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REPONSABILIDADE SOCIAL E
TURISMO NA FAVELA
Eunice Mancebo (UNIRIO)
eunice_mancebo@hotmail.com
Maria Amalia Oliveira (UNIRIO)
mariaamali@gmail.com
Maria Jaqueline Elicher (UNIRIO)
queijocmelado@hotmail.com
Leticia Xerez (UNIRIO)
escrevapralela@hotmail.com
A Responsabilidade Social Corporativa apresenta-se como estratégia
de gestão eficaz na busca de resultados baseados no desenvolvimento
sustentável. O presente trabalho tem como objetivo apresentar um
referencial teórico de responsabilidade social e turismo na favela,
alinhando-o com a realidade do turismo, através de pesquisa teórica e
estudo de caso direcionado à uma empresa turística. O material
coletado tanto na pesquisa como no estudo de caso permitiu perceber
as potencialidades do estabelecimento da responsabilidade social
empresarial nas organizações interessadas no engajamento dos
recursos ambientais, sociais e econômicos
Palavras-chaves: Responsabilidade Social ; Sustentabilidade ; Turismo
5, 6 e 7 de Agosto de 2010
ISSN 1984-9354
VI CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO Energia, Inovação, Tecnologia e Complexidade para a Gestão Sustentável
Niterói, RJ, Brasil, 5, 6 e 7 de agosto de 2010
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1 INTRODUÇÃO
Resultante das transformações socioeconômicas das últimas décadas, o comportamento
organizacional teve alterações que refletiram na sua forma de interagir com a sociedade onde
a empresa, até então acostumada, apenas, à maximização de lucros, percebe a necessidade de
interagir com o meio no qual está inserida. Essa nova forma de concepção vai gerar um novo
paradigma, uma vez que as empresas necessitam de criatividade, recursos financeiros e
humanos - recursos esses que já fazem parte do seu capital. Sob essa ótica as organizações
têm imensa Responsabilidade Social (RS).
Entretanto, o conceito de Responsabilidade Social ainda está muito informal. Confunde-se
com diversos outros temas, tais como marketing social, responsabilidade ambiental,
filantropia, obrigações sociais, provocando por assim dizer, distorções graves acerca do
assunto. Como definir, então, esse termo tão presente nas conversas formais e informais, nos
ciclos acadêmicos, no quotidiano da imprensa televisiva, jornalística?
A construção desse conceito inicia-se através de Bowen1 (1957), ele acredita que a
Responsabilidade Social são aquelas obrigações oriundas das práticas de negócios que
resultarão em melhorias para a sociedade. O autor tece a seguinte consideração ao conceituar
RS: “as obrigações dos homens de negócio de adotar orientações, tomar decisões... [sempre]
compatíveis com os valores da sociedade.”
Duas décadas e meia depois, Oliveira2 (1984) define a expressão como sendo
...a capacidade de a empresa colaborar com a sociedade, considerando seus valores,
normas e expectativas para o alcance de seus objetivos. No entanto, o simples
cumprimento das obrigações legais, previamente determinadas pela sociedade, não
será considerado com comportamento socialmente responsável, mas como
obrigação contratual óbvia, aqui também denominada obrigação social... (Oliveira,
1984)
1 Bowen, Howard R. Responsabilidades sociais do homem de negócios. Rio de Janeiro, Civilização
Brasileira, 1957. 2 Oliveira, José Arimatés de. Responsabilidade Social em pequenas e médias empresas. Revista de
Administração de empresas, v.24, nº 4, out/dez. 1984
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A expressão Responsabilidade Social não é apenas um apelo às organizações, não
representa uma nova forma de se fazer filantropia e, nem mesmo pode ser vista como
marketing social. O termo representa, acima de qualquer outra conceituação, responsabilidade
para com as comunidades, com o cidadão, e com as suas organizações. Ao ser inserido no
cotidiano das pessoas, passando das palavras à prática, e à inclusão da expressão no
vocabulário mundial, fica evidente que somos sujeitos de mudança nesse cenário ainda em
construção.
O presente trabalho tem como problema central a apresentação de um referencial
teórico do tema Responsabilidade Social Corporativa e a aplicação mais especificamente nas
empresas de turismo. Sua relevância decorre da grandeza da ação e dos desdobramentos
positivos de sua prática. Uma sociedade mais consciente emerge a cada minuto. Consciência
que impulsiona a almejar uma melhoria na qualidade de vida até então não experimentada. O
esgotamento do governo enquanto provedor das melhorias tão sonhadas pelo cidadão
alavancou a criação dos movimentos do terceiro setor a nível mundial. Essas ações acabam
sendo cada vez mais percebidas pelo consumidor final, influenciando de forma positiva ou
negativa na imagem da organização. Além disso, justifica-se a escolha do tema, pois apesar de
existirem registros antigos sobre o assunto, a Responsabilidade Social, nas últimas décadas,
ganhou um terreno muito amplo e está em processo de desenvolvimento tanto teórico como
prático, apresentando nuances desconhecidas fundamentais para a boa prática e conhecimento
do tema em questão.
As empresas caminham cada vez mais nesse processo porque desdobramentos
positivos mencionados não são apenas para aqueles que, teoricamente, se beneficiariam da
ação. Ao contrário, hoje em dia, a gestão da Responsabilidade Social, traz muitas vantagens
para a empresa. Portanto o que se pretende analisar é a relação entre Responsabilidade Social,
Empresa de Turismo e Comunidade e verificar o que acontece quando os três caminham
juntos.
A metodologia para essa observação será através do acompanhamento de uma empresa
do Rio de Janeiro e seu programa de tours na comunidade da Rocinha na mesma cidade. A
escolha pela empresa, de nome Be a Local (Seja um Local), se dá justamente pela proposta
desta em fazer com que o turista experimente a cidade como as pessoas locais o fariam. Um
dos roteiros oferecidos é o Favela Tour, que leva os visitantes para dentro da comunidade,
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onde podem passear, fazer compras e entrar em contato com os moradores. Através deste
projeto, a empresa investe em projetos sociais na comunidade e estimula os visitantes a
contribuir.
Buscamos em Yin3 um esclarecimento acerca da prática investigativa através do estudo de
caso, que é considerado “uma forma de se fazer pesquisa social empírica ao investigar-se um
fenômeno atual dentro de seu contexto de vida real, onde as fronteiras entre o fenômeno e o
contexto não são claramente definidas e na situação em que múltiplas fontes de evidências são
usadas”.
Logo, utilizando o pensamento de Gil (1999) pode-se considerar esse estudo como uma
pesquisa exploratória e descritiva. Exploratória porque visa prover o pesquisador de maior
conhecimento sobre o tema escolhido e, descritiva uma vez que no presente trabalho o
objetivo é levantar opiniões, atitudes e crenças dentro da unidade de pesquisa adotada.
A coleta de dados ocorreu em pesquisa de campo realizada pelas autoras no período de
outubro deste ano. Entrevistas foram aplicadas com os atores envolvidos nessa experiência.
Primeiro a empresa, depois representantes da comunidade da Rocinha e por último,
representantes da entidade apoiada pela Be a Local.
2 TURISMO, SUSTENTABILIDADE E A RESPONSABILIDADE SOCIAL
EMPRESARIAL
Turismo é classificado pela Organização Mundial do Turismo – OMT4 como o
deslocamento de indivíduos para fora do seu local de residência, por um período superior a 24
horas e inferior a 60 dias, motivados por razões não econômicas. Outros autores somam a
isso a necessidade do prazer e descanso ou conceitos como o de serviço. Entretanto, toda
teoria não vai conseguir classificar concretamente uma atividade abrangente e “fluida” como
o turismo que, portanto, será considerado um fenômeno econômico e social. A atividade é
reconhecida como uma grande responsável pelo crescimento econômico no Brasil. Nos
últimos anos os números relacionados à atividade deram um grande salto. Mas ainda assim,
mesmo captando recursos cada vez mais amplos, o turismo depara-se com uma série de
3 Yin, R.K. Estudo de caso: planejamento e métodos. Porto Alegre; Bookman, 2001.
4 A World Tourism Organization – UNWTO, ou OMT, é a agência especializada das Nações Unidas no campo
do turismo.
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problemas que entravam o seu próprio desenvolvimento e também influem nas comunidades
nas quais se estabelece.
A sustentabilidade vem se caracterizando como uma aliada na busca de soluções para os
problemas relativos ao desenvolvimento do Turismo. Desde meados do século XX fatos
históricos fizeram nascer na sociedade o reconhecimento do compromisso que deve existir
para com as condições de vida no planeta. A Guerra Fria e o derramamento de mercúrio na
Baía de Minamata no Japão são citados por Mello e Afonso (2007)5, como dois episódios que
começaram a desenhar a consciência da necessidade de um novo estilo de desenvolvimento -
que não represente ameaça à vida no planeta
As atividades econômicas devem estar comprometidas com a capacidade de suporte
dos sistemas naturais e das condições de vida no planeta. A proposta de uma nova
visão de desenvolvimento, o desenvolvimento sustentável, surge decorrente da
compreensão de que o desenvolvimento econômico compromete a cultura, a
política, a sociedade e o meio ambiente. (MELLO E AFONSO, 2007)
A partir de então, sucessivas conferências, reuniões e relatórios começaram a ser feitos
com foco no futuro do planeta, na responsabilidade dos seres humanos e na melhoria para as
condições de vida. Após a Conferência de Estocolmo em 1972, a ONU criou a Comissão
Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, presidida por Gro Harlem Brundtland,
que produziu o relatório Nosso Futuro Comum, em 1987. Esse relatório definiu o conceito de
desenvolvimento sustentável como “aquele que atende às necessidades do presente, sem
comprometer a possibilidade de as gerações futuras atenderem às suas próprias necessidades”6
Para Mello e Afonso, 2007, Sustentabilidade e Responsabilidade Social Empresarial são
temas entrelaçados. As empresas vêm incorporando princípios da sustentabilidade à gestão,
tornando-se responsáveis em seus impactos e na preservação da vida. Além disso, os dois
conceitos têm em comum a busca do Triple Bottom Line, ou seja, obtenção de resultados em
três âmbitos: econômico, social e ambiental, sem que nenhum se sobreponha ao outro.
Turismo, Sustentabilidade e Responsabilidade Social Empresarial devem ser unidos em
um pensamento que busque aliar atividades empresariais a ações de benefícios
5 MELLO, Paulo Márcio & AFONSO, Rita de Cassia Monteiro. Responsabilidade social empresarial.
Coordenação da coleção Carlos Renato Mota, Roberto dos Santos Bartholo Jr.Rio de Janeiro: LTDS/COPPE,
2007 6 WORLD Commission on Development and Environment. Our Common Future. Oxford: Oxford University
Press, 1987
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multidisciplinares, que tragam resultados positivos para o próprio turismo e para a sociedade e
seu ambiente.
2.1 A importância social do turismo
O modelo econômico e a globalização aceleram processos de desigualdade social e,
paralelamente, degradação dos recursos naturais ao redor do mundo, deixando camadas
menos favorecidas da população privadas de direitos básicos. Essa situação provoca a
reflexão sobre formas de minimizar e depois reverter essa situação no futuro. O crescimento
do turismo desenvolvido em bases justas e sustentáveis aparece aí como uma ferramenta para
devolver o espaço e a importância que cada ator social tem.
A questão é que nem sempre o turismo é planejado dessa forma. Algumas vezes ele
aparece sob forma de um capital introduzido em um local, sem gerar desenvolvimento algum
e nos piores casos, provocando impactos ambientais, econômicos e sociais na região.
Observamos dois tipos de problemas na relação entre o turismo e a sociedade: há
aqueles que pré-existem ao turismo e a atividade pode ajudar a resolver e, há aqueles
decorrentes do turismo, que um estudo e planejamento podem reverter. Por isso a atividade
turística é importante socialmente. Ela é multidisciplinar, atua nos mais diversos campos (às
vezes determinantemente, como na economia de alguns lugares) e envolve pessoas, ou seja,
age diretamente no ator social.
Coriolano (2006) analisa as ambigüidades no discurso de 2001 do órgão maior do
turismo, a OMT, em que, pela primeira vez em pronunciamento, considera que o turismo
exclui parte da população apesar de ser fator de inclusão social. Nesse pronunciamento,
ocorrido em Natal-RN, a organização reconhece a complexidade que existe na diminuição
sustentável da pobreza e até oferece ajuda aos governos. Porém, como observado pela autora,
não há, efetivamente, uma proposta ou idéia de programa com ações práticas. Além disso, a
autora critica o fato de que não há menção à íntima ligação que o turismo tem com o modelo
econômico gerador dos problemas sociais.
(...) não há como afastar a análise do turismo do mundo da produção e das
contradições do modelo produtivo vigente. O espaço, matéria–prima do turismo e
da produção da riqueza, não é mencionado. Portanto, não vai ao cerne da questão.
Sabe-se que ocorre uma fuga das divisas no turismo, associada à concentração dos
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ganhos e não foi indicada forma de combate a essa práticas, pois implica o
afastamento do modelo vigente (...) (Coriolano, 2006)
Isso mostra a dialética que o turismo pode representar. Se por um lado é capaz de captar
divisas e desenvolve o crescimento de economias, por outro, é predador de espaços e pode
gerar danos sociais e ambientais irreversíveis. O grande desafio dos gestores é equilibrar essa
balança a favor de um desenvolvimento sustentável do turismo. Para tanto a gestão da
responsabilidade social apresenta algumas ferramentas que se mostram muito eficientes para
atingir a sustentabilidade Permitindo-se, então, considerar os três fatores – econômico,
ambiental e social – existentes nos processos de gestão socialmente responsáveis.
O demonstrativo da força que o movimento pró-sustentabilidade vem ganhando é
notado ao redor do mundo. Um exemplo interessante é o Dow Jones Sustainability Index –
DJSI que é constituído por empresas extraídas do Dow Jones Global Index - DJGI7. O DJSI
tem mostrado valorização crescente das ações de empresas como 3M, SONY, Intel, Unilever,
Volkswagen entre outras que o integram. Ressaltando a importância dos valores intangíveis
como relacionamento com as partes interessadas, gerenciamento de riscos e reputação. Em
contrapartida empresas como Nike e Parmalat foram casos notórios de perdas em função da
inobservância de aspectos como sustentabilidade e impactos sobre seus stakeholders8. Para
fazer parte o DJSI as empresas devem passar por um processo de aprovação que observa seus
perfis econômico, ambiental e social.
Outro exemplo que merece atenção é o selo Green Globe. O Green Globe foi criado
pelo grupo de consultoria ambiental EC3 Global – Evaluate Communicate Evolve, destinado a
qualificar entidades envolvidas na indústria de viagens e turismo. O EC3 Global é
internacionalmente reconhecido por promover compreensão e caminhos para gerenciar e
alcançar metas sustentáveis. Os participantes de mais de 42 países, (o Brasil ainda não tem
nenhum representante) seguem um programa que os ajuda a melhorar sua performance em
relação ao meio ambiente.
Há programas especificamente destinados a companhias, comunidades ou
consumidores. O programa para companhias é formulado para que organizações dentro do
7 DJGI é o índice mais tradicional utilizado para acompanhar a bolsa de valor norte-americana. É composto pelas
ações das empresas mais importantes do mundo, por isso é utilizado como parâmetro na análise dos indicativos
de mercado. 8 Termo utilizado em administração para designar as partes interessadas envolvidas em um processo.
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ramo de viagens e turismo desenvolvam uma estrutura de gerenciamento voltada para a
sustentabilidade. Para isso, desenvolve uma série de critérios que garantem a certificação da
empresa. O processo promove uma melhoria operacional que, segundo os idealizadores, é
uma grande oportunidade para o marketing da empresa já que, ao participar do programa, se
está associando com uma organização altamente respeitada internacionalmente e
comprometida com o meio ambiente.
O processo de desenvolvimento do modelo Green Globe para companhias tem duas
partes:
Benchmarking9 (bronze): neste estágio, primeiramente, se estabelece uma política
de sustentabilidade pela empresa. Em seguida completa-se a avaliação do
Benchmarking, este processo envolve organizações alcançando e mantendo níveis
apropriados em seus indicadores. Cumpridos estes dois passos há uma avaliação de
acordo com critério pré-estabelecido para, então, ser concedida a certificação bronze
do selo Green Globe: Benchmarked.
Certificação (prata): alcançar a etapa de certificação consiste em conduzir os quatro
últimos passos do programa:
- Correspondência: observar se a política está de acordo com a legislação e as
necessidades para isso.
- Aproximação: implementar uma aproximação ambiental e socialmente sustentável.
- Desempenho: documentar desempenho e resultados.
- Comunicação: comunicar e consultar as diferentes partes interessadas.
Uma vez completos estes passos, avalia-se sob critérios pré-estabelecidos e a
certificação prata é concedida.
Se uma organização alcança a Certificação Green Globe por cinco, ou mais, anos
consecutivos, ela é recompensada com o símbolo do Certificado Green Globe (Ouro), pois
significa o contínuo compromisso com o desempenho e a melhora do meio ambiente.
Segundo o site da EC310
, pesquisas recentes demonstram o prestígio que uma marca recebe
após a certificação, e pessoas estão dispostas a pagar mais para adquirir um produto vindo de
uma empresa assim. Os selos são observados a seguir:
9 Benchmarking é um termo administrativo que designa um processo contínuo de investigação de práticas
empresariais, serviços ou produtos, entre concorrentes, visando alcançar superioridade e competitividade. 10
EC3. Disponível em: http://www.ec3global.com/. Acesso em 09 de novembro de 2009.
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Os benefícios observados compreendem que, uma atitude socialmente responsável leva
a múltiplas conseqüências às partes envolvidas. Os participantes do projeto, espalhados pelo
mundo, notam a baixa nos custos operacionais, pois reduziram gastos de energia e desperdício
e houve conservação das fontes; reconhecimento global de consumidores e investidores que
escolhem seus destinos preocupando-se com o impacto ambiental possível; melhorias “sócio-
ecológicas” suporte no desenvolvimento local e conservação do ecossistema e; concordância
com governos e órgãos legislativos. Resumindo, uma organização com este selo é sinônimo
de confiança e aceitação.
2.2 Sustentabilidade
Sustentabilidade é um conceito de atividade humana sistêmica, relacionado com a
continuidade dos aspectos econômicos, sociais, culturais e ambientais da sociedade humana,
que abrange vários níveis de organização social, desde a vizinhança local, de empresas, até o
planeta como um todo. Baseia-se na premissa de que nós do presente podemos afetar
irreversivelmente as condições das gerações futuras, mas a recíproca não é verdadeira.
Entende-se como um meio pelo qual a sociedade, os seus membros e as suas
economias possam satisfazer suas necessidades e explorar seu maior potencial no presente, e
ao mesmo tempo preservar a biodiversidade e os ecossistemas naturais, planejando e agindo
de forma a garantir a manutenção indefinida desses recursos. Para isso o empreendimento,
deve levar em consideração quatro requisitos básicos, têm de ser: ecologicamente correto;
economicamente viável; socialmente justo e culturalmente aceito.
Colocando em termos simples, a sustentabilidade é prover o melhor para as pessoas e
para o ambiente tanto no presente como para um futuro indefinido.
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Referem-se ao termo "desenvolvimento sustentável" como um termo mais amplo, pois
implica em desenvolvimento continuado, e insistem que ele deve ser reservado somente para
as atividades de desenvolvimento econômico. Sustentabilidade, então, é hoje em dia usado
como um termo amplo para todas as atividades humanas.
Em 1983, na Assembléia Geral da ONU, a Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente
e Desenvolvimento (CMMAD) enunciou, pela primeira vez de forma clara, o conceito de
desenvolvimento sustentável. Essa comissão propôs novas normas de cooperação para
orientação de políticas e ações internacionais, de modo a promover as mudanças que se
faziam necessárias. Finalmente em 1987, com a emissão do relatório "Nosso Futuro Comum"
(também conhecido como "Relatório Brundtland"), cunhou-se o conceito de
desenvolvimento sustentável.
Segundo Gutierres e Lee na Revista Banas Qualidade de outubro de 2008
Nesse conceito foram embutidos pelo menos dois importantes princípios: o de
necessidades e o da noção de limitação. O primeiro trata da eqüidade
(necessidades essenciais dos pobres) e o outro se refere às limitações que o estágio
da tecnologia e da organização social determina ao meio ambiente. Já que as
necessidades humanas são determinadas social e culturalmente, isto requer a
promoção de valores que mantenham os padrões de consumo dentro dos limites
das possibilidades ecológicas. O desenvolvimento sustentável significa
compatibilidade do crescimento econômico, com desenvolvimento humano e
qualidade ambiental, portanto, preconiza que as sociedades atendam às
necessidades humanas em dois sentidos: aumentando o potencial de produção e
assegurando a todos as mesmas oportunidades (gerações presentes e futuras).
(Gutierres e Lee, 2008, p.32)
Nessa visão, Gutierres e Lee (2008) vêem o desenvolvimento sustentável na sua
essência
é um processo de transformação no qual a exploração dos recursos, a direção dos
investimentos, a orientação do desenvolvimento tecnológico e a mudança
institucional se harmonizam e reforçam o potencial presente e futuro, a fim de
atender às necessidades e às aspirações humanas. (Gutierres e Lee, 2008, p.32)
O desenvolvimento sustentável não pode ser considerado um modelo de permanente
equilíbrio, mas sim um processo de mudanças quanto à utilização dos recursos e a
distribuição de custos e benefícios promovidos que pode ser aplicado aos negócios.
O impacto provocado pelas empresas que estão inseridas na sociedade, assim como o
impacto sofrido por elas causado pela sociedade, nos faz afirmar que o conceito de
sustentabilidade do negócio está diretamente ligado ao conceito de sustentabilidade da
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própria sociedade. Poderíamos dizer assim, que dependendo da maneira como as
organizações e da sociedade em que estão inseridas utilizam e gerenciam seus recursos fica
definido o nível de sustentabilidade da empresa. Segundo Jorge P. Cerqueira (2007), as
organizações tem três tipos de recursos: os econômico-financeiros; os ambientais e; os
sociais. Definidos assim:
Recursos econômico-financeiros - relacionados com tudo o que ela investe
em infra-estrutura e em produção, visando ao lucro ou a outro resultado que
atenda aos interesses de seus acionistas ou proprietários; relacionam-se com o
dinheiro investido e com o resultado econômico-financeiro obtido; a gestão da
qualidade, na medida em que busca atender à satisfação dos clientes e aos
requisitos regulamentares relacionados aos produtos intencionais gerados está
diretamente ligado à utilização desses recursos.
Recursos ambientais - relacionados com a utilização dos recursos naturais
renováveis ou não-renováveis disponíveis e com o impacto que suas atividades
produzem nesses recursos; a gestão ambiental está diretamente ligada à utilização
desses recursos; ela envolve ainda o patrimônio artístico e cultural.
Recursos sociais - relacionados com o ser humano e com sua vida no
trabalho e em sociedade; a gestão da segurança no trabalho e da saúde
ocupacional, bem como a gestão de políticas de respeito aos direitos humanos
estão diretamente ligadas à utilização desses recursos. (Cerqueira, 2007, p.303)
Quando se equilibra o uso dos recursos econômico-financeiros, com a preservação dos
recursos naturais e a interferência positiva nos recursos sociais, caracteriza-se a
sustentabilidade do negócio. A correta utilização desses recursos pelas empresas pode
assegurar sua viabilidade.
3 RESPONSABILIDADE SOCIAL
O tema Responsabilidade Social, no decorrer das últimas décadas, vem ganhando
grande proporção e espaço nas discussões. O que era tido como uma simples forma de
filantropia, hoje, é assunto prioritário em agências, escolas, empresas e também em
organizações mundiais como a ONU.
3.1 Histórico
Em busca de uma primeira definição para o termo Responsabilidade Social (RS)
encontramos um estudo publicado em 1953 nos Estados Unidos de autoria de Howard Bowen.
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O mais interessante é a constatação que Bowen11
fez parte de um grande estudo sobre Ética e
Vida Econômica Cristã, que foi iniciado em 1949 pelo Conselho Federal das Igrejas de Cristo
da América.12
O interessante foi o fato de este Conselho ter se tornado o Conselho Nacional
das Igrejas de Cristo nos Estados Unidos da América, em 1951 juntamente com outras 29
seitas protestantes e ortodoxas. Nesse sentido associar o termo Responsabilidade Social às
práticas adotadas entre a moral e a boa conduta, religião e fé do homem.
Para Bowen13
responsabilidade social são as “... obrigações dos homens de negócios de
adotar orientações, tomar decisões e seguir linhas de ação que sejam compatíveis com os fins
e valores de nossa sociedade”. Analisando seu conceito temos alguns pontos obscuros uma
vez que não ficam claro quais são os fins e os valores considerados para a nossa sociedade
bem como quais seriam as linhas de ação a serem adotadas para esse fim. Desta forma seria
injusto julgarmos se uma empresa esta caminhando ou não para a responsabilidade social, se
sua diretoria analisa os valores e as linhas de ação considerados relevantes no processo.
No entanto, para alguns outros pesquisadores existe a idéia de que o aparecimento do
termo Responsabilidade Social foi decorrente de um manifesto subscrito por 120 industriais
ingleses, já no final do século XIX. Segundo esse documento já existia a idéia de
responsabilidade por parte dos dirigentes de uma indústria “...que é manter um equilíbrio justo
entre os vários interesses dos públicos, dos consumidores, dos funcionários e dos acionistas.
Além disso, dar maior contribuição possível ao bem estar da nação como um todo”
Quelhas (2006)14
reflete que o de responsabilidade social (ao menos da forma como é
colocado por Bowen) é “... muito filosófico, isto é, de cunho ideológico. Em outras palavras, a
noção de responsabilidade social se defronta em áreas-limite da ética e da moral
absolutamente subjetivas” no entanto fica evidente tal conceito de responsabilidade social
como a “obrigação do homem de negócios de adotar orientações, tomar decisões e seguir
linhas de ação que sejam compatíveis com os fins e valores da sociedade.”
Ainda, segundo o autor, estamos tratando de um termo ainda em construção. Sua
conceituação, seu próprio termo ainda está em processo de definição.
11 OLIVEIRA, José Arimatés de. Responsabilidade social em pequenas e médias empresas. Revista de Administração de
Empresas. v. 24, n. 4, p. 203-210, out./dez. 1984. p. 204
12 Idem
13 BOWEN, Howard R. Responsabilidades Sociais do Homem de Negócios. Rio de Janeiro : Civilização
Brasileira, 1957. p. 03. 14
QUELHAS, Osvaldo. Sustentabilidade das organizações brasileiras. Niterói:ABEPRO, 2006
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Lê-se e ouve-se de várias pessoas ligadas à área de gestão os
vocábulos Responsabilidade Social, Cidadania Corporativa,
Gestão Social, Gestão Responsável, Accountability,
Governança Corporativas e vários outros equivalentes em
inglês, todos eles referindo-se ao movimento da
responsabilidade social corporativa (Quelhas, 2006)
3.2 Responsabilidade Social Corporativa
Atualmente há muita informação disponível sobre direitos humanos, sustentabilidade,
cidadania e afins. Ao mesmo tempo, a sociedade percebe que os problemas sociais,
ambientais e econômicos aumentam quando são administrados de forma desengajada do
ponto de vista sustentável. Esta noção desenvolve consumidores e investidores conscientes.
Em vista disso, cada vez mais, as organizações se preocupam em conduzir programas
de responsabilidade social tanto interna como externa. Procuram estabelecer uma relação
positiva com as partes envolvidas em seus processos, atingindo resultados muitas vezes
vantajosos para todos estes. Como contrapartida, estas organizações, percebem e adquirem
competitividade e reconhecimento do público. Um exemplo é o certificado Green Globe. No
Brasil ainda não temos nenhuma empresa com este selo, mas já é uma marca internacional
que tem sido responsável por um aumento expressivo no interesse pelos princípios
sustentáveis, pois ela “simboliza melhores negócios e melhores ambientes sustentáveis para
clientes, companhias e comunidades.” (Lacorte e Ribeiro, 2003).
A gestão social além de assegurar o bem-estar da comunidade em que atua, atinge todos
os personagens que estão envolvidos de alguma forma com o processo. Além de apoiar o
desenvolvimento local e preservar o meio-ambiente em que está a empresa que opta pela
gestão com bases na responsabilidade social, também garante um ambiente de trabalho
agradável e positivo para seus funcionários, promove um sistema de comunicação
transparente, age em sinergia com todas as partes interessadas e parcerias e atinge a satisfação
de seus clientes externos e internos.
Desta maneira, a ação social deve contribuir para que a empresa atinja seus objetivos
estratégicos, pois gera efeitos positivos não só na sociedade, mas dentro da empresa.
Acordando com a definição básica de responsabilidade social corporativa: a agregação de
valores a longo prazo para o acionista.
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É possível verificar a existências de inúmeras instituições que foram criadas para
trabalhar com temas sociais, direitos humanos, controle ambiental – Compromisso pela
Reciclagem Ambiental – CEMPRE, Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento
Sustentável – CEBDES, Fundação Brasileira para o Desenvolvimento Sustentável – FBDS.
Na esfera da responsabilidade social corporativa foi fundado, em 1998, o Instituto Ethos de
Responsabilidade Social que preconiza ajudar as empresas a “compreender e incorporar o
conceito de responsabilidade social no quotidiano de sua gestão.”
4 TURISMO COM RESPONSABILIDADE SOCIAL CORPORATIVA
A disseminação da consciência quanto aos benefícios da gestão da responsabilidade
social, faz crescer o número de empresas que adotam essa postura. A escolha da empresa Be a
Local se deu pela procura por algum trabalho social, em que fosse possível aplicar os
conceitos de Responsabilidade Social presentes neste trabalho. Outra razão é a proposta
apresentada por ela de um turismo diferenciado, pois é feito especialmente para
“mochileiros”. Em sua página na Internet15
, presente no anexo 2, a Be a Local explicita que a
idéia, desde que começaram a operar em 2003, é mostrar a cidade do Rio de Janeiro de um
ponto de vista local. Dentro desse objetivo formularam três tipos de tours: o Favela Tour, na
comunidade da Rocinha, os jogos no Maracanã e o Favela Party, em Rio das Pedras.
APRESENTAÇÃO DO FAVELA TOUR
Há uma grande procura, por parte dos estrangeiros, que querem saber como é a forma de
vida em um ambiente diferente da realidade deles. Por isso não é difícil encontrar empresas
fazendo passeios em comunidades como a Rocinha na cidade do Rio de Janeiro. Essa
comunidade é a maior da América Latina, então ganha um foco especial na curiosidade dos
turistas. A diferença entre as empresas que trabalham lá e a Be a local é o tipo de relação que
se estabelece.
Logo no inicio do passeio o guia e fundador da empresa, Luis, para com os visitantes e
faz uma série de considerações quanto à história do local, as pessoas que vivem ali dentro e o
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Disponível em http://www.bealocal.com/flash.html . Acesso em 31 de outubro de 2009
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tipo de comportamento que deve ser adotado a partir de então. Um aspecto interessante é que
ele não procura esconder a realidade “feia” dali como acontece muito em passeios turísticos
em que se ignora tudo que não são montanhas, praias e vistas da cidade maravilhosa. Luis
guarda um espaço em seu discurso para falar do tráfico de drogas e da possibilidade do grupo
ver coisas como armas no meio do tour. Aspectos indissociáveis da vida em uma comunidade
como esta.
Em seguida o grupo se dirige aos moto-táxis para ir até o topo do morro. Enquanto isso
passam outras empresas em seus carros e o guia ressalta a importância que a empresa dá em
não transformar o passeio em uma espécie de “safari” em que os visitantes ficam olhando de
longe o que seriam atrações. De moto todos sobem até o topo e começam a descer a pé a Rua
1, uma das mais importantes e antigas da comunidade.
Durante o percurso Luis pede para todos respeitarem suas ordens quanto a fotos e
comportamento, o que depende de onde o grupo está passando. Enquanto isso conta aspectos
curiosos do dia a dia na comunidade, mostra os “gatos” na eletricidade, o problema do lixo e
da falta de educação existente, que agrava os problemas. Ao mesmo tempo o grupo percebe
que a comunidade funciona como uma pequena cidade, com seu sistema de correio
comunitário, escolas, vendas e tudo mais que se possa necessitar.
O guia fica sempre atento às necessidades do grupo e incentiva a interação dos
estrangeiros com a vida local. No meio do trajeto ele para em padarias e vendinhas para o
pessoal comer e beber ali e também em pontos de venda de artesanato. Também há uma
parada em uma galeria de arte local, onde se vendem telas e quadros de grafitti ou tinta
comum, que retratam a comunidade e sua cultura. Dentro da galeria os visitantes podem
conhecer um pouco esse tipo de arte e comprar se for o caso.
A última parada é a Organização não Governamental Associação de Mulheres Pró
Melhoramento da Roupa Suja e é justamente ali que acontece o maior trabalho social da Be a
local. A Roupa Suja é como se chama uma das partes mais carentes da comunidade. Antes de
entrar, Luis explica que naquela ONG funciona um dispensário/creche para crianças de 1 a 6
anos de idade. No inicio do projeto, ele conta que aquilo era uma casinha de um andar que
atendia 10 crianças. Hoje, quatro anos depois, existe uma casa de três andares atendendo 120
crianças. O grupo então entra na ONG, tem a oportunidade de ver de perto o trabalho das
mulheres voluntárias, conhecer as crianças e fazer doações, fonte exclusiva de renda.
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As doações dos visitantes acontecem através da “caixinha” e da venda de camisetas da
empresa (que reverte 50% para a ONG). Além disso, Luis explica o sistema de
apadrinhamento, no qual um visitante pode custear, de longe, uma criança e suas necessidades
na creche. Através desse projeto muitas crianças já foram ajudadas. O dinheiro arrecadado
permite que a ONG contrate uma professora e, além disso, a empresa atua diretamente doando
a alimentação.
Depois disso segue-se na descida até a base do morro. Ao entrar em contato com os
estrangeiros que acabaram de fazer o tour, percebe-se uma comoção geral. Perguntados se
essa visita tinha mudado a percepção deles quanto às comunidades, também conhecidas como
favelas, a resposta dominante foi a positiva. Comentaram que aquela realidade de vida é
inconcebível no país em que vivem (a maioria era de europeus) e estavam todos
impressionados e fascinados ao mesmo tempo com o que esse povo consegue fazer. Luis
fecha o passeio conversando ainda sobre os aspectos críticos da comunidade e atenta para
quantidade de pessoas que se pode ajudar nesse trajeto que se fez: os moto-taxistas, as
padarias, os artesãos, os artistas da galeria e a creche.
Toda a proposta do tour e da empresa funciona bem e atinge o objetivo proposto de
fazer com que o turista se sinta inserido no local visitado. Junto a isso a Be a Local ainda
consegue promover um projeto social importante.
ENTREVISTA COM A BE A LOCAL
A tabela 1, a seguir, demonstra as perguntas e respostas feitas com a equipe da Be a
local. A entrevista foi feita com Luis, fundador da empresa, e Márcio, parceiro desde o inicio
das operações.
Tabela 1 – Entrevista com a empresa
Perguntas Respostas
1- Como surgiu a idéia de
fazer o Favela Tour?
A idéia do Tour na Favela surgiu após várias reclamações de turistas backpackers sobre
os outros passeios oferecidos na cidade. Os turistas buscavam além da visita à favela,
uma integração maior com a comunidade. Ao invés de tour dentro de jeeps ou van,
buscavam algum que pudesse mostrar a favela por dentro, caminhando por suas vielas e
mostrando realmente a realidade do cotidiano das pessoas.
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2- Há quanto tempo
acontece? O passeio acontece desde janeiro de 2003.
3- A comunidade fez
alguma exigência para
permitir a execução de
projeto?
Desde o início, não sofremos qualquer tipo de imposição ou exigência para efetuar o
passeio. Porém, tendo em vista a consciência social da Be a Local, decidimos por conta
própria, buscar um projeto que fosse responsável, confiável e que vislumbra-se um
futuro para as crianças.
4- Por que a empresa
resolveu passar parte da
renda adquirida à uma
creche da comunidade? Qual
foi o critério para escolher o
favorecido?
O que é repassado à comunidade é renda convertida em alimentos. Como dito na
resposta anterior, desde o início das operações da Be a Local na Rocinha, sempre foi
objetivo da empresa focar na ajuda comunitária. O critério para a escolha do projeto, foi
casual. Um dia, fomos convidados a visitar uma creche, que localizava-se no caminho do
passeio e após a primeira visita (meio que como amor à primeira vista), ficou-se decidido
o apoio à tal creche.
5- De que forma é feita essa
assistência?
Doação de alimentos comprados pela própria empresa e entregues na comunidade. Todos
os meses é feita uma lista das necessidades de alimentação para as crianças e a partir
dai, faz-se uma busca por qualidade, sabor, poder nutritivo....
6- Foi percebido algum
benefício para a empresa
após a parceria com a
creche? Que tipo?
O benefício recebido foi principalmente carinho, amor e amizade das pessoas envolvidas
no projeto. Também, criou-se uma integração maior com a comunidade, que reflete-se
numa maior harmonia com todos que ali vivem.
7- Existe algum diálogo
entre a empresa e as partes
interessadas? Alguma busca
de saber onde pode haver
melhora?
Sempre, a busca por projetos e soluções é sempre debatida com as partes interessadas.
8- Você considera a relação
empresa-comunidade ética e
transparente? Por quê?
Tentamos da melhor forma possível, interagir com a comunidade, com muito diálogo.
Estamos presente na comunidade, praticamente todos os dias do ano e em conseqüência
disso, impossível se torna não conhecer as pessoas, o que se passa com elas e da mesma
forma, a comunidade conhecer a Be a Local, seus guias e suas historias de vida.
Luis e Márcio contaram que a idéia de fazer um tour na favela surgiu em janeiro de
2003, após detectarem uma falha no mercado quando se trata de mochileiros, que são aqueles
viajantes jovens, não necessariamente com menos dinheiro, que optam por albergues em sua
maioria e querem fazer programas diferentes dos lugares comuns no turismo. Luis e Márcio
ouviam reclamações sobre os passeios oferecidos. Os turistas queriam maior integração com a
comunidade.
Os proprietários da empresa disseram que não houve imposição alguma da comunidade
para permitir a execução do projeto e, que veio da consciência social da Be a local, a decisão
de buscar um projeto que fosse responsável e ajudasse no futuro da comunidade, por isso a
preocupação com as crianças. O critério de escolha da ONG Associação de Mulheres Pró
Melhoramento da Roupa Suja, foi casual. A creche se localiza no caminho que passava o tour,
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de modo que foram convidados a entrar uma vez e, segundo Márcio, por “amor à primeira
vista”, decidiram que o apoio seria através dali.
A ajuda é feita através da doação de alimentos que a empresa compra, de acordo com
uma lista repassada pela creche. Há a preocupação com o valor nutritivo e a qualidade dos
produtos doados. Luis conta que a empresa já ajudou de outras formas “extra-oficiais”, como
ajudando a montar um barraco de um morador, mas, segundo ele, fica muito difícil regular o
real destino da renda que foi doada. Assim eles optaram por um viés mais seguro, mais certo.
Quando perguntados se houve algum benefício para a empresa após o inicio dessa
parceria, eles respondem que a maior vantagem é o carinho e a amizade das pessoas
envolvidas. A parceria se traduziu em harmonia e respeito entre a comunidade e a empresa.
Eles consideram o diálogo com as partes interessadas transparente e as relações são
estabelecidas de forma ética. Contam que a busca por projetos e soluções é sempre debatida,
afinal estão presentes na comunidade todos os dias e se torna impossível não se tornar parte
das histórias de vida. Esse foi um ponto interessante da entrevista, pois nota-se que os
proprietários só percebiam os benefícios e ponto de vista de uma das partes interessadas.
É interessante reparar que a Be a local, inconscientemente, estabelece alguns passos das
normas de RSE. Em primeiro lugar, consultou as partes interessadas e fez seu programa em
cima disso. Em segundo, mantém o relacionamento e o diálogo, a fim de detectar alvos de
melhoria. Junto a isso trabalha em cima da conscientização das pessoas, agindo em prol de
resultados positivos econômicos, sociais e até mesmo ambientais. Obedece à estrutura do
PDCA, presente na NBR 16001.
Finalizando a entrevista os dois contam que o objetivo inicial foi mostrar um Rio de
Janeiro que até mesmo cariocas não conheciam. Mostrar que a cidade vai muito além de
samba, futebol e mulher bonita. Entretanto com o decorrer do projeto o passeio foi ganhando
um cunho social que gera uma corrente muito positiva desde a percepção que é transformada
até o próprio auxilio financeiro que é resultado.
ENTREVISTA COM A ONG – ASSOCIAÇÃO DE MULHERES PRÓ-
MELHORAMENTO DA ROUPA SUJA
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A entrevistada dentro da ONG é a responsável Márcia que trabalha lá desde o início do
projeto. A tabela 2 detalha as perguntas e as respostas feitas.
Tabela 2 – Entrevista com a ONG
Perguntas Respostas
1- Qual é a relação dessa
instituição com a agência?
A relação começou há 4 anos quando o grupo apenas passava pela ONG com o tour. Ai
eles entraram uma vez e começaram a entrar sempre. A partir daí eles ajudam com a
alimentação das crianças. Para complementar, em todo passeio eles apresentam a caixa
de doações e revertem 50% da venda de camisetas para a gente. Também apresentam o
sistema de apadrinhamento aos estrangeiros, no qual, eles podem ajudar durante 6 meses
ou 1 ano nos gastos de uma criança.
2- Você considera
importante a presença da
agência para o quotidiano da
creche?
(x)sim ( )não A presença da empresa é muito importante na Ong, que vive somente de
doações. As doações provenientes do trabalho deles é muito significativa. Além disso,
muitas crianças já foram beneficiadas com padrinhos apresentados pela Be a local
3- Você considera que a
chegada da agência de
turismo foi algo planejado
ou imposto à comunidade?
(x) planejado ( ) imposto Com certeza planejada. Sempre conversada entre nós.
4- A agência estabelece
algum tipo de comunicação
com a creche?
(x) sim ( ) não Os passeios aqui são diários, então estamos sempre em contato,
sinalizando necessidades, problemas e afins.
5- Vocês sentem uma
transparência na relação?
(x) sim ( ) não São totalmente transparentes conosco. Tomam as decisões em conjunto
com a nossa comunidade.
6- Se a parceria
eventualmente acabar, a
creche permaneceria com
benefícios frutos dessa
relação?
(x)sim ( ) não A presença deles aqui é muito importante, porém, este é um trabalho em
que estou envolvida a 30 anos. Eles estão aqui há apenas 4. Portanto continuaríamos com
nosso trabalho.
Ela explica que a relação entre a empresa Be a local e a ONG começou há quatro anos,
quando o grupo resolveu entrar em uma das visitas. Desde então eles ajudam apresentando a
caixa de doações, vendendo as camisas e dando a alimentação das crianças. Márcia conta
também que, através deles, muitas crianças já foram apadrinhadas por estrangeiros que optam
por auxiliar durante 6 meses ou 1 ano. Ela considera a presença da empresa muito importante
para o dia a dia da creche que vive somente com doações.
A chegada da empresa ali foi algo planejado, segundo Márcia, conversado para ver de
que forma essa parceria poderia ser estabelecida. Por isso ela considera o diálogo entre eles
muito transparente, pois, a empresa está na ONG todos os dias, algumas vezes mais de uma
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vez por dia. Dessa forma estão sempre se comunicando, observando pontos para melhorar e
afins.
Quando perguntada se caso a parceria eventualmente acabasse, a creche continuaria a
funcionar, Márcia disse que está nesse trabalho há 30 anos e a empresa só está lá há 4 anos.
Então sempre encontra-se uma forma de seguir caminhando.
ENTREVISTA COM A COMUNIDADE
A entrevista foi feita com 30 moradores da comunidade escolhidos randomicamente.
Esse fator pode mascarar um pouco a observação dos resultados porque, como foi dito, há
muitas empresas presentes na comunidade da Rocinha e, poucas delas, atuam socialmente
como a Be a local, objeto de estudo deste trabalho. Desta forma há um olhar, muitas vezes,
desmotivado em relação à presença dessas empresas, quando não se conhece o trabalho que
ela faz.
As perguntas eram as seguintes, descritas no Quadro 3.
Quadro 3 – Entrevista com a comunidade
1 - Você é a favor da abertura da comunidade para a visitação de
estrangeiros?
2 - Você considera importante a presença de agências de turismo na
comunidade?
3 - Depois da instalação dessas empresas de turismo, você notou
alguma mudança para melhor na sua comunidade? No seu dia-a-
dia?
4 - Você acha que as empresas de turismo tem preocupação com as
necessidades da comunidade?
5 - Que tipo de comportamento os estrangeiros apresentam depois
da visita?
A primeira pergunta revelou uma maioria absoluta que defende a abertura da
comunidade à visitação de estrangeiros. A figura 5 demonstra que os moradores da
comunidade da Rocinha não só não se incomodam, como gostam de terem seu espaço visitado
por estrangeiros interessados em conhecer sua cultura.
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6%
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41%
simnão
Figura 5 – Distribuição da opinião quanto à visitação na comunidade
A segunda pergunta já tenta qualificar a visão dos moradores da Rocinha quanto à
presença das empresas de turismo na comunidade. Mais uma vez nota-se uma visão otimista
dos moradores. Quando perguntados o porquê de sua escolha, diziam que o turismo divulga
uma imagem melhor da Rocinha, que fica mais conhecida, a atividade gera lucro para quem
está envolvido com ela ali dentro, alguns diziam que é um privilégio ou sentiam
reconhecimento da sociedade e atentavam para a presença da mídia após o estabelecimento de
empresas turísticas na comunidade.
Figura 6 – Distribuição da opinião quanto à importância da presença da agência
A terceira pergunta questiona o benefício que pode ser sentido ou não pelos moradores
com a presença de empresas de turismo. A figura 7 demonstra que neste quesito a
comunidade fica mais dividida. Isso se dá porque muitos entrevistados não tinham nenhum
envolvimento com alguma empresa, portanto não se sentiam beneficiados em nada. Além
disso, muitos não conheciam o trabalho da Be a local, e julgavam que as empresas só estavam
na Rocinha para ganhar seu dinheiro e sair de lá sem contrapartida nenhuma.
Figura 7 – Distribuição quanto à percepção de mudanças
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18%
sim
não
não respondeu
A falta de informação acerca dos trabalhos das empresas de turismo dentro da
comunidade da Rocinha também minou a pergunta quatro. As pessoas que direta ou
indiretamente estão por dentro do trabalho da Be a local, respondem que a empresa demonstra
preocupação com a comunidade principalmente no que tange a infra-estrutura local. Porém
um número considerável de entrevistados, simplesmente não sabia responder. Outra boa
margem considera que as empresas não demonstram preocupação alguma com a comunidade
e apenas estão ali para ganhar lucrar a um baixo custo.
A quinta e última pergunta observa o outro ator do relacionamento entre o turismo e a
comunidade. Os entrevistados foram perguntados se eles achavam que, após a visita, os
estrangeiros valorizavam o que viam ou não. A real impressão só se pode ter indo direto aos
visitantes, o que foi feito também. Mas perguntando aos moradores pode-se perceber se eles
têm a sensação de “safári” que o guia e dono da empresa Luis, tenta evitar.
Figura 8 – Distribuição em relação com a preocupação com a comunidade
A figura 9 revela que um quarto dos entrevistados sentem que a visita não provoca
diferença alguma nos visitantes e que eles não modificam seu modo de pensar. Em
contrapartida uma maioria pensa que o contato de estrangeiros com a comunidade os faz
conhecer melhor a cultura local e desmistificar a idéia de “favela” propagada pela imprensa,
filmes e afins.
As entrevistas geram um resultado positivo. Nota-se que todas as partes interessadas
estão, de modo geral, satisfeitas com as relações estabelecidas. A empresa, a ONG, a
comunidade e, mesmo sem terem sido entrevistados oficialmente, os consumidores (turistas)
vêem proveito no Favela Tour, nosso objeto de estudo. Nota-se assim a presença da
Responsabilidade Social Empresarial, mesmo que de forma primária e, pode-se dizer,
inconsciente e informal.
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Figura 9 – Distribuição quanto ao comportamento pós - visita
Hoje em dia é possível ir mais além e falar que a gestão pela RS está alcançando um
patamar em que seu objetivo não é mais ser o negócio do negócio, mas sim um negócio social
que se mantém sustentável e tem como principal foco a sociedade civil a age como um elo
entre comunidade, governo e setor privado. Esse social que se “empresariza” muda a gestão
dos negócios das organizações, humanizando-os. Trata-se de uma nova proposta de
desenvolvimento social.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O presente trabalho teve como objetivo criar um quadro teórico que unisse Turismo,
Responsabilidade Social e conceitos relacionados, como, por exemplo, o de sustentabilidade.
Foi necessário o levantamento bibliográfico e consulta a documentos atuais, uma vez que, o
tema está em pleno desenvolvimento. Fato que classifica sua escolha como oportuna.
Conclui-se que a Responsabilidade Social Empresarial, hoje em dia, evoluiu do conceito
de assistencialismo, filantropia, para ocupar um patamar mais complexo na gestão das
organizações e, em decorrência disso, entidades normatizadoras, nacionais e internacionais, se
ocuparam em estabelecer modelos e normas que organizassem os tantos conceitos embutidos
no tema.
À medida que se estabelece como estratégia corporativa, a Responsabilidade Social, se
enquadra na atividade turística como uma possibilidade positiva na resolução dos problemas
acarretados por ela ou pré-existentes. O Estudo de Caso com a empresa Be a local
demonstrou que a administração planejada em harmonia com as partes interessadas, de
5 - Que tipo de comportamento os estrangeiros
apresentam depois da visita?
76%
24%
valorizam
não valorizam
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maneira ética e transparente, tem grandes possibilidades de sucesso. A aplicação da entrevista
demonstra a aceitação do projeto.
REFERÊNCIAS
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combate à pobreza. São Paulo: Annablume, 2006. 238p
GIL, A.C. Métodos e técnicas de pesquisa social. São Paulo: Atlas, 1999.
MELLO, Paulo Márcio & AFONSO, Rita de Cassia Monteiro. Responsabilidade social
empresarial. Coordenação da coleção Carlos Renato Mota, Roberto dos Santos Bartholo
Jr.Rio de Janeiro: LTDS/COPPE, 2007
MELO, Cristiana Malfacini (2006). ISO 26000: Uma Análise da Elaboração da Norma
Internacional de Responsabilidade Social. Tese de Mestrado em Sistemas de Gestão da
Universidade Federal Fluminense, Rio de Janeiro. 74p
Ministério do Turismo. Plano Nacional de Turismo 2007/2010 - Uma Viagem de Inclusão.
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OLIVEIRA, José Arimatés de. Responsabilidade Social em pequenas e médias empresas.
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QUELHAS, Osvaldo. Sustentabilidade das organizações brasileiras. Niterói:ABEPRO, 2006
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WORLD Commission on Development and Environment. Our Common Future. Oxford:
Oxford University Press, 1987
YIN, R.K. Estudo de caso: planejamento e métodos. Porto Alegre; Bookman, 2001.
ZARPELON, Marcio Ivanor. Gestão e responsabilidade social: NBR 16001/SA 8000:
implantação e prática. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2006. 144p