218210 a etica protestante e o espirito do capitalismo

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    RESENHA:

    A TICA PROTESTANTE E O ESPRITO DO CAPITALISMO

    MAX WEBER

    NDICE

    INTRODUO

    Cincia e Cultura

    I.Arte

    A. Msica

    B. Arquitetura

    C. Imprensa

    II. Especialistas

    2. Estado

    3. Capitalismo

    4. Renda

    5. Ato de Economia "Capitalista"

    6. Tcnica e Capitalismo

    7. Direito e Capitalismo

    8. Caractersticas Peculiares do Racionalismo Ocidental

    9. Conexes da tica Econmica Moderna com a tica Racional doProtestantismo Asctico: Um dos Aspctos de Relao Causal

    I PARTE

    O PROBLEMA

    CAPTULO I

    Filiao Religiosa e Estratificao Social

    10. Problema Histrico

    11. Reforma

    12. Calvinismo

    13. Razo Econmica

    14. Ensino

    15. Racionalismo Econmico

    16. Antteses entre Catolicismo e Protestantismo

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    17. Catlicos e Protestantes

    18. O Calvinismo e a Reforma

    19. Velho Protestantismo

    CAPTULO II

    O Esprito do Capitalismo

    20. Esprito Capitalista

    21. A Histria e o Objeto

    22. Princpios de Franklin

    23. Benjamin Franklin

    24. Filosofia da Avareza

    25. Jacobo Fugger

    26. Utilitarismo

    27. Utilidade da Virtude

    28. Trabalho ou Negcio?

    29. O Senhor Capital

    30. Esprito Capitalista e Pr-Capitalista

    31. O "Tradicionalismo" e o Moderno Capitalismo

    32. Trabalho Qualificado (Intelectual)

    33. Formao Religiosa e Educao Econmica34. A "Satisfao das Necessidades" e o "Lucro" / "Tradicionalismo"

    35. Modificaes

    36. Novo Capitalismo

    37. Novos Empresrios

    38. Relao entre a Conduta Prtica e os Princpios Religiosos

    39. O "Tipo Ideal" de Empresrio Capitalista

    40. "Concepo de Mundo"

    41. Nominalismo

    42. Racionalismo Econmico

    CAPTULO III

    A Concepo de Vocao de Lutero

    Tarefa da Investigao

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    43. "Profisso" ou Vocao?

    44. Lutero e o Esprito do Capitalismo

    45. Lutero e a Vida Profissional

    46. Lutero e a Estrutura Social47. Tradicionalismo Econmico

    48. Trabalho Profissional e Idias Religiosas

    49. Tauler / Lutero

    50. Calvinistas, Catlicos e Luteranos

    51. Calvino e Seitas "Puritanas"

    52. Reforma e Capitalismo

    II PARTE

    A TICA VOCACIONAL DO PROTESTANTISMO ASCTICO

    CAPTULO IV

    Fundamentos Religiosos Do Ascetsmo Laico

    53. Ascetismo

    54. Representantes Histricos

    55. "Puritanismo" X Anglicanismo

    56. Conduta Moral57. Compndios Casusticos

    58. Moralidade Asctica e ticas No-Dogmticas

    A - Calvinismo

    59. Predestinao

    I.Captulo IX: Do livre arbtrio

    II. Captulo III: Do eterno decreto de Deus

    III.Captulo X: Da Vocao eficaz

    IV.Captulo V: Da Providncia

    60. Milton

    61 Padres da Igreja Luterana

    62. Calvinismo X Lutero e o Catolicismo

    63. Puritanismo

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    64. O Mundo

    65. A F

    66. A Religiosidade

    67. Vida Religiosa

    68. A tica Catlica69. A Igreja Catlica frente ao Homem

    70. A Graa Sacramental da Igreja Catlica

    71. O Destino do Calvinista

    72. A Sustentao do Homem

    73. Identidade entre Santo Incio e Calvino

    74. Metodizao da Vida

    75. Oposio entre Asceticismo Calvinista e Medieval

    76. Racionalismo do Antigo Testamento

    77. Consequncia da Metodizao

    B - Pietismo

    78. Predestinados

    79. A Inaugurao do Pietismo

    80. O Carter Histrico da Religiosidade

    81. Efeito Prtico dos Princpios Pietistas82. Representantes do Luteranismo Alemo

    I.Spencer

    II. Francke

    III. Zinzendorff

    83. Tese Caracterstica de Zinzendorff

    84. O Elemento Asctico Racional

    85. Idias Fundamentais do Pietismo

    86. A Evoluo do Pietismo

    C - Metodismo

    87. Afinidade com o Pietismo Alemo

    88. Metodismo X Pietismo Alemo

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    89. Metodismo X Calvinismo

    90. Afinidade entre o Metodismo e o Calvinismo

    91. As Obras

    92. Metodismo X Igreja Oficial

    93. A Concepo de Regenerao

    D - Seitas Batistas

    94. tica

    95. "Idolatria" e Religiosidade

    96. Regenerao

    97. Predestinao e o Carter da tica

    98. Movimento Batista e a Vida Profissional

    99. Moralidade

    100. "Tunker"

    101. Concepo Profissional Calvinista

    102. Interesses Profissionais Econmicos

    103. Efeitos do Calvinismo

    104. Mercantilismo

    105. Influncia da Idia Puritana sobre a Vida Econmica

    CAPTULO V

    A Ascese e o Esprito do Capitalismo

    106. Ascese

    107. Protestantismo e Atividade Econmica

    108. Richard Baxter

    109. Baxter e Calvino

    110. Relao entre Baxter e So Toms

    111. Racionalizao do Tempo

    112. Racionalizao da Conduta Sexual

    113. O Trabalho como Fim Absoluto na Vida

    114. Relao entre Baxter e So Toms quanto ao Trabalho

    115. Diviso do Trabalho

    116. Religiosidade, Interesse Econmico e Profissionalizao

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    I. Concepo Econmica

    II. Baxter

    117. Pragmatismo

    118. Mentalidade Judica e tica Econmica

    119. Burguesia Puritana120. Vida Capitalista

    121. Divertimentos Populares

    122. Supersties e Irracionalismo de comportamento

    123. Uniformizao e Capitalismo

    124. "Esprito do Capitalismo"

    125. "Agricultura Racional"

    126. O Moderno "Homem Econmico"

    127. Religio e Riqueza

    128. Razes Religiosas e Plenitude Econmica

    129. Empresrio Burgus, Trabalhador e a Mais-Valia

    130. Teoria dos Salrios Baixos: Teoria da "Produtividade"

    131. Zinzendorff, Seitas Batistas, Trabalho e Enriquecimento como

    Profisso

    132. O Esprito do Ascetismo Cristo

    133. Goethe

    134. A Realizao do Ascetismo

    135. Capitalismo Vitorioso136. Obra Inacabada de Weber, Ele Prprio No Refutaria Sua Tese

    SUMRIO

    137. Um Breve Relato

    UMA PEQUENA REFLEXO

    INTRODUO:

    1.Cincia e Cultura:

    ndia, China, Babilnia, Egito atravs de conhecimentos empricos

    pensaram sobre os problemas do mundo e da vida, filsofos

    racionalistas e telogos fizeram suas observaes, porm foi somente

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    no Ocidente a partir de determinados fenmenos culturais que pode-

    se sistematizar de forma pragmtica a Cincia. somente no Ocidente

    que existe uma cincia jurdica racional, contendo esquemas e

    categorias jurdicas do Direito romano e do Direito ocidental.

    I. Arte:

    A. Msica:

    O mesmo se d em relao a arte, no caso da msica, apesar dos

    povos terem muitos conhecimentos sobre a mesma, somente no

    Ocidente que a msica harmnica racional, onde a orquestra possui

    seu quarteto de cordas como ncleo da organizao de um conjunto de

    instrumentos, tendo como instrumentos bsicos: rgo, piano e violino.

    B. Arquitetura:

    Desde a antiguidade, na sia e no Oriente, o arco em ojiva foi

    usado como decorao, porm somente no Ocidente que se conhece

    a sua utilizao racional no sentido de distribuio de peso, como

    cobertura de espaos, bem como a utilizao em edifcios

    monumentais, abrangendo a escultura e a pintura pela utilizao

    racional de linhas e de perspectiva espacial e da luz.

    C. Imprensa:

    Na China havia a tipografia, mas s no Ocidente que existe uma

    literatura da impresso, como a de revistas e jornais.

    II.Especialistas:

    Na China e no Islo havia Ensino Superior bem semelhantes a

    Universidades e Academias do Ocidente, porm no havia o ensino

    sistematizado e racional no sentido de formar especialistas, bem como

    o funcionrio especializado, que de muita importncia para o Estado

    moderno e para a moderna economia europia. O funcionrio

    especializado fora do Ocidente no tem nenhuma importncia para a

    ordem social. A cultura ocidental rechassada por conter uma enorme

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    organizao de funcionrios especializados, desde tcnicos a jurdicos,

    como elementos vitais do funcionamento da vida social.

    2.Estado:

    O Estado estamental s existe na Europa e somente no Ocidenteexistem Parlamentos com "representantes do povo" eleitos, com

    demagogos e governo de lderes com ministros responsveis perante o

    parlamento. natural que no mundo existam "partidos" no sentido de

    organizaes que querem conquistar o mundo, ter poder. No ocidente,

    que existe o "Estado" como organizao poltica com uma

    "Constituio" racionalmente estabelecida, com um direito

    racionalmente instituido e uma administrao feita por funcionrios

    especializados. Leis fora do ocidente s existe de forma rudimentar,

    pois falta a combinao de elementos decisivos.

    3.Capitalismo:

    O capitalismo como poder mais importante da vida moderna

    busca o lucro, o enriquecimento. A tendncia para o enriquecimento,

    para a obteno do lucro cobiada por vrios membros da sociedade:

    mdicos, artistas, funcionrios corruptos, soldados, ladres e muitos

    mais. Em todas as pocas e em todos os lugares da Terra, em todas as

    circunstncias em que exista a possibilidade objetiva de ganhar, deobter lucro, esta tendncia para o enriquecimento mostra-se como uma

    constante.

    O Capitalismo o verdadeiro "esprito" da "ambio". O

    Capitalismo deveria se colocar como moderao racional do impulso

    irracional lucrativo, porm ele, na verdade, anda de mos dadas com a

    ganncia do trabalho incessante racional capitalista, a ganncia sempre

    renovada pela rentabilidade.

    4.Renda:

    Dentro da ordem capitalista de economia, o esforo prprio

    quando no direcionado no sentido de conseguir rentabilidade est

    condenado ao fracasso.

    5.Ato de Economia "Capitalista":

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    Coloca-se na espectativa de uma ganncia prpria de um jogo

    com probabilidade de troca, pacfica de lucro. Apesar de ser atual

    adquirir coisas por meios violentos, com leis prprias, no oportuno

    faz-lo, nem mesmo colocar na mesma categoria a atividade orientada

    para a troca.O que interessa assinalar que a atividade econmica consiste

    em um clculo de valor obtido para o modo de realizao. Nesse

    sentido, "Capitalismo" e "empresas capitalistas" (com racionalizao de

    clculo de capital) existem em todos os pases civilizados do mundo:

    China, ndia, Babilnia, Egito, Antigidade Helnica, Idade Mdia e

    Moderna. So economias em contnuo desenvolvimento, gerando

    empresas capitalistas, "indstrias" estveis. A empresa capitalista com

    seu empresrio so produto dos tempos mais remotos difundidos

    universalmente.

    No Ocidente, o Capitalismo tem uma importncia, formas,

    caractersticas e direes que no se tem em nenhum outro lugar. No

    mundo todo, existem pequenos e grandes comerciantes localizados e

    difundidos, negcios, bancos com vrias funes, consignaes e

    associaes. Sempre houve coorporaes pblicas, elas j haviam

    aparecido na Babilnia, Grcia, China, ndia, Roma e em muitos outros

    lugares, estas financiavam guerras e piratarias, para construes de

    todo tipo: a poltica ultramarina serviu de empresrio colonial, comocompradora e cultivadora de plantaes com trabalhadores escravos.

    O aventureiro capitalista desempenhava o papel de administrador

    das reparties e de impostos. Era o arrendatrio, o financiador

    partidrio, inclusive na guerra civil, "especulador" do lucro que nunca

    deixou de existir.

    No Ocidente, existe uma forma de capitalismo que no tem em

    nenhum outro lugar do mundo: a organizao racional-capitalista do

    trabalho formalmente livre. A moderna organizao racional do

    capitalismo europeu no seria possvel sem a interveno dos

    elementos determinantes de sua evoluo: a separao da economia

    domstica da indstria e a criao de uma contabilidade racional. A

    economia domstica contrria a economia ocidental. Fora do

    ocidente no existe organizao racional do trabalho, nem mesmo um

    socialismo racional.

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    Sempre houve "luta de classes" entre credores e devedores, entre

    latifundirios e despossudos, entre o servo da gleba e o senhor da

    terra, entre o comerciante e o consumidor; a luta tem caractersticas da

    Idade Mdia Ocidental entre os trabalhadores e os exploradores do

    trabalho, presente em todas as partes. Somente no Ocidente queocorre a nova oposio entre o grande empresrio e o operrio livre,

    por isso em nenhuma outra parte tenha sido possvel a ocorrncia do

    socialismo.

    No que diz respeito a cultura da histria universal, e do ponto de

    vista econmico o que mais interessa a origem do capitalismo

    industrial burgus com a sua organizao racional do trabalho livre, isto

    , a origem da burguesia ocidental com suas caractersticas prprias,

    pois tem uma relao intrnsica, isto , identifca-se com a origem da

    organizao capitalista do trabalho.

    6.Tcnica e Capitalismo:

    O capitalismo moderno influenciado pelos avanos da

    racionalidade tcnica, pelos clculos exatos; as cincias naturais e

    racionais com base na matemtica e na experimentao tiveram

    grande impulso motivadas pela tcnica e sua aplicao junto a

    economia propiciou progresso aos capitalistas, que o resultado

    econmico desejado pelo Ocidente.

    7. Direito e Capitalismo:

    O desenvolvimento do moderno capitalismo industrial comercial

    necessita do Direito e da administrao, com regras, para que haja uma

    indstria racional privada com capital fixo e clculo seguro. Somente no

    Ocidente possvel um Direito e uma administrao com perfeio

    formal tcnico-jurdica. Tal desenvolvimento s foi possvel por causa

    de um "racionalismo" especfico e

    peculiar da civilizao ocidental, pois processos de racionalizao

    podem se dar

    em todas as partes e esferas de vida.

    8.Caractersticas Peculiares do Racionalismo Ocidental:

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    Estas deram origem ao mesmo. O racionalismo econmico

    depende da tcnica e do Direito racional, bem como da capacidade e

    apitdo dos homens para determinados tipos de conduta racional. Os

    elementos mais importantes desta conduta encontam-se no passado,

    nos poderes mgicos e religiosos e na idia do dever tico. Este oponto central mais importante, isto , como os mesmos determinam

    uma "mentalidade econmica", um "ethos" econmico.

    9.Coneces da tica Econmica Moderna com a tica Racional

    do Protestantismo Asctico: Um dos Aspectos de Relao Causal:

    Muitas culturas encontram-se em oposio a civilizao ocidental,

    as coneces da tica religiosa so diversas entre as sociedades, cada

    pas com sua conduta prpria, tem suas influncias caractersticas, que

    s podem ser captadas se forem confrontadas atravs de uma

    investigao etnogrfica-folclrica.

    No aspecto antropolgico, somente no Ocidente que se tem

    determinados tipos de racionalizao, o fundamento para tal encontra-

    se em determinadas causas hereditrias, na herana biolgica. Todo

    trabalho sociolgico e histrico deve descobrir as influncias e

    coneces causais que expliquem as reaes s condies ambientais.

    I PARTE

    O PROBLEMA

    CAPTULO I

    Filiao Religiosa e Estratificao Social

    So aspectos reais que tem poderosa influncia na ordem

    externa, interessando o aspecto prtico da religio, isto , os

    proprietrios do capital, a mo-de-obra mais qualificada, principalmente

    os tecnicos, os especialistas das

    modernas emprsas serem protestantes.

    Tal considerao deve-se em parte a motivos histricos, que tem

    suas razes no passado, onde a filiao religiosa no parece ser a causa

    de fenmenos econmicos e sim uma consequncia dos mesmos.

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    A maioria das naes mais ricas se converteram no sculo XVI ao

    protestantismo, os efeitos desta converso beneficiaram os

    protestantes na luta econmica pela existncia.

    10.Problema Histrico:Por que eram estes e no outros que se mostraram predispostos

    para uma revoluo eclesistica? Possivelmente a ruptura com o

    tradicionalismo econmico pareceu ser no momento, favorvel para

    uma inclinao da luta contra uma tradio religiosa e que acabou por

    rebelar-se contra as autoridades tradicionais.

    11. Reforma:

    A Reforma no significava unicamente a eliminao do poder

    eclesistico sobre a vida, e sim a substituio de uma forma atual do

    mesmo por uma diferente, que interferisse de modo maior em todas as

    esferas da vida pblica e privada, regulando a conduta individual.

    Povos com economia moderna se submetem Igreja Catlica, "a

    qual castiga o herege mas que indulgente com o pecador". A forma

    mais insuportvel de controle eclesistico sobre a vida individual de

    domnio do calvinismo no sculo XVI e XVII em muitos pases.

    12. Calvinismo:Pases economicamente progressivos com classes mdias recm

    "burguesas" aceitaram essa tirania puritana at ento desconhecida,

    inclndo uma defesa de um herosmo de que a burguesia no havia

    dado prova at ento.

    13. Razo Econmica:

    A porcentagem de catlicos entre alunos e bacharis dos centros

    "superiores" so inferiores proporo demogrfica. Bacharis catlicos

    que se dedicam a preparao para estudos tcnicos e profissionais de

    tipo industrial e mercantil, em geral inferior ao de protestantes.

    14. Ensino:

    Os catlicos preferem formao do tipo humanista, tal fenmeno

    no se explica por uma causa econmica , pelo contrrio, tem que ser

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    levado em conta para explicar a menor participao dos catlicos na

    vida capitalista.

    O fato dos protestantes se lanarem mais que os catlicos para

    postos superiores em fbricas e na burocracia industrial porque existe

    uma relao causal entre a escolha de uma profisso e todo destinoanterior a vida profissional que havia sido determinado pela educao

    de uma aptido pessoal, em uma direo influenciada por uma

    atmosfera religiosa da ptria e do lugar.

    15. Racionalismo Econmico:

    Os protestantes mostram singular tendncia para o racionalismo

    econmico, tendncia esta no encontrada entre os catlicos. A razo

    de distinta conduta est numa determinada caracterstica pessoal

    permanente e somente em uma certa situao histrico-poltica.

    16. Antteses entre Catolicismo e Protestantismo:

    Os ideais do catolicismo vo em direo a educar seus fiis no

    sentido a indiferena para com os bens materiais, enquanto o

    protestantismo tem o "materialismo" como consequncia de uma

    laicizao.

    17. Catlicos e Protestantes: explicitado nesta obra que os protestantes colocam em xeque a

    abnegao dos catlicos, o que existe apenas uma suposta oposio

    entre os dois, na realidade esta oposio no ocorre, uma vez que

    ambos participam da atividade capitalista.

    18. O Calvinismo e a Reforma:

    A conjuno de uma educao asctica na juventude com a

    "virtude" capitalista no sentido dos negcios aliada a uma intensa

    religiosidade, esto em todos os atos da vida, constituindo grupos

    inteiros, seitas e igrejas mais importantes do calvinismo em qualquer

    lugar.

    Na poca da expanso da Reforma, nenhuma religio foi

    vinculada a uma classe social determinada, pois caracterstico,

    "tpico" por exemplo que nas igrejas francesas hugonotas, o maior

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    nmero de seus adptos eram formados por monjes e industriais

    (comerciantes, artesos), em toda poca da perseguio.

    Os espanhois sabiam que a "heresia" "favorecia o esprito

    comercial", estava de acordo com o crescimento capitalista nos Pases

    Baixos. Gothein qualifica a Dispora calvinista como o "viveiro daeconomia capitalista". Existe uma coneco religiosa da vida e o

    desenrolar intenso do esprito comercial.

    19.Velho Protestantismo:

    Lutero, Calvino e outros tem pouco a ver com o que se chama

    hoje de "progresso", uma vez que eram hostis a muitos aspectos da

    vida moderna da qual o propsito protestante atual no pode relegar. O

    parentesco entre o velho e o novo protestantismo no encontra-se nas

    manifestaes do esprito materialista, e sim nas suas caractersticas

    religiosas. Conforme Montesquieu, a contribuio que os ingleses

    deram ao mundo foram: a religio, o comrcio e a liberdade. Tal

    pensamento coincide com a superioridade da ordem industrial, sua

    aptido para a liberdade.

    CAPTULO I

    O Esprito do Capitalismo

    20.Esprito Capitalista:

    No uma definio, um conceito e sim um objeto que se

    investiga.. Este objeto a "individualidade histrica", um conjunto de

    conexes na realidade histrica, que se agrupa

    conceitualmente como um todo, desde o ponto de vista de

    sua significao cultural. Seu contedo se refere a um fenmeno cuja

    significao radica-se em sua peculiaridade individual. Tem que se levar

    em considerao os distintos elementos da realidade histrica, logo a

    definitiva determinao conceitual s pode se dar ao trmino da

    investigao.

    21. AHistria e o Objeto:

    uma essencial caracterstica de toda "formao de conceitos

    histricos", para seus fins metdicos, a articulao em coneces

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    genticas concretas, de ordem individual. No se pode definir o objeto

    de antemo, apenas pode-se ter uma antecipao, uma descrio

    provisional do mesmo, do "esprito do capitalismo", esprito este que

    carece de uma relao direta com o religioso, sendo assim, encontra-se

    "isento de suposies".

    22.Princpios de Franklin:

    - "Pensa que tempo dinheiro".

    - "Pensa que crdito dinheiro"

    - "Pensa que o dinheiro frtil e reprodutivo".

    "Pensa que, segundo este refro, um bom pagador dono da

    bolsa alheia".

    "Pontualidade e justia em todos os negcios faz progredir na

    vida".

    "As mais insiguinificantes aes podem influir sobre o crdito de

    um homem, por isto devem ser temidas por ele"

    "Procurar aparecer sempre como um homem cuidadoso e

    honrado, assim seu crdito aumentar".

    "No deve o homem ter grandes despesas, deve economizar para

    o futuro". .

    23.Benjamin Franklin:

    Escreve com peculiar estilo, o "esprito do capitalismo", mas suaobra no contm todo o entendimento sobre tal "esprito". Segundo

    Franklin, o homem tem "esprito capitalista", mas no sabe ganhar

    dinheiro.

    24.Filosofia da Avareza:

    o ideal do homem honrado dgno de crdito, e sobre tudo, a

    idia de uma obrigao por parte do indivduo frente a interesses,

    reconhecido como um fim em

    s, de aumentar seu capital. No se trata apenas de uma tcnica e sim

    de uma "tica" peculiar, no se trata simplesmente de ensinar a

    "prudncia nos negcios" trata-se de um "ethos" que expresso, e isto

    o mais importante a assinalar.

    25. Jacobo Fugger:

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    Segundo Fugger, ao se ganhar o bastante, era aconselhvel abrir

    negcio prprio deixando o caminho livre para que outros tivessem a

    mesma oportunidade. Seu parecer, e sua aspirao de ganho, o

    "esprito", eram completamente distintos da posio espiritual de

    Franklin, a qual se manifesta como consequncia de um espritocomercial atrevido e de uma inclinao pessoal de indiferena tica. O

    conceito deste "esprito do capitalismo" utilizado no moderno

    capitalismo europeu-ocidental e americano.

    26. Utilitarismo:

    Todas as mximas morais de Franklin foram disvirtuadas no

    sentido utilitarista: a moralidade til porque proporciona crdito, o

    mesmo ocorre com a pontualidade, a laboriosidade, a moderao, e so

    virtudes por causa disto, de onde se parte, que a aparncia dehonradez prestasse idntico servio, onde o suficiente seria um parecer

    honrado. Quando Franklin trata a "converso" virtudes, como

    modstia, no sentido dos proveitos que a mesma proporciona,

    beneficiando concretamente ao indivduo.

    O Utilitarismo se baseia na idia da aparncia da virtude, quando

    assim se consegue o mesmo efeito que com a prtica da virtude:

    consequncia esta inseparvel do mais estreito utilitarismo.

    27. Utilidade da Virtude:

    Franklin se refere a uma revelao divina, no sentido de haver

    descoberto a "utilidade" da virtude, desta maneira havia querido

    mostrar Deus a via virtuosa, declarando que aqui existe algo mais que

    a simples envoltura de mximas puramente egocntricas, por isto

    mesmo que nesta "tica" h aquisio de mais e mais dinheiro,

    evitando o gozo imoderado, como algo isento do ponto de vista

    utilitrio, como um fim em s, como algo transcendente frente a

    "felicidade" a utilidade do indivduo em particular.

    No se trata de ganncia para as satisfaes de necessiadades

    vitais

    materiais do homem, e sim o que este deve adquirir, por ser esta a

    finalidade de sua vida. Trata-se de uma "inverso" antinatural da

    relao entre o homem e o dinheiro, para o capitalismo, algo evidente

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    e natural e que ao mesmo tempo, contm uma srie de sentimentos em

    ntima conexo com idias religiosas.

    28. Trabalho ou Negcio?

    A ganncia do dinheiro quando se verifica legalmente, representa,dentro da ordem econmica moderna, o resultado da expresso da

    virtude do trabalho, e esta virtude, fcil reconhecer, constitui o cerne

    da moral de Franklin, tal como ele coloca em todos os seus trabalhos e

    exposies. a idia do dever profissional, de uma obrigao que o

    indivduo deve sentir e a sente dentro de sua atividade "profissional",

    utilizando a prpria fora de trabalho e "capital", esta idia

    caracterstica da "tica social" da civilizao capitalista.

    29. O Senhor Capital: o capitalismo, educa e cria pela via da seleo econmica os

    sujeitos (empresrios e trabalhadores) que necessita. Esta seleo

    explica os fenmenos histricos. Esta idia nasceu em grupos de

    homens. Para o materialismo histrico ingnuo, as "idias" so

    "reflexos", "superestruturas" de situaes econmicas na vida. Porm

    deve-se recordar que o "esprito capitalista" j existia antes do

    "desenrolar do capitalismo".

    Na Antiguidade e na Idade Mdia, uma mentalidade como a queexpressa nos escritos de Franklin, haveria sido proscrita como

    expresso de impura avareza, de sentimentos indgnos, como tambm

    haveria de s-lo em todos os grupos no integrados na economia

    especificamente capitalista ou que no sabem se adaptar a ela.

    30. Esprito Capitalista e Pr-Capitalista:

    A diferena no est no grau de desenvolvimento do impulso de

    ganhar dinheiro e sim na submisso sem reservas, a um impulso

    incontrolado. A aquisio capitalista aventureira sempre foi natural em

    todas as sociedades econmicas que praticassem o comrcio

    monetrio, contendo uma tica desvalorizada. Mesmo diante do colapso

    da tradio a falta de tica no foi encorajada, simplesmente tida

    como desagradvel, como fato dado e infelizmente inevitvel. Tal

    reserva era exposta nos tempos pr-capitalistas, onde a utilizao

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    racional do capital e trabalho no haviam constitudo-se em foras

    dominantes da atividade econmica.

    O capitalismo no pode utilizar como trabalhador o representante

    prtico do liberalismo arbitrrio indisciplinado, assim como no pode

    usar ( como ensinava Franklin) o homem de negcios que no sabeguardar a aparncia de escrupolosidade.

    31. O "Tradicionalismo" e o Moderno Capitalismo:

    O "esprito" do capitalismo repousa no sentido de um novo estilo

    de vida sujeito a certas normas, submetido a uma "tica" determinada.

    No sentido do salrio desejado, tem-se que os salrios no aumentaram

    em relao aos rendimentos dos empresrios, pelo contrrio,

    diminuram por conta da ganncia extraordinria dos mesmos.

    O "tradicionalismo" expresso na conduta de que o homem quer

    "por natureza" no ganhar mais e mais, seno viver pura e

    simplesmente, como sempre tem vivido, e ganhar o necessrio para

    seguir vivendo.

    O moderno capitalismo tem a intenso de acrescentar a

    "produtividade" do trabalho humano aumentando sua intensidade, no

    sentido de obteno de lucro. Aumentando a jornada de trabalho,

    rebaixando os salrios para forar os trabalhadores a trabalhar mais

    que o devido para que os empresrios continuem a obter seu lucro.Assim existe uma correlao entre o baixo nvel de salrios e o aumento

    da ganncia do empresrio.

    O capitalismo tem como premissa bsica que os salrios inferiores

    so "produtivos", uma vez que aumentam o rendimento dos

    trabalhadores, tal pensamento encontra-se de acordo com o antigo

    calvinismo, o povo s trabalha demasiado porque pobre.

    Salrio inferior no idntico a trabalho barato. Seguindo neste

    ponto de vista, o rendimento do trabalhador deca quando o salrio no

    basta para satisfazer suas necessidades fisiolgicas.

    32.Trabalho Qualificado (Intelectual):

    Dentro do ponto de vista comercial, o salrio baixo como base de

    desenvolvimento capitalista fracassa sempre quando se trata de

    conseguir produtos

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    que exijam um trabalho qualificado (intelectual), neste caso o salrio

    baixo no

    rentvel e causa efeitos contrrios aos pretendidos, assim sendo

    necessrio levar em considerao a eterna questo de combinar a

    ganncia costumeira com o mximo de comodidade e o mnimo derendimento, e ainda mais, a prtica do trabalho como um fim absoluto,

    como "profisso".

    Esta mentalidade produto de um processo educativo. Para o

    capitalismo hoje fcil recrutar trabalhadores em todos pases

    industriais e , dentro de cada pas, em todas as esferas da industria,

    porm no passado, o problema era difcil em cada caso.

    33. Formao Religiosa e Educao Econmica:

    Quando as pessoas possuem uma especfica formao religiosa,

    principalmente aquelas decorrentes da doutrina na predestinao so

    mais favorveis a uma educao econmica, se sentem mais

    "obrigadas" ao trabalho, no sentido econmico, da ganncia, em sua

    quantia, como tambm possuem um astero domnio sobre s, uma

    moderao que aumenta sensivelmente a capacidade do rendimento do

    trabalho.

    Deste forma fica provado que possvel considerar o trabalho

    como um fim em s, como "profisso", que o exigido pelo capitalismo,logo possvel superar a parsimnia tradicionalista. Atravs do

    capitalismo atual, e de indagaes possvel observar pocas distintas

    da formao do mesmo e fazer coneces da capacidade capitalista de

    adaptao com os fatores religiosos.

    34. A "Satisfao das Necessidades" e o "Lucro" /

    "Tradicionalismo".

    O que Sombart chama de sistema da economia de "satisfao

    das necessidades" coincide com o que se chama de "tradicionalismo".

    Precisamente quando se compara conceitos "necessidade" e

    "necessidade tradicional". O que ele chama de "capitalismo" no se

    encontra na esfera das economias "aquisitivas", entra no mbito das

    "economias de satisfao de necessidades".

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    Neste sentido, a expresso "esprito do capitalismo (moderno)"

    designa uma mentalidade que aspira obter um lucro propiciando

    sistematicamente uma profisso, uma ganncia racionalmente legtima

    como que exposto por Franklin, por isto que tal mentalidade tem

    encontrado sua realizao na moderna empresa capitalista, ao mesmotempo, que esta pode reconhecer o mais adequado impulso espiritual.

    No sculo XVI ocorriam tipos de atividade econmica como as

    grandes exportaes que s poderiam se dar na "forma" de empresa

    capitalista, mas

    possvel que o "esprito" que animou sua direo fosse de um estreito

    tradicionalismo; tanto nos negcios, como os grandes bancos de

    emisso no poderiam ser dirigidos de outro modo; o grande comrcio

    ultramarino durante vrias pocas se apoiou em uma base de

    monoplios, regulamentaes de carter rigorosamente tradicionalista.

    Os comrcios que necessitam de ajuda do Estado, esto em marcha de

    mudanas, pondo fim ao tradicionalismo, acabando com as formas do

    antigo sistema de trabalho domstico.

    No passado, a ganncia era razovel, a suficiente para se viver

    decentemente e, capaz de contribuir para a formao de um pequeno

    capital, no geral, os concorrentes davam-se bem entre s, pela grande

    coincidncia nos princpios do negcio; visitavam-se, bebiam juntos,

    enfim, tinham um rtmo moderado de vida.Era uma economia "tradicionalista" , se considerar o esprito que

    animava os empresrios: o gnero tradicional de vida, a ganncia

    tradicional, a medida tradicional do trabalho, o modo tradicional de

    levar o negcio, a relao com os trabalhadores, a clientela tradicional e

    o modo tradicional de tratar com a mesma, de efetuar transaes. Este

    tradicionalismo dominava a prtica do negcio e pode-se dizer que

    constituia a base de um "ethos" deste tipo de empresrio.

    35. Modificaes:

    Este bem-estar foi pertubado, se bem que no produziu uma

    variao fundamental na forma de organizao. Tratva-se de

    adaptao as novas necessidades e desejos dos compradores, uma

    "acomodao ao gosto" de cada um, comeou-se a colocar em prtica

    o princpio: "preo barato, grande consumo".

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    Desta forma teria incio o processo de "racionalizao", o incio da

    luta spera entre os concorrentes, constituio de patrimnios

    considerveis, que no eram simplesmente fontes de renda, mas sim

    voltado para negcios; a vida pacfica deu lugar a uma austera

    sobriedade, onde havia a preocupao em no gastar para enriquecer.O mais interessante que no era a influncia do dinheiro novo que

    provocava esta revoluo, era o novo esprito, o "esprito do

    capitalismo" que havia se introduzido.

    36. Novo Capitalismo:

    Quando este desperta e se impe, cria as possibilidades que lhe

    servem de meio de ao. Porm este novo esprito no se introduz de

    modo pacfico. Desconfiana, dio, indignao moral envolveu os

    primeiros inovadores.

    Este "novo estilo" fazia com que o empresrio devesse manter

    domnio sobre s, e para salvar-se do naufrgio moral e econmico

    deveria ter extraordinria firmeza de carter; e alm de sua clara viso

    e de sua capacidade para a ao, este deveria possuir qualidades

    "ticas" claras para ganhar a confiana indispensvel da clientela e dos

    trabalhadores, devendo ter alm disto fora suficiente para vencer as

    inmeras resistncias que ele haveria de se chocar em todos os

    momentos.E sobre tudo isto este homem deveria ter extraordinria

    capacidade para o trabalho que se faz necessrio para um empresrio

    desta natureza, o que incompatvel com uma vida de prazeres. Este

    novo esprito encarna qualidades ticas especficas, de natureza distinta

    as que se adaptam ao tradicionalismo dos tempos passados.

    37. Novos Empresrios:

    No eram especuladores, e sim escrupulosos, de natureza

    prpria, especfica para a aventura econmica, no eram endinheirados

    que criaram este novo estilo de vida retrado, porm sendo assim

    possibilitavam o desenvolvimento da economia. Eram homens

    educados na dura escola da vida, prudentes e fortes, sobrios e

    perseverantes, entregues ao trabalho com devoo, com concepes e

    "princpios" rigidamente burgueses.

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    38. Relao entre a Conduta Prtica e os Princpios Religiosos:

    Muitos acreditam que qualidades morais pessoais no tem nada a

    ver com determinadas mximas ticas, com pensamentos religiosos, e

    que portanto, o fundamento prprio do sentido mercantilista da vida de carter negativo, e quando relacionados tambm de carter

    negativo.

    39. O "Tipo Ideal" de Empresrio Capitalista:

    Nada tem haver com ostentao grosseira ou refinada, evita o

    gzo de seu

    poder, embaraa-se quando reconhecido socialmente. A regra antes

    de tudo ser modesto, antes que ser reservado. Sua riqueza no para

    s, existindo somente a sensasso irracional de haver "cumprido"apropriadamente sua obrigao.

    Atualmente, com nossas instituies polticas, civis e comerciais,

    com as

    atuais formas da indstria e a estrutura prpria de nossa economia,

    este "esprito" do capitalismo poderia explicar-se, como produto de

    adaptao. A ordem econmica capitalista necessita esta entrega a

    "profisso" de enriquecer, uma espcie de comportamento perante

    aos bens externos, adequado a estrutura, ligado a condies de triunfona luta econmica pela existncia, no possvel hoje se falar que

    exista uma conexo necessria entre esse comportamento prtico e

    uma determinada "concepo unitria do mundo".

    40. "Concepo de Mundo":

    determinada pela situao dos interesses poltico-comerciais e

    poltico-sociais. Quem no adapta sua conduta prtica a condies do

    xito capitalista, no consegue enriquecer. Assim como s foi possvel o

    rompimento com as formas de constituio econmica medieval

    apoiando-se no poder do Estado moderno, o mesmo pode ocorrer em

    relao aos poderes religiosos.

    41. Nominalismo:

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    Alguns moralistas , da escola nominalista, aceitaram como dadas

    as formas implantadas da vida capitalista, tratando de mostrar sua

    licitude, sobre a necessidade do comrcio, mas provando que a

    "indstria" desenvolvida constitua uma frente legtima de ganncia,

    eticamente irreprovvel, e ao mesmo tempo, falaram da doutrinadominante considerando como lucro inevitvel o "esprito" do proveito

    capitalista, o qual no podiam valoriz-lo do ponto de vista tico. Desta

    forma, segundo eles, torna-se impossvel uma doutrina "tica" como a

    de B. Franklin.

    42. Racionalismo Econmico:

    o motivo fundamental da moderna econmia. Conforme

    Sombart, um crescimento da produtividade do trabalho que visa

    romper os estreitos limites "orgnicos" naturalmente dados da pessoahumana, quando submetido todo o

    processo da produo a pontos de vista cientficos. Este processo de

    racionalizao na esfera da tcnica e da econmia influ sobre o "ideal

    de vida" da moderna sociedade burguesa.

    A idia de que o trabalho est a servio de uma racionalizao de

    bens materiais para prover a humanidade, tem estado sempre presente

    na mente dos representantes do "esprito capitalista" como um dos fins

    que tem marcado diretrizes a sua atividade.Conforme Franklin escreveu, o racionalismo econmico se d

    quando o moderno empresrio, com uma alegria vital, de cunho

    "idealista" , proporcionada pela satisfao do orgulho de "haver dado

    trabalho" a muitos homens e de ter contribudo para o "florescimento"

    econmico de sua cidade, no sentido sensitrio e comercial v tal feito

    como uma das mais importantes finalidades de sua vida profissional.

    Uma das propriedades da econmia privada capitalista tambm

    estar racionalizada sobre a base do mais estreito clculo, estar

    ordenada com planejamento e austeridade, no sentido do xito

    econmico aspirado, em oposio ao estilo de vida do campesinato, e

    do "capitalismo aventureiro", que atende mais ao xito poltico e a

    especulao irracional.

    CAPTULO II

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    A Concepo de Vocao de Lutero

    Tarefa da Investigao

    43. "Profisso " ou Vocao?

    A palavra "profisso" atravs de distintas lnguas carrega a idiade uma misso imposta por Deus, no demorou para que todos os

    povos protestantes adotassem seu significado atual, no sentido de

    vocao, "dever", "ofcio", no sentido puramente profano.

    No somente no sentido literal, mas tambm como idia

    nova,

    produto da Reforma. Nem na Antiguidade, nem na Idade Mdia a idia

    do trabalho implicava na idia de uma profisso, novo seu contedo

    de conduta moral, como sentimento de um dever no cumprimento da

    tarefa profissional no mundo. Como consequncia, o sentido sagrado

    do trabalho que engendrou o conceito tico-religioso de profisso.

    Em Lutero, esta idia se desenrola durante os primeiros dez anos

    de sua atividade reformadora. Em princpio, seguindo a tradio

    medieval representada

    por So Toms de Aquino, estimava que o trabalho no mundo, quando

    desejado por Deus, pertence a ordem da matria sendo como um

    fundamento natural indispensvel da vida religiosa, no suceptvel de

    valorao tica.Segundo Lutero, evidente que somente a vida contemplativa

    carece de valor para justificar-se perante Deus, sendo produto de

    desamor egosta, por isso necessrio submeter-se ao cumprimento

    de deveres que precisa-se cumprir no mundo. Surge assim a idia do

    trabalho profissional como manifestao palpvel de amor ao prximo,

    onde o cumprimento das tarefas o nico caminho para satisfazer a

    Deus, e isto ocorre porque assim Deus quer, e que portanto, toda a

    profisso lcita possue diante de Deus o mesmo valor.

    44. Lutero e o Esprito do Capitalismo:

    No existe afinidade ntima entre os dois. Os crculos eclesisticos

    que fizeram parte da Reforma, no so de modo algum amigos do

    capitalismo, em nenhum sentido. Ele era contra a usura e os juros. O

    efeito da Reforma, em contraste com a concepo catlica, foi

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    aumentar a nfase moral e o prmio religioso para o trabalho secular e

    profissional.

    O posterior desenvolvimento da concepo de vocao, passou a

    depender do desenvolvimento da religiosidade, que da para frente foi

    se dividindo nas vrias igrejas reformadas. A autoridade da Bblia, daqual Lutero acreditava retirar a autoridade de sua concepo de

    vocao, favorecia em seu todo uma interpretao tradicionalista.

    A aspirao para acumular bens materiais em medida superior a

    prpria necessidade, manisfesta um estado de graa insuficiente,

    condenvel, e s pode ter realizao as custas dos outros.

    45. Lutero e a Vida Profissional:

    Lutero estima o trabalho profissional, a medida que se engendra

    nas disputas e nos negcios deste mundo. O exerccio de uma

    determinada profisso constitui um mandamento que Deus dirige a

    cada um, obrigando a permanecer na situao em que se encontre

    colocado pela divina providncia.

    46. Lutero e a Estrutura Social:

    Este tipo de conceito de estrutura social tpico da Idade Mdia,

    uma concepo tradicionalista anloga a idia de "destino"; cada qual

    deve permanecer na profisso no estado em que seja colocado porDeus de uma vez para sempre e conter dentro destes limites todas as

    aspiraes e esforos deste mundo.

    47. Tradicionalismo Econmico:

    resultado dessa estrutura social, que em princpio era resultado

    de uma indiferena, e que mais tarde passou a ser fruto da crena cada

    vez mais forte na predestinao, que identifica a obedincia

    incondicional aos preceitos divinos, e a incondicional resignao como

    posto em que cada qual se encontra situado no mundo.

    48. Trabalho Profissional e Idias Religiosas:

    Lutero baseou-se em princpios novos fundamentais para a

    vinculao do trabalho profissional com as idias religiosas. A pureza

    da doutrina, como o nico critrio infalvel de sua Igreja, afirmada por

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    ele, cada vez mais rgidamente depois de vinte anos de luta, constitua

    em s mesma um obstculo para desenvolver pontos de vista novos no

    terreno tico. Desse modo, o conceito de profisso manteve todavia em

    Lutero um carter tradicionalista.

    49. Tauler / Lutero:

    A tica religiosa medieval traz a idia de profisso no sentido

    luterano. Assim como Lutero, Tauler valorizava as profisses

    intelectuais e profanas e, em geral estimava menos as formas

    tradicionais do trabalho asctico, e consequentemente no gostava do

    valor exclusivo reconhecido da recepo esttico-contemplativa do

    esprito divino pela alma.

    50. Calvinistas, Catlicos e Luteranos:

    A reforma seria inimaginvel sem a evoluo personalssima de

    Lutero e a prpria personalidade deste que deu um selo permanente;

    porm sua obra no seria duradoura sem o calvinismo. Por esta razo

    que os catlicos e luteranos aborreciam-se igualmente com o

    calvinismo, a raiz est em sua tica. A relao entre a vida religiosa e

    as obras deste mundo do tipo essencialmente distinto entre

    calvinistas, catlicos e luteranos. Tal aspecto aparece incluso na

    literatura religiosa.

    51. Calvino e Seitas "Puritanas":

    Quando se investiga as relaes entre a antiga tica protestante e

    a evoluo do esprito capitalista parte-se das criaes de Calvino, do

    calvinismo e de outras seitas "puritanas", no pretende-se afirmar que

    os fundadores, representantes destas se encontrem no despertar do

    que se chama "esprito do capitalismo", como finalidade de seus

    trabalhos e atividades vitais.

    Nenhum deles considerava a aspirao aos bens terrenos como

    um valor tico, como um fim em s. Nenhum dos reformadores deu

    importncia primordial aos programas de reforma moral, no eram

    fundadores de associaes de cultura tica nem representavam

    aspiraes humanitrias de reforma social e de ideais de cultura.

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    A salvao da alma e s isto era o desejo de Calvino, desejo de

    sua vida e sua ao. Suas aspiraes ticas e os efeitos prticos de sua

    doutrina tinham uma finalidade primordial e eram meras consequncias

    de princpios exclusivamente religiosos. Por isto os efeitos da Reforma

    na ordem da civilizao, por preponderantes que se queira considerar,eram consequncias imprevistas e espontneas do trabalho dos

    reformadores desviadas e diretamente contrrias a que eles pensavam

    e se propunham.

    52. Reforma e Capitalismo:

    Para que fosse possvel a sobrevivncia da novas Igrejas criadas,

    evidente que deveria cooperar incontveis condies histricas, que

    no se engajam em nenhuma "lei econmica", e so radicalmente

    insuceptveis de ser consideradas do

    ponto de vista econmico; e sobre tudo influnciariam politicamente.

    Seria

    igualmente absurdo defender teses doutrinrias segundo a qual o

    "esprito capitalista" s poderia ter nascido por influncia da Reforma,

    como que o capitalismo fosse um produto da mesma.

    Em primeiro lugar, existem formas importantes de econmia

    capitalista que so notoriamente anteriores a Reforma, e isto desmente

    as teses pretendidas. importante assinalar a existncia de influnciasreligiosas na expanso quantitativa daquele "esprito" sobre o mundo, e

    que aspectos concretos da civilizao capitalista se devem a elas.

    Dada a variedade de recprocas influncias entre os fundamentos

    materiais, as formas de organizao poltico-social e o contedo

    espiritual das distintas pocas da Reforma, a investigao h de

    concretizar-se a fim de estabelecer se haviam existido e em que pontos,

    "afinidades eletivas" entre certas modalidades da f religiosa e a tica

    profissional.

    II PARTE

    A tica Vocacional Do Protestantismo Asctico

    CAPTULO IV

    Fundamentos Religiosos Do Ascetismo Laico

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    53.Ascetismo:

    Conjunto de prticas de abstinncia com fins espirituais ou

    religiosos.

    54. Representantes Histricos:Os representantes histricos do protestantismo asctico so

    fundamentalmente quatro: Calvinismo, Pietismo, Metodismo e as seitas

    que derivam do movimento Batista.

    O Metodismo nasceu dentro da Igreja oficial anglicana e depois se

    separou da mesma. O Pietismo veio do Calvinismo ingls e

    singurlamente do holands, mais tarde se incorporou ao Luteranismo

    por razes dogmticas, e mais tarde se converteu no Metodismo contra

    sua vontade.

    55. "Puritanismo" X Anglicanismo:

    A massa de seguidores, como os defensores do movimento

    asctico, que em seu sentido mais amplo foi definido como

    "puritanismo" atacaram os fundamentos do Anglicanismo. A oposio

    dava-se principalmente pelas diferenas dogmticas relativas a

    justificao e a predestinao, mesclando-se nas mais variadas

    combinaes e de ordinrio, impediam no comeo do sculo XVII a

    manuteno de uma comunidade eclesistica.

    56. Conduta moral:

    As manifestaes mais importantes da conduta moral encontram-

    se ao mesmo tempo em todas as seitas surgidas de uma ou da

    combinao de vrias assinaladas anteriormente. As mesmas mximas

    morais, podem apoiar-se em fundamentos dogmticos diferentes.

    57. Compndios Casusticos:

    Eram escritos que constituam uma preciosa ajuda para a cura das

    almas. Em relao a esses, haviam grandes semelhanas entre

    distintas seitas, porm diferiam notoriamente no modo de comportar-se

    na vida.

    58. Moralidade Asctica e ticas No-Dogmticas:

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    Razes dogmticas da moralidade asctica, to distintas entre s

    deixaram de existir depois de srias lutas, porm a conexo com esses

    dogmas deixou a posteriori traos nas ticas no-dogmticas, alm

    disso, o conhecimento original de idias pode clarear a conexo desta

    moralidade com a idia do Alm que estava presente entre os homensespirituais da poca.

    Sem o poder onipotente no poderia realizar-se nehuma moral,

    isto , no seria possvel revoluo tica alguma de modo a influir na

    vida. O homem daquele tempo meditava sobre dogmas aparentemente

    abstratos numa medida somente compreensvel quando se descobre

    sua conexo com interesses prticos da religiosidade.

    A - Calvinismo

    uma idia religiosa, que foi determinante de muitas lutas em

    torno da religio e da cultura nos pases civilizados mais progressivos

    do ponto de vista do capitalismo (Pases Baixos, Inglaterra e Frana)

    durante os sculos XVI e XVII. Seu dogma caracterstico a

    "predestinao", o dogma mais "essencial" da Igreja reformada.

    59. Predestinao:

    I. Captulo IX: Do livre arbtrio:

    Quando o homem ca em pecado, perde a capacidade de

    encaminhar-se ao bem espiritual e a salvao, de modo que afastado

    do bem e morto no pecado, no capaz de converter-se e nem de

    preparar-se.

    II. Captulo III: Do eterno decreto de Deus:

    Para revelar sua magestade, Deus por seu decreto destinou

    (predestinou) a uns homens a vida eterna e setenciou a outros a eterna

    morte. Aos que esto destinados vida tem sido eleitos em Cristo para

    a glria eterna por Deus, antes da criao, por seu desgnio eterno e

    imutvel, por seu decreto secreto e o arbtrio de sua vontade, por livre

    amor e graa, tudo prmio de sua graa soberana. Conforme a

    vontade de Deus, aos restantes mortais, seguindo o desgnio de sua

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    vontade, ele distribu e se reserva o direito de negar, condena-os a

    desonra e ira por seu pecado para a honra de seu ilimitado poder

    sobre as criaturas.

    III. Captulo X: Da vocao eficaz: do agrado de Deus chamar por sua palavra e seu esprito a

    todos aqueles a quem destinou a vida, e somente a estes, no tempo

    conveniente e determinado por ele, tirando-lhes seus coraes de

    pedra e dando-lhes um corao de carne, renovando suas vontades e

    decidindo-lhes, por sua firmeza onipotente, a optar pelo que bom.

    IV. Captulo V: Da Providncia:

    No que diz respeito aos homens maus e impuros, aos que Deus

    como juz justo, ele os afasta de sua graa, e por vezes lhes tira os dons

    que tinham e os pem em relao aos objetos de suas corrupes na

    ocasio de pecado, entregando-lhes aos seus prprios prazeres, as

    tentaes do mundo e ao poder de Satans, de onde sucede que se

    endurecem e pelos mesmos meios se serve Deus para abrandar aos

    outros.

    60. Milton:

    Sua opinio sobre a doutrina: "Mesmo que possa ser mandadopara o inferno por isto, tal vontade divina nunca receber meu

    respeito". Ele ainda dizia no Paraso Perdido: "Antes reinar no Inferno,

    do que servir no Paraso".

    61. Padres da Igreja Luterana:

    Era dogma que a graa podia perder-se, mas poderia-se recuper-

    la por meio da humildade e do arrependimento, a confiana crescente

    na palavra de Deus e nos sacramentos.

    62. Calvino X Lutero e o Catolicismo:

    Ao contrrio de Lutero, a direo de seu pensamento lgico est

    em seus interesses religiosos, orientado somente Deus e no aos

    homens, para ele somente um pequeno nmero de homens chamado

    a salvar-se. Deus livre e sua deciso no est submetida a lei alguma.

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    O destino dos homens a Deus pertence, para alm do

    entendimento humano, os condenados, ou os excomulgados podiam

    pertencer a Igreja, mas somente no sentido de submeter-se sua

    disciplina, para a glria de Deus, mas no podiam salvar-se. Neste

    sentido existia a eliminao da salvao atravs da Igreja e dossacramentos, esta era a diferena central entre o calvinismo e o

    catolicismo..

    63. Puritanismo:

    Rejeitava cerimnias religiosas ou rituais na hora da morte, para

    no ser reestabelecida supersties em foras de salvao mgicas. O

    indivduo vive uma solido interna, que leva a atitude negativa do

    puritanismo onde a cultura e a religiosidade so inteis para salvao

    propiciando um individualismo pessimista, onde nem mesmo se

    concebe a existncia de uma possvel amizade entre os homens,

    devendo-se desconfiar de tudo e de todos, apenas ter Deus como

    confidente, levando ao desaparecimento da confisso e

    consequentemente ao isolamento espiritual.

    64. O Mundo:

    Existe apenas para a glorificao de Deus, o homem est inserido

    no mundo para aumentar a glria de Deus, as obras sociais destinadasa Deus, aparecem como vocaes, sob a forma de "amor ao prximo",

    objetivo, imparcial, intelectualizado, representando um valor tico

    diante do cosmos.

    65. A F:

    Cada homem a princpio escolhido por Deus, desta forma

    combate todas as dvidas e ao demnio, sua autoconfiana resulta de

    sua f que fortalece a dedicao na luta diria pela vida dinamizando o

    mercado capitalista atravs de uma incessante atividade profissional.

    66. A Religiosidade:

    o mais firme apoio a realidade, contribundo indiretamente para

    a racionalizao da conduta prtica.

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    67. Vida Religiosa:

    Em Lutero tende para o misticismo e para a emotividade, em

    Calvino para a ao asctica, onde o estado de graa tem haver com

    resultados objetivos, de obras realizadas por conta de uma conduta

    eficaz constante, significando que Deus ajuda a quem se ajuda a smesmo. O calvinista cr por s mesmo a sua prpria salvao,

    assegurando a s mesmo, consistindo num sistemtico auto-controle,

    cada dia encontra-se ante a alternativa: eleito ou condenado?

    68. A tica Catlica:

    Na Idade Mdia, era a "tica da inteno", onde o valor de cada

    ao decidia sua concreta inteno, e cada ao boa ou m, era

    imputada a seu autor, influenciando sobre seu destino temporal e

    eterno.

    69. A Igreja Catlica Frente ao Homem:

    Seu pensamento tinha critrio realista, que o homem no

    constituia em absoluto uma unidade determinada e valorosa dentro de

    um nico ponto de vista, seno que, normalmente, a conduta humana

    algo contraditrio, por influncia de motivaes opostas. Mesmo assim

    a Igreja exigia do homem uma radical mudana de vida e quando este

    homem no correspondia ao ideal, a mesma atravs de seu poder eeducao aplicava o instrumento do sacramento da penitncia.

    70. A Graa Sacramental da Igreja Catlica:

    Estava a disposio do catlico como meio de compensar sua

    prpria insuficincia: O sacredote era um mago que fazia milagres, que

    tinha em suas mos a chave do perdo, poda-se pedir ajuda a ele com

    humildade e arrependimento, e ele administrava penitncias e

    outorgava esperanas de graa, segurana de perdo e garantia a

    emancipao da terrvel angstia.

    71. O Destino do Calvinista:

    Era inexorvel, nada podia redim-lo, no haviam conselhos

    amistosos e humanos e de forma alguma existia reparao por meio de

    boas obras das horas de debilidade e leviandade. As boas obras para o

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    calvinista encontrava-se em sua "santidade", no havia oscilao entre

    o pecado, o arrependimento, a penitncia, no existia um

    estabelecimento de um saldo expiatrio por penas temporais e

    canceladas por meios eclesisticos da graa.

    72. A Sustentao do Homem:

    O que sustenta o homem uma planificao e uma metodizao,

    uma transformao no sentido da vida em cada hora e em cada ao. A

    vida do "santo" se encaminha para uma nica finalidade: a salvao,

    por isso que na vida tudo racionalizado e dominado pela idia

    exclusiva de aumentar a glria de Deus. Somente uma vida

    guiada por uma constante reflexo pode ser considerada como

    superao do status natural. Esta racionalizao propiciou o carter

    asctico e ao mesmo tempo, constitui a razo de sua ntima

    semelhana e de sua especfica oposico ao catolicismo, ao qual,

    naturalmente, no era estranha uma atitude semelhante.

    73. Identidade entre Santo Incio e Calvino:

    Ativo domnio de s mesmo, reservado auto-controle, educao no

    sentido de levar uma vida alerta, clara e consciente, onde a tarefa

    principal repousava em se terminar com a despreocupao e com a

    espontaneidade vital.

    74. Metodizao da Vida:

    a base do poder liberador do asceticismo, explica a maior

    capacidade do calvinismo frente ao luteranismo, no sentido de

    assegurar a consistncia da Igreja reformada como eclesistica

    militante.

    75. Oposio entre Asceticismo Calvinista e Medieval:

    Radica-se na transformao do asceticismo sobrenatural em uma

    atividade "profana", terrena. A ordem terceira de So Francisco, por

    exemplo, era um potente ensaio de penetrao asctica na prtica

    cotidiana da vida, diferentemente da Idade Mdia, onde o monge era

    separado do mundo, das relaes sociais. A Reforma veio converter

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    cada cristo a monge por toda a sua vida, atravs da comprovao da

    f na vida profissional.

    Os espritos mais religiosos receberam impulso decisivo que os

    orientavam na prtica do asceticismo, ao mesmo tempo, a

    fundamentao da tica profissional na doutrina da predestinao fezsurgir no lugar da aristocracia espiritual dos monges situados fora da

    vida uma outra aristocracia, a dos "santos" no mundo, predestinados

    por Deus desde a eternidade, a qual estava separada do resto dos

    homens, condenados tambm desde a eternidade, por um abismo

    insondvel e profundo. A "Bibliocracia" dos calvinistas manteve tanto os

    preceitos morais do Velho Testamento como apreo aos do Nvo

    Testamento.

    76. Racionalismo do Antigo Testamento:

    Possua um carter tradicionalista e pequeno burgus, Benjamin

    Franklin oferece um exemplo clssico, uma contabilidade sinptico-

    estadstica dos progressos realizados por ele em cada uma das virtudes.

    77. Consequncia desta Metodizao:

    A consequncia desta metodizao da conduta tica, imposta

    pelo calvinismo (no pelo luteranismo), era uma penetrante

    cristianizao de toda a existncia, e esta radica a caracterstica maisdecisiva da reforma calvinista. A religiosidade calvinista, pressupe a

    doutrina da predestinao como fundamento dogmtico da tica

    puritana. A f como ponto de partida da moral metdica mediante a

    doutrina da predestinao alcana sua praticidade na vida constitundo-

    se na forma mais consequente da mesma.

    Dentro do protestantismo, as consequncias desta doutrina sobre

    a conduta tica de seus adeptos, constitui a mais radical anttese em

    relao a uma certa impotncia tica do luteranismo.

    B - Pietismo

    Historicamente, a idia da predestinao constitui o ponto de

    partida da direo asctica que se designa correntemente como

    "pietismo". Este movimento se manteve somente dentro da Igreja

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    reformada, existem calvinistas pietistas e no-pietistas. Representantes

    mais notveis do puritanismo foram tidos como pietistas, portanto

    considera-se como uma prolongao pietista a doutrina de Calvino, que

    tem por inteno a conexo da idia de comprovao da doutrina da

    predestinao, com a aspirao a adquirir uma certitudo salutissubjetiva.

    78. Predestinados:

    Os predestinados eram acometidos por erros dogmticos, e por

    outros pecados, a experincia ensinava que cristos desorientados na

    teologia dogmtica produziam os frutos mais maduros da f, enquanto

    que o mero conhecimento teolgico no implicava na segurana de

    uma regenerao, logo, o saber teolgico no era garantia a eleio.

    79. A Inaugurao do Pietismo:

    Deu-se com desconfiana na Igreja dos telogos, a que

    permaneceu fiel oficialmente, limitando-se a agrupar os adeptos da

    praxis pietatis em "conventculos" apartados do mundo. A ecclesiola dos

    verdadeiros convertidos podiam alcanar neste mundo a bem-

    aventurana, pois a prtica asctica realizava a comunidade com Deus.

    Esta aspirao tinha alguma semelhana com a unio mystica luterana e

    favorecia certa preponderncia do aspecto sentimental da religio, isto o que caracteriza o pietismo dentro da Igreja reformada, pois o fator

    sentimental da religiosidade, orientou a prtica da religio pela via do

    gozo terreno da bem-aventurana afastando-a da luta asctica pela

    segurana de um mundo futuro.

    80. O Carter Histrico da Religiosidade:

    Por causa do fator sentimental, muitas vezes a religiosidade foi

    exarcebada, atravs de estados de xtasis religiosos, o que oposto a

    austera e rgida disciplina que impunha ao homem puritano uma vida

    "santa" e sistemtica. A idia na predestinao podia converter-se em

    fatalismo quando era objeto de apropriao por parte dos afetos e dos

    sentimentos, em oposio as tendncias genunas da religiosidade

    calvinista racional.

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    81. Efeito Prtico dos Princpios Pietistas:

    O nico efeito prtico dos princpios pietistas foi um controle

    asctico da conduta profissional muito mais severo com enraizamento

    mais religioso da tica profissional, do que podia ter a simples

    "honradez" dos cristos reformados normais, a quem os pietistas "finos"consideravam cristos de segunda categoria.

    82. Representantes do Luteranismo Alemo:

    Spencer, Francke e Zinzendorff.

    I. Spencer :

    influenciado pelos msticos, a doutrina carecia de coeso e

    tratou mais de descrever do que fundamentar o carter sistemtico da

    conduta crist.

    II. Francke:

    Segundo ele, o trabalho profissional era um meio asctico por

    excelncia; para ele era to seguro, como para os puritanos, que Deus

    abenou dando-lhes xito em seu trabalho. A tese sustentada por ele

    era que a graa s podia acontecer em algumas manifestaes

    ocasionais e peculiares, porm trazendo "luta expiatria".

    III. Zinzendorff:

    A valorizao religiosa de s mesmo, o conduz a antiga idia do

    "instrumento de Deus". Expressou com esprito puritano, a opinio de

    que apesar de um homem no reconhecer seu estado de graa, outros

    podem faz-lo atravs de sua conduta.

    83. Tese Caracterstica de Zinzendorff:

    A ingenuidade do sentimento religioso prova de sua

    autenticidade, desprezando o racionalismo da conduta. Aspira que os

    homens sintam a "felicidade" nesta vida, por meio do sentimento, em

    lugar de forar-lhes ao trabalho racional como modo de assegurar uma

    outra vida. Este foi um freio para a criao de uma tica profissional

    racional anloga a calvinista.

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    84. O Elemento Asctico-Racional:

    No geral, dentro do pietismo, o elemento asctico-racional

    manteve a primasia sobre o fator sentimental. Existe uma insegurana

    do pietismo alemo, uma vacilao de seu ascetismo religioso em

    contraste com a frrea consequncia do calvinismo que devido ainfluncias luteranas e ao carter sentimental de sua religiosidade

    85. Idias Fundamentais do Pietismo:

    1) A significao do estado de graa consiste no desenvolvimento

    da prpria santificao no sentido de uma consolidao e perfeio

    crescente, controlado pela lei.

    2) A providncia de Deus a que "opera" no homem perfeito,

    dando-se a conhecer na paciente perserverana e na reflexo

    metdica.

    86. A Evoluo do Pietismo:

    Na busca da salvao, no decisivo tanto a "santificao"

    prtica mas a "remisso dos pecados", existe a necessidade de sentir

    nesta vida a reconciliao e a comunidade com Deus. No todo, a

    evoluo do pietismo, de Spencer, Francke e Zinzendorff se orientou no

    sentido de uma crescente acentuao do fator sentimental. O

    calvinismo em comparao, est mais relacionado com o legalismo ecom a emprsa capitalista burgusa.

    C - O Metodismo

    o pietismo continental caracterizado pela unio da religiosidade

    sentimental, com a crescente indiferena e uma repulsa pelos

    fundamentos dogmticos do asceticismo calvinista. Consiste na

    "metodizao" sistemtica da conduta como meio de alcanar a

    certitudo salutis, o que interessa em todos os momentos, em toda

    tendncia religiosa.

    87. Afinidade com o Pietismo Alemo:

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    Est no "mtodo" aplicado especialmente para produzir o ato

    sentimental da "converso" sobre as massas. Em reunies pblicas,

    atravs de xtases religiosos buscava-se a conscincia da justificao e

    a reconciliao com Deus.

    88. Metodismo X Pietismo Alemo:

    A diferena est no carter emocional da religiosidade do

    metodismo que no deu lugar a um cristianismo sentimental puramente

    interior, a regenrao d um enfoque religioso a conduta prtica.

    89. Metodismo X Calvinismo:

    Enquanto no calvinismo se considerava enganoso a exarcebao

    do sentimento, para o metodismo, o fundamento incontrovertido da

    certitudo salutis, da segurana absoluta do agraciado, sentida por ele,

    derivada do testemunho direto do esprito e cuja origem devia constatar

    cada dia e cada hora. A finalidade da "santificao" difcil ser

    alcanada nesta vida, porm deve ser aspirada incondicionalmente, por

    ser ela a garantia da certittudo salutis. Embora o auto-testemunho seja

    decisivo, existe a necessidade da conduta "santa" inspirada na lei.

    90. Afinidade entre o Metodismo e o Calvinismo:

    O significado da conduta era o mesmo, indispensvel paracontrolar a verdadeira converso.

    91. As Obras:

    So fundamentos cognoscitivos do estado de graa, sendo

    realizadas exclusivamente para a glria de Deus, foram consideradas

    como "condio da graa", insistindo em que quem no realiza boas

    obras no pode ser um bom crente. Aspira racionalmente perfeio.

    92. Metodismo X Igreja Oficial:

    A principal diferena no estava na doutrina e sim na prtica da

    piedade. O valor do "fruto" da f apoiado no Evangelho de So Joo, I,

    3, 9, considerou a conduta como claro significado da regenerao.

    Cada luta expiatria se unia a segurana da perseverana, havia uma

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    segurana inabalvel em ser "santo", levando a uma exaltao

    sentimental do tipo puritana.

    93. A Concepo de Regenerao:

    Constitui-se na segurana da salvao nascida sentimentalmentecomo fruto da f, como fundamento imprescindvel da santificao, com

    sua consequncia de liberdade, contra o poder do pecado, como prova

    do estado de graa. O metodismo passou a ser a doutrina da graa e da

    eleio.

    D - As Seitas Batistas

    94. tica:

    A tica se encontra numa base diferente da doutrina calvinista.

    Constiui-se na apropriao interior da obra da redeno, realizada por

    intermdio da revelao individual, pela ao do esprito divino em cada

    caso. Frente a isso perdia a importncia o valor da f como

    conhecimento da doutrina da Igreja como meio de receber a divina

    graa pelo arrependimento. Como a verdadeira Igreja de Cristo, s os

    regenerados so irmos de Cristo. Uma rgida bibliocracia imperava

    como modelo exemplar de vida e como consequncia, uma estritaseparao do "mundo".

    95. "Idolatria" e Religiosidade:

    Existia uma repulsa radical a "idolatria", era pretendida uma

    tenuao da venerao que s a Deus se deve, a conduta bblica tem

    um carter anlogo a da conduta franciscana, onde a importncia em

    ltima instncia era do testemunho interior do Esprito da razo e da

    conscincia, no concebia a doutrina eclesistica da salvao

    desvalorizando os sacramentos, elevando o "desencantamento"

    religioso do mundo, acabou com batismo e comunho.

    96. Regenerao:

    Operada pelo Esprito, quando entrega-se interiormente a ele,

    pode ser removido o pecado, no era regra geral alcanar a perfeio,

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    mas a aspirao a "pureza", no sentido da conduta. O afastamento do

    mundo, de seus interesses e a incondicional submisso Deus que

    manda a conscincia eram significados seguros de uma regenerao

    real, e a conduta correspondente era, portanto, um requisito para se

    conquistar as bem-aventuranas (dom gratuto da graa divina).

    97. Predestinao e o Carter da tica:

    Esta doutrina foi abandonada, o carter metdico da tica se

    baseava em "aguardar" a ao de Deus, essa silenciosa espera

    consiste em superar o instinto irracional, as paixes e "subjetividades"

    do "homem natural".

    98. Movimento Batista e a Vida Profissional:

    A ao calma do homem possibilitou uma educao na serenidade

    do trabalho reflexivo e na prtica cuidadosa do exame individual da

    conscincia e a consequncia foi que a prtica de virtudes como

    serenidade, austeridade e honradez, acabaram por fazer parte do

    trabalho profissional, respeitando a propriedade privada, colaborando

    para o desenvolvimento de aspectos bsicos do esprito do capitalismo.

    99. Moralidade:

    Era rgida e severa, desde Lutero, se condenava o ascetismosobrenatural monstico, considerando-o contrrio ao esprito bblico.

    100. "Tunker":

    Esta seita batista condena a educao, e qualquer posse alm do

    indispensvel vida.

    101. Concepo Profissional Calvinista:

    A concepo profissional calvinista era anloga a que se

    encontrava em Spencer e nos pietistas alemes.

    102. Interesses Profissionais Econmicos:

    1) No aceitao de cargos pblicos

    2) Hostilidade a qualquer estilo aristocrtico de vida

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    103. Efeitos do Calvinismo:

    Desencadearam as energias econmicas individuais, o lucro

    imoderado.

    104. Mercantilismo:

    O controle, verdadeiramente policial e inquisitorial, que as Igrejas

    oficiais calvinistas implantaram sobre a vida individual, podia melhor

    constituir na expanso das energias individuais requerida pela

    aspirao asctica de santificao metdica, e assim ocorreu em certas

    circunstncias.

    Assim a regulamentao mercantilista do Estado pode implantar

    indstrias novas, porm no foi capaz de engendrar diretamente o

    "esprito capitalista", pode-se at dizer que constituiu em um freio, pois

    essa regulamentao exagerou seu carter policial-autoritrio.

    Assim tambm a regulamentao eclesistica do ascetismo forou

    a realizao de uma conduta externa, porm refreiou os impulsos

    subjetivos que havia na conduta metdica.

    105. Influncia da Idia Puritana Sobre a Vida Econmica:

    A doutrina do "estado religioso de graa", como um status que

    afastava o homem do "mundo" no podia dar-se por meios mgico-sacramentais, nem pela confisso, nem pela piedade e sim pela

    comprovao de mudana de vida, clara, diferenciada da conduta do

    "homem natural", segua-se que a partir da, o indivduo controlava

    metodicamente sua conduta e portanto ascetizava seu comportamento

    na vida. porm este estilo de vida racionalizava a existncia, de acordo

    com os princpios divinos.

    Este ascetismo consistia numa realizao exigida a quem

    pretendesse ser "santo", na vida do mundo. Esta racionalizao da

    conduta no mundo com finalidade para alm deste mundo foi o efeito

    da concepo que o protestantismo asctico teve da profisso.

    CAPTULV

    A Ascese e o Esprito do Capitalismo

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    106. Ascese:

    Exerccio prtico que leva efetiva realizao da virtude.

    107. Prostestantismo e Atividade Econmica:

    Para perceber as conexes das idias religiosas do protestantismoasctico com as mximas da atividade econmica, deve-se recorrer aos

    escritos teolgicos diretamente inspirados na prtica da cura das almas;

    pois em uma poca em que as preocupaes sobre a outra vida era

    tudo, em que a admisso a comunho dependia da posico social do

    cristianismo, e em que a ao do sacerdote exercia uma influncia da

    qual apenas pode-se formar idia sobre os homens de hoje, evidente

    que as energias religiosas que operam nesta prtica haviam de ser

    necessariamente os fatores decisivos na formao do "carter popular".

    108. Richard Baxter:

    Representante do puritanismo ingls, nasceu no seio do

    calvinismo, deu a idia de profisso seu fundamento mais consequente.

    De posio prtica e irnica, presbiteriano, emancipou-se da tutela

    dogmtica da ortodoxia calvinista, contrrio a usurpao de Cronwell

    ( por sua hostilidade a toda revoluo, sectrio e fantico dos "santos"),

    porm tolerante ante as discrepncias em matrias no fundamentais e

    sempre objetivo ante o adversrio, buscou seu campo de ao nofomento da vida tico-eclesistica e por servir esta finalidade, colocou-

    se a disposio do governo parlamentarista, de Cronwell e da

    Restaurao.

    Seu Christian Directory o mais amplo compndio existente de

    moral puritana, e, em geral trata de satisfazer as necessidades prticas

    da cura das almas, acentuando especialmente os elementos ebionticos

    do Novo Testamento. Segundo ele a riqueza constitui-se em s mesma

    num grave perigo, suas tentaes so incessantes, e aspirar a ela no

    s um absurdo por comparao com a infinita superioridade do reino

    de Deus, como tambm ticamente reprovvel.

    109. Baxter e Calvino:

    Baxter quiz ser mais realista que Calvino, pois seu ascetismo

    direcionava-se a matar toda a aspirao ao enriquecimento atravs de

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    bens materiais. Calvino podia at considerar que a riqueza constitua-se

    num obstculo para a ao dos clrigos, no entanto, propiciava um

    aumento de prestgio, e com o lucro poda-se aumentar um patrimnio,

    porm sob a condio de no ocorrer escndalo.

    110. Relao entre Baxter e So Toms:

    Os dois acreditam ser reprovvel para a moral a existncia na

    riqueza do gozo dos bens, em que a consequncia a sensualidade e a

    ociosidade levando ao desvio das aspiraes uma vida "santa".

    111. Racionalizao do Tempo:

    Baxter considerava pecado a perda de tempo por ser a durao

    da vida breve e preciosa, sendo condenvel do ponto de vista moral,

    porm no considerava como Franklin que "tempo dinheiro", mas

    quando gasto na vida social rouba-se do trabalho que tem por

    finalidade servir a glria de Deus.

    No aprovava a simples contemplao nem a ociosidade

    profissional, sendo favorvel ao trabalho duro e continuado, corporal e

    espiritual, sendo meio asctico reconhecido pela Igreja ocidental em

    todos os tempos, previnindo as tentaes.

    112. Racionalizao da Conduta Sexual:Concebia o sexo somente como um elemento do matrimnio,

    desejado por Deus, para aumentar sua glria, de acordo com o preceito:

    "crescei e multiplicai-vos". Era contra a tentao sexual e a angstia

    religiosa, precrevendo remdios tais como, dieta sbria, regime

    vegetariano, banhos frios, porm acima de tudo isso, "trabalhar

    duramente em sua profisso".

    113. O Trabalho como Fim Absoluto na Vida:

    Prescrito por Deus, aplicando-se incondicionalmente a todos,

    sentir-se disgostoso no trabalho prova de falta de estado de graa.

    114. Relao entre Basxter e So Toms quanto ao Trabalho:

    Embora So Toms tenha interpretado o princpio como Baxter,

    ele tinha o trabalho como extritamente necessrio para a conservao

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    da vida individual e social, pois segundo ele, quando no existe esta

    finalidade, cessa a validez do princpio, validez genrica, no individual.

    Deus designou a cada um, sem distino alguma, uma profisso,

    que o homem deve conhecer e na qual h de trabalhar, e que no

    constitui, como no luteranismo, um "destino" que se tem que aceitar ecom o qual tem-se que conformar, um preceito que Deus dirige a

    todos os homens com a finalidade de promover a prpria honra.

    115. Diviso do Trabalho:

    O fenmeno da diviso do trabalho e da estruturao profissional

    j havia sido interpretado, entre outros, por So Toms de Aquino como

    derivao direta do plano divino do mundo. A integrao do homem

    neste cosmos causa natural e era puramente casual.

    Para Lutero, a integrao do homem na profisso e estando na

    ordem histrico-objetiva era derivao direta da divina vontade e

    constitua, portanto, um dever religioso para o homem manter-se

    dentro dos limites e na situao que Deus lhe havia designado.

    116. Religiosidade, Interesse Econmico e Profissionalizao:

    I. Concepo Puritana:

    A concepo puritana adquire matizes novas quanto ao carterprovidencial da interao dos interesses econmicos-privados. Qual era

    um fim providencial da admisso do homem a uma profisso, se

    reconhece em seus frutos, segundo o esquema puritano de

    interpretao pragmtica.

    II. Baxter:

    Baxter tecia elogios a Adam Smith, no tocante a diviso do

    trabalho, a especializao das profisses, porque segundo ele,

    possibilita a destreza do trabalhador, ocorrendo um aumento

    quantitativo e qualitativo do trabalho promovendo um bem geral..

    O ideal ter uma profisso fixa e no trabalhos ocasionais, a vida

    de quem carece de profisso no tem o carter metdico, sistemtico,

    que exige a ascetizao da vida no mundo, que consequncia da

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    virtude, uma comprovao do estado de graa da honradez, cuidado e

    mtodo que se coloca no cumprimento da prpria tarefa profissional.

    117. Pragmatismo:

    Uma profisso til pela graa de Deus, determinada emprimeiro lugar por critrios ticos e, em segundo, pela importncia que

    tem para a "coletividade" os bens que ela h de produzir, e em terceiro,

    o mais importante, do ponto de vista prtico, o "proveito" econmico

    que a mesma produz ao indivduo.

    necessrio seguir o caminho que Deus mostra no sentido da

    riqueza, pois no bom seguir outros caminhos desviando do

    enriquecimento, porque significa que se colocou obstculos a vocao

    negando ser administrador de Deus aceitando os dons para utilizar para

    seu servio. Querer ser pobre querer estar enfermo, seria como

    santificar as obras e ir contra a glria de Deus.

    Pode-se trabalhar para ser rico, mas no utilizar a riqueza para

    servio da sensualidade e dos pecados, seno para honrar com ela a

    Deus, sendo este um preceito obrigatrio.

    118. Mentalidade Judica e tica Econmica:

    Coincide com a do capitalismo "aventureiro" do tipo poltico-

    especulativo, seu ethos, do capitalismo pria, o puritanismo tem oethos da indstria racional burguesa e da organizao racional do

    trabalho, e s o que se engaja nestes moldes que foi tomado da

    tica judica.

    119. Burguesia Puritana:

    Achava que sua conduta era irreprovvel pela graa de Deus,

    determinando o carter formalista, austero e correto, prprio dos

    exemplares representantes daquela poca herica do capitalismo.

    120. Vida Capiltalista:

    O estilo de vida capitalista na concepo puritana de profisso o

    ideal de uma conduta asctica. A ascese se dirigia contra a

    "despreocupao" da existncia e agindo-se ao contrrio, isto ,

    mostrando-se preocupado, tera-se alegria.

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    121. Divertimentos Populares:

    Os puritanos combateram com fria a disposio real, que

    tolerava legalmente certos divertimentos populares no domingo, fora

    das horas dedicadas ao cumprimento dos deveres religiosos, no sporque pertubava o descano do sbado, mas porque implicava numa

    direta oposio a que deve ser ordenada a conduta do "santo".

    O gozo desenfreado da vida, alheio ao trabalho profissional, era

    inimigo do ascetismo racional, bem como os jogos, ou uma frequente

    ida ao baile da taberna, prprio do homem vulgar, existia tambm uma

    hostilidade frente aos bens culturais quando disvinculados da vida

    religiosa, ou mesmo os que causassem polmica teolgica, respeitando

    porm a cincia.

    122. Supersties e Irracionalismo de Comportamento:

    Os puritanos odiavam a administrao mgica da graa, indo

    tambm contra o despreocupado sentido artstico da Igreja.

    Condenavam o teatro, o erotismo, a nudez e todo o modo irracional de

    comportamento, por no servir a glria de Deus, apenas ao homem..

    Empregaram finalidades na utilizao de motivos artsticos, e este

    critrio racional foi inclusive aplicado nos trajes pessoais.

    123. Uniformizao e Capitalismo:

    A tendncia a uniformizao que tem conexo com interesses

    capitalistas na estandartizao da produo, tem seus fundamentos

    ideais na repulsa da "idolatria". O estilo vital puritano, favoreceu

    predominantemente a literatura e as geraes posteriores. Quanto

    maior for a riqueza, tanto mais forte o sentimento de

    responsabilidade por sua converso para a glria de Deus, isto por meio

    de um trabalho incessante.

    A gnisis deste estilo de vida tem alguma de suas razes (como

    tantos outros elementos do moderno esprito capitalista) na Idade

    Mdia, porm somente na tica do protestantismo asctico, que se v

    de modo claro seu alcance para o desenvolvimento do capitalismo..

    124. "Esprito do Capitalismo":

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    A valorizao tica do trabalho incessante, continuado e

    sistemtico na profisso absolutamente segura e visvel de regenerao

    e de autenticidade da f, construiu a mais poderosa expanso da

    concepo da vida que temos chamado "esprito do capitalismo".

    Se a estrangulao do consumo juntarmos a emancipao doesprito de lucro de todos os trabalhos, o resultado inevitvel ser a

    formao de um capital como consequncia desta conexo asctica

    para a poupana.

    125. "Agricultura Racional":

    O puritanismo e Baxter tiveram grande estima pela agricultura

    como ramo particurlamente importante da atividade econmica e por

    ser especificamente compatvel com a f, porm no aos junkers e

    outros mais, somente ao "agricultor racional".

    126. O Moderno "Homem Econmico":

    O poder exercido pela concepo puritana da vida no s

    favoreceu a formao de capitais, mas o mais importante, foi favorvel

    sobre tudo para a formao da conduta burguesa racional desde o

    ponto de vista econmico, de que o puritano foi o representante tpico e

    mais consequente , desta concepo, pois, assistiu ao nascimento do

    moderno "homem econmico". Porm estes ideais de vida fracassaramao no poder resistir a dura prova das "tentaes" de riqueza, bem

    conhecidas pelos mesmos puritanos.

    127. Religio e Riqueza:

    Toda a histria das ordens religiosas em certo sentido uma

    contnua luta em torno dos problemas da ao secularizadora da

    riqueza. A religio produz laborosidade (indstria) e sobriedade

    (frugalidade), as quais so causa de riqueza. Porm uma vez que a

    riqueza aumenta, aumentam com ela a soberbia, a paixo e o amor ao

    mundo em todas as formas. Subsiste a forma de religio, porm seu

    esprito vai secando paulatinamente.

    128. Razes Religiosas e Plenitude Econmica:

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    Este poderoso movimento religioso, cujo alcance para o

    desenvolvimento econmico consistiu em seus efeitos educativos

    ascticos, no desenrolar da plenitude de sua influncia econmica, no

    passou de exacerbao do entusiasmo religioso, quando a busca

    exaltada do reino de Deus converteu-se em austera virtude profissional,quando as razes religiosas comearam a secar-se e a ser substitudas

    por consideraes terrenas utilitrias.

    129. Empresrio Burgus, Trabalhador e a Mais Valia:

    O empresrio burgus podia e devia guiar-se pelo seu interesse

    de lucro, sua conscincia em estado de graa, abenoado por Deus,

    tinha por condio se mover sempre dentro dos limites do correto, com

    sua conduta tica inatacvel, no fazendo uso inconviniente de sua

    riqueza.

    Pelo seu grande poder de ascetismo religioso tinha a sua

    disposio trabalhadores sobrios, honrados, de