2004 - Artigo IRRIGA FERTI v.9,n.1,p.41-45.pdf

download 2004 - Artigo IRRIGA FERTI v.9,n.1,p.41-45.pdf

of 11

Transcript of 2004 - Artigo IRRIGA FERTI v.9,n.1,p.41-45.pdf

  • 7/23/2019 2004 - Artigo IRRIGA FERTI v.9,n.1,p.41-45.pdf

    1/11

    Irriga, Botucatu, v. 9, n. 1, p. 41-51, janeiro-abril, 2004

    ISSN 1808-8546

    41

    FERTIRRIGAO NITROGENADA E POTSSICA NA CULTURA DO PIMENTOBASEADA NO ACMULO DE N E K PELA PLANTA

    Francisco Fernando Noronha Marcussi1; Leandro Jos Grava de Godoy2; Roberto Lyra VillasBas21Departamento de Engenharia Hidrulica e Saneamento, Escola de Engenharia de So Carlos , Universidadede So Paulo, So Carlos, [email protected] de Recursos Naturais/Cincia do Solo, Faculdade de Cincias Agronmicas, Universidade

    Estadual Paulista, Botucatu, SP

    1 RESUMO

    O principal objetivo deste experimento foi avaliar a produo de frutos de pimento emplantas fertirrigadas com doses de N e K baseadas na quantidade acumulada destes nutrientes pelaplanta. Em um tnel plstico da FCA/UNESP, Botucatu, SP, plantas de pimento Elisa foramcultivadas em vasos de 29 dm3 contendo um Latossolo Vermelho textura mdia. As plantas receberamcinco tratamentos delineados inteiramente ao acaso, via fertirrigao por gotejamento: 50, 75, 100,125 e 150% das quantidades de N e K estabelecidas em uma curva de acmulo de nutrientes porplantas de pimento Elisa, mais um tratamento sem adubao, em nove repeties. Alm da produoe caractersticas dos frutos, foi avaliada a altura da planta e da primeira bifurcao, condutividade dasoluo do solo e o ndice relativo de clorofila. As plantas que receberam uma quantidade de N e K50% maior que a quantidade estabelecida na curva de acmulo, foram as que alcanaram maior

    produo de frutos, aos 160 dias aps o transplantio. A curva de acmulo de nutrientes pode servircomo uma base para a fertirrigao, no entanto, os valores devem ser ajustados de acordo com ascondies climticas, principalmente a temperatura.

    UNITERMOS: Capsicum annuum L.; nitrognio; potssio; condutividade eltrica.

    MARCUSSI, F. F. N.; GODOY, L. J. G. de; VILLAS BOAS, R. L.NITROGEN AND POTASSIUM FERTIGATION IN SWEET PEPPER CULTURE BASED ON

    N AND K ACCUMULATION BY PLANTS

    2 ABSTRACT

    The main purpose of this experiment was to evaluate the sweet pepper production in fertigatedplants with N e K rates based on the accumulated amount of these nutrients by the plant. In a plastictunnel at the School of Agricultural Sciences/UNESP, Botucatu, SP, Elisa sweet pepper was grown in29 dm3pots with a medium-texture Red Latosol (Oxisoil). The plants received five treatments entirelydesigned at random, by drip fertigation with 50, 75, 100, 125 and 150% more than the N and K

    amounts established in a curve of nutrient accumulation for Elisa sweet pepper plants; they also___________________________Recebido em 11/11/2003 e aprovado para publicao em 15/01/2004

  • 7/23/2019 2004 - Artigo IRRIGA FERTI v.9,n.1,p.41-45.pdf

    2/11

    Fertirrigao nitrogenada e potssica na cultura do pimento baseada no acmulo ...42

    received a treatment without fertilization, in nine replications. Besides fruit production andcharacteristics, the height of the plant and the first bifurcation, electric conductivity of the soil solutionand the chlorophyll relative index were evaluated. The plants that received an amount of N and K 50%bigger than the amount established in the accumulation curve were the ones that reached a greater fruit

    production, 160 days after the planting. The nutrient accumulation curve can serve as basis for thefertigation; however, the values must be adjusted according to the climatic conditions, mainlytemperature.

    KEYWORDS:Capsicum annuum L.; nitrogen; potassium; electric conductivity.

    3 INTRODUO

    O pimento (Capsicum annuum L.) uma das olercolas de grande importnciaeconmica no Brasil (principalmente, na regiosudeste) e no exterior, principalmente nosEstados Unidos, Mxico, Itlia, Japo e ndia(SILVA, 1998), fazendo com que a tecnologiaempregada na sua produo, seja cada vez maisexigida, quanto a diminuir gastos, sem que aprodutividade seja afetada, ou se possvel ataumentada.

    Para o adequado desenvolvimento da

    planta e obteno de produtividade satisfatria, essencial a reposio de gua e nutrientes, naquantidade ideal e no momento oportuno. Afertirrigao oferece maior versatilidade para aaplicao de fertilizantes, podendo-se dosarrigorosamente as quantidades de nutrientes efornec-los segundo as necessidades da plantas,durante o seu ciclo de desenvolvimento(PAPADOPOULOS, 1993; NANNETTI et al.,2000). A fertirrigao, via gotejamento oumicroasperso a forma que mais se aproximado ritmo de absoro de gua e de nutrientespela planta e tem sido utilizada de formarotineira por agricultores em cultivo protegido,principalmente para culturas de pimento,pepino e tomate (VILLAS BAS et al., 2000).

    O conhecimento da quantidade denutrientes acumulada na planta em cada estgiode crescimento, fornece informaesimportantes que podem auxiliar no programa deadubao das culturas quando a fertirrigao empregada (BURT et al., 1995). No entanto,estas curvas refletem o que a planta necessita e

    no o que dever ser aplicado, pois, deve-se

    considerar a eficincia de aproveitamento dosnutrientes, que varivel segundo as condies

    climticas, tipo de solo, sistema de irrigao,manejo da cultura e outros fatores. Os valoresde eficincia do aproveitamento dos nutrientesaplicada via fertirrigao pela planta depimento so bastante variveis (PADILLA,1997). Para a aplicao via gotejamento essaeficincia est entre 70 a 80% para nitrognio epotssio (PAPADOPOULOS, 1999).

    O nitrognio e o potssio so osnutrientes mais extrados pelas plantas depimento (NEGREIROS, 1995) e doses altasdestes so aplicados em cobertura, parcelados

    em vrias aplicaes, visando reduzir as perdaspor lixiviao e aumentar a eficincia deutilizao do fertilizante. O excesso denitrognio provoca desequilbrio entre ocrescimento da parte area em relao pororadicular, aborto de flores, alongamento dociclo vegetativo, maior sensibilidade a doenas(LPEZ, 1988) e menor produtividade, devidoao excesso de sais no solo (LOCASCIO et al.,1981). Doses altas de potssio podem causarquedas na produo e qualidade de frutosdevido competio com o Ca e o Mg pelostio de absoro, desbalano nutricional edificuldade de absoro de gua pela planta(MARCHNER, 1995). A deficincia de N e Kprovocam a reduo na produtividade equalidade dos frutos.

    O principal objetivo desteexperimento foi avaliar a produo de frutos depimento obtidos em plantas fertirrigadas comdoses de N e K baseadas na quantidade destesnutrientes acumulada pela planta de pimento,como um mtodo para aumentar a eficincia de

    utilizao dos fertilizantes.

    Irriga, v. 9, n. 1, janeiro-abril, 2004

  • 7/23/2019 2004 - Artigo IRRIGA FERTI v.9,n.1,p.41-45.pdf

    3/11

    Marcussi et al. 43

    4 MATERIAL E MTODOS

    O experimento foi conduzido emtnel plstico com 7 m de largura, 20 m decomprimento e 2,5 m de altura, noDepartamento de Recursos Naturais/Cinciado Solo, pertencente Faculdade de CinciasAgronmicas - UNESP, Botucatu, SP(2251S, 4826W e 786 m de altitude).

    Foram utilizados vasos contendo 29litros de um Latossolo Vermelho Escuro

    textura arenosa, com as seguintescaractersticas qumicas, analisadas segundoRaij et al. (1987): pH (CaCl2) de 4,0; 23 gdm-3 de M.O.; 4 mg dm-3 de P (resina); 60;0,3; 2 e 1 mmolc dm

    -3 de H++Al+3, K, Ca eMg, respectivamente; saturao por bases (V)de 5%.

    A correo da acidez foi realizadacom a aplicao de calcrio dolomtico(PRNT 86) com o objetivo de elevar asaturao por bases a 80%. A fonte de fsforoutilizado foi o termofosfato contendo enxofre,

    na dose de 150 mg P kg-1

    de solo. Para elevaro teor de potssio do solo utilizou-se 117 mgK kg-1 de solo, na forma de cloreto depotssio. Cada vaso recebeu ainda 150 g decomposto orgnico (umidade natural), parasubstituir o esterco de curral que utilizadopela maioria dos produtores. A fonte orgnicautilizada tinha uma relao C:N 26/1 e umteor de N e K2O de 12 e 15 g kg

    -1,respectivamente. Aps a aplicao e misturado calcrio e fertilizantes no solo, este ficouincubado a 70% da capacidade de campo

    durante 21 dias.As mudas foram transplantadas aos

    62 dias aps a semeadura, sendo posicionadaseqidistante dos quatro cantos do vaso, com ocolo da planta pouco acima da superfcie dosolo. Aps o transplante, foram realizados ostratos culturais de acordo com a necessidadedas plantas, sendo as desbrotas executadaslogo aps o surgimento dos ramos laterais e aretirada da primeira inflorescncia, relativa aoprimeiro interndio. Foi adotada a conduode hastes livres e assim que se fez necessrio,

    conduziu-se as hastes das plantas apoiando-osem barbante, de modo que se evitasse aquebra das hastes contendo frutos.

    Para simular um sistema de irrigao

    localizada para cada vaso foi adaptada umagarrafa plstica de refrigerante de 2 litros,pendurada de gargalo para baixo e o fundocortado para permitir colocar gua e a soluocom os fertilizantes. A tampa foi perfurada ecolocada uma mangueira com um gotejadorna extremidade, instalados a 10 cm do colo daplanta. A aplicao de gua via irrigaolocalizada foi realizada diariamente conformeas necessidades das plantas. Essa quantidadevariou no ciclo de 300 ml dia-1, at 1500 ml

    em plantas em plena produo.Foram aplicados cinco tratamentos:50, 75, 100, 125 e 150% das quantidades deN e K estabelecidas na curva de acmulo denutrientes por Marcussi & Villas Bas(2000), equivalente a 5,1; 7,6; 10,1; 12,7;15,2 g N por planta e 4,4; 6,7; 8,9; 11,1; 13,3g de K por planta. Foi aplicado mais umtratamento sem adubao para verificar acontribuio do N e do K do solo e da fonteorgnica na nutrio das plantas de pimento.Cada tratamento foi repetido nove vezes

    sendo feita a distribuio aleatria seguindodelineamento inteiramente ao acaso.A primeira aplicao da

    fertirrigao, com N e K, foi feita aos 40 diasaps o transplante, sendo aplicado 500 ml desoluo por planta a cada 2 dias. Asquantidades de N e K aplicadas, foramalteradas de acordo com os estdiosfisiolgicos distintos. Do estdio de emissodo boto floral ao incio de frutificao (40aos 60 dat) foram realizadas 10 aplicaes deN e K equivalente a 3% da dose total. No

    estdio de crescimento do fruto at amaturao (61 aos 120 dat) as plantasreceberam 26% da dose total de N e Kparcelada em 30 aplicaes. Na maturaodos frutos (121 aos 160 dat) foram aplicadas20 parcelas de N e K, equivalente a 71% dadose total. Principalmente na terceira haviaalm de frutos maduros, flores e frutos emcrescimento. Em cada um dos estdios foiaplicada a quantidade de N e Kcorrespondente curva de acmulodeterminada e de acordo com o tratamento.

    Irriga, v. 9, n. 1, janeiro-abril, 2004

  • 7/23/2019 2004 - Artigo IRRIGA FERTI v.9,n.1,p.41-45.pdf

    4/11

    Fertirrigao nitrogenada e potssica na cultura do pimento baseada no acmulo ...44

    Com o objetivo de suprir as necessidades daplanta, foram aplicados, via fertirrigao, porplanta: 5,15 mg de B, 6,16 mg de Mn e 6,81mg de Zn parcelados em 3 aplicaes, alm

    de uma soluo de sulfato de magnsio a 1%,via foliar, aos 75 e aos 151 dias aps otransplantio.

    Durante o experimento foramcoletadas as temperaturas mnima e mximadiria dentro do tnel plstico paracomparao entre as condies climticasobtidas neste experimento em relao aoexperimento no qual foi obtida a curva deacmulo de nutrientes, bem como constar seas condies trmicas foram adequadas para o

    desenvolvimento do pimento.Foi determinada a altura de plantas eda primeira bifurcao aos 67, 123 e 158DAT, e nas colheitas, foram determinados oscomprimentos mdios, dimetro mdio e pesomdio dos frutos comerciais por planta. Foiconsiderado fruto comercial aquele queapresentava mais de 10 cm de comprimentoe/ou mais de 7 cm de dimetro, segundoclassificao do CEAGESP.

    Com o objetivo de monitorar osteores de sais, acumulados no solo pela

    aplicao constante de fertilizantes, foraminstalados, em trs repeties de cadatratamento, extratores de soluo de solo comcpsula porosa de cermica (20 mm dedimetro e 50 mm de comprimento). Estesforam instalados a uma profundidade demodo que o centro da cpsula ficasse a 12,5cm de profundidade da superfcie do solo. Asextraes da soluo foram realizadas 48horas aps ter sido feito a fertirrigao, aos61 e 157 DAT, sendo o vcuo realizadoatravs de seringa descartvel de 60 ml

    (quatro suces por extrator) sendo o vcuoem torno de 70 kPa. Na soluo extrada foideterminada a condutividade eltricautilizando-se de um condutivmetro debancada.

    Aos 160 DAT foram realizadasmedidas do ndice relativo de clorofila,atravs do uso de um clorofilmetro SPAD-502 (Minolta). As medidas foram realizadasno perodo da manh (das 8 s 10 h), nas

    folhas recentemente maduras do tero mdioda planta, uma medida em cada lado da folha(a 6mm da margem da folha e evitandonervuras), em 10 folhas por planta.

    Os resultados foram submetidos anlise de varincia e anlise de regressoutilizando o programa ESTAT verso 2.0(UNESP, 1994).

    5 RESULTADOS E DISCUSSO

    A temperatura mnima dentro do

    tnel plstico, no incio do experimento,chegou a ficar abaixo de 10oC e permaneceuabaixo de 20oC at prximo aos 85 dias apso transplantio DAT (Figura 1). SegundoTivelli (1998) a ocorrncia de temperatura de15 a 18oC pode ocasionar danos cultura,comprometendo a florao e inclusive afetar afotossntese. Possivelmente, a baixatemperatura tenha refletido negativamente nodesenvolvimento das plantas e tambm noincio da produo, comparado aoexperimento de Marcussi & Villas Bas

    (2000) utilizando o mesmo hbrido, local,solo e poca de transplantio, no qual o incioda colheita se deu aos 80 DAT, enquanto nopresente experimento a colheita iniciou-se aos111 DAT.

    Este atraso de um ms na colheita,devido s baixas temperaturas no incio dociclo, provavelmente, atrasou tambm oaumento na demanda de nutrientes que,geralmente, ocorre por volta dos 70 DAT, deacordo com Fontes & Monnerat (1984)coincidindo com o incio da frutificao.

    Embora as plantas iniciaram a produzir frutosaos 60 DAT, o crescimento dos frutos ocorreude forma mais lenta com a primeira colheitasomente aos 110 DAT. A utilizao deequaes para estimar a quantidade denutrientes extradas pela cultura, em funodos dias aps o transplantio e do estdiofenolgico, deve ser mais bem aplicadaquando ajustadas s condies de temperaturado ambiente.

    Irriga, v. 9, n. 1, janeiro-abril, 2004

  • 7/23/2019 2004 - Artigo IRRIGA FERTI v.9,n.1,p.41-45.pdf

    5/11

    Marcussi et al. 45

    0

    10

    20

    30

    40

    50

    1 15 29 43 57 71 85 99 113 127 141 155

    Dias aps o transplantio - DAT

    Temperatura,

    C

    Temperatura Mnima

    Temperatura Mxima

    Figura 1. Temperatura mnima e mxima no tnel plstico de 1 aos 160 dias aps o transplantio.

    O aspecto favorvel da temperaturaocorrida no experimento foi atermoperiodicidade, ou seja, a variao entre atemperatura do dia e da noite, que ficou, aolongo do perodo, entre os valores consideradosideais (7 a 10oC) de acordo com Tivelli (1998),fator positivo para um desenvolvimento

    vegetativo adequado e boa produtividade(Figura 1).A altura mdia das plantas de

    pimento aumentou linearmente com o aumentodas doses de N e K aos 123 DAT, mas aos 158DAT a maior altura da planta no experimentofoi atingida na dose de N e K equivalente a107% da quantidade acumulada pela planta(Figura 2). Panelo (1995), ao final de doismeses de colheita, obteve uma altura de plantasdo hbrido Elisa variando de 80 a 90 cm,semelhante ao encontrado no experimento (77,7

    at 94,3 cm). Entretanto, Tivelli (1999),cultivando pimento Elisa em tnel plstico, novero (temperaturas mdias variando de 33,4 a40,1C), obteve, aos 159 DAT, altura de plantade 120,6 cm, no sendo influenciada pelonmero de hastes, espaamento e mtodo decultivo (espaldeira ou em V). Logo, a alturade planta parece no ser um bom indicativo doexcesso de adubao nitrogenada.

    y123 DAT = 0,079x + 64,34

    R2= 0,97*

    y158 DAT = -0,0014x2+ 0,299x + 78,84

    R2= 0,88*

    40

    50

    60

    70

    80

    90

    100

    0 25 50 75 100 125 150

    % de N e K em relao ao acumulado pela planta

    Alturadaplanta,cm

    123 DAT

    158 DAT

    Figura 2. Altura da planta em funo da

    porcentagem de N e K aplicado

    em relao ao acumulado pela

    planta. * - significativo a 5%

    J a altura da primeira bifurcao, que

    segundo Faria Junior (1997), pode variar com o

    excesso de adubao, principalmentenitrogenada, levando a um crescimento

    excessivo da planta e, conseqentemente, da

    primeira bifurcao, no foi influenciada pelas

    doses utilizadas. Villas Bas (2001) tambm

    no encontrou diferenas significativas na

    altura da primeira bifurcao de plantas de

    pimento Elisa mesmo recebendo uma dose alta

    de N via fertirrigao (25 g N planta-1

    ) e

    ressalta que esta caracterstica deve estar mais

    .relacionada aos fatores gentico e ambiental do

    que ao nutricional.

    Irriga, v. 9, n. 1, janeiro-abril, 2004

  • 7/23/2019 2004 - Artigo IRRIGA FERTI v.9,n.1,p.41-45.pdf

    6/11

    Fertirrigao nitrogenada e potssica na cultura do pimento baseada no acmulo ...46

    Os resultados de produo de frutospor planta so apresentados em dois momentosaos 140 e 160 DAT (Figura 3). Comparando aproduo aos 140 com a produo aos 160

    DAT, nota-se que houve um aumentoexpressivo na produo, chegando a aumentar85% nas plantas que receberam a quantidade deN e K igual a acumulada por plantas depimento do experimento de Marcussi & VillasBas (2000). Isso significa que as plantasestavam em pleno desenvolvimento ecapacidade produtiva. J no caso datestemunha, a produo ocorrida at os 140DAT foi de 76% em relao aos 160 DAT, oque demonstra que a planta sem a adubao

    adequada consegue produzir inicialmente,porm com o passar do tempo e com o aumentoda necessidade de nutrientes essa produotorna-se cada vez menor.

    A produtividade mdia de frutos nasplantas que receberam os tratamentos ficou umpouco abaixo da encontrada na literatura(MELO, 1997; VILLAS BAS, 2001), emfuno de que, a partir de 85 DAT, atemperatura mxima dentro do tnel plstico semanteve at o final do experimento acima de35OC, temperatura mxima tolerada para

    florao da cultura (SGANZERLA, 1995) o quepode ter ocasionado uma queda de frutos recmfecundados, alm do menor tempo de colheita(dois meses).

    Em funo das doses aplicadasesperava-se um efeito decrescente deprodutividade nas plantas que receberam a dosemais elevada (15,2g de N e 13,3g de K por

    planta) equivalente a 50% a mais que anecessidade de nutrientes apresentada pelacurva de acmulo obtida no experimento deMarcussi & Villas Boas (2000). Porm, no foio que se obteve, pois, a produtividade aumentoude forma linear com o aumento das doses e asplantas que receberam a maior dose queatingiram uma maior produtividade (Figura 3).Villas Bas (2001) trabalhando com o hbridoElisa obteve a maior de produo de frutoscomerciais quando utilizou a dose de 16,5 g N

    planta

    -1

    semelhante a maior dose utilizada noexperimento (15,2g N planta-1).Utilizando-se da equao gerada com

    a produo at os 140 DAT, y = 4,0349x +536,93 e substituindo-se no valor de y, aprodutividade obtida aos 140 DAT (1129,28 gplanta-1) por Marcussi & Villas Bas (2000), noqual se obteve a curva de acmulo denutrientes, chega-se a um valor de x igual a146,8%; ou seja, para se obter a mesmaprodutividade encontrada no experimentoanterior, seria necessrio aplicar,

    aproximadamente 47% a mais que a quantidadede N e K baseada na curva de acmulo,equivalente a uma eficincia de apenas 53% deutilizao do fertilizante, bem inferior aosvalores citados por Papadopoulos (1999).

    y160 = 7,7086x + 753,29

    R2= 0,89**

    y140 = 4,0349x + 536,93

    R2= 0,96**

    0

    500

    1000

    1500

    2000

    50 75 100 125 150

    % de N e K em relao ao acumulado pela planta

    Produtivid

    ade,gplanta-1

    160 DAT140 DAT

    Figura 3.Produo de frutos comerciais em funo da porcentagem de N e K aplicado em relao curva de acmulo de nutrientes. ** - significativo a 1%

    Irriga, v. 9, n. 1, janeiro-abril, 2004

  • 7/23/2019 2004 - Artigo IRRIGA FERTI v.9,n.1,p.41-45.pdf

    7/11

    Marcussi et al. 47

    Embora no houve influncia dasdoses de N e K no comprimento e dimetromdios dos frutos comerciais (Tabela 1), osresultados foram semelhantes aos obtidos por

    Goyal et al. (1989), Silva, (1998) e Nannetti etal., (2000), que tambm no obtivera,diferenas no comprimento e dimetro dosfrutos em funo de doses de N e/ou K.

    Os frutos so os mais importantesdrenos na planta e, portanto, os nutrientes sotranslocados para o fruto, mesmo que rgoscomo folha e caule apresentem deficincias dosmesmos. Os resultados obtidos e a literaturasobre o assunto permitem sugerir que otamanho de fruto no pode ser considerado um

    adequado indicador do estado nutricional em Ne/ou K da planta de pimento.O nmero de frutos obtidos em funo

    dos tratamentos variou significativamente comas doses de N e K, no entanto, o maior nmerode frutos no foi alcanado com a maior dose

    (Figura 4), como o obtido para produtividade defrutos comerciais e peso mdio de frutos(Figura 3 e 5).

    O peso mdio de frutos nas plantas

    que receberam a maior dose foi semelhante aoencontrado por Silva et al. (2000) trabalhandocom diferentes fontes de N (de 131,30 g at136,50 g), no entanto, bem menor (205 g) que oencontrado por Tivelli (1999). No entanto,deve-se considerar que nesse trabalho o autorcolheu os frutos vermelhos (e no verde comono presente experimento) e um menor nmerode frutos por planta.

    A variao de produo obtida entreos tratamentos pode ser explicada,

    principalmente, pelo peso mdio de fruto, sendoque o mesmo no pode ser afirmado em relaoao comprimento e dimetro de fruto que novariaram significativamente entre ostratamentos.

    Tabela 1.Resumo da anlise de varincia e regresso para as caractersticas produtivas.

    Produo de frutos aosComprimento Dimetro Fruto/planta Peso Mdio

    140 DAT 160 DAT

    ----------- cm --------------- ------- g ------ g planta-1

    Mdia 11,7 6,8 12 112,72 873,17 1395,67Teste F n. s. n. s. Q** L** L** L**

    C. V. (%) 9 9 23 17 26 28n.s. no significativo; ** - significativo a 1%; L efeito linear; Q- efeito quadrtico

    y = -0,0004x2+ 0,1063x + 6,8929

    R2= 0,91**

    0

    2

    4

    6

    8

    10

    12

    14

    16

    0 25 50 75 100 125 150

    % de N e K em relao ao acumulado pela planta

    N.

    defrutosporplanta

    Figura 4.Nmero de fruto por planta em funo da porcentagem de N e K aplicado em relao

    curva de acmulo de nutrientes. ** - significativo a 1%.

    Irriga, v. 9, n. 1, janeiro-abril, 2004

  • 7/23/2019 2004 - Artigo IRRIGA FERTI v.9,n.1,p.41-45.pdf

    8/11

    Fertirrigao nitrogenada e potssica na cultura do pimento baseada no acmulo ...48

    A condutividade eltrica (CE)

    determinada na soluo de solo no variousignificativamente aos 61 DAT, vinte dias aps

    o incio da fertirrigao (Figura 6). No entanto,no final do ciclo a CE aumentou de acordo como incremento da dose de N e K. Embora o valorda CE na soluo do solo, das plantas queapresentaram a maior produtividade de frutos

    (2,3 dS m-1) estar bem acima do preconizadopela literatura (1,5 dS m-1 segundo Mass &Hoffman, 1977), de acordo com Silva (2002),

    cujas condies experimentais so maissemelhantes ao do presente experimento, estevalor da CE estaria bem abaixo do limiar para acultura do pimento Elisa em solo franco-arenoso (3,58 dS m-1).

    y = 0,2275x + 93,764

    R2= 0,81**

    80

    90

    100

    110

    120

    130

    140

    0 25 50 75 100 125 150

    % de N e K em relao ao acumulado pela planta

    Pesomdiodo

    fruto,g

    Figura 5.Peso mdio de frutos em funo da porcentagem de N e K aplicado em relao curva deacmulo de nutrientes. ** - significativo a 1%

    y = 0,0174x - 0,396

    R2= 0,97**

    0

    0,5

    1

    1,5

    2

    2,5

    50 75 100 125 150

    % de N e K em relao ao acumulado pela planta

    Condutiv

    idadeeltrica,

    dSm

    -1

    61 DAT

    157 DAT

    Figura 6. Condutividade eltrica (CE) da soluo do solo em relao porcentagem de N e K

    aplicado em funo da curva de acmulo de nutrientes. A linha tracejada indicada o valorlimiar de CE, em extrato de saturao, para a cultura do pimento de acordo com Mass &

    Hoffman (1977). ** - significativo a 1%

    Irriga, v. 9, n. 1, janeiro-abril, 2004

  • 7/23/2019 2004 - Artigo IRRIGA FERTI v.9,n.1,p.41-45.pdf

    9/11

    Marcussi et al. 49

    O ndice relativo de clorofila -IRC

    (Figura 7) tambm aumentou de acordo com adose de N e K aplicada. Este ndice se

    correlaciona bem com o teor de N na folha daplanta de pimento (HARTZ et al., 1993;VILLAS BAS, 2001) e pode ser um

    indicativo da deficincia de nitrognioauxiliando no manejo da adubao nitrogenada,uma vez que, no presente experimento, as

    plantas que receberam as menores dosesapresentaram menor IRC e menorprodutividade em relao as demais plantas.

    y = 0,096x + 51,209

    R2= 0,86**

    30

    35

    4045

    50

    55

    60

    65

    70

    0 25 50 75 100 125 150

    % de N e K em relao ao acumulado pela planta

    IRC,

    SPAD

    Figura 7.ndice Relativo de Clorofila (IRC-SPAD) em funo da porcentagem de N e K aplicado em

    relao curva de acmulo de nutrientes.** - significativo a 1%

    6 CONCLUSES

    As plantas que receberam umaquantidade de N e K 50% maior que aquantidade estabelecida na curva de acmuloforam as que alcanaram maior produo defrutos.

    A curva de acmulo de nutrientes servecomo uma base para a fertirrigao nitrogenadae potssica, no entanto, os valores devem serajustados de acordo com as condiesclimticas, principalmente a temperatura.

    A condutividade eltrica na soluo dosolo e o ndice relativo de clorofila podem serndices que auxiliem na calibrao das doses deN e K, a serem aplicadas via fertirrigao,baseadas na quantidade de N e K acumuladapela planta.

    7 REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS

    BURT, C.O.; CONNOR, L; RUEHR, T.Fertigation. San Luis Obispo: CaliforniaPolytechnic State University, 1995. 42 p.

    FARIA JUNIOR, M. J. A. Avaliao dehbridos de pimento no cultivo protegidomicroclima sob estufas de diferentes

    arquiteturas e da eficcia de diferentesmateriais plsticos como cobertura do solo.1997. 104f. Tese (Doutorado emAgronomia/Produo vegetal) Faculdade deCincias Agrrias e Veterinrias, UniversidadeEstadual Paulista, Jaboticabal, 1997.

    Irriga, v. 9, n. 1, janeiro-abril, 2004

  • 7/23/2019 2004 - Artigo IRRIGA FERTI v.9,n.1,p.41-45.pdf

    10/11

    Fertirrigao nitrogenada e potssica na cultura do pimento baseada no acmulo ...50

    FONTES, P.C.R.; MONNERAT, P.H. Nutriomineral e adubao das culturas de pimento epimenta. Informe Agropecurio, Belo

    Horizonte, v.10, p.25-31, 1984.GOYAL, M.R. et al. Post-harvest evaluation ofnitrogen fertigated sweet peppers under dripirrigation and plastic mulch. Journal ofAgriculture of the University of Puerto Rico,Rio Piedras, v. 73, n.2, p. 109-115, 1989.

    HARTZ, T.K.; LESTRANGE, M.; MAY, D.M.Nitrogen requirements of drip-irrigated peppers.HortScience, Alexandria, v.28, n.11, p.1097-1099, 1993.

    LOCASCIO, S.L.J.; FISKELL, J.G.A.;MARTIN, F.G. Responses of bell pepper tonitrogen sources. Journal of the AmericanSociety for Horticultural Science, Alexandria,v.106, p.628-632, 1981.

    LPEZ, C.C. Fertilizacin en riego por goteode cultivos hortcolas. Madrid:Delegacin deAgricultura Almera Rafael Jimnez Mijas,1988. 213 p.

    MARCHNER, H. Mineral nutrition of higherplants. 2.ed. New York: Academic Press,

    1995. 889 p.MARCUSSI, F.F.N.; VILLAS BAS, R.L.Anlise de crescimento e curva de acmulo denutrientes de um hbrido de pimento sobcondies de ambiente protegido e fertirrigaoIn: CONGRESSO DE INICIAOCIENTIFICA DA UNESP, 12. 2000, So Josdo Rio Preto. Resumos...So Jos do RioPreto: Editora UNESP, 2000. p.176.

    MASS, E.V.; HOFFMAN, G.J. Crop salttorerance current assessment. Journal of the

    Irrigation and Drainage Division,Reston,v.103, p.115-134, 1977.

    MELO, A. M. T. Anlise gentica decaracteres de fruto em hbridos de pimento.1997. 112f. Tese (Doutorado emAgronomia/Gentica e Melhoramento dePlantas) Escola Superior de Agricultura Luizde Queiroz, Universidade de So Paulo,Piracicaba, 1997.

    NANNETTI, D. C.; SOUZA, R. J.; FAQUIN,V. Efeito da aplicao de nitrognio e potssio,via fertirrigao, na cultura do pimento.Horticultura Brasileira, Braslia,v.18, p.843-

    844, 2000. Suplemento.

    NEGREIROS, M.Z. Crescimento, partio dematria seca, produo e acmulo demacronutrientes de plantas de pimento(Capsicum annuumL) em cultivo podado ecom cobertura morta. 1995. 187f. Tese(Doutorado em Fitotecnia) - UniversidadeFederal de Viosa, Viosa, 1995.

    PADILLA, W. Fertirrigacion bajo condicionesde invernadero em el Ecuador. In: FOROINTERNACIONAL DE CULTIVOPROTEGIDO, 1., 1997, Botucatu. Anais...Botucatu: UNESP/ SOB / FAPESP, 1997.p.263-281.

    PANELO, M. Adaptabilidad de cultivares depimento a condiciones de cultivo protegido.Horticultura Brasileira, Braslia, v.13, n.1, p.101, 1995. Suplemento.

    PAPADOPOULOS, I. Fertigation: presentsituation and future prospects. In:FOLEGATTI, M.V. (Coord.) Fertirrigao:

    citrus, flores, hortalias.Guaba: Agropecuria,1999. p.85-154.

    PAPADOPOULOS, I. Regional middle eastand europe project on nitrogen fixation andwater balance studies. Vienna:FAO-RNEA,1993. 58 p.

    RAIJ, B.V. et al. Anlise qumica do solo parafins de fertilidade. Campinas: FundaoCargill, 1987. 170 p.

    SGANZERLA, E. Nova agricultura: afascinante arte de cultivar com os plsticos.5.ed. Esteio: Agropecuria, 1995. 324 p.

    SILVA, E.F.F. Manejo da fertirrigao econtrole da salinidade na cultura dopimento utilizando extratores de soluo dosolo. 2002. 136f. Tese (Doutorado emIrrigao e Drenagem) Escola Superior deAgricultura Luiz de Queiroz, Universidade deSo Paulo, Piracicaba, 2002.

    Irriga, v. 9, n. 1, janeiro-abril, 2004

  • 7/23/2019 2004 - Artigo IRRIGA FERTI v.9,n.1,p.41-45.pdf

    11/11

    Marcussi et al. 51

    SILVA, M. A. G. Efeito do nitrognio epotssio na produo e nutrio dopimento em ambiente protegido. 1998.

    86f. Tese (Doutorado em Solos e NutrioMineral de Plantas) Escola Superior deAgricultura Luiz de Queiroz,Universidade de So Paulo, Piracicaba,1998.

    SILVA, W. L. C. et al. Fontes de nitrogniopara fertirrigao de pimento em ambienteprotegido via gotejamento. HorticulturaBrasileira, Braslia,v.18, p.822-823, 2000.Suplemento.

    TIVELLI, S, W. A cultura do pimento. In:

    GOTO, R.; TIVELLI, S. W. (Org.)Produo de hortalias em ambienteprotegido. So Paulo: Fundao EditoraUNESP, 1998. p.225-256.

    TIVELLI, S. W. Sistemas de cultivo nacultura do pimento (Capsicum annuumL.) vermelho em ambiente protegido.1999. 157f. Tese (Doutorado em

    Agronomia/Horticultura) Faculdade deCincias Agronmicas, UniversidadeEstadual Paulista, Botucatu, 1999.

    UNIVERSIDADE ESTADUALPAULISTA JLIO DE MESQUITAFILHO. Departamento de Cincias Exatas.ESTAT. Verso 2.0. Jaboticabal:FCAV/UNESP, 1994.

    VILLAS BAS, R. L. et al. Efeito de dosesde nitrognio aplicado de formaconvencional atravs da fertirrigao nacultura do pimento. HorticulturaBrasileira, Braslia, v.18, p. 801-802, 2000.Suplemento.

    VILLAS BAS, R.L. Doses de nitrogniopara o pimento aplicadas de formaconvencional e atravs da fertirrigao.2001. 123f. Tese (Livre Docncia) -Faculdade de Cincias Agronmicas,Universidade Estadual Paulista, Botucatu,2001.

    Irriga, v. 9, n. 1, janeiro-abril, 2004