão, um

    acréscimo do valor da pressão leva inicialmente a uma diminução, seguida

    de um aumento e de uma nova diminução do valor de ti. Este comporta-

    mento, caracteŕıstico das misturas de hidrogênio e de oxigênio, é o resultado

    da competição entre as reações H+O2 � OH+O e H+O2+M � HO2+M.Também nesta figura o segundo limite de explosão materializa-se na região

    em que as iso-linhas de ti encontram-se fortemente concentradas.

    Na fig. 4.6 também são traçados os estados de pressão e temperatura ps

    e Ts a jusante da onda de choque precursora da onda de detonação. Segundo

    o modelo ZND estes valores da pressão e da temperatura são os valores

    iniciais a partir dos quais a mistura começa a reagir quimicamente. Estes

    estados foram traçados utilizando-se os valores fornecidos pelos diagramas

    polares de choque e detonação. Para este fim, são mantidos constantes os

    valores do número de Mach, da temperatura e da pressão do escoamento

    livre (M∞, T∞ e p∞) e variando o semi ângulo de deflexão do diedro δ. Cabe

    lembrar que as polares permitem determinar o estado do gás a jusante da

    onda de choque e da onda de detonação para diferentes valores do ângulo

    do diedro. Nas figs. 4.6-a e 4.6-b são traçados os estados a jusante da OCO

    precursora da ODO para M∞=8, dois valores da temperatura T∞=275 K

    e 300 K, e diversos valores da pressão do escoamento livre, p∞. Ao longo

    de cada uma destas curvas o ângulo de deflexão do escoamento jusante da

    onda de choque varia continuamente. Como mostrado nas figs. 4.6-a e 4.6-

    b, o limite à esquerda (-�-) das linhas corresponde ao valor máximo do

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  • Estudo numérico da estabilização de ondas de detonação por rampas de comprimentofinito 53

    67

    3

    4

    5 6

    7 83

    45

    6

    7

    2

    3

    1

    1000/T

    Log

    (p/p

    *)

    Level t_i (s)

    9 1.0x10+01

    8 1.0x10+00

    7 1.0x10-01

    6 1.0x10-02

    5 1.0x10-03

    4 1.0x10-04

    3 1.0x10-05

    2 1.0x10-06

    1 1.0x10-07

    max

    cj

    a)

    0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7 0.8 0.9 1 1.1 1.2 1.3 1.4 1.5-1

    -0.5

    0

    0.5

    1

    1.5

    2

    M=8, T=275K, p=1,00atmM=8, T=275K, p=0,75atmM=8, T=275K, p=0,50atmM=8, T=275K, p=0,25atmM=8, T=275K, p=0,05atm

    58

    6

    7

    8

    3

    5

    6

    72

    4

    51

    3

    1000/T

    Log

    (p/p

    *)

    0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7 0.8 0.9 1 1.1 1.2 1.3 1.4 1.5-1

    -0.5

    0

    0.5

    1

    1.5

    2 Level t_i (s)

    9 1.0x10+01

    8 1.0x10+00

    7 1.0x10-01

    6 1.0x10-02

    5 1.0x10-03

    4 1.0x10-04

    3 1.0x10-05

    2 1.0x10-06

    1 1.0x10-07

    M=8, T=300K, p=1,00atmM=8, T=300K, p=0,75atmM=8, T=300K, p=0,50atmM=8, T=300K, p=0,25atmM=8, T=300K, p=0,05atm

    cj

    max

    b)

    Figura 4.6: Linhas de iso-tempo de indução (s) e linhas dos estados ajusante da ODO precursora das ODO estáveis (p∗=1 atm), em função datemperatura (K) e da pressão (atm). � – δ = δmax; � – δ = δcj.

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  • Estudo numérico da estabilização de ondas de detonação por rampas de comprimentofinito 54

    ângulo do diedro , δmax, para o qual uma detonação plana estável pode ser

    estabilizada. Nesta figura também são indicados os pontos correspondentes

    ao estado Chapman Jouget (-�-), i.e., δcj.A expansão da mistura reativa devido a deflexão da superf́ıcie do

    diedro leva à diminuição da pressão e da temperatura a jusante da OCO

    precursora que precede a região de combustão da onda de detonação. Como

    pode ser percebido na fig. 4.6, uma expansão suficientemente forte pode

    acarretar um incremento considerável no tempo de indução do processo

    qúımico.

    Uma análise da fig. 4.6 permite verificar que, para os valores de M∞,

    T∞ e p∞ escolhidos, as linhas dos estados a jusante das OCO precursoras

    das detonações são caracterizadas por valores relativamente pequenos do

    tempo de indução, i.e., menores que 10−5s.

    A próxima seção apresenta uma análise das simulações numéricas rea-

    lizadas para diferentes ângulos do diedro, escolhidos no intervalo (δcj,δmax).

    4.4Resultados das Simulações Numéricas

    As simulações numéricas consideram uma mistura estequiométrica de

    hidrogênio-ar, para um único valor do número de Mach do escoamento

    não perturbado, M∞ = 8. Este valor foi escolhido por levar a uma ampla

    faixa de ângulos do diedro para os quais detonações estáveis podem ser

    obtidas. Todos os cálculos foram realizados para misturas estequiometricas

    de hidrogênio e de ar.

    Em todas as simulações utilizou-se como valor do sensor, eq. (2-39),

    nos passos de refinamento 0,01, e nos passos de empobrecimento 0,75.

    4.4.1Formação de uma ODO CJ

    Os resultados da interação entre o leque de expansão e a ODO para

    um semi ângulo do diedro δ = 30◦ e valores do escoamento não perturbado

    de M∞ = 8, T∞ = 275 K e p∞ = 0, 75 atm, são mostrados nas figs. 4.7

    - 4.13. Para estes valores do escoamento livre a faixa de ângulo de diedro

    que suportam detonações estáveis é (δcj, δmax) = (14, 9◦; 41, 8◦), segundo o

    cálculo das polares de detonação. O ângulo do diedro escolhido é um valor

    intermediário nesta faixa. Para estes parâmetros do escoamento o ângulo

    da detonação CJ calculado pelas polares é de 39,1◦, enquanto que o valor

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  • Estudo numérico da estabilização de ondas de detonação por rampas de comprimentofinito 55

    do ângulo da ODO forte para δ=30◦, calculado pela mesma técnica é de

    θ=48,5o. A malha final possui 118416 nós e 235994 volumes, sendo este o

    resultado de 4 passes de refinamento.

    As figs. 4.7, 4.8 e 4.9 mostram os contornos da temperatura, densidade,

    pressão, carateŕıstica esquerda e das espécies qúımicas OH e H2O. Na fig.

    4.10 são superpostos os contornos de pressão e fração de massa de OH.

    Nestes contornos é posśıvel observar a transição OCO/ODO (ampliada

    na fig. 4.11) sobre a rampa do diedro. A jusante desta transição, a ODO

    principal formada interage com o leque de expansão gerado pela deflexão

    da superf́ıcie do diedro. Nestas figuras é posśıvel verificar que o resultado

    da interação entre a onda de detonação obĺıqua forte e o leque de expansão

    é uma onda de detonação Chapman Jouguet que possui um ângulo quase

    constante de ≈ 39◦. Este resultado é similar aos obtidos por Papalexandris[42] e Pimentel et al.[43].

    Na parte inferior da fig. 4.8 mostra-se os contornos da carateŕıstica

    esquerda C+, a qual é calculada pela expresão C+ = tan−1(v/u) +

    sen−1(1/M). A linha C+ = 39◦ é a que isola a ODO por uma superf́ıcie

    sônica. Neste caso o efeito da expansão não é suficiente para ocasionar o

    desacoplamento da onda de detonação nem a extinção do processo de com-

    bustão.

    Na fig. 4.9, os contornos das espécies OH e H2O também mostram que

    o processo de combustão não se desacopla da OCO precursora.

    As figs. 4.12 e 4.13 mostram as evoluções da densidade, pressão, fração

    de massa do radical OH e da temperatura ao longo das linhas de corrente

    “0” e “I” traçadas na fig. 4.10. A linha de corrente “0” foi traçada na

    região da onda de detonação obĺıqua forte, enquanto a linha de corrente “I”

    foi traçada onde a ODO tem o ângulo de uma ODO CJ. Nessas figuras

    é posśıvel observar o incremento do comprimento da região de indução

    da onda obĺıqua forte quando esta se torna uma onda do tipo CJ. As

    oscilações observadas nas evoluções das propriedades podem ser fruto do

    processo de interpolação dos valores das propriedades sobre uma linha

    de corrente utilizado pelo pacote de pós-processamento “Tecplot”, e não

    necessariamente correspondem ao resultado do cálculo.

    A dimensão carateŕıstica da malha na região a jusante da OCO

    precursora da ODO forte é de 10 µm. Esta dimensão é comparavel com

    o valor do comprimento de indução, que varia de ≈ 15 µm a ≈ 25 µm,respectivamente para a ODO forte e para a ODO CJ. A variação de tempo

    de indução ao longo da frente de detonação obtida pela análise das polares

    para este caso é indicada na fig. 4.6-a, e aumenta de ≈ 90 ns para a ODO

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  • Estudo numérico da estabilização de ondas de detonação por rampas de comprimentofinito 56

    forte (-�-) e ≈ 0,50 µs para a ODO CJResultados obtidos para δ = 30◦, M∞ = 8, T∞ = 300 K e p∞ = 0, 75

    atm, levaram também a uma ODO CJ como consequência da interação entre

    o leque de expansão e a ODO forte, estes são mostrados no apêndice A.

    DBDPUC-Rio - Certificação Digital Nº 0210228/CA

  • Estudo numérico da estabilização de ondas de detonação por rampas de comprimentofinito 57

    1

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    5

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    9

    10

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    13

    13

    1414

    15

    x (mm)

    y(m

    m)

    0 5 10 15 20 25 300

    5

    10

    15

    20

    25

    30

    Level T

    18 369017 360016 340015 320014 280013 260012 240011 220010 20009 18008 16007 14006 12005 10004 8003 6002 4001 300

    ____

    ____

    ____

    ___________

    39

    1

    1

    2

    2

    3

    3

    4

    4

    4

    5

    5

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    6

    7

    7

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    8

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    14

    x (mm)

    y(m

    m)

    0 5 10 15 20 25 300

    5

    10

    15

    20

    25

    30

    Level RHO

    18 0.007917 0.007516 0.007015 0.006514 0.006013 0.005512 0.005011 0.004510 0.00409 0.00358 0.00307 0.00256 0.00225 0.00204 0.00173 0.00152 0.00121 0.0010

    ____

    ____

    ____

    ___________

    39

    Figura 4.7: Contornos de temperatura (K) e densidade (g/cm3), paraδ = 30◦, M∞ = 8, T∞ = 275 K e p∞ = 0, 75 atm.

    DBDPUC-Rio - Certificação Digital Nº 0210228/CA

  • Estudo numérico da estabilização de ondas de detonação por rampas de comprimentofinito 58

    11

    2

    2

    3

    3

    3

    4

    4

    5

    5

    5

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    6

    6

    6

    7

    7

    7

    7

    8

    8

    8

    8

    8

    11

    x (mm)

    y(m

    m)

    0 5 10 15 20 25 300

    5

    10

    15

    20

    25

    30

    Level P

    18 6317 6016 5715 5514 5013 4512 4011 3510 309 258 217 206 185 154 123 102 81 6

    ____

    ____

    ____

    ___________

    39

    1

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    2

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    3

    3

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    4

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    5

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    6

    6

    7

    7

    7

    8

    8

    8

    9

    9

    10

    10

    10

    10

    1112

    x (mm)

    y(m

    m)

    0 5 10 15 20 25 300

    5

    10

    15

    20

    25

    30

    Level C+

    12 6011 5510 519 508 477 456 425 394 373 352 321 30

    ____

    ____

    ____

    ___________

    39

    Figura 4.8: Contornos de pressão (atm) e da caracteŕıstica esquerda C+,para δ = 30◦, M∞ = 8, T∞ = 275 K e p∞ = 0, 75 atm.

    DBDPUC-Rio - Certificação Digital Nº 0210228/CA

  • Estudo numérico da estabilização de ondas de detonação por rampas de comprimentofinito 59

    1

    1

    1

    2

    2

    3

    3

    3

    4

    44

    5

    5

    5

    6

    7

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    x (mm)

    y(m

    m)

    0 5 10 15 20 25 300

    5

    10

    15

    20

    25

    30

    Level OH

    18 0.04817 0.04716 0.04615 0.04514 0.04413 0.04212 0.04011 0.03710 0.0359 0.0328 0.0307 0.0276 0.0255 0.0224 0.0203 0.0172 0.0151 0.013

    ____

    ____

    ____

    ___________

    39

    1

    1

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    2

    3

    4

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    10

    10

    11

    11

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    14

    15

    16

    17

    17

    x (mm)

    y(m

    m)

    0 5 10 15 20 25 300

    5

    10

    15

    20

    25

    30

    Level H2O

    18 0.2317 0.2216 0.2115 0.2014 0.1913 0.1812 0.1711 0.1610 0.159 0.148 0.137 0.126 0.115 0.104 0.093 0.082 0.071 0.06

    ____

    ____

    ____

    ___________

    39

    Figura 4.9: Contornos da fração de massa dos radicais OH e H2O, paraδ = 30◦, M∞ = 8, T∞ = 275 K e p∞ = 0, 75 atm.

    DBDPUC-Rio - Certificação Digital Nº 0210228/CA

  • Estudo numérico da estabilização de ondas de detonação por rampas de comprimentofinito 60

    x (mm)

    y(m

    m)

    0 5 10 15 20 25 300

    5

    10

    15

    20

    25

    30

    ____

    ____

    ____

    ___________

    39

    0

    I

    Figura 4.10: Contornos de pressão (atm) (preto) e fração de massa do OH(azul), para δ = 30◦, M∞ = 8, T∞ = 275 K e p∞ = 0, 75 atm.

    x (mm)

    y(m

    m)

    0 1 2 3 4 50

    1

    2

    3

    4

    5

    Figura 4.11: Zona ampliada da transição OCO/ODO, mostrando os con-tornos de pressão (atm) e fração de massa do OH (fig.4.10).

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  • Estudo numérico da estabilização de ondas de detonação por rampas de comprimentofinito 61

    x (mm)

    RH

    O

    P OH T

    3 4 5 6 7 80.0005

    0.0010

    0.0015

    0.0020

    0.0025

    0.0030

    0.0035

    0.0040

    0

    5

    10

    15

    20

    25

    30

    35

    0

    0.005

    0.01

    0.015

    0.02

    0.025

    0.03

    0.035

    250

    500

    750

    1000

    1250

    1500

    1750

    2000

    2250

    2500

    2750

    3000

    3250

    3500

    RHOPOHT

    Figura 4.12: Evolução de ρ (g/cm3), p (atm), OH e T (K) ao longo da linhade corrente “0” (fig.4.10).

    x (mm)

    RH

    O

    P OH T

    23 24 25 26 27 280.0005

    0.0010

    0.0015

    0.0020

    0.0025

    0.0030

    0.0035

    0.0040

    0

    5

    10

    15

    20

    25

    30

    35

    0

    0.005

    0.01

    0.015

    0.02

    0.025

    0.03

    0.035

    250

    500

    750

    1000

    1250

    1500

    1750

    2000

    2250

    2500

    2750

    3000

    3250

    3500

    RHOPOHT

    Figura 4.13: Evolução de ρ (g/cm3), p (atm), OH e T (K) ao longo da linhade corrente “I” (fig.4.10).

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  • Estudo numérico da estabilização de ondas de detonação por rampas de comprimentofinito 62

    4.4.2Desacoplamento entre a frente de combustão e a OCO

    As figs. 4.14 - 4.19 mostram o resultado da interação entre a onda de

    detonação obĺıqua e o leque de expansão para um semi ângulo do diedro de

    δ = 40◦ e valores do escoamento não perturbado de M∞ = 8, T∞ = 300 K

    e p∞ = 0, 75 atm. Com estes parâmetros a faixa de ângulos que suportam

    detonações estáveis é (δcj, δmax) = (14, 4◦; 43, 3◦). A malha possui 54138 nós

    e 107632 volumes sendo resultado de 3 passes refinamentos e 2 passes de

    empobrecimento. Nestas figuras são mostrados os campos de temperatura,

    densidade, pressão, carateŕıstica esquerda, e as frações de massa das espécies

    qúımicas OH e H2O, respectivamente.

    Nas figs. 4.14 - 4.19 pode se constatar, de maneira análoga ao caso

    anterior, que a transição OCO/ODO ocorre sobre a rampa do diedro, a qual

    é mostrada em uma vista ampliada na fig. 4.19. A jusante desta transição

    a ODO forte assim formada interage com o leque de expansão gerado pela

    deflexão da superf́ıcie do diedro. A fig. 4.14 mostra que, a medida que a

    expansão afeta a ODO forte, ocorre um distânciamento progressivo entre o

    aumento de temperatura e de densidade devido à OCO precursora e aquele

    devido à combustão. Este distanciâmento, caracterizado pela presença de

    duas frentes, a de choque e a de combustão, parece ser caracteŕıstico de

    um desacoplamento entre a frente de reação qúımica e a OCO. Na primeira

    destas frentes ocorre um incremento abrupto de temperatura e de densidade,

    que indicam a presença de uma onda de choque. A jusante desta o processo

    de combustão acarreta um aumento da temperatura acompanhado de um

    descréscimo da densidade. Nesta figura é posśıvel verificar que o ângulo da

    ODO varia de ≈ 59,6o, correspondente à detonação forte estabilizada sobreo diedro, até ≈ 27o na sáıda do domı́nio de cálculo. O ângulo da ODO CJcalculado pelas polares é de 37,1o, superior ao valor do ângulo na sáıda do

    domı́nio de cálculo.

    A variação do tempo de indução a jusante da OCO precursora da

    ODO é indicada na fig.4.6-b. Nesta figura é posśıvel verificar que, quando

    o ângulo da OCO varia de 59,6◦ a 27◦, isto é, Ts e ps variam de (2703 K,

    42,95 atm) a (1017,5 K; 11,5 atm), o tempo de indução da explosão térmica

    adiabática aumenta de 28 ns (-�-) a 2,6 ms (-♦-).Na fig. 4.17 o desacoplamento entre a OCO e o processo de combustão

    também é claramente viśıvel. Nesta figura é posśıvel identificar a OCO

    precursora que está associada ao incremento abrupto de pressão (contornos

    em linhas de cor preta), e a frente de combustão, mediante os contornos de

    fração de massa do radical OH (linhas em cor azul). Nesta figura também

    DBDPUC-Rio - Certificação Digital Nº 0210228/CA

  • Estudo numérico da estabilização de ondas de detonação por rampas de comprimentofinito 63

    foram traçadas três linhas de corrente. A linha de corrente “I” atravessa

    a região em que o ângulo da OCO é muito próximo ao ângulo que teria a

    ODO CJ, ≈ 37,1◦, enquanto a linha de corrente “II”, passa por um pontoem que o ângulo da OCO é de 35◦. Uma linha de corrente denominada “0”

    foi traçada através da detonação obĺıqua forte. A região próxima às linhas

    I e II é mostrada em uma vista ampliada na fig. 4.18.

    A fig. 4.20 mostra as evoluções da pressão, densidade, temperatura

    e fração de massa do radical OH ao longo do linha de corrente 0. Nesta

    gráfica observa-se o carater detonativo nas evoluções das variáveis traçadas.

    Similarmente a fig. 4.21 mostra as evoluções das mesmas variáveis ao longo

    do linha de corrente I. Nesta região o ângulo da OCO é muito próximo

    ao que teria uma ODO CJ estável. Para este ângulo, os valores calculados

    de pressão e temperatura, ps e Ts, entre a onda de choque a frente de

    combustão utilizando-se as polares são aproximadamente 20,6 atm e 1530

    K, respectivamente, para os quais o tempo de indução é de 47,7µs. O valor

    do tempo de indução a jusante da OCO precursora ao longo da linha de

    corrente I é de ≈ 1 µs para valores de pressão e temperatura, ps e Ts de 17,4atm e 1415 K, respectivamente. A fig. 4.22 mostra as evoluções da pressão,

    densidade, temperatura e fração de massa do radical OH ao longo do linha

    de corrente II. Nesta figura pode-se claramente verificar o grande aumento

    no comprimento de indução, caracteŕıstico do desacoplamento entre a OCO

    precursora e o processo de combustão. Note-se que as oscilações observadas

    nesta figura não devem necessariamente ser atribúıdas ao programa de

    cálculo, pois podem resultar do processo de tratamento dos dados ao longo

    de uma linha de corrente

    Resultados para δ = 40◦, M∞ = 8, T∞ = 275 K e p∞ = 0, 75 atm;

    também levaram ao desacoplamento entre a OCO e a frente de combustão;

    e são mostrados no apêndice A.

    A comparação entre os resultados para os quais ocorre um desacopla-

    mento entre o processo de combustão e a OCO (figs. 4.14 a 4.22) e aqueles

    em que uma ODO CJ é obtida da interação entre a ODO forte e o leque

    de expansão (figs. 4.7 a 4.13) não é capaz de fornecer uma indicação ime-

    diata das causas que levam ao desacoplamento ou à formação de uma ODO

    CJ. Uma primeira possibilidade, que não deve ser descartada, é que a malha

    computacional na vizinhança da ODO forte, mesmo após 4 refinamentos su-

    cessivos, ainda não seja plenamente satisfatória para representação da região

    de indução a jusante da OCO precursora. Este ńıvel de refinamento é o me-

    lhor que pode ser praticado com a capacidade computacional dispońıvel,

    uma vez que os resultados aqui mostrados representam cerca de 3 semanas

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  • Estudo numérico da estabilização de ondas de detonação por rampas de comprimentofinito 64

    de cálculo em uma CPU Pentium IV de 2,4 MHz. Outra explicação posśıvel

    é que o desacoplamento ocorre em situações nas quais o leque de expansão

    acarreta uma forte curvatura da ODO forte, isto é, quando o ângulo da

    rampa do diedro é muito próximo do ângulo δmax permitido para uma ODO

    plana estável. No caso do raio de curvatura induzido na ODO pelo leque de

    expansão ser comparável ao comprimento de indução da reação qúımica a

    jusante da OCO precursora, este efeito de curvatura faz com que a análise

    quase unidimensional das polares não seja mais válida. Neste caso, a estru-

    tura da interação entre o leque de expansão e a ODO possui uma natureza

    bidimensional marcada, cuja análise terá que ser objeto de trabalhos fu-

    turos. Os valores de comprimento de indução li e raio de curvatura R da

    ODO obtidos para os casos apresentados, nos quais M∞ = 8 e p∞ = 0, 75

    atm são dados na tab. 4.1. Os valores de li e R devem ser tomados apenas

    como uma indicação de suas ordem de grandeza. Embora uma análise mais

    profunda seja necessária, os valores calculados de li/R parecem confirmar

    os argumentos acima.

    δ T∞ (K) Resultado li (µm) R (cm) li/R30◦ 275 ODO CJ 15 7,5 0,20.10−3

    30◦ 300 ODO CJ 20 8,1 0,25.10−3

    40◦ 275 Desacoplamento 13 0,8 1,60.10−3

    40◦ 300 Desacoplamento 10 2,4 0,40.10−3

    Tabela 4.1: Comprimentos de indução e raios de curvatura

    As causas do desacoplamento ou da formação da ODO CJ necessitam

    ser investigadas a luz de trabalhos téoricos que utilizem técnicas assintóticas

    [45], fora do escopo deste estudo.

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  • Estudo numérico da estabilização de ondas de detonação por rampas de comprimentofinito 65

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    910

    11

    11

    12

    12

    13

    14

    14

    15

    16

    17

    x (mm)

    y(m

    m)

    0 0.5 1 1.5 2 2.5 3 3.50

    0.5

    1

    1.5

    2

    2.5

    3

    3.5

    4

    Level T

    18 372017 360016 340015 320014 300013 280012 260011 240010 22009 20008 18007 16006 14005 12004 10003 8002 6001 400

    ____

    ____

    ____

    ____

    ______________

    θcj = 37

    1

    1

    1

    2

    2

    2

    3

    34

    4

    5

    5

    5

    6

    6

    77

    8

    8

    8

    99

    10

    10

    10

    11

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    13

    x (mm)

    y(m

    m)

    0 0.5 1 1.5 2 2.5 3 3.50

    0.5

    1

    1.5

    2

    2.5

    3

    3.5

    4

    Level RHO

    18 0.004917 0.004716 0.004515 0.004214 0.004013 0.003712 0.003511 0.003310 0.00309 0.00278 0.00257 0.00226 0.00205 0.00174 0.00153 0.00122 0.00101 0.0008

    Figura 4.14: Contornos de temperatura (K) e densidade (g/cm3), paraδ = 40◦, M∞ = 8, T∞ = 300 K e p∞ = 0, 75 atm.

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    78

    9

    10

    x (mm)

    y(m

    m)

    0 0.5 1 1.5 2 2.5 3 3.50

    0.5

    1

    1.5

    2

    2.5

    3

    3.5

    4

    Level P

    18 57.017 55.016 52.015 50.014 47.013 45.012 42.011 40.010 37.09 35.08 32.07 30.06 25.05 20.04 15.03 10.02 5.01 1.0

    1

    1

    1

    1

    2

    2

    2

    3

    3

    3

    3

    4

    4

    4

    4

    5

    5

    5

    6

    6

    7

    8

    910

    1112

    x (mm)

    y(m

    m)

    0 0.5 1 1.5 2 2.5 3 3.50

    0.5

    1

    1.5

    2

    2.5

    3

    3.5

    4

    Level C+

    12 70.0011 65.0010 60.009 55.008 50.007 46.006 43.005 40.004 37.003 35.002 32.001 29.00

    Figura 4.15: Contornos de pressão (atm) e da carateŕıstica esquerda C+,para δ = 40◦, M∞ = 8, T∞ = 300 K e p∞ = 0, 75 atm.

    DBDPUC-Rio - Certificação Digital Nº 0210228/CA

  • Estudo numérico da estabilização de ondas de detonação por rampas de comprimentofinito 67

    1

    1

    2

    2

    3

    3

    4

    4

    5

    5

    6

    67

    7

    8

    8 9

    9

    1010 11

    11

    1213

    15

    x (mm)

    y(m

    m)

    0 0.5 1 1.5 2 2.5 3 3.50

    0.5

    1

    1.5

    2

    2.5

    3

    3.5

    4

    Level OH

    18 0.04517 0.04216 0.04015 0.03714 0.03513 0.03212 0.03011 0.02710 0.0259 0.0228 0.0207 0.0176 0.0155 0.0124 0.0103 0.0072 0.0051 0.002

    1

    1

    2

    2

    3

    3

    45

    6

    6

    7

    7

    8

    8

    9

    9

    10

    1011

    1112

    12

    13

    13

    14

    14

    15

    1516

    16

    17

    17

    18

    x (mm)

    y(m

    m)

    0 0.5 1 1.5 2 2.5 3 3.50

    0.5

    1

    1.5

    2

    2.5

    3

    3.5

    4

    Level H2O

    18 0.2117 0.2016 0.1915 0.1814 0.1713 0.1612 0.1511 0.1410 0.139 0.128 0.107 0.096 0.085 0.074 0.063 0.052 0.031 0.01

    Figura 4.16: Contornos da fração de massa das espécies qúımicas OH e H2O,para δ = 40◦, M∞ = 8, T∞ = 300 K e p∞ = 0, 75 atm.

    DBDPUC-Rio - Certificação Digital Nº 0210228/CA

  • Estudo numérico da estabilização de ondas de detonação por rampas de comprimentofinito 68

    x (mm)

    y(m

    m)

    0 0.5 1 1.5 2 2.5 3 3.50

    0.5

    1

    1.5

    2

    2.5

    3

    3.5

    4

    0

    I

    II

    Figura 4.17: Contornos de pressão (atm) (preto) e fração de massa do OH(azul), para δ = 40◦, M∞ = 8, T∞ = 300 K e p∞ = 0, 75 atm.

    x (mm)

    y(m

    m)

    0.5 1 1.5 2 2.5

    0.5

    1

    1.5

    2

    2.5

    I

    II

    Figura 4.18: Zona ampliada da transição OCO/ODO, mostrando os con-tornos de pressão (atm) e fração de massa do OH (fig.4.17).

    DBDPUC-Rio - Certificação Digital Nº 0210228/CA

  • Estudo numérico da estabilização de ondas de detonação por rampas de comprimentofinito 69

    x (mm)

    y(m

    m)

    0 0.1 0.2 0.30

    0.1

    0.2

    0.3

    0.4

    Figura 4.19: Zona ampliada da transição OCO/ODO, mostrando os con-tornos de pressão (atm) e fração de massa do OH (fig.4.17).

    x (mm)

    RH

    O

    P

    OH T

    0 0.2 0.4 0.6 0.8 1 1.2 1.40.0005

    0.001

    0.0015

    0.002

    0.0025

    0.003

    0.0035

    0.004

    0.0045

    0

    5

    10

    15

    20

    25

    30

    35

    40

    45

    50

    0

    0.005

    0.01

    0.015

    0.02

    0.025

    0.03

    0.035

    0.04

    0.045

    250

    500

    750

    1000

    1250

    1500

    1750

    2000

    2250

    2500

    2750

    3000

    3250

    3500

    3750

    RHOPOHT

    Figura 4.20: Evolução de ρ (g/cm3), p (atm), OH e T (K) ao longo do linhade corrente 0 (fig. 4.17).

    DBDPUC-Rio - Certificação Digital Nº 0210228/CA

  • Estudo numérico da estabilização de ondas de detonação por rampas de comprimentofinito 70

    x (mm)

    RH

    O

    P

    OH T

    1.2 1.4 1.6 1.8 2 2.2 2.4 2.60.0005

    0.001

    0.0015

    0.002

    0.0025

    0.003

    0.0035

    0.004

    0.0045

    0

    5

    10

    15

    20

    25

    30

    35

    40

    45

    50

    0

    0.005

    0.01

    0.015

    0.02

    0.025

    0.03

    0.035

    0.04

    0.045

    250

    500

    750

    1000

    1250

    1500

    1750

    2000

    2250

    2500

    2750

    3000

    3250

    3500

    3750

    RHOPOHT

    Figura 4.21: Evolução de ρ (g/cm3), p (atm), OH e T (K) ao longo do linhade corrente I (fig. 4.17).

    x (mm)

    RH

    O

    P

    OH T

    1.2 1.4 1.6 1.8 2 2.2 2.4 2.60.0005

    0.001

    0.0015

    0.002

    0.0025

    0.003

    0.0035

    0.004

    0.0045

    0

    5

    10

    15

    20

    25

    30

    35

    40

    45

    50

    0

    0.005

    0.01

    0.015

    0.02

    0.025

    0.03

    0.035

    0.04

    0.045

    250

    500

    750

    1000

    1250

    1500

    1750

    2000

    2250

    2500

    2750

    3000

    3250

    3500

    3750

    RHOPOHT

    Figura 4.22: Evolução de ρ (g/cm3), p (atm), OH e T (K) ao longo do linhade corrente II (fig. 4.17).

    DBDPUC-Rio - Certificação Digital Nº 0210228/CA